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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Úlceras genitais e ISTs Úlceras genitais (UG) são lesões localizadas na vulva, vagina ou colo uterino com perda de tecido, envolvendo a epiderme e a derme ou apenas a epiderme. São lesões com perda da continuidade da pele. Porta de entrada para outras ISTs as UG, além de proporcionar incômodo e, muitas vezes, dor para a mulher, têm como complicação importante ser um meio facilitador para aquisição de outros agentes relacionados às IST, em especial, o HIV. Do ponto de vista didático e para facilitar a abordagem das UG, pode-se classificá-las em UG causadas por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e UG não relacionadas às IST. Este entendimento tem desdobramentos clínicos e relacionados ao tratamento da paciente e do(s) seu(s) parceiro(s) sexual(is). Tanto o Ministério da Saúde brasileiro como a ONU sugerem o tratamento sindrômico das UG para não correr o risco de deixar passar uma IST sem tratamento. O procedimento básico de investigação das causas das UG consiste em identificar com detalhes: 1. Tempo e forma de evolução da UG. 2. Localização precisa, preferencialmente, dividir a vulva em terços. 3. Aspecto (tamanho, profundidade, grau de inflamação). 4. Presença de linfoadenomegalia regional e/ou à distância. 5. Aparecimento concomitante de outras lesões no corpo e na boca. 6. Se houve algum fator desencadeante (trauma, uso de medicamentos, outras pessoas com o mesmo quadro). 7. Outras doenças sistêmicas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O diagnóstico etiológico ajuda a que o tratamento seja preciso, diminui a chance de tratamentos excessivos com seus efeitos colaterais, diminui o desenvolvimento de resistência microbiana e, principalmente, não cria situações desagradáveis de classificar como IST uma UG que não o é. O tratamento deve ser iniciado imediatamente, mesmo sem ter os resultados da investigação diagnóstica. O médico deve tratar empírica ou sindromicamente, considerando o diagnóstico mais provável, com base na apresentação clínica e nas circunstâncias epidemiológicas 1) SÍFILIS Também conhecida por Lues, cancro duro, protossifiloma é uma doença infectocontagiosa, de evolução sistêmica (crônica), ocorrendo, principalmente, por transmissão sexual e por outros contatos íntimos. O agente etiológico é a bactéria Treponema pallidum. Pode ser transmitida da mãe para o feto (intraútero), ou pelo contato da criança com as lesões maternas durante o parto (transmissão vertical). Curável e exclusiva do ser humano. Aumento de 300% nos últimos anos e principalmente em jovens. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Lesão ÚNICA e INDOLOR, com bordas ENDURECIDAS e adenopatia satélite BILATERAL. É mais comum ser visível no homem, no sulco bálano prepucial, que na mulher. O cancro duro desaparece em 21 a 30 dias. Se não for tratado, pode persistir por 30 a 90 dias, involuindo espontaneamente. Diagnóstico: Clínico: características da lesão. Exames diretos: exame de campo escuro ou pesquisa direta com material corado. Testes imunológicos: - treponêmicos Como o FAT-Abs, que costumam ficar positivos por toda a vida do indivíduo. - não-treponêmicos O VDRL reator com título igual ou superior a 1/8 é entendido como doença e o paciente deve ser tratado. Tratamento: Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo). 2) CANCRO MOLE OU CANCRÓIDE Causado pela bactéria Haemophilus ducreyi. Relação sexual desprotegida com pessoa infectada. Feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pús, na região genital e com ínguas na virilha. Diagnóstico é clínico. Não esquecer que a testagem para HIV deverá ser feita rotineiramente em pacientes com úlcera genital. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3) LINFOGRANULOMA VENÉREO Infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia trachomatis que atinge órgãos genitais e gânglios na virilha. Sexo desprotegido com pessoa infectada. Sinais e sintomas: Ulceração nos órgãos genitais (preferencialmente na genitália externa) que muitas vezes não são percebidas e desaparecem sem tratamento Entre 1 a 6 semanas após a ferida inicial, surge uma adenopatia dolorosa na virilha (íngua), que se não for tratado, rompe-se com saída de secreção purulenta. Sintomas sistêmicos por todo corpo como dores articulares, febre e mal-estar. Se não for tratado adequadamente, a infecção pode se agravar, causando elefantíase (acúmulo de linfa no pênis, escroto e vulva. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 4) DONOVANOSE IST crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. A lesão é não dolorosa e altamente vascularizada, sangrando facilmente com o contato. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 5) HERPES GENITAL Infecção crônica e para toda vida, causada pelo herpes simples vírus (HSV) tipo 1 e 2. Possui neurotropismo e a tendência de se alojar permanentemente em gânglios do sistema nervoso periférico, apresentando episódios de latência e reativação ao longo da vida. Transmissão sexual, não só na vigência de lesões. Manifesta-se por pequenas vesículas que se agrupam nos genitais masculinos e femininos. As lesões do herpes genital costumam regredir espontaneamente, mesmo sem tratamento. Lesões vesiculares aparecem entre 4 a 7 dias da exposição, com dor e prurido, pode ter febre, mialgia, prostração, linfonodos palpáveis e dolorosos. O diagnóstico é essencialmente clínico (anamnese e exame físico). A cultura e a biopsia são raramente utilizadas, pois sua sensibilidade diminui com a duração da lesão. A pesquisa de HSV por técnicas de biologia molecular – reação em cadeia da polimerase (PCR) – pode ser útil, mas é desnecessária na prática - sorologia hsv-1 e hsv-2 - pesquisa por PCR é mais sensível, porém pouco utilizada no Brasil. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Visão geral das úlceras genitais: VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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