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Suellen Atanazio, Med P4 Exame da Genitália Feminina Interna Hab. clínicas O exame ginecológico é comumente visto com apreensão pelas pacientes, o que pode torná-lo desconfortável. Assim, algumas considerações devem ser feitas antes de iniciá-lo: ● Explicar para a paciente sucintamente no que consiste o exame ginecológico e solucionar suas dúvidas antes de conduzi-la à sala de exame; ● Orientar a paciente a ir ao toalete e esvaziar sua bexiga e intestino; ● Permitir tempo adequado para a troca de roupa e colocação do avental; ● É conveniente considerar a presença de uma auxiliar do sexo feminino, especialmente se o examinador for homem, ou, na impossibilidade, a acompanhante da paciente, se esta concordar; ● Posicionar a paciente na mesa ginecológica na posição clássica de litotomia: coxas em flexão, abdução e leve rotação externa em relação ao quadril, apoiadas no estribo; ● Solicitar que ela posicione as nádegas na borda da mesa; ● Cobri-la adequadamente até um pouco abaixo do nível dos joelhos, possibilitando contato visual; ● Deixar o instrumental necessário separado e preparado; ● Posicionar os focos de luz; ● Calçar as luvas. EXAME ESPECULAR ● Novamente orientar a paciente de como será realizado o exame; ● Deve-se preparar o material antes de dar início ● Espéculo mais utilizado é de collins ○ Composto por duas valvas articuladas, uma presilha em formato de borboleta e geralmente tem até 3 tamanhos; ● Deve-se selecionar o espéculo com tamanho adequado e testar as articulações e a borboleta antes do procedimento; ● Pacientes virgens, deve-se utilizar equipamentos específicos e somente fazer avaliação da real necessidade do exame especular, bem como de outras manobras. ● Arrumação organizada da mesa, preparação dos materiais e identificação correta dos recipientes e lâminas compõem os passos iniciais. ● Não se deve utilizar lubrificante para introdução especular quando da coleta de material para análise, pois este interage com as amostras, alterando os resultados. ● O objetivo do exame é inspecionar o colo uterino (ectocérvice), a vagina, seu conteúdo e o colabamento das paredes durante a retirada do espéculo. ● Realização da coleta do exame citopatológico para rastreio do câncer do colo uterino. INTRODUÇÃO DO ESPÉCULO ● Com a mão esquerda, gentilmente, afaste os lábios e exerça uma pressão leve no períneo posterior. ● A mão direita leva o espéculo ao intróito vaginal, em ângulo de 45° com a vertical em sentido horário. ● O espéculo deve deslizar sobre os dedos da mão esquerda que afastam os lábios e ser inserido respeitando a anatomia vaginal. Suellen Atanazio, Med P4 ○ Ou seja, a vagina não é um órgão retificado e nem tubular, suas paredes encontram-se colabadas e, em sua extensão, há predomínio de uma inclinação posterior. ● Introdução do espéculo deve ser lenta e gradual; ● Com a introdução completa, gire-o mais 45° em sentido horário e o coloque na posição horizontal. ● A abertura do espéculo permite a visualização do colo. ● Neste momento, há avaliação de: ○ Avaliar as paredes vaginais ■ Trofismo ■ Rugosidade ■ Coloração (normal ou alterada) ■ Sinais flogísticos ■ Alterações vasculares ■ Lesões, massas e anormalidades estruturais; ■ Secreções e sangramento ○ Avaliação do conteúdo vaginal ■ Volume (Escasso, pouco, moderado, e abundante) ■ Coloração (Branco, transparente, amarelado e esverdeado) ■ Consistência (Fluido, viscoso, pastoso e aderido) ■ Presença de grumos ■ Presença de odor ■ Presença de bolhas ○ Avaliação do colo uterino ■ Coloração ■ Tamanho ■ Lesões e massas ■ Formato do orifício cervical ● Circular em nulíparas, em fenda nas multíparas e puntiforme quando tem atrofia; ■ Sangramento oriundos do canal cervical; ■ Secreção mucopurulenta; ■ Eritema; ■ Edema; ■ Ulcerações; ■ Pólipos; ■ Lesões suspeitas que necessitam de biópsia; ■ Secreções. ● Se as secreções dificultarem a visualização, podem ser retiradas com haste com ponta de algodão ou com uma gaze montada. ● Em algumas mulheres, o tecido endocervical pode estar exteriorizado e a JEC pode estar visível (esta deve ser caracterizada). ● Antes da remoção do especul, lembrar de avaliar as paredes anterior e posterior; Exame especular com conteúdo vaginal fisiológico: ● Assintomático ● Corrimento claro, fluído e esbranquiçado ● PH entre 3.8 e 4.2 ● Sem odor. Exame especular com conteúdo vaginal alterado: ● Odor fétido ● Corrimento cinzento, fluido aderido às paredes ● PH > 4,5 Suellen Atanazio, Med P4 EXAME CITOPATOLÓGICO ● Materiais utilizados na coleta: ○ Espátula de Ayre ○ Escova endocervical ○ Lâmina ■ Identificação da lâmina: Iniciais da paciente, Data de nascimento, No prontuário, Data da coleta; ○ Spray fixador ou álcool absoluto ● Após a inspeção, deve-se coletar material para exame colpocitológico (Papanicolau) ● Realiza-se a coleta da região da ectocérvice e endocérvice. ● A ponta mais longa da espátula de Ayre é posicionada no orifício externo do colo e uma rotação de 360° é realizada. ● Em seguida, a escova endocervical é utilizada para introdução no orifício externo do colo, repetindo certo movimento rotacional. ○ Esta etapa pode seguir com discreto sangramento cervical e, por isso, é feita por último. ● O exame só tem validade se a coleta apresentar células glandulares, garantindo que a endocérvice foi adequadamente avaliada. ● As amostras são colocadas sobre lâminas de vidros separadas e identificadas (iniciais da paciente e local da coleta – ecto/endo/parede posterior), que logo devem ser imersas no frasco com solução fixadora. PALPAÇÃO TOQUE VAGINAL Preparo da Paciente e do Consultório: ● Explicação do procedimento e pedido de autorização para a realização do exame. ● Solicitar a presença de um auxiliar de enfermagem ou outra testemunha durante o exame. ● Paciente deve estar de bexiga vazia e vestindo um avental com abertura para frente, só expondo a genitália na hora do exame. ● Posicionamento da paciente em posição ginecológica (litotomia). ● Higienização das mãos e uso de luvas de procedimento. ● Uso de lubrificante para realização do toque vaginal. TOQUE UNIDIGITAL E DIGITAL ● Unidigital: ○ Exame inicial com o indicador, para palpar as paredes vaginais, expressão da uretra e palpação das glândulas vestibulares. Pode-se definir a localização do colo uterino. ● Toque Bidigital: ○ Avaliar o comprimento da vagina, o colo do útero e os fundos de saco vaginais. ● Os objetivos são a palpação da vagina, útero e anexos. ● O médico posiciona-se entre as pernas da paciente ● A mão direita deve ser posicionada na entrada vaginal e ficar apoiada sobre a coxa do examinador, evitando apoio excessivo no períneo; ● Uso de lubrificantes na mão que irá adentrar a vagina é permitido e aconselhável. ● Logicamente, em situações de atrofia genital ou em pacientes virgens, quando há real necessidade, o exame unidigital é preferido. ● A introdução dos dedos, análoga ao espéculo, é feita verticalmente seguida por Suellen Atanazio, Med P4 rotação horizontal (palma da mão para cima) e com leve pressão no períneo posterior. ● Parâmetros avaliados: ○ Paredes vaginais: ■ Tônus vaginal e do períneo, elasticidade ■ Extensão ■ Superfície (rugosidade) ■ Irregularidade, massas ■ Tumorações ■ Sensibilidade ■ Temperatura. ○ Colo uterino: ■ Orientação ■ Forma ■ volume ■ Superfície ■ Consistência ■ Comprimento ■ Sensibilidade ■ Mobilidade ■ Orifício cervical (pérvio ou impérvio) ■ Lacerações. ○ Fundos de saco: ■ Profundidade, distensibilidade, sensibilidade; ■ Presença de tumorações. ■ Irritação peritoneal é percebida com o Grito de Douglas. TOQUE COMBINADO (BIMANUAL) ● Palpação do hipogastro com a mão não dominante para avaliar o corpo uterino, sua superfície, posição e tamanho, além de tentar palpar os anexos. ● A mão esquerda repousa sobre o abdome no terço distal entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical. ● Desse modo, a mão direita sustenta e estabiliza os órgãos avaliados, enquanto a mão esquerda realiza a palpação ● A cérvice uterinadeve ser manipulada. ● Em geral, um útero antevertido e anti fletido, posição mais comum, tende-se a elevar com a cérvice empurrada superiormente. ● O corpo do útero é avaliado entre as duas mãos do examinador. ● Deve-se descrever: ○ Posição; ○ Formato; ○ Superfície (lisa, lobulada, irregular); ○ Tamanho; ○ Posição (a flexão uterina é a relação do corpo com o colo, a versão é relação do órgão inteiro com a pelve); ○ Situação; ○ Consistência; ○ Mobilidade; ○ Sensibilidade dolorosa. Suellen Atanazio, Med P4 ● Em sequência, os anexos são palpados. ● Se houver queixas de dor em um local, inicie esta etapa pelo lado contralateral. ● Os dedos da mão direita são colocados no fórnice lateral avaliado, elevando o anexo em direção à mão esquerda. ● Características devem ser descritas: ○ Formato ○ Posição ○ Consistência ○ Mobilidade ○ Sensibilidade dolorosa. Na presença de massas volumosas, manobras especiais podem elucidar a origem uterina ou anexial, a saber: ● Manobra de Weibel: mobiliza-se a massa pelo abdome observando o movimento do colo uterino. Se a origem for uterina o colo será afetado ● Manobra de Hegar: apreende-se o colo com uma pinça Pozzi, mobiliza-se a massa e observa-se o movimento da pinça. NÃO SE UTILIZA MAIS!!! ● Descrevesse: ○ Tônus da parede vaginal ○ Integridade da mucosa ○ Integridade da musculatura ○ e as características dos paramétrios, que são parcialmente palpados no toque vaginal. TOQUE RETAL ● O toque retal é preconizado, por alguns, como etapa obrigatória em todos os exames e, por outros, como método complementar ao exame clínico em situações específicas. ● Entretanto, frente a situações que possam sugerir fístulas, endometriose, massas abdominais e câncer de colo, sua realização é imperativa. ● Em pacientes virgens, o toque retal é via alternativa para exploração dos órgãos pélvicos. ● Esta técnica avalia com maior eficácia os paramétrios (fundamental para o estadiamento do câncer de colo), o septo retovaginal, os ligamentos uterossacros (locais frequentemente acometidos pela endometriose), as fossas ováricas e penetra na pelve 1 a 2 cm além do toque vaginal. ● O examinador deve explicar à sua paciente o modo como será conduzido e o motivo do toque retal. Explicita-se que um leve desejo de evacuar pode ser notado, mas que isso não ocorrerá. Inspecione novamente a região perianal. Suellen Atanazio, Med P4 Duas formas de toque retal são possíveis: o toque retal combinado e o toque retal simples. ● No toque retal combinado, o dedo indicador é inserido profundamente na parede posterior da vagina e o dedo médio, no ânus. A palpação do septo retovaginal busca evidência de nódulos, alterações de consistência e pontos dolorosos. A presença de infiltração tumoral dos paramétrios e ligamentos uterossacros deve sempre ser avaliada. ● O toque retal simples assemelha-se com o toque vaginal unidigital. O dedo indicador é introduzido no ânus e de maneira análoga ao toque vaginal, sustenta e estabiliza os órgãos pélvicos para a mão abdominal palpá-los. A integridade da mucosa retal, o tônus da musculatura, as alterações no contorno ou a consistência da região retrocervical são analisadas. As fossas ováricas são alcançadas em maior extensão e são mais bem exploradas por esta técnica. ● Próximo do fim, a paciente deve ser informada sobre o término do exame interno. Suas pernas são retiradas do apoio e o examinador deve auxiliá-la a sentar-se novamente. Este se retira da sala de exames, orienta a paciente a vestir-se e encontrá-lo no consultório.