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JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 1 PIESC III Teorização 4 DST (parte I): EPIDEMIOLOGIA, ABORDAGEM SINDRÔMICA DAS ÚLCERAS, MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE # IST NO BRASIL E NO MUNDO As IST são causadas por mais de 30 agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos e protozoários), sendo transmitidas, principalmente, por contato sexual e, de forma eventual, por via sanguínea. A transmissão de uma IST ainda pode acontecer da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Essas infecções podem se apresentar sob a forma de síndromes: úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal e DIP. O surgimento, a disseminação e a manutenção de uma epidemia de IST dependem da interação de três fatores: • Eficácia da transmissão, fator biológico intrínseco a cada infecção; • Taxas de variação de parceria sexual, influenciadas por aspectos socioeconômicos, culturais e comportamentais; • Duração da infecção, influenciada por aspectos socioeconômicos, culturais e estruturais, qualidade da rede de saúde e acesso aos serviços. Esses fatores não afetam a população de modo uniforme, existindo grupos específicos que requerem uma atenção estrategicamente mais focada, as chamadas populações-chave (gays, HSH, profissionais do sexo, travestis/transexuais e pessoas que usam drogas). INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE AS IST NO MUNDO Segundo estimativas da OMS (2013), mais de um milhão de pessoas adquirem uma IST diariamente. A cada ano, estima-se que 500 milhões de pessoas adquirem uma das IST curáveis (gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase). Da mesma forma, calcula-se que 530 milhões de pessoas estejam infectadas com o vírus do herpes genital (HSV-2) e que mais de 290 milhões de mulheres estejam infectadas pelo HPV. A infecção pelo HPV causa 530.000 casos de câncer de colo uterino e 275.000 mortes por essa doença/ano. Além disso, a sífilis na gravidez causa aproximadamente 300.000 mortes fetais e neonatais/ano e coloca 215.000 recém-nascidos (RN) sob o risco de morte prematura, baixo peso ao nascimento ou sífilis congênita. INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE AS IST NO BRASIL O sexo sem proteção está causando a explosão do número de pessoas infectadas com agentes de DSTs. O problema é comum também ao Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que a população entre 25 e 39 anos é a mais suscetível a contrair as enfermidades transmitidas pelo sexo. A despeito das campanhas e dos alertas dos médicos, um pouco mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais. Os outros, partem para o risco e podem ser infectados pelo HIV, vírus que provoca a AIDS, papilomavírus, causador dos condilomas e cancer, entre outras enfermidades. O Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano) constatou que das 7.586 pessoas testadas, 54,9% tinham o vírus e 38,4% apresentavam alto risco de desenvolver câncer. Quanto à Aids, o índice de contágio dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos por 100 mil habitantes para 5,8 na última década. Na população entre 20 e 24 anos, chegou a 21,8 casos por 100 mil habitantes. Em 2016, cerca de 827 mil pessoas viviam com o HIV no País. Aproximadamente 112 mil brasileiros têm o vírus, mas não o sabem. Ainda segundo o Ministério da Saúde, há dois anos, foram notificados 87.593 casos de sífilis adquirida, 37.436 em gestantes e 20.474 congênitas. Já os episódios de Hepatite C somavam pouco mais de 7 mil casos em 2003, incidência de 4 por 100 mil habitantes. Em 2016 foram 6,5 casos por 100 mil habitantes. Dados do Unaids, programa das Nações Unidas especializado na epidemia, indicam que o Brasil apresentou aumento de 21% no número de novos casos de infecções por HIV de 2010 a 2018, o que vai na contramão mundial, já que, no mesmo período, a queda JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 2 PIESC III Teorização 4 foi de 16% no planeta. E não são apenas essas ISTs que estão em alta. As que que não são de notificação obrigatória, como gonorreia e HPV, também estão crescendo no país. * * * Para se ter uma ideia, pesquisa realizada em 2017, com 1,5 mil pessoas em todo o Brasil, pela organização sem fins lucrativos DKT International, identificou que 47% dos entrevistados com idade entre 14 e 24 anos não usam camisinha nas relações sexuais. Essa negligência acontece porque os tratamentos contra as doenças sexualmente transmissíveis estão mais eficazes e porque muita gente não acredita estar em perigo e nem se considera parte de grupos de risco. Ainda persistem as desculpas de que camisinha reduz o prazer, prejudica a ereção e é difícil de colocar. # ÚLCERA GENITAL As úlceras genitais representam síndrome clínica produzida por agentes infecciosos sexualmente transmissíveis e que se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional. ➔ ETIOLOGIA DA ÚLCERA GENITAL Os agentes etiológicos infecciosos mais comuns nas úlceras genitais são: • T. pallidum (sífilis primária e secundária); • HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente); • H. ducreyi (cancroide); • C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV); • K. granulomatis (donovanose). Esses agentes podem ser encontrados isoladamente ou em associação em uma mesma lesão, como, por exemplo, úlcera genital por T. pallidum e HSV-2. A prevalência dos agentes etiológicos sofre influência de fatores geográficos, socioeconômicos, múltiplas parcerias sexuais, uso de drogas, entre outros. A presença de úlcera genital está associada a elevado risco de transmissão e aquisição do HIV e tem sido descrita como a principal causa para a difusão do vírus nas populações de maior vulnerabilidade; portanto, o diagnóstico e tratamento imediato dessas lesões constitui uma medida de prevenção e controle da epidemia de HIV. ➔ ASPECTOS ESPECÍFICOS DAS ÚLCERAS GENITAIS Embora a úlcera genital esteja frequentemente associada às IST na população sexualmente ativa, em particular nos adolescentes e adultos jovens, a queixa de úlcera genital não é exclusividade das IST e pode estar associada com infecções inespecíficas por fungos, vírus ou bactérias (ex.: dermatoses bolhosas, como o pênfigo, o eritema multiforme e a dermatite de contato; líquen plano erosivo; aftas; lesões traumáticas; erupção fixa por drogas e até mesmo lesões malignas, como o carcinoma espinocelular). Em pelo menos 25% dos pacientes com úlcera genital não há confirmação laboratorial do agente etiológico. Independente da etiologia, 3 importantes preceitos devem ser obrigatoriamente seguidos na AVALIAÇÃO DA ÚLCERA GENITAL: • Avaliação cuidadosa do aspecto da úlcera, consistência e grau de acometimento. • Avaliação do status linfonodal, particularmente pela presença de linfadenopatia local ou generalizada, consistência e presença de supuração. • Exame físico geral com ênfase na pele, na boca e nos olhos SÍFILIS Doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e a períodos de latência. Na maior parte dos casos, é transmitida pela via sexual. Sua evolução caracteriza-se por episódios sintomáticos (doença ativa) interrompidos por períodos de latência. Apresenta fácil detecção, terapêutica simples, barata, e com alta eficácia. A contaminação durante a gestação implica em acometimento fetal, de gravidade preocupante. ➔ AGENTE ETIOLÓGICO Bactéria espiroqueta anaeróbia de movimentos lentos: Treponema pallidum. A umidade é fator indispensável para o seu desenvolvimento e, por isso, as lesões crescem preponderantemente na boca e nas regiões genitoanais. É um organismo espiralado delgado, melhor visualizado por microscopia de campo escuro em uma preparação úmida, fresca, na qual pode ser vistoem movimentos rotatórios e angulados. O organismo não se propaga in vitro. ➔ EPIDEMIOLOGIA Estima-se uma prevalência de 3,5 milhões de novos casos de sífilis em todo mundo anualmente, os quais são mais prevalentes em países em desenvolvimento. A prevalência no Brasil é estimada entre 10 e 15% no grupo das gestantes. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 3 PIESC III Teorização 4 ➔ CLASSIFICAÇÃO SÍFILIS ADQUIRIDA = transmitida pela via sexual; ou CONGÊNITA = via transplacentária. Em termos epidemiológicos, ambas são divididas em recente e tardia: • Sífilis adquirida recente (até 1 ano após a infecção): divide-se em primária, secundária e latente recente. • Sífilis adquirida tardia (com > 1 ano de evolução): divide-se em latente tardia e terciária. • Sífilis congênita: recente (manifestação até os 2 anos de idade) ou tardia (após os 2 anos). ➔ TRANSMISSÃO Sífilis recente: contato; Sífilis latente: fluido corporal (principalmente sangue). A grande maioria dos casos ocorre através do contato sexual, e uma menor parte através da transmissão vertical ou transfusão sanguínea. O contágio pode ser direto, quase sempre genital, e, mais raramente, cutâneo e bucal. A espiroqueta é capaz de penetrar o organismo através da pele ou das mucosas, determinando, no local da inoculação, a lesão característica da fase primária, o PROTOSSIFILOMA. 1/3 dos indivíduos expostos a parceiro sexual infectado adquire a doença. ➔ FORMAS CLÍNICAS • SÍFILIS PRIMÁRIA → caracteriza-se pelo surgimento do “CANCRO DURO” ou PROTOSSIFILOMA; ocorre após o contato sexual com o indivíduo infectado, através de pele lesada ou mucosa. o Período de incubação → 10 a 90 dias (média de 3 semanas). o Primeira manifestação → lesão de coloração rósea, ulcerada, geralmente única, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento), indolor, medindo de 1-2 cm, com bordas bem delimitadas, endurecidas e elevadas, fundo limpo, liso e brilhante, rica em treponemas. Secreção serosa escassa, acompanhada de adenopatia regional, geralmente unilateral, múltipla, não supurativa, móvel, indolor e sem sinais flogísticos. ▪ Linfadenopatia costuma surgir 1 semana a 10 dias após o surgimento da lesão. ▪ A lesão desaparece após ~4 semanas (até 8 semanas) independente de tratamento, sem deixar cicatrizes na maioria dos casos. Após o tto, cura rapidamente e deixa de ser infectante em 24 horas. • Em ~50% das M e 30% dos H a lesão primária nunca é vista, impedindo diagnóstico clínico. ▪ Sexo oral → mucosa orofaríngea (lábios e boca). o Por ser uma porta de entrada, aumenta a chance de contrair o HIV em 2-3x. • SÍFILIS SECUNDÁRIA → surge em média entre 6 semanas e 6 meses após a infecção = ~4-8 semanas após desaparecimento do cancro duro. ~15% dos pcts apresentam lesão genital no momento de seu surgimento. o Manifestações → podem ocorrer erupções cutâneas em forma de máculas (roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco; eritemata palmo-plantares; placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas; lesões pápulo- hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condiloma lata); alopécia em clareira e madarose. São lesões cutaneomucosas não ulceradas simétricas, localizadas ou difusas. As lesões regridem espontaneamente, e desaparecem em 2-6 semanas, raramente deixando cicatrizes. Mais raramente, observa-se comprometimento hepático, quadros meníngeos e/ou até oculares, em geral uveítes. ▪ A linfadenopatia generalizada (polimicrolinfonodopatia generalizada) é encontrada em 85% dos pacientes na sífilis secundária. Demora meses para desaparecer. ▪ Ocasionalmente, ocorrem sintomas gerais como artralgia, febrícula, cefaleia e adinamia. ▪ Hepatite clínica e glomerulopatia membranosa induzida por imunocomplexo são alterações descritas. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 4 PIESC III Teorização 4 ▪ O T. pallidum pode ser encontrados no humor aquoso e liquor. A invasão do sistema nervoso central ocorre durante as primeiras semanas e meses de infecção. É detectada em 40% dos pcts. o A fase secundária evolui com novos surtos que regridem espontaneamente entremeados por períodos de latência cada vez mais duradouros. Por fim, os surtos desaparecem e um grande período de latência se estabelece, no qual o diagnóstico só é possível através de métodos sorológicos. • SÍFILIS LATENTE → Recente = < 1 ano de evolução; Tardia = > 1 ano de evolução. Caracteriza-se pela ausência de sinais e sintomas. Pode durar de 3 a 20 anos e ~ 2/3 dos pcts não tratados permanecem nesta fase indefinidamente e sem complicações. O diagnóstico só é feito por métodos sorológicos. • SÍFILIS TERCIÁRIA → Os sintomas aparecem ~3-20 anos após a infecção, decorrentes de complexos imunológicos. Nessa fase desenvolvem lesões localizadas envolvendo pele e mucosas, sistema cardiovascular e nervoso. Em geral a característica das lesões terciárias é a formação de granulomas destrutivos (GOMAS) e ausência quase total de treponemas. Podem estar acometidos ainda ossos, músculos e fígado. Lesões gomosas podem invadir e perfurar o palato e destruir a base óssea do septo nasal. Atualmente, é uma entidade pouco frequente. 1/3 dos pcts com sífilis secundária não tratados obtém a cura clínica e sorológica, outro 1/3 evoluirá sem sintomatologia, mas mantendo as provas sorológicas não treponêmicas positivas. E, num último grupo, a doença volta a se manifestar (sífilis terciária). ATENÇÃO • Segundo o livro Manual de Ginecologia e Obstetrícia SOGIMIG (2012), as ROSÉOLAS DAS REGIÕES PALMAR E PLANTAR são consideradas patognomônicas de sífilis. • A NEUROSSÍFILIS pode ocorrer em qualquer fase da doença. Assim, não deve ser confundida com sífilis terciária. Apresenta-se com sinais e sintomas neurológicos, embora achados como tabes dorsalis só sejam encontrados na fase terciária. Pode ser dividida em: o Precoce: ocorre semanas a anos após a infecção primária, e afeta o liquor, vasos cerebrais, meninges (mais frequentemente que o cérebro) e medula. Formas sintomáticas incluem meningite e doença meningocelar ou derrames; o Tardia: acomete meninges, cérebro ou medula. É extremamente rara na era antibiótica. Geralmente ocorre décadas após a infecção primária. Suas manifestações incluem paresia geral, demência progressiva com quadro psicótico e tabes dorsalis. ➔ TRATAMENTO A penicilina benzatina é a droga de primeira escolha para tratamento da sífilis. O uso de esquemas alternativos só deve ser realizado em condições especiais como em pacientes alérgicos JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 5 PIESC III Teorização 4 à penicilina, total impossibilidade de dessenbilização ou recusa por parte do paciente. Lembrar que a doxiciclina não pode ser utilizada em gestantes. HERPES GENITAL Doença incurável e recorrente; IST ulcerativa mais frequente, seguida pelo cancro duro. A incidência vem ↑, principalmente, entre os adolescentes, devido ao início precoce da atividade sexual e à maior exposição sexual. Existem ~100 espécies virais na família Herpesviridae, sendo 8 de interesse médico → HSV-1; HSV-2; Tipo 3: varicela-zóster; Tipo 4: Epstein-Barr vírus; Tipo 5: citomegalovírus; Tipo 6: exantema súbito; Tipo 7; Tipo 8: relacionado a indivíduos com sarcoma de Kaposi. • Agente Etiológico → Herpes-Simplex Vírus (HSV) de dupla-hélice de DNA, parte da subfamília dos alfa-herpesvirinae. • Transmissão → sexual, inclusive orogenital. Os casais não devem ter relação se houver lesões ativas. Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo (compartilham antígenos; a resposta imune caracteriza-se por reatividade cruzada entre anticorpos), há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais (corresponde a 30% do total de casos de infecção primária genital;recorrência é menor com tipo 1). As manifestações da infecção pelo HSV podem ser divididas em PRIMOINFECÇÃO HERPÉTICA e SURTOS RECIDIVANTES. • PRIMOINFECÇÃO HERPÉTICA → Sabe-se que muitas pessoas que adquirem a infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações e que a proporção de infecções sintomáticas é estimada entre 13% e 37%. Entre as pessoas com infecção pelo HIV, as manifestações tendem a ser dolorosas, atípicas e de maior duração. Os pródromos incluem prurido, ardência, hipersensibilidade, queimação e parestesia. As lesões cutâneas sucedem os sintomas prodrômicos em horas ou dias. o Período de incubação → média de 6 dias. o Manifestações → em geral, é uma manifestação mais severa caracterizada pelo surgimento de lesões eritemato- papulosas de 3-10 mm de diâmetro, que rapidamente evoluem para vesículas sobre base eritematosa, muito dolorosas e de localização variável na região genital. O conteúdo dessas vesículas é geralmente citrino, raramente turvo. As vesículas se rompem e originam ulcerações dolorosas, com bordas lisas, de mínima profundidade (≤ 1 mm) e que não sangram à manipulação. Posteriormente, são recobertas por crostas sero- hemáticas que cicatrizam por completo. ▪ O quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático e, na maioria das vezes, é acompanhado de sintomas gerais, podendo cursar com febre, mal-estar, mialgia , astenia, aumento da sensibilidade, formigamento e disúria, com ou sem retenção urinária. ▪ Nas mulheres, pode simular quadro de infeção urinária baixa. ▪ A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos. ▪ Quando há acometimento do colo do útero é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre os homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento uretral e raramente é acompanhado de lesões extragenitais. O quadro pode durar de 2-3 semanas. Após a infecção genital, o HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos das células dos GÂNGLIOS SENSITIVOS e entra em um estado de latência. A ocorrência de infecção do gânglio sensitivo não é reduzida por qualquer medida terapêutica. Homem → lesões mais frequentes na glande e prepúcio; em alguns casos, observa-se corrimento genital e disúria. Mulher → lesões mais frequentes nos pequenos lábios, clitóris, grandes lábios, fúrcula e colo do útero. Após a infecção genital primária por HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação viral. Essa reativação pode dever-se a quadros infecciosos (episódios febris), exposição a radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e/ou imunodeficiência e frio intenso. • SURTOS RECIDIVANTES → quadro clínico menos intenso que o observado na primoinfecção e pode ser precedido de sintomas prodrômicos característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital. Complica menos, tem menor duração (~9 dias contra 12 dias da infecção primária), menor liberação viral e menos lesões clínicas. o A recorrência tende a ser na mesma localização da lesão inicial, geralmente, em zonas inervadas pelos nervos sensitivos sacrais. As lesões podem ser cutâneas e/ou mucosas. Apresentam-se como vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras arredondadas ou policíclicas. Nas mucosas, não é comum a evidenciação das vesículas, uma vez que seus tetos rompem muito facilmente. Mais raramente, a ocorrência de lesões pode ser acompanhada de sintomas gerais. As lesões têm regressão espontânea em 7-10 dias, com ou sem cicatriz, sem sequelas estéticas devido à superficialidade das lesões. o A tendência natural dos surtos é a de se tornarem menos intensos e menos frequentes com o passar do tempo. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 6 PIESC III Teorização 4 ➔ TRATAMENTO Em casos mais graves pode-se prolongar o tratamento até a cura da lesão ou usar aciclovir 5mg/kg/dia, endovenoso (EV), de 8/8 horas por 5 a 10 dias ou até resolução clínica. Em caso de resistência ao aciclovir existe resistência cruzada ao valaciclovir, famciclovir e penciclovir. Nesses casos pode ser usado o FOSCARNET (40mg/Kg/dose EV, de 8/8 horas por até 26 dias). Em pacientes que utilizam tenofovir o aciclovir deve ser usado com cuidado devido ao risco de toxicidade renal. Outro cuidado que deve ser tomado com o uso do aciclovir é em pacientes utilizando zidovudina devido à possibilidade de ocorrer letargia e fadiga. CANCROIDE Afecção de transmissão exclusivamente sexual, provocada pelo H. ducreyi, mais frequente nas regiões tropicais (África e norte do Brasil. Denomina-se também CANCRO MOLE, cancro venéreo ou cancro de Ducrey. O risco de infecção em uma relação sexual é de 80%. É comum sua apresentação concomitante a outras IST → ~10% podem estar coinfectadas pelo T. pallidum ou HSV. A OMS estima o surgimento de 2 milhões de casos novos por ano no mundo. É uma moléstia de transmissão exclusivamente sexual. • Agente etiológico → Cocobacilo Gram-negativo, Haemophilus ducreyi, inoculado em pequenas soluções de continuidade na pele ou mucosa, consequente ao coito. • Período de incubação → geralmente de 3-7 dias, podendo se estender por até 2 semanas. • Etiopatogenia → Acredita-se que a infecção ocorra por múltiplas microabrasões epidérmicas durante o coito. Este dado baseia-se em experiências clínicas, que demonstraram a necessidade de abrasão cutânea para ocorrência da infecção. ➔ QUADRO CLÍNICO → A mulher pode ser portadora assintomática, representando um importante reservatório. A infecção acomete os homens em maiores proporções. • LESÕES → Apresenta-se inicialmente como uma pápula dolorosa que se desenvolve 3-7 dias após o contágio, com halo de eritema. Em até 48h torna-se pústula, sofre erosão e, por fim, úlcera. Geralmente as úlceras são múltiplas (podendo, no entanto, haver uma única lesão) devido à autoinoculação. As úlceras apresentam base amolecida, bordo irregular, contorno eritemato-edematoso e fundo irregular recoberto por exsudato necrótico amarelado com odor fétido que, quando removido, revela tecido de granulação altamente friável. A localização determina os sintomas, como disúria, dor à defecação, sangramento retal, dispareunia e corrimento vaginal. o No homem, as localizações mais frequentes são no frênulo e sulco bálano-prepucial; na mulher, na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios. o Ocorre adenopatia inguinal inflamatória (bubão inguinal) em 30 a 50% dos casos, com tendência à supuração. Esta costuma ser unilateral (2/3 dos casos). Acomete quase exclusivamente indivíduos do sexo masculino (devido à anatomia da drenagem linfática). No início há adenomegalia dolorosa, que evolui para flutuação e fistulização em ½ dos casos, classicamente por orifício único, exteriorizando-se um pus cremoso de cor verde com sangue. A adenopatia aparece de 7-14 dias após a ulceração e forma um plastrão que adere à pele em superfície e profundidade. Pode evoluir para abscessos + episódios febris e impossibilidade de deambulação. o A cicatrização pode ser desfigurante. A aspiração, com agulha de grosso calibre, dos gânglios linfáticos regionais comprometidos, pode ser indicada para alívio de linfonodos tensos e com flutuação. São contraindicadas a incisão com drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos. • A infecção sistêmica não é comum, bem como a infecção de regiões distantes, porém há relatos de uma maior infecção na presença de anaeróbios. • CANCRO MISTO DE ROLLET = cancro mole + cancro duro (12 a 15% dos casos). ➔ TRATAMENTO • Gestantes → Deve-se evitar o tratamento com ciprofloxacino, devido ao potencial efeito teratogênico da medicação. Está autorizado o uso de azitromicina ou ceftriaxone durante este períodoe na amamentação. A infecção não representa ameaça ao feto ou ao neonato. Deve-se lembrar do Cancro Misto de Rollet. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 7 PIESC III Teorização 4 • Recomendações Gerais o O tratamento sistêmico deve ser acompanhado de higiene local rigorosa para evitar a autoinoculação. o É mandatório o tratamento do parceiro, pelo fato de existirem portadores assintomáticos, principalmente entre as mulheres. o O paciente deve ser reexaminado de 3-7 dias após o início da terapia, pois após este período deve ser constatada a melhora dos sintomas e da lesão. o O seguimento deve ser realizado até a involução total das lesões. o Segundo o MS (2015), a aspiração com agulha de grosso calibre dos gânglios linfáticos regionais comprometidos pode ser indicada para alívio dos linfonodos tensos e com flutuação. É contraindicada a incisão com drenagem ou a incisão dos linfonodos acometidos. Por outro lado, o CDC (2015) recomenda a incisão com drenagem ao invés da aspiração com agulha devido à menor necessidade de procedimentos de drenagem subsequentes. o Por vezes, lesões maiores necessitam de maior tempo de tratamento com antibióticos. o É muito importante excluir a possibilidade de sífilis associada pela pesquisa de Treponema pallidum na lesão genital e/ou por reação sorológica para sífilis, no momento e 30 dias após o aparecimento da lesão. LINFOGRANUMOMA VENÉREO (LGV) Causado por C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3. A MANIFESTAÇÃO CLÍNICA mais comum é a linfadenopatia inguinal e/ou femoral, já que esses sorotipos são altamente invasivos aos tecidos linfáticos. • Agente etiológico → Chlamydia trachomatis, bac. Gram-negativa obrigatoriamente intracelular, sorotipos L1, L2 e L3. É ~3x mais frequente em M do que em H. Afeta, predominantemente, o sistema retículo-histiocitário, preferencialmente os linfonodos inguinais e ilíacos. Disseminação ocorre primariamente pela via linfática. • Período de incubação → varia de 3-21 dias. • Etiopatogenia → apresenta 3 fases: erosão da pele; adenite; fibrose e destruição. ➔ QUADRO CLÍNICO → A evolução da infecção ocorre em três fases: • FASE DE INOCULAÇÃO → inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela. A evolução para úlcera é insidiosa e esta é, geralmente, não dolorosa e de curta duração, sendo frequentemente não percebida. Muitas vezes, não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo profissional de saúde. Localiza-se, no homem, no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa pode haver formação de úlcera crônica na fúrcula, com fundo granulomatoso e friável, conhecida como SÍNDROME DE CLÉMONT-SIMON. • FASE DE DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA REGIONAL → a adenite pode evoluir em nódulos inguinais superficiais dolorosos ou bubões, que frequentemente rompem a pele com exsudação de descarga purulenta. A fistulização pelos locais de drenagem pode permanecer por períodos prolongados. Fecha-se um trajeto e abrem-se outros, o que resulta em aspecto semelhante a um BICO DE REGADOR. No homem, a linfadenopatia inguinal desenvolve-se entre 1-6 semanas após a lesão inicial, sendo geralmente unilateral (70% dos casos) e constituindo-se o principal motivo da consulta. Na mulher, a localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação. • FASE DE SEQUELAS → o comprometimento ganglionar evolui com supuração e fistulização por orifícios múltiplos (BICO REGADOR), que correspondem a linfonodos individualizados, parcialmente, fundidos numa grande massa. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer sintomas gerais, como febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Aqueles bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal. o A estenose retal é por vezes tão intensa que necessita de colostomia definitiva: o sifiloma retal de Fournier. O quadro completo de envolvimento vulvoanorretal é conhecido como síndrome de Jersild. ➔ TRATAMENTO A medicação de escolha é a doxiciclina, mas na gestação, por ser contraindicada, o tratamento deve ser feito com azitromicina. Os parceiros sexuais devem ser tratados. Se ele for sintomático → mesmos medicamentos do caso-índice. Se o parceiro for assintomático → recomenda-se azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única ou doxiciclina 100 mg, 1 comprimido, VO, 2x/dia, por 7 dias. JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 8 PIESC III Teorização 4 Os antibióticos não têm efeito dramático na remissão da adenopatia nem revertem sequelas, como a estenose retal. A aspiração cirúrgica do bubão, em caso de flutuação, pode ser realizada. O CDC recomenda incisão e drenagem dos bubões para evitar sequelas. Segundo o Ministério da Saúde, os bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados por agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. Obs.: Caso não haja resposta clínica ou sorológica após 3 semanas de tto → reiniciar com outro medicamento. DONOVANOSE É uma IST crônica progressiva, de baixo contágio. Mais frequente nas regiões tropicais, raça negra e pessoas de baixo nível socioeconômico. Acomete preferencialmente pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. Não é totalmente conhecido o mecanismo de transmissão. Pode ocorrer por contaminação fecal ou autoinoculação. Sua transmissão provavelmente não é somente sexual → encontrada em crianças, jovens inativos sexualmente, é rara em profissionais do sexo, rara em parceiros de casos-índice. A região genital é afetada em 90% dos casos e a inguinal em 10%. Apresenta frequência semelhante em H e M. A lesão primária pode ocorrer na vulva, vagina ou na cérvice e, apresentar-se como pápulas indolores ou úlceras necrosantes com bordas friáveis. A adenopatia inguinal usualmente está ausente. • Agente Etiológico → Klebsiella granulomatis, também conhecido como Donovania granulomatis, é um bacilo Gram- negativo, pleomórfico, imóvel, raramente cultivável, com formas extracelulares (não capsuladas e jovens) e intracelulares (capsuladas e maduras). Parece pertencer à flora intestinal. • Período de Incubação → não possui período de incubação definido; varia de 30 dias a 6 meses (média de 50 dias). ➔ QUADRO CLÍNICO → inicialmente, apresenta-se como uma pápula ou nódulo indolor, única ou múltipla, de localização subcutânea, geralmente nos lábios ou no introito vaginal. A lesão evolui para ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil (friável). A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo tornar-se vegetante ou úlcero-vegetante. As lesões costumam ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho”, em bordas cutâneas e/ou mucosas. Por autoinoculação, vão surgindo lesões satélites que se unem, alcançando grandes áreas. • Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não ocorre adenite, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Na mulher, a forma elefantiásica é uma sequela tardia, sendo observada quando há predomínio de fenômenos obstrutivos linfáticos. A localização extragenital é rara e, quase sempre, ocorre a partir de lesões genitais ou perigenitais primárias. ➔ TRATAMENTO MS: Para o tratamento da úlcera por donovanose, como primeira escolha utiliza-se doxiciclina (100mg, VO, 12/12 horas por 3 semanas ou até a cura clínica). Também pode ser utilizadoo estearato de eritromicina (500 mg, VO, de 6/6 horas por 3 semanas ou até a cura clínica) ou a associação sulfametoxazol/trimetoprim (800mg/160mg, VO, 12/12 horas por 3 semanas ou até a cura clínica). A eritromicina deve ser usada com cautela em pacientes em uso de amprenavir e ritonavir. Obs.: doxiciclina é contraindicada em gestantes e a associação sulfametoxazol/trimetroprim deve ser evitada no 1º e 3º trimestres gestacionais. Em gestantes a escolha recai sobre a eritromicina, contraindicando o uso do estolato. O CDC (2015) recomenda que parceiros que tiveram contato sexual com mulheres que desenvolveram o granuloma inguinal, nos 60 dias que precederam o aparecimento dos sintomas, deverão ser examinados. No entanto, o valor da terapia empírica na ausência de sinais clínicos e sintomas não foi estabelecido. Já o MS (2015) considera que, devido à baixa infectividade, não é necessário o tratamento dos parceiros sexuais. # FLUXOGRAMA PARA O MANEJO DE ÚLCERA GENITAL Nos casos em que a úlcera genital seja claramente diagnosticada como uma IST, o paciente deve ser manejado adequadamente, segundo o fluxograma seguinte. Considerando a importância para a saúde pública, no caso de dúvida sobre a hipótese diagnóstica e ausência de laboratório, o tratamento da úlcera genital como IST deve ser privilegiado. As úlceras genitais em PVHIV ocorrem frequentemente como manifestação de DST e as causas mais comuns são o herpes genital, sífilis e cancro mole. Nesse grupo de pacientes, essas doenças podem ter uma apresentação atípica, com lesões muitas vezes mais JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 9 PIESC III Teorização 4 exuberantes e com evolução incaracterística ou mais agressiva em relação às formas de apresentação em pacientes não portadores do HIV. O herpes genital nas PVHIV costuma ser mais recorrente podendo ter duração mais prolongada, episódios mais severos e dolorosos. As lesões herpéticas com mais de um mês de evolução são definidoras de Aids. A sífilis é uma doença que deve ter uma atenção especial nas PVHIV devido à sua morbidade. A doença parece progredir mais rapidamente e ter uma evolução atípica que pode dificultar o diagnóstico. Considerando-se as úlceras genitais nas PVHIV, lembra- se que também podem ter etiologia neoplásica (neoplasia anal, vulvar e vaginal e peniana relacionadas ao HPV) ou infecciosa com agentes incomuns (Chlamydia trachomatis cepas L1, L2 e L3, Donovanose, micobactérias, citomegalovírus, histoplasma e paracoccidioidomicose, entre outras mais raras). Essas complicações surgem especialmente se a contagem de CD4 for menor que 100 células/mm3, indicando comprometimento objetivo da saúde imunológica do paciente. A terapêutica imediata das úlceras anogenitais é fundamental para diminuir o risco de transmissão do HIV e das complicações decorrentes delas. ➔ PARCERIAS SEXUAIS PRIORITÁRIAS PARA CONVOCAÇÃO Segundo orientações da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2005), todos os parceiros que tiveram contato sexual nos 90 dias anteriores ao diagnóstico de úlcera genital devem ser convocados e tratados em conformidade com o caso índice. # MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE A prevenção combinada das IST contempla diversas ações de prevenção e assistência, que são sintetizadas em três áreas estratégicas com componentes específicos. A oferta de diagnóstico e tratamento para IST assintomáticas é a estratégia para rastreamento e tratamento das seguintes IST assintomáticas: sífilis latente recente e tardia, infecções por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis em mulheres, e hepatite viral B. O Manejo de IST com uso de fluxograma abrange a detecção e o JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 10 PIESC III Teorização 4 tratamento das IST que se apresentam sob a forma de úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal, DIP e verrugas anogenitais. O diagnóstico deve ser precoce e o tratamento imediato, com tempo de espera o menor possível, podendo ser aproveitado para a realização de ações de informação/educação em saúde individual e coletiva. Estudos de análise de fluxo de pacientes apontaram que a maior parte do tempo em que pessoas permanecem em serviços de saúde não representa uma interação produtiva. O atendimento imediato de uma IST não é apenas uma ação curativa, mas também visa à interrupção da cadeia de transmissão, à prevenção de outras IST e de complicações advindas das infecções. ➔ ABORDAGEM ÀS PARCERIAS SEXUAIS Para que se interrompa a cadeia de transmissão das IST, é fundamental que os contatos sexuais dos indivíduos infectados sejam tratados. No caso do não comparecimento das parcerias sexuais convidadas, outras atividades poderão ser desenvolvidas, onforme a disponibilidade de cada serviço. Serão consideradas parcerias sexuais, para fins de comunicação, os indivíduos com quem a pessoa se relacionou sexualmente, conforme os tempos abaixo: • Tricomoníase: parceria atual • Corrimento uretral ou infecção cervical: nos últimos dois meses • DIP: nos últimos dois meses • Úlceras: nos últimos três meses • Sífilis secundária: nos últimos seis meses • Sífilis latente: no último ano JOSÉ SANTANA FARIAS NETO - UESB 11 PIESC III Teorização 4