Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VIAS BILIARES E VESICOLOPATIAS DISCIPLINA FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA II Prof. Camila Avila 2021.1 Curso de Nutrição Unidade São José O QUE VAMOS VER? Vesícula biliar e bile Colestase Colelitíase e coledocolitíase Colecistite VESICULA BILIAR Vesícula biliar - principal função: • Concentrar • Armazenar • e excretar A BILE LOCALIZAÇÃO: • Superfície inferior do fígado • Comprimento: ~ 8 cm • Volume: ~ 50mL • ligada ao ducto hepático. Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg 723-6; Rubin et al, 2010 Bases clinicopatológicas da medicina. pg 814 COMO A BILE É SECRETADA: • É um órgão de formato sacular e que se comunica com o canal hepático pelo ducto cístico e com o intestino pelo ducto colédoco; • A bile é secretada pelas células hepáticas e fica armazenada durante o intervalo da digestão na vesícula biliar. MECANISMO DE SECREÇÃO DA BILE ALIMENTO CCK CONTRAÇÃO DA VESÍCULA BILIAR ESFÍNCTER SE ABRE BILE CHEGA AO DUODENO VIA COLÉDOCO VESICULA BILIAR • Durante a digestão a vesícula se contrai e lança rapidamente a bile ao intestino delgado, através do ducto hepático comum. • As secreções pancreáticas se misturam com a bile antes de sua entrada no duodeno para auxiliar na digestão. • A bile não contem enzimas digestivas, mas é importante para digestão adequada, para absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis, devido a sua ação emulsificante. VESICULA BILIAR BILE o Composta por: bilirrubina, ácidos biliares, sais biliares, colesterol, fosfolípideos, bicarbonato, uréia, Na, K, Ca, Mg, Cl (ph 6,5 a 7,5). o Essencial para a digestão e absorção dos lipídeos intestinais o Excreção hepática de solutos e xenobióticos lipossolúveis o Homeostase do colesterol VESICULA BILIAR BILE o Metabolismo de drogas o Metabolismo de metais pesados (arsênico, chumbo, mercúrio, cadmio) o Participa da regulação do metabolismo do hospedeiro (papel da microbiota na composição dos ac. biliares) DISCINESIA DA VESÍCULA BILIAR DISCINESIA DA VESÍCULA BILIAR DISCINESIA DA VESÍCULA BILIAR • Tratamento: • Não existe padrão ouro • Cirurgia: controverso - embora os estudos controversos, a colecistectomia é a principal abordagem terapêutica para pacientes diagnosticados • Terapia nutricional: individualizada Rocha et al. 2015 PRINCIPAIS DOENÇAS • Colestase: depósito na vesícula biliar decorrente de ausência de estimulação ou liberação da bile • Colelitíase: formação de cálculo biliares na ausência de infecção biliar • Coledocolitíase: se desenvolve quando as pedras se deslocam para os ductos biliares, produzindo obstrução, dor e cólicas • Colecistite: inflamação da vesícula biliar, pode ser aguda ou crônica • Colangite: inflamação dos ductos biliares Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg 723-6 COLESTASE • Diminuição ou interrupção do fluxo da bile, em qualquer local entre células hepáticas e o duodeno • Porém, a produção de bilirrubina continua • Essa bilirrubina é desviada para o sangue (icterícia), eliminada na urina (colúria) Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg 723-6 Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg 723-6 CONSEQUÊNCIAS COLESTASE PROLONGADA • Causas: jejum prolongado, utilização de nutrição parenteral por um longo período, cirrose biliar, medicamentos, mudanças hormonais da gravidez, coledocolitíase, estenose biliar • Prevenção: estímulo de motilidade intestinal e biliar nutrição enteral mínima • Tratamento: eliminar causas ou desobstrução • Terapia nutricional: • Individualizada, conforme os sintomas • Atenção aos sintomas de má absorção e deficiência de vitaminas lipossolúveis Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg 723-6 Koletzko B, et al. Pediatric Nutrition in Practice. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2015, vol 113, pp 178–181 Colelitíase e coledocolitíase Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg723-6 VESICULA BILIAR CÁLCULOS BILIARES (COLELITÍASE OU LITÍASE BILIAR) São pequenas pedras que se formam e que podem existir na vesícula biliar ou nos canais por onde passa a bile. Os cálculos são compostos por colesterol em sua maioria. Geralmente são assintomáticos. FORMAÇÃO DE CÁLCULOS • A fase sintomática pode ter complicações • Cálculos que passam da vesícula para o ducto biliar comum podem permanecer ali indefinidamente sem causar sintomas,ou então passar para o duodeno com ou sem sintomas • Consequências na ausência de bile no intestino: • Absorção de lipídeos é prejudicada • Sem bilirrubina: fezes claras(acolia) • Se não houver correção: icterícia e dano hepático (cirrosebiliar) CÁLCULOS BILIARES (COLELITÍASE OU LITÍASE BILIAR): • 75% são cálculos provenientes de colesterol; • 1. Colesterol insolúvel em água é transportado pela bile solubilizado por ácidos biliares e fosfolípideos; • 2. Alguns indivíduos tem mais colesterol do que a bile pode solubilizar – saturação (bile litogênica); • 3. O colesterol em excesso de cristaliza tendendo a crescer; • 4. e se formam os cálculos no interior da vesícula; Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg723-6 VESICULA BILIAR CÁLCULOS BILIARES (COLELITÍASE OU LITÍASE BILIAR) Fatores de risco: o Pílulas anticoncepcionais o Gravidez o Histórico familiar de cálculos biliares o Obesidade o Diabetes o Doenças hepáticas o Rápida perda de peso. Mahan; Escott-Stump, 2005. Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg723-6; Gaby, 2009 • Fatores de risco: • Bactérias:infecçõescrônicasproduzemalteraçõesnamucosadavesículabiliar,oqueaf etamacapacidadeabsortiva • Ingestão excessiva de gordura durante período prolongado –estímulo constante para produzir mais colesterol para ressíntese de bile – colesterol precipita VESICULA BILIAR COLECISTITE É a inflamação da vesícula biliar. Mais de 90% dos casos de colecistite aguda resultam da obstrução do ducto biliar pelo aparecimento de pedras na vesícula. Uma vesícula inflamada pode ser infectada ou sofrer necrose, podendo ser tratada com antibiótico, sendo as vezes necessário ser submetida a colecistectomia. Um episódio de colecistite pode progredir para pancreatite aguda se o cálculo descer para o colédoco, bloqueando o ducto pancreático. VESICULA BILIAR COLECISTITE COLECISTECTOMIA o Não há grandes alterações nas funções gastrointestinais ou outras no indivíduo a quem foi retirada a vesícula. o Poderão ser necessárias apenas restrições ao consumo alimentar de gorduras. o O baixo teor de lipídios na dieta é atribuído à baixa disponibilidade da bile em auxiliar na digestão e absorção. o Na ausência da vesícula, a bile é secretada diretamente no intestino; DIETOTERAPIA – COLECISTITE AGUDA • Repouso absoluto e repouso vesicular; • Dieta zero por via oral; • Reposição hidroeletrolítica por via intravenosa; Após cólica aguda, iniciar alimentação por via oral: • Dieta líquida restrita; • Evolução da consistência da dieta (branda, normal) • Observando sempre a tolerância do paciente; COMPOSIÇÃO DA DIETA • Necessidade calórica: ajustar ao paciente (hipocalórica se for obeso); • Normoproteíca; • Normoglícidica; • Hipolipídica; • Hipocolesterolêmica; • Exclusão de alimentos ricos em enxofre: cebola, alho, repolho, rabanete, pepino, nabo, couve, feijão, molhos gordurosos, frituras; • Evitar alimentos de difícil digestibilidade e condimentos fortes; REFERÊNCIAS MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005. Krause-Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg723-6; RUBIN et al, 2010 Bases clinicopatológicasda medicina. pg814GABY, A.R. Nutritional Approaches to Prevention and Treatment of Gallstones. AlternMed Rev (2009)14(3):258-267. WAIZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu, 2009. KOLETZKO B, et al. PediatricNutrition in Practice. World RevNutrDiet. Basel, Karger, 2015, vol113, pp 178–181 ROCHA et al. Discinesiada vesícula biliar. GED gastroenterol. endosc. dig. 2015: 34(3):135- 142 PÂNCREAS E PANCREOPATIAS PÂNCREAS É um órgão sólido, tem cerca de 15 cm, pesando menos de 110g. Pode ser dividido em 4 partes, cabeço, colo do pâncreas, corpo e cauda. PÂNCREAS • Até 1500ml de suco pancreático são secretados diariamente por um pâncreas normal. • O suco pancreático contem água, íons e uma variedade de proteínas. • A natureza alcalina no suco pancreático tem papel importante na neutralização do ácido gástrico que entra do duodeno com o alimento proveniente do estomago. • O pâncreas também secreta enzimas responsáveis por metabolismo e absorção de lipídeos (lipase, colipase) e de carboidratos (amilase, enolase). PÂNCREAS PANCREATITE AGUDA o É inflamação aguda e destrutiva do pâncreas e de tecidos peripancreáticos. o Está associada com morbidade e mortalidade significativa. o Doenças do trato biliar e ingestão de álcool são responsáveis pela maioria dos casos. PÂNCREAS PANCREATITE AGUDA O álcool pode exercer efeito tóxico sobre as células pancreáticas. Em paciente que não ingerem álcool a causa mais comum é a obstrução do ducto pancreático. PANCREATITE AGUDA É caracterizada por uma intensa resposta inflamatória sistêmica, insuficiência orgânica, hipermetabolismo, com aumento do gasto energético e do catabolismo proteico, levando rapidamente o paciente a uma desnutrição. Na pancreatite aguda leve ou moderada, o repouso do trato digestório por 2 a 5 dias normalmente é suficiente para que haja resolução da dor abdominal e diminuição dos níveis séricos das enzimas pancreáticas (amilase e lipase). Geralmente se introduz uma dieta líquida após o jejum e progride conforme tolerância. PÂNCREAS PANCREATITE AGUDA Diagnóstico: • Clássico: dor nas costas em faixa • Dor abdominal • Elevação da amilase ou lipase sérica • Exame de tomografia ou ressonância magnética PÂNCREAS PANCREATITE AGUDA Tratamento Como não existe nenhum medicamento capaz de desinflamar o pâncreas, é preciso deixá-lo em repouso até que a inflamação regrida. Evitar alimentos gordurosos, que estimulem o pâncreas. Não ingerir bebida alcoólica. PÂNCREAS PÂNCREAS PANCREATITE CRÔNICA Ocorre quando a inflamação não cede ou quando há recidivas frequentes. Caracterizada pelo dano irreversível ao pâncreas com desenvolvimento de fibrose e destruição do tecido exócrino e endócrino. Causas: obstrução do ducto pancreático e calcificação decorrente da ingestão de álcool. PÂNCREAS PANCREATITE CRÔNICA Sintomas: Dor forte abdominal Vômitos Febre Hipertensão Flatulência Abdome distendido Esteatorreia PANCREATITE CRÔNICA Diagnóstico: o Baseado nos sinais e sintomas o Níveis séricos de amilase e lipase o Ultrassonografia endoscópica PÂNCREAS PANCREATITE CRÔNICA Cuidado nutricional • A má digestão na pancreatite crônica resulta de vários fatores. • Inflamação de longa duração e fibrose do pâncreas , levando a aporte inadequado de enzimas digestivas ao duodeno nos períodos prandial e pós-prandial. • A falha da secreção de suco pancreático resulta em má absorção de gorduras (esteatorreia) e de vitaminas lipossolúveis, podendo levar a perda de peso. PÂNCREAS PANCREATITE CRÔNICA Em casos crônicos, com extensa destruição hepática, a capacidade secretora de insulina do pâncreas diminui, desenvolvendo intolerância pela glicose. Exigindo um tratamento medicamentoso, ou com insulina e alimentação adequada. O diabetes pode ser uma complicação da pancreatite crônica, podendo se manifestar só depois que a glândulas estiver gravemente danificada. PÂNCREAS PANCREATITE CRÔNICA Tratamento • Baseado no alívio da dor; • Deixar o pâncreas em repouso; • Evitar alimentos gordurosos; • Intervenção cirúrgica. PÂNCREAS TOLERÂNCIA ALIMENTAR NA PANCREATITE CONFORME O QUADRO QUADRO CLÍNICO DIETA Fase íleo paralítico NPT Início do trânsito intestinal e melhora do quadro inflamatório Dieta elementar Normalização clínica e laboratorial Dieta hipolipídica Etapa tardia Liberação de gordura na dieta Sequelas e complicações, pseudocistos, insuficiência endócrina e exócrina. Dietas restritivas: Elementar, hipolípidica e diabetes REFERÊNCIAS MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005. Krause-Alimentos Nutrição e Dietoterapia. pg726-30; •DITEN. Terapia Nutricional na Pancreatite Aguda. 2011 •DITEN. Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica. 2011 •MIRTALLO J.M.; FORBES A., MCCLAVE S.A.; JENSES G.L.; WAITZBERG D.L.; DAVIES A. InternationalConsensus Guideline Committee Pancreatitis Task Force. International Consensus Guidelines for Nutrition Therapyin Pancreatitis. JPEN J ParenterEnteral Nutr. 2012 36: 284-291 •WAIZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu, 2009. •ROBERTS, K.M.et al. NutritionalAspectsofAcutePancreatitisGastroenterolClinN Am, v. 47, p.77–94, 2018. •DOMÍNGUEZ-MUÑOZ, J.E. et al. Nutritional Therapy in Chronic Pancreatitis. GastroenterolClinN Am, v. 47, p.95-110, 2018. •CROCKETT, S.D. American GastroenterologicalAssociationInstituteGuideline •on Initial Management of Acute Pancreatitis. Gastroenterology, v. 154,1096–1101, 2018. •HYUK DO, J. Mechanism of Severe Acute Pancreatitis: Focusing on Development •and Progression. The Korean Journal of Pancreas and Biliary Tract v. 20. p.115-123, 2015 •DAWRA et al. Intra-acinar trypsinogen activation is required for early pancreatic injury but not for inflammation during acute pancreatitis. Gastroenterology. 2011 December ; 141(6): 2210– 2217.e2 •SAH et al. Caerulein-Induced Chronic Pancreatitis Does Not Require Intra-Acinar Activation of Trypsinogen in Mice. Gastroenterology. 2013 May ; 144(5): 1076–1085.e2. •PEREIRA et al. Pancreatite Aguda Induzida por Fármacos: Caso Associado ao Perindoprile Revisão da Literatura J PortGastrenterol2011;18:34-39
Compartilhar