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M4T6 Abortamento, aborto

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Abortamento
Definição OMS abortamento: Interrupção da gestação com feto com idade gestacional <20 semanas ou pesando <500 gramas.
MS e FREBASGO definem como <22 semanas.
Abortamento se refere ao processo enquanto aborto é o produto eliminado.
O abortamento pode ser:
a. Subclínico: quando ocorre antes da próxima falha menstrual;
b. Clínico: quando ocorre após gravidez confirmada pela dosagem de betahCG ou USG. Ocorre entre 10 e 15% das gestações
diagnosticadas. 
Cerca de 80% das gestações são interrompidas até a 12ª semana, sendo que o risco de abortamento espontâneo cai consideravelmente quando os batimentos cardiofetais são identificados à USG.
Etiologias
· Anormalidades cromossômicas
Causas + comuns de abortamento, cerca de 50 a 80% dos abortamentos espontâneos clínicos ou subclínicos, sendo as aneuploidias a causa mais frequente; e as trissomias são as aneuploidias + encontradas em casos de abortamento, correspondendo a cerca de 50% dos casos.
· As + frequentes são as do cromossomo 16, seguida pelas trissomias do 22, 21, 15, 13, 2 e 14.
Após as trissomias, a 2ª causa de alteração cromossômica mais relacionada ao abortamento é a monossomia do cromossomo X, presente em 7 a 10% dos abortamentos de 1º trimestre.
As triploidias e as tetraploidias também são encontradas, mas em < frequência.
As anormalidades cromossômicas decorrem de fertilização por gametas anormais, de fertilização anômala ou de irregularidades na divisão embrionária.
São + comuns em mulheres com a idade avançada, possivelmente pela ausência de regulação dos fatores que regulam a meiose, o que levaria a um aumento de oócitos aneuploides. A idade do pai parece ter < importância na patogenia do abortamento.
· Desordens anatômicas
As principais anormalidades anatômicas citadas como causadoras do abortamento são:
a. Incompetência istmocervical: causa de abortamento tardio. O feto não é retido até o fim da gestação, pois o colo não se mantém fechado;
b. Miomas: especialmente os do tipo submucoso;
c. Malformações uterinas: útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado. Há um risco aumentado principalmente dos abortamentos tardios;
d. Sinéquias uterinas: síndrome de Asherman. Normalmente decorre de agressões às camadas mais profundas do endométrio, como curetagens vigorosas e repetidas; o dgt é feito por histeroscopia e o tto é a lise endoscópica. A inserção temporária de DIU após o procedimento é preconizada por alguns autores.
· Doenças endócrinas
As principais doenças endócrinas que se associam ao abortamento são:
a. Insuficiência lútea: o corpo lúteo é incapaz de manter a produção hormonal e endócrina nas primeiras 6 a 7 semanas de gestação, resultando em abortamento. No entanto, NÃO há estudos comprovando que esta entidade realmente existe e também não parece haver benefício no uso da progesterona para pacientes com este possível diagnóstico, apesar de muitas vezes prescrita na prática clínica;
b. Doenças da tireoide: o hipo e o hipertireoidismo, quando apresentam manifestações clínicas, são considerados fatores de risco para abortamento;
c. DM insulinodependente, principalmente se a doença estiver mal controlada no período da concepção;
d. Síndrome de ovários policísticos: atualmente, seu papel no abortamento é questionável, podendo ter como fator de confusão o diabetes.
· Distúrbios imunológicos
Destaca-se a Síndrome Antifosfolipídeo (SAF), uma trombofilia autoimune associada a tromboses arteriais e venosas. Consiste em uma causa autoimune de abortamento de repetição, presente em 15 a 20% das mulheres com abortamento habitual, que se caracteriza pela presença no plasma materno de 3 variedades de autoanticorpos que conferem um > risco de trombose, o anticoagulante lúpico, a anticardiolipina e o antibeta-2-glicoproteína I.
As manifestações clínicas, além de abortamentos espontâneos de repetição, incluem tromboses venosas (2/3 dos casos; manifestação trombótica + comum da doença) e arteriais (1/3 dos casos), trombose microvascular e vegetações cardíacas.
Além da presença dos autoanticorpos, a presença de VDRL falso-positivo, trombocitopenia e prolongamento do tempo de tromboplastina parcial (PTT) são outros achados laboratoriais que podem estar presentes.
Os episódios de abortamento habitual ocorrem com > frequência no 1º trimestre. A presença do anticoagulante lúpico resulta em alargamento de testes de coagulação (PTT, dRVVT) in vitro, que utilizam um ou mais fosfolipídeos.
A maioria das pacientes apresentam SAF não tem lúpus eritematoso sistêmico.
O anticorpo anticardiolipina é um autoanticorpo dirigido contra fosfolipídeos de membrana, podendo ser do isotipo IgG ou IgM. O anticorpo antibeta-2-glicoproteína I inibe a ação do anticoagulante natural beta-2-glicoproteína I; é o anticorpo encontrado isoladamente com menor frequência nas pacientes com SAF.
Dgt: presença de pelo menos 1 critério laboratorial e 1 clínico:
· Critérios Clínicos
1. 1 ou + episódios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos ocorrendo em qualquer tecido ou órgão, objetivamente comprovada por imagem ou histopatologia e sem evidência de inflamação na parede dos vasos.
2. 1 ou + mortes intrauterinas de fetos morfologicamente normais após 10 semanas de gravidez.
3. 1 ou + partos prematuros de fetos morfologicamente normais com menos de 34 semanas, em decorrência de eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou insuficiência placentária.
4. 3 ou + abortamentos espontâneos consecutivos com menos de 10 semanas, excluindo-se anormalidades anatômicas e hormonais, e anomalias cromossômicas maternas e paternas.
· Critérios Laboratoriais
1. Anticorpos anticardiolipina: IgG ou IgM presentes em quantidade moderada a alta (acima de 40 GPL ou MPL) em 2 situações espaçadas por pelo menos 12 semanas.
2. Anticorpo lúpus anticoagulante: encontrado em 2 ou + situações espaçadas por pelo menos 12 semanas entre elas.
3. Anticorpo antibeta-2-glicoproteína I: IgG ou IgM em altos títulos (≥ percentil 99) em 2 ou + ocasiões com intervalo de no mínimo 12 semanas.
O TRATAMENTO das grávidas com baixos títulos de anticorpos anticardiolipina deve ser evitado, pois até 4% das gestantes normais podem apresentar algum destes autoanticorpos positivo. Nas pacientes que preenchem os critérios diagnósticos de SAF a partir de
eventos obstétricos, ou seja, nunca apresentaram trombose arterial ou venosa, o tto recomendado é feito com AAS 100 mg/dia e heparina em doses profiláticas (0,5 mg/kg uma vez ao dia). Nas pacientes com história anterior de trombose, a profilaxia de novos eventos deve ser realizada com AAS 100 mg/dia e doses terapêuticas de heparina não fracionada ou de baixo peso molecular, como a enoxaparina 1 mg/kg a cada 12 horas. A associação de ácido acetilsalicílico com heparina pode melhorar significativamente o prognóstico da gestação, com desfecho favorável em até 80% dos casos.
Outras desordens imunológicas sugeridas como etiologia do abortamento recorrente incluem as aloimunes, que podem estar relacionadas à resposta materna imune anormal aos antígenos presentes nos tecidos placentários e/ou fetais, como os antígenos de histocompatibilidade humana (HLA) paternos. A não produção de anticorpos maternos contra tais antígenos como mecanismo de proteção ao aloenxerto poderia resultar em abortamento espontâneo, pré-eclâmpsia ou crescimento intrauterino restrito (teoria não comprovada na prática). Os TTO para o abortamento por outras desordens imunológicas é considerado experimental, restrito à pesquisa.
· Infecções
São causas infrequentes de abortamento precoce, estando relacionadas principalmente a eventos agudos. Os principais processos infecciosos que poderiam levar ao abortamento são:
● Rubéola;
● Parvovirose;
● Citomegalovirose;
● Listeriose;
● Herpes simples;
● Hepatite B;
● HIV;
● Infecção do Trato Urinário (ITU);
● Infecções ascendentes, principalmente vaginoses, clamídia e gonorreia;
● Sífilis;
● Toxoplasmose;
● Malária.
· Trombofilias hereditárias
Ex trombofilias hereditárias: fator V de Leiden, mutação do gene da protrombina e deficiências da antitrombina e das proteínas C e S. Porém, hácontrovérsias e a anticoagulação com heparina NÃO reduziu a incidência de abortamento nesta população apesar da controvérsia, a maioria dos autores NÃO recomenda o rastreamento ou tratamento de trombofilias hereditárias para pacientes com história de abortamento.
Causas que mais frequentemente levam ao ABORTAMENTO HABITUAL são:
● Aneuploidias (> parte dos abortamentos habituais [a mesma do abortamento esporádico], principalmente em mulheres >35 anos);
● Doenças cromossomiais;
● Anormalidades anatômicas do útero, como útero septado, didelfo, bicorno, etc;
● Incompetência istmocervical;
● Doenças da tireoide;
● Diabetes mellitus;
● Insuficiência do corpo lúteo (questionável);
● Síndrome antifosfolipídeo;
● Trombofilias hereditárias (questionável);
● SOP.
Fatores de risco
· Idade materna avançada (principal)
· Uso de álcool
· Trauma
· Tabagismo
· Uso de cocaína
· Malformações uterinas
· Medicações (misoprostol, retinoides, metotrexato)
· Abortamento espontâneo prévio
· Radiação em altas doses
· obesidade
Apresentações clínicas e condutas
O abortamento pode ser classificado quanto à idade gestacional de ocorrência, à periodicidade ou ao quadro clínico (divisão mais utilizada).
Quanto à Idade Gestacional de Ocorrência:
● Abortamento precoce: interrupção da gestação até a 12ª semana gestacional. + por causas cromossomais.
● Abortamento tardio: quando ocorre após a 12ª semana gestacional. + por incompetência istmocervical.
Quanto à Periodicidade:
● Abortamento habitual: ocorrência de 3 ou + episódios consecutivos de abortamento. Pode ser:
a. Primário: quando todas as gestações se interromperam;
b. Secundário: quando as interrupções consecutivas foram antecedidas por gestações a termo.
 Em mulheres com diagnóstico de abortamento habitual, o risco de abortamento na gravidez subsequente é de 30%, o que significa que 70% das mulheres terão uma 4ª gestação bem-sucedida sem qualquer tipo de tto.
● Abortamento esporádico: quando não preenche os requisitos do abortamento habitual.
Quanto ao Quadro Clínico:
As formas clínicas e seus principais aspectos estão resumidos na tabela.
	 
	Ameaça de abortamento
	Abortamento inevitável
	Abortamento completo
	Abortamento incompleto
	Abortamento infectado
	Abortamento retido
	 
	Pode ocorrer abortamento (50%, cai p/ 10% após atividade cardíaca a USG) ou não
	Não expelido nenhum material pelo colo, mas aborto é inevitável. Ovo íntegro, mas inviável
	Ocorreu expulsão total e completa do feto; pct pode referir eliminação de material amorfo pela vagina
	Abortamento em curso, pct eliminando o material
	Complicação do abortamento incompleto; geralmente associado a manipulação da cavidade uterina
	Interrupção da gravidez com retenção do ovo morto por dias a semanas
	Sangramento
	Discreto
	Presente, pode ser intenso
	Parada ou redução súbita
	Moderado
	Variável com extensão da infecção, as vezes odor fétido
	Ausente/ Discreto
	Cólicas
	Leves/ ausente
	Presente
	Parada ou redução súbita
	Presente
	Endometrite->Peritonite, choque séptico, insuf. Renal, coagulopatia, s. angustia resp., morte materna
	Regride sintomas da gravidez
	Febre
	Ausente
	Ausente
	Ausente
	Ausente
	Presente
	Ausente
	Exame Físico
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Útero
	Compatível com IG
	Compatível ou não com IG
	< que esperado p/ IG
	< que esperado p/ IG
	Amolecido e doloroso a palpação
	< que esperado p/ IG
	Orifício interno do colo
	Fechado
	Aberto; pode ter bolsa amniótica herniada
	Fechado
	Fechado/aberto
	aberto/ fechado
	Fechado
	Beta-hCG
	Positivo dentro do normal
	Positivo na maioria, mas diminuindo e decrescente
	Negativo/ decrescente
	Negativo/ decrescente
	Negativo
	Negativo/ decrescente
	USG
	Embrião e BCE presentes; sem alterações; saco gestacional íntegro
	Presença/ ausência de BCE, descolamento ovular (SG em processo de expulsão), hematoma retrocorial
	Útero vazio; endométrio <15mm; coágulos
	Restos ovulares
	Restos ovulares; coleções purulentas no fundo do saco de Douglas
	Embrião presente, mas sem BCE; ∆ da vesícula vitelínica; repetir 15 dias após se <7semanas de gestação para dar dgt
	TTO
	Repouso relativo; abstinência sexual; apoio psicológico; antiespasmódico se necessário
	Conservador, aguardar expulsão completa; OU esvaziamento uterino (preferível); Ig Anti-Rh se pct Rh negativa não sensibilizada
	Acompanhamento ambulatorial; Ig Anti-Rh se necessário
	Esvaziamento uterino
	Internar, estabilizar paciente, monitorar; ATB empírico - gentamicina + clindamicina -> ampicilina ou penicilina cristalina; anti-tétano se necessário; esvaziamento uterino; drenar abscessos; direcionar ATB com resultado da cultura; sem melhora após 48h dessas medidas histerectomia + lavagem exaustiva; Ig Anti-Rh se necessário
	Esvaziamento uterino
	 +
	DD com gravidez ectópica
	 
	DD com gravidez ectópica
	 
	Agentes principais: cocos anaeróbios, gram negativos, clostridium perfingrens e bacteroides
	Complicações: CID; infecção
*Sangramento + vermelho vivo + cervicites; + vermelho escuro + aborto.
* Ovo anembrionado: forma de abortamento retido. Ausência de embrião no saco gestacional íntegro em gestação >6 semanas de evolução, idade gestacional na qual já se espera poder visualizá-lo. USG: ovo anembrionado sem eco ebrionário em saco gestacional ≥ 25mm de diâmetro médio.
*Esvaziamento uterino:
· Até 12 semanas: Aspiração manual intrauterina (AMIU; < risco de perfuração uterina, de necessidade de dilatação cervical e risco de sinéquias) alternativa é a curetagem + misoprostol
· Após 12 semanas: expulsão fetal com ocitocina (IV, antes a após) e misoprostol (cmp via vaginal [fundo de saco], pode ser associado a ocitocina), seguida de curetagem (pode não ser necessária se expulsar tudo com misoprostol).
Nos abortamentos retidos em gestantes >12 semanas e cesárea prévia: O misoprostol deve ser utilizado com muita cautela devido ao > risco de rotura uterina; não é contraindicação absoluta (desde que seus efeitos possam ser monitorados; mas deve-se optar por outras formas de indução, como o método de Krause (inserção de balão de sonda vesical dentro da cavidade uterina), indução com ocitocina venosa ou microcesariana.
 Contraindicações absolutas ao uso de misoprostol são:
· Gravidez ectópica suspeita ou confirmada;
· Doença trofoblástica gestacional;
· Alto risco de rotura uterina (ex., indução no 2º ou 3º trimestre em mulheres com mais de uma histerotomia anterior; incisão uterina clássica ou em "T" anterior);
· Presença de DIU (deve ser removido antes da administração do misoprostol);
· Alergia às prostaglandinas.
· Microcesariana: esvaziamento do útero por via abdominal. Deve ser reservada aos casos infrequentes que não se resolveram por via vaginal e que apresentam hemorragias volumosas.
Aborto legal: estrupro, risco de morte materna e anencefalia.
Antimicrobianos e aborto
Ter uma infeção não tratada durante a gravidez pode associar-se a complicações como parto prematuro, bebês de baixo peso e até morte perinatal.
FDA:
· Categoria  A → medicamentos adequadamente estudados em humanos, que não revelam problemas no primeiro trimestre de gravidez e não há evidências de problemas nos segundo e terceiro trimestres.
· Categoria  B → medicamentos sem estudos adequados em humanos, mas que a experiência em animais não demonstrou riscos OU medicamentos com efeitos adversos em animais, mas que, quando estudados em humanos, não demonstram riscos. Ex penicilina, Amoxicilina + ácido clavulânico, Azitromicina (controvérsias), ceftriaxona, Clindamicina, eritromicina, vancomicina
· Categoria C → medicamentos sem estudos adequados em humanos, mas que a experiência em animais demonstrou riscos para o feto. Nestes casos, potenciais efeitos benéficos do tratamento podem ser maiores que os riscos, justificando o seu uso na gestação em situações específicas. Ex. Ciprofloxacino, levofloxacino, claritromicina, rifampicina
· Categoria D → medicamentos com estudos adequados em humanos que demonstram evidências de risco para o feto. Só devem ser indicados na gravidez nos casos de doenças graves para as quais não se possa utilizar drogas maisseguras. Ex. Doxiciclina, gentamicina, neomicina, Sulfametoxazol + trimetoprim, tetraciclina 
· Categoria X → medicamentos com estudos adequados em humanos que demonstram anormalidades no feto. Não usar em hipótese alguma durante a gravidez.
*Metronidazol é contraindicado (categoria X) no 1º trimestre. A partir do 2º trimestre, ele pode ser usado nas grávidas.
No caso dos antibióticos, não há drogas classificadas na categoria A. Os da categoria B são os geralmente prescritos para gestantes. Medicamentos da categoria C são eventualmente usados, em geral, em situações específicas, quando a droga é necessária e não existem alternativas na categoria A e B; prescrição justifica-se quando benefícios> riscos, como em infeções por bactérias resistentes aos antibióticos inócuos habituais utilizados na gravidez. Os classificados como categoria D são contraindicados na gravidez, e o seu uso só é aceito em situações extremas, quando a infecção é de alto risco para o feto e não há drogas mais seguras disponíveis. Em situações normais não é aceitável a prescrição de um antibiótico da categoria D para grávidas.
Associados a um risco aumentado de aborto espontâneo: azitromicina (controvérsias), claritromicina, metronidazol, sulfonamidas, tetraciclinas e quinolonas. O estudo concluiu que o uso de macrólidos (excluindo a eritromicina), quinolonas, tetraciclinas, sulfonamidas e metronidazol durante a gravidez tem > risco de aborto espontâneo.
Antifúngicos malformações. Vulvovaginites tratar sempre com cremes vaginais e não VO.
Analgésicos e gestação
1ª linha para gestação: Paracetamol (B, analgésico e antitérmico). Outro que pode ser utilizado é a dipirona.
AAS: (C, até 150mg/dL) em doses baixas pode ser usado nos 2 primeiros trimestres da gestação. lguns estudos sugerem a associação de AAS com gastrosquise e atresia de intestino delgado, quando utilizada no 1º trimestre. O uso no 3º trimestre, próximo ao termo, pode apresentar sangramento excessivo na mãe e no feto. Doses altas no 3º trimestre também podem levar ao fechamento do ducto arterial.
AINES: não usar no 1º e 2º trimestre. São mais estudados no 3º trimestre. Ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno, não são considerados teratogênicos; entretanto, quando utilizados no 3º trimestre, podem levar ao fechamento precoce do ducto arterioso pela ação de inibidores da prostaglandina sintetase; por isso, devem ser evitados após 34 semanas de gestação. São classificados como drogas das categorias B na gestação. 
Os inibidores da cicloxigenase ou oxigenase-2 são a indometacina e o celecoxibe. A indometacina é considerada droga da categoria B; entretanto, deve ser evitada principalmente após 34 semanas, pelo risco de fechamento precoce do ducto arterioso, hemorragia intraventricular, enterocolite necrosante e efeitos no rim fetal. Os inibidores da cicloxigenase-2 são das categorias C na gestação, devendo ser utilizados na gestação somente se o benefício justificar o risco potencial. 
Os analgésicos opioides comumente usados são meperidina, morfina, codeína, propoxifeno, oxicodona e hidrocodona. Esses agentes não foram associados a anomalias congênitas; entretanto, a maioria dos neonatos nascidos de mães em uso crônico dessas drogas apresenta síndrome da abstinência caracterizada por irritabilidade, tremor, disfunção gastrintestinal, depressão respiratória, febre, sucção pobre e convulsões. Essas drogas são das categorias B; o uso crônico e em altas doses no 3º trimestre deve ser evitado. 
Os derivados da ergotamina são vasoconstritores e apresentam atividade ocitócica; portanto, são contraindicados durante a gestação. A utilização de doses baixas e esporádicas para enxaqueca não parece ser fetotóxica ou teratogênica. A utilização frequente ou em altas doses pode ser teratogênica por causa dos efeitos de disrupção vascular (semelhantes aos da síndrome de Mobius). E droga das categorias X na gestação e NS na lactação.
Cariótipo
Exame de cariótipo
O cariótipo é o estudo dos cromossomos do DNA, composto por 46 cromossomos (23 herdados da mãe e os outros 23, do pai), responsáveis por armazenar informações genéticas de cada indivíduo em específico. Com esse exame, é possível identificar síndromes e investigar abortos por repetição. É um dos principais exames de triagem genética, sendo indicado em:
· casos de suspeita de Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21), Síndrome de Edwards (trissomia do cromossomo 18), Síndrome de Patau (trissomia do cromossomo 13), Síndrome de Turner (monossomia do X), Síndrome de Klinefelter, 
· deficiência intelectual,
· malformações congênitas,
· abortos recorrentes
· infertilidade
· diagnóstico e prognóstico de cânceres.
É realizado por meio da coleta de sangue células são colocadas em cultivo material cromossômico é corado, o que permite que ele seja avaliado quanto à sua quantidade e estrutura permite organizar os cromossomos em pares, para identificar monossomias, trissomias, grandes deleções e translocações.
O exame de cariótipo do casal consiste na análise cromossômica a partir de uma amostra genética dos progenitores. Em um contexto de tratamento de reprodução humana, o objetivo desse exame é, basicamente, avaliar possíveis condições genéticas que tenham influência sobre a fertilidade de um dos indivíduos ou mesmo de ambos.
A análise genética embrionária diz respeito ao estudo da carga genética do embrião. Em outras palavras, esse exame é realizado antes mesmo da transferência embrionária ao útero, através de uma biópsia e análise das células biopsiadas, para se conhecerem mais detalhes da genética embrionária antes da implantação. Dessa forma, podemos avaliar com mais segurança quais os embriões saudáveis a serem transferidos posteriormente.
Há vários tipos de exame de cariótipo que servem para avaliar diferentes condições. 
· Cariótipo de sangue periférico: Busca cromossomopatias pós-natais. 
· Cariótipo de biópsia de vilo coriônico: feito por biópsia de vilo coriônico com o objetivo de buscar cromossomopatias durante o pré-natal. 
· Cariótipo de líquido amniótico: O teste é feito através de uma amostra de líquido amniótico por punção e investiga cromossomopatias no pré-natal.
· Cariótipo de material de aborto: Exame feito em material de perda gestacional para a investigação de cromossomopatias. 
· Cariótipo de fibroblastos cariótipo de sangue periférico com 100 células
· Cariótipo de medula óssea
Cariótipo de vílo corial 
O estudo cromossômico da biópsia de vilo corial (BVC) é um método diagnóstico de aneuploidias e doenças metabólicas autossômicas recessivas ou ligadas ao sexo, onde o risco de acometimento fetal é elevado, permitindo o dgt precoce (realizado entre a 11ª semana e 14ª semana) e elucidar também casos de abortamento com uma taxa de anormalidade cromossômica de 69,4%. 
É um procedimento invasivo que consiste na coleta de fragmentos da placenta para estudo das células fetais. É aplicada anestesia local, e sob orientação da ecografia inserimos uma agulha de calibre 18 a 20 G na placenta, onde é obtido sobre pressão negativa pequena quantidade de material placentário (cerca de 10 mg é enviado para o laboratório para análise. A mãe deve aguardar repouso relativo e abstinência sexual por 24 a 48 horas (alguns locais dizem 7 dias).
Quando realizado por examinador experiente o risco de complicações é de 1 %. Risco de perda fetal de 0,5%, semelhante ao da amniocentese pode ocorrer na maioria das vezes nos 5 dias posteriores ao exame. Alguns estudos mostram que a biópsia de vilo corial realizada por volta da 10ª semana de gestação pode estar relacionada a anormalidades em dedos do feto. Para evitar este risco, nunca realizamos o exame antes da 12ª semana da gestação.
Amniocentese
Para detectar e diagnosticar determinados defeitos congênitos, doenças genéticas e anomalias cromossômicas em fetos, principalmente se os testes de triagem gestacional forem anormais; para avaliar a maturidade pulmonar fetal, para diagnóstico e monitoração de doença hemolítica em fetos.
Entre 15 a 20 semanas de gestação para os testes para doençasgenéticas, anomalias cromossômicas e defeitos do tubo neural. Quando houver um aumento do risco de parto prematuro, após 32 semanas para avaliar a maturidade pulmonar fetal. Quando houver suspeita de doença hemolítica no feto, aproximadamente a cada 14 dias.
É considerada um procedimento seguro e é usada há muitos anos, mas inclui um pequeno risco de lesão do feto e de aborto espontâneo. Por isso, não é adotada como rotina em todas as gestações. O exame genético do líquido amniótico é oferecido como parte dos exames pré-natais do 2º trimestre. Indicações: 
· Idade materna >35a ou paterna>55a
· Alto risco para cromossomopatias no exame morfológico de 1º trimestre (risco > 1:50)
· Transluscência fetal nucal ≥3, 5 mm
· Malformação fetal identificada na USG
· A gestante apresentou uma anomalia na triagem pré-natal do 1º trimestre ou na triagem pré-natal do 2º trimestre (teste triplo ou quádruplo), como um aumento ou diminuição dos níveis de alfa-fetoproteína.
· Suspeita de infecção fetal congênita
· Criança prévia mal formada
· Há história familiar de um distúrbio genético específico.
· Um dos pais teve um distúrbio hereditário ou ambos os pais têm um gene para distúrbio hereditário.
Atualmente, o exame ultrassonográfico é o método de escolha para o diagnóstico e o acompanhamento das alterações do volume de líquido amniótico. Há suspeita de oligodrâmnio quando o volume uterino é < que o esperado para a idade gestacional, podendo-se evidenciar a diminuição do líquido amniótico e o fácil reconhecimento das partes fetais pela palpação do abdome materno. A mãe também pode relatar redução na movimentação fetal e/ou história de perda de líquido pela via vaginal.

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