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CARACTERÍSTICAS DAS BACTÉRIAS: MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS E MYCOBACTERIUM LEPRAE BACTÉRIAS DO GÊNERO MYCOBACTERIUM • São caracterizadas principalmente por apresentarem um tempo de geração longo → 3 horas para as espécies de crescimento rápido e 18 horas, em média, para as espécies de crescimento lento. • Resistentes à descoloração por solução contendo álcool e ácido. • Essa característica, evidenciada pelo método de Ziehl-Neelsen → deve-se ao alto teor de lipídeos presente na sua cápsula → ±60% do peso seco de grande importância para o reconhecimento do gênero. ✓ Mycobacterium tuberculosis • Metabolismo voltado especialmente para → Construção da cápsula que o protege dos agentes químicos → Crescimento lento do M. tuberculosis. • AERÓBIO → Duplica sua população em 18 a 48 horas → Dependendo da ↑ ou ↓ oferta de O2, do pH do meio e do acesso a nutrientes. • Facilmente destruído por agentes físicos → Calor, raios ultravioletas da luz solar e radiações ionizantes. • Transmite-se principalmente por VIA AÉREA → Facilitada pela aglomeração humana. • Tem uma ↓ morbidade que, associada ao crescimento lento → Provoca principalmente doença de curso lento e crônico em indivíduos com baixa imunidade, com destaque para a subnutrição. • Por ser um aeróbio estrito para a maior parte das suas populações → Infecta os pulmões e aí se localiza preferencialmente – a presença de O2 favorece sua multiplicação e a ligação do órgão com o meio externo facilita sua transmissão. • Não se apresenta livre na natureza → Depende do parasitismo; • Fino, ligeiramente curvo e mede de 0,5 a 3 μm. • Bacilos aeróbios fracamente Gram-positivos e fortemente álcool-ácido resistente (BAAR); • PAREDE CELULAR → Rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano) → Lhe confere baixa permeabilidade, reduz a efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos macrófagos → MICRORGANISMO RESISTENTE → Desinfetantes, detergentes, antibióticos antibacterianos comuns, resposta imune do hospedeiro e colorações tradicionais. • Capacidade de crescimento intracelular em MACRÓFAGOS ALVEOLARES. • A doença se dá principalmente pela resposta do hospedeiro à infecção. • A infecção primária é PULMONAR. • A disseminação para qualquer sítio do corpo ocorre mais comumente em pacientes imunocomprometidos. ✓ Mycobacterium leprae Classificada em: o Classe – Schizomycetes. o Ordem – Actinomycetales. o Família – Mycobacteriaceae. o Gênero – Mycobacterium. o Espécie – leprae. • Morfologia de BASTONETE. • Nas preparações para exame bacterioscópico ao microscópio comum → BH (Bacilo de Hansen) podem ser vistos isolados, agrupados ou em agrupamentos compactos → GLOBIAS. o BACILOS estão fortemente unidos por material gelatinoso (geleia) e dispostos semelhantemente a cigarros colocados paralelamente em um maço. o Única bactéria que apresenta esse tipo de disposição. • Bacilos fracamente GRAM-POSITIVOS → Fortemente acidorresistentes. • Parede celular rica em lipídios. • Obrigatoriamente intracelular -> Longevidade de vida. • Não é capaz de ser cultivado em meios artificiais. • A doença se dá principalmente pela resposta do hospedeiro à infecção. • Formas de lepra tuberculoide (paucibacilar) e lepromatosa (multibacilar). • Tropismo por células cutâneas e nervosas periféricas. PATOGÊNESE, VIAS DE INFECÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA TUBERCULOSE TUBERCULOSE • Doença mais comum da humanidade. • A TB era antigamente descrita como TÍSICA → Conhecida, no século XIX, como → PESTE BRANCA → devido ter dizimado centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. • A partir da metade do século XX, houve acentuada redução da incidência e da mortalidade relacionadas à TB → observada em países desenvolvidos, sobretudo pela melhoria das condições de vida das populações. • É uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social. • OMS estima que 1/3 da humanidade seja infectada pelo Mycobacterium tuberculosis → + de 9 milhões de casos novos e 1 milhão e 500 mil mortes por/ ano decorrentes da doença. EPIDEMIOLOGIA ✓ BRASIL • No Brasil, desde 1981, a notificação de casos de tuberculose é obrigatória, realizada por meio de fichas padronizadas a partir das UBS para as Secretarias Estaduais, que as consolidam. • O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS para o controle da doença no mundo. • Em 2015, o percentual de detecção da tuberculose no país, segundo a OMS, foi de 87% . • Nos últimos 10 anos, foram diagnosticados, em média, 71 mil casos novos da doença. • Em 2017, o número de casos notificados foi de 72.770 e os coeficientes de incidência variaram de 10 a 74,7 casos por 100 mil habitantes. • No ano de 2016, foram notificados 4.483 óbitos por TB, o que corresponde ao coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100.000 habitantes. • O percentual de sucesso de tratamento reportado para os casos novos com confirmação laboratorial foi de 74,6%, em 2016, com 10,8% de abandono de tratamento, e 4,1% dos registros com informação ignorada quanto ao desfecho. • Dos casos de TB notificados em 2017, 77,8% foram testados para HIV, apresentando 9,5% de coinfecção. • O Brasil não possui uma epidemia generalizada, mas concentrada em algumas populações, como → Pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em situação de rua, privadas de liberdade (PPL), a população indígena e pessoas que vivem em aglomerados e em situação de pobreza. TRANSMISSÃO • O M. tuberculosis é transmitido por VIA AÉREA → De 1 pessoa com TB Pulmonar ou Laríngea → Que elimina bacilos no ambiente (caso fonte) → Para outra pessoa → Por exalação de aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro. • A transmissão se faz por VIA RESPIRATÓRIA → Inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. • As gotículas exaladas → GOTÍCULAS DE PFLÜGER → Rapidamente se tornam secas → Transformam-se em partículas menores (< 5-10 μm de diâmetro). Essas partículas menores → NÚCLEOS DE WELLS → contendo 1-2 bacilos → Podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas → São capazes de alcançar os alvéolos → Onde se multiplicam e provocam → PRIMO- INFECÇÃO. OUTRAS VIAS DE TRANSMISSÃO o Pele e Placenta → São raras e desprovidas de importância epidemiológica. o Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis → Por isso, não têm papel na transmissão da doença. • O termo “BACILÍFERO” refere-se a pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva no escarro → Esses casos têm maior capacidade de transmissão. • Pessoas com outros exames bacteriológicos como cultura e/ou Teste Rápido Molecular da Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem transmitir. • A TB acomete, prioritariamente, o PULMÃO que também é a porta de entrada da maioria dos casos. • BACILO → Sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão de partículas infectantes → Ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão. • Pacientes com exame bacteriológico de escarro POSITIVO → Sustentam a cadeia de transmissão da doença. • Estima-se que 1 pessoa com baciloscopia POSITIVA → Infecte de 10 a 15 pessoas em média, em uma comunidade, durante 1 ano. • Entre pessoas que têm contatos duradouros com pacientes com TB pulmonar → Aqueles com BAAR positivo no escarro são os que mais transmitem a doença. • Aqueles com baciloscopia de escarro NEGATIVA, mesmo com TRM-TB ou cultura positivos no escarro → Têm infectividade menor. • Pessoas com cultura de escarro NEGATIVA e aquelas com TB extrapulmonar exclusivamente → São desprovidas de infectividade. • O risco de transmissão da TB perdura → Enquanto o pacienteeliminar bacilos no escarro. • Com o início do tratamento → Transmissão tende a ↓ gradativamente → geralmente, após 15 dias, ela encontra-se muito ↓. • A importância de realizar baciloscopia de escarro de CONTROLE reside não somente na confirmação da eficácia do esquema terapêutico, mas também na avaliação de risco para os contatos. • As medidas de controle da infecção pelo M. tuberculosis devem ser mantidas até que seja confirmada a negativação ou bacilos não viáveis à baciloscopia do caso fonte. • Crianças com TB pulmonar → em geral, têm BACILOSCOPIA NEGATIVA → Tendo pouca importância na cadeia de transmissão da doença. PATOGÊNESE • A TB pode ser causada por qualquer uma das 7 espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis → M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. • Na saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis → conhecida como BACILO DE KOCH (BK). ✓ LESÃO INICIAL E RESPOSTA IMUNOLÓGICA • Vias Respiratórias → Principal porta de entrada do Mycobacterium tuberculosis. • Uma vez inalados → maioria dos bacilos fixa-se no trajeto bifurcado da árvore traqueobrônquica → Especialmente quando em GRUMOS → Sendo eliminados pelo sistema de defesa muco-ciliar. • Partículas núcleos → Se comportam como gases → Vencem essa barreira e localizam-se no trato respiratório inferior → Especialmente no interior dos alvéolos → Onde, facilitadas por ambiente propício, com temperatura, umidade e aporte de substâncias nutrientes → Multiplicam-se livremente → caracterizando FASE SIMBIÓTICA ou de CRESCIMENTO LIVRE. • A capacidade do agente infeccioso sobreviver no pulmão → Dependerá de fatores relacionados à sua virulência e à habilidade das células do hospedeiro em eliminá-lo. • Os MACRÓFAGOS consistem nas células de 1ª linha na defesa contra o Mycobacterium tuberculosis. Esta resposta inicial → se completamente efetiva → causará a sua eliminação pela ação fagocítica de macrófagos alveolares. • O bacilo poderá ser eliminado por vários mecanismos → Mediados por uma complexa interação entre MACRÓFAGOS, LINFÓCITOS e CITOCINAS. o Processo envolvido na FAGOCITOSE inclui a ligação da bactéria ao macrófago, a internalização dentro do fagossoma e morte ou inibição do crescimento do bacilo. o O controle sobre o crescimento bacteriano ou a lise do M. tuberculosis acontece com a fusão do lisossoma + fagossoma → LISOFAGOSSOMA → Bactéria sofre a ação dos grânulos liberados e de uma série de outros produtos tóxicos produzidos pelos macrófagos → peróxido de hidrogênio, ânio superoxido e óxido nítrico. o A atividade do macrófago pode ser ampliada pela ação de CITOCINAS → Estimulam fagocitose, a capacidade lítica dos lisossomos e favorecem sua fusão ao fagossoma com destruição dos bacilos. o O M. tuberculosis desenvolve mecanismos de escape e defesa de maneira que possa romper a parede do fagossoma → Crescendo livremente dentro do macrófago (parasitismo intracelular facultativo), inibir a fusão lisossomal e impedir novas fagocitoses. Um desses mecanismos estaria relacionado com a própria estrutura da parede bacteriana → produz substâncias que impedem a ligação do macrófago à bactéria, como a amônia. • Se o MACRÓFAGO ALVEOLAR não conseguir deter o microrganismo → por desconhecimento imunológico do bacilo ou depressão imunitária → haverá uma multiplicação bacilar com destruição celular e tecidual. • Forma-se uma resposta inespecífica → Acúmulo local de polimorfos nucleares que fagocitam bacilos e retornam à corrente sanguínea com bacilos em seu interior → Estabelecendo uma DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA PRIMÁRIA. • A bactéria multiplica-se lentamente → Dividindo-se ± a cada 25 ou 32 horas dentro do macrófago. • O bacilo cresce por 2 a 12 semanas → tempo suficiente para desencadear a resposta imunológica mediada por células e a hipersensibilidade do tipo retardada – conversão tuberculínica. • Se os mecanismos de defesa iniciais não forem suficientes para conter o patógeno → Célula infectada rompe-se liberando os bacilos. • Em indivíduos com sistema imunológico íntegro → Ocorre um acúmulo de células, formado por → MACRÓFAGOS e LINFÓCITOS T ATIVADOS → Na região do parênquima pulmonar em que os bacilos se instalaram, compondo o → GRANULOMA → Responsável por conter a disseminação da bactéria. • O mecanismo de formação do granuloma é muito importante nos primeiros dias após a infecção → Resulta tanto da resposta do hospedeiro como pode ser estimulado pelo próprio agente agressor. • Lesão inicial constitui → CANCRO DE INOCULAÇÃO → Sucesso desse mecanismo depende do nº de macrófagos e de bacilos presentes no local da infecção. • Se a resposta imunológica for ineficaz → Bacilos poderão deixar o interior dos macrófagos e disseminar para a corrente linfática até os linfonodos regionais. • Os linfonodos hilares enfartam-se constituindo → COMPLEXO PRIMÁRIO TUBERCULOSO → Composto pelo cancro de inoculação, a linfangite e a adenomegalia hilar. • A partir dos LINFONODOS HILARES → Bacilos se disseminam para LINFONODOS PARATRAQUEAIS E VERTEBRAIS → E Via ducto torácico → alcançam a corrente sanguínea → Podendo se alojar nas regiões superiores do pulmão ou em diversos órgãos, como: rins, cérebro e ossos, ou onde encontrarem um ambiente favorável à sua implantação: satisfatória oferta de oxigênio associada a uma baixa perfusão local → dificultando o aporte de células de defesa. • Indivíduos cuja resposta imunológica foi suficiente para conter o M. tuberculosis → Desenvolverão uma forma clínica de infecção caracterizada como INFECÇÃO LATENTE → Bacilos permanecerão nesse estado por tempo indeterminado (anos ou décadas). • O risco do desenvolvimento da doença é maior nos primeiros 2 anos após a infecção. ✓ IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS • MACRÓFAGOS → Também atuam como células apresentadoras de antígenos em resposta à infecção pelo M. tuberculosis. • MACRÓFAGOS ATIVADOS → Apresentam a LINFÓCITOS T → Antígenos bacterianos expressos em associação com as moléculas do complexo de histocompatibilidade principal. • CITOCINAS → Produzidas por células T ativadas modularão a função dos macrófagos. • Acredita-se que as CÉLULAS TH2 e LINFÓCITOS T CD8+ → Estimulam a destruição de macrófagos infectados com atividade inibida pelos bacilos (não se sabe se por apoptose) → Produzindo grânulos bacteriostáticos e bactericidas, respectivamente. • IFN-γ, citocinas como a IL-12 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) são considerados importantes na imunopatogênese da tuberculose. ✓ RESPOSTA INFLAMATÓRIA • Com o surgimento da hipersensibilidade do tipo retardado → Macrófagos infectados no interior do granulomas morrem. • Bacilos tendem a se localizar no centro do granuloma e a periferia torna-se fibrótica e caseosa. • Necrose Tecidual (que ocorre na tuberculose) → Tem alto teor de gorduras liberadas pelo metabolismo bacilar → Apresentando um aspecto denso e espesso → NECROSE DE CASEIFICAÇÃO. • Embora o bacilo não consiga se multiplicar dentro do CÁSEO → devido à escassez de oxigênio → Pode permanecer viável por décadas. A natureza da resposta imunológica determinará se a infecção será contida ou progredirá. o Quando o processo de defesa é bem-sucedido → constitui-se um equilíbrio parasito/hospedeiro → Bloqueio da proliferação bacilar e da expansão da lesão → Impedindo o aparecimento da doença. Assim, a doença acontece quando: o Na infecção inicial → Devido a um nº excessivo de bacilos e/ou fatores que diminuem a capacidade de resposta imune do hospedeiro. Equilíbrio não chega a ocorrer → Estabelecendo uma TUBERCULOSE PRIMÁRIA; o Posterior à infecção inicial → Uma forma de tuberculose pós-primária, pela quebra do equilíbrio parasita versus hospedeiro. POR REATIVAÇÃO ENDÓGENA → Com rebaixamento da resposta imune local ou sistêmica e/ou provável aparecimento de cepas mutantesde bacilos mais virulentas com maior capacidade de multiplicação. POR REINFECÇÃO EXÓGENA → Com um nº excessivo de bacilos → Associada ou não à imunodeficiência. ✓ A DOENÇA PROPRIAMENTE DITA • Cerca de 5 a 10% dos infectados adoecerão em algum momento de sua vida. • Doenças e condições que debilitam a imunidade, como: desnutrição, etilismo, idade avançada, aids, diabetes, gastrectomias, insuficiência renal crônica, silicose, paracoccidioidomicose, leucoses, tumores, uso de medicação imunodepressora → Constituem fatores que facilitam o adoecimento. • Interferem também no aparecimento da doença → Carga bacilíferas, Virulência e o Estado de Hipersensibilidade do organismo. • Se na ocasião da PRIMO-INFECÇÃO → Não ocorre o equilíbrio imunológico → Bacilos recém- implantados no parênquima pulmonar ou nos linfonodos → Continuam a se multiplicar → Dão origem a lesões sintomáticas → TUBERCULOSE PRIMÁRIA. • A resposta à multiplicação dos bacilos provoca → NECROSE CASEOSA → amolece e se liquefaz. • Mecanismos da liquefação → Estão provavelmente relacionados às enzimas produzidas por estímulo da hipersensibilidade. Quanto ↑ hipersensibilidade → ↑ capacidade de liquefação das lesões e ↑ destruição tecidual. • Os bacilos até então inibidos no seu desenvolvimento → Pela formação do granuloma → Encontram condições favoráveis à sua multiplicação após LIQUEFAÇÃO DO CÁSEO e o aparecimento da cavidade → Com um rápido crescimento das populações bacilíferas → carga de mais de 108 bacilos. • O desenvolvimento para a formação de LESÕES CAVITÁRIAS PULMONARES (CAVERNA TUBERCULOSA) → Caracteriza a tuberculose pós-primária e dela pode se propagar material infeccioso diretamente para dentro dos brônquios → Resultando em contínua eliminação de ESCARRO. • Evoluindo naturalmente → LESÕES PÓS-PRIMÁRIAS → Podem se disseminar e levar ao óbito → + de 50% dos pacientes. Ou se cronificar → ±25 a 30% deles. • Se a imunidade está íntegra → Pode haver cura natural do processo → Em 20 a 25% dos doentes. ✓ OS LIMITES ENTRE A INFECÇÃO E A DOENÇA • Tuberculose Infecção → Marcada pela presença da resposta POSITIVA ao Teste Tuberculínico + ausência de sintomas e/ou lesões progressivas que caracterizam a tuberculose. • O tratamento da INFECÇÃO LATENTE → indicado para os recém-infectados, rastreados entre os grupos de riscos → Protegeria o adoecimento primário, entendido como aquele que ocorre nos primeiros anos após a infecção. • Para os portadores da doença → Indicação de esquemas quimioterápicos associando drogas potentes → Além de curá-los, abortaria a transmissão dos bacilíferos nas primeiras semanas de tratamento. DIAGNÓSTICO • A TB é uma doença de evolução crônica ou subaguda → Sintomas tendem a ser indolentes e de intensidade crescente → Podendo apresentar períodos de remissão e relativo bem-estar. • Em aproximadamente 66% dos pacientes, a demora para a procura por assistência médica chega a até 3 meses. ✘ TUBERCULOSE PULMONAR • Os sinais, sintomas e as manifestações radiológicas dependem do tipo de apresentação da TB. • As principais formas de apresentação são a FORMA PRIMÁRIA, a PÓS-PRIMÁRIA (OU SECUNDÁRIA) e a MILIAR. • SINTOMAS CLÁSSICOS (podem ocorrer em qualquer das três apresentações) o Tosse persistente seca ou produtiva o Febre vespertina o Sudorese noturna o Emagrecimento. TB PULMONAR PRIMÁRIA o Normalmente ocorre em seguida ao 1º contato do indivíduo com o bacilo → + comum em crianças. o Manifestações clínicas podem ser insidiosas. o Paciente irritadiço o Febre baixa o Sudorese noturna o Inapetência. o Nem sempre apresenta tosse TB PULMONAR PÓS-PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA o Pode ocorrer em qualquer idade → + comum no adolescente e no adulto jovem. o Característica principal → Tosse seca ou produtiva. o Se tosse produtiva → Expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. o Febre vespertina, sem calafrios → Não costuma ultrapassar os 38,5°C. o Sudorese noturna o Anorexia TB MILIAR o Refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico → Pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária. o Forma grave da doença → + comum em pacientes imunocomprometidos → Pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. o Apresentação clínica → Pode ser aguda ou subaguda → ↑ frequência em crianças e em adultos jovens. o Apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. o Sintomas que ocorrem em 80% dos casos: o Febre e Astenia o Emagrecimento o Tosse ✘ TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR • Têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos. • Sua ocorrência ↑ pacientes coinfectados pelo HIV → especialmente aqueles com imunocomprometimento grave. • Principais formas diagnosticadas são: o TB pleural o Empiema pleural tuberculoso o TB ganglionar periférica o TB meningoencefálica o TB pericárdica o TB óssea ✓ DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO • Importância fundamental em adultos → Para o diagnóstico e para o controle de tratamento da TB. • Resultados bacteriológicos POSITIVOS → Confirmam a tuberculose ativa em pacientes com quadro clínico sugestivo de TB e em sintomáticos respiratórios identificados através da busca ativa. EXAME MICROSCÓPICO DIRETO – BACILOSCOPIA DIRETA o Método simples e seguro o Pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR → Pelo método de Ziehl-Nielsen → técnica + utilizada. o Baciloscopia do Escarro → Permite detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos. o Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída → Dificuldade de obtenção de uma amostra com boa qualidade. o Casos em que houver indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as 2 amostras de diagnóstico apresentarem resultado NEGATIVO → Podem ser solicitadas amostras adicionais. o Baciloscopia POSITIVA e quadro clínico compatível com TB → Fecham o diagnóstico e autorizam o início de tratamento da TB. o Lembrar que outros microrganismos podem ser evidenciados na baciloscopia direta e essa possibilidade deve ser considerada na interpretação de casos individualizados. TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA TUBERCULOSE (TRM-TB) o Indicado para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. o Teste de amplificação de ácidos nucleicos → Detectar DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real. o Apresenta o resultado em ± 2 horas em ambiente laboratorial → Necessária somente uma amostra de escarro. o Sensibilidade do TRM-TB em amostras de escarro de adultos é de ±90% → Sendo superior à da baciloscopia. o Também detecta a resistência à RIFAMPICINA → Sensibilidade de 95%. o Sensibilidade do TRM-TB para o diagnóstico em crianças (< 10 anos de idade) é menor que a apresentada para adultos (66%). o TRM-TB deve ser realizado em crianças → Quando existe a possibilidade e facilidade de coleta de escarro. o Uso rotineiro está indicado em adolescentes (≥10 anos de idade) → Já que a maioria tem TB bacilífera → + fácil de coletar amostras adequadas de escarro para exame. CULTURA PARA MICOBACTÉRIA, IDENTIFICAÇÃO E TESTE DE SENSIBILIDADE o Método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB. o Casos pulmonares com Baciloscopia Negativa → Cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença. o Os métodos para cultura de micobactérias utilizam → Semeadura da amostra em meios de cultura sólidos (resultado entre 14 a 30 dias, podendo estender-se por até 8 semanas) e líquidos (entre 5 a 12 dias quando POSITIVO e 42 dias quando NEGATIVO). o A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas moleculares. o Métodos disponíveis para o TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TS) são: o Métododas proporções → Utiliza meio sólido e tem seu resultado em até 42 dias. o Método automatizado → Utiliza meio líquido, com resultados resistentes disponíveis entre 5 a 13 dias; e sensíveis em 13 dias. Fármacos testados: ▪ Estreptomicina ▪ Isoniazida ▪ Rifampicina ▪ Etambutol ▪ Pirazinamida o O resultado da cultura confirma o diagnóstico de micobacteriose → Necessário identificar a espécie para caracterizar se é um caso de TB ou outra micobactéria. ✓ DIAGNÓSTICO POR IMAGEM • Radiografia de Tórax o Escolha na avaliação inicial e no acompanhamento de Tb Pulmonar. o Solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB Pulmonar. • Tomografia Computadorizada de Tórax ✓ DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO • Avaliação histológica de fragmento de tecido obtido por biópsia. • Método empregado na investigação das formas pulmonares que se apresentam radiologicamente como → Doença difusa e nas formas Extrapulmonares. TRATAMENTO • Atualmente o esquema quádruplo com RIFAMPICINA, ISONIAZIDA, PIRAZINAMIDA e ETAMBUTOL é o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde para as formas pulmonares e extrapulmonares, válido para casos novos, casos de recidiva (independentemente do tempo decorrido do primeiro episódio) e retorno após abandono. • Os comprimidos contêm os quatro fármacos, com dose fixa combinada e deve ser prescrito por 6 meses. o Na fase intensiva do tratamento (2 primeiros meses) → Utilizam-se os 4 fármacos. o Na segunda fase (4 meses subsequentes) → A rifampicina (RF) e a isoniazida (INH). • As vantagens da dose fixa combinada são: o Maior conforto para o paciente (redução do número de comprimidos); o Impossibilidade de tomada isolada de fármacos; o Simplificação da gestão farmacêutica. • Esse esquema quádruplo é válido para crianças acima de 10 anos. DIFICULDADES PARA FINALIZAÇÃO DO TRATAMENTO • É um processo multifatorial que apresenta características individualizadas que exigem respostas diferenciadas. o Fatores ligados ao doente: capacidade de lidar com situações determinadas pelo adoecimento, depressão e comorbidades ligadas à saúde mental e ao uso abusivo de substâncias psicoativas; o Fatores ligados à doença: relacionados à gravidade do quadro clínico, à percepção sobre a gravidade da doença, ao tempo de duração do tratamento e aos sintomas; o Fatores ligados ao tratamento: determinados pela complexidade do esquema terapêutico, quantidade de comprimidos a serem ingeridos, os efeitos secundários dos medicamentos e suas características específicas como sabor, cheiro e a regressão dos sintomas no início da terapêutica; o Fatores ligados ao contexto social: situações de vulnerabilidade social e a ausência de apoio para realizar o tratamento, a influência exercida por familiares e amigos e sua participação no tratamento; o Fatores ligados ao serviço: acesso à assistência e aos insumos, a existência de um fluxo claro de atendimento e de infraestrutura adequada, uma boa comunicação e, principalmente, a qualidade da relação estabelecida com a equipe de saúde. o Estigma da doença: está associada à fome e à pobreza e tem sido relacionada a comportamento desregrado como causa de uma doença que envergonha e que é temida por expressar algo que é socialmente passível de censura. As ideias de contágio são vagas e a observação de frequentes recaídas, em determinados grupos sociais, provocam descrença na possibilidade de cura da Tb.
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