Prévia do material em texto
1 Licenciatura Plena em Letras com Habilitação em Língua Espanhola ADRIANA APOLINARIO DE MATOS O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 A ALUNOS VENEZUELANOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL CASIMIRO DE ABREU PACARAIMA-RR 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA CAMPUS DE PACARAIMA CURSO DE LETRAS ADRIANA APOLINARIO DE MATOS O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 A ALUNOS VENEZUELANOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL CASIMIRO DE ABREU Monografia apresentada à Banca examinadora da Universidade Estadual de Roraima, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciatura em Letras com habilitação Plena em língua Portuguesa e língua Espanhola. Orientada pela Professora Cora Gonzalo. PACARAIMA-RR 2016.1 ADRIANA APOLINARIO DE MATOS O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 A ALUNOS VENEZUELANOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA MUNICIPAL CASIMIRO DE ABREU Monografia apresentada como requisito parcial obrigatório para conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Língua Espanhola encaminhada ao Departamento de Letras da Universidade Estadual de Roraima e avaliada pelos seguintes componentes da Banca Examinadora. Banca Examinadora: Professora Especialista Cora Gonzalo (Orientadora) Professor Mestre Jairzinho Rabelo Professora Especialista Iris Anita CESSÃO DE DIREITO É concedida à Universidade Estadual de Roraima – UERR permissão para reproduzir cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação, e nenhuma parte desta monografia poder ser reproduzida sem autorização por escrito da autora. ADRIANA APOLINÁRIO DE MATOS AGRADECIMENTO Agradecer primeiramente tudo quem sou, durante esta longa caminhada deste curso passei por muitas barreiras, desisti muitas vezes, com força e coragem pude superar os obstáculos quais eu tive em meu caminho, o período mais difícil foi quando passei por uma injustiça, calúnia e pressão psicológica, foi quando também decidi acabar com tudo, inclusive tirar minha própria vida. Mas Deus foi tão generoso comigo, que me presenteou com pessoas maravilhosas em minha vida, assim com ajuda destas pessoas pude renascer das cinzas ou melhor do fundo do poço. Agradeço a minha orientadora Cora Gonzalo, quem me incentivou, acreditou em mim e jamais desistiu de mim, mesmo quando o desânimo, desespero e as lágrimas surgiram não deixou eu desistir. Uma de suas últimas palavras já para conclusão de minha pesquisa foi; vamos lá que falta pouco para receber esse diploma. Não para! Professor Jairzinho Rabelo, quem me deu apoio durante a minha pesquisa, e recebendo em sua casa cedeu alguns livros para o desenvolvimento deste trabalho, foi generoso e saudoso comigo. A minha querida amiga Lucimaria Ferreira Lucena que esteve ao meu lado me aconselhando dando apoio e pedindo para eu não desistir, acreditou em mim, esteve presente no momento mais difícil da minha vida sempre torcendo pela minha vitória e superação, me tranquilizando com a palavra de Deus. A Ligia Barradas, que me acolheu em sua casa, esteve ao meu lado diante de todo problema que eu passei, me ajudou muito com palavras de incentivo e sempre acreditando em minha vitória. A minha Patroa Professora Hozana Sousa sempre me incentivando e me apoiando para o termino deste curso. E por fim a uma nova família que me acolheu em sua casa nestes últimos dias de conclusão da minha Monografia a Família Termusa Rodrigues Mota. Dedicatória Não deixe de acreditar. RESUMO Esta monografia é resultado de uma pesquisa desenvolvida na área de Linguística Aplicada com os alunos da Escola Municipal Casimiro de Abreu, localizada no município de Pacaraima, Fronteira com a Venezuela. O que motivou a realização da pesquisa foi a procura dos alunos venezuelanos nas escolas de Pacaraima focando, como se dá o ensino do português, visto que é uma segunda língua para os alunos estrangeiros venezuelanos do 6° ano do ensino fundamental; focando nas dificuldades que os mesmos encontram em assimilar a aprendizagem da Língua Portuguesa na oralidade e na escrita, sendo considerados bilíngues por dominarem as duas línguas, apesar das dificuldades. Também destaco a interculturalidade presente na escola que se encontra em contexto bilíngue. Desta forma foram utilizadas as bases teóricas deste trabalho, dividindo em tópicos como: Língua Materna, Língua Materna x Língua Segunda, Segunda Língua x Língua Estrangeira, LP como L2 para Alunos Estrangeiros, Escolarização em Contexto Bilíngue de Fronteira. A língua e suas relações interculturais. Os principais autores utilizados foram Almeida Filho, Saussure, Cavalcanti e Bakhtin. Esses conceitos representam os estudos aprofundados sobre o tema que ajudaram a compreender todos os aspectos metodológicos que nortearam este trabalho. Foi utilizada a metodologia qualitativa com Chizzotti e Richardson. Palavra-Chave: Língua Materna, Segunda Língua e contexto bilíngue. RESUMEN Esta monografia es el resultado de uma pesquisa desarollada en el área de Linguistica Aplicada con los alumnos de la Escuela Municipal Casimiro de Abreu, ubicada en el Municipio de Pacaraima, Frontera con Venezuela. Lo que motivo la realización de la pesquisa fue la procura de los alumnos venezolanos en las Escuelas de Pacaraima, enfocando como es la enseñanza del Portugués visto que es uma segunda lengua para los alumnos extranjeros venezolanos del 6° año de la enseñanza fundamental; enfocando en las dificultades que los mismos encuentran en asimilar el aprendizaje de la Lengua Portuguesa en la oralidad y escritura, siendo considerados bilíngues por dominar las dos lenguas, apesar de las dificultades. Tambien destaco la interculturalidad presente en la escuela que se encuentran en contexto bilíngue. De esta forma fueron utilizadas las bases teóricas de este trabajo, dividiendo en tópicos como: Lengua Materna, Lengua Materna x Lengua Segunda, Segunda Lengua x Lengua Estrangera, LP como L2 para Alumnos Extranjeros, Escolarización en Contexto Bilíngue de la Frontera. La Lengua y sus relaciones Intercuturales. Los principales autores utilizados fueron Almeida Filho, Saussure, Cavalcanti y Bakhtin. Esos contextos representan los estudios aprofundados sobre el tema y me ayudaron a compreender todos los aspectos metodológicos cualitativos com Chizzotti y Richardson. Palabras – llave: Lengua Materna, Segunda Lengua y Contexto Bilíngue SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................................10 1. MARCO TEÓRICO ........................................................................................12 1.1 LÍNGUA MATERNA.....................................................................................141.2 LÍNGUA MATERNA X SEGUNDA LÍNGUA................................................16 1.3 SEGUNDA LÍNGUA X LÍNGUA ESTRANGEIRA........................................17 1.4 LP COMO L2 PARA ALUNOS ESTRANGEIROS.......................................20 1.5 ESCOLARIZAÇÃO EM CONTEXTO BILINGUE DE FRONTEIRA.............22 1.6. A LÍNGUA E SUAS RELAÇÕES INTERCULTURAIS.................................25 2. MARCO METODOLÓGICO...........................................................................27 2.1 TIPO DE PESQUISA ...................................................................................27 2.2 UNIVERSO DA PESQUISA..........................................................................29 2.3 OS INSTRUMENTOS PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA.......................31 3. ANÁLISE DOS DADOS.................................................................................34 3.1 ANÁLISE BILINGUISMO..............................................................................34 3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS...............................................................37 3.3 LÍNGUA E CULTURA..................................................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................42 REFERÊNCIAS..................................................................................................44 APÊNDICES............................................................................................................47 10 INTRODUÇÃO Esta pesquisa na área de Linguística Aplicada visa à análise do processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa como segunda língua aos alunos venezuelanos do 6º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Casimiro de Abreu, focado nas dificuldades que encontram em assimilar a aprendizagem da Língua Portuguesa. Por meio dessa pesquisa os alunos deveram expor suas dificuldades e facilidades em aprender a segunda língua no contexto de diversidade linguística de fronteira. Pacaraima é um município brasileiro localizado no nordeste do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, por sua vez recebe em suas escolas alunos venezuelanos, onde os mesmos apresentam grandes dificuldades de aprendizagem da nossa língua materna, o português ensinado nas escolas, isso ocorre devido à interferência da língua espanhola na aprendizagem e da própria dificuldade de assimilarem as diferenças gramaticais, tanto na escrita, quanto na oralidade. Desta forma, buscarei nesta pesquisa identificar as dificuldades dos alunos venezuelanos no aprendizado da língua portuguesa como a sua segunda língua. Destacarei a escolarização em contexto bilíngue como pontos principais no contexto escolar, sem deixar de valorizar a realidade e a cultura de cada um. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa nos dizem que considerar o ensino aprendizagem de Língua Portuguesa, “como prática pedagógica resultantes da articulação de três variáveis; O aluno, os conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem; e a mediação do professor. ” (PCNS 1998.p.22). Dessa forma, esse processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa faz com que esses alunos se esforcem a cada dia para interagir num mundo novo deixando um pouco de lado sua língua materna, o que muitas vezes é uma tarefa árdua no aprendizado. https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima https://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima https://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima https://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela https://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela https://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela 11 O embasamento deste trabalho está dividido em seis linhas: Língua Materna, Língua Materna x Segunda Língua, Segunda Língua x Língua Estrangeira, LP como L2 para Alunos Estrangeiros, Escolarização em Contexto Bilíngue de Fronteira e a língua e suas relações interculturais. A metodologia da pesquisa foi desenvolvida através de pesquisas bibliográficas e de campo. Dessa maneira, o objetivo foi observar como se dá o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa (LP) para alunos venezuelanos na Escola Municipal Casimiro de Abreu, os problemas ao desenvolverem a oralidade e a escrita, principalmente o fato de serem bilíngues, mesmo com algumas dificuldades. Desse modo, o foco é o aprendizado de uma segunda língua com os alunos estrangeiros em sala de aula e a importância de reconhecer a interculturalidade existente na escola pesquisada. A pesquisa “O ensino e a aprendizagem da língua portuguesa como segunda língua a alunos venezuelanos do 6º ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Casimiro de Abreu” traz uma grande contribuição para a atuação dos professores e para a formação dos alunos. Visto que, propõe elementos de reflexão para melhoria do acolhimento dos alunos e compreensão dos processos de aquisição da Língua Portuguesa como L2, por que o aprendiz de segunda língua, no momento do seu processo de aprendizagem se depara com situações em que o seu conhecimento da língua como forma não é suficiente, visto que há outras regras relacionadas a aspectos socioculturais que influenciam os usos linguísticos. A linguagem não pode ser separada da cultura, elas se entrelaçam e é importante também considerar a realização desse processo de comunicação, o indivíduo é a fonte de manifestação de linguagem e cultura. Assim sendo, a linguagem e a cultura caminham juntas sim, uma cultura é diferente da outra, porém cada cultura tem suas especificidades, que divergem das outras. Cada sujeito possui sua identidade cultural, o que não o impede de conhecer e conviver com outras culturas, pois se sabe que a identidade é constituída através da diferença entre cada indivíduo, sendo de cultura origem ou lugar onde ele vive, para onde ele vai assim aprender uma nova língua sem perder sua identidade e língua de origem. 12 Portanto, a interculturalidade se define, através da relação entre as culturas, mas muito mais pela relação entre os indivíduos nas interações sociais e cultural, o que nos leva a pensar na necessidade de um trabalho visando o sujeito em formação linguística e cultural. 1. MARCO TEÓRICO Neste capítulo apresento as bases teóricas deste trabalho, dividindo os tópicos em: Língua Materna, Língua Materna x Segunda Língua, Segunda Língua x Língua Estrangeira, LP como L2 para alunos estrangeiros, Escolarização em Contexto Bilíngue de Fronteira e A língua e suas relações interculturais. Esses conceitos representam os estudos aprofundados sobre o tema que ajudarão a compreender todos os aspectos que estão envolvidos com a Língua Portuguesa como Segunda Língua a alunos venezuelanos. A linguagem desperta o interesse em várias áreas de estudo, por isso o estudo do fenômeno linguístico gerou várias ramificações. Assim, Ferdinand de Saussure, fundador da linguística tradicional. Nos faz questionar o fenômeno da linguagem: Mas, o que é a língua? Para nós ela não se confunde com a linguagem, ela é apenas uma parte dela, essencial, é verdade. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para possibilitar o exercício de tal faculdade pelos indivíduos.Considerada em sua totalidade, a linguagem é multiforme e heteróclita; cavalgando sobre diferentes domínios, ao mesmo tempo físico, fisiológico e psíquico, ela pertence ainda ao domínio individual e ao domínio social; ela não se deixa classificar em nenhuma categoria dos fatos humanos, e é por isso que não sabemos como determinar sua unidade. (1966: p.25) . Dessa forma, a Língua e a Linguagem são algo estritamente individual, pois cada pessoa tem seu jeito próprio de se manifestar em meio a um grupo social. Usufruindo de seus conhecimentos linguísticos, a mesma torna-se apta a expressar o pensamento de acordo com sua visão de mundo adquirida ao longo das experiências. Para Petter (2005, p.11), “a linguagem é relativamente autônoma; como expressão de emoções, ideias, propósitos, no entanto, ela é orientada pela visão 13 de mundo pelas injunções da realidade social, histórica e cultural de seu falante”. Ou seja, a língua e a linguagem são a capacidade de ampliar a visão da realidade de mundo de um falante. A língua é, portanto, uma parte determinada da linguagem, mas uma parte essencial. Assim a língua é a parte da linguagem que existe na consciência de todos os elementos da comunidade linguística, o conjunto das marcas colocadas pelo método social de inúmeros atos da fala concretos. Ou seja, a língua não é apenas um sistema de sons, é muito mais que um instrumento de comunicação; uma língua é um comportamento social tal como ligada à vida, à cultura e à história de um povo, são os falares, os modos de ser, os valores, as crenças, que fazem com que os povos sejam diferentes, ela é falada de uma forma, visto que se limita de fronteiras e o país de cada um. Devemos considerar a linguagem como uma identidade capaz de encerrar e veicular sentidos por si mesmos, de expressar o pensamento; a língua é um sistema de símbolos pelo qual a linguagem se realiza. Compreendo que a língua é um processo de construção histórica e social, onde ela está sempre em transformação; ela muda se cruza se complementa e se modifica constantemente, acompanhando o movimento de transformação do ser humano e suas formas de organização social. Ribot, na “Evolution des idées générale” diz: “Apesar de todas as diversidades, todas as línguas humanas têm um fundo comum, constituído por certo número de raízes semelhantes. Mas, sobretudo o que por toda parte é idêntico é o próprio pensamento, são as operações intelectuais significadas e sintetizadas em sistemas de verdades científicas: em todos os lugares e sempre, sem grande dificuldade, os homens de todas as raças chegam a compreender-se e a comunicar, uns aos outros, seu patrimônio intelectual, estabelecendo uma equivalência entre suas línguas. “A única hipótese explicativa deste fato é a unidade específica da humanidade, estando ligada a diversidade das línguas às diferenças ‘individuais, socializadas pelas raças e as nações.” (RIBOT, p. 81 apud MELO, 2009). Cada língua possui suas particularidades, e seus signos linguísticos determinados por seus valores históricos, porém, desde a mais complexa até a mais simples tem o mesmo objetivo; simplesmente comunicar, o fato de que 14 mesmo diferentes, elas fazem parte de um conjunto semelhante. Mas não podemos esquecer que para cada língua existe um conjunto de fatores que as diversificam. Nessa diversidade, surgem vários problemas como veremos a seguir. Dentre a grande área de estudos da linguagem está a Linguística Aplicada. Conforme Cavalcanti (1986) um ponto importante da Linguística Aplicada (LA) é a realização comunicativa da língua natural. Esta pode ser utilizada quando se identifica uma questão específica de uso de linguagem dentro ou fora do contexto escolar. Essa questão ou problema de uso da linguagem identificada no município de Pacaraima é um campo de estudo da LA. Pois, embora alguns alunos estrangeiros recebam aprendizagem do Português como língua materna em perspectiva formal nas escolas de Pacaraima, Revuz (1998, p. 215), nos diz que “A aprendizagem de uma segunda língua só é possível, porque já se teve antes acesso à linguagem através da língua materna”. Uma segunda língua (L2), aprendida depois e tendo como referência uma primeira língua (L1), aquela da primeira infância. Como ampliaremos nas próximas seções, descrevendo os termos língua materna, segunda língua e língua estrangeira. 1.1 LÍNGUA MATERNA A língua materna é a primeira língua que uma criança aprende e que geralmente corresponde ao grupo étnico-linguístico com que o indivíduo se identifica culturalmente. Por exemplo, em certos casos, quando a criança é educada por pais (ou outras pessoas) que falem línguas diferentes, é possível adquirir o domínio de duas línguas L1, configura-se então uma situação de bilinguismo. Segundo Ilari (1985, p.28), o aprendizado da língua materna “é um processo constante e sem fim”. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bilinguismo 15 No que se refere à língua materna entendemos como a língua que é falada e praticada pelo sujeito, pelo fato de ser a língua também falada e praticada pela sociedade onde ele nasceu. Conforme BAKHTIN: A língua materna – não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas, nós a adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a comunicação verbal viva que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. Assimilamos as formas da língua somente nas formas assumidas pelo enunciado e juntamente com essas formas. (1992, p. 301). O ensino de Língua Materna se justifica, prioritariamente, pelo desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. É torná-lo apto a se comunicar e a entender aquilo que os outros comunicam nas mais diversas situações de uso da língua. Para melhor reflexão, a diretora geral da UNESCO11 no seu discurso por ocasião das comemorações do Dia Mundial da Língua Materna, em 2011 disse que “ As línguas maternas têm um papel fundamental em nossas vidas, pois são o meio pelo qual verbalizamos o mundo pela primeira vez, sendo as lentes pelas quais começamos a entendê-lo. ” A aquisição da Primeira Língua, ou da Língua Materna, é uma parte integrante da formação do conhecimento de mundo do indivíduo, pois junto à competência linguística se adquirem também os valores pessoais e sociais. A Língua Materna caracteriza, geralmente, a origem e é usada, na maioria das vezes, no dia-a-dia. Segundo Carlos Travaglia: “O ensino produtivo é sem dúvida o mais adequado a consecução do primeiro objetivo de ensino de língua materna [...], ou seja, o desenvolver a competência comunicativa já que tal desenvolvimento implica a aquisição de novas habilidades de uso da língua [...] , (1997, p.40) O que podemos observar é que no ensino de língua materna o trabalho com ela é produtivo onde os alunos possam desenvolver sua capacidade comunicativa, como usuários da língua, de forma a produzir e compreender 1 www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the.. http://www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the http://www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the 16 textos, interagir, expressar, saber raciocinar, falar e escutar. O ensino de língua materna compreende três situações; pensar, comunicar e interagir. Portanto, é com a língua que comunicamos com o mundo e formamos vínculos de convívio e interação com o outro. É por meio da linguagem, ela falada ou escrita, que nos expressamos e representamos nosso aspecto sócio- cultural. Consequentemente, o ensino da língua materna é muito importante na formação humana, é a partir desse ensino que definirá o indivíduo na sociedade, isto é, influenciará na vivencia humana, desde o pensar critico em ensinar e aprender para a vida; é a partirdo pensar, comunicar e interagir que nos tornamos mais humanos. Diante disso, a aquisição da Primeira Língua, ou da Língua Materna, é uma parte integrante da formação do conhecimento de mundo do indivíduo, pois junto à competência linguística se adquirem também os valores pessoais e sociais. A Língua Materna caracteriza, geralmente, a origem e é usada, na maioria das vezes, no dia-a-dia. A seguir apresento conceito para ampliação e entendimento sobre Língua Materna e Segunda Língua. 1.2 LÍNGUA MATERNA X SEGUNDA LÍNGUA Baseados numa conceituação de perspectiva discursiva do que seja língua materna e língua estrangeira, verificamos que sempre seremos influenciados por nossa primeira língua (aqui entendida como língua materna) e, que a aprendizagem de uma segunda ou terceira língua (aqui entendidas como língua estrangeira) só será possível nesse permanente contato-confronto (BERTOLDO, 2003), conflito (CORACINI, 2003) entre as duas línguas. Ou seja, fica clara a impossibilidade de esquecer a língua materna, no momento em que se aprende a outra língua. Já para Almeida Filho: 17 Um degrau ainda mais elevado de civilização começa a ser galgado quando uma sociedade através de suas instituições começa a se preparar para pesquisar e ensinar como língua estrangeira (LE) e/ou segunda língua (L2) a sua própria língua primeira, materna, escolar e, muitas vezes, nacional ou pátria. (1992, p.2) Ou seja, o ensino da língua portuguesa como uma nova língua a falantes de outros idiomas, para melhor compreensão e desenvolvimento da amplitude da língua. O idioma materno é aprendido através da família, em casa. A habilidade na língua materna é indispensável para a aprendizagem futura, uma vez que constitui a base do pensamento. Por outro lado, uma desenvoltura incompleta na língua materna dificulta a aprendizagem de segundas línguas que, por sua vez, representam uma nova fronteira para promover a diversidade linguística. 1.3 SEGUNDA LÍNGUA X LÍNGUA ESTRANGEIRA A segunda língua para os teóricos se dá por aquisição, contato constante; para Griffin (2005, p.28), o termo “segunda língua (L2) ” “é usado quando uma língua é aprendida depois de uma primeira e enquanto o indivíduo mora no país onde se emprega esta língua como língua de comunicação”. Ou seja, a aprendizagem de uma segunda língua só é possível, porque já se teve antes acesso à linguagem através da língua materna. Já a língua estrangeira se dá através do ensino num ambiente formal de aprendizagem. Conforme Almeida Filho: Ensinar uma língua estrangeira implica, pois, uma visão condensada e frequentemente contraditória (uma imagem composta) de homem, da linguagem, da formação do ser humano crescentemente humanizado, de ensinar e de aprender uma outra língua, visão essa emoldurada por afetividades específicas do professor com relação ao ensino, aos alunos, à língua-alvo, aos materiais, à profissão e à cultura alvo. (2002, p. 15). 18 Deve levar em conta as diferenças entre aquisição e aprendizagem da língua estrangeira, para obter resultados positivos, pois, como no ambiente da sala de aula, o aluno aprende a língua estrangeira, não a adquire como adquiriu a língua materna, e por isso o professor deve aproximar o espaço em sala de aula, o máximo que puder do ambiente natural, propondo situações comunicativas diversas com atividades de interação que resultem em comunicação autônoma. Richter (2000, p. 35) faz uma explanação sobre a importância do interacionismo no processo de aquisição da linguagem: Quanto à aquisição da linguagem, trata-se de reconhecer que os fatores interacionais têm maior influência do que os formais. Isto significa que saber a descrição de uma língua pode ajudar na conquista da competência comunicativa, mas, ressalte-se, bem menos do que se possa imaginar. O fundamental é agir comunicativamente no grupo. Ou seja, a sala de aula em que apenas o professor detém a direção não se tornará um ambiente propício de aprendizagem, uma vez que a participação de todos se faz necessária para que a comunicação aconteça. É a interação que possibilita a aprendizagem. A aquisição de uma L2, por sua vez, se dá, quando o indivíduo já domina em parte ou totalmente a (s) sua (s) L1, ou seja, quando ele já está em um estágio avançado da aquisição de sua Língua Materna. Para Revuz: A língua estrangeira é, por definição, uma segunda língua, aprendida depois e tendo como referência uma primeira língua, aquela da primeira infância. Podese apreender uma língua estrangeira somente porque já se teve acesso à linguagem através de uma outra língua. (1997, p. 215) Por isso, o encontro com outra língua aparece efetivamente como uma experiência nova. O encontro com este fenômeno linguístico como tal, mas nas modalidades desse encontro, que se dá através de outra língua. Na nossa concepção, esta modalidade de encontro de que se refere ao reconhecimento. Ou, ainda, quando diz: O encontro com a língua estrangeira faz vir à consciência alguma coisa do laço muito específico que 19 mantemos com nossa língua. Esse confronto entre primeira e segunda língua nunca é anódino para o sujeito e para a diversidade de estratégias de aprendizagem (Ou de não aprendizagem) de uma segunda língua, que se pode observar quando se ensina uma língua e se explica, sem dúvida, em grande parte pelas modalidades desse confronto. (Revuz, 1997, p. 215). Ou seja, fica clara a impossibilidade de “esquecer” a língua materna, no momento em que aprende outra língua. Stern (1970, p.64) afirma que “a presença da primeira língua no indivíduo aprendendo uma segunda língua é um fator que não se pode ser ignorado”. A aprendizagem de uma língua na infância é um processo inevitável, a aprendizagem de uma segunda língua é uma realização especial. Ou seja, a aquisição de língua materna e de aquisição e aprendizagem de uma segunda língua são ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes; pois o grau, a formalidade situacional em que estes dois confrontos ocorrem, varia no contexto em que a criança adquire a língua materna com o contexto em que a segunda língua é aprendida fora de seu país de origem, o status de uma língua também pode variar com o tempo, é necessário estabelecer uma outra relação com ela. Aprendizagem de uma L2 acontece mais tarde que a aquisição da primeira língua; pode acontecer de forma formal, planejada e metódica, aquela que se dá em sala de aula, e de forma informal e não estruturada, aquela que se dá na comunidade, entre os falantes nativos daquela língua. Ellis (1997) afirma ser mais utilizado o termo aquisição de “segunda” língua, independente de se aprender a língua - alvo no país em que a língua é falada ou em sala de aula. Aprender uma língua em sala de aula envolve instrução formal da língua, e aprendizagem de regras e de itens específicos da língua-alvo. Ou seja, a aprendizagem de uma língua se faz na interação com os alunos em sala de aula e se possível, fora dela, deve se propiciar aos alunos expansão de seu conhecimento linguístico, procurar saber se os falantes conseguem adquirir uma L2 da mesma forma que adquiriram a sua língua materna. Almeida Filho nos fala que: As várias manifestações L2 têm em comum o contato estreito entre duas línguas num mesmo espaço e numa dada relação de poder mantida temporária ou perenemente. Já uma LE não conta 20 tradicionalmente com o contato social próximo, interativo e generalizado com uma L1 predominante. As variantes de ensino e aprendizagem de uma L1 encerram em si grande parte do espectro de contextos que vai da L1 à LE passando pelas instâncias de L2. Essa parte do espectro é a que contempla o ensino de L1 como língua escolar de prestígio. Para crianças de dialetos desprestigiados, muitos primariamenteoralizados, que chegam à escola confrontadas com o dialeto-padrão, o Português da escola se parece com uma L2 (externa). (1992, p.6) Para que se encontre sentido no que se está aprendendo, é preciso que o aprendizado seja tomado em conjunto e em relação a outras coisas. Dessa forma, é preciso que o aprendiz se envolva em situações reais de interação, de comunicação efetiva na nova língua, entrar em relações com os outros para troca de experiências que possibilitem novas compreensões e crescimento. Almeida Filho (2002) apresenta métodos comunicativos para o ensino de línguas, os quais têm por base uma abordagem comunicativa. São métodos com foco no sentido, no significado e na interação entre sujeitos na língua estrangeira. Segundo ele (2002, p. 36), o ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se torne capaz de usar a língua alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua. Portanto, ensinar línguas é ensinar o social, o humano, o político, o histórico, o geográfico e o econômico de um povo, compreendendo sua cultura, sua identidade, sua diversidade, contradições e desigualdade de gênero, classes, religiões e emblemas pelos tantos que utilizam a mesma língua. A seguir abordarei especificamente a temática sobre o ensino de LP como L2 para os alunos estrangeiros 1.4 LP COMO L2 PARA ALUNOS ESTRANGEIROS A utilização da língua portuguesa (LP) tem se expandido muito, uma vez que esta língua é vista como uma língua privilegiada para as relações internacionais. As práticas nas escolas da aprendizagem do Português devem 21 iniciar-se no ensino pré-escolar e continuar ao longo de toda a escolaridade, com um currículo e metodologia próprios. Para que o processo ensino-aprendizagem de língua portuguesa para estrangeiros seja conveniente, é necessário utilizar conhecimentos teóricos e metodológicos que se afinem com as expectativas, ou seja, faz-se necessário dar valor à cultura do aluno, como forma de enriquecer o processo de aprendizagem vivido pelo mesmo. A aprendizagem da segunda língua pelo aluno estrangeiro é um grande desafio, isso por causa do grau de dificuldade de assimilação. Grannier parte da perspectiva de formação do docente e do aprendiz e sobre isso a autora assim discorre: No que diz respeito à abordagem do ensino da língua, naquilo que existe de mais essencial, não há diferença. Em todas as situações em que cabe uma das caracterizações acima, a língua portuguesa, para o aprendiz, é uma língua nova. Em todas essas situações, o aprendiz já conhece, pelo menos, uma outra língua a sua língua materna (L1). Ou seja, a existência de um conhecimento linguístico anterior, configurado na primeira língua do aprendiz, é o que define o denominador comum dessas situações de ensino/aprendizagem (E/A), como o E/A de uma nova língua (LN).Nas palavras da autora, o denominador comum da abordagem de ensino de um público em situação de aprendizagem de uma segunda língua (L2) é exatamente a língua alvo como uma língua NOVA, em outras palavras, uma língua não materna. (2011, p.1) Ensinar a segunda Língua para estrangeiros implica não só oferecer informações para alcance de conhecimentos, mas também possibilitar ao aluno experimentar uma nova cultura, ou seja, permitir-lhe acesso à cultura da língua alvo, nesse caso a Língua portuguesa. Acreditando serem necessários, além dos conhecimentos linguísticos, os conhecimentos para linguísticos. A linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações; já a língua é um conjunto organizado de elementos (sons e gestos) que possibilitam a comunicação. Segundo Almeida Filho, ensinar L1 não é como “ensinar uma língua a quem não a possui” (2005 p. 8). Uma aula de língua portuguesa não corresponde a ensinar essa língua a quem não sabe. Trata-se, melhor, de não ensinar a língua 22 propriamente e, sim, de fazer o aprendente perceber-se enquanto cidadão na linguagem. Diante do exposto, ensinar L1 é reconhecer as variantes da língua, facultando ao aluno o acesso à variante padrão. Entendemos que a formação do professor de LP é um ponto diferenciador e especifico para o ensino, quer no contexto de língua materna, quer no de língua não-materna estrangeira ou segunda. Assim deveria ser o ensino da LP como L2 aos alunos estrangeiros, no entanto, a realidade da escola é um pouco diferente, na próxima seção apresentamos a discussão sobre escolarização em contexto bilíngue, para embasar as discussões da realidade escolar em Pacaraima. 1.5 ESCOLARIZAÇÃO EM CONTEXTO BILINGUE DE FRONTEIRA Como afirma Cavalcanti (1999), no Brasil não se podem ignorar os contextos de educação ou escolarização em contextos bilíngues de minorias. As comunidades de fronteira apresentam um cenário complexo de contato/conflito, neste caso específico, as escolas denominadas bilíngues em português, recebem alunos venezuelanos com dificuldades na escrita e na oralidade desta língua. A necessidade do domínio de uma segunda língua, tem se tornado algo fundamental. Um sujeito bilíngue apresenta domínio em qualquer uma das quatro habilidades linguísticas (ler, escrever, compreender e falar) em uma segunda língua. Entendemos aqui que um indivíduo bilíngue é aquele capaz de fazer uso social de duas (ou mais) línguas (ou dialetos) no seu dia a dia (Grosjean, 1999). A escolha desta definição justifica-se por sua amplitude, já que levam em consideração diferentes aspectos: Um uso proficiente ou funcional de cada idioma; a apropriação de duas ou mais línguas; os diferentes contextos e processos que levaram à aquisição e ao uso de mais de uma língua; a frequência e os diferentes propósitos para o uso de cada língua; ou utilização das mesmas em contextos formais, informais, dando conta das variações linguísticas ou até dialetos. 23 Ninguém conhece uma língua em todos os seus aspectos, mesmo que esta língua seja a nativa, assim como é difícil comparar graus de conhecimento entre as duas ou mais línguas de que um indivíduo dispõe. São várias as definições de bilinguismo. Cito algumas das definições de alguns dos autores sobre o conceito de bilinguismo. De acordo Grosjean (1994, p.1657), um dos aspectos mais interessantes do bilinguismo é o fato de que duas ou mais línguas estão em contato em um mesmo indivíduo. Ou seja, o indivíduo falante bilíngue não é um elemento independente. É um comportamento moldado de formas variadas que depende das relações que o indivíduo estabelece com os outros e com o meio social circundante. Acredita-se que se duas línguas são usadas para transmitir um mesmo conteúdo, reduz-se a motivação dos alunos para compreender o que está sendo ensinado na L2, assim como se neutraliza o esforço do professor e dos alunos para usar a L2, já que eles podem recorrer à L1 para atingir suas finalidades comunicativas; o bilinguismo é a situação linguística na qual os falantes são levados a usar alternativamente, segundo os meios ou situações, duas línguas diferentes. Cito um exemplo de uma pesquisa de Santos (2004), O cenário multilíngüe/multidialetal/multicultural de fronteira e o processo identitário “brasiguaio” na escola e no entorno social. Ela mostra como os alunos encontram dificuldades na escrita em português. A visibilização das identidades “brasiguaias”, ressaltada pela construção de uma identidade una, se evidencia no contexto escolar principalmente pela linguagem. Como os alunos “brasiguaios” da escola em foco são em sua maioria descendentes de alemães e/ou italianos, têm como língua materna o português e/ou alemão/italiano, foram alfabetizados no Paraguai em espanhol,fazendo parte do programa escolar também a língua guarani, ao chegarem na escola brasileira encontram dificuldades com a língua portuguesa padrão escrita. ( p.8). Ou seja, estes alunos têm como língua materna a língua portuguesa e/ou outra língua estrangeira (como o alemão e/ou italiano). Iniciaram o processo de alfabetização no Paraguai, em espanhol. É possível perceber que o problema se encontra ao retornarem ao Brasil, deparam-se na escola com a língua portuguesa escrita, que pouco conhecem. 24 Ainda neste artigo a autora faz uma comparação entre alunos “brasiguaios” e alunos “brasileiros”, constata que, salvo quanto ao bilinguismo português/espanhol vivenciado pelos “brasiguaios”, ambos estão sujeitos aos demais fatores comprometedores. Dessa forma, as possibilidades de ir e vir na fronteira, de se apropriar de uma segunda língua, de conviver entre culturas diferentes, constituem-se em limites para o aluno brasiguaio na convivência do espaço escolar. O termo “brasiguaios” é utilizado em referência aos brasileiros que viveram por um determinado período no Paraguai, mas, por algum motivo, voltaram a morar no Brasil. As orientações das políticas educacionais voltadas para o mito da unidade linguística trazem implícitas a concepção de que língua é sempre a língua majoritária padrão, e o que foge ao padrão constitui-se erro. Essa postura tem como consequência “a valorização apenas daquelas crianças que chegam à escola trazendo na sua bagagem linguística o portuguêspadrão e expulsa as que não o trazem” (Bagno, 2000, p.30). Compreendemos que é papel da escola possibilitar a todos os que nela ingressam o acesso à norma culta, sem diferenciar as linguagens dos alunos. No ensino-aprendizagem de língua materna, o que se pretende não é levar os alunos a falar de acordo com as normas cultas, mas possibilita-los a escolha da forma de fala a ser utilizada de acordo com a situação comunicativa. O aluno deve saber colocar o que fala e o que escreve e como fazer, cabe à escola exercer seu papel formador de cidadãos capazes de realizar sua função social, convivendo com a linguagem adquirida na comunidade linguística na qual estão colocados, e tendo a oportunidade de aprender a linguagem padrão para a ele servir-se, quando a necessidade atribuir seu uso, nas várias situações de sua vida diária. Para finalizar o arcabouço teórico apresentamos a discussão sobre as relações interculturais e sua importância na educação. 25 1.6 A LÍNGUA E SUAS RELAÇÕES INTERCULTURAIS As culturas são diferentes em suas línguas, nos padrões de comportamento e de valores, de grupos sociais distintos, ou seja; comunicação intercultural é analisar as diferenças de culturas existentes, a fim de facilitar as relações entre culturas diferentes. A compreensão de que aquilo que somos é a maneira como usamos a língua; em um mundo aonde a globalização vem crescendo, onde as informações atravessam fronteiras, torna-se inevitável que aprendemos a conviver com realidades diferentes da nossa. Portanto, a comunicação intercultural é cada vez mais uma necessidade para o entendimento entre as pessoas. A comunicação intercultural contribui para a educação de respeito e de tolerância entre as pessoas através do estudo das diversidades culturais. Segundo Bennetta: Comunicação intercultural é a “interação que ocorre quando o enunciado de um membro de uma determinada cultura deve ser recebido, interpretado e compreendido por um outro indivíduo pertencente a uma cultura diferente” (p.46, 2002 apud CANTONI, 2005). Ou seja; a cultura é responsável por parte das realidades individuais, das capacidades e, sobretudo, dos comportamentos comunicativos. Portanto, quando as competências e os comportamentos de ambos são diferentes, pode haver menos eficácia na comunicação, uma menor interação ou até mais difícil de obter. O mesmo autor afirma ainda que o objetivo da comunicação intercultural é analisar as dificuldades de interação e aumentar a sua eficácia entre culturas. Se esse objetivo for alcançado, será um precioso instrumento para os encontros interculturais. 26 Dessa forma, aprender uma nova língua é um direito. Um direito que deve ser oferecido a todo aquele que desejar aprendê-la. É o que reforça o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas: O aprendente de uma língua torna-se plurilíngue e desenvolve a interculturalidade. As competências linguísticas e culturais [...] permitem, ao indivíduo, o desenvolvimento de uma personalidade mais rica e complexa, uma maior capacidade de aprendizagem linguística e também uma maior abertura a novas experiências culturais. (Conselho da Europa 2001: p.73) Como vemos, esse não é um receio sem fundamento, mesmo assim, é um desafio que deve ser enfrentado, visto que a aprendizagem do português é um desejo de grande parte dos falantes de outras línguas, assim é fundamental que se estabeleça entre os aprendizes, trocas que lhes permitam dizer algo, expressar o que pensam e o que sentem em relação à língua e a nova cultura em contexto de aprendizagem. Assim, na abordagem intercultural, a postura do professor frente à língua e cultura estrangeiras é fundamental, pois ele é um dos maiores formadores de opinião. Portanto, a formação intercultural do professor é fundamental para que ele possa abordar de forma adequada as semelhanças e diferenças interculturais e proporcionar a aprendizagem intercultural tornando uma oportunidade para crescermos como seres humanos. Diante dos fatos mencionados vemos que a interculturalidade pode sensibilizar o aprendiz no respeito e na aceitação das suas e das outras culturas, tornando o ensino de português mais eficaz. Portanto, é necessário haver um aperfeiçoamento das metodologias didáticas com finalidade de dar oportunidade para alunos de língua estrangeira, de não só aprender com maior rapidez os idiomas, mas também de resolverem impasses do cotidiano escolar com maior agilidade, uma vez que os mecanismos adquiridos com a interculturalidade podem ser usados não somente com relação às línguas estrangeiras, mas ajudará também em todos os aspectos da vida do indivíduo. 27 [...] A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio homem. (Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. 2010; p.11). Antonio Chizzotti 2. MARCO METODOLÓGICO Neste capítulo fiz uma explanação dos aspectos metodológicos técnicos da pesquisa, baseadas nas referências bibliográficas que utilizei como recurso de conhecimento prévio para dar fundamento ao trabalho de campo sobre a língua portuguesa como segunda língua a alunos venezuelanos dos 6 º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Casimiro de Abreu no Município de Pacaraima. 2.1 TIPO DE PESQUISA Este trabalho foi desenvolvido através de Pesquisas Bibliográficas e de Campo, embasados nos estudos de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, segundo Antonio Chizzotti, Pesquisa Social: métodos e técnicas de acordo com Roberto Jarry Richardson. Segundo Chizzotti: Que a pesquisa sobre um problema determinado depende das fontes de informação sobre o mesmo. As informações podem provir de observações, de reflexões pessoais, de pessoas que adquiriram experiências pelo estudo ou pela participação em eventos, ou ainda do acervo de conhecimentos reunidos em bibliotecas, centro de documentação bibliográfica ou de qualquer registro que contenha dados. (2010, p.16) Ou seja, o uso dessas fontes de informação amparou-me na delimitação da pesquisa, esclareceu as dúvidas e orientou na busca da fundamentação e deu o subsídio necessário. Desta forma, coube a mim, enquanto pesquisadora, selecionar o assunto, definir e formular o problema, reunir e selecionar a documentação, elaborara revisão para o meu tema e dar continuação a pesquisa. 28 Para Moita Lopes (1996, p. 17) a pesquisa em Linguística Aplicada “trata- se de pesquisa: de natureza aplicada em ciências sociais; que focaliza a linguagem do ponto de vista processual; de natureza interdisciplinar e mediadora; que envolve formulação teórica; utilizando métodos de investigação de base positivista e interpretativa. Para esta pesquisa foi usado o método qualitativo, porque tem como objetivo propor uma explicação do conjunto de dados reunidos a partir de uma realidade social. Sendo que esse conhecimento passa pelo conceito que não seria realista prender a realidade a um único parâmetro de pesquisa. Diehl apresenta um esboço acerca desta estratégia: A pesquisa qualitativa, por sua vez, descreve a complexidade de determinado problema, sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos. (2004, p.29) Este método difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não emprega um instrumental estatístico como base na análise de um problema, não pretendendo medir ou numerar categorias. Podemos partir do começo de que a pesquisa qualitativa é aquela que trabalha com dados qualitativos, isto é, a informação coletada pelo pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as conclusões neles baseadas representam um papel menor na análise. Utilizarmos a pesquisa qualitativa porque acreditamos na educação de qualidade, então o qualitativo deve prevalecer, e não devemos estar presos enquanto educadores nos aspectos quantitativos. É o que nos esclarece a seguinte afirmação: Numa época como a nossa, em que só é teoria, o cifrável, aquilo que pode ser transformado em dados, contabilizado e despojado de identidade própria, em função da inquestionável estatisficação, propor encontra-nos com a substância do peculiar, o fatal da experiência, a pesquisa do relato anônimo, parece ser em si mesmo algo arriscado já que implica uma experiência viva de deciframento do outro, das relações, da realidade, e inclusive de um mesmo. (MARINAS Apud LÜDKE, M. e ANDRÉ, M. 1986:61). 29 Nota-se, a importância de se manter informado sobre o que está ocorrendo; por isso, a pesquisa qualitativa foi uma estratégia que me ajudou a buscar informações de forma clara, coerente e precisa, foi adequada de acordo com as pessoas que foram entrevistadas. 2.2 UNIVERSO DA PESQUISA A pesquisa ocorreu com alunos venezuelanos do 6º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Casimiro de Abreu. A escolha da escola foi devido ao grande índice de alunos venezuelanos matriculados. A Escola Municipal Casimiro de Abreu foi fundada em 28 de janeiro 1974, através do decreto nº 009/74, sendo administrada pelo Estado até novembro de 2005. Durante este período, várias ações foram realizadas envolvendo a comunidade escolar, através do plano de Desenvolvimento da escola com o objetivo de assegurar um ensino de qualidade e permanência dos alunos na escola. Em 16 de novembro de 2005, por meio do decreto de nº 076/05, a escola foi municipalizada. A escola está localizada numa região de fronteira e, nesse caso com a Venezuela, onde os alunos são atendidos pelo transporte escolar tanto pela manhã e tarde. A Instituição atende um total de 672 alunos segundo o senso escolar, distribuídos nas seguintes modalidades de ensino: cinco turmas do 3º ano, sete turmas do 4º ano e seis turmas do 5°ano, no turno matutino com um total de 338 alunos, no turno vespertino atende 334 alunos divididos em seis turmas do 6°ano, com um total geral de 672 alunos. Antes de a escola ser municipalizada, existia o ensino da EJA, depois do decreto o ensino passou para Escola Estadual Cícero Viera Neto. A estrutura física da escola oferece 12 salas de aula, 02 banheiros femininos e 02 masculinos, uma biblioteca com acervos didáticos e paradidáticos que ainda conta com um laboratório de informática, uma sala de multimeios com televisor, DVD, que funciona na sala de leitura vídeo e som para atender aos alunos nos dois turnos nas aulas diferenciadas que são oferecidas pelos docentes, há ainda uma sala para os professores, além da diretoria, a sala da 30 coordenação pedagógica e um pequeno espaço que serve de refeitório como também para apresentações culturais. A escola disponibiliza de um pequeno espaço a sua volta, dispõe de um ginásio para prática de esportes. Na escola, a gestão ainda é centralizada, pois segue as normas da Secretaria Municipal de Educação. Ela está composta pelo diretor Francimar de Souza Melo, Vice Diretora Maria Elane Paz da Silva, como Orientadora Isis Maia Malva e como Coordenadora Pedagógica Valdirene Teixeira Lima e um Secretário, Amauri da Conceição Almeida, cursando Letras. A Instituição oferece um espaço para Universidade Estadual de Roraima, que funciona no período Noturno com os cursos de Letras, sendo duas turmas com uma habilitação em Espanhol e uma turma com habilitação em Literatura, Geografia, e a turma de Ciência da Natureza com ênfase em Matemática e Física. Ela está composta pelo Diretor Huarley Matheus do Vale Monteiro e o coordenador Pedagógico Antônio Inácio da Silva. Na instituição não há Conselhos Deliberativos, mas há APM (Associação de Pais e Mestres), que realiza suas reuniões periodicamente, na própria escola com a participação dos pais e da gestão da escola. Segundo a gestão, a escola não está, no momento, trabalhando as relações com a comunidade, pois a forma mais frequente da comunidade participar da escola são as reuniões de Pais. Um fato preocupante, visto que, hoje tem se discutido muito sobre a importância do papel da família no processo de ensino e aprendizagem. O ensino de Língua Portuguesa na escola Municipal Casimiro de Abreu está organizado da seguinte maneira: da 3°a 6° ano são 4 aulas semanais de Língua Portuguesa. Quanto ao atendimento pedagógico aos professores, são realizados através de reuniões pedagógicas, planejamentos e conversas informais. Apesar da escola não ter seu PPP concluído, a coordenação pedagógica define como uma das metas principais da instituição a formação de alunos críticos, participativos, atuantes e autores do seu próprio conhecimento. 31 2.3 OS INSTRUMENTOS DE COLETA A pesquisa de campo desenvolvida neste trabalho foi conhecer aspectos importantes direcionado ao tema para obter informações. Com isso, foram utilizados entrevistas e questionários. De acordo com Furasté (2006, p.35), “a pesquisa de campo tem como objetivo imediato analisar, catalogar, classificar, explicar e interpretar os fenômenos que foram observados e os dados que foram levantados”. Por isso, a melhor maneira de entender o que passa na ideia do outro é essa interação face a face que é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. Segundo Roberto Richardson afirma: A entrevista é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas. É o modo de comunicação no qual determinada informação é transmitida de uma a outra pessoa. O termo entrevista refere-se ao ato de perceber realizado entre duas pessoas. (2008: 207). Ou seja, a importância da entrevista de ir a campo para compreender o que ocorre com o que os alunos pensam, agem e reagem sobre determinado assunto, permite o corpo a corpo, onde a comunicação é transmitida e recebida de forma simples, clara e objetiva. A entrevista utilizada foi a dirigida porque se trata de perguntas pré- formuladas, ou seja, são perguntas de forma que, permite o entrevistador ter controle sobre o entrevistado. O questionário permitiu levantar informações sobre as respostas por escrito e que o informante teve liberdadede opinar segundo o seu conhecimento específico de determinado assunto. Segundo Antonio Chizzotti : O questionário consiste em um conjunto de questões pré- elaboradas, sistemática e sequencialmente dispostas em itens que constituem o tema de pesquisa, com o objetivo de suscitar as informantes respostas por escrito e verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar ou informar. (2010, p. 55) Tendo em vista que a responsabilidade enquanto pesquisadora foi de saber a quantidade de perguntas que deveriam ser conforme os objetivos da 32 pesquisa e neste caso, o questionário executado foi de perguntas abertas, que teve a distribuição entre o professor de língua portuguesa e os alunos da escola campo. A pesquisa ocorreu com os alunos dos 6°ano do ensino fundamental da Escola Municipal Casimiro de Abreu para verificar as dificuldades em aprender a segunda língua LP. A escolha da escola foi devido à realidade e do intercâmbio cultural dos alunos venezuelanos ao receberem aulas de uma segunda língua de fato é o aprendizado de uma segunda língua com os alunos estrangeiros em sala de aula e a importância de reconhecer a interferência da língua espanhola no aprendizado de língua portuguesa em relação a Pacaraima sendo a mesma faz fronteira com Venezuela e a escola recebe alunos venezuelanos. A realização desta pesquisa ocorreu no primeiro semestre de 2016, onde foram realizadas entrevistas e aplicações dos questionários. A população alvo foram alunos dos 6°ano 01,02,03 e 04 do ensino fundamental, ao todo escolhi 2 alunos de cada turma e a professora de língua portuguesa que atuava nas turmas, foram aplicados 3 questionários sendo 1 para os alunos 1 para professora, além da entrevista com o Gestor da escola. Através da pesquisa de campo é que identificamos quais os conhecimentos que os alunos já construíram sobre o aprendizado de uma segunda língua no caso LP e quais as dificuldades que ainda encontram. A escolha da escola com intuito de fazer um trabalho diferenciado próximo para verificar a possibilidade de desenvolver a pesquisa. Através dos estágios supervisionados durante o curso, tive contato com a escola onde realizei a pesquisa, busquei trabalhar com os alunos do 6°ano, sendo eles venezuelanos. O foco da minha pesquisa foi direcionado na área de linguística aplicada e o conhecimento dos alunos relacionados ao bilinguismo. O objetivo geral da minha pesquisa foi analisar as dificuldades do ensino e aprendizagem da língua portuguesa na situação de analisar as dificuldades em aprender a segunda língua em um contexto de interculturalidade. Para realização da minha pesquisa utilizei computador para pesquisa e conhecer o tema da minha pesquisa, trabalhos publicados, para melhor compreensão sobre o assunto; utilizei entrevista e aplicação de questionários através de 33 conversa informal algumas informações foram fundamentais. Primeiramente, fiz contato com o gestor da escola, para obter as devidas informações e principalmente para evitar mal-entendidos que pudessem dificultar a pesquisa e encontrar se na unidade em que exerce a sua função existem alunos venezuelanos na estudando. Iniciei a elaboração e planejamento do questionário, realizei entrevista com o gestor que atua na Escola Municipal Casimiro de Abreu onde realizei minha pesquisa, a unidade escolar da qual ele atua e exerce a função é do município. A entrevista realizada com o gestor foi individual porque era justamente enquanto todos estavam na sala de aula que ele encontrava espaço para responder minhas perguntas. 34 3. ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo apresentarei o marco teórico percorrido em busca de uma possibilidade de análise para responder à pergunta de pesquisa O ensino e a aprendizagem da língua portuguesa como L2 a alunos venezuelanos do 6º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Casimiro de Abreu. Serão apresentados os resultados das duas etapas da pesquisa através das respostas das entrevistas elaboradas tanto para a professora que atuava na turma do 6° ano com a disciplina de língua portuguesa, e com os alunos. Ao iniciar a pesquisa de campo, busquei estender um olhar sobre a escola, com a finalidade de verificar a real existência de alunos venezuelanos que estudam na referida escola, cujo período de registros foi de março a maio de 2016. 3.1 ANÁLISE DO BILINGUISMO Os anos selecionados na primeira e segunda etapa foram os mesmos, para que a pesquisa obtivesse mais êxito. Cada aluno respondeu o questionário. Neste momento apresentarei o resultado da análise dos questionários realizado pelos alunos. Diante de uma das perguntas do questionário sobre serem ou não bilíngues, uns responderam que falam 2 línguas, entre elas estão português e espanhol, ou “venezolano” e “brasileiro”, como eles falam; a professora afirmou ter alunos bilíngues na sala de aula, evidenciou nas suas respostas que, em cada sala há talvez uns 5 ou 6, às vezes mais, às vezes menos. Um sujeito bilíngue apresenta domínio em qualquer uma das quatro habilidades linguísticas (ler, escrever, compreender e falar) em uma segunda língua. Entende- se aqui que um indivíduo bilíngue é aquele capaz de fazer uso social de duas (ou mais) línguas (ou dialetos) no seu dia a dia. Na questão sobre quais são os casos de alunos falantes de mais de uma língua, a língua é o Espanhol, origem dos alunos venezuelanos, porém alguns residem em Pacaraima e têm descendência venezuelanos, outros são brasileiros 35 que moram na Venezuela o que causa o aluno ser bilíngue. Como apresentado em um dos questionários abaixo: Estes alunos por eles mesmos se consideram bilíngues, fato mostrado abaixo no questionário quando perguntado que língua é falada por eles o aluno A respondeu que fala o Español, Português e Inglês. Já o aluno B respondeu que fala Espanhol e Português, pelo fato de eles entrarem em contato com a outra língua já se consideram falantes da segunda língua ou bilíngue. A professora também evidencia o fato de encontrar dificuldades para se trabalhar nesse contexto do bilinguismo; para ela, alguns alunos venezuelanos têm maturidade com a língua portuguesa, mas na outra turma há uma dificuldade maior. Relatou que uma aluna não compreende nada da LP, nesse caso, a docente disse ter feito o que pôde para ajudá-la. Sobre o assunto, o gestor da instituição afirmou que é um choque de culturas quando estes alunos aprendem 36 uma outra língua, em sua resposta evidenciou que, a escola não tem um atendimento específico ou diferenciado para estes alunos, acredita-se que com a convivência do dia a dia em sala de aula os alunos se desenvolvam; pois os professores buscam da melhor forma tornar esta aprendizagem eficaz para o melhor aprendizado deste aluno. Aqui nas respostas, ficou claro que existe um choque de línguas e culturas diferentes. Almeida Filho (2002, p. 210) afirma que, “O lugar da cultura é o mesmo da língua quando essa se apresenta como ação social propositada. A experiência com e na língua-alvo em atividades envolventes e tidas como relevantes pelos alunos favorece o trabalho pela consciência cultural do outro e da própria L1 na aquisição de uma nova língua”. Ou seja, os aspectos culturais estão fortemente envolvidos no processo de ensino e aprendizagem da língua alvo e precisam ser valorizados, estes alunos ao entrarem em contato com a língua portuguesa e ao vivenciar essa nova cultura, começam a se sentir mais pertencentes ao meio no qual estão inseridos, e logo estabelecem relações sociais e afetivas com os alunos brasileiros. Dentro da realidade da escola acredita-se no trabalho que é oferecido é bom em grande parte, pois tentam na melhor maneira possível integrar estes alunos trazendo-ospara a realidade e trabalho. São acompanhados conforme os projetos que são desenvolvidos de acordo com a necessidade que é sentida em cada um. Compreende -se também que é papel da escola possibilitar a todos os que nela ingressam o acesso à norma culta, a intercuturalidade e a integração e aproximação sem diferenciar as linguagens dos alunos. Segundo Almeida Filho: “É uma língua que se presta à comunicação ampla desde a casa, passando pela rua até a escola e os meios culturais. Ela é uma língua em que se constitui a identidade pessoal, regional, étnica e cultural da pessoa [...]” (ALMEIDA FILHO, 2007, p.64). O fato de que as línguas são marcadas pela diversidade linguístico cultural, são diversos os usos linguísticos que decorrem de aspectos culturais e sociais, também dos que a têm como língua materna. O ensino/aprendizagem 37 de uma língua, satisfaz em ensinar ao aluno a conhecer em uma variedade e permitir a expansão dos seus recursos linguísticos, para que assim ele consiga caminhar pelas diversas variedades da língua. Portanto, no ensino/aprendizagem do português como segunda língua, é possível constatar que a estrutura da língua do aluno e da língua alvo de aprendizagem, é igual, sendo distinguida pelo elemento cultural, que é responsável pela diferença de usos entre elas. O aprendizado da língua portuguesa como segunda língua, deve significar para os alunos, desenvolver competências para ser e agir em sua própria língua com criticidade, em diferentes contextos. Na sequência, apresento se há dificuldades quanto à aprendizagem de LP como L2. 3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS Aqui apresento outra etapa da pesquisa sobre as dificuldades que os estrangeiros encontram em aprender a LP. Aprender uma segunda língua não é só estar centrado na escrita e nas suas regras de estrutura e combinações, a aprendizagem da segunda língua pelo aluno é um grande desafio, e a linguagem no ato de comunicação entre eles que vivem em sociedade ajuda a interação para a aprendizagem da segunda língua. Analisando os resultados da pesquisa na segunda etapa, a maioria evidenciou que não encontra dificuldades em aprender a LP, sendo que somente 1 encontra dificuldades. Para alguns dos alunos a professora poderia melhorar só na escritura, e para outro aluno poderia dar uma atenção a mais para os alunos venezuelanos. 38 Aqui ficou claro que embora a escola e o professor se esforcem para ajudar estes alunos, ainda uns encontram dificuldades em se trabalhar com a escrita, fatos mostrado na figura acima e enquanto a professora dá mais uma atenção aos alunos venezuelanos, mostrando que os próprios colegas de sala observaram esta dificuldade encontrada entre os colegas venezuelanos. Já a professora em resposta disse, que neste caso, atenção especial, dedicação é a base para melhorar o aprendizado deles, mas sua metodologia em alguns casos faz uso de dicionário, nas redações pede para que reescrevam, usando a LP, a segunda língua destes estudantes, e auxiliando-os ao uso do dicionário, mas sempre mostrando como se escreve a LP. Já o gestor em resposta evidenciou que não existe atendimento especifico para estes alunos com dificuldades em LP, mas acredita-se que a interação entre os alunos procura um apoio por parte da família para que o estudante tenha oportunidade de maior convivência com a LP e o mesmo aprendê-la. Para Almeida Filho: Ensinar essa língua “[...] não mais se resume a ensinar o seu sistema gramatical e a nomenclatura correspondente - ensinar sobre a língua-alvo é ensinar metalinguagem”. (2007,p.64) Nesse contexto, o ensino e aprendizagem, pauta-se em ensinar ao aluno a reconhecer-se em uma variedade e permitir o desenvolvimento dos seus recursos linguísticos, para que assim ele consiga transitar pelas diversas variedades da língua, sobretudo, pela sua importância. Contudo, para que o aluno aprenda, não basta que ele esteja matriculado. É primordial que a escola, as salas de aula e os profissionais que ali trabalham sejam preparados para que o ensino aconteça. 39 3.3 LÍNGUA E CULTURA Aqui apresento a importância destes alunos serem respeitados interculturalmente, uma vez que eles saem de sua realidade, língua materna, para aprender outra língua e cultura. Em resposta, o gestor da escola evidenciou que os conteúdos são trabalhados dentro da realidade; pois a escola não tem nenhum projeto voltado para essa questão cultural, mas de acordo com o conteúdo programático, buscam socializar esses alunos dentro das atividades desenvolvidas. Ensinar uma língua envolve ensinar os aspectos culturais das pessoas que falam essa língua (RIVERS, 1964, p.19-22) Ou seja, a interculturalidade é uma forma de sensibilizar o aprendente para a aceitação da sua e da cultura do outro. Exemplo é apresentado no questionário abaixo, pois não me deparei só com alunos bilíngues, mas com alunos com pais de nacionalidades e culturas diferentes, evidenciando que existe este choque entre as culturas. Eles deixam seu país de origem para vivenciar outra realidade em outro lugar. No que permite ao aprendente encontrar-se com a nova cultura sem deixar de lado a sua, promovendo o respeito recíproco, superando os preconceitos culturais e étnicos. É preciso que seja respeitado a existência de diversas línguas, culturas e identidades sociais, dentro do ambiente escolar, já que a escola é um dos principais espaços onde se confirmam as falas identitárias, em outras palavras, é o lugar em que o aluno, está exposto a todas essas situações geradoras de conflitos. 40 Vale ressaltar que o Munícipio de Pacaraima é fronteiriço com a Venezuela que por sua vez recebem nesta unidade alunos venezuelanos dando um contato diferente com as línguas. Neste caso, descobri que estes alunos são somente venezuelanos, tem a descendência de venezuelanos com brasileiros, venezuelanos com peruanos e venezuelanos com colombianos, como mostra a figura acima. Ao entrar em contato com a língua portuguesa e ao vivenciar essa nova cultura, estes alunos começam a se sentir mais pertencentes ao meio no qual estão inseridos, e logo estabelecem relações sociais e afetivas com os alunos brasileiros. Já a professora em resposta disse que é bem gratificante ensinar estes estudantes, porém eles são tímidos, recuados, é preciso de um esforço a mais para que possam se adaptar à escola e as aulas, e não o contrário. Almeida Filho (2007, p. 102) afirma que, “ (…) é na comunicação verdadeira, linguisticamente intensa, afetivamente envolvente e veiculada na própria língua-alvo que vai se construir no aprendiz uma competência comunicativa na nova língua. ” Ou seja, os alunos iniciam o processo de aprendizagem da língua portuguesa, aonde vão desenvolvendo suas habilidades linguísticas em Português, por meio de atividades realizadas, os alunos vão se juntando de acordo com seu nível de conhecimento na língua portuguesa, visto que alguns já possuem certo conhecimento da língua-alvo. Percebe-se cada vez mais que as escolas deverão estar preparadas para receber estes alunos estrangeiros em suas salas de aula, visto que as culturas devem ser acolhidas com respeito. Sendo assim, o ensino de LP nas escolas em todas as situações educacionais onde houver aluno estrangeiro deve ser reavaliado, reestruturado e repensado com o foco no real aprendizado do Português. Dentro do contexto escolar, observa-se o empenho de cada aluno para driblar estas dificuldades encontradas pelas proximidades entre as duas línguas, 41 e manter a língua portuguesa como sua segunda língua, situação que fica clara na oralidade e durante a escrita; sendo que a linguagem verbal tem relação à modalidade escrita ou oral como forma de estabelecer a comunicação por meio das palavras, facilitando ainteração entre os alunos. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa foi realizada no município de Pacaraima/RR para analisar a situação do processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa como segunda língua aos alunos estrangeiros venezuelanos do 6º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Casimiro de Abreu, levando em conta o contexto bilíngue presente na escola, evidenciando a presença da diversidade de línguas e cultura presente entre os alunos. Aplicou-se a metodologia qualitativa, isto é, com a informação coletada utilizei a pesquisa qualitativa porque acredita-se na educação de qualidade, então deve prevalecer, e não devemos estar presos enquanto educadores nos aspectos quantitativos. Assim com a aplicação de questionários e a realização da entrevista foi possível obter os resultados positivos da minha pesquisa. A realidade destes alunos eles estudam na escola a língua portuguesa como se fosse a língua materna deles, quando na verdade é uma segunda língua. Em se tratando, do ensino do português para o aluno estrangeiro devemos lembrar o fato de interagir este aluno com a escola trazendo o mesmo para dentro da realidade e as condições que a escola oferece, pois, a escola não tem projetos para essa questão cultural, mas buscam socializa-los dentro das atividades desenvolvidas na escola. De acordo com os dados obtidos, foi confirmada a existência de alunos falantes das seguintes línguas: Português e Espanhol, um aluno nascido no Brasil mora na Venezuela que fala Espanhol, Português e Inglês e enquanto a diversidade na cultura em família vimos a presença de pais descendentes de: Peru, Colômbia, Venezuela, comprovando as diversificadas culturas nos deparamos que são diferentes nos padrões de comportamentos e valores. Portanto, a comunicação contribui para a educação de respeito e tolerância entre as pessoas nas adversidades culturais. Portanto, as contribuições desta pesquisa para a escola e os alunos que nela estão inseridos foram à compreensão sobre a importância de se trabalhar o português pois não há diferença na metodologia de ensino da LP para estes 43 estrangeiros. O conhecimento do contexto bilíngue e principalmente o choque de cultura foi um fato que pude perceber. Em relação à importância de trabalhar a Língua Portuguesa é necessário que se desenvolva mais no aluno a oralidade e a escrita, ampliando seu conhecimento de mundo, possibilitando a compreensão da linguagem que se torna instrumento da expressão e da relação que ele pode ter com o outro. Assim, fica claro que a língua e a cultura caminham de mãos dadas, promovendo a interculturalidade no processo de ensino/aprendizagem de uma outra língua. Durante a etapa da minha pesquisa pude observar que dentro da escola existe o bilinguismo, deparei com choque de culturas diferentes e ao entrarem em contato com a nova língua de fato eles vão vivenciar essa nova cultura, estes alunos vão começando a sentir –se mais pertencentes ao meio no qual já estão inseridos, o lugar a sala de aula o contato com outros colegas de sala gera este conflito. No que se refere a cultura é o que o ser humano aprende, desenvolve, constrói para poder viver em diversos meios, ambientes, situações ou contextos. Na escola, como dito anteriormente ficou claro que existe a convivência destes alunos com diferentes línguas, as duas de maior prestígio e convívio são a portuguesa e o espanhol. A língua portuguesa é o idioma oficial pois é a língua de uso comum a todos. O espanhol é a língua estrangeira falada pelos Venezuelanos e por muitos alunos brasileiros também em sala de aula, o que permito atribuição de duas línguas faladas. A língua espanhola é citada pois alguns alunos como sendo parte de seu contexto linguístico. 44 REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, José C. P. de. Dimensões comunicativas no ensino de línguas estrangeiras. 3.ed. Campinas: Pontes, 2002. ______, J.C.P. & LOMBELLO, L.C. (Orgs.) O Ensino de Português para Estrangeiros: Pressupostos para o planejamento de cursos e elaboração de materiais. Campinas: Pontes Editores, 1989. ______, J. C. P. (Org.). Parâmetros atuais para o ensino de Português como língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1997. ABREU, Maria C. & MASETTO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo: MG Editores Associados, 1990. BAKHTIN,M. Marxismo e filosofia da linguagem:problemafundamentais do método sociológico na ciênciadalinguagem. São Paulo: Hucitec, 1986 Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. BAGNO, Marcos. Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa: 4ºed. São Paulo:Parábola, 2004. BERTOLDO, E. S. O contato-confronto com uma língua estrangeira – A subjetividade do sujeito bilíngüe. In: CORACINI, M. J. (Org.). Identidade & discurso: (des)construindo subjetividades. Campinas: Editora da UNICAMP; Chapecó: Argos, 2003. CORACINI, M. J. R. F. Língua estrangeira e Língua materna: uma questão desujeito e identidade. In: (Org.). Identidade & discurso:(des)construindo subjetividades. Campinas: Editora da UNICAMP; Chapecó:Argos, 2003, p. 139- 159. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental.Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quartociclos do ensino fundamental:Volume 10.2 - Temas Transversais - Pluralidade Cultural/Secretaria de Educação Fundamental. ñ Brasília :MEC/SEF, 1998. CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. -11 ed. – São Paulo: Cortez, 2010. CANTONI, M. G. S. A interculturalidade no ensino de línguas estrangeiras: uma preparação para o ensino pluricultural: o caso do ensino de língua italiana, 2005. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Paraná. DIEHL, Astor Antonio. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf 45 ELLIS, Rod. Second language acquisition. Oxford Introductions to Language Study. Oxford: Oxford University Press. 1997 FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicaspara o Trabalho científico: Elaboração e Formatação das Normas ABNT. 14 ed. Porto Alegre, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do acontecimento. São Paulo: Pontes, 2002. GRANNIER, D. M. “Perspectivas na formação do professor de português como segunda língua”. In: Revista da SIPLE. Edição 2, Brasília, maio de 2011, ano 2, número 1. GRIFFIN, J. L. Global English infiltrates Bulgaria. English Today 68, Vol. 17, No. 4, October, 2005, p.28. MONLEVADE, João. Funcionários de Escolas Públicas: educadores profissionais ou servidores descartáveis? Ceilândia, DF: Idéa, 1995. MELO, Gladstone Chaves de. A Origem da Linguagem. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/anais/anais%20iii%20cnlf%2050.html >. Acesso em:22.nov. 2010. MOITA LOPES, L.P. Discursos de identidade em sala de aula de leitura. Em: SIGNORINI, I. (ORG.) Lingua(gem) e identidade. Elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado de Letras, 1998. ORLANDI, Eni P. Análise do discurso: princípios e procedimentos, Eni P. Orlandi 7ª edição, Campinas, SP: Pontes, 2007. PIAGET, Jean. Epistemologia Genética: São Paulo: Abril Cultural,1978. REVUZ, C. A língua estrangeira entre o desejo de um outro lugar e o risco do exílio. In: SIGNORINI, I. (Org.). Língua(gem) e Identidade: elementos de uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado das Letras; São Paulo: Fapesp, 1998, p. 213-230. RICHTER, Marcos Gustavo. Ensino de Português e Interatividade. Santa Maria: UFSM, 2000. RIVERS, W. M. Psicologia e ensino de línguas. Cultrix. São Paulo, 1964 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 46 PETTER, M. Linguagem, língua, lingüísticaIn: FIORIN, J.L(org.) Introdução a Lingüística volI- Objetos teóricos. Contexto. São Paulo: 2005.RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. – 3. ed.reimpr.- São Paulo: Atlas, 2008. STERN, H.H.Perspectives on 2 nd language teaching .Toronto: Ontario Institute for Studies in Education, 1970. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática /Luiz Carlos Travaglia.- 14.ed. – São Paulo: Cortez, 2009. www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the http://www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the http://www.unesco.org/.../message_from_director_general_of_unesco_on_the 47 APÊNDICE 1 Caro Professor (a) Sou acadêmica do curso de LETRAS da Universidade Estadual de Roraima-UERR, solicito sua colaboração para minha pesquisa de campo, para conclusão do meu TCC, pois estou realizando essa pesquisa que tem como título: O Ensino e a Aprendizagem da Língua Portuguesa como Segunda Língua a alunos venezuelanos do 6° ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Casimiro de Abreu. Esta será a última etapa a cumprir, e para que ela seja realizada solicito sua ajuda e sua cooperação, e desde já agradeço esse apoio para que de tal forma contribua para a conclusão do meu curso. Nome:_____________________________________________ Escola onde leciona Língua Portuguesa:__________________ Instituto da Unidade Escolar? ( ) Município ( )Estado 2) Qual a sua formação: ( ) Nível Médio ( )Nível Superior. Curso:____________________________ ( )Especialização. Área:_____________________________ 3) Em qual etapa do ensino básico leciona atualmente? ( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano ( ) Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano( )Educação de Jovens e Adultos. ( )Ensino Médio. 4) Qual sua é a sua Naturalidade?_______________________ 5) Atende alunos que não falam a Língua Portuguesa? ( ) Sim ( ) Não 48 6) Realiza atendimento específico para os alunos que não falam a Língua Portuguesa? ( ) Sim ( ) Não 7) Quais são suas estratégias para superar as dificuldades em ter alunos falando outras línguas em sala de aula enquanto ao aprendizado de LP? 8) Quais as metodologias aplicadas em sala para ocultar estas dificuldades? 10 ) Qual a importância de ensinar a língua portuguesa no processo de conhecimento, sendo este como segunda língua para eles? 11) Existem dificuldades para trabalhar a disciplina de língua portuguesa com esses alunos? 12) O que você acha que deveria melhorar no ensino para que estes alunos não encontrem dificuldades tanto na oralidade como na escrita? 13) Observa-se alguma diferença no desempenho dos alunos falantes de outras línguas em relação ao ensino de Língua Portuguesa? 14) Pelo fato dos alunos venezuelanos terem dificuldades em falar ou escrever a LP como você trabalha com estes alunos. Coloca-os próximos aos alunos que falem a mesma língua; sabendo da dificuldade deles que não falam a Língua Portuguesa, elabora atividades específicas para tais alunos. Como você fala a língua desse aluno, repete as explicações na língua falada por ele? 15) Em sua opinião, como se dá o ensino do português escrito para os alunos estrangeiros? 16 ) Existem muitos alunos bilíngues nas suas salas de aulas? 49 17) A senhora se considera preparada para trabalhar nesse contexto bilíngue? 50 APENDICE 2 Caro (a ) Aluno ( a) Prezado aluno(a), Sou acadêmica do curso de LETRAS da Universidade Estadual de Roraima-UERR, solicito sua colaboração para minha pesquisa de campo, para elaboração do meu projeto e para conclusão do meu TCCII, pois estou realizando essa pesquisa que tem como título: O Ensino e a Aprendizagem da Língua Portuguesa como Segunda Língua a alunos venezuelanos do 6° ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Casimiro de Abreu. Esta será a última etapa a cumprir , e para que ela seja realizada solicito sua ajuda e sua cooperação , e desde já agradeço esse apoio para que de tal forma contribua para a conclusão do meu curso. Observação; não há necessidade de identificar- se. 1) Qual o seu nome?________________________________________ 2) Qual o seu ano na escola?__________________________________ 3) Que língua você fala?______________________________________ 4)Qual sua é nacionalidade?___________________________________ 5)Qual sua é naturalidade?____________________________________ 6) Qual é a nacionalidade de seus pais (país onde nasceram)? Mãe:_____________________________ Pai:____________________________ 7) Qual é a naturalidade de seus pais (estado onde nasceram)? Mãe:_____________________________ Pai:____________________________ 8)Você sente alguma dificuldade em aprender a Língua Portuguesa ? Sim ( ) Não ( ) 51 9) Você mora em Santa Elena ou em Pacaraima ? Santa Elena ( ) Pacaraima ( ) 10) Você consegue assimilar a aula ministrada pelo professor (a) ? Sim ( ) Não ( ) 11) Em que seu professor (a) poderia melhorar no ensino da Língua Portuguesa ? Justifique sua resposta. 52 APÊNDICE 3 Caro (a) Gestor (a) Sou acadêmica do curso de LETRAS da Universidade Estadual de Roraima- UERR, solicito sua colaboração para minha pesquisa de campo, para elaboração do meu projeto e para conclusão do meu TCCII, pois estou realizando essa pesquisa que tem como título: O Ensino e a Aprendizagem da Língua Portuguesa como Segunda Língua a alunos venezuelanos do 6° ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Casimiro de Abreu. Esta será a última etapa a cumprir , e para que ela seja realizada solicito sua ajuda e sua cooperação , e desde já agradeço esse apoio para que de tal forma contribua para a conclusão do meu curso. Observação; não há necessidade de identificar-se. 1 ) Nome da unidade escolar: ____________________________________________________ 2 ) Responsável por responder ao questionário: ______________________________________ 3 ) Qual a função que exerce na escola? ____________________________________________ 4 ) Instituição da Unidade Escolar? 5) Qual é o público alvo atendido pela escola? 6) Quanto aos professores que atuam no ensino: a) Dos professores de Língua Portuguesa: Total:______ b) Quantos possuem nível superior?____ c) Quantos possuem curso de especialização?____ 53 7) A escola atende alunos que não falam a Língua Portuguesa? 8) Em qual série\ano que estes alunos estão matriculados? 9) Atende alunos que são falantes de mais de uma Língua? 9.1) Quais Línguas 10) Existe algum atendimento específico para estes alunos que chegam aesta unidade de ensino com dificuldades em aprender o Português? 11) Quais as medidas que podem ser adotadas pela escola? ( ) Apoia o interesse superior a medida e aguarda as orientações. ( ) Procura orientar os alunos. ( ) Procura apoio da família para que o aluno tenha oportunidade de maior convivência com a Língua Portuguesa e o mesmo aprende-la. ( ) Oferece aulas de Língua Portuguesa em outro horário escolar. ( ) Coloca-os em uma turma que tenha professor, ou outro aluno, falante da Língua Portuguesa para que o mesmo aprenda na convivência no dia-a-dia. 12) Como a escola se porta com os alunos estrangeiros, com o choque de culturas e com o fato de o aluno aprender outra língua, ser bilíngue? 13) Como a escola trabalha com a questão da cultura, identidade e aprendizado de outra língua já que a mesma recebem alunos que não falam a sua língua materna? 14). Como a escola atende os alunos venezuelanos? Transporte convívio a um choque cultural em meio desta interação? 54