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Página 1 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Anti-inflamatórios CASCATA DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO O ácido araquidônico (AA) é componente estrutural da membrana celular e é formado pela quebra dos fosfolipídios da membrana pela fosfolipase A2. Os eicosanoides são produtos da oxigenação de ácidos graxos e incluem prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. O AA é oxigenado por quatro vias enzimáticas independentes: cicloxigenases (COX), lipoxigenase e epoxigenase. Via das LOX: Várias lipoxigenases podem atuar no ácido araquidônico formando leucotrienos. Via das COX: Todos os eicosanoides com estrutura anelar (PGs, tromboxanos e prostaciclinas) são sintetizados pela via da cicloxigenase. COX-1 é responsável pela produção fisiológica de prostanoides. É uma “enzima constitutiva” que regula os processos celulares normais, como a citoproteção gástrica, a homeostase vascular, a agregação plaquetária e as funções reprodutiva e renal. COX-2 provoca o aumento da produção de prostanoides em locais de doença e inflamação crônicas. É expressa de maneira constitutiva em tecidos, como cérebro, rins e ossos. • Sua expressão em outros locais aumenta durante os estados inflamatórios crônicos. • Sua expressão é induzida por mediadores inflamatórios como o FNT-α e a IL-1, mas pode também ser inibida por glicocorticoides. Os AINEs agem inibindo as COX (diminui a formação dos prostanoides, mas forma ac. Araquidônico igual) Inibição seletiva de COX-1 resultou em muitos efeitos adversos, pois os metabólitos são importantes para processos fisiológicos. Ainda existe uma terceira isoforma: a COX-3, que age principalmente como termorreguladora a nível de SNC -> produção de PGE2. Embora COX-2 seja a principal fonte de prostanoides pró-inflamatórios, a COX-1 também contribui. FUNÇÃO DOS PROSTANOIDES (PRODUTOS DA VIA COX) A prostaglandina E2 (PGE2) e a prostaciclina (PGI2) são os principais prostanoides que medeiam a inflamação. Aumentam o fluxo sanguíneo local, a permeabilidade vascular e a infiltração de leucócitos. PGE2 e PGI2 reduzem o limiar para estimulação de nociceptores, provocando sensibilização periférica Ação pirética: a PGE2 pode atravessar a barreira hematoencefálica e atua sobre receptores em neurônios termossensíveis. Isto provoca o hipotálamo para que eleve a temperatura corporal. TXA2: estimula agregação plaquetária e vasoconstrição. Cuidado com inibidores da ECA e sua interação medicamentosa (captopril, varfarina, etc.) PGI2: vasodilatação, participam da homeostase do nosso volume corporal de líquidos, ajuda no controle da pressão, inibição da agregação plaquetária (AINEs pode aumentar a pressão por inibir) PGE2: uma das mais secretadas, envolvida em vários processos, reduz sensibilidade ao estímulo doloroso, gastroprotetora, etc. Esses prostanoides tem estruturas diferentes. o que muda sua função fisiológica. PGF2alfa: envolvida com a cólica também. Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINEs) Os agentes anti-inflamatórios não esteroidais produzem seus efeitos terapêuticos por meio da inibição da via da cicloxigenase (COX 1 e COX 2), responsável pela síntese de prostaglandinas. Página 2 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Os salicilatos e outros agentes semelhantes usados no tratamento da doença reumática compartilham a capacidade de serem: anti- inflamatórios; analgésicos; antipiréticos. Todos os AINEs, com exceção da nabumetona (pró- fármaco), são ácidos orgânicos fracos. Os AINEs são, na maioria, metabolizados pelas famílias CYP3A ou CYP2C das enzimas P450 do fígado. São ácidos orgânicos com valores de pKa relativamente baixos. Passam pelo metabolismo de primeira passagem pelas reações de fase 1 e 2. Embora a excreção renal seja a via mais importante de eliminação, quase todos os AINEs sofrem graus variáveis de excreção biliar e de reabsorção na circulação êntero-hepática. A maioria dos AINEs se liga às proteínas plasmáticas (98%), em geral à albumina. Altas taxas de interação. A aspirina é o agente protótipo desta classe de medicamentos, apresentando atividade anti- inflamatória, analgésico e antipirética. Forma revestida: passa intacta no estômago ou com o objetivo de absorver menos e ao mesmo tempo não causa dano gástrico. A classe inclui: • Derivados do ácido salicílico (ácido acetilsalicílico [AAS], diflunisal e salsalato). • Derivados do ácido propiônico (ibuprofeno, fenoprofeno, flurbiprofeno, cetoprofeno, naproxeno e oxaprozina). • Derivados do ácido acético (diclofenaco, etodolaco, indometacina, cetorolaco, nabumetona, sulindaco e tolmetina). • Derivados do ácido enólico (meloxicam e piroxicam). • Derivados de fenamatos (ácido mefenâmico e meclofenamato) e do inibidor COX-2 seletivo (celecoxibe). Anotações aula: Inibem a COX Esteroidais- tem maior eficácia antiflamatória, pois inibem a cascata na fosfolipase A2. Tromboxano= coagulação sanguínea, estimula a agregação plaquetária= vasoconstrição. Prostaglandinas= proteção gástrica. Não se prescreve anti-inflamatório não esteroidal para hipertenso. Pois com a inibição da COX1, causa vasoconstrição. Volume dos vasos aumentam e aumenta a pressão arterial. Inibidores mais seletivos para COX 2 foram feitos pensados para diminuir os efeitos adversos da COX1. COX 3- mais expressa no SNC e teria relação com a regulação da temperatura no hipotálamo. MECANISMO DE AÇÃO COX1- é constitutiva (tem a expressão dela). COX2- é induzível. A expressão dessa enzima pode ser aumentada. O AINE pode inibir as duas, mas a COX 1 é mais inibida, pois a COX 2 tem ação aumentada durante o processo inflamatório. MECANISMO DE AÇÃO ANALGÉSICO Inibe COX: inibe produção de prostanoides -> não tem os efeitos fisiológicos deles. Interações medicamentosas decorrem principalmente desses efeitos. Cautela com asmáticos: não pode usar AINEs-> todo ácido araquidônico é desviado para produção dos leucotrienos, causam broncoconstrição, quimiotaxia e aumento da secreção de muco. Preferencial o uso de AIEs, pois inibem a formação do AA. Paracetamol e nimesulida não são AINEs mas tem os mesmos mecanismos de ação e seletividade pelas COX. Os AINEs são eficazes contra a dor leve ou moderada, em decorrência da inflamação e lesão tecidual. Diminuem a produção de PGs, com isso diminui a sensibilização das terminações nervosas Página 3 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV nociceptivas aos mediadores inflamatórios, como a bradicinina e a 5-hidroxitriptamina. Recomendados desde que o paciente não tome IECAs, varfarina, sejam asmáticos, etc. Muitos usados no pós-operatório -> diminui o uso de opioides. Utilizado para: artrite; bursite; odontológica; dismenorreia; dor muscular; dor vascular; dor pós- parto. MECANISMO DE AÇÃO ANTIPIRÉTICO O hipotálamo controla o equilíbrio entre a produção e perda de calor, regulando a temperatura corporal. Febre= desequilíbrio do termostato hipotalâmico. A temperatura corporal normal no homem sadio não é afetada pelos AINEs. A interleucina-1 libera prostaglandinas no SNC, que elevam o ponto de ajuste hipotalâmico para o controle da temperatura causando febre. Durante a infecção, endotoxinas bacterianas provocam a liberação da IL-1. Bloqueiam o aumento da síntese de prostaglandinas. Fosfolipídeos de membrana ácido araquidônico COX-1 inibição da COX-3 (SNC). Atuação sobre o canal iônico TRPA1, expresso nos neurônios sensoriais do corno dorsal da medula espinhal,além da inibição da COX-3, uma isoforma central da COX-1. A COX-2 pode ter participação no processo, porque a IL-1 induz esta enzima no endotélio vascular no hipotálamo. AÇÕES GERAIS DO AINEs SELETIVIDADE Inicialmente, apenas agentes projetados especificamente para a finalidade de inibição seletiva de COX-2 coloquialmente chamados de coxibes foram atribuídos ao grupo de AINEs seletivos para COX-2. Alguns AINEs mais antigos (diclofenaco, meloxicam, nimessulida) mostram um grau de seletividade para COX-2 semelhante ao do primeiro coxibe, celecoxibe. MEIA VIDA Em cerca de 5 tempos de meia vida se tem a excreção total do fármaco- cálculo do regime posológico. O objetivo é nunca alcançar esse tempo sem uso do fármaco por estar sem efeito farmacológico. Como os AINEs tem muito efeito adverso, é melhor escolher pelo tempo de meia vida. EFEITOS ADVERSOS Salicilatos: gastrite, úlcera péptica, hemorragia, síndrome de Reye (esteatose hepática e encefalopatia). Página 4 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Inibidores seletivos da COX-2: menos dano gastrintestinal, porém maior incidência de doenças cardíacas. Em condições normais (sem ação dos AINEs), a produção de PGI2 inibe a secreção de ácido gástrico, e a PGE2 e a PGFα estimulam a síntese de muco protetor no estômago e no intestino delgado. A administração oral de análogos de prostaglandina de “reposição”, como o misoprostol, diminui a agressão gástrica produzida por esses agentes. CLASSIFICAÇÃO DOS AINEs Salicilatos Ácido acetilsalicílico (AAS): bloqueia irreversivelmente a COX das plaquetas, ao passo que os AINES não seletivos da COX são inibidores reversíveis. Indicações clínicas: • Anti-inflamatório (não deveria ser usado). • Analgésico (não deveria ser usado). • Antipirético (não deveria ser usado). Profilaxia de doenças tromboembólica (inibe a COX-1 plaquetária= reduz a formação de TXA2. Principal uso. Redução da agregação plaquetária. Efeitos adversos: • Distúrbios gastrointestinais (gastrite e úlcera). • Inibição da agregação plaquetária (hemorragia). • Síndrome de Reye: esteatose hepática e encefalopatia aguda em crianças, relacionada ao uso de salicilatos frente a infecções virais agudas. Uso terapêutico: efeitos nocivos raros (não altera tempo de sangramento). Doses tóxicas: • Adultos: 6 -7,5g. • Dano hepático após consumo diário de 5g. • Crianças: > 150mg/kg de peso (> 200mg/kg em crianças até 6 anos. • Óbitos: 15g. Interação farmacológica clinicamente relevante: Varfarina X Aspirina Maior risco acidente hemorrágico; hipocoagulabilidade. Aspirina é um agente deslocador. Exacerbação dos efeitos da varfarina. Sinais e sintomas: sangramento prolongado de cortes, sangramento vaginal, hemorragias nasais, sangramento da gengina durante a escovação, urina vermelha ou marrom, fezes vermelhas ou escurecidas. Outras interações medicamentosas: • Inibidores de anidrase carbônica aumentam a toxicidade dos salicilatos dada a redução do pH sanguíneo; o AAS aumenta concentração sérica de acetazolamida. • Corticosteroides aumentam a eliminação de salicilatos e efeito aditivo sobre a mucosa gástrica. • A heparina aumenta a tendência a sangramento com o AAS. • O metotrexato reduz a depuração renal do AAS, o qual aumenta a toxicidade do metotrexato. • As sulfonilureias hipoglicemiantes: o AAS aumenta o metabólito hepático da tolbutamida e de outras sulfonilureias. Derivados do p-aminfenol Paracetamol (acetaminofeno). Inibidor reversível da COX-3 (Hipótese) + mecanismo diversos. Ação antipirética e analgésica (pouca atividade anti-inflamatória). Antipirético de escolha para afecções virais (não altera produção de TXA2). Exceção do esteriótipo geral dos AINEs. Toxicidade: hepatotóxico. Intoxicação: doses acima de 4g (*7,5g) em adultos causam náuseas e vomito e subsequente lesão hepática (24 a 48 após), potencialmente fatal. Hepatopatia fuminante. Página 5 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV NAPQI- hepatotóxico. Inibe a síntese de prostaglandinas no SNC e na periferia através da inibição da cicloxigenase. Não altera tempo de sangramento. Derivados do ácido acético Indometacina, Sulindaco e Diclofenaco. Indometacina • Fracamente seletiva para COX-1. • Toxicidade hepatotóxica, nefrotóxico e pode causar hemorragia. • Efeitos adversos: anemia aplásica e alterações no TGI. • Indicações clínicas: artrite reumatoide, osteoartrite, gota aguda, lesões musculoesqueléticas, dor pós-operatória e dismenorreia. Sulindaco • Fracamente seletivo para a COX-2. • Indicações clínicas: artrite reumatoide, osteoartrite e lesões musculoesqueléticas. • Efeito adverso: sonolência e cefaleia. Diclofenaco • Fracamente seletivo para COX-2. • Ação anti-inflamatória, analgésica e antipirética. • Indicações clínicas: artrite reumatoide, osteoartrite, lesões musculoesqueléticas, dor pós operatória e gota aguda. O uso de diclofenaco de sódio pode aumentar a pressão arterial? Pode, mas quem aumenta é a classe dos AINEs. Causa vasoconstrição no rim e aumenta a pressão arterial. Derivados do Ácido Propiônico Ibuprofeno, Naproxeno e Cetoprofeno Indicações clínicas: artrite reumatoide, osteoartrite, lesões musculoesqueléticas, dor pós operatória e dismenorreia. Derivados N-fenilantranílicos: ácido mefanâmico e o meclofenamato. Seletivo para alguma isoforma da COX. Principal indicação clínica: dismenorreia. Ácidos enólicos (oxicans): meloxicam e piroxicam Piroxicam: fracamente seletivo para COX-2. Tempo de meia vida= 50h. Meloxicam: moderadamente seletivo para COX-2. Tempo de meia vida= 20h. Indicações clínicas: artrite reumatoide, osteoartrite e espondilite anquilosante. Relacionados a articulação. Derivados pirazolôonicos: dipirona (metamizol) É um pró-farmaco, não detectável no plasma após a administração oral. Os efeitos da dipirona parecem ser devido a dois de seus metabólitos: 4-metil-amino-antipirina; 4- amino-antipirina. Inibidor reversível da COX-3 (hipótese) + mecanismo diversos. Tem pouco efeito anti-inflamatório. Efeitos adversos: agranulocitose; choque anafilático. Causa diminuição da PA em muitos pacientes, mas não se sabe como age. Pode causar malformação fetal; fechamento prematuro do ducto arterial; prejudica a coagulação sanguínea. AINEs seletivos para a COX-2 diaril heterocíclicos Celecoxibe, Parecoxibe e Etoricoxibe Inibidores seletivos COX-2 Indicações clínicas (celecoxibe e etoricoxibe): artrite reumatoide, osteoartrite e espondilite anquilosante. Indicação clínica (parecoxibe): dor pós-operatória. Página 6 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Rofecoxibe: retirado do mercado devido risco aumentado de complicações cardiovasculares. Mecanismo compensatório. Aumenta a COX-1 e produção de tromboxano. Disponíveis no Brasil: etoricoxibe; celecoxibe e parecoxibe (restrito apenas para utilização hospitalar). Outros anti-inflamatórios não esteroides Nimessulida e Apazona Inibidor relativamente seletivo COX-2. Ação anti-inflamatória, analgésica e antipirética. Indicações clínicas: dismenorreia; gota; amigdalite ou faringites; sinusites agudas; otites; melhor tolerabilidade (poucas alterações no TGI). Toxicidade: hepatotoxicidade grave. HIDROXICLOROQUINA (CYP2D6) Uso para artrite e anti-malária. É imunossupressora. É sequestrada pelos eritócritos onde fica aprisionada pelo grupo heme -> mata o parasita. Se liga a melanina e se acumula -> produz citotoxicidadepara as células. ARTRITE GOTOSA As substâncias disponíveis para esses objetivos são: • Fármacos que aliviam a inflamação e dor (AINEs, colchicina, glicocorticoides). • Fármacos que evitam respostas inflamatórias a cristais (colchicina e AINEs). • Fármacos que atuam por inibição da formação de urato (alopurinol, febuxostate) ou para aumentar a excreção de urato (probenecida). Colchicina: efeitos antimitóticos, interrompendo a divisão celular em G1 pela interferência Alopurinol: impede a síntese de urato a partir de hipoxantina e xantina Probenecida: inibe a reabsorção de ácido úrico pelos transportadores de ânion inorgânico, principalmente URAT-1 -> interação com salicilatos. • Aumenta excreção de ácido úrico -> acumula menos. • Interação com a penicilina que impede a excreção. Anti-inflamatórios Esteroidais (AIEs) Os agentes anti-inflamatórios esteroidais produzem seus efeitos terapêuticos por meio da inibição da fosfolipase A2. Assim, inibem a via da cicloxigenase (síntese de prostaglandinas) e da lipoxigenase (síntese de leucotrienos). Absorção rápida e fácil pelo TGI. Absorvidos prontamente pelos espaços sinoviais e conjutivos, porem lentamente pela pele. Não é costumado a usar por ação tópica. Hormônios do Córtex Suprarrenal Os produtos de síntese do córtex adrenal são hormônios esteroides denominados: • Adrenocorticosteroides • Corticosteroides. • Corticoides. Os hormônios secretados pelas suprarrenais derivam todos de um isopreno, que tem um núcleo esteroide. GLÂNDULA SUPRARRENAL Corticosteróides Os corticosteroides e seus derivados sintéticos biologicamente ativos diferem nas suas atividades metabólicas (glicocorticoides) e de regulação dos eletrólitos (minerolocorticoides). Página 7 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Os hormônios adrenocorticais são esteroides sintetizados e liberados pelo córtex da suprarrenal. Tanto os corticosteroides naturais como os sintéticos são utilizados no tratamento de distúrbios da função suprarrenal, distúrbios inflamatórios e imunológicos. A secreção de esteroides adrenocorticais é controlada pela liberação hipofisária da corticotrofina (adrenocorticotrófico, ACTH). O ACTH tem efeito mínimo na produção de mineralocorticoides. Foram isolados mais de 30 esteroides do córtex adrenal, porém apenas dois têm importância excepcional: • Aldosterona – principal mineralocorticoide. • Cortisol – principal glicocorticoide. A secreção de aldosterona (hormônio de retenção de sal) é influenciada principalmente pela angiotensina. Pelo menos 95% da atividade glicocorticoide das secreções adrenocorticais resultam da secreção de cortisol ou hidrocortisona. O restante é de corticosterona. O hormônio adrenocorticotrófico (ACHT corticotrofina) tem apenas efeito mínimo na produção de mineralocorticoides. Mecanismo de ação Cortisol diminui a ação e liberação de citocinas que modulam a resposta imunológica. AÇÃO GENÔMICA Ação que altera a expressão de genes específicos. Ocorre em qualquer dosagem terapêutica relevante. Os receptores GR clássicos para a ação genômica estão localizados no citoplasma. O complexo receptor-glicocorticoide forma um dímero, o qual migra para o núcleo da célula para interagir com o DNA para modificar a transcrição de genes específicos. Assim os efeitos genômicos não são imediatos: após a ligação no receptor, é preciso mais de 30 minutos para que as proteínas sejam sintetizadas. Muitas horas ou dias podem ser necessários para que alguns efeitos dos glicocorticoides se desenvolvam plenamente. Os glicocorticoides, em altas concentrações, também podem exercer alguns efeitos rápidos não genômico, através de interações inespecífica diretas com a membranas biológicas, ou de interação específicas com receptores GR citosólicos ou receptores GR ligados a membrana. Os efeitos não genômicos parecem contribuir para seus efeitos terapêuticos (efeito anti-inflamatório e efeito imunossupressor, por exemplo). Impede que mediadores da inflamação sejam liberados. Página 8 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV Se já tem inflamação: a ação genômica pode inibir diretamente, a fosfolipase A2. Anexina é aumentada, responsável pela inibição da fosfolipase A2. AÇÃO METABÓLICA DOS GLICOCORTICOIDES Carboidratos: redução da captura e da utilização de glicose (diminuição da translocação dos transportadores de glicose GLUT 4 para a membrana celular). Tendência à hiperglicemia. Proteínas: diminuição da síntese de proteínas e aumento do catabolismo das proteínas já presentes nas células, particularmente no músculo, podem levar a atrofia do tecido. Como resultado do catabolismo proteico, mais aminoácidos são disponibilizados no plasma para entrar no processo de gliconeogênese pelo fígado e, assim, promover a formação de glicose. Lipídios: aumenta a lipólise (isto é, a quebra de triacliglicerois em ácidos graxos e glicerol), disponibilizando ácidos graxos aos tecidos periféricos para a produção de energia. O glicerol pode ser usado para a gliconeogênese, o que conduz à resistência à insulina (tendência à hiperglicemia. Pessoas com excesso de cortisol desenvolvem um tipo peculiar de obesidade, com deposição excessiva de gordura no tórax e na cabeça. Síndrome de Cushing. Os corticoides aumentam a atividade da lipase hormônio-sensível (LHS) Tecido ósseo: diminui a absorção intestinal de Ca+2 e aumenta a excreção renal de Ca+2 pelo corpo. Além disso, é catabolizado no tecido ósseo (aumenta a atividade osteoclástica), causando a degradação da matriz óssea calcificada. Como consequência, as pessoas que fazem uso de cortisol para tratamento por longos períodos, por exemplo, têm uma incidência mais alta de fratura dos ossos. Uso clinico dos clicocorticoides: • Terapia de reposição em pacientes com insuficiência suprarrenal (doença de Addison). • Tratamento anti- inflamatório/imunossupressor. Exemplos de doses equivalentes para o efeito anti-inflamatório: 100mg de hidrocortisona= 25mg de predsona ou predinisolona= 3,75mg de dexametasana (4mg de dexametasana). 250mg de hidrocortisona= 62,5 mg de prednisona (60 mg de prednisona). Corticoterapia sistêmica O uso prolongado de glicocorticoides sistêmicos resulta em efeitos indesejados ou adversos sistêmicos (uso crônico tem sido considerado 14 dias ou mais e a dose administrada também deve ser considerada). Farmacocinética e formas farmacêuticas Metabolizadas hepaticamente Excreção biliar e renal Tempo de ação prolongado e capacidade de atravessar membranas devido grupamento OH. FÁRMACOS Cortisol: usado apenas para terapias de reposição, não possuindo ação anti-inflamatória. Prednisona / Prednisolona / Metiprednisolona: são a primeira escolha para tratamento de antiinflamatórios e imunossupressores a longo prazo (poliosite-dermatosite-DPOC). Possuem meia vida plasmática intermediaria e atividade de edema relativamente baixa. Dexametasona / Betametasona: usados em terapias anti-inflamatórias agudas máximas (choque séptico e edema cerebral). Meia vida muito longa e edema muito baixo. Supressores de crescimento. Fludrocortisona: Usado em casos de desidratação e hiponatremia, Sindrome de Página 9 Flávia Sanagiotto Ross Medicina UNOESC - TXXXV addison, ou casos secundários de perda excessiva de sal. CONTRA INDICAÇÕES • Pacientes que apresentam infecções. • Atrofia muscular. • Diabetes Mielitus. • Osteoporose. • Úlcera péptica. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICASCOM GLICOCORTICOIDES O uso concomitante de corticosteroides com diuréticos depletores de potássio pode aumentar a hipocalemia (diminuição de potássio no sangue). PRINCIPAIS USOS TERAPEUTICOS DOS CORTICOIDES • Insuficiencia adrenocortical. Terapia de reposição. • Alívio dos sintomas inflamatórios. • Tratamento de alergias/transplantes de órgãos. Diminuição da rejeição. • Aceleração da maturação pulmonar EFEITOS ADVERSOS Síndrome de Cushing: é a quantidade exagerada de cortisol na corrente sanguínea. • Distribuição anormal da gordura. • Pele fina. • Osteoporose. Tratamento: Inibidores biossintéticos.
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