Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL AULA 5 Profª Cláudia Osna Geber 2 CONVERSA INICIAL Olá! Agora que você já ampliou bastante os seus conhecimentos sobre esta área, com conceitos que envolvem a comunicação organizacional, seus diferentes tipos e ferramentas, e sua fundamental importância para o sucesso das organizações, falaremos sobre os fluxos da comunicação organizacional, que são: 1. Fluxo de comunicação ascendente; 2. Fluxo de comunicação descendente; 3. Fluxo de comunicação horizontal; 4. Fluxo de comunicação circular; 5. Fluxo de comunicação transversal. CONTEXTUALIZANDO As empresas geram, diariamente, um volume significativo de informações, fundamentais para o sucesso, dado que as informações sejam conhecidas por todos (Matos, 2016). Para que a divulgação seja efetiva, é necessário, portanto, que a comunicação seja fluida, ou seja, que adote diferentes fluxos de comunicação capazes de contribuir que a empresa identifique onde estão os ruídos e onde é necessário atuar de forma mais presente, com diferentes métodos, recursos e canais (Matos, 2016). Assim, tendo clareza dessas falhas e de como corrigi-las, a comunicação se torna realmente uma troca efetiva, levando em conta os pontos de vista do emissor e do receptor – sendo, por fim, retida pelo receptor- alvo da mensagem (Vaipe, 2018). Os fluxos de comunicação tratam da forma como as informações são transmitidas (Marques, 2017), podendo movimentar-se seguindo uma hierarquia (de forma ascendente ou descendente), ou podendo ocorrer em um mesmo nível hierárquico (Salomão, 2010) permitindo, assim, que as informações, conhecimentos e ideias circulem por todos os públicos para quem a comunicação se destina (Destino Negócio, 2018). Os fluxos de comunicação são definidos tendo como base o caminho da comunicação, o qual, conforme apresentamos anteriormente, é formado pelo emissor, que produz a mensagem e a encaminha, e pelo receptor. O processo ocorre por diferentes meios (Vaipe, 2018). 3 Ainda, conforme veremos nesta aula, os fluxos de comunicação podem ser influenciados pela estrutura da empresa (Ex. pequena e grande), pelas relações estabelecidas nas empresas e pelos tipos de comunicação que são adotadas (Caldas, 2010). TEMA 1 – FLUXO DE COMUNICAÇÃO ASCENDENTE O fluxo de comunicação ascendente é um tipo de comunicação no qual as pessoas em posições inferiores na estrutura organizacional das empresas enviam a pessoas em posições superiores, na mesma estrutura, suas informações, utilizando de instrumentos planejados, com um fluxo que irá depender da filosofia e da política de cada organização (Kunsch, 2016) Em resumo, esse fluxo de comunicação acontece quando a informação é transmitida dos níveis hierárquicos inferiores para os níveis hierárquicos superiores, ou seja, dos funcionários para os seus líderes (Matos, 2016). Conhecida também como feedback, pelo fato de os colaboradores fazerem sugestões e críticas sobre a organização, suas políticas e normas para seus superiores, é um fluxo mais difícil de acontecer em empresas tradicionais e muito hierarquizadas (Matos, 2016). A Comunicação ascendente é a forma que os colaboradores têm de fazer suas reclamações, críticas e sugestões, transmitindo informações sobre o que pode estar afetando seu desempenho, seu trabalho e suas relações interpessoais (Marques, 2017). Na rotina das empresas, esse fluxo de comunicação acontece o tempo todo, já que os colaboradores precisam de seus gestores para esclarecerem dúvidas, comunicar acontecimentos e compartilhar o status de um projeto, entre outras necessidades (Marques, 2017). As mensagens enviadas pelo fluxo ascendente englobam, geralmente, queixas, reclamações, opiniões, sugestões, respostas e resultados. Vejamos as principais funções desse fluxo de informações (Matos, 2016): 4 Dar clareza e visibilidades para os gestores sobre os principais assuntos e problemas da organização; Ser a principal fonte de informações e retornos para a diretoria; Amenizar tensões e desconfortos ao dar espaço para que colaboradores de níveis hierárquicos compartilhem informações relevantes com seus diretores; Motivar a participação e o engajamento de todos. Os fluxos de informação são muitas vezes utilizados com a finalidade de controle nas organizações, passando, assim, por muitas restrições (Torquato, 1986). Para que esse tipo de fluxo aconteça sem interrupções, é importante que a empresa tenha um grau mínimo de institucionalização, ou seja, precisa adotar uma filosofia e uma política que sejam incorporadas por todos, utilizando de ferramentas planejadas (Amorim; Nieviroski, 2007), como por exemplo uma caixa de sugestões, sobre a qual já falamos anteriormente quando exploramos as diferentes ferramentas de comunicação. Esses fluxos podem acontecer de forma informal e espontânea, por exemplo com um líder e um liderado, ou em situações formais, como reuniões de feedbacks (Marques, 2017), porém, ele tende a ser mais eficaz quando acontece de forma espontânea e informal. Um exemplo são críticas e elogios de funcionários para os líderes expressadas em reuniões (Matos, 2014). O fluxo ascendente de comunicação apresenta algumas desvantagens, sendo as principais o risco excessivo de controle por parte dos diretores; uma revolta da diretoria ao receber uma mensagem que desagrada; a insuficiência de canais para os colaboradores se expressarem; e o medo e a resistência dos colaboradores em apresentarem suas ideias para os gestores (Amorim; Nieviroski, 2007). Além disso, as comunicações nesse fluxo são, em geral, mais lentas (Cruz, 2006). Quando bem utilizado, esse fluxo de comunicação é uma ótima forma de crescimento para a empresa e seu capital humano. já que busca transmitir informações para os gestores, fornecendo um conteúdo muito importante para que a diretoria possa analisar o ambiente de trabalho e 5 eventuais problemas relacionados à empresa e aos funcionários (Caldas, 2010), o que tende a criar um ambiente de cocriação, em que todos possam ajudar na melhoria da empresa (Marques, 2017). Destaca-se, por fim, a importância desse fluxo de comunicação em uma nova disposição empresarial em que vivemos, em que ocorre uma virada na direção dos fluxos de comunicação, pois as posturas rígidas e engessadas vão dando lugar ao acolhimento das mensagens oriundas dos colaboradores – portanto, de origem ascendente (Torquato, 1986). Saiba mais Leia este artigo para, além de entender o contexto do fluxo de comunicação ascendente, aprofundar seus conhecimentos sobre a comunicação empresarial e organizacional. CONHEÇA o que é comunicação empresarial, seus processos e vantagens. Educa Mundo, 26 fev. 2018. Disponível em: <https://www.educamundo.com.br/blog/comunicacao-empresarial-curso- online>. Acesso em: 14 fev. 2019. TEMA 2 – FLUXOS DE COMUNICAÇÃO DESCENDENTE Este tipo de comunicação, também chamado de comunicação vertical ou oficial. É o oposto da comunicação ascendente: é a comunicação feita dos níveis hierárquicos superiores para os níveis hierárquicos inferiores (Matos, 2014), compreendendo todos as comunicações oficiais que originam das posições gerenciais (Marques, 2017). De forma mais detalhada, o fluxo de comunicação descendente é ligado ao processo de informações da cúpula diretiva da organização para os subalternos, ou seja, é a comunicação de cima para baixo, caracterizada como sendo a comunicação administrativa oficial (Kunsch, 2016). Por meio desse fluxo, são comunicadas a filosofia, as normas, as diretrizes da organização, além de políticas e ordens. É considerado o fluxo o mais importante de uma organização (Amorim; Nieviroski, 2007). Fazem parte deste fluxo, também, as ações de comunicação interna e o RH (Matos, 2014). A maioria dos gestores utiliza majoritariamente o fluxo de comunicação descendente (Mendes, 2015),que tem como objetivo facilitar e orientar os funcionários sobre seu trabalho e as metas da organização (Matos, 2014), 6 buscando informar, instruir e coordenar os colaboradores da empresa, apresentando sua cultura e refletindo as características dos gestores (Caldas, 2010). Além disso, os níveis hierárquicos superiores buscam, por meio desse fluxo, gerar comprometimento dos colaboradores com a empresa e com as atividades que exercem (Mendes, 2015). Esse fluxo de comunicação pode ser feito de diferentes formas (Marques, 2017): Presencial: Quando o líder interage com os profissionais, por exemplo em uma reunião. Outras ações em que o colaborador receba as informações, como por exemplo ações de endomarketing, intranet, e-mails e murais, ferramentas sobre as quais já falamos previamente. Destaca-se, porém, que o fluxo desencante tem como uma de suas principais características a formalidade (Cruz, 2007). Importante reforçar, ainda, que o fluxo de comunicação descendente acontece tanto de forma escrita quanto verbal, constituindo um fluxo contínuo, em busca da integração de todos os elementos envolvidos nessa forma de comunicação. Esse tipo de comunicação pode apresentar vantagens, por exemplo, em uma indústria. Nesse segmento, é fundamental delimitar funções e segmentar tarefas de forma bastante específica, buscando a melhoria da produção (Destino Negócio, 2018). Porém, o fluxo de comunicação descendente apresenta também desvantagens, causadas pela distorção da mensagem, por ser uma prática rotineira (Amorim; Nieviroski, 2007): Saturação de informações nos canais desse tipo de comunicação; Ordens comunicadas às pressas sem o devido detalhamento ou clareza; Uso de termos muito técnicos que dificultam o entendimento. Além disso, incluem-se entre os problemas mais comuns relacionados com esse fluxo de comunicação falhas na retroinformação dos níveis hierárquicos superiores para os inferiores (Torquato, 1986). Ainda, quando as informações são muitas – o que resulta em saturação de informações, conforme já explicamos – elas tendem a ser as mesmas para atingir a todos, podendo gerar dificuldades na compreensão (Torquato, 1986). 7 Nesse contexto, as comunicações heterogêneas podem ser consideradas geradoras de conflitos, indo além da dificuldade de compreensão dos envolvidos, com acréscimo de interpretações pessoais (Mendes, 2015) Para solucionar esse problema, é recomendado que a intepretação ocorra de forma setorial-departamental, ou seja, a mensagem segue primeiramente para o líder do grupo, que a recebe e interpreta; então, após essa etapa, vai para os demais membros do grupo (Torquato, 1986). Saiba mais Leia o artigo e aprofunde seus conhecimentos sobre o tipo de fluxo estudado e os demais sobre os quais falaremos na sequência. ENTENDA a diferença entre comunicação horizontal e vertical. Vivaintra, 1 nov. 2017. Disponível em: <https://www.vivaintra.com/novidades/post/73/entenda-a- diferenca-entre-comunicacao-horizontal-e-vertical>. Acesso em: 14 fev. 2019. TEMA 3 – FLUXO DE COMUNICAÇÃO HORIZONTAL O fluxo de comunicação horizontal, também chamado de comunicação lateral, é quando a comunicação ocorre no mesmo nível, entre pares e pessoas nas mesmas posições hierárquicas, como um processo entre departamentos e seções, por exemplo (Kunsch, 2016) Esse tipo de comunicação acontece, portanto, entre pessoas de mesmo nível hierárquico (Matos, 2014), ou seja, é o fluxo de comunicação que se dá entre as pessoas que são consideradas iguais nas organizações (Amorim; Nieviroski, 2007). Por meio desse tipo de fluxo, é possível coordenar atividade e a solução de problemas sem que sejam necessários o envolvimento e a comunicação para um superior comum (Mendes, 2015) O fluxo de comunicação horizontal, além de ajudar na “troca de ideias”, também satisfaz necessidades diversas, como a de se sentir perto e de receber (e dar) afeto (Matos, 2014), além de ter um papel agregador que facilita a socialização das mensagens e o compartilhamento de informações de outros departamentos da empresa (Amorim; Nieviroski, 2007). Destacam-se, entre as principais funções desta comunicação (Matos, 2014): 8 Auxiliar na coordenação das atividades por meio dos membros, estabelecendo relações interpessoais afetivas; Disponibilizar uma forma de o colaborador compartilhar informações relevantes da empresa; “Dar voz” e permitir aos colaboradores que participem das decisões; Criar um ambiente aberto para a inovação; Auxiliar na integração entre os colaboradores, melhorando o clima organizacional. Apesar de auxiliar que os funcionários compreendam melhor o que acontece na empresa, e também criar um clima de união entre eles, por gerar compreensão mútua, é fundamental que a empresa atente que as informações não se concentrem em um único grupo de profissionais, podendo, assim, gerar incertezas e desentendimentos entre os membros da equipe (Marques, 2017). Isso pode acontecer, por exemplo, em organizações mais burocráticas e hierárquicas, em que as informações são controladas apenas por um grupo específico, que manipula as informações de acordo com os seus interesses (Salomão, 2010) Essa comunicação pode, também, ser prejudicial para as empresas, se assumir normas e informações irrelevantes (Salomão, 2010), como, por exemplo, fofocas entre os funcionários. Nas empresas em que trabalhei, essas fofocas são geralmente chamadas pelo termo pejorativo de rádio peão, e muitas vezes geram prejuízos às empresas: por exemplo, dissemina-se uma informação, apenas entre os funcionários, de que haverá uma demissão em massa; os gestores podem não ficar sabendo disso e, portanto, não vão ter como esclarecer a informação – mesmo quando é falsa, ela pode levar funcionários a buscarem outros empregos, pelo receio de serem demitidos. Para evitar que esse fluxo de comunicação seja prejudicial às empresas, é fundamental garantir que as mensagens estejam presentes em todos os níveis hierárquicos de forma igual, sem interferir no desempenho individual de cada colaborador (Destino Negócio, 2018). Ainda em se tratando de desvantagens, esse fluxo de comunicação é impactado pelo fato de os colaboradores das empresas estarem sempre muito ocupados, geralmente com foco em suas próprias áreas, e assim sem tempo para outras atividades (Amorim; Nieviroski, 2007). 9 Cabe destacar aqui uma pesquisa realizada por Amorim e Nieviroski (2007), com uma empresa brasileira, que apontou que 78% dos entrevistados das empresas acreditam que o fluxo de comunicação horizontal permite a troca de informações e de conhecimento entre diferentes áreas, e que 84% concordaram que essa comunicação é facilitada por reuniões sociais e técnicas promovidas pela organização. Quando bem gerenciada, esse tipo de comunicação tende a garantir condições de trabalho favoráveis e a otimizar recursos relacionados ao desempenho organizacional, já que possibilita a coordenação de esforços, criando sinergia (Kunsch, 2016) Além disso, essa forma de comunicação, além de integrar os membros da equipe, geralmente acontece de maneira formal, e não envolve níveis hierárquicos; por isso, tende a acontecer de forma rápida (Mendes, 2015) Pelas suas características, esse tipo de comunicação é mais comum em organizações dinâmicas e inovadoras, que buscam a colaboração entre os funcionários e que utilizam como ferramentas, por exemplo, as redes sociais colaborativas (Matos, 2014). Saiba mais Leia a reportagem e faça a correlação entre a gestão horizontal e o fluxo de comunicação, avaliando as vantagens de ambos. BETTI, F. Gestão horizontal ou vertical, qual é a melhor? Exame, 24 fev. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/blog/gestao-fora-da-caixa/gestao- horizontal-ou-vertical-qual-e-a-melhor/>. Acesso em: 14 fev.2019. TEMA 4 – FLUXO DE COMUNICAÇÃO CIRCULAR Os fluxos de comunicação circular são aqueles em que a informação circula de forma livre nas organizações, passando por todos os níveis hierárquicos com um conteúdo adequado ao grau de aproximação entre os envolvidos (Matos, 2014). Nesse fluxo, em síntese, a comunicação flui de forma mais abrangente, incorporando todos os níveis, sem um direcionamento tradicional, e assim aproximando mais os indivíduos e favorecendo relações interpessoais. Além disso, ele acontece em todos os níveis, sem a necessidade de um ajuste de direções; a amplitude de seu conteúdo está de acordo com o grau de 10 aproximação das relações interpessoais entre os indivíduos (Pessoni; Yizima, 2011). Esse tipo de fluxo é uma tendência nas organizações, por envolver todos os níveis, sem se ajustar às direções tradicionais, com um conteúdo mais amplo, o que favorece a efetividade no trabalho (Kunsch, 2016). Isso acontece porque o fluxo circular permite que a comunicação ultrapasse as barreias tradicionais do tráfego de informações (Meireles, 2009) O fluxo circular de comunicação acontece mais frequentemente por meio da comunicação informal, que engloba todas as fontes ou canais que concretizam a comunicação fora dos canais formais já conhecidos. O bate-papo no corredor ou no cafezinho e o happy hour após o trabalho são alguns exemplos desse tipo de comunicação, que muitas vezes consolida a intepretação de iniciativas formais, podendo ser ótimas fontes de expressão dos valores e da cultura da empresa (Matos, 2014) Um exemplo de comunicação informal no varejo digital é a abordagem do Ponto Frio. Seu perfil nas redes sociais traz uma mascote, o Pinguim, que é quem interage om os consumidores. Para conversar com os clientes, o Pinguim utiliza de uma linguagem informal, para criar um vínculo, se mostrando amigo do consumidor e conversando, inclusive, sobre assuntos aleatórios, como notícias do dia a dia (Pimentel, 2017). Outro exemplo são as abordagens e conversas das organizações quando o público, seja clientes ou colaboradores, são os millenials, sobre quem já falamos; trata-se de um público jovem, que busca informalidade nas suas relações (Pimentel, 2017). Além de ser destacado pela informação, o fluxo de comunicação circular ocorre como base na aproximação interpessoal, mais do que nos níveis hierárquicos; assim, quanto maior a aproximação interpessoal, maior a tendência de uma melhor comunicação entre as partes envolvidas, o que facilita que a mensagem percorra todos os níveis, independentemente das direções tradicionais (Gouveia, 2018). O fluxo circular de informações acontece por diversos métodos, recursos e canais – orais, audiovisuais, escritos, contatos pessoais, reuniões, telefonemas, cartas, e-mails, murais, entre outros (Meireles, 2009) 11 Esse fluxo de comunicação pode ser vantajoso, por exemplo, em agências de publicidade, aproveitando-se assim do potencial de todos os colaboradores (Destino Negócio, 2018). Pelas suas características, esse tipo de comunicação é mais comum em organizações de menor porte, que veem facilitadas a comunicação entre todos os colaboradores (Matos, 2016), já que um organograma rígido e uma hierarquia engessada não fazem sentido em organizações assim (Gouveia, 2018). TEMA 5 – COMUNICAÇÃO TRANSVERSAL Esta forma de fluxo foi acrescentada aos fluxos tradicionais (ascendente, descendente e horizontal) por importantes autores, como Margarida Kunsch, e se assemelha ao fluxo de comunicação circular, sobre o qual falamos recentemente (Gouveia, 2018). O fluxo de comunicação transversal acontece em todas as direções e nas mais diversas posições das estruturas organizacionais, ultrapassando todas as instâncias e unidades setoriais (Kunsch, 2016). Conhecido também como fluxo longitudinal, já que a mensagem pode percorrer diversas direções sem corresponder a hierarquia, no caso de empresas que utilizam dos fluxos de comunicação transversais, o organograma não pode ser um pretexto para que a comunicação organizacional não flua de forma bem-sucedida (Gouveia, 2018). Esse fluxo acontece quando existe um contato entre pessoas de níveis hierárquicos diferentes, porém sem que exista uma relação de subordinação entre elas, buscando o fluxo de informações entre colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos, a depender da estrutura da organização e das relações de comunicação em jogo (Silva, 2009). 12 Esse tipo de fluxo, que flui em todos os sentidos, acontece quando a empresa permite que a comunicação vá além dos limites tradicionais de informações, o que permite, assim. Uma maior liberdade de diálogo e expressão de opiniões. Um exemplo desse tipo de fluxo é quando um assistente financeiro dá uma sugestão de ação de marketing para o diretor de marketing, sem a necessidade de o gestor financeiro dar sua aprovação. Dessa forma, acredito que tenha ficado claro que o fluxo de comunicação transversal busca uma gestão participativa por facilitar que todos os colaboradores, independentemente de seus cargos, tenham voz e sejam ouvidos, em qualquer direção (Gouveia, 2018). Por acontecer em todos os níveis sem nenhuma distinção de nível hierárquico, esse fluxo a comunicação cria um ambiente propício para os colaboradores interagirem em diferentes áreas (Matos, 2014). Assim como o fluxo de comunicação circular, o fluxo de comunicação transversal também é uma tendência nas organizações flexíveis e modernas, por permitir que a comunicação ultrapasse as tradicionais barreiras inerentes ao tráfego de informações (Kunsch, 2016), o que viabiliza uma administração mais interligada com informações que se estendam a todas as direções, proporcionando uma participação maior de todos os envolvidos na comunicação (Navarro; Ribeiro; Ediene, 2013). Esse tipo de comunicação pode estar presente nos fluxos ascendentes, descendentes e horizontais, e é mais comum em organizações modernas, descentralizadas e flexíveis, que propiciam uma gestão integrada e participativa (Matos, 2014), em que as pessoas interagem mais, permitindo assim um fluxo de informações que se dá em todas as direções (Cruz et al., 2016) Um exemplo de empresas que utilizam esse tipo de comunicação são as start-ups, uma tendência de mercado. Por serem empresas geralmente pequenas, não apresentam dificuldades de comunicação entre os funcionários (Marques, 2017). Destacam-se também empresas conhecidas que utilizam esse tipo de fluxo, como foi apresentado no estudo de caso de Silva (2009) sobre a Fnac. Segundo resultados apresentados nesse estudo, a Fnac, apesar de ter informações originadas do topo da hierarquia, tem como característica de sua comunicação a informalidade; o seu fluxo é informal e suas informações são processadas entre todos os funcionários, em busca de trocas de ideias e de opiniões. 13 Saiba mais Aprofunde seus conhecimentos sobre este e outros fluxos da comunicação: COMUNICAÇÃO 360. Blog do clima. Disponível em: <https://climacomunicacao.com.br/blog/comunicacao-360>. Acesso em: 14 fev. 2019. TROCANDO IDEIAS Um bom programa de comunicação nas empresas deve ser estruturado utilizando pesquisas de campo e entrevistas pessoais e coletivas com os colaboradores; deve contar também com a participação de núcleos e comitês que envolvam os diferentes públicos das empresas, gerando empatia e engajamento (Salomão, 2010) Considerando esse contexto, a importância de uma comunicação organizacional e os fluxos de comunicação que aprendemos nesta aula, na sua opinião, qual seria a melhor forma de definir um fluxo adequado para uma empresa brasileira de grande porte após passar por uma situação de crise? NA PRÁTICA Destacamos, entre os diferentes fluxos de comunicação que aprendemos, que antigamente o fluxo mais utilizado pelas empresas era o descendente,pois as empresas consideravam que apenas os gestores tinham informações importantes a serem ditas, “deixando de lado” os demais colaboradores (Marques, 2017). Felizmente isso mudou, e hoje são poucas as organizações que ainda seguem esse formato, já que a maioria adota um relacionamento que propicia a integração com os funcionários, por entender que a produtividade da equipe está diretamente relacionada ao nível de satisfação dos profissionais (Marques, 2017). Considerando esse contexto, qual você acredita que sejam os melhores fluxos de comunicação a serem adotados por uma empresa nos dias atuais? Vejamos. Atualmente, no mundo em que vivemos, é fundamental que as empresas adotem mais de um fluxo de comunicação, para que consigam 14 alcançar o sucesso. Nesse sentido, é recomendado que a empresa utilize dos fluxos disponíveis com objetivos diferentes: Fluxo descendente: Deve ser utilizado como fonte oficial de informações para a transmissão de normas, políticas, regras e outras mensagens que, no geral, devem ser transmitidas pelos gestores. Fluxo ascendente: Deve ser muito utilizada, pois a empresa deve ouvir o que os funcionários têm a dizer e colocar em prática suas sugestões, considerando também o valor das críticas. Fluxo horizontal: Buscando a integração entre os colaboradores, a empresa deve incentivar esse fluxo, inclusive promovendo situações, como happy hours, capazes de integrar os funcionários. Fluxo circular: Limitado à estrutura, é recomendado em empresas de menor porte, para evitar a hierarquização e a burocracia. Fluxo transversal: Assim como o fluxo circular, também é limitado pelo porte da empresa; é recomendado para gerar colaboração e inovação. FINALIZANDO Nesta aula aprendemos sobre os diferentes fluxos de comunicação, como utilizá-los, e quais são os tipos de empresas que costumam adotar cada fluxo. Destacamos que os fluxos de comunicação são fundamentais, pela sua importância de minimizar os conflitos. Geram compreensão sobre os problemas recorrentes, e sobre os métodos e ferramentas que possam reduzi-los. Começamos com o fluxo de comunicação ascendente, um fluxo de comunicação que vem crescendo nas organizações, representado pelo feedback, e de grande importância, na medida em que auxilia a organização a melhorar, com sugestões e críticas que partem dos funcionários para os gestores. Falamos então sobre o fluxo de comunicação descendente, utilizado pelos gestores como forma de comunicação oficial, para informar aos subordinados sobre normas, regras e políticas da empresa, entre outros aspectos. Debatemos, então, o fluxo de comunicação horizontal, bastante adotado em empresas que buscam “dar voz” e participação a seus colaboradores. Finalizamos com as comunicações circulares e transversais, fluxos de comunicação mais novos, incorporados por empresas de menor porte, 15 inovadoras, tendo em vista a abertura e a integração que propicia a todos os colaboradores. 16 REFERÊNCIAS AMORIN, W.; NIEVIROSKI., A. Comunicação organizacional interna em um centro tecnológico de polímeros-CETEPO-SENAI. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, 2007. APRENDA a lidar com os fluxos de comunicação da empresa. Destino Negócio, 2018. Disponível em: <https://destinonegocio.com/br/empreendedorismo/comu nicacao/aprenda-a-lidar-com-os-fluxos-de-comunicacao-da-empresa/>. Acesso em: 14 fev. 2019. CALDAS, P. Fluxos comunicacionais e cultura organizacional. Administradores, 3 ago. 2010. Disponível em: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/comunicacao-ascendente-e- descendente-e-seu-papel-no-fluxo-de-comunicacao-empresarial/>. Acesso em: 14 fev. 2019. CRUZ, C. Comunicação organizacional e pressupostos da comunicação integrada – a experiência em uma universidade na implementação/reestruturação do jornal institucional. Comunicação e Cultura, v. 6, n. 11, 2007. CRUZ, L. et al. O papel estratégico da comunicação nas organizações. RH Portal, 19 set. 2016. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/o- papel-estrategico-da-comunicacao-nas-organizacoes/>. Acesso em: 14 fev. 2019. GOUVEIA, H. Fluxos comunicativos nas organizações. Mercador, 2018. Disponível em: <http://mercadorcomunicacao.blogspot.com/2015/08/fluxos- comunicativos-nas-organizacoes.html>. Acesso em: 14 fev. 2019. KUNSCH, M. M. K. Comunicação organizacional estratégica: aportes, conceituais e aplicados. São Paulo: Summus, 2016. MARQUES, J. R. Comunicação ascendente e descendente no fluxo de comunicação empresarial. JRM Coaching, 26 fev. 2017. Disponível em: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/comunicacao-ascendente-e- descendente-e-seu-papel-no-fluxo-de-comunicacao-empresarial/>. Acesso em: 14 fev. 2019. 17 MATOS, G. Comunicação empresarial sem complicações: como facilitar a comunicação na empresa pela via da cultura e do diálogo. São Paulo: Manole, 2014. MEIRELES, M. A importância da comunicação interna nas empresas. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2009. MENDES, M. de S. Comunicação interna: os possíveis erros estratégicos e operacionais nas organizações. RH Portal, 2 set. 2015. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/comunicao-interna-os-possveis-erros- estratgicos-e-operacionais-nas-organizaes/>. Acesso em: 14 fev. 2019. NAVARRO, F.; RIBEIRO, D.; EDIENE, A. A influência digital na comunicação interna das organizações. Anuário da Produção Acadêmica Docente, v. 7, n. 17, 2013. PESSONI, A.; YIZIMA, L. Comunicação interna: deságios e atualizações no cenário atual. Revista Comunicologia, 2011. PIMENTEL, M. Em pauta: manual prático da comunicação organizacional. InterSaberes, Curitiba, 2017. POR QUE identificar os fluxos de comunicação na sua empresa? Vaipe, 12 jun. 2018. Disponível em: <https://vaipe.com.br/blog/fluxos-de-comunicacao/>. Acesso em: 14 fev. 2019. SALOMÃO, V. Fluxos De Comunicação Na Empresa. O vigilante, 14 abr. 2010. Disponível em: <https://ovigillante.wordpress.com/2010/04/14/fluxos-de- comunicacao-na-empresa/>. Acesso em: 14 fev. 2019. SILVA, J. A comunicação interna e a imagem organizacional: estudo de caso na Fnac Braga. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Instituto de Ciências Sociais, 2009. TORQUATO, G. Comunicação empresarial. São Paulo: Summus, 1986.
Compartilhar