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TERAPIA PULPAR EM DENTES DECÍDUOS Objetivos da aula: - Capacitar o aluno para o correto diagnóstico da condição pulpar em dentes decíduos: pulpite reversível, irreversível ou necrose pulpar; - Capacitar o aluno para escola da pasta obturadora a ser aplicada em cada uma das condições pulpares diagnosticadas O que o CD deve saber para executar o tratamento endodôntico de dentes decíduos? - Causas - Anatomia do dente decíduo - Diagnóstico da condição pulpar - Tipos de terapias - Tipos de materiais a serem utilizados 1. Causas: ● Lesões cariosas profundas com comprometimento pulpar: ● Lesões traumáticas com comprometimento pulpar: 2. Anatomia do dente decíduo x permanente: ● Semelhantes e menores em todas as dimensões: proporção 1:3 ● Camada de esmalte e dentina: + delgada e - calcificada ● Volume pulpar: maior = facilidade de exposição pulpar (em especial, a área do corno mesial) ● Assoalho da câmara pulpar: + fino (favorece a perfuração acidental) ● Canais radiculares: ➔ + Complexos ➔ DIvergentes no sentido apical ➔ Irregulares ➔ Estreitos ➔ Apresentam canais colaterais, intercanais e recorrentes ● Região de furca dos Molares Decíduos: ➔ Existência de forames e/ou canais acessórios ➔ Fator de desencadeamento de problemas pulpo-periodontais Radiolucidez em região de furca 3. Diagnóstico da condição pulpar: ● Testes de sensibilidade não devem ser feitos na criança (dentição decídua), para não exacerbar a dor e por se tratar de um teste subjetivo ● As informações devem ser colhidas durante a anamnese, de forma a buscar o máximo de informações ● A precisão do diagnóstico torna-se mais difícil por causa de informações insuficientes e incorretas ● A colaboração dos pais no esclarecimento quanto ao histórico´do caso também nem sempre é suficiente ● História da dor: saber se existe dor, se essa dor é provocada pelo frio, pelo calor, pela mastigação ou ainda se ocorre pela noite ● Não fazer rastreamento de fístula no dente decíduo ● Exame clínico: ➔ Alterações sistêmicas ➔ Edema extra-oral:pensar em necrose pulpar) ➔ Exame bucal: ★ Inicia pelo tecido mole a fim de observar alteração de cor ou de volume, típica de alteração inflamatória, presença de abscessos ou fístula ★ Extensão e profundidade das lesões de cárie, a exposição clínica e ocorrência de hiperplasia ➔ Palpação e percussão: podem fornecer dados úteis a avaliação do estado do ligamento periodontal no nível do periápice ➔ Exame de mobilidade dental: pode indicar problemas nos tecidos de suporte, entretanto, esta não deve ser confundida com a fase de reabsorção radicular ativa; a mobilidade patológica também está associada ao quadro de necrose pulpar; ➔ Teste de sensibilidade pulpar: elétrico e térmico, exame subjetivo da resposta sensorial - não realizar; OBS: Vascularização pulpar - Quando a polpa entra em degeneração, a parte vascular degenera primeiro que a parte da inervação - Uso da oximetria de pulso adaptada à odontologia: ★ Exame não invasivo, de caráter objetivo, indolor, capaz de estimar os níveis de SpO2 do tecido pulpar ★ Validado para dentes decíduos e permanentes hígidos e traumatizados ★ Faixa de 80% de SpO2: presença de tecido mineral ● Exame radiográfico: ➔ Extensão e profundidade da lesão cariosa ou traumática ➔ Lesões nos tecidos de suporte ➔ Ciclo biológico do dente decíduo: proximidade do germe dentário; ➔ Técnica de escolha: periapical 4. Terapia pulpar em dentes decíduos: - Pulpite reversível: a. Capeamento Pulpar Indireto b. Caeamento Pulpar Direto c. Pulpotomia CAPEAMENTO PULPAR INDIRETO INDICAÇÕES OBJETIVO MATERIAL Lesões cariosas em metade interna de dentina, com possibilidade de exposição pulpar caso se remova todo o tecido cariado Evitar a exposição pulpar e dar condições da dentina se remineralizar (dentina terciária) Cimento de hidróxido de cálcio Dentes sem histórico de dor espontânea ou que cessem com medicamento PROTOCOLO Dentes sem sinais clínicos e radiográficos indicativos de pulpite irreversível 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto 3. Remoção seletiva do tecido cariado 4. Base de cimento de hidróxido de cálcio 5. Restauração ou com CIV ou resina composta CAPEAMENTO PULPAR DIRETO INDICAÇÕES OBJETIVO MATERIAL Em pequenas exposições durante a remoção do tecido cariado/trauma em área isenta de tecido cariado Selamento da exposição pulpar Hidróxido de cálcio (P.A.) + Cimento de Hidróxido de Cálcio ou MTA OBSERVAÇÃO NO CPD Aplicação do agente protetor: Promover o restabelecimento da polpa, protegê-la de irritação, mantendo a sua vitalidade = formação de barreira mineralizada Trauma: Menos de 24 horas do trauma - contaminação bacteriana Coágulo: evitar Impediria o contato do material indutor de formação de dentina e funcionaria como um meio de cultura para microorganismos SINAIS CLÍNICOS ASPECTOS QUE FAVORECEM OCPD ASPECTOS QUE DESFAVORECEM O CPD Cor do sangramento Vermelho “vivo” Escuro ou claro Quantidade do sangramento Normal Ausente ou abundante Consistência do tecido pulpar Oferece resistência ao corte Liquefeito ou fibroso Tempo de hemostasia Até 5 minutos Superior a 5 minutos PROTOCOLO 1. Isolamento absoluto 2. Irrigação da área de exposição com água destilada ou soro fisiológico 3. Avaliar clinicamente a condição da polpa 4. Secagem com algodão ou papel absorvente estéril 5. Aplicação de uma camada de hidróxido de cálcio puro (PA) ou em solução aquosa 6. Colocação de uma sub-base de cimento de hidróxido de cálcio 7. Procedimento restaurador PULPOTOMIA Técnica de remoção da polpa coronária seguida do uso de medicamentos que procuram manter a polpa radicular em condições de saúde, permitindo que o ciclo biológico da reabsorção radicular se processe naturalmente. SINAIS CLÍNICOS ASPECTOS QUE FAVORECEM APULPOTOMIA ASPECTOS QUE DESFAVORECEM A PULPOTOMIA Cor do sangramento Vermelho “vivo” Escuro ou claro Quantidade do sangramento Normal Ausente ou abundante Consistência do tecido pulpar Oferece resistência ao corte Liquefeito ou fibroso Tempo de hemostasia Até 5 minutos Superior a 5 minutos VANTAGENS CONTRA-INDICAÇÃO MEDICAMENTOS UTILIZADOS Conservar a polpa radicular com vitalidade Quanto ao dente: dentes com dor espontânea que não cessa com analgésicos, com pulpite, com impossibilidade de isolamento, mobilidade, fístula e reabsorção de mais de ⅔ da raiz, suja estrutura remanescente impossibilitaria sua restauração e com sensibilidade à percussão Formocresol - 5 a 10 minutos Não traumatismo do periápice Buckley Formaldeído (19%): ação bactericida, tem molécula pequena; Cresol (35%): antisséptico, pode diluir a barreira natural dos tecidos e permitir que o formaldeído penetre mais profundamente; Glicerina (15%): veículo, solvente, atenua a ação irritante do formocresol, água destilada em qsp-100cc; Economia de tempo Permite a prevenção de acidentes Em caso de insucesso ainda há o recurso de fazer a pulpectomia Quanto ao paciente: pacientes com estado geral debilitado e/ou não colaboradores Diluição: Morawa 3 partes de glicerina, 1 parte de água destilada e 1 parte de formocresol APÓS APLICAÇÃO DO FORMOCRESOL - ZONAS DO TECIDO PULPAR ZONA DE FIXAÇÃO ZONA ATRÓFICA ZONA DE CÉLULASINFLAMATÓRIAS Acidofílica, localizada na maior parte da porção coronária da polpa radicular Na porção média da polpa radicular Se difunde dentro de uma linha de tecido pulpar normal EFEITOS COLATERAIS DO FORMOCRESOL Osteíte perrradicular (10%) e reabsorção interna (37%) - Droter, 1963 Inflamação crônica silenciosa na região apical - Toledo, 1996 Absorção sistêmica: sendo também encontrado no osso alveolar, dentina e polpa - David J. Dent. Child, 1992 Pode causar alterações imunológicas, bioquímicas, mutagênicas e carcinogênicas - Lewis, Chestener, JADA, 1981 OUTROS MEDICAMENTOS GLUTARALDEÍDO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO Antisséptico Propriedades e reações teciduais Concentração de 2 a 5%, tempo de 5 minutos Zona de necrose Zona granulosa superficial Zona granulosa profunda Zona de proliferação celular Zona de polpa dentária adjacente(Holland, 1966) PASTAS IODOFORMADAS Inflamação pulpar crônica e reabsorção interna Maisto (1989), Kri (1971) e Guedes-Pinto (1971) Insucesso da técnica: relacionado com a reabsorção dentinária interna que pode levar à perda precoce dos dentes decíduos Pasta amarela - iodofórmio OBS: Atualmente a reabsorção dentinária é atribuída à inflamaçãopulpar residual EXAME Anamnese, queixa principal, história médica do paciente Exame radiográfico: ausência de rarefação óssea periapical, ausência de reabsorção interna e presença de integridade da lâmina dura Aspecto macroscópico do tecido pulpar: deve apresentar consistência, resistência ao corte, coloração vermelho vivo e hemorragia suave que cessa poucos minutos após a sua remoção PROTOCOLO 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto 3. Remoção do tecido cariado 4. Corte da polpa coronária com curetas grandes e afiadas (curetagem + lavagem) 5. Irrigação com soro fisiológico ou solução aquosa de hidróxido de cálcio ou água destilada 6. Aspiração com cânula sem tocar no remanescente pulpar 7. Secagem com algodão estéril 8. Hidróxido de cálcio PA + Hidróxido de cálcio Cimento + Base de ionômero de vidro 9. Procedimento restaurador Não é indicado o uso de brocas de baixa rotação por haver a possibilidade de ocorrer enovelamento e secção da polpa radicular e alta rotação pelo risco de acumular raspas de dentina - Pulpite irreversível: a. Biopulpectomia b. Necropulpectomia: com ou sem lesão de furca PULPECTOMIA TÉCNICA Radiografia e determinação do comprimento aparente DENTES ANTERIORES Em dentes anteriores a rizólise fisiológica, inicia-se pela superfície lingual ou palatina de forma oblíqua, tendo, portanto, uma reabsorção menor pela vestibular. Essa reabsorção às vezes é imperceptível através da radiografia, por isso a confirmação de raio x com a lima dentro do canal é contraindicado. Dentes anteriores: se a imagem do ápice da raiz do dente decíduo estiver sobreposta a borda incisal do germe do permanente, a medida é feita da borda incisal do decíduo até a borda do sucessor permanente e lima-se com este comprimento. Se observa espaço entre o germe e a raiz do decíduo, a medida total da raiz tira-se 1mm MOLARES Em molares, o processo de rizólise inicia-se pelas faces internas dificultando a odontometria Germe do dente permanente: localizado entre as raízes, a odontometria é feita do plano oclusal do decíduo até a cúspide do pré-molar e a instrumentação é feita com esta medida Germe estiver posicionado abaixo do ápice das raízes, a medida será do plano oclusal do decíduo até o ápice da raiz diminuindo 1mm, com isso, pode haver mudança de mm entre as raízes Medir do ponto mais alto da coroa até o germe dentário, diminuir 1mm PROTOCOLO 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto 3. Remoção do tecido cariado 4. Acesso à câmara coronária 5. Desgaste compensatório realizado com brocas endo-Z ou pontas diamantadas de extremidades inativas 6. Lavagem abundantemente com hipoclorito de sódio a 1% (líquido de Milton - biopulpectiomia) a fim de remover detritos e possíveis microrganismos oriundos do tecido; no caso de necropulpectomia, lavar com hipoclorito de sódio a 2,5% (solução de Labarraque) - maior nível de contaminação 7. Inicia-se o preparo dos canais com limas tipo Kerr em série previamente organizadas 8. Instrumento inicial + dois outros números maiores que a inicial (21mm) 9. Secagem com cones de papel absorvente 10. Obturação: entrar com a primeira lima utilizada em sentido horário, agitar a lima no conduto e remover a lima do conduto no sentido anti-horário, arrastando em uma parede - repetir processo de 5 a 7 vezes em cada conduto, intercalando as paredes; 11. Condensação: usar bolinha de algodão estéril para condensar a pasta no conduto 12. Fina camada de guta-percha em bastão 13. Procedimento restaurador OBS: - Durante a instrumentação, não é necessário criar batente, pois não será feita obturação com cones de gutapercha; é necessário fazer o alisamento das paredes e aumentar o diâmetro do conduto; - Irrigar na entrada do conduto - Deixar pasta obturadora no assoalho para proteger o assoalho que está poroso PROPRIEDADES DO MATERIAL OBTURADOR DOS CANAIS Apresentar radiopacidade Ser biocompatível Ser reabsorvida simultaneamentecom as raízes dos dentes decíduos Não sofrer contração Ser facilmente removido, senecessário Não interferir na reparação dos tecidos apicais e periapicais Não alterar a cor dos dentes Ser reabsorvido quando extravasado Ser de fácil introdução nos canais radiculares Nenhum material descrito na literatura preenche todos estes requisitos de um material obturador CIMENTOS À BASE DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL PASTAS IODOFORMADAS MATERIAIS A BASE DE HIDRÓXIDODE CÁLCIO* Irritantes - eugenol Iodofórmio Preenche as exigências biológicas,como: Desencadeiam reação de corpo estranho nos tecidos periapicais Ação antibacteriana, antisséptica de longa duração Manutenção da integridade do coto pulpar Lenta absorção, deixando espaços vazios no interior do canal radicular podendo causar insucesso do tratamento endodôntico Indução e aceleração de deposição de tecido mineralizado Baixa capacidade de ser reabsorvido Materiais contendo iodo não devem ser colocados em contato com tecidos vivos pelas propriedades de intoxicação e alergia Auxílio no reparo de tecidos periapicais Alguns autores relatam maior inflamação crônica na região periapical e maiores áreas de reabsorção Características desfavoráveis: hidrossolúvel, radiolúcido (mistura-se a outras substâncias), não possui viscosidade e bom escoamento OBS: Necropulpectomia - Curativo de demora: hidróxido de cálcio ou pastas iodoformadas - 15 dias EDTA: Aplicar por 3 minutos, com constante agitação no interior do canal com lima K para remoção da smear layer; após 3 minutos, remover o EDTA com aspiração e irrigação com solução de hipoclorito de sódio a 1%; secar com pontas de papel absorvente; EVIDÊNCIAS CLÍNICAS DE SUCESSO Regressão do edema e da mobilidade Desaparecimento de fístula Ausência de sintomatologia dolorosa Reparação de reabsorção óssea nas áreas interradiculares e periapicais observadas na radiografia Possibilidade de permanência do dente decíduo no arco até a sua esfoliação - Acompanhamento clínico e radiográfico: - Contra-indicação do tratamento pulpar em dentes decíduos: ● Dentes com extensa destruição coronária, com impossibilidade de restauração da coroa clínica ● Dentes com mais de ⅔ de rizólise ● Dente permanente sucessor com mais da metade da raiz formada, ou seja, pronto para irromper ● Dentes decíduos com fratura radicular no terço cervical ● Presença de alveólise ● Presença de reabsorção interna avançada, perfurante, com separação dos terços radiculares ● Presença de extensa lesão periapical, envolvendo o germe do dente sucessor ● Presença de perfuração extensa na área de furca, não passível de ser tratada ● Pacientes com enfermidades crônicas debilitantes - Resumo de materiais utilizados: CAPEAMENTO PULPAR INDIRETO CAPEAMENTO PULPAR DIRETO PULPOTOMIA PULPECTOMIA Cimento de Hidróxido de Cálcio Hidróxido de Cálcio PA Formocresol (curativo de demora) Pasta Iodoformada (curativo de demora) Pasta iodoformada (curativo de demora) Pasta a base de hidróxido de cálcio Cimento de Hidróxido de Cálcio Hidróxido de Cálcio PA Pasta à base de óxido de zinco e eugenolCimento de Hidróxido de Cálcio
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