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1 Khilver Doanne Sousa Soares Clínica Cirúrgica VI São recursos utilizados no tratamento de lesões cutâneas. A melhor cicatriz é a menos visível possível, na impossibilidade de realizar uma incisão sem uma cicatriz subsequente utilizam-se outros recursos visando atenua-las. Um dos recursos é o material cirúrgico em si, o outro é a localização da incisão. As chamadas linhas de Langer eram utilizadas como mapa direcional para incisões. Hoje, as linhas utilizadas são chamadas linhas de tensão mínima, ou seja, incisões que sigam sua direção vão oferecer bordas com um mínimo de tensão. Deve-se considerar também as linhas de expressão (face) e as formadas por movimentos (extensão e flexão). Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1- Linhas-de-Langer-corporal-2-Instrumental-adequado-e- tecnica-atraumatica_fig1_232251337. Linhas de Lange. Fonte: https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/dermat o/livro12/fig06-01.html. Linhas de força ou linhas de tensão da pele. Em geral são contrárias ao maior eixo do músculo. As incisões na pele devem seguir essas linhas. Se o direcionamento de uma incisão não coincide com a direção de melhor exposição da região, é preferível ampliar-se um pouco mais a incisão e seguir as linhas de tensão mínima, a fazer incisões menores. Se de tudo não for possível seguir a orientações dessas linhas, recomenda-se transformar a linha reta em uma linha quebrada z-plastia. De maneira geral os 4 recursos utilizados para atenuar a visibilidade das cicatrizes são: respeito ao material cirúrgico (bisturi adequado, evitar tesouras, etc.), à localização da incisão (linhas de tensão mínima), formato das incisões (z-plastia se necessário) e a maneira de se fazer a incisão (bisturi deitado, excesso de força, lâmina de boa qualidade, etc.). https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Linhas-de-Langer-corporal-2-Instrumental-adequado-e-tecnica-atraumatica_fig1_232251337 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Linhas-de-Langer-corporal-2-Instrumental-adequado-e-tecnica-atraumatica_fig1_232251337 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Linhas-de-Langer-corporal-2-Instrumental-adequado-e-tecnica-atraumatica_fig1_232251337 https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/dermato/livro12/fig06-01.html https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/dermato/livro12/fig06-01.html 2 Khilver Doanne Sousa Soares Suturas de Pele Pode ser realizada de diversas maneiras. É escolhida em função da região da ferida, características da pele, bordas da lesão e das condições locais. Ponto Simples É o ponto ideal para uma aproximação correta das bordas de uma ferida. A depender da irregularidade da ferida realiza-se o ponto simples invaginando mais um lado que o outro, a fim de deixar a pele no mesmo nível ao final da sutura: Ponto simples de pele: A e B, maneira correta de se dar o ponto; C, compensação no caso de bordas de diferentes espessuras; D, ponto errado: a agulha pegou mais em cima do que embaixo, provocando uma invaginação das bordas e formação de um espaço morto dentro da ferida; E, ponto errado: a agulha pegou quantidades diferente em bordas da mesma espessura e o lado em que se pegou mais sobe acima do lado oposto, deixando um degrau e uma fixa de área cruenta. Além da passagem da agulha a tensão exercida para amarrar o ponto é muito importante: essa tensão deve ser suficiente para aproximar borda com borda suavemente sem esmagá-las uma a outra. Atentar também para a distância entre um ponto e outro (questão de observação). Devem ser feitos o mais distante possível sem que isso afete o resultado da aproximação da ferida. Ponto Donati Utilizado quando o ponto simples não consegue uma perfeita aproximação das bordas. Esta sutura também pode ser feita com pontos passados (a cada passada de ponto, o fio passa debaixo de si mesmo). E se as bordas estão com diferentes espessuras utilizamos um ponto contínuo tipo Donati. A, maneira clássica de se dar o Donati; B, variante que visa preservar uma das bordas, de marcas do ponto; C, sutura contínua simples; D, sutura contínua em pontos passados; E, sutura contínua – Donati. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Sutura Intradérmica É uma excelente sutura, sua principal característica é unir as bordas sem marcas de pontos. É uma sutura contínua, pode ser feita com fio inabsorvível ou absorvível. No caso de fio absorvível, ele não é retirado, apenas suas extremidades externas serão cortadas ao fim de 5 dias. Costuma-se utilizar fios 4-0 e 5-0 em casos de pele muito fina. Sutura intradérmica. A, no caso de se usar fio inabsorvível e que, portanto, será retirado, o traçado será mais aberto, permitindo melhor deslizamento; B, no caso de se usar fio absorvível, este trançado será mais fechado, pois não haverá necessidade de se retirar o fio. Obs.: em TODOS os pontos supracitados, uma vez completada a sutura, realizar um reforço com fitas de adesivo cirúrgico micropore! Retirada de Pontos Na face retiram-se os pontos em torno do 5º dia pós-sutura. Em outras regiões deixa-se cerca de 7 dias. Nos membros inferiores pela baixa capacidade de cicatrização, deixa-se por até 12 dias. Sempre que são retirados os pontos, coloca- se novas tiras de adesivo micropore – se necessário utilizar por muito tempo o próprio paciente realiza a troca em casa. Utilizar sempre uma pinça sensível e tesoura de ponta fina bem afiada. Se for notada deiscência no início da retirada dos pontos, deixar alguns intactos de ancoragem + reforço adesivo; aguardar 2 a 3 dias e retirar estes pontos remanescentes. Orientar o paciente a realizar a lavagem diária do local, por várias vezes, com água comum – recomenda-se uso de sabão cirúrgico à base de hexaclorofeno ou iodopovidine com enxágue abundante após uso. Retalhos São transplantes lipocutâneos cuja principal característica é a persistência de um pedículo após sua transferência através do qual o tecido transplantado recebe sua vascularização – esse pedículo pode ser temporário ou definitivo. Temporário. Ocorre quando mesmo após um certo tempo necessário à integração do tecido transplantado na área receptora esse pedículo é seccionado, interrompendo a circulação sanguínea a partir da área doadora, permanecendo somente o novo sistema circulatório, a partir de vasos oriundos da área receptora e que penetram no tecido transplantado. Definitivo. Nesse caso ele nunca será seccionado, mantendo a rede vascular, que com o tempo irá se comunicar com os novos vasos oriundos da área receptora. Os retalhos são indicados para cobertura de áreas receptoras que não apresentam condições ideais para revascularização do transplante – ou seja, quando a área receptora não fornece nutrição adequada para a pega de um enxerto. Há ainda o retalho expandido: expansão do tecido para a obtenção de um excesso que substitui a necessidade de retalhos à distância. - Os resultados estéticos dos retalhos são melhores que os enxertos! São três as fases de transplante de um retalho: delay (conjunto de incisões que delineiam o retalho sem descolá-lo nem cortar sua base), transposição e autonomização (em casos de retalhos que suprem tecido de uma região distante). As principais causas de perda de retalho é a insuficiência vascular – geralmente 4 Khilver Doanne Sousa Soares insuficiência de retorno venoso -, tensão exagerada, dobra da base do retalho, infecção e hematomas. Z-Plastia É um recurso cirúrgico baseado no princípio dos retalhos, é uma dupla transferência de retalhos. Há o alongamento da incisão ou cicatriz inicial para corrigir retrações. É um procedimento que requer planejamento e análise prévia. Fonte: https://www.iocir.com/plastias-y-colgajos- cutaneos/incision-cutanea-de-z-plastia-con-flechas-que- muestran-el-movimiento-de-los-colgajos/. Ângulos + finos resultam em retalhos mais finos e + sujeitosà insuficiência vascular; ângulos + abertos resultam em retalhos + bem vascularizados. Enxertos São indicados em todos os casos em que a perda cutânea torna o fechamento da lesão não possível pelo simples descolamento e aproximação de rebordos da ferida. OK, mas qual a diferença entre retalhos e enxertos? Diferente do retalho o enxerto não tem pedículo de comunicação entre a área doadora e a receptora! Enxertos precisam de nutrição do leito receptor. São 3 as fases de nutrição que o enxerto passa até estar completamente “unido”, ou pelo menos unido de forma “estável” à região doada: 1. Embebição plasmática: início às 48 hrs após o procedimento. O enxerto é nutrido pela ação capilar do leito receptor para o enxerto; 2. Inosculação (3-4º dia): há o alinhamento de vasos entre as terminações vasculares do enxerto e da área receptora; 3. Neovascularização (após 5º dia): formação inicial dos vasos que realização nutrição + eficiente deste tecido. O enxerto PRECISA ser recebido numa área bem vascularizada, uma vez que vai depender da vascularização da área receptora até que ocorra o processo de neovascularização! Assim como só será possível realizar enxerto de tecidos que sobrevivam por um certo tempo por meio de Embebição em plasma até que haja a neovascularização! O enxerto pode ser de 3 tipos: autoenxerto (doador e receptor são os mesmos), homoenxerto (doador e receptor são indivíduos diferentes, mas da mesma espécie) e xenoenxerto (quando doador e receptor são indivíduos de espécies diferentes). A retirada de enxertos se realiza geralmente por dermátomos: aparelho simples, basicamente “facas” de retirar enxerto – seu uso requer prática. As principais complicações em enxertos são: perda por fixação inadequada, hematomas, seromas e infecção. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ SAVASSI, Paulo Roberto Rocha. et. al. Cirurgia de Ambulatório. 3. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013. https://www.iocir.com/plastias-y-colgajos-cutaneos/incision-cutanea-de-z-plastia-con-flechas-que-muestran-el-movimiento-de-los-colgajos/ https://www.iocir.com/plastias-y-colgajos-cutaneos/incision-cutanea-de-z-plastia-con-flechas-que-muestran-el-movimiento-de-los-colgajos/ https://www.iocir.com/plastias-y-colgajos-cutaneos/incision-cutanea-de-z-plastia-con-flechas-que-muestran-el-movimiento-de-los-colgajos/
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