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RESPOSTA A ACUSAÇÃO CASO OAB

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL CLAUDINO FRANCIO 
FACEM – FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE 
CAMPUS SORRISO – MT
CURSO DE DIREITO 
8º SEMESTRE
REBECCA SCHEIDT BASSANI DE SOUZA
RESPOSTA A ACUSAÇÃO 
ESTÁGIO II – PRÁTICA JURÍDICA PENAL SIMULADA
Sorriso – MT
19/08/2022
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE JUÍNA – ESTADO DO MATO GROSSO.
Autos sob nº (...) 
Autor: Ministério Público do Estado do Mato Grosso
Réu: Isabelle
ISABELLE, já qualificado nos autos em epígrafe, da presente AÇÃO PENAL movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, por intermédio de seus advogados que essa subscreve, vem respeitosamente, na presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos fatos e fundamentos jurídicos a seguir delineados:
I – DOS FATOS DA ACUSATÓRIA
De proêmio, cabe dizer que a Acusada fora denunciada à suposta prática do delito de contrabando, tipificado no artigo 155, “caput”, do CP, sob o argumento de que a mesma teria furtado um colar de valor irrisório. 
Em síntese, alega a denunciante, que no dia 25 de janeiro de 2014 realizou um “chá da tarde” com suas irmãs, uma delas sendo a acusada, e notou o sumiço da réplica de um colar, pertencente a Autora. 
Diante da suspeita, a parte Autora em contato com o delegado de polícia, realizou a interceptação telefônica, em 21 de março de 2014, de maneira ilegal, não somente da Acusada, como também, de todas as suas irmãs, presentes no local do corrido.
A parte ré, viúva e mãe de 5 (cinco) filhos, enfrentando grave situação financeira, se vendo a mercê do despejo e diante da negativa de diversas formas de crédito, viu o colar como uma única forma de ajuda-la num momento de extrema necessidade. Na tentativa de vende-lo, recebeu uma ligação do comprador e, através disso, constatou-se que o colar era uma mera bijuteria, no valor de R$ 40,00 (quarenta) reais. 
 Nesse óbice, chegou ao conhecimento da parte autora 20 (vinte) dias após a interceptação telefônica, sendo este na data de 04 de abril de 2014, onde essa ilicitude fora usada como prova instruída no inquérito. 
A denúncia foi recebida pelo Juízo em 20 de novembro de 2014, determinando a citação da parte Ré em 28 de novembro de 2014. 
É a síntese do necessário.
II – DAS PRELIMINARES 
No que concerne a interceptação telefônica, a legislação supra tem uma visão clara acerca do tema, in verbis: 
Art. 5º da Constituição Federal:
“XII - e inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”
Diante do exposto, ressalta-se o descrito na Lei nº 9.296/96, que rege a interceptação telefônica, a qual expõe, em seu artigo 2º a inadmissibilidade da interceptação de comunicações telefônicas quando a prova puder ser obtida por outros meios, evidenciando o caráter de ultima ratio, ou seja, é medida extraordinária diante da real impossibilidade de obtenção de prova. 
Ademais, é cristalino que a interceptação deverá obrigatoriamente ser determinada judicialmente, não realizada por investigador de polícia sem qualquer aval do juiz, como in casu, senão vejamos: 
Art. 3° da Lei nº 9.296/1996:
“A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal”
Nesse óbice resta comprovado a ilicitude do fato, de modo a ser impedida a sua utilização, devendo assim, ser desentranhada do processo e considerar-se-á a nulidade de todos os procedimentos posteriores, conforme disposto no Código Penal: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
III. DA EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE 
Conforme situação fática narrada, chegou ao conhecimento da Parte Autora da materialidade do delito na data de 21 de março de 2014, entretanto, a denúncia apenas fora realizada em 20 de novembro de 2014. Diante dessa circunstância, analisar-se-á o disposto no Artigo 103 do Código Penal, a qual segue: 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime
Ora Vossa Excelência, nota-se aqui claramente a ocorrência do fenômeno da decadência, onde, ultrapassado o prazo de 6 (seis) meses pugna-se a extinção da punibilidade, ainda que se comprove a autoria e materialidade do delito, conforme disposto pelo Artigo 107 Inciso IV do Código Penal, veja-se: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - Pela prescrição, decadência ou perempção;
Diante da ausência da denúncia no prazo estabelecido pela legislação, requer-se a extinção do processo pela ocorrência da decadência. 
IV. DA ABOLSIVÇÃO SUMÁRIA
Conforme analisado, o objeto subtraído trata-se de uma mera bijuteria de valor irrisório, não tendo qualquer relevância para o Direito Penal. 
Por mais que a Acusada tenha cometido o delito de furto, considera-se que a sua conduta não possui qualquer relevância jurídica, não tendo significância em razão da lesão ao patrimônio da ofendida ser irrelevante, nem sequer a ação fora cometida mediante violência ou grave ameaça, cumprindo assim, os requisitos do princípio da insignificância.
Na esfera penal nem sempre qualquer mera ofensa caracteriza a punibilidade e a intervenção estatal, sob a ótica social e diante do estado de necessidade da parte ré, nessas circunstâncias, afasta-se a tipicidade penal, uma vez que, o bem jurídico não fora lesado diante da irrelevância material. 
Segundo Jurisprudência acatada pelo STF, se observa: 
DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ANTECEDENTES CRIMINAIS. ORDEM CONCEDIDA. 1. A questão de direito tratada neste writ, consoante a tese exposta pela impetrante na petição inicial, é a suposta atipicidade da conduta realizada pelo paciente com base no princípio da insignificância. 2. Considero, na linha do pensamento jurisprudencial mais atualizado que, não ocorrendo ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma penal, por ser mínima (ou nenhuma) a lesão, há de ser reconhecida a excludente de atipicidade representada pela aplicação do princípio da insignificância. O comportamento passa a ser considerado irrelevante sob a perspectiva do Direito Penal diante da ausência de ofensa ao bem jurídico protegido. 3. Como já analisou o Min. Celso de Mello, o princípio da insignificância tem como vetores a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 84.412/SP). 4. No presente caso, considero que tais vetores se fazem simultaneamente presentes. Consoante o critério da tipicidade material (e não apenas formal), excluem-se os fatos e comportamentos reconhecidos como de bagatela, nos quais têm perfeita aplicação o princípio da insignificância. O critério da tipicidade material deverá levar em consideração a importância do bem jurídico possivelmente atingido no caso concreto. 5. Não há que se ponderar o aspecto subjetivo para a configuração do princípio da insignificância. Precedentes. 6. Habeas Corpus concedido. (HC 102080/MS, Segunda Turma, Supremo Tribunal Federal, Relator: Min. ELLEN GRACIE, julgado em 05/10/2010). 
Outrora, também há de se observar a excludente de ilicitude diante do estado de necessidade da ré, a qual arca com a despesas de 5 (cinco) filhos, sendo viúva, recebendo avisos de despejo e contando com inúmeras despesas e sem ter qualquer apoio para ajudá-la nesse momento de urgência, viu o colar comouma única maneira de sair dessa crise, para conseguir um teto para as crianças. Nesse viés, tal fator é amparado na nossa legislação, conforme disposto no Código Penal:
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
Dessa forma, é indiscutível a absolvição sumária diante do princípio da insignificância e do estado de necessidade da ré, ora regido no Artigo 397, Inciso III do Código Penal: 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime;
V. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer: 
a) seja recebida a presente resposta à acusação, a fim de que surta os efeitos legais; 
b) considerando a nulidade da interceptação telefônica requer-se seu desentranhamento dos autos;
c) A extinção de punibilidade pela decadência do prazo, com fulcro nos artigos 103 e 107 Inciso IV do Código Penal;
c) seja a acusada ABSOLVIÇÃO SUMÁRIAMENTE, conforme disposição no Artigo 397 Inciso III do Código Penal. 
Termos em que,
Pede Deferimento.
Juína/MT, 10 de dezembro de 2014. 
(ASSINATURA ADVOGADO)			
(Nº OAB) 					
ROL DA TESTEMUNHA DE DEFESA:
a)	(NOME), (nacionalidade), (CPF), (domicílio).

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