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A TERCEIRIZAÇÃO APÓS A REFORMA TRABALHISTA - OS IMPACTOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E EMPREGO - UNISC

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RESUMO
No início de 2014, o Brasil começou a enfrentar uma forte crise econômica que teve como principais consequências o fechamento de diversas empresas e o desemprego em massa dos trabalhadores. Diante dessa situação o governo resolveu mudar a legislação trabalhista com o objetivo principal de aumentar a oferta de empregos por parte das empresas, além de proporcionar a redução dos custos empresariais. O presente trabalho tem como objetivo, analisar quais os impactos das alterações realizadas na legislação trabalhista após as aprovações das Leis da Terceirização e da Reforma Trabalhista, assim como, através da regulamentação pelo Supremo Tribunal Federal da terceirização da atividade-fim nas empresas. Para alcançar o que foi proposto na pesquisa, se faz necessário entender como o Tribunal Superior do Trabalho tratava o assunto da terceirização através da Súmula 331 e como ficou a situação da terceirização após a regulamentação pelo Supremo Tribunal Federal da atividade-fim, pois essas mudanças tinham como objetivo a geração de empregos. Para a produção desse trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica e exploratória, fazendo uso do método hipotético-dedutivo e abordagem qualitativa. Desse modo, foi visto que a terceirização acabou por precarizar as relações de trabalho, pois ao invés da geração de emprego, as empresas começaram a “pejotizar" o trabalhador, deixando de assinar sua carteira de trabalho para contratá-lo como pessoa jurídica.
Palavras-chave: Lei da Terceirização, Reforma Trabalhista, Pejotizar.
ABSTRACT
In early 2014, Brazil began to face a severe economic crisis that had as its main consequences the closure of several companies and the mass unemployment of workers. Faced with this situation, the government decided to change labor legislation with the main objective of increasing the supply of jobs by companies, as well as reducing business costs. This paper aims to analyze the impacts of changes made in labor legislation after the approval of the Outsourcing and Labor Reform Law, as well as the regulation by the Federal Supreme Court of outsourcing of core activity in companies. To achieve what was proposed in the research, it is necessary to understand how the Superior Labor Court dealt with the issue of outsourcing through Precedent 331 and how was the situation of outsourcing after regulation by the Federal Supreme Court of the end activity, because these changes aimed at job creation. For the production of this work we used the bibliographic and exploratory research, using the hypothetical-deductive method and qualitative approach. Thus, it was seen that outsourcing ended up precarious labor relations, because instead of creating jobs, companies began to "pejotizar" the worker, not signing his work card to hire him as a legal entity.
Keywords: Outsourcing Law, Labor Reform, Pejotizing.
SÚMARIO
1 INTRODUÇÃO	4
2 A TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL	8
2.1 Conceito de terceirização	9
2.2 Principais alterações efetuadas na Lei 6.019/17	10
2.2.1 Alteração realizada pela lei 13.429/17 na lei 6.019/74	11
2.2.2 Alteração realizada pela lei 13.467/17 na lei 6.019/74	13
2.3 O Supremo Tribunal Federal e a constitucionalidade da terceirização	15
2.4 A decisão do STF que validou a lei de terceirização	18
2.5 Posicionamento do TST após aprovação da terceirização irrestrita pelo STF	20
3 MODULAÇÃO DE EFEITOS DA DECISÃO NO INTERESSE SOCIAL E NO
DA SEGURANÇA JURÍDICA	25
3.1 Pejotização	26
3.2 Conceito	26
3.3 Críticas a pejotização pela ANAMATRA	27
3.4 A Pejotização na classe médica	29
3.5 Precarização trabalhista	32
4 A TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA	36
4.1 A Responsabilidade do Estado pelo Inadimplemento das Obrigações da Empresa Interposta	37
4.2 A fiscalização da terceirização	42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS	46
REFERÊNCIAS	48
1 INTRODUÇÃO
O Brasil, desde 2014, começou a enfrentar uma crise econômica sem precedentes, que ocasionou o fechamento de várias empresas do setor privado, gerando um grande desemprego em vários setores da economia. Assim, com o desajuste econômico, surgiu uma crise política, que resultou no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, sendo que depois desse ato, o seu vice- presidente, Michel Temer, assumiu a presidência do Brasil.
Foi no governo do presidente Michel Temer, em 2017, que várias mudanças foram introduzidas na área do Direito do Trabalho. Nesse período, a terceirização era regulada pela Súmula 331 do TST, e só poderia ocorrer nas atividade-meio da empresa e nunca nas atividades-fim. Desse modo, foram estabelecidas várias alterações com o objetivo principal de criar novos empregos e assim diminuir a crise econômica no Brasil. Entre as principias alterações podemos destacar a aprovação da lei da terceirização, Lei 13.429/17(BRASIL, 2017) e a Reforma Trabalhista, Lei 13.467/17 (BRASIL,2017), que representaram um grande impacto nas relações de trabalho, principalmente depois da aprovação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da terceirização nas empresas das atividades-fim.
O objetivo no qual se baseia a pesquisa é o de descrever se as 
modificações introduzidas, com as leis 13.249/17 (BRASIL, 2017) e 13.467/17 (BRASIL, 2017) na lei 6.019/74 (BRASIL, 1974), e ainda, com a aprovação da terceirização irrestrita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se vem alcançando os objetivos traçados pelo governo. Portanto, questiona-se, se essas alterações diminuíram o desemprego no Brasil? Qual foi o real impacto que a regulação da terceirização da atividade-fim trouxe no mercado de trabalho?
O objetivo específico dessas alterações, promovidas pelas leis da terceirização e da reforma trabalhista na lei 6.019/74 (BRASIL, 1974), tinham como meta principal tornar as leis trabalhistas mais flexíveis, para gerar mais empregos aos trabalhadores, todavia, obtiveram como resultado a precarização das relações de trabalho. 
A problemática surgida com essas modificações foi o aumento da contratação de trabalhadores em forma de pessoa jurídica, deixando de lado a formalização de contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), (BRASIL, 1943). Nesse sentido, a perda dos direitos trabalhistas significa a precariedade do trabalhador. Seus direitos trabalhistas como por exemplo: férias, 13° salário, aviso prévio, horas extras, adicional noturno, FGTS e muitos outros, que foram conquistados como muita luta, através dos movimentos sociais de trabalhadores, estão sendo ignorados pelas empresas que enxergam na terceirização um aumento na lucratividade.
A Justiça do Trabalho, através da Súmula 331, inciso III, do TST fazia distinção entre atividades-fim e atividade-meio e suas decisões apontavam que a terceirização era permitida apenas para as chamadas atividade-meio, como serviços de limpeza e vigilância. Porém, com o advento da Lei Nº 13.429/2017, isso ficou superado e a prestação de serviços a terceiros, passou a ser entendida como a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, a empresa prestadora de serviços.
Houve muita polêmica em torno da aprovação da Lei da terceirização, pois de um lado havia pessoas que defendiam que com essas medidas as empresas ganhariam em produtividade e consequentemente na redução de seus custos operacionais, e também, ganhariam com segurança jurídica. Pelo do lado oposto, há os que argumentavam que a medida aumentaria a precarização no mercado de trabalho. 
A Lei da terceirização não permite o que se chama de “pejotização” que ocorre quando em vez de contratar um trabalhador sob o regime previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1945), contratam a empresa criada por aquele profissional, que trabalha diretamente na empresa contratante. Tal procedimento não era correto, e continua sendo, ilegal. Afinal, nesse caso, estão presentes os requisitos para a caracterização do vínculo empregatício que são: pessoalidade, habitualidade,subordinação e onerosidade. 
Em agosto de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF, 2018), decidiu por sete votos a quatro que é constitucional o emprego de terceirizados para atividades-fim. Diante dessa decisão, fica expressamente autorizado para que as empresas contratem outras pessoas jurídicas terceirizadas para atuar em sua atividade-fim, e com isso não existirá mais o risco desta terceirização ser declarada nula pela Justiça do Trabalho, visto que a fixação de tese com repercussão geral vincula todas as ações judiciais com o mesmo objeto.
Nesse sentido, mesmo o STF aprovando a terceirização para atividades-fim, nem tudo pode ser terceirizado, como veremos a seguir, pois vários requisitos legais deverão ser obedecidos pelas empresas, como condições para que o empregado não tenha vínculo direto com a tomadora de serviço, e caso esses requisitos não estejam presentes no contrato, poderão se converter em vínculo direto com a tomadora de serviços.
A metodologia a ser usada nessa pesquisa científica é a descritiva qualitativa, através do método analítico hipotético-dedutivo, utilizando-se de bibliografia pertinente à terceirização nas empresas, assim como pesquisas na legislação específica sobre o assunto, na jurisprudência dos tribunais, na doutrina escrita em livros e em artigos jurídicos publicados nas principais revistas especializadas sobre o tema.
Outrossim, para se chegar a um melhor entendimento acerca do tema abordado, dividir-se-á esta pesquisa em 3 (três) capítulos. 
O primeiro capítulo visa apresentar além do histórico da terceirização, seus conceitos definidos por doutrinadores com elevado grau de conhecimento como Maurício Godinho Delgado, Vólia Bonfim Cassar e outros, assim como mostrar as principias alterações trazidas pela Lei 13.429/17 e Lei 13.467/17 na Lei 6.019/74. Também, vai mostrar como o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a terceirização na atividade-fim, cuja decisão teve repercussão geral e também o posicionamento atual do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que passou a adotar um novo entendimento sobre a terceirização da atividade-fim nas empresas. 
O segundo capítulo mostrará a importância da modulação dos efeitos da decisão do STF no sentido de obter segurança jurídica em suas decisões, assim como discorrer sobre a “pejotização”, destacando a posição adotada pela Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (ANAMATRA) que considera que os trabalhadores sofreram um grande prejuízo com a implementação dessa prática, e que mesmo criando novos modelos de contratação, como, o autônomo exclusivo, a pejotização continua sendo ilegal, e significa uma fraude na legislação trabalhista. E nesse sentido, temos a classe médica sendo maciçamente contratada por hospitais como pessoa jurídica, o ratifica a posição da ANAMATRA. E a precarização trabalhista que significa a diminuição de direitos e garantias dos trabalhadores. A terceirização através da pejotização pode ser responsável por parte dessa precarização do trabalho, pois exercendo sua atividade laboral como uma pessoa jurídica esta atrelado as regras do direito civil.
Por fim, no terceiro capítulo temos a terceirização na administração pública que visa mostrar a manutenção dos concursos públicos, assim como discorrer a respeito da responsabilidade subsidiária dos pagamentos dos trabalhadores quando as empresas terceirizadas não honram os compromissos com seus funcionários. E, finalmente, mostrar como deve ser a fiscalização das atividades das empresas terceirizadas, por fiscais e auditores do trabalho no setor privado e quais os procedimentos que devem ser adotados pela administração pública, quando da fiscalização dos seus prestadores de serviços.
2 A TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL
Se faz necessário conhecer o fenômeno da terceirização desde sua origem até os dias atuais, pois assim, poderemos compreender qual a sua real finalidade dentro das organizações empresariais, seja ela pública ou privada, como solução para enfrentamento de crises financeiras ou para se tornar competitiva através da redução de custos operacionais, visando assim a sobrevivência da empresa, e a consequente garantia de empregos. Porém, deve-se observar os direitos dos trabalhadores estabelecidos na legislação para evitar que não ocorra a precarização no mercado de trabalho.
Surge a terceirização nos Estados Unidos depois da segunda guerra mundial, quando as empresas bélicas ficaram sobrecarregadas com a produção de armas e como solução para enfrentamento dessa demanda, passaram a delegar serviços a terceiros.
No Brasil, teve início em meados de 1950, quando empresas multinacionais, do segmento automobilístico, realizavam a produção de peças em seus países de origem e traziam para o Brasil para que empresas terceirizadas realizassem a montagem de seus veículos. Nesse período não havia nenhuma regulamentação sobre empresas terceirizadas em nosso ordenamento jurídico, logo, essas empresas passaram a explorar esse tipo de atividade no Brasil. Nesse sentido preleciona Maurício Godinho Delgado (2004; p.429):
Isto ocorre pela circunstância de o fato social da terceirização não ter tido, efetivamente, grande significado sócio-econômico nos impulsos de industrialização experimentados pelo país nas distintas décadas que se seguiram à acentuação industrializante iniciada nos anos 1930/40.
A primeira norma surgida no Brasil sobre terceirização deu-se no ano de 1974, como aduz Sergio Pinto Martins (2017, p.24): 
Nesse contexto é que surge a primeira norma que efetivamente tratou de terceirização – embora não com esse nome - , a Lei n. 6.019, de 3 de Janeiro de 1974, que regulou a prática do trabalho temporário, já utilizado em larga escala no mercado antes da edição daquela regra legal, porém sem qualquer normatização. Parece que nosso legislador foi buscar subsídios na lei francesa n. 72-1 para a edição da Lei n. 6.019/74, dada a semelhança desta com aquela. A última norma foi regulamentada pelo Decreto n. 73.841, de 13 de março de 1974.
Em seguida, as atividades de segurança dos estabelecimentos financeiros foram regularizados através de legislação específica em 1983, com a criação da Lei 7.102/83 que estabeleceu normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores.
A Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em setembro de 1986, aprovou a súmula 256 que estabelecia o seguinte:
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (cancelada) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas Leis nºs 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços.
Essa Súmula 256 do TST foi cancelada pela Resolução n. 121 do TST de 19 de novembro de 2003, pois proibia a terceirização, e por isso foi editada a Súmula 331 do TST, que passou a regular a terceirização até a alteração da Lei 6.019/74.
Posteriormente, em 31 de março de 2017, houve a promulgação da Lei n. 13.429/17 que modificou à Lei n. 6.019/74, tratando do trabalho temporário e também da terceirização. Essa Lei da terceirização não restringiu os serviços passíveis de terceirização à atividade-meio da empresa, como estava previsto na Súmula 331 do TST. Nesse cenário de mudanças na legislação trabalhista, veio a Reforma Trabalhista, e, de forma expressa e definitiva, passou a prever legalmente, a transferência da execução de quaisquer atividade, seja ela atividade meio ou fim, para empresas terceirizadas. Portanto, a Lei 13.467/17 (BRASIL, 2017) colocou fim à controvérsia envolvendo o que seria atividade-meio e atividade-fim na empresa, acabando com a omissão da Lei N° 13.249/17 (BRASIL, 2017) que não mostrou claramente essa distinção.
2.1 Conceito de terceirização 
Podemos entender que a terceirização é uma atividade, pela qual a empresa contratante transfere parte de suas atividades para empresas tomadorasde serviço. Significa que parte do processo de produção é transferido para a responsabilidade de outra empresa. Temos como exemplo a indústria automobilística, que atualmente, terceiriza toda a produção de peças para as empresas terceirizadas, que se prontificam a seguir os padrões que são determinados pelas montadoras, sendo que essa apenas monta o automóvel. Logo, é uma terceirização da atividade-fim da empresa para a produção do veículo, sendo totalmente lícita. 
Sergio Pinto Martins (2017, p.31) entende terceirização como:
A terceirização não esta definida em lei, nem há norma jurídica cuidando, até o momento, do tema. Trata-se, na verdade, de uma estratégia na forma de administração de empresas, que tem por objetivo organizá-las e estabelecer métodos da atividade empresarial. No entanto, a utilização da terceirização pelas empresas traz problemas jurídicos, que necessitam ser analisados, mormente no campo trabalhista. É claro que a empresa deverá obedecer as estruturas jurídicas vigentes, principalmente às trabalhistas, sob pena de arcar com as consequências decorrentes de seu descumprimento, o que diz respeito aos direitos trabalhistas sonegados ao empregado.
Sendo a terceirização uma relação triangular, Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2017, p.335) aduz que:
A terceirização envolve uma relação triangular entre o empregado, a empresa prestadora de serviços (empregador) e a empresa tomadora (contratante de serviços).
Entre a empresa tomadora (contratante) e a prestadora de serviço é firmado um contrato de natureza civil ou empresarial (contrato de prestação de serviços). Diversamente, entre a empresa prestadora de serviço e o empregado é firmado o contrato de trabalho. O vínculo de emprego, assim, existe entre o empregado e a empresa prestadora, mas aquele presta serviço à empresa tomadora (contratante).
No mesmo sentido ensina Vólia Bomfim Cassar (2017, p. 470) que:
Terceirização é a relação trilateral formada entre trabalhador, intermediador de mão de obra (empregador aparente, formal ou dissimulado) e o tomador de serviços (empregador real ou natural), caracterizada pela não coincidência do empregador real com o formal.
Logo, a terceirização é uma relação trilateral que esta sendo amplamente utilizada na atualidade para reduzir os custos operacionais das empresas, porém vem retirando direitos trabalhistas que foram conseguidos através dos movimentos sociais que aconteceram nas últimas décadas. 
2.2 Principais alterações efetuadas na Lei 6.019/17 
No ano de 2017, com o crescente desemprego, o governo procurou realizar alterações na legislação trabalhista, pois havia um entendimento na base governista, que para gerar mais empregos era preciso mexer na leis trabalhistas, pois essa estava atrasada, era inflexível e empacava as relações de trabalho, afastando investimentos que poderiam gerar empregos. Sendo a legislação trabalhista velha e antiquada, tinha que ser alterada, e em seu lugar deveriam ser aprovadas leis flexíveis. 
Então, primeiramente, resolveram alterar a Lei 6.019/74 que estabelecia as regras do trabalho temporário, e também, as relações de trabalho nas empresas de prestação de serviços e nas tomadoras de serviços.
Na prática o que ocorreu foi a precarização do trabalho, com a retirada de direitos trabalhistas por parte do governo, principalmente com as alterações realizadas na Lei 6.019/74, que teve como consequência a autorização para que empresas terceirizadas pudessem atuar na atividade-fim das empresas.
A Lei 6.019/74 regulava somente o trabalho temporário, que na definição de Sergio Pinto Martins (2017, p. 125) tinha o seguinte entendimento: 
Trabalho temporário é o prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que coloca a disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços (art. 2° da Lei n° 6.019/74).
Conforme explanado, o ano de 2017 foi um ano de várias alterações na legislação trabalhista brasileira, apresentando duas novas leis que passaram a reger a terceirização de serviços. Foram as Leis 13.249/17 e 13.467/17.
No entendimento dos doutrinadores Mauricio Godinho delgado e Gabriela Neves Delgado (2018, p. 205-206) as alterações versaram sobre :
O primeiro diploma legal (Lei n. 13.429/17), embora faça referências à terceirização em geral, no fundo produziu modificações mais especificamente no contrato de trabalho temporário, alagando-lhe, significativamente o seu prazo de duração. 
Já o segundo diploma legal (Lei n. 13.467/17), se lido em sua literalidade gramatical, introduziu, de fato, regras voltadas à produção de mudanças substanciais no regime jurídico da terceirização de serviços em geral. 
Portanto, tais alterações efetuadas na lei 6.019/74 por tais diplomas legais foram importantes, pois mudaram o sistema da terceirização e serão esclarecidos a seguir.
2.2.1 Alteração realizada pela lei 13.429/17 na lei 6.019/74 
As alterações e inovações dessa lei trouxeram benefícios ao trabalhador temporário, já que a regulação do tema era realizada através do entendimento jurisprudencial da Justiça do Trabalho, consagrado na Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho, a qual estabelecia que a terceirização de atividades-meio da empresa tomadora dos serviços era legal, mas a terceirização de atividades-fim era ilegal. Portanto, a Súmula 331, não definia como deveria ser realizada essa diferenciação de atividades-meio e de atividades fim. Era a Justiça do Trabalho quem realizava essa análise, o que trazia uma grande insegurança jurídica.
Deve-se ressaltar, que o trabalho temporário além de ser regulado pela Lei 6.019/74, também é regulamentado pelo Decreto 73.841/74, pela Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 789/14, e pela Instrução Normativa SIT 114/14.
Além de permitir a terceirização de qualquer serviço da empresa, a nova Lei trouxe modificações e inovações como aduz Mauricio Godinho Delgado e Gabriela Neves Delgado (2017, p.206):
Nas alterações que realizou, as mais significativas foram na direção da ampliação do prazo padrão para esse contrato de trabalho especial, que passou de três meses (prazo anterior) para até 180 dias, consecutivos ou não (novo § 1o do art. 10 da Lei n. 6.019/74). Acresce ainda a nova Lei que o contrato de trabalho temporário poderá ser prorrogado por até 90 dias, consecutivos ou não, além do prazo de 180 dias já mencionado, "quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram" (novo § 2o do art. 10 da Lei n. 6.019/74). 
O novo regramento jurídico agrega pequeno período de quarentena relativamente ao contrato temporário envolvendo o mesmo trabalhador com relação a idêntico tomador de serviços. Diz a nova regra que o trabalhador temporário que tiver cumprido o período estipulado nos §§ 1o e 2o do art. 10 "somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário, após noventa dias do término do contrato anterior" (novo § 5o do art. 10 da Lei n. 6.019/74; grifos acrescidos). 
O novo texto legal (§ 7o do art. 10 da Lei n. 6.019/74) também acentua a responsabilidade subsidiária da empresa contratante pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho temporário, sem prejuízo da responsabilidade solidária já fixada pela Lei de Organização e do Plano de Custeio da Seguridade Social (Lei n. 8.212/19991, em seu art. 31). 
É certo que a terceirização deve abranger a prestação de serviços e não o fornecimento de trabalhadores por meio de empresa interposta. Logo, se faz necessário que haja entendimento, no sentido que a prestação de serviços deve ter uma certa especialidade, sobre esse tema, Gustavo Filipe Barbosa (2018, p. 337) aponta:
Isso é confirmado pelo art. 5°-B da Lei 6.019/1974, acrescentado pela Lei 13.429/2017, ao prever que o contrato de prestação de serviços deve conter a qualificação das partes, a especificação do serviço a ser prestado, o prazo para a realização do serviço, quando for o caso, e o valor.Desse modo, a terceirização só é válida quando houver serviços especificados, sendo rechaçada a prestação de serviços genéricos, pois caso isso ocorra, a terceirização será ilícita.
Enfim, a Lei 13.429/17 quando do início da sua vigência, trouxe algumas vantagens para o trabalhador temporário, pois assim as empresas tomadoras de serviços quando da realização de um contrato de terceirização, estariam aptas a ofertar as mesmas condições de saúde e segurança de trabalho em condições iguais ao do empregado contratado na empresa.
Nesse sentido, art. 9º, V, estabelece, como cláusula contratual, as disposições quanto a segurança e à saúde do trabalhador, independentemente do local de realização do trabalho. Essa determinação vem fortalecer o que esta estabelecido na Lei 13.429/17, para que a empresa tomadora tenha consciência e responsabilidade de garantir as mesmas condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores terceirizados, quando as atividades forem realizadas nas dependências do empregador ou em local por ele determinado (art. 9º, § 1º). Ressalta-se a responsabilidade civil da empresa contratante pela ocorrência de acidente de trabalho de um trabalhador temporário.
Outra obrigação da empresa contratante refere-se em estender aos trabalhadores temporários, o atendimento (médico, ambulatorial e de refeição) destinado aos seus empregados, existente nas dependências da empresa ou no local por ela designado (art. 9º, § 2º, Lei 6.019);
Outra regra importante é com relação a empresa tomadora ser responsável pelos débitos trabalhistas dos trabalhadores temporários, caso a empresa terceirizada não possua lastro financeiro para honrar os compromissos trabalhistas, sendo a sua responsabilidade subsidiária (art. 10, § 7º, com a redação dada pela Lei 13.429). Essa disposição já vinha sendo enaltecida pela aplicação da Súmula 331, IV, TST.
2.2.2 Alteração realizada pela lei 13.467/17 na lei 6.019/74
A Lei 13.467/17 também fez acréscimos na Lei 6.019/74, que já tinha sido alterada pela Lei 13.429/17. No conjunto de suas alterações - é considerada uma interpretação meramente gramatical e literalista de suas regras jurídicas -, a Lei n. 13.467/2017 introduziu mudanças na regência normativa da terceirização trabalhista no País.( Mauricio Delgado, 2017)
A Súmula n° 331 do TST (BRASIL, 2011) restringia os serviços passíveis de terceirização somente à atividade-meio da empresa, porém com a inclusão do art. 4-A e do art. 5-A na Lei 6.019/74 (BRASIL, 1974) o legislador possibilitou, de forma expressa, a transferência da execução de quaisquer atividades, inclusive a sua atividade principal. 
Art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, INCLUSIVE SUA ATIVIDADE PRINCIPAL, à pessoa jurídica de direito privado serviços capacidade compatível com a sua execução.(Redação dada pela Lei 13.467/2017)
Art. 5o-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal. (Redação dada pela Lei 13.467/2017) 
Com essas inovações na lei, a Súmula 331 do TST deverá ser modificada, pois a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho não pode superar o que esta estabelecido em lei. Ressalta-se que a terceirização da atividade-fim foi considerada válida a partir da vigência da Lei 13.467/17, logo, os fatos ocorridos antes da reforma ainda poderiam ser julgados conforme o entendimento consubstanciado na Súmula 331 do TST. A partir da Reforma Trabalhista o entendimento jurisprudencial foi alterado e permanece válido, conforme a seguir:
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). 
 II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
 III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. 
  
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. 
  
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. 
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.
Com relação às condições de trabalho terceirizado, observa-se a inclusão do artigo 4°-C à Lei 6.019/74, pela Lei 13.467/17, que estabeleceu algumas situações que asseguram aos trabalhadores terceirizados as mesmas condições aos empregados da empresa contratante. Porém, no §1°, do art. 4° da Lei 6.019/74, o legislador não a redigiu de forma correta, pois estabeleceu que “contratante e contratada, poderão estabelecer, se assim entenderem” acabam contrariando o princípio da isonomia salarial e a orientação jurisprudencial n°383, da SBDI-I, do TST, já que o trabalhador é parte hipossuficiente e não tem condições de negociar em igualdade com o empregador. Essa alteração realizada pela Reforma Trabalhista, revela-se discriminatória, antissocial e anti-humanístico e que não poderá permanecer em nosso ordenamento jurídico.
2.3 O Supremo Tribunal Federal e a constitucionalidade da terceirização
Mesmo sabendo que a terceirização utilizada de forma irrestrita vai ocasionar graves consequências negativas ao trabalhador brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) por 7 votos a favor e 4 contrário, acabou aprovando que é constitucional terceirizar de forma irrestrita, ou seja, é legal contratar trabalhadores não só para exercer as atividade-meio de uma empresa, como também para exercer as atividades-fim. Desse modo, é permitido contratar, através de uma empresa, funcionários para exercer todas as atividades que uma empresa possa ter para seu perfeito funcionamento.
Por maioria os ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam por mudar a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que através da súmula 331, preconizava que as empresas só poderiam terceirizar as atividades-meio da empresa, como limpeza e segurança patrimonial. Desse modo, com a aprovação do STF da terceirização irrestrita, certamente haverá a precarização do Trabalho, pois essa concordância viola vários artigos da Constituição Federal de 1988 (CF/88), assim como de vários princípios sociais e trabalhistas.
As leis 13.249/17 e 13.467/17 alteraram a lei 6.109/74 permitindo a terceirização para as atividades-fim nas empresas, isso através de contratação de empresa interposta, conforme art. 4º-A da Lei 13.249/17 (BRASIL, 2017). 
“Art. 4o-A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos” 
O fato é que existiam muitos recursos trabalhistas sobre a validade ou não da terceirização, em todas as atividades das empresas antes mesmo da aprovaçãoda lei da terceirização, que foi sancionada em 2017, pelo presidente Michel Temer. Desse modo, inúmeras ações trabalhistas acabaram acontecendo na Justiça do Trabalho, pois não havia uma lei definindo a autorização da terceirização em todas atividades da empresa. O que existia era a súmula 331 do TST, que não distinguia o que era atividade-meio de atividade-fim.
Os recursos que chegaram ao STF, acabaram sendo reconhecidos pela instituição como de “repercussão geral”. Nesse sentido, a instituição deveria se manifestar para que sua decisão servisse como parâmetro a todos os processos que estavam pendentes nos tribunais do trabalho.
O Procurador Geral da República (PGR), na pessoa de seu procurador geral, Rodrigo Janot, tinha solicitado ao Supremo Tribunal Federal, a declaração de inconstitucionalidade da Lei 13.429/2017, pois entendia que a lei acabaria por contrariar o caráter excepcional do regime de terceirização e violaria o regime constitucional de emprego socialmente protegido, conforme art. 7 da Constituição Federal de 1988, além de  esvaziar os direitos fundamentais conferidos ao trabalhador. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5735, endereçada ao STF, fazia-se por entender que as modificações promovidas pela Lei 13.429/2017 na Lei 6.019/1974  penetravam no ambiente particular do regime geral de emprego direto, protegido originalmente pela Constituição Federal de 1988. Ademais, ao adicionar de forma ilegal o regime de trabalho de mão de obra temporária, para atuar nas atividades-fim das empresas tomadora dos serviços, ofenderia a cláusula constitucional que impossibilita o retrocesso social e também, tornaria vulnerável as normas internacionais de direitos humanos. 
Segundo o PGR, a Lei 13.249/17 é inconstitucional segundo os fundamentos estabelecidos na (ADI 5735, p. 10-12) que versa o seguinte:
2 FUNDAMENTAÇÃO 
2.1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
É formalmente inconstitucional a Lei 13.429, de 31 de março de 2017, por vício na tramitação do projeto de lei (PL) 4.302/1998, que lhe deu origem. Não houve deliberação, pela Câmara dos Deputados, de requerimento de retirada da proposição legislativa, formulado por seu autor, o Presidente da República, antes da votação conclusiva. A ausência de deliberação desse requerimento, que constitui prerrogativa reflexa do poder de iniciativa, implica usurpação de prerrogativa, em afronta à divisão funcional do poder, e colide com os arts. 2o, 61, caput, e 84, III, da Constituição da República. Também se revela materialmente inconstitucional a ampliação desarrazoada do regime de locação de mão de obra temporária para atender “demandas complementares” das empresas, assim consideradas as necessidades permanentes e ordinárias do empreendimento, ainda que de natureza intermitente, periódica ou sazonal, na forma do novo art. 2o da Lei 6.019, de 3 de janeiro de 1974, na redação inserida pela lei impugnada. Essa ampliação, aliada à triplicação do prazo máximo do contrato de trabalho temporário com o mesmo tomador, de três meses para 270 dias, conforme o novo art. 10 da lei, rompe com o caráter excepcional do regime de intermediação de mão de obra, adotado pela norma revogada, viola o regime constitucional de emprego socialmente protegido, eficácia dos direitos fundamentais sociais dos trabalhadores (CR, arts. 1o, 7o a 11, 170, VII e VIII, e 193), e vulnera o cumprimento, pelo Brasil, da Declaração de Filadélfia (item I.a) e das Convenções 29 e 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que constituem normas de direitos humanos dotadas de status supralegal. Também inconstitucional se revela interpretação dos arts. 4o-A e 5o-A e do § 3o do art. 9o da Lei 6.019/1974, na redação da Lei 13.429/2017, que autorize terceirização irrestrita de atividades finalísticas de empresas privadas e de órgãos e entes da administração pública. Tal interpretação viola o regime constitucional de emprego socialmente protegido (arts. 1o, IV, 7o a 11, 170, VII e VIII, e 193), a função social constitucional da empresa (arts. 1o, IV; 5o, XXIII, e 170, III, c/c arts. 7o, XII; 24, XIV; 212, § 5o; 218, § 4o, e 227), o princípio isonômico nas relações de trabalho (art. 5o, caput e inc. I, e previsto no art. 7, I, e art. 7o, IV) e a regra constitucional de concurso público nas empresas estatais exploradoras de atividade econômica (arts. 37, II, e 173, § 1o, II). Irrestrita ampliação de terceirização para atividades finalísticas e extensão desarrazoada de locação de mão de obra temporária para além de demandas imprevisíveis e extraordinárias das empresas tomadoras esvaziam o conteúdo de direitos fundamentais sociais dos trabalhadores (CR, arts. 7o a 11). A lei impugnada configura legislação socialmente opressiva e desproporcional, que incorre em desvio de finalidade, porquanto subverte os fins que regem o desempenho da função estatal, em violação do interesse público. Tais preceitos ainda afrontam a cláusula constitucional de vedação de retrocesso social desarrazoado e vulneram normas internacionais de direitos humanos, dotadas de caráter supralegal, como o Pacto de São José da Costa Rica (promulgado no Brasil por meio do Decreto 678, de 6 de novembro de 1992), a Carta da Organização dos Estados Americanos (promulgada no Brasil pelo Decreto 67.542, de 12 de novembro de 1970) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC – promulgado pelo Decreto 591, de 6 de julho de 1992), razão pela qual devem ser declarados inconstitucionais. 
Portanto, compreende-se que a Lei da Terceirização não esta de acordo com a Constituição Federal pois tem objetivos e interesses que ignoram completamente o art. 1°, III da Constituição federal de 1988 que aduz o seguinte:
“Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; 
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
Logo, viola a dignidade do trabalhador brasileiro. Também, esta em desconformidade com os artigos 7 até o artigo 11 da Constituição Federal de 1988, que possui uma boa quantidade de direitos dos trabalhadores que integram o capítulo de direitos sociais. O princípio da vedação do retrocesso social refere-se ao impedimento de retirada pelo Estado de direitos sociais conquistados pela sociedade, pois como a ampliação da terceirização, certamente vai ser prejudicial à toda sociedade e vai afetar notoriamente os direitos sociais dos trabalhadores, sendo um retrocesso aos direitos constitucionais trabalhistas.
2.4 A decisão do STF que validou a lei de terceirização
A lei da reforma trabalhista quando foi sancionada permitiu a terceirização, tanto das chamadas atividades-meio, quanto das atividades-fim. Porém, antes dessa lei, já existia um enorme problema em relação a mais de 4 mil recursos que tramitavam nos tribunais e que questionavam a súmula 331 do TST, que proibia terceirizar a atividade-fim, trazendo insegurança jurídica e aumentando a litigiosidade na Justiça do Trabalho. 
Nesse sentido, depois da aprovação das leis da terceirização e da reforma trabalhista, a súmula de N° 331 do Tribunal Superior do Trabalho foi questionada em face do Supremo Tribunal Federal, através da ADPF 324 e do RE 958.252/MG. 
Na arguição de descumprimento de preceito constitucional n° 324 (ADPF 324), a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), questionava se era constitucional as reiteradas decisões da justiça do trabalho através da súmula 331 do TST. Pois, no entendimento da Abag, essas decisões acabava afetando a liberdade de contratação e violavam os preceitos constitucionais fundamentais da legalidade, da livre iniciativa e da valorização do trabalho.
Com relação ao RE 958252 que foi submetido à sistemática da repercussão geral, e que foi interposto pela Celulose Nipo Brasileira S/A (Cenibra) que não aceitava a decisão do TST, que julgou ser ilícito a terceirização dos serviços de reflorestamento, com base na súmula 331 do TST, ressaltandoa intenção fraudulenta da transferência da atividade-fim com a finalidade de reduzir custos operacionais, e assim, reconhecendo a responsabilidade subsidiária do tomador de serviço pelo inadimplemento de obrigações trabalhistas por parte da empresa prestadora de serviços.
Desse modo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja meio ou fim, aprovando a matéria em discussão por maioria de votos, sendo 7 a favor e 4 contra.
Essa decisão acabou fixando uma tese de repercussão geral que é a seguinte: 
“É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da contratante”. 
O Supremo Tribunal Federal discorreu de forma resumida o contexto de sua decisão, em seu site, pela qual descreveu o seguinte:
STF decide que é lícita a terceirização em todas as atividades empresariais
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (30) que é lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja meio ou fim. Ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958252, com repercussão geral reconhecida, sete ministros votaram a favor da terceirização de atividade-fim e quatro contra.
A tese de repercussão geral aprovada no RE foi a seguinte: “É licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante”.
Na sessão desta quinta-feira votaram o ministro Celso de Mello e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Para o decano, os eventuais abusos cometidos na terceirização devem ser reprimidos pontualmente, “sendo inadmissível a criação de obstáculos genéricos a partir da interpretação inadequada da legislação constitucional e infraconstitucional em vigor, que resulte na obrigatoriedade de empresas estabelecidas assumirem a responsabilidade por todas as atividades que façam parte de sua estrutura empresarial”.
O ministro Celso de Mello apontou que o movimento na Justiça Trabalhista, sobretudo com a proliferação de demandas coletivas para discutir a legalidade da terceirização, implica redução das condições de competitividade das empresas. “O custo da estruturação de sua atividade empresarial aumenta e, por consequência, o preço praticado no mercado de consumo também é majorado, disso resultando prejuízo para sociedade como um todo, inclusive do ponto de vista da qualidade dos produtos e serviços disponibilizados”, ponderou.
O decano citou ainda dados estatísticos que comprovam o aumento de vagas no mercado formal em decorrência do aumento da terceirização em empresas dos mais diversos segmentos econômicos. “O impedimento absoluto da terceirização trará prejuízos ao trabalhador, pois certamente implicará a redução dos postos de trabalho formal criados em decorrência da ampliação da terceirização nos últimos anos”, destacou.
Ministra Cármen Lúcia
A presidente do Supremo destacou que a terceirização não é a causa da precarização do trabalho nem viola por si só a dignidade do trabalho. “Se isso acontecer, há o Poder Judiciário para impedir os abusos. Se não permitir a terceirização garantisse por si só o pleno emprego, não teríamos o quadro brasileiro que temos nos últimos anos, com esse número de desempregados”, salientou.
Para a ministra Cármen Lúcia, a garantia dos postos de trabalho não está em jogo, mas sim uma nova forma de pensar em como resolver a situação de ter mais postos de trabalho com maior especialização, garantindo a igualdade entre aqueles que prestam o serviço sendo contratados diretamente e os contratados de forma terceirizada. “Com a proibição da terceirização, as empresas poderiam deixar de criar postos de trabalho”, afirmou.
Em sessões anteriores, os ministros Luís Roberto Barroso (relator da ADPF), Luiz Fux (relator do RE), Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes já haviam votado nesse sentido, julgando procedente a ADPF e dando provimento ao RE. Divergiram desse entendimento os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio.
Ocorre que algumas entidades não concordaram com a decisão do STF, pois entenderam que é certa a precarização do trabalho. Nesse sentido, a associação de magistrados trabalhistas (ANAMATRA) se posicionou a respeito da decisão do STF da seguinte forma:
A Anamatra vê a decisão com tristeza e grande apreensão, tendo em vista os impactos negativos que o entendimento pode acarretar. Desde a sanção da Lei nº 13.429/2017, que liberou a terceirização para toda a cadeia produtiva, a Associação vem alertando para o fato de que esse modelo agrava problemas como a alta rotatividade desses trabalhadores e traz prejuízos para a saúde pública e a Previdência Social. A entidade chegou a divulgar nota pública solicitando veto presidencial à lei, tendo em vista as razões que levaram à edição da Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que permitia a contratação terceirizada somente para atividades-meio.
Segundo o presidente da Anamatra, Guilherme Feliciano, “pela convicção externada, em diversas ocasiões, no âmbito da entidade - seja nas sucessivas diretorias seja nas comissões legislativas, seja ainda nas plenárias dos Congressos Nacionais dos Magistrados do Trabalho -, a terceirização das chamadas atividades-fim vulneraria o regime constitucional de proteção do emprego, atentaria contra a isonomia laboral no âmbito das empresas e, na esfera da administração pública, representaria sério risco à impessoalidade, uma vez que permite burlar o princípio da acessibilidade cargos, empregos e funções mediante concurso de prova de títulos”, alerta.
O presidente lembra que a entidade chegou a pedir ingresso como Amicus Curiae nos processos julgados hoje, para apresentar seus argumentos contrários à liberação desse modelo de trespasse da contratação para prestação de serviços. “Restará agora aos juízes do Trabalho avaliar concretamente, caso a caso, se o modelo adotado frustrará os direitos sociais, em detrimento das garantias constitucionais e legais do trabalhador. Vários dos votos vencedores, nesse sentido, referiram caber ao juiz, na sua atividade diária, zelar para a que terceirização de atividade fim, ou de atividade meio, não redunde em precarização. Eis a palavra a cumprir”, analisa.
2.5 Posicionamento do TST após aprovação da terceirização irrestrita pelo STF
O Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, vem acatando, na íntegra, a decisão do STF, pois já há várias decisões da corte superior trabalhista, em que reformaram os acórdãos proferidos pelos Tribunais Regionais, mesmo sendo provado que o tomador de serviços dirigia a atividade do trabalhador terceirizado, aplicando-lhes ordens. Nesse sentido, esse foi o entendimento da 8ª Turma do TST, em julgado publicado em 30/11/2018:
(…) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA SEGUNDA RECLAMADA, TIVIT TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS E TECNOLOGIA S.A.. LICITUDE DA TERCEIRIZAÇÃO. RECONHECIMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ADPF 324 E RE 958252. REPERCUSSÃO GERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal, no último dia 30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n° 324 e o Recurso Extraordinário n° 958252, com repercussão geral reconhecida, decidiu que é lícita à terceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja meio ou fim. 2. A tese de repercussão geral aprovada no recurso extraordinário foi a de que “é licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante”. 3. Como se observa, nos moldes do entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal, é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicasdistintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, razão pela qual, a liberdade de contratar é conciliável com a terceirização, mormente diante da ausência de legislação que impeça as empresas de contratarem mão de obra, bem como da inexistência de dispositivo legal que defina o que é atividade fim e/ou atividade meio. 4. Logo, e em face dos princípios constitucionais da livre iniciativa (CF, art. 170) e da livre concorrência (CF, art. 170, IV), tem-se por lícita qualquer forma de terceirização, sobretudo porque a terceirização aquece o mercado de trabalho e gera maior produtividade. 5. Entretanto, não obstante a licitude da terceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja meio ou fim, por certo que na hipótese de descumprimento das obrigações trabalhistas por parte da empresa contratada, a empresa tomadora dos serviços será responsabilizada de forma subsidiária pelo pagamento da remuneração e das demais verbas trabalhistas devidas, sendo certo, ainda, que a conclusão do Supremo Tribunal Federal de licitude da terceirização não impede que eventuais abusos decorrentes da referida terceirização sejam apreciados e decididos pelo Poder Judiciário, de modo a garantir os direitos trabalhistas dos trabalhadores terceirizados, pois o remate no sentido da licitude da terceirização não pode resultar na precarização das relações de trabalho, tampouco na desproteção do trabalhador. Recurso de revista conhecido e provido. (ARR – 2530-59.2014.5.02.0016 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 28/11/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/11/2018)
No mesmo sentido, a 5ª Turma do TST:
"I. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324 E RE 958.252). REPERCUSSÃO GERAL . 1. Situação em que o Tribunal Regional reconheceu a ilicitude da terceirização praticada entre os Reclamados, por entender que os serviços ligados a cartões de crédito, estão inseridos na atividade-fim da instituição bancária. Declarou o vínculo de emprego entre o Reclamante e o segundo Reclamado (Banco Bradescard). 2. A possibilidade de terceirização de forma ampla, nas atividades meio e fim das empresas, foi tema objeto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 324 e do Recurso Extraordinário (RE) 958252, julgados pelo Supremo Tribunal Federal em 30/08/2018. Sobre essa questão, a Excelsa Corte, em regime de repercussão geral, consolidou a tese jurídica no sentido de que "é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante", afastando, assim, a configuração da relação de emprego com o tomador dos serviços. Nesse cenário, o Tribunal Regional, ao declarar a ilicitude da terceirização perpetrada pelos Reclamados, incorreu em possível má aplicação do item I da Súmula 331/TST. Agravo de instrumento provido . II. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO. LICITUDE. MATÉRIA JULGADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 324 E RE 958.252). REPERCUSSÃO GERAL . 1. O Tribunal Regional registrou que "incontroverso, portanto, que a reclamante trabalhou em benefício do segundo reclamado, Banco Bradescard S.A., atendendo a demandas de clientes, no setor de produtos financeiros (RFS) administrado por este". Consignou ainda que "os serviços prestados pela reclamante integram de forma essencial, indispensável e fundamental, a atividade-fim do segundo reclamado, pelo que sem o tipo de serviço prestado (vendas de produtos bancários) a unidade produtiva não teria êxito". Reconheceu a terceirização ilícita de serviços, declarando o vínculo de emprego diretamente com o segundo Reclamado, tomador de serviços, e o enquadramento da Reclamante como bancário. 2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 30/8/2018, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 324 e o Recurso Extraordinário 958.252, com repercussão geral e efeito vinculante, firmou entendimento no sentido de ser lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se estabelecendo relação de emprego entre o tomador de serviços e o empregado da empresa prestadora. 3. Nesse cenário, o Tribunal Regional, ao concluir que restou caracterizada terceirização ilícita de atividade-fim, uma vez que o Reclamante prestava serviços relacionados a cartões de crédito, proferiu acórdão dissonante do atual entendimento do Supremo Tribunal Federal. Julgados desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido " (RR-10318-08.2016.5.03.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 07/12/2018).
Da mesma forma, a Quarta Turma do TST, não reconheceu a relação de emprego entre um médico e a tomadora de serviços no estado do Rio Grande do Sul. Nesse caso, o profissional da saúde, estava prestando serviço para o hospital, através de uma clinica interposta prestadora de serviços. O TRT da 4° região anulou o contrato firmado entre as empresas, com base na súmula 331 do TST. Todavia, a Quarta Turma do TST aplicou a tese aprovada pelo STF no sentido da licitude da terceirização tanto nas atividades-fim quanto nas atividades-meio, reconhecendo a responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços caso o verdadeiro empregador não pague os créditos trabalhistas previstos na decisão judicial. 
PROCESSO No TST-RR-67-98.2011.5.04.0015
RECURSO DE REVISTA.
1. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. VÍNCULO DE EMPREGO. TOMADOR DOS SERVIÇOS. NÃO CONFIGURAÇÃO. PROVIMENTO PARCIAL.
A aferição da licitude da terceirização no âmbito desta Corte Superior demandava prévia análise do objeto da contratação. Isso porque sempre se entendeu pela impossibilidade da terceirização de serviços ligados à atividade precípua da tomadora de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados por meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a precarização de direitos trabalhistas (Súmula no 331, itens I e III).
A questão, contudo, foi submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal na ADPF 324 e no RE 958.252, em repercussão geral, os quais foram julgados conjuntamente em 30.8.2018, ocasião em que foi fixada a seguinte tese jurídica: “É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.” Desse modo, a partir dessa data, em razão da natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das terceirizações em qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa tomadora apenas poderá ser responsabilizada subsidiariamente.
Na espécie, a Corte Regional reconheceu que a primeira reclamada atuava como mera intermediadora da relação de emprego havida entre autor e segunda reclamada, caracterizando contratação por intermédio de pessoa jurídica interposta, em evidente fraude a legislação trabalhista, atraindo a aplicação do artigo 9° da CLT. Assim, concluiu que era nulo o contrato de trabalho firmado com a primeira reclamada, impondo-se reconhecer o vínculo de emprego diretamente com a segunda demandada, tomadora dos serviços do autor. Referida decisão destoa do entendimento do E. Supremo Tribunal Federal. (...)
(...)1.2.1. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. VÍNCULO DE EMPREGO. TOMADOR DOS SERVIÇOS. 
O egrégio Colegiado Regional, em relação ao tema, assim decidiu:
“RELAÇÃO DE EMPREGO. SOLIDARIEDADE 
A sentença reconheceu a existência de relação de emprego entre autor e segunda reclamada. Entendeu caracterizada terceirização ilegal de serviços, porquanto referente à atividade-fim da segunda ré. 
(...) 
É cediço que o supracitado verbete jurisprudencial foi editado num cenário em que o instituto da terceirização carecia de disciplinamento normativo, o qual encontrava previsãoapenas em esparsos dispositivos de lei.
Atualmente, a matéria passou a ser objeto de regulamentação da Lei no 6.019/1974, por força das alterações promovidas pelas Leis no 13.429/2017 e 13.467/2017, as quais imprimiram significativas mudanças no formato da terceirização. Destaca-se, inclusive, que o artigo 4o-A da Lei no 6.019/1974 passou a autorizar a terceirização de quaisquer atividades das empresas tomadoras de serviço, incluindo sua atividade principal. 
Ocorre que, conquanto a lei tenha permitido a terceirização da atividade precípua, por se tratar de norma de direito material, ela não se aplica a situações pretéritas, anteriores a sua entrada em vigor, além de haver divergência de entendimento quanto à possibilidade de regular os contratos em curso. Cumpre destacar que as reiteradas decisões proferidas por esta Justiça Especializada, nas quais era reconhecida a impossibilidade da terceirização de atividade precípua, tiveram a sua constitucionalidade questionada perante o excelso Supremo Tribunal Federal, por meio da ADPF 324, ao argumento que violavam a liberdade de contratação, os princípios da legalidade, da livre iniciativa e da valorização do trabalho.
De igual modo, no RE 958252, a excelsa Corte reconheceu a repercussão geral da questão referente à ilicitude da terceirização de serviços para a consecução da atividade precípua da empresa, nos termos preconizados na Súmula no 331. (...) Penso que a autorização para a terceirização encontra amparo no princípio da livre iniciativa, previsto no artigo 170 da Constituição Federal, à luz do qual as sociedades empresárias estariam autorizadas a escolher o modelo organizacional mais adequado às suas necessidades frente ao mercado.
É bem verdade que o supracitado princípio encontra limites na própria Constituição Federal, já que a terceirização não poderá configurar afronta à garantia da dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho. 
Nessa perspectiva, a partir de 30.8.2018, em razão da natureza vinculante das decisões proferidas pelo excelso Supremo Tribunal Federal nos aludidos feitos, deve ser reconhecida a licitude das terceirizações em qualquer atividade empresarial, de modo que a empresa tomadora apenas poderá ser responsabilizada subsidiariamente.
(...)ISTO POSTO (...) ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista somente quanto aos temas “TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. VÍNCULO DE EMPREGO. TOMADOR DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA” e “HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS”, por ofensa aos artigos 2o e 3o da CLT e contrariedade à Súmula 219, item I, e, no mérito: a) quanto ao primeiro tema, dar-lhe provimento parcial para, afastando o reconhecimento de vínculo de emprego entre o autor e a segunda reclamada, limitar a sua condenação em responsabilização subsidiária pelo adimplemento das verbas trabalhistas deferidas na lide; b) quanto ao segundo tema, dar-lhe provimento para 
restabelecer a r. sentença que indeferiu os honorários advocatícios.
 Brasília, 12 de setembro de 2018.
 CAPUTO BASTOS - Ministro Relator 
 
Logo, os ministros do TST não podem contrariar decisões do STF e, portanto, não poderão mais obedecer o que esta previsto na súmula n° 331 do TST e sim respeitar e aplicar o que decidido pelo STF, já que tal decisão tem repercussão geral e efeito vinculante, que deverá ser aplicada imediatamente a todos os processos em trâmite na Justiça do Trabalho. Desse modo, essa decisão deve dar seguimento a mais de 4 mil recursos que estão parados nos Tribunais do Trabalho e que versam sobre o tema da terceirização das atividades-fim.
3 MODULAÇÃO DE EFEITOS DA DECISÃO NO INTERESSE SOCIAL E NO
 DA SEGURANÇA JURÍDICA
A modulação dos efeitos de uma decisão do STF, refere-se quanto à possibilidade de restringir a eficácia temporal das decisões do Supremo em controle difuso/concreto, planejando sua utilização somente para o futuro. Logo, surge a dúvida com relação a essa decisão proferida pelo STF, principalmente, sobre a validade das terceirizações que foram realizadas antes da Reforma trabalhista, quando se aplicava o que estava estabelecido na Súmula 331 do TST. 
Nesse sentido, seria possível que essa decisão do STF, venha atingir processos judicias que já transitaram em julgado, ou seja, a aplicação da terceirização de forma irrestrita poderá modificar decisões anteriores da Justiça do Trabalho, que julgava com base na Súmula 331 do TST? Daí a necessidade de haver a modulação dos efeitos da aprovação da terceirização irrestrita, a fim de garantir aos litigantes segurança jurídica nas lides que já transitaram em julgado.
Ressalta-se que o tema em questão foi considerado como de repercussão geral pelo STF, e sendo assim, a decisão gera efeito vinculante, aplicando-se imediatamente a todos os processos que tramitam pela Justiça do Trabalho.
A modulação de efeitos da terceirização de forma irrestrita ainda se encontra indefinida, pois o STF ainda não se manifestou sobre o assunto. Nesse sentido temos a Lei n° 9.868/99 que no seu art. 27 definiu o seguinte:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
Posteriormente, o Código de Processo Civil disciplinou a modulação dos efeitos das decisões no art, 927, §3°, descrito assim:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo.
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
Observa-se que no art. 27 da Lei nº 9.868/99 é exigido maioria de 2/3 dos membros do STF para restringir seus efeitos, enquanto que o CPC nada dispõe a respeito de quórum. Logo, não existe uma decisão a respeito da real necessidade de se ter um quórum mínimo para a modulação de efeitos.
Portanto, como existe uma indefinição a respeito do assunto, essa decisão pode ser aplicada, de forma imediata, aos processos que ainda não transitaram em julgado. 
3.1 Pejotização
O nome “pejotização” deriva da abreviatura utilizada para pessoa jurídica, ou seja, PJ. Com a aprovação das Leis 13.429.17 e 13.467/16, assim como, a decisão do STF aprovando que é constitucional terceirizar trabalhadores não só para exercer as atividade-meio de uma empresa, como também para exercer as atividades-fim, pode-se dizer que a pejotização esta legalizada no Brasil. Nesse sentido, o trabalhador deixaria de ser uma pessoa física a passaria a ser uma pessoa jurídica, utilizando a denominação de, por exemplo, MEI (Microempreendedor Individual), e desse modo passaria a ser regido não pela CLT e sim pelo Código Civil, preconizado nos artigos 593 ao 609, apesar de estarem presentes todos oselementos que constituem uma relação de emprego que são: i) a alteridade, ii) a subordinação, iii) a pessoalidade, iv) a onerosidade, e v) a não eventualidade.
3.2 Conceito
A doutrina especifica alguns conceitos de pejotização, mas seu entendimento consiste, basicamente, em contratar pessoas físicas, através de uma empresa (pessoa jurídica) para prestar serviços ao tomador de serviços, mascarando uma relação de emprego, caracterizada, principalmente, pelo elemento da subordinação, e cuja principal finalidade é afastar o dever de pagar as verbas e os encargos trabalhistas e previdenciários.
Nesse sentido, para Meiry Vieira Calmon (2010, p.05) pejotização tem o seguinte significado:
[...] prática que cresce a cada dia na esfera trabalhista, em que a empresa que induz seu empregado a se tornar pessoa jurídica ou, somente contrata o funcionário nesta condição. Assim, o empregado é levado a constituir uma empresa e passa a receber mensalmente como prestador de serviço, abrindo mão de todos seus direitos assegurados pela CLT nas relações empregatícia.
 Por sua vez, Leone Pereira (2013, p.77) define pejotização como sendo a contratação de um empregado, na condição de uma pessoa jurídica, para desempenhar uma prestação de serviço, nesse caso intelectual. 
E ainda no entendimento do O Ministro do TST Claudio Mascarenhas Brandão, durante julgamento do AIRR - 1183-10.2012.5.01.0009 conceituou pejotização como:
O fenômeno denominado "pejotização" constitui modalidade de precarização das relações de trabalho por intermédio da qual o empregado é compelido ou mesmo estimulado a formar pessoa jurídica, não raras vezes mediante a constituição de sociedade com familiares, e presta os serviços contratados, mas com inteira dependência, inclusive econômica, e controle atribuídos ao tomador. Tal prática vem sendo declarada ilegal pela Justiça do Trabalho, quando comprovado o intuito de fraudar a aplicação da lei trabalhista, em clara afronta ao disposto no art. 9º da CLT, diante da inteira e completa subordinação com o suposto contratante, situação incompatível com o próprio conceito de empresa e em clara afronta aos princípios protetivos clássicos do Direito do Trabalho.
 
Logo, a pejotização é um modo de ludibriar o trabalhador, devido o indivíduo ter que abdicar de direitos trabalhistas conquistados com muita luta por movimentos sociais, que eram protegidos em caso de rescisão de contrato de trabalho. 
3.3 Críticas a pejotização pela ANAMATRA
A ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) em vários artigos publicados nas redes sociais, faz críticas a pejotização, pois entende que essa prática será prejudicial ao trabalhador, pois a perda de direitos trabalhistas será significante, para o trabalhador/empregado.
Nesse sentido, quando o trabalhador concordar em assinar o contrato da pejotização, abrirá mãos de seus direitos e ao final da relação com a empresa empregadora, perceberá que saiu prejudicado, eis que não terá nenhum direito trabalhista reconhecido, como se fosse uma empregado regido pela CLT.
Portanto, a associação em seu site esclarece o seguinte:
Reforma trabalhista abre portas para a "pejotização" nas empresas? 
Confira série de reportagens para esclarecer os principais pontos da reforma trabalhista . Nesta matéria, veja como fica a situação dos celetistas, terceirizados e PJs com a reforma. 
A reforma trabalhista entra em vigor no dia 11 de novembro com a ambição de modernizar as relações de trabalho e abrir caminho para mais empregos. Mas até isso acontecer terá de vencer incertezas de trabalhadores e de empresas sob um olhar desconfiado de parte da Justiça do Trabalho.
Entre as promessas de mais oportunidades de trabalho, está a terceirização da atividade fim da empresa, o que não era permitido antes da aprovação da reforma. Também entra em cena o autônomo exclusivo que, mesmo contratado de forma contínua, não será considerado empregado. A lógica seria oferecer às empresas alternativas sem risco de cobranças futuras na Justiça. 
Para tentar frear demissões e recontratações dos mesmos trabalhadores sem as obrigações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a reforma criou uma "quarentena" de 18 meses entre a demissão e a admissão do profissional como terceirizado ou por meio do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como pessoa jurídica (PJ). Mas isso não significa liberar a chamada "pejotização".
– Isso já era e continua irregular, é uma fraude. A contratação de pessoa jurídica é para um serviço específico, definido em um contrato. A empresa que adota essa tática para não pagar os direitos trabalhistas pode até ter alguma vantagem no momento, mas no futuro vai perder ações trabalhistas. Se optar por esse caminho, vai precisar de um bom fundo de reserva para pagar esses valores – alerta Carolina Mayer, advogada especialista em Direito Trabalhista.
Contratar PJ seria economia para o empregador 
Mas a quarentena não seria suficiente para impedir a redução do número de empregados, segundo o presidente da Comissão Especial da Justiça do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), Raimar Machado.
– Essa é uma tendência, o trabalho com pessoa jurídica representa maior economia para o contratante. Essa é a triste realidade. Toda vez que a lei facultar uma forma mais econômica de contratação, ela tenderá a ser adotada pelas empresas – destaca Machado.
Os autônomos, que também podem prestar serviços sem vínculo empregatício, receberam atenção na reforma. A prática da nova lei, no entanto, promete debate jurídico, segundo a vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Noemia Porto.
– A reforma lança uma figura estranha, não conhecida do Direito, chamada autônomo exclusivo. E diz que, se preenchidos todos os requisitos, o juiz não vai reconhecer o vínculo de emprego. Isso é impossível porque, independentemente da reforma trabalhista, existe um princípio básico de alerta a todos os juízes: o Judiciário não chancela fraude – diz Noemia.
Geração de empregos
O mesmo pessimismo quanto às alternativas abertas com a reforma não é compartilhado por outros profissionais do Direito. Para o advogado especialista em Direito do Trabalho Alfeu Muratt, o que for irregular poderá ser rechaçado.
– As práticas inadequadas e que gerarem precarização poderão ser facilmente identificadas e combatidas a partir desse novo marco regulatório, que veda a simples intermediação de mão de obra – defende o profissional.
Para ele, a reforma obriga as empresas a cumprirem exigências, com a tendência de geração de empregos e de maior nível de consciência dos empregadores sobre suas responsabilidades e direitos dos trabalhadores.
Portanto, a ANAMATRA vem se posicionando no sentido de que, a pejotização não é benéfica ao trabalhador, pois mesmo flexibilizando direitos trabalhistas através da Lei 13.467/2017, que criou novos modelos de contratação, como, o autônomo exclusivo, a pejotização continua sendo ilegal, sendo considerada uma fraude na legislação trabalhista, e pode acarretar nulidade contratual, nos termos do art. 9º da CLT, e como consequência poderá o empregador ser responsabilizado por crime de fraude, conforme disposto no artigo 203 do Código Penal.
3.4 A Pejotização na classe médica
Nesse cenário de crise econômica pelo qual o Brasil vem passando e que esta longe de ser resolvido, um problema vem afrontando a classe médica. Trata-se do modo de contratação do profissional médico junto a hospitais e clinicas especializadas. O problema refere-se a forma de contratação do profissional médico por clínicas e hospitais, pois devido a escassez de recursos na saúde pública, e a crise econômica que atrapalha o setor privado, esse profissional deixou de ser contratado através dos parâmetros estabelecidos na CLT, para ser contratado na forma de pejotização, o que pode precarizar as condições de trabalho do médico.
A pejotização na área médica, pode apresentar algumas vantagens e desvantagens. Nesse sentido Almeida (MIGALHAS, 2019) apresenta o seguinte:Os profissionais contratados sob a forma de pessoa jurídica, entretanto, apontam algumas vantagens dessa forma de contratação, tais como: maior liberdade profissional quanto à carga horária, o que leva a maior autonomia sobre a sua produtividade e trabalho; a redução da carga tributária a qual passa a ser submetido, que é consideravelmente menor do que a dos empregados celetistas; possibilidade de atender hospitais, clínicas e laboratórios diferentes; montar uma clínica própria e gerir os atendimento em conformidade com suas necessidades pessoais e a demanda do mercado; facilidade em obter crédito e financiamento, com margem superior a usualmente concedida à pessoa física.
Contudo, as desvantagens apontadas pelo CFM são muitas, dentre as quais se destacam: a fragilidade do vínculo; a insegurança por ele gerada e a perda de todos os direitos trabalhistas garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho e pelas leis previdenciárias (13º salário, horas extras, adicional pelo trabalho noturno e insalubre, repouso semanal remunerado, FGTS, estabilidade à gestante, aviso prévio, multa de 40% sobre o FGTS, em caso de despedida arbitrária, licença maternidade e as vantagens decorrentes das normas coletivas, como assistência médica e odontológica, prêmio assiduidade, etc).
Entretanto, necessário se faz esclarecer que mesmo não estando plenamente de acordo com esta modalidade de contratação de médicos através de CNPJ, o CFM não impõe qualquer tipo de óbice, nem deixa de prestar o devido suporte à categoria médica, tendo em vista, inclusive, que a Receita Federal tem atuado de maneira incisiva na fiscalização dessas modalidades de relação contratual, promovendo autuações em casos que detectam possíveis irregularidades, no quais o Conselho, por sua vez, vem intercedendo, no âmbito administrativo, para auxiliar os profissionais que estabelecem essas contratações de forma legítima.
Dessa forma, é possível perceber que cabe ao profissional da saúde fazer uma avaliação bastante acurada acerca do tipo de contratação a qual vai se submeter, levando em consideração todos os benefícios trabalhistas e previdenciários que serão percebidos e garantidos no caso da vinculação trabalhista formal, ou, certificar-se, ficando a par de todos os encargos fiscais e demais regramentos tributários a que estará sujeito, caso opte por abrir sua inscrição de CNPJ para prestação de serviços nesta condição, sendo de suma importância, portanto, que busque previamente consultoria contábil e jurídica.
O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro, realizou denúncia de pejotização médica, através de uma ação civil pública, que teve como objeto à terceirização da contratação de 1.400 médicos especializados, e que deveriam exercer suas atividades em laboratórios de uma rede privada, através da utilização de pessoa jurídica. O TRT da 1ª Região (RJ), em julgado de primeira instância, constatou que as atividades estavam sendo exercidas com a presença de todos os requisitos que caracterizam o vínculo de emprego, que são: pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Logo, concluíram que havia pejotização médica, pois com a constituição de pessoa jurídica e com a presença dos requisitos que caracterizam a relação de emprego, ficou evidente a prática da pejotização.
Todavia, a 3ª turma do Tribunal Superior do Trabalho, reformou a decisão do TRT 1ª Região (RJ) e julgou o caso, conforme a seguir:
2 - MÉRITO 
2.1 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – SERVIÇOS DE MEDICINA DIAGNÓSTICA – MÉDICOS CONTRATADOS COMO PESSOA JURÍDICA – TERCEIRIZAÇÃO - PEJOTIZAÇÃO – VÍNCULO DE EMPREGO – RECONHECIMENTO APENAS NOS CASOS DE CONFIGURAÇÃO INDIVIDUAL DA SUBORDINAÇÃO - INCIDÊNCIA DAS LEIS NoS 13.429/2017 E 13.467/2017 – DIREITO INTERTEMPORAL – APLICAÇÃO PARA SITUAÇÕES JURÍDICAS PRETÉRITAS E FUTURAS – OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER - ASTREINTES - DANO MORAL COLETIVO – NÃO RECOLHIMENTO DO FGTS E DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Conhecido o recurso de revista por violação do artigo 3o da CLT, DOU-LHE provimento parcial para, reconhecendo que a liquidação de sentença será por artigos, com ampla instrução probatória (artigo 879 da CLT), determinar o registro da CTPS apenas dos médicos em que ficar comprovada a efetiva subordinação, com obrigação de comparecimento habitual, horário de trabalho e impossibilidade de substituição, e excluir da condenação a partir da vigência das Leis nos 13.429/2017 e 13.467/2017, a proibição de contratação de médicos autônomos ou por meio de pessoas jurídicas regularmente constituídas para labor pelos próprios sócios, ainda que nas instalações dos próprios laboratórios tomadores. Como consequência lógica do provimento parcial do recurso de revista, acerca da obrigação de não fazer, reduzo as astreintes para R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia, a partir desta decisão.
Por fim, reduzo a condenação por dano moral coletivo, arbitrado em R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) pelo Tribunal Regional para R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) por médico em relação ao qual fique caracterizada a subordinação ou irregularidade de contratação via pessoa jurídica. Custas reduzidas para R$ 30.000,00 (trinta mil reais) pela Ré.
ISTO POSTO 
PROCESSO No TST-RR-10287-83.2013.5.01.0011
ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista da reclamada apenas no tema “AÇÃO CIVIL PÚBLICA – SERVIÇOS DE MEDICINA DIAGNÓSTICA – MÉDICOS CONTRATADOS COMO PESSOA JURÍDICA – TERCEIRIZAÇÃO - PEJOTIZAÇÃO – VÍNCULO DE EMPREGO – RECONHECIMENTO APENAS NOS CASOS DE CONFIGURAÇÃO INDIVIDUAL DA SUBORDINAÇÃO - INCIDÊNCIA DAS LEIS NoS 13.429/2017 E 13.467/2017 – DIREITO INTERTEMPORAL – APLICAÇÃO PARA SITUAÇÕES JURÍDICAS PRETÉRITAS E FUTURAS – OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER - ASTREINTES - DANO MORAL COLETIVO – NÃO RECOLHIMENTO DO FGTS E DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS”, por violação do artigo 3o da CLT, e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para, reconhecendo que a liquidação de sentença será por artigos, com ampla instrução probatória (artigo 879 da CLT), determinar o registro da CTPS apenas dos médicos em que ficar comprovada a efetiva subordinação, com obrigação de comparecimento habitual, horário de trabalho e impossibilidade de substituição, e excluir da condenação a partir da vigência das Leis nos 13.429/2017 e 13.467/2017, a proibição de contratação de médicos autônomos ou por meio de pessoas jurídicas regularmente constituídas para labor pelos próprios sócios, ainda que nas instalações dos próprios laboratórios tomadores. Como consequência lógica do provimento parcial do recurso de revista, reduzir as astreintes para R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia a partir desta decisão e minorar o quantum da indenização por dano moral coletivo, arbitrado em R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) pelo Tribunal Regional para R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) por médico em relação ao qual fique caracterizada a subordinação ou irregularidade de contratação via pessoa jurídica. Custas reduzidas para R$ 30.000,00 
(trinta mil reais) pela Ré.
 Brasília, 13 de março de 2019.
 Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) 
 ALEXANDRE AGRA BELMONTE Ministro Relator 
Portanto, o TST, através do ministro relator, decidiu que devido a entrada em vigor das leis da terceirização (13.429/17) e da reforma trabalhista (13.467/17), o laboratório pode terceirizar livremente seus serviços, inclusive na atividade-fim. Seguindo o relator, a 3ª turma do TST, designou que o laboratório anotasse a carteira de trabalho dos médicos em que ficaram comprovados os vínculos de emprego e que estavam presentes as subordinações nas atividades desenvolvidas por esses, com obrigação de comparecimento habitual, horário de trabalho e impossibilidade de substituição por outro profissional, excluindo da condenação, a partir da vigência das duas leis 13.429/17 e 13.467/17, a proibição de contratar médicos autônomos ou por meio de pessoas jurídicas regularmente constituídas, ainda que

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