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1 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I Proporcionar ao aluno conhecimentos sobre a importância da detecção e avaliação das alterações cardíacas. Marcadores de lesão miocárdica Marcadores de risco coronariano Marcadores de insuficiência cardíaca o A doença mais importante que afeta o coração é a Doença Cardíaca Coronariana (DCC), que pode levar à obstrução aguda do fluxo sanguíneo coronariano conhecida como Síndrome Coronariana Aguda (SCA). A SCA com necrose franca de qualquer magnitude é conhecida como Infarto do Miocárdio (IM). o Os principais exames para diagnóstico da SCA são o Eletrocardiograma (ECG) e Determinações Laboratoriais de Marcadores Cardíacos. Marcadores cardíacos são proteínas liberadas na circulação pelo músculo cardíaco lesado. Atualmente, o marcador cardíaco mais importante é a Troponina Cardíaca (cTn), a qual deriva somente do músculo cardíaco. o O laboratório clínico também mensura fatores de risco associados ao desenvolvimento e à progressão da DCC. Os marcadores laboratoriais importantes incluem: a) as dosagens de lipídeos (colesterol, triglicerídeos e frações lipoproteicas específicas, homocisteína e proteína C reativa. A homocisteína é um aminoácido que exacerba a trombose. A proteína C reativa é um marcador inflamatório que parece refletir a gravidade da doença coronariana e que pode contribuir para a sua patogênese. o A admissão em serviço de urgência de enfermo com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) requer não só a realização da entrevista médica e do exame físico, mas também de exames complementares que visam estabelecer de forma rápida e efetiva a suspeita diagnóstica inicial e determinar os passos terapêuticos a serem instituídos e que incluem eletrocardiograma (ECG), exames bioquímicos e por imagem. o Número crescente de biomarcadores tem sido usado para auxiliar no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio (IAM), estratificação de risco dos pacientes e predição de eventos após a síndrome coronariana aguda (SCA). Alguns desses biomarcadores são amplamente usados na prática clínica, outros ainda não apresentam evidências científicas que sustentem seu uso clínico. o As troponinas T e I (na admissão e 6-9h após injúria) seguidas pela CK-MB massa são os biomarcadores sugeridos para avaliação de lesão miocárdica. o O hs-TnI e hs-TnT são muito sensíveis nos estágios precoces o CK-MB massa tem sido útil para diagnóstico de reinfarto, pelo seu curto período de meia-vida. o Todos os demais biomarcadores estudados, seja na inclusão ou exclusão de hipóteses, foram importantes para o diagnóstico e/ou prognóstico do IAM. Entretanto, ainda são necessários novos estudos para confirmar os dados presentes. o Os exames bioquímicos podem ser agrupados, segundo os seus significados clínicos e/ou pelos processos físico-químicos responsáveis por suas elevações sistêmicas, nos seguintes marcadores de: a) lesão miocárdica, como troponina, creatinoquinase fração MB (CK-Mb), mioglobina e proteína de ligação de ácidos graxos tipo cardíaca (H-FABP) b) estresse biomecânico: como o peptídeo natriurético tipo B (BNP) e seu fragmento N-terminal inativo (NT- proBNP), o peptídeo natriurético atrial (ANP), a copeptin, o fator-15 de diferenciação e crescimento (GDF-15), a proteína receptora da interleucina- 1 (ST2) e a cardiotrofina; o mensurações de proteínas específicas dos miócitos cardíacos indicam lesão recente do músculo cardíaco. Esses exames são utilizados principalmente para o diagnóstico e tratamento de eventos isquêmicos (Síndromes Coronárias Agudas) o mensurações de substâncias que lesam as artérias coronárias ou que pelo menos têm uma associação comprovada com a doença coronariana são utilizadas para avaliar o risco e selecionar medidas preventivas adequadas. INTRODUÇÃO: OBJETIVO GERAL: OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 2 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I o Os fatores de risco laboratoriais mais importantes são os lipídeos. o Entre as muitas outras substâncias que poderiam ser discutidas, centraremos a atenção em duas: homocisteína e proteína C reativa; o mais recentemente, a mensuração de peptídeos natriuréticos liberados pelo miocárdio tem sido utilizada no diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca congestiva o A troponina é um complexo de três proteínas, das quais duas são adequadas como marcadores cardíacos específicos: cTnI e cTnT. Essas duas proteínas possuem propriedades diferentes, mas suas aplicações clínicas são similares. Clinicamente, o IM é atualmente definido como uma SCA que causa liberação de troponina o Após um IM, decorre um período de algumas poucas horas antes que a cTn seja detectada. O seu pico ocorre em aproximadamente 24 horas e, a seguir, diminui ao longo de vários dias. o A mioglobina é um marcador que aparece na circulação mais rapidamente que a cTn, mas ela também está presente no músculo esquelético. o Após um IM, decorre um período de algumas poucas horas antes que a cTn seja detectada. O seu pico ocorre em aproximadamente 24 horas e, a seguir, diminui ao longo de vários dias. A mioglobina é um marcador que aparece na circulação mais rapidamente que a cTn, mas ela também está presente no músculo esquelético. o A troponina é uma proteína muscular que, juntamente com a tropomiosina, regula a interação entre a actina e miosina no processo de contração muscular. Há três polipeptídios de troponina, os quais se ligam à tropomiosina (TnT), à actina (TnI) e ao cálcio (TnC). o A TnT e a TnI foram descritas como biomarcadores para IAM pela sua especificidade cardíaca, diferente da TnC, que possui sequência de aminoácidos compartilhada com sua isoforma esquelética, responsável pela ausência de valor diagnóstico para lesões miocárdicas. o Após a lesão do cardiomiócito, baixa porcentagem de troponina livre no citoplasma é liberada na circulação, seguida por aumento gradual correspondente à dispersão de troponina ligada a complexos o Em necrose transmural, isso acontece após duas a quatro horas do início da injúria, atingindo o pico sistêmico por volta de 12 horas e permanecendo elevada por até 4-7 dias para TnI e 10-14 dias para TnT. o A concentração sistêmica de troponina pode ainda variar segundo a circulação colateral, obstrução coronária intermitente, amplitude da lesão e sensibilidade dos cardiomiócitos. o Sua utilidade na detecção de lesão miocárdica recorrente é limitada, porque os seus níveis permanecem elevados por período prolongado o A Sociedade Brasileira de Cardiologia preconiza que no processo investigativo de IAM devem ser usados pelo menos dois marcadores: um precoce (mioglobina e CK-MB) e outro tardio definitivo (incluindo a CK-MB e as troponinas) o As troponinas são consideradas o padrão-ouro, devendo-se considerar que elas podem se elevar diante de pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da CK-MB o É preciso considerar que a troponina miocárdica pode ser também liberada em diversas situações clínicas, como miocardites, cardioversão elétrica, trauma cardíaco, miosites, sepses, embolia pulmonar e insuficiência renal. o Ao contrário de outros marcadores cardíacos, a cTnT e a cTnI estão quase ausentes no soro normal. É raro a cTn ultrapassar 0,1 ng/mL em indivíduos saudáveis o Muitos pacientes com sintomas isquêmicos podem apresentar um ECG negativo ou ambíguo e exames negativos de marcadores mais antigos (p. ex., CK- MB), mas com elevação evidente (embora frequentemente discreta) da cTn o A CK-total é enzima reguladora da produção e uso do fosfato de alta energia nos tecidos contráteis; o É composta de subunidades B (brain) e M (muscle) que se combinam formando a CK-MM (muscular), CK-BB (cerebral) e CK-MB (miocárdica); o A especificidade da CK-total é baixa para lesões do músculo cardíaco, diferente da CK-MB, que é encontrada predominantementeno músculo cardíaco; TROPONINA: CREATINOQUINASE (CK): 3 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I o Enquanto na dosagem de CK-MB determina-se a atividade enzimática, o teste de CK-MB massa detecta sua concentração, independentemente de sua atividade, incluindo enzimas ativas e inativas, o que torna o teste de CK-MB massa mais sensível e confiável que os testes de CK-MB atividade; o A CK-MB atividade aumenta dentro de 4-6 horas após a ocorrência do infarto, com pico em torno de 18 horas e retornando ao normal após 48 horas; o A CK-MB atividade possui sensibilidade diagnóstica de 93 a 100% após 12 horas do início da sintomatologia, porém é pouco sensível para diagnóstico nas primeiras seis horas de evolução. Recomenda-se, por isso, que seu uso seja feito de forma seriada, a cada 3-4 horas, e uma avaliação por pelo menos nove horas para confirmar ou afastar o diagnóstico de IAM nos pacientes suspeitos; o A CK-MB também tem sido útil na avaliação da lesão miocárdica após intervenção coronariana, quando leve aumento de sua concentração pode associar-se à maior mortalidade; o O IAM após cirurgia de revascularização do miocárdio é definido pela associação da elevação da CK-MB em pelo menos cinco vezes o limite superior da normalidade, nas primeiras 72 horas, com alterações eletrocardiográficas (ondas Q) e confirmado pelo exame angiográfico; o Dosagem de CK-MB massa é utilizada de modo amplo e pode ser realizada rapidamente, de modo geral em bem menos de 1 hora, em uma variedade de plataformas automatizadas o No entanto, o exame ainda sofre por causa de uma limitação fundamental: a de CK-MB não ser específica do miocárdio. o A interpretação é auxiliada pelo conhecimento da CK total, a qual, por razões de custo, ainda é mensurada como atividade enzimática. A relação CK-MB massa e atividade da CK total é frequentemente denominada “índice relativo” (IR) ou “porcentagem relativa”, pois é uma relação inadequada entre diferentes tipos de mensurações com diferentes unidades. o Um alto IR é mais sugestivo de lesão cardíaca. Para ser sugestivo de IM, um resultado de CK-MB massa deve ultrapassar o limite de referência da quantidade absoluta (tipicamente cerca de 5 mg/mL) e do IR (tipicamente cerca de 2%) o A mioglobina é uma proteína citoplasmática de baixo peso molecular presente nos músculos esqueléticos e cardíacos, cujas principais funções são o fornecimento de oxigênio às mitocôndrias o Constitui-se em complexo auxílio no controle da isquemia tecidual, envolvendo a biossíntese de óxido nítrico. Sua elevação ocorre 1-2 horas depois do início da isquemia, atingindo o seu máximo em torno de 6-9 horas e normalizando-se entre 12 e 24 horas; o Devido à sua baixa especificidade e por ser marcador muito precoce em lesões dos miócitos, a mioglobina em concentrações normais (0-72 ng/mL) pode ser útil para excluir o diagnóstico de IAM nas primeiras horas após desconforto no peito (antes de quatro horas do início da sintomatologia), principalmente em paciente com baixa probabilidade pré-teste de doença, com valor preditivo negativo entre 83 a 98%. o H-FABP é abundantemente encontrada no tecido do coração e faz parte da família de proteínas citosólicas cujo padrão de distribuição é relativamente específico nos tecidos, que se ligam e transportam ácidos graxos (FABPs). o No IAM a H-FABP aparece no plasma decorrido duas horas da injúria e atinge o pico de concentração após 4-6 horas, apresentando uma janela diagnóstica entre 20 minutos e 24 horas, o que viabiliza seu uso para diagnóstico precoce. o Existem kits para testes rápidos de H-FABP com parâmetros para diagnóstico de IAM definido a partir de concentração superior a 7 mg/mL, exame realizado após duas horas do início da injúria e com dor torácica. o Já foi demonstrado que para a 1ª e 4ª horas após a lesão miocárdica a H-FABP possui sensibilidade igual à da CK-MB e superior à da mioglobina. o No entanto, existem algumas limitações na mensuração do H-FABP determinadas por: ▪ cirurgias, insuficiência renal e elevação das FABPs da musculatura esquelética, que possui estrutura similar à cardíaca, e podem superestimar os valores reais de H- FABP. MIOGLOBULINA: PROTEÍNA DE LIGAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS CARDÍACA (H- FABP) 4 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I o O diagnóstico pode ser estabelecido pela combinação dos valores da H-FABP com outros biomarcadores o A associação22 entre os valores da H-FABP e troponina ajuda na estratificação de risco de IAM o Os níveis de H-FABP acima de 5,8 mcg/L associam- se consideravelmente ao aumento do risco de morte proporcionalmente ao aumento da concentração de troponina. o Os níveis do peptídeo natriurético cerebral (BNP) e seu fragmento N-terminal inativo (NT-proBNP) são usados para o diagnóstico e prognóstico da insuficiência cardíaca, estratificação de risco após síndrome coronariana aguda e para predizer eventos adversos associados à angina estável e em pessoas aparentemente saudáveis.6 São considerados dos melhores marcadores do estresse mecânico o A dosagem do BNP associado aos métodos de imagem cardíaca permite avaliação da disfunção ventricular sistólica esquerda, oriunda da remodelação cardíaca o A doença coronariana e outras doenças cardíacas podem comprometer a capacidade cardíaca de bombear sangue, provocando a síndrome clínica de insuficiência cardíaca. O peptídeo natriurético B (BNP), um peptídeo com 32 aminoácidos secretado pelos ventrículos cardíacos em resposta ao estímulo de distensão da parede, é um marcador da presença e da gravidade da Insuficiência Cardíaca. o A dosagem do BNP é particularmente útil por ajudar no diagnóstico diferencial de pacientes que procuram um serviço de emergência com a presença de falta de ar. o O ANP é sintetizado principalmente no átrio e sua secreção ocorre em resposta à distensão atrial e alongamento dos miócitos. o Os peptídeos natriuréticos desempenham importante papel na regulação da pressão e volume sanguíneo, uma vez que induzem a diurese, natriurese e vasodilatação na Insuficiência Cardíaca Congestiva o Atuam como agentes antifibróticos e anti- hipertróficos, prevenindo o remodelamento cardíaco após IAM o Os ANPs exercem importante papel no diagnóstico e prognóstico da insuficiência cardíaca e do remodelamento ventricular esquerdo tardio, após o IAM o O MR-próANP, um peptídeo mais estável que o ANP, é pelo menos igual ao NT-próBNP como preditor de morte e insuficiência cardíaca, e considerado importante preditor de eventos adversos pós-IAM o O ANP administrado em seres humanos com isquemia miocárdica e submetidos à reperfusão coronária tendo sido associado à redução do tamanho da área de necrose e à pouca melhora da função cardíaca por período de 30 dias, entretanto, não é capaz de determinar diferença significativa quanto à mortalidade o O ANP é capaz, ainda, de interagir com células do sistema imunológico e provocar efeitos pró- inflamatórios, além de induzir reações nos neutrófilos, associadas aos seus efeitos citotóxicos o O copeptin é um hormônio do estresse, considerado novo biomarcador para prognóstico em doença aguda. o A resposta ao estresse é caracterizada pela ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, envolvendo o hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e a vasopressina (que parece potencializar o CRH), sendo os principais responsáveis pela secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), estimulante da produção de cortisol. o No entanto, esses hormônios são instáveis e rapidamente depurados do plasma. Como o precursor da vasopressina dá origem ao copeptin, composto mais estável e fácil de determinar, ele foi considerado o biomarcador para ser usado na prática clínica. o A combinação da troponina T (nível < 0,01 ng/mL) com copeptin (nível < 14 pg/mL) permite alta acurácia na exclusãode IAM, com valor preditivo negativo de 99,7% e capaz de eliminar a necessidade de acompanhamento e de exames de PEPTÍDEO NATIURÉTICO CEREBRAL (BNP) E SEU FRAGMENTO n- TERMINAL INATIVO (NT - proBNP) PEPTÍDEO NATIURÉTICO ATRIAL (ANP) E SEU FRAGMENTO (MR - proANP) COPEPTIN: 5 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I sangue em série para sua confirmação, na maioria dos pacientes o A combinação de copeptin com o BNP é capaz de melhorar a predição de seu resultado. o Como a vasopressina é liberada em resposta às alterações da osmolaridade do plasma e com o intuito de aumentar a pós-carga, os valores de copeptin plasmático liberado em proporção estequiométrica à vasopressina está aumentados em pacientes com insuficiência cardíaca crônica e relacionada à gravidade da doença, sendo considerados melhores preditores de óbitos em relação ao BNP o O GDF-15 é expresso no miocárdio em consequência ao estresse, parecendo ter efeito cardioprotetor, já que tem sido demonstrada sua ação antiapoptótica e anti-hipertrófica do coração. o A maior concentração desse biomarcador está associada positivamente a idade, sexo feminino, história de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus e tem sido utilizado na estratificação do risco de morte em doença cardiovascular, além de acrescentar informações prognósticas quando associado a outros biomarcadores o Os níveis de GDF-15 são intensamente relacionados à magnitude da isquemia cardíaca ou à evolução do IAM o No IAM sem elevação do seguimento ST o NT- próBNP, GDF-15 e idade são considerados preditores, independentes de morte o Em pacientes após IAM, o GDF-15 permite informações adicionais para níveis superiores a 763 pmol/L de NT-próBNP, tornando esses biomarcadores poderosos indicadores de morte e insuficiência cardíaca, favorecendo o reconhecimento de pacientes com alto risco de morte o A avaliação global de ST2 e NT-próBNP em pacientes com IAM com elevação do segmento ST evidencia que seus níveis basais são significativamente mais altos naqueles que sofreram morte cardiovascular ou desenvolveram ICC o Nos pacientes com IAM, elevado nível de ST2 constitui-se em forte preditor de morte cardiovascular ou insuficiência cardíaca em 30 dias e de resultados adversos cardiovasculares, independentemente dos fatores de risco tradicionais, e fornece informações prognósticas e complementares aos níveis de NT-próBNP o O ST2 encontra-se elevado na asma brônquica aguda e doenças autoimunes, o que requer avaliação judiciosa para seu uso na clínica o A expressão miocárdica do CT-1 é maior em idosos, na doença cardiovascular hipertensiva sistêmica, na hipertenção ventricular esquerda (HVE) e na insuficiência cardíaca (IC). o Em 31% dos pacientes hipertensos sem HVE existem concentrações de CT-1 acima do limite superior da normalidade, o que sugere que a CT-1 aumenta precocemente durante a evolução da hipertensão arterial sistêmica o A detecção de HVE, avaliada pela ecocardiografia, tem na CT-1 sensibilidade de 70% e especificidade de 75%, constituindo-se, ainda, em potente biomarcador para avaliação do desenvolvimento, progressão e regressão de HVE em pacientes hipertensos. o os níveis de CT-1 aumentam conforme a gravidade da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) o CT-1 parece ter importante papel no processo de inflamação vascular e patogênese da aterosclerose ao estimular genes o A ET-1 é um peptídeo produzido principalmente no endotélio, desempenhando papel fundamental na homeostase vascular, possuindo dois receptores, o de endotelina A (ETA) e o de endotelina B (ETB) o O primeiro, ETA, pode ser encontrado no tecido muscular liso dos vasos sanguíneos e sua ativação promove vasoconstrição o O segundo, ETB, está presente nas células endoteliais e sua ativação medeia a liberação de óxido nítrico, natriurese e diurese o ET-1 é importante mediador de muitas complicações cardiovasculares e altas concentrações plasmáticas associam-se a pior FATOR - 15 DE DIFERENCIAÇÃO E CRESCIMENTO (GDF – 15): PROTEÍNA RECEPTORA DA INTERLEUCINA I (ST2): CARDIOTROFINA (CT1): ENDOTELINA - 1 (ET-1): 6 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I prognóstico após IAM, sendo considerada fator preditivo de morte ou de IC. o Observam-se na SCA níveis mais elevados de Lp- PLA2 quando comparados com indivíduos hígidos o A Lp-PLA2 associa-se significativamente aos níveis lipídicos, mas apenas fracamente ou não relacionada a outros marcadores de risco na SCA o O risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade não se correlaciona com os níveis plasmáticos de Lp-PLA2 o Os níveis mais elevados da atividade da Lp-PLA2 foram associados a aumento do risco de doença coronária. o Isso indica que o papel biológico da Lp-PLA2 na avaliação de risco em pacientes com SCA ainda não foi elucidado. Novos estudos são necessários para esclarecer o seu significado prognóstico na SCA. o É uma enzima presente no músculo esquelético, mas não no músculo cardíaco. Por essa razão, ela pode servir como um tipo de marcador cardíaco “negativo”. Ela é liberada do músculo lesado em uma relação relativamente fixa com a mioglobina. Por esse motivo, a mioglobina é um indicador mais específico de lesão miocárdica quando a sua relação com a CA III também está elevada. o É uma enzima amplamente distribuída que catalisa a primeira etapa da glicogenólise. o Trata-se de um dímero de subunidades idênticas que possui três isoenzimas categorizadas, nomeadas segundo o tecido no qual elas têm a maior expressão: ▪ GPLL (fígado), GPMM (músculo) e GPBB (cérebro). o A GPBB também se expressa no miocárdio, assim como em outros tecidos, mas não no músculo esquelético, o qual contém apenas GPMM. o A possível utilidade de GPBB é que parece que ela é liberada mais cedo que outros marcadores e pode, de fato, ser liberada em condições de isquemia reversível que não provocam elevações comparáveis de outros marcadores entretanto, comparações com ensaios de cTn modernos ainda são limitadas e não são particularmente encorajantes. o A albumina modificada pela isquemia é um tipo único de marcador cardíaco, aprovado pelo FDA em 2003, que não é uma proteína liberada pelos miócitos lesados. Em vez disso, o exame detecta uma forma variante da albumina com menor afinidade pelos íons metais próxima do terminal N. o A variante é mensurada por uma determinação espectroscópica da ligação de CO2+. Foi postulado que ela surge em decorrência da interação da albumina com radicais livres em locais de isquemia tissular. o A vantagem teórica desse exame é que ele detecta a isquemia antes da lesão celular irreversível. o A alteração da albumina parece ocorrer em minutos de isquemia e durar por cerca de 6 horas. o O exame é claramente inespecífico para a isquemia cardíaca, mas parece apresentar uma sensibilidade clínica de 80 a 90% para a SCA no momento do primeiro atendimento, maior que a de um eletrocardiograma o A aterosclerose é um processo crônico que envolve a lesão do endotélio e o aparecimento de lesões oclusivas vasculares chamadas placas. o Quando o diâmetro de uma artéria coronariana é reduzido para menos de 10 a 20% de seu tamanho original, frequentemente há evidência de dor torácica (angina pectoris) quando a demanda de oxigênio aumenta, em particular durante a prática de exercícios (angina de esforço) o Uma redução mais rápida do fluxo sanguíneo pode ocorrer quando a placa estimula a formação de um trombo em uma artéria coronária, levando a uma síndrome coronariana aguda (SCA) o Quando um trombo interrompe completamente o fluxo sanguíneo, o músculo suprido desenvolve uma lesão isquêmica irreversível, e a síndrome é um infarto do miocárdio (IM) o Quando a obstrução não é completa, a lesão muscular irreversível pode ser evitada, mas o FOSFOLIPASE A2 ASSOCIADA A LIPOPROTEÍNA(Lp -PLA2) CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS DOENÇAS CARDÍACAS: ANIDRASE CARBÔNICA III: GLICOGÊNIO FOSFORILASE A: ALBUMINA MODIFICADA PELA ISQUEMIA: 7 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I paciente apresentará angina grave mesmo em repouso, e essa síndrome é conhecida como angina instável. o O amplo espectro da doença cardíaca resultante do comprometimento do fluxo sanguíneo coronariano é denominado doença cardíaca coronariana (DCC). o O IM mais grave, que em geral envolve a lesão transmural do miocárdio, tipicamente provoca um aparecimento rápido de elevações do segmento ST e o surgimento tardio de ondas Q. o Hoje em dia, quase todas as análises de marcadores cardíacos (com exceção da albumina modificada pela isquemia) são realizadas por imunoensaio, e as dificuldades do imunoensaio são aplicáveis a todas elas o As dificuldades específicas com a Troponina (cTn), o marcador mais importante e, de alguma maneira, um analito proteico especialmente desafiador o Sendo um complexo proteico que degrada quando liberado na circu-lação, a cTn é um analito altamente heterogêneo o Um outro problema é que como o nível plasmático normal da cTn é muito baixo, mesmo um grau minúsculo de reatividade do ensaio cau-sado pela interferência ou artefato técnico pode ser interpretado como um resultado “positivo”, indicando lesão miocárdica o Isso pode levar a procedimentos invasivos desnecessários (p. ex., angiografia coronariana) o Importância da coleta seriada de amostras: Os resultados das dosagens dos níveis sanguíneos dos marcadores cardíacos são altamente dependentes do tempo decorrido entre o início dos sintomas e a coleta da amostra. Considerando o fato de que os pacientes são atendidos em tempos variados após o início do evento isquêmico, independentemente do marcador em questão, devem ser coletadas amostras seriadas, em geral, na admissão, 3, 6 e 9 horas. o A necessidade de coletas seriadas se impõe, mesmo em se tratando de marcadores com elevada especificidade, como a cTnI, uma vez que existem outras condições, além do infarto agudo do miocárdio, que podem se associar às variações na sua concentração no sangue. Dosagens seriadas de cTnI, resultados do eletrocardiograma e a condição clínica são necessários para o diagnóstico diferencial entre infarto agudo do miocárdio e outras doenças cardíacas. o Como nenhum dos marcadores possui todas as características desejáveis, se propõe o uso de dois marcadores para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio: a mioglobina, como marcador precoce e uma das troponinas (cTnI ou cTnI) como definitivo. o Características da dinâmica de elevação, pico e retorno aos níveis basais dos marcadores cardíacos: o Sensibilidade clínica estimada dos marcadores de isquemia miocárdica, levando-se em conta o tempo após o início da dor precordial. o Marcadores bioquímicos têm um papel secundário na conduta inicial para pacientes com suspeita de SCA. A tomada de decisão mais precoce, a qual idealmente deve ser feita em 10 minutos após a chegada do paciente no serviço de emergência, é baseada na anamnese, exame físico e um ECG de 12 derivações o Se o ECG inicial for negativo para um STEMI, a importância dos marcadores cardíacos aumenta. o A escolha dos marcadores e os momentos de avaliação variam entre as instituições, mas existe uma concordância geral de que a cTn (seja a I ou a T) é o marcador preferido para o diagnóstico definitivo PROCEDIMENTOS: PROTOCOLOS CLÍNICOS: 8 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I o Por isso, para a cTn, que pode aumentar apenas várias horas após a necrose dos miócitos, uma amostra negativa no momento do atendimento inicial deve ser seguida por uma segunda amostra coletada 6 a 12 horas depois e, possivelmente, pelo menos quando o índice de suspeita for alto, uma terceira amostra deverá ser coletada na 24a hora o Se os sintomas iniciais do paciente desaparecerem após várias horas e os achados eletrocardiográficos e bioquímicos foram consistentemente negativos, a SCA é descartada por completo. o Para uma maior segurança, antes de dar alta ao paciente, um teste provocativo de DCC é com frequência realizado, como um teste ergométrico ou um exame de cintilografia ou um ecocardiograma com estresse o Como o tratamento clínico e o fluxo de pacientes no serviço de emergência exigem uma avaliação de risco rápida, o resultado do exame de marcador cardíaco deve estar disponível o quanto antes. o Aconselha-se que seja considerada a realização do exame no local de atendimento quando o laboratório central não puder fornecer de modo confiável o resultado em no máximo 1 hora. o Tanto os exames qualitativos como os quantitativos de marcadores cardíacos são adequados para a realização no local de atendimento, e eles demonstraram ser eficazes o Exames de marcadores cardíacos são realizados na maioria dos pacientes com SCA, mesmo após o diagnóstico ser estabelecido. o Pode servir como um indicador não invasivo de que ocorreu reperfusão, seja espontaneamente ou como consequência da terapia o A concentração dos marcadores após o infarto do miocárdio está correlacionada com o tamanho do infarto, o comprometimento funcional e o prognóstico o A mensuração de marcadores também é útil para a detecção de aproximadamente 17% de pacientes com infarto do miocárdio que apresentam reinfarto precoce. Essa é uma das aplicações na qual a CK-MB parece ser superior à cTN por causa de seu declínio mais rápido após um infarto do miocárdio. o A cTn pode ser útil para a monitoração e o prognóstico do paciente em outras situações que não sejam uma SCA como, por exemplo, a insuficiência cardíaca, mas ainda não foram definidos protocolos. o A proteína C reativa plasmática aumenta em vários distúrbios, incluindo a maioria das infecções bacterianas, mas comumente não aumenta em infecções virais. O infarto do miocárdio está entre as doenças agudas associadas a uma elevação do nível plasmático de proteína C reativa; o muitos estudos epidemiológicos estabeleceram que indivíduos com níveis basais mais altos de proteína C reativa plasmática apresentam um maior risco de DCC e acidente vascular cerebral o Dos biomarcadores inflamatórios, a proteína C reativa (PCR) emergiu como a melhor ferramenta clínica para a detecção de risco cardiovascular – poder preditivo e utilidade clínica. o Níveis de PCR estão associados com aumento no risco de doença arterial periférica, infarto do miocárdio, AVC e morte súbita cardiovascular. o A PCR é uma proteína plasmática sintetizada no fígado que funciona como um marcador sensível e dinâmico de inflamação – por exemplo, na presença de citocinas, como as interleucinas. Sua concentração na circulação pode aumentar até 10 mil vezes durante a resposta aguda do organismo a uma infecção ou trauma tissular maior. o Essa proteína praticamente inexiste na circulação de pessoas saudáveis. Portanto, é um marcador inespecífico de inflamação. o A dosagem de PCR ultrassensível foi desenvolvida em 1990 e passou a detectar concentrações séricas de PCR abaixo dos valores normais dos testes prévios. Atualmente, em alguns laboratórios, basta solicitar a PCR que o exame já é realizado pelo método ultrassensível. o Interpretação: - Baixo risco: <1,0 mg/L ou <0,1 mg/dL. - Médio risco: de 1,0 a 3,0 mg/L ou de 0,1 a 0,3 mg/dL. - Alto risco: >3,0 mg/L ou >0,3 mg/dL. - Muito alto risco: ≥10,0 mg/L ou ≥1,0 mg/dL. OUTRAS APLICAÇÕES: PROTEÍNA C REATIVA: 9 Wilsa Costa – 2º Período – Medicina – Habilidades Laboratoriais I o Diante de valor >3,0 mg/L ou >0,3 mg/dL, é necessário repetir o exame após, pelo menos, duas semanas em estado metabólico estável, livre de infecção ou doença aguda. o O menor valor das duas medidas deve ser considerado. Se ≥10 mg/L ou ≥1,0 mg/dL, o resultado pode estar relacionadoa risco cardiovascular. o Controvérsias: A PCR apresentar pequena melhora na predição de risco, quando comparada aos fatores de risco já estabelecidos, porém pode reclassificar os pacientes de risco intermediário (pelo escore da ATP-III) em baixo, baixo a moderado, moderado a alto e alto risco. o Pode ter um papel causal no desenvolvimento de doença cardiovascular por efeitos biológicos na função endotelial, coagulação, fibrose, oxidação da LDL e estabilidade da placa, mas o uso de estatinas é mais custo-efetivo em indivíduos com PCR elevada. o PCR na prevenção primária: - Em níveis elevados, a PCR está associada com aumento de risco CV, mesmo na ausência de hiperlipidemia. - A PCR pode adicionar informação prognóstica – principalmente no risco intermediário. - A terapia com estatinas reduz os níveis de PCR, independentemente de qualquer efeito nos níveis dos lipídios, e deve ser prescrita pelo julgamento clínico. - Os dados atuais não justificam usar a PCR no monitoramento terapêutico para avaliar o tratamento. - A PCR pode ser útil em homens com mais de 50 anos e em mulheres com mais de 60 anos para terapia com estatinas, se LDL-colesterol estiver <130 mg/dL, desde que os pacientes não estejam em terapia redutora de gordura, em reposição hormonal ou em imunossupressão e desde que não tenham doença cardiovascular clínica, diabetes, doença renal crônica, condições inflamatórias importantes ou contraindicação às estatinas. o PCR na prevenção secundária: - Não é um marcador necessário para iniciar a terapia. o As manifestações clínicas incluem a luxação das lentes, osteoporose com anormalidades esqueléticas associadas, retardo mental, distúrbios psiquiátricos e doença tromboembólica, incluindo a DCC o O nível de homocisteína elevado no sangue, como o de colesterol alto, aumenta o risco de doenças cardíacas, podendo evoluir para um infarto, até mesmo em pessoas jovens. o O que agrava ainda mais o aparecimento de doenças coronarianas é que a homocisteína acelera a oxidação do LDL (o mau colesterol) aumentando ainda mais os danos vasculares. Ou seja, a concentração de colesterol pode estar normal, mas se o nível de homocisteína no sangue estiver alto, o prejuízo ao coração acontece de forma mais rápida do que se acontecer o contrário. o Para que a homocisteína não cause danos, são necessários elementos naturais que regulem as reações da substância no organismo. As vitaminas B6 e B12, betaína e acido fólico são responsáveis em manter a concentração de homocisteína normalizada. o Pessoas com doenças coronarianas têm o risco 10 a 15 vezes maior de sofrer um infarto se a concentração da homocisteína estiver elevada e cerca de 10% a 20% dos casos de doença cardíaca também são causados pelos altos índices da substância. o A patogenia da lesão vascular determinada pela hiper-homocisteinemia inclui lesão da célula endotelial, crescimento da musculatura lisa vascular, maior adesividade plaquetária, aumento da oxidação do LDL colesterol com deposição na parede vascular e ativação direta da cascata da coagulação. RESUMO DOS MARCADORES DE AVALIAÇÃO CARDÍACA: LESÃO MIOCÁRDICA - IAM mioglobina, troponina I e a fração CK-MB massa. Outros: Aspartatoaminotransferase (AST) e a Lactato desidrogenase (LDH). RISCO CORONARIANO troponinas, os peptídeos natriuréticos, proteína C reativa (PCR) IC CK-MB, peptídeo natriurético tipo-B e/ou N-terminal proBNP, proteína C- reativa HOMOCISTEÍNA:
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