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Alteração do Contrato de Trabalho

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Alteração do Contrato de Trabalho 
1. Introdução 
Conforme o disposto no art. 444 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT as 
relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre negociação das partes 
interessadas em tudo quanto não seja contrária às disposições de proteção ao 
trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das 
autoridades competentes. 
Por outro lado, o Art. 468 da CLT determina que nos contratos individuais de trabalho 
só é lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo consentimento, e ainda 
assim, desde que não resultem direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob 
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. 
Os dispositivos legais acima citados demonstram que a legislação vigente assegura, 
com algumas restrições, a liberdade de contratação das partes, porém, resguarda as 
alterações contratuais contra a arbitrariedade do empregador, impondo que a mesma 
seja produto da manifestação de vontade das partes e, além disso, não resulte, de 
forma alguma, prejuízo ao empregado, sob pena de ser considerada nula de pleno 
direito, não produzindo, conseqüentemente, qualquer efeito no contrato de trabalho. 
Depois de formalizada a alteração contratual, a nova situação existente não pode, em 
hipótese alguma, ocasionar qualquer prejuízo ao empregado, direto ou indireto, ou 
seja, o mesmo tem direito, no mínimo, à remuneração idêntica a que recebia antes da 
mudança. 
Nota-se, portanto, que qualquer alteração contratual deve observar os seguintes 
requisitos: 
a) mútuo consentimento das partes 
b) inexistência de prejuízo direto ou indireto ao empregado. 
Resulta em nulidade qualquer alteração contratual que se realize em desconformidade 
com os elementos acima, não produzindo qualquer efeito no contrato de trabalho. 
2. Alterações Contratuais Possíveis 
São lícitas as seguintes alterações contratuais: 
a) mudança do local de trabalho, desde que não sujeito a mudança de domicílio do 
empregado, ou seja, desde que não ocorra transferência (Art. 469, caput da CLT; 
http://docs.php/?docid=clt&artigo=444
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
 
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b) transferência para localidade diversa da qual resultar do contrato, de empregado 
que exerça cargo de confiança e daquele cujo contrato tenha como condição implícita 
ou explícita a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço (Art. 
469, § 1º, CLT); 
c) transferência do empregado para localidade diversa da qual resultar do contrato, 
excepcionalmente, em situações de emergência, quando desta decorra necessidade 
do serviço, sob pagamento suplementar, nunca inferior a 25% do salário que o 
empregado percebia na localidade originária (Art. 469, § 3º, CLT); 
d) alteração de função, isto é, das atividades desempenhadas, salvo quando 
representarem rebaixamento para o empregado, considerando o princípio da 
dignidade da pessoa humana do trabalhador; 
e) mudança de horário, dentro do turno diurno para o noturno, e vice-versa ( 468, 
caput, CLT). 
3. Principais observações a respeito das alterações contratuais de transferência 
A mudança do local de trabalho é legal quando não ultrapassa os limites geográficos 
do município na qual o empregado reside, no caso; 
A transferência para localidade diferente da contratada dos altos funcionários é lícita, 
mesmo sem a existência de condição contratual, pois considera-se implicitamente 
inerente à função do empregado de confiança (Art. 469, § 1º, CLT); 
Somente na mudança provisória garante o pagamento suplementar superior em ao 
menos 25% do salário anterior nos casos de transferência, ou seja, este não cabe na 
mudança definitiva; 
Caso o empregado não aceite a transferência lícita (prevista em contrato original), este 
poderá ser demitido por justa causa, visto que decorre do poder de direção do 
empregado a movimentação de seu quadro funcional. 
4. Jurisprudências 
ALTERAÇÃO CONTRATUAL. REDUÇÃO SALARIAL. ACORDO INDIVIDUAL TÁCITO 
OU EXPRESSO. INVÁLIDO. A redução salarial somente é possível em caráter 
excepcional, através de convenção ou acordo coletivo (art. 7º, VI, CF), com 
concessões mútuas e desde que não implique óbice à melhoria da condição social do 
trabalhador preconizada no caput do próprio artigo 7º da Carta Magna. O art. 468 da 
CLT veda a alteração contratual "in pejus", ainda que por mútuo consentimento. A 
discrepância de forças entre os contratantes afasta a incidência do princípio da 
autonomia das parte no âmbito trabalhista. A relação de emprego se pauta pela 
http://docs.php/?docid=clt&artigo=469
http://docs.php/?docid=clt&artigo=469
http://docs.php/?docid=clt&artigo=469
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
http://docs.php/?docid=clt&artigo=469
http://docs.php/?docid=cf88&artigo=7
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
 
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sujeição pessoal do trabalhador, que se põe sob subordinação e dependência 
econômica em face do empregador, em condição de notória inferioridade. Contando 
apenas com a sua força de trabalho, o empregado depende do que ganha para o seu 
sustento e o de sua família. Essa situação não apenas explica mas exige a 
intervenção tutelar do Estado, quer no âmbito administrativo (fiscalizando o 
cumprimento da legislação social), quer no âmbito legal (conferindo garantias de 
ordem pública), de modo a que não se produza abissal desequilíbrio na esfera das 
relações de trabalho inválida a redução salarial por acordo individual, seja tácito ou 
expresso. Exegese dos artigos 7º, caput e inciso VI, da CF c/c art. 468 da CLT. 
(TRT/SP - 01614200144102005 - RO - Ac. 3ªT 20040066104 - Rel. Ricardo Artur 
Costa e Trigueiros - DOE 09/03/2004). Ementário de Jurisprudência do Tribunal 
Regional do Trabalho da 2ª Região - Boletim nº 12/2004. 
CONSIDERANDO-SE A PRIMAZIA DO CONTRATO REALIDADE, O QUE IMPORTA 
É COMO O CONTRATO DE TRABALHO SE EXPRESSA E EXECUTA NA PRÁTICA. 
ASSIM, EMBORA O EMPREGADO TENHA SIDO CONTRATADO PARA 
TRABALHAR OITO HORAS DIÁRIAS, HOUVE UM AJUSTE TACITO NO SENTIDO 
DE QUE O MESMO CUMPRISSE UMA JORNADA REDUZIDA DE SEIS HORAS 
DIÁRIAS ATÉ MIL NOVECENTOS E NOVENTA E DOIS, PELO QUE A EXIGENCIA 
UNILATERAL DA RECLAMADA, NO SENTIDO DE AQUELE PASSASSE A 
CUMPRIR A JORNADA NOS TERMOS DO CONTRATO, RESULTA EM RELAÇÃO 
ILICITA DO CONTRATO DE TRABALHO VEDADA PELO ARTIGO QUATROCENTOS 
E SESSENTA E OITO DA CLT. 
REVISTA IMPROVIDA." (Ac. 1ª T. do TST - 7031 - RR nº 210214/95 - julg. 27.11.1996 
- Rel. Min. REGINA FÁTIMA ABRANTES REZENDE EZEQUIEL) In DJ de 28.02.1997, 
pág. 4395 
"JORNADA DE TRABALHO. SE O TRABALHO VINHA PRESTANDO SERVIÇOS 
DURANTE SETE HORAS E MEIA DIÁRIAS, FACE AO INTERVALO DE MEIO HORA 
SER DESCONTADO DA JORNADA, NÃO PODE O EMPREGADOR PRETENDER 
VER OBSERVADA A JORNADA DE OITO HORAS COM O INTERVALO DE UMA 
HORA NÃO COMPUTÁVEL. O PROCEDIMENTO IMPLICA EM EXIGIR DO 
EMPREGADO MAIS MEIA HORA DE SERVIÇOS, QUE ASSIM DEVE SER 
REMUNERADA COMO EXTRAORDINÁRIA." (Ac. 1ª T do TST - 4.133/85 - Proc. RR 
nº 5.809/84, Jul. 24.9.85 Rel. Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO) 
In JURISPRUDÊNCIA TRABALHISTA, ed. TST, vol. XLIII, 1986, pág. 129/131 
NO CASO DOS AUTOS, O RECLAMANTE PERMANECEU POR CERTO PERÍODO 
DE TEMPO DE SEU VINCÚLO EMPREGATÍCIO CUMPRIDO JORNADA REDUZIDA 
DE TRABALHO DE SEIS HORAS DIÁRIAS, SENDO QUE SUA JORNADA 
CONTRATUAL ERA DE OITO HORAS. O ESTABELECIMENTO DA CONDIÇÃO 
MAIS BENÉFICA INTRODUZIDA PELA RECLAMADA INCORPOROU-SE AO 
http://docs.php/?docid=clt&artigo=468
 
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CONTRATO DE TRABALHO, CONFIGURANDO, ASSIM, O RESTABELECIMENTO 
DA SITUAÇÃO INICIAL, ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA AO EMPREGADO. 
DESSA FORMA,O CUMPRIMENTO DA JORNADA DE SEIS HORAS DIÁRIAS, 
PASSOU A TRADUZIR A REALIDADE CONTRATUAL, CONSTITUINDO-SE, POIS, 
EM MAIS UMA FONTE DA RELAÇÃO DE EMPREGO." (Ac. da 4ª T. do TST - 188689 
- Proc. RR 1188689/95 - jug. 25.03.1998 - Rel. Min. GALBA VELLOSO) In DJ de 
17.04.1998, pág. 651

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