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DESCRIÇÃO As noções do Direito do Trabalho inseridas na prática, com grande ênfase na estrutura e competência do Ministério Público do Trabalho. PROPÓSITO Estudar as noções da abrangência e do papel desempenhado pelo Ministério Público do Trabalho e a importância do diálogo institucional com trabalhadores para um ambiente de trabalho democrático e consciente. PREPARAÇÃO Para um estudo eficaz, tenha a Consolidação das Leis do Trabalho em mãos, bem como acesso ao site do Tribunal Superior do Trabalho para averiguar a jurisprudência sobre o tema. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever o papel do Ministério Público do Trabalho MÓDULO 2 Distinguir as ações e programas de desligamento de trabalhadores, assim como o papel dos sindicatos nos desligamentos MÓDULO 3 Identificar as ações de geração de trabalho e renda MÓDULO 1 Descrever o papel do Ministério Público do Trabalho Neste módulo, trataremos de abordar os principais pontos do papel e abrangência do Ministério Público do Trabalho, quer seja em sua atuação extrajudicial, quer seja judicial, para a tutela coletiva na defesa dos direitos de diversos trabalhadores a um só tempo. Por consequência, abordaremos o principal instrumento extrajudicial do MPT, no qual o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais: o Termo de Ajustamento de Conduta. PAPEL E ABRANGÊNCIA DO MPT A Constituição Federal de 1988, em seu art. 127, caput, declina expressamente o conceito de Ministério Público, como se verifica a seguir: “Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regimento democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” Foto: rafastockbr / Shutterstock.com O CPC/2015 compatibilizou seus dispositivos com a redação prevista na CF/1988 e estabeleceu, em seu artigo 176, que o Ministério Público atuará na defesa: DA ORDEM JURÍDICA DO REGIME DEMOCRÁTICO DOS INTERESSES E DIREITOS SOCIAIS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS DESTACAMOS, AINDA, QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO É ÓRGÃO INDEPENDENTE, NÃO ESTANDO VINCULADO A NENHUM DOS DEMAIS PODERES (EXECUTIVO, LEGISLATIVO OU JUDICIÁRIO). TEM AUTONOMIA FUNCIONAL, ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA (CF, ART. 127, §2º). O Ministério Público do Trabalho (MPT), objeto do presente estudo, é ramo do Ministério Público da União, incumbido de tutelar os direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis, quando pautados na relação de trabalho. Em regra, as atribuições do Ministério Público do Trabalho estão ligadas às matérias de competência da Justiça do Trabalho. SAIBA MAIS O MPT tem como foco principal a tutela coletiva, ou seja, age para defender diversos trabalhadores a um só tempo. Além disso, a atuação desse ramo ministerial busca despersonalizar o empregado, já que não age em nome do empregado X ou Y, mas para garantir o direito de diversos trabalhadores. Excepcionalmente, o MPT poderá tutelar interesses individuais, quando buscar a defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho. O Ministério Público do Trabalho possui as seguintes metas institucionais: Foto: Shutterstock.com COMBATER AS FRAUDES NA RELAÇÃO DE TRABALHO. Foto: Shutterstock.com PRESERVAR O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ADEQUADO. Foto: Talukdar David / Shutterstock.com ERRADICAR O TRABALHO INFANTIL. Imagem: Shutterstock.com COMBATER AS PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS. Foto: Shutterstock.com ERRADICAR O TRABALHO ESCRAVO E DEGRADANTE. Imagem: Shutterstock.com ELIMINAR AS IRREGULARIDADES TRABALHISTAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Foto: Shutterstock.com GARANTIR A LIBERDADE SINDICAL E BUSCAR A PACIFICAÇÃO DOS CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO. SUA ATUAÇÃO PODE SER EXTRAJUDICIAL E JUDICIAL. No campo extrajudicial, utiliza-se basicamente do: INQUÉRITO CIVIL (IC) TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC) Além de outros mecanismos eficazes a assegurar a observância dos direitos sociais, como é o caso das audiências públicas e das recomendações. Por meio do Inquérito Civil, o MPT investiga determinados fatos, com o objetivo de colher elementos de convicção para verificar se existem lesões ou ameaças de lesões aos direitos dos trabalhadores. Verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá afirmar Termo de Ajustamento de Conduta, que é um mecanismo extrajudicial em que o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo extrajudicial (CLT, art. 876). EXEMPLO O MPT instaura um IC diante da denúncia que o empregador excede a jornada de trabalho dos motoristas empregados. Nessa hipótese, a Gerência Regional do Trabalho e Emprego expede Auto de Infração relativo ao excesso de jornada para que o empregador realize o pagamento da multa. Imagem: Shutterstock.com Observando a continuidade do ato ilícito pela empresa, o MPT propõe a assinatura do TAC pela empresa. Caso a empresa não tenha interesse em firmar o TAC, o Ministério Público do Trabalho pode se utilizar do âmbito judicial. Nesse caso, vale-se, em regra, da ação civil pública, ação civil coletiva, ação rescisória, dissídio coletivo de greve etc. O IC e o TAC são facultativos, de modo que o Ministério Público, tomando ciência de lesão ou ameaça de lesão a direitos trabalhistas, poderá, imediatamente, ajuizar ação civil pública. Em alguns casos, o MPT atua na reclamação trabalhista como fiscal da ordem jurídica. Aliás, a terminologia “fiscal da ordem jurídica” foi uma das inovações trazidas pelo CPC/2015, uma vez que o CPC/1973 denominava essa atuação do Ministério Público como fiscal da lei. Essa alteração é condizente com o art. 127, caput, da CF/1988, indicando que o órgão ministerial deve zelar não apenas pelo cumprimento da lei, mas também pelas demais fontes do ordenamento jurídico, tais como os princípios. SAIBA MAIS O Ministério Público quando atua como fiscal da ordem jurídica deve proferir parecer no prazo de 8 dias (Lei nº 5.584/1970, art. 5º), salvo no mandado de segurança, no qual o prazo é de 10 dias, conforme descreve o art. 12 da Lei nº 12.016/2009. O art. 83, da LC nº 75/1993, prevê as seguintes atribuições do Ministério Público do Trabalho: I Promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas; II Manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção; III Promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos; IV Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; V Propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; VI Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; VII Funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes; VIII Instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir; IX Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou discordância,em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal; X Promover mandado de injunção quando a competência for da Justiça do Trabalho; XI Atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho; XII Requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a melhor solução das lides trabalhistas; XIII Intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional (grifo nosso). RELEVANTE PAPEL DO MPT NO COMBATE AOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS COLETIVOS Segundo Schreiber (2013, p. 412), a atuação do Ministério Público do Trabalho, ente legitimado para a tutela de direitos coletivos, tem gerado grandes resultados nas ações coletivas no campo trabalhista. Interessante destacar que a atuação de forma coletiva mitiga a dificuldade de acesso individual à Justiça, permite plena compreensão da dimensão social da demanda e garante uma decisão unitária para todas as vítimas, sem riscos de tratamentos conflitantes a casos idênticos, como é costumeiro na justiça individual. Apesar de seu conceito ser altamente controvertido, de acordo com Tartuce (2012, p. 466), o dano moral coletivo atinge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis, ou seja, o patrimônio imaterial de uma coletividade. A ACEITAÇÃO DO DANO MORAL COLETIVO DEPENDEU DO ALARGAMENTO DA TESE DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS PARA PERMITIR FIGURAR NO POLO PASSIVO UM ENTE JURÍDICO. ESSA SUBCLASSIFICAÇÃO, SEGUNDO MELLO (2015, P. 30-31), É FUNDAMENTAL PARA ABARCAR FENÔMENOS QUE TRANSCENDEM A INDIVIDUALIDADE. Nesse contexto, se a reparação por danos extrapatrimoniais se fundamenta na centralidade e na singularidade do ser humano, o que dizer para justificar a condenação por danos coletivos sem perder a coerência do argumento? Leonardo Roscoe Bessa (2018) destaca que “o objetivo de se prever, ao lado da possibilidade de indenização pelos danos materiais, a condenação por dano moral coletivo, só encontra justificativa pela relevância social e interesse público inexoravelmente associados à proteção e tutela dos direitos metaindividuais”. Para Enoque Ribeiro dos Santos (2016, p. 86), A FINALIDADE DA REPARAÇÃO PELO DANO MORAL COLETIVO É DUPLA: PREVENIR FUTURA CONDUTA ILÍCITA POR PARTE DOS INFRATORES, QUE IRÃO SENTIR NO BOLSO OS EFEITOS DE SUA INCÚRIA, E, DESSA FORMA, OBSTAR PRÁTICAS REINCIDENTES, BEM COMO SERVIR DE EXEMPLO PARA OS DEMAIS EMPRESÁRIOS, NO SENTIDO DE QUE O COMPORTAMENTO DO INFRATOR É A TAL PONTO CONDENÁVEL QUE VEIO MERECER UMA SANÇÃO COMPLEMENTAR E PEDAGÓGICA. Com razão. Diferentemente da lógica da reparação do dano individual, a reparação dos danos coletivos e difusos enseja tratamento próprio específico no que tange à responsabilização do agente causador, seja quanto à forma, seja quanto à função que a orienta. No campo da tutela dos direitos coletivos, o mecanismo de reparação de danos dá-se por meio da condenação do ofensor ao pagamento de uma parcela pecuniária, com finalidade específica. SAIBA MAIS Na fixação do valor indenizatório do dano moral coletivo, os magistrados estão considerando, em linhas gerais, os mesmos parâmetros utilizados para a fixação do dano moral individual, levando- se em conta os preceitos do art. 944 do Código Civil, utilizado de forma subsidiária. Segundo Xisto de Medeiros Neto (2014, p. 196), “a imposição dessa parcela ao ofensor corresponde à forma de responsabilização concebida pelo sistema jurídico, equivalente ao que se convencionou chamar de reparação por dano moral coletivo, e que tem o objetivo de atender, com primazia, à função sancionatória e pedagógica reconhecida à tutela desta categoria de danos”. Não se trata, propriamente, de uma reparação típica, de finalidade compensatória, nos moldes do que se observa em relação aos danos extrapatrimoniais individuais. A relevância da previsão legal dessa reparação é facilmente percebida quando se defrontam hipóteses de violação grave a direitos coletivos e se constata que a simples cessação da conduta danosa ilícita ou o cumprimento, a partir de dado momento, da obrigação legal até então negligenciada, deixaria impune o ofensor, em relação ao tempo em que se deu a violação, sem qualquer meio hábil que pudesse responsabilizá-lo pela lesão havida, na maior parte das vezes irreversível. Ademais, em tais hipóteses de danos à coletividade, a ausência ou mesmo a não admissão de uma forma própria de reparação representaria fator de incentivo à prática de novas condutas antijurídicas, em que o violador auferiria vantagem indevida, principalmente de ordem econômica. No âmbito do Direito do Trabalho é comum o dano moral coletivo em casos de: DISPENSAS DISCRIMINATÓRIAS EXPLORAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL SUBMISSÃO DE TRABALHO À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO DANOS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ETC. Em linhas gerais, configurar-se-á dano moral coletivo (MELO, 2015, p. 32): Imagem: Shutterstock.com A exposição de grupos de trabalhadores a situações vexatórias, humilhantes ou constrangedoras. O descumprimento, por parte dos empregadores, dos direitos sociais trabalhistas difusos, individuais homogêneos ou coletivos. Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com O incumprimento acerca do direito à realização periódica de exames médicos. A violação do direito ao piso salarial ou normativo da categoria. Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com O desrespeito ao direito à saúde, higiene e segurança do trabalho. Assim como a proteção a discriminações que envolvam gênero, idade, saúde e ideologia na admissão do emprego ou na vigência do contrato de trabalho. Imagem: Shutterstock.com A lesão a bens e interesses da coletividade deve ensejar uma reparação adequada e eficaz a esta peculiar modalidade de dano extrapatrimonial, que se efetiva sob a forma de uma condenação em dinheiro imposta ao ofensor em valor que reflita, necessária e prevalentemente, o caráter sancionatório e pedagógico da medida. TENDO EM VISTA AS CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS DO DANO MORAL COLETIVO, A CONDENAÇÃO PECUNIÁRIA REPARATÓRIA PODE APRESENTAR TAMBÉM NATUREZA SANCIONATÓRIA EM RELAÇÃO AO OFENSOR, E NÃO APENAS REPARATÓRIA OU PREVENTIVA. COM ISSO, REALÇA-SE, TAMBÉM, A INTENÇÃO DE DISSUADIR O VIOLADOR DE PRATICAR NOVAMENTE TAIS OFENSAS, INCLUSIVE EM FACE DE TERCEIROS, ASPECTO QUE AVIVA A FINALIDADE PREVENTIVA DE TAL FORMA DE RESPONSABILIZAÇÃO. Portanto, o que se almeja nessa órbita de danos extrapatrimoniais, tendo como sujeito passivo a coletividade, é impor ao ofensor condenação pecuniária que signifique sanção pela prática da conduta ilícita. De forma secundária, concebe-se alguma finalidade compensatória em sede de reparação do dano moral coletivo, considerando ser a coletividade o sujeito passivo da violação, e a parcela da condenação imposta judicialmente ter como objetivo a “reconstituição dos bens lesados”, conforme previsto no artigo 13 da Lei nº 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública). LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÕES CIVIS PÚBLICAS É praticamente pacífico na doutrina e na jurisprudência que o MP tem legitimidade para propor Ação Civil Pública na defesa dos interesses difusos e coletivos (art. 129, III da CF). Divergência ainda reina, contudo, na hipótese de legitimação para defesa de interesses e direitos individuais homogêneos. Inicialmente, a doutrina e jurisprudência dominantes não admitiam a legitimidade do Ministério Público para propor demanda visando à proteção de interesses e direitos individuais homogêneos, até porque a Lei da Ação Civil Pública não a prevê. O próprio MP dizia que não poderia ser atrelado a defesas individuais, porque se o direito é individual,ainda que o dano tenha origem comum, deslocaria o MP de suas relevantes funções, que são a defesa da sociedade como um todo. ATUALMENTE, PORÉM, A JURISPRUDÊNCIA JÁ ESTÁ EQUILIBRADA, ADMITINDO-SE TAL LEGITIMIDADE EM DIVERSAS HIPÓTESES. PARA PEDRO DINAMARCO (2001, P. 213) A legitimidade do Ministério Público para a defesa de interesses e direitos individuais homogêneos residiria na sua qualidade de indisponibilidade. Assim, “a solução correta é a de que os interesses individuais homogêneos só podem ser defendidos pelo Ministério Público, por meio da ação civil pública, quando eles forem, simultaneamente, indisponíveis.” Sua posição se sustenta, basicamente, no fato de a Constituição Federal não ter feito qualquer menção em seu texto sobre a possibilidade de o MP defender interesses individuais disponíveis, não sendo, portanto, permitido à instituição mencionada a defesa de forma indiscriminada de direitos individuais homogêneos. PARA HUMBERTO DALLA BERNARDINA DE PINHO (2001) Os direitos individuais homogêneos são individuais na origem, entretanto, em razão de sua relevância social, são tratados pela lei como coletivos, e assim tutelados. A legitimidade do MP para o ajuizamento de Ação Civil Pública em defesa de interesses difusos e coletivos tem previsão constitucional expressa (art. 129, III CF). Explica que a falta da inclusão, no mesmo dispositivo constitucional dos direitos individuais homogêneos, tem razão no fato de que nem todas as situações individuais alcançam dimensão de justificar a atuação do MP, ao contrário do que ocorre com os interesses difusos e coletivos, que, pela natureza, têm afetação automática à coletividade, e não apenas ao indivíduo. Em verdade, em se tratando de ação coletiva, qualquer que seja a sua modalidade, tem o MP legitimidade, pois, se cabe a ele decidir quando deve intervir como fiscal da lei, deve caber a ele também, de forma independente e autônoma, decidir quando existe dano social e que o deva motivar a ingressar com uma ação coletiva, já que o Parquet no aspecto processual é a própria sociedade em juízo. TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA TRABALHISTA (TAC) O art. 5º, §6º, da Lei nº 7.347/1985 estabelece que “os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”. Assim, verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá firmar Termo de Ajustamento de Conduta, mecanismo extrajudicial em que o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo extrajudicial (CLT, art. 876). ATENÇÃO O TAC não pode ser utilizado para concessões que impliquem renúncia aos direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos se o Ministério Público não for o titular de direitos. Deve, assim, ficar restrito à interpretação do direito para o caso concreto, à especificação das obrigações adequadas e necessárias, em especial o modo, tempo e lugar de cumprimento, bem como à mitigação, à compensação e à indenização dos danos que não possam ser recuperados (CNMP – Resolução nº 179/2017, art. 1º, §1º). A celebração de TAC com o Ministério Público não afasta, necessariamente, a eventual responsabilidade administrativa ou penal pelo mesmo fato, nem importa, automaticamente, no reconhecimento de responsabilidade para outros fins que não os estabelecidos expressamente no compromisso (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 1º, §3º). O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas, líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto, a ser assinado pelo órgão do Ministério Público e pelo compromissário (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º). QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA FÍSICA... QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA JURÍDICA... QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA FÍSICA... O compromisso de ajustamento de conduta poderá ser firmado por procurador com poderes especiais outorgados por instrumento de mandato, público ou particular (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º, §2º). QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA JURÍDICA... O compromisso de ajustamento de conduta deverá ser firmado por quem tiver por lei, regulamento, disposição estatutária ou contratual, poderes de representação extrajudicial daquela, ou por procurador com poderes especiais outorgados pelo representante (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º, §2º). Tratando-se de empresa pertencente a um grupo econômico, deverá assinar o representante legal https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps1 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps1 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps2 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps2 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps2 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps2 da pessoa jurídica controladora à qual esteja vinculada, sendo admissível a representação por procurador com poderes especiais outorgados pelo representante (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º, §3º). O compromisso de ajustamento de conduta deverá prever multa diária ou outras espécies de cominação para o caso de descumprimento das obrigações nos prazos assumidos, admitindo-se, em casos excepcionais e devidamente fundamentados, a previsão de que esta cominação seja fixada judicialmente, se necessária à execução do compromisso (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 4º). A NECESSIDADE DE REVISÃO DE TACS EM CASOS DE TERCEIRIZAÇÃO Tem sido bastante comum a hipótese de empresas que tenham firmado termos de ajustamento de conduta comprometendo-se a não terceirizar serviços sentirem a necessidade de revisão dos respectivos acordos, a partir das decisões vinculantes do Supremo Tribunal Federal que autorizam a terceirização em atividades-fim, inclusive. ATENÇÃO Em verdade, a partir das Leis n° 13.429 e 13.467, ambas de 2017, restou expressamente regulamentada a terceirização em geral, para qualquer tipo de perfil contratual, de acordo com os artigos 4º-A e 5º-A da Lei n° 6.019/1974, os quais permitem a adoção do modelo terceirizado para execução de todas as atividades desenvolvidas, inclusive a principal, permitida, ademais, a subcontratação dos serviços, ou seja, a “quarteirização”. Em relação ao período pretérito, ações constitucionais relevantes foram servis à fixação de tese favorável ao instituto da terceirização. Confira-se, com destaques, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 pelo Supremo Tribunal Federal: Direito do Trabalho. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Terceirização de atividade-fim e de atividade-meio. Constitucionalidade. ADPF 324, Relator: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019. 1 A Constituição não impõe a adoção de um modelo de produção específico, não impede o desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e condições claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança. O Direito do Trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às transformações no mercado de trabalho e na sociedade. 2 A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a liberdade de formular estratégias negociais indutoras de maior eficiência econômica e competitividade. 3 A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos previdenciários.É o exercício abusivo da sua contratação que pode produzir tais violações. 4 Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados com as normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias (art. 31 da Lei 8.212/1993). 5 A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços pressupõe a sua participação no processo judicial, bem como a sua inclusão no título executivo judicial. 6 Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a indicar que o tema continua a demandar a manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito dos aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o pedido de inclusão do feito em pauta. 7 Firmo a seguinte tese: “1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993”. 8 ADPF julgada procedente para assentar a licitude da terceirização de atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões transitadas em julgado. Vejam-se, também, outros dois importantes julgados do STF: RE 760931 RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. (...). 1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto social das empresas para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do mundo. (...) (RE 760931, Relator(a): ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017) RE 958252 RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. CONSTITUCIONALIDADE DA “TERCEIRIZAÇÃO”. ADMISSIBILIDADE. OFENSA DIRETA. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA (ART. 1º, IV, CRFB). (...) 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB). (RE 958252, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-199 DIVULG 12-09-2019 PUBLIC 13-09-2019) Nesse contexto, destaque-se a redação do artigo 505, I do CPC: Foto: Shutterstock.com ART. 505. NENHUM JUIZ DECIDIRÁ NOVAMENTE AS QUESTÕES JÁ DECIDIDAS RELATIVAS À MESMA LIDE, SALVO: I - SE, TRATANDO-SE DE RELAÇÃO JURÍDICA DE TRATO CONTINUADO, SOBREVEIO MODIFICAÇÃO NO ESTADO DE FATO OU DE DIREITO, CASO EM QUE PODERÁ A PARTE PEDIR A REVISÃO DO QUE FOI ESTATUÍDO NA SENTENÇA; II - NOS DEMAIS CASOS PRESCRITOS EM LEI. Portanto, como houve alteração da legislação e da jurisprudência posteriormente à celebração de TACs, será possível considerar superadas as obrigações nele estabelecidas. Em suma, diante dos termos dos inúmeros TACs firmados com a proibição de se terceirizar, e considerando as decisões do Supremo Tribunal Federal sobre o tema da terceirização, sobretudo na ADPF 324, mostra-se plenamente possível a revisão dos pactos, máxime desde a entrada em vigor das Leis 13.429 e 13.467/2017. A QUESTÃO NÃO É DE TODO PACÍFICA, JÁ QUE SEQUER HÁ CONSENSO SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO TAC E SE ELE ESTARIA OU NÃO ALBERGADO PELA REGRA DA IMUTABILIDADE DOS ATOS JURÍDICOS PERFEITOS. O TST, entretanto, julgando um Recurso de Revista em Ação Revisional de Cláusula de Termo de Ajustamento de Conduta, posicionou-se quanto à possibilidade de revisão das cláusulas do TAC quando a alteração do estado de fato ou de direito assim o justifica, com fundamento no art. 505, I do CPC c/c o art. 769 da CLT. Confira-se julgado do TST: RECURSO DE REVISTA. NÃO REGIDO PELA LEI 13.015/14. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. PRETENSÃO DE ADEQUAÇÃO À COMPREENSÃO JURISPRUDENCIAL PREVALECENTE. REVISTA DE BOLSAS E PERTENCES DE TRABALHADORES. CLÁUSULA QUE AMPLIA OS PARÂMETROS DEFINIDOS PELA JURISPRUDÊNCIA. PRETENSÃO EMPRESARIAL PROCEDENTE. OFENSA AO ART. 471, I, DO CPC/73 (ART. 505, I, DO CPC/2015). CONFIGURAÇÃO. 1 2 A Recorrente celebrou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério Público do Trabalho, no ano de 2004, comprometendo-se a não "(...) realizar revistas íntimas, assim entendidas aquelas que importem qualquer tipo de contato físico e/ou exposição de parte do corpo ou objetos pessoais". Com base na jurisprudência que se consolidou em momento posterior a respeito da proteção patrimonial das empresas, nas relações travadas com seus empregados, propôs a Recorrente a presente Ação Revisional de Cláusula de TAC, postulando a substituição da cláusula I do TAC acima transcrita. Decretada a improcedência da pretensão nas instâncias ordinárias, articula a empresa, em seu recurso de revista, a ofensa aos artigos 471, I, do CPC e 769 da CLT, e 5º, II, XXII, XXXV e LIV, da CF, além de dissenso jurisprudencial (RR ‒ 1030-74.2010.5.08.0001, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 16/11/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2016). Nas relações jurídicas de trato sucessivo, entre as quais se inserem as constituídas por meio da celebração de um TAC em que previstas obrigações de fazer e não fazer com efeitos permanentes e prospectivos, a alteração do estado de fato ou de direito autoriza a retificação do quanto ajustado, com fundamento no art. 471 do CPC de 1973 (atual art. 501 do CPC de 2015) c/c o art. 769 da CLT. Nesse cenário, se a jurisprudência consolidada no âmbito deste TST, após intensos debates acerca da questão jurídica suscitada ‒ ausência de dano moral em razão de revistas íntimas, realizadas de forma impessoal e discreta, sem contato físico ou exposição da intimidade do trabalhador ‒, consolidou-se em sentido diverso do que orientou a celebração do TAC, revela-se perfeitamente cabível a revisão do quanto convencionado, assegurando-se a isonomia e a segurança jurídica aos envolvidos e preservando-se a unidade de sentido da ordem jurídica, especialmente no caso concreto, em que postulam incidência, de forma aparentemente antagônica, os incisos X e XXII do artigo 5º da CF. Esta Corte Superior já fixou o entendimento de que o procedimento de revista aos pertences dos empregados, sem contato físico, de forma impessoal e genérica, sem caráter discriminatório e sem exposição da intimidade do trabalhador, não configura ato ilícito (CC, arts. 186 e 187). Se o teor da cláusula firmada com o Parquet dissente parcialmente dessa orientação, precisamente no https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps3https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps3 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps4 https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02021/index.html#collapse-steps4 capítulo em que veda a revista em bolsas, mochilas e sacolas dos empregados, não se pode preservar sua eficácia, sob pena de ofensa ao art. 471, I, do CPC (art. 505, I, do CPC/2015). Recurso de revista conhecido e parcialmente provido (RR ‒ 1030-74.2010.5.08.0001, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 16/11/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2016). Diante desse relevante e atual precedente do TST, que entendeu pela possibilidade de revisão dos termos de um TAC para ajustá-lo a uma nova diretriz jurisprudencial daquela Corte, não parece razoável não se admitir a possibilidade de revisão das cláusulas de um TAC quando a edição de uma nova Lei assim o justificar. A possibilidade, aliás, parece ainda mais evidente no caso da revisão das cláusulas de proibição da terceirização da atividade-fim se levarmos em conta que, à época da assinatura desses TACs, sequer havia norma legal que regulasse a matéria. Logo, com a entrada em vigor da Lei nº 13.429/17, parece justificável o ajuizamento de eventuais ações revisionais dos TACs para acomodação dos compromissos à realidade legal e jurisprudencial da atualidade. O vídeo abordará as diferentes atribuições do MP narradas ao longo do módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE, COM BASE NA LC 75/1993, A UMA ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO: A) Promover a defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho, por meio da via judicial e extrajudicial. B) Atuar obrigatoriamente nos feitos que estejam em trâmite no segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho. C) Nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho, atuar como árbitro quando solicitado pelas partes D) Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores. E) Manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa. 2. EM RELAÇÃO AO TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, É CORRETO AFIRMAR: A) Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, sem especificar cominações, que terá eficácia de título executivo judicial. B) O TAC pode ser utilizado para concessões que impliquem renúncia aos direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. C) A lavratura do Termo de Ajustamento de Conduta impede a propositura de ação judicial coletiva e condiciona o encerramento da investigação pelo Ministério Público do Trabalho. D) O Termo de Ajustamento de Conduta é considerado um mecanismo em que o infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo judicial. E) O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas, líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto. GABARITO 1. Assinale a alternativa que não corresponde, com base na LC 75/1993, a uma atribuição do Ministério Público do Trabalho: A alternativa "B " está correta. Segundo o art. 83, inciso XIII da LC 75/1993, o Ministério Público do Trabalho deverá intervir, de forma obrigatória, nos processos que estejam no segundo e terceiro graus de jurisdição quando envolver pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional. 2. Em relação ao Termo de Ajustamento de Conduta, é correto afirmar: A alternativa "E " está correta. O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas, líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto, a ser assinado pelo órgão do Ministério Público e pelo compromissário (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º). MÓDULO 2 Distinguir as ações e programas de desligamento de trabalhadores, assim como o papel dos sindicatos nos desligamentos Neste segundo módulo, o foco de aprendizagem serão as ações e os programas de desligamento. Vamos compreender algumas possibilidades de extinção do contrato de trabalho via Programas de Demissão Voluntária (PDV) e de Demissão Incentivada (PDI). PROGRAMAS DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV) E DE DEMISSÃO INCENTIVADA (PDI) A Lei nº 13.467/2017 inseriu novo preceito na Consolidação das Leis do Trabalho (art. 477-B), tratando dos Planos de Demissão Voluntária ou Incentivada (conhecidos como PDVs ou PDIs) e os efeitos de sua quitação relativamente aos direitos resultantes do vínculo empregatício. Eis o texto legal do novo preceito publicado: ART. 477-B. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA OU INCENTIVADA, PARA DISPENSA INDIVIDUAL, PLÚRIMA OU COLETIVA, PREVISTO EM CONVENÇÃO COLETIVA OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, ENSEJA QUITAÇÃO PLENA E IRREVOGÁVEL DOS DIREITOS DECORRENTES DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA, SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO ESTIPULADA ENTRE AS PARTES. O novel dispositivo legal reporta-se aos PDVs e PDIs elaborados para reger dispensas individuais, plúrimas ou coletivas, e que sejam construídos por intermédio da negociação coletiva trabalhista, quer mediante convenção coletiva de trabalho, quer mediante acordo coletivo de trabalho. ISSO SIGNIFICA QUE PLANOS DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA OU PLANOS DE DEMISSÃO INCENTIVADA QUE SEJAM ESTRUTURADOS UNILATERALMENTE PELA EMPRESA EMPREGADORA, VIA DE REGRA, NÃO ESTÃO ABRANGIDOS PELA REGRA DO ART. 477-B DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, NÃO PRODUZINDO OS EFEITOS JURÍDICOS DE QUITAÇÃO AMPLA, GERAL E IRRESTRITA MENCIONADOS NO PRECEITO CELETISTA ("QUITAÇÃO PLENA E IRREVOGÁVEL DOS DIREITOS DECORRENTES DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA"). Assim, é possível sustentar que, no tocante a tais PDVs ou PDIs meramente unilaterais, arquitetados sem o manto da negociação coletiva trabalhista, aplica-se o critério interpretativo proposto pela antiga OJ 270 da SDI-1 do TST (2002): "A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo". No que tange, porém, ao disposto na nova regra da CLT (art. 477-B), é necessário se realizar a interpretação jurídica a partir das cautelas lançadas na decisão vinculante do Tribunal Pleno do STF, quando decidiu a mencionada matéria (amplitude da quitação conferida em PDVs e/ou PDIs arquitetados por negociação coletiva trabalhista). Naquela decisão, o Supremo Tribunal Federal, no RE nº 590.415-SC, em que foi Relator o Ministro Luís Roberto Barroso, tratando do tema nº 152 de repercussão geral da Corte Máxima, deixou clara a necessidade de o instrumento do PDV/PDI, coletivamente negociado, fazer menção expressa à quitação ampla e irrestrita; deixou também claro ser preciso que os documentos de adesão ao Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada subscritos expressamente pelo trabalhador desligado da empresa igualmente façam menção expressa a esse tipo de quitação ampla e irrestrita. Foto: Diego Grandi / Shutterstock.com De fato, o Tribunal Pleno do STF, em sessão ocorrida em 30/04/2015, a partir do voto do Ministro Relator Luís Roberto Barroso, prolatou a seguinte decisão: (...) POR UNANIMIDADE E NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, CONHECEU DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E A ELE DEU PROVIMENTO, FIXANDO-SE A TESE DE QUE A TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL QUE IMPORTA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO EM RAZÃO DE ADESÃO VOLUNTÁRIA DO EMPREGADO APLANO DE DISPENSA INCENTIVADA ENSEJA QUITAÇÃO AMPLA E IRRESTRITA DE TODAS AS PARCELAS OBJETO DO CONTRATO DE EMPREGO CASO ESSA CONDIÇÃO TENHA CONSTADO EXPRESSAMENTE DO ACORDO COLETIVO QUE APROVOU O PLANO, BEM COMO DOS DEMAIS INSTRUMENTOS CELEBRADOS COM O EMPREGADO. Leia-se a ementa do acórdão prolatado, tendo por Relator o Ministro Luís Roberto Barroso, com a explicitação da tese aprovada pela Corte Suprema, na sessão de 30/04/2015: DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS. RE nº 590.415-SC. Min. Relator Roberto Barroso. STF. Sessão de 30.04.2015. Grifos acrescidos. 1 Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo coletivo que contou com ampla participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação de toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego. Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano. 2 Validade da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2° da Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão exclusivamente. 3 No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações individuais de trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia individual. 4 A Constituição de 1988, em seu art. 7°, XXVI, prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n. 154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que regerão a sua própria vida. 5 Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que optam por seu desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero desligamento por decisão do empregador. É importante, por isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de preservar a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso. 7 Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: "A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado". Note-se que a ratio decidendi da decisão do Supremo Tribunal Federal apresenta requisitos substanciais para o Plano de Desligamento Incentivado, de maneira a validar a sua quitação rescisória ampla e irrestrita. Tais requisitos não se limitam ao simples exame da formalidade negociação coletiva (ACT ou CCT), porém, de certo modo, também à análise do conteúdo e circunstâncias envolventes do PDV/PDI, de maneira a ficar bem claro que se trata de instrumento razoável e proporcional de extinção do contrato de trabalho. Note-se a reflexão posta pela doutrina a esse respeito: OBSERVE-SE, DE TODA MANEIRA, QUE A DECISÃO DA CORTE SUPREMA APRESENTA REQUISITOS IMPORTANTES PARA A VALIDADE DO PDI/PDV, NÃO BASTANDO A SIMPLES CELEBRAÇÃO PELA NEGOCIAÇÃO COLETIVA SINDICAL. DE UM LADO, É NECESSÁRIO QUE HAJA A EFETIVA E CLARA MENÇÃO À CLÁUSULA DE ESTRUTURAÇÃO E OPERAÇÃO DO PDI/PDV, COM A EXPLICITAÇÃO A RESPEITO DA QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DAS PARCELAS ABRANGENTES DO CONTRATO DE TRABALHO. DE OUTRO LADO, É NECESSÁRIO QUE EXISTA TAMBÉM A CLARA E EXPRESSA INSERÇÃO DESSA AMPLITUDE DA QUITAÇÃO NOS DEMAIS INSTRUMENTOS ESCRITOS RESCISÓRIOS FIRMADOS COM O EMPREGADO. RESTA CLARO TAMBÉM, PELA DECISÃO DO STF, QUE SE DEVE TRATAR DE PDI/PDV COM EFETIVAS E RELEVANTES VANTAGENS PARA O TRABALHADOR ADERENTE AO PLANO ("... CONDIÇÕES ECONÔMICAS MAIS VANTAJOSAS DO QUE AQUELAS QUE DECORRERIAM DO MERO DESLIGAMENTO POR DECISÃO DO EMPREGADOR", DIZ O ACÓRDÃO). DELGADO, 2017, p. 252-253 Nesse quadro jurídico, ficam claras, mesmo a partir da vigência do novo art. 477-B da CLT, relativamente aos poderes de quitação dos recibos rescisórios lavrados sob a égide de PDVs/PDIs, as seguintes conclusões: É válida... É válida a quitação plena e irrevogável (quitação ampla e irrestrita) dos direitos decorrentes da relação empregatícia, em se tratando de rescisão contratual lavrada pelo empregado sob a égide de PDV ou PDI que tenha sido aprovado por negociação coletiva trabalhista (ACT ou CCT), com referência expressa no instrumento coletivo negociado e nos instrumentos firmados pelo trabalhador, concernentes à sua adesão ao Plano de Desligamento e à sua respectiva rescisão contratual (art. 477-B, CLT, em conjugação com a decisão vinculante do STF no RE n. 590.415- SC, julgado em 30.04.2015); essa validade ampla e irrestrita supõe a presença no Plano de Desligamento de vantagens reais em benefício do trabalhador aderente (art. 477-B, CLT, em conjugação com a decisão vinculante do STF no RE n. 590.415-SC). Não será válida... Não será válida a quitação plena e irrevogável (quitação ampla e irrestrita) dos direitos decorrentes da relação empregatícia, na hipótese indicada na alínea "a", caso haja "disposição em contrário estipulada entre as partes", em vista da ressalva contida no final do texto normativo do próprio art. 477-B da CLT; não será válida a quitação plena e irrevogável (quitação ampla e irrestrita) dos direitos decorrentes da relação empregatícia, caso não se trate de PDV/PDI que se harmonize ao disposto na alínea "a", supra, inclusive em se tratando de PDV/PDI que não seja aprovado por instrumento coletivo negocial (ACT ou CCT). O vídeo abordará o PDV e o PDI. AÇÕES DE ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES E SEUS IMPACTOS NO TRABALHO E EMPREGO A extinção regular ou irregular da empresa acarreta a rescisão do contrato em face da impossibilidade de sua execução e, neste caso, será considerado que ela se deu por iniciativa do empregador, sendo devidas ao empregado todas as parcelas decorrentes da extinção, conforme a Súmula nº 44 do TST. Há quem defenda que o pré-aviso não é devido nos casos de falência (quando esta importa em extinção da empresa), sob o argumento de que o contrato se extingue por ato estranho à vontade das partes. Para estes, também seriam indevidas as penalidades previstas nos arts. 467 e 477, §8º, da CLT, porque a massa não tem disponibilidade financeira para pagar fora do juízo falimentar. Argumentam, ainda, que os créditos são destinados aos credores de acordo com a preferência de ordem de cada. Nesse sentido também a Súmula nº 388 do TST. O ENVOLVIMENTO DOS SINDICATOS NOS DESLIGAMENTOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS Antes da publicação da Lei 13.467/2017, a formalização e homologação da rescisão de contrato de trabalho obedecia a dois critérios específicos (art. 477 da CLT), quais sejam: Desnecessidade A desnecessidade da homologação da rescisão de contrato junto ao sindicato da categoria profissional, quando se tratar de desligamento de empregado com menos de 1 (um) ano de serviço. Obrigatoriedade A obrigatoriedade da homologação da rescisão de contrato junto ao sindicato da categoria ou outro órgão competente, quando se tratar de desligamento de empregado com mais de 1 (um) ano de serviço. A REFORMA TRABALHISTA REVOGOU O § 1º E 3º DO ART. 477 DA CLT, DESOBRIGANDO A EMPRESA DE FAZER A HOMOLOGAÇÃO DO TRCT (DEFAULT TOOLTIP) JUNTO AO SINDICATO DA CATEGORIA, NOS CASOS DE RESCISÃO DE CONTRATO FIRMADO POR EMPREGADO COM MAIS DE 1 (UM) ANO DE SERVIÇO. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COM O ADVENTO DA REFORMA TRABALHISTA, LEI Nº 13.467/2017, COMO FICOU O NOVO PRECEITO DO ART. 477-B DACLT? A) O artigo defende a quitação plena e irrestrita dos PDVs ou PDIs impostos pelos empregadores. B) O artigo defende que as dispensas individuais, plúrimas ou coletivas devem ocorrer por intermédio de negociação coletiva, quer mediante convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. C) O artigo defende que as dispensas podem ocorrer sem o intermédio de negociação coletiva. D) O empregado que aceita ser dispensado por meio de PDV ou PDI não pode dar quitação plena de seus direitos trabalhistas. E) Os PDVs e os PDIs devem ser definidos somente pelos empregados que serão dispensados. 2. DE ACORDO COM A INTERPRETAÇÃO DO ART. 477 DA CLT, COM A REDAÇÃO DADA PELA REFORMA TRABALHISTA – LEI Nº 13.467/2017, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Não é obrigatória a homologação da rescisão do contrato de trabalho, nos casos de contrato firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço. B) É obrigatória a participação da entidade sindical nas rescisões trabalhistas. C) A homologação da rescisão trabalhista se faz imprescindível apenas nos casos de demissão por justa causa. D) É obrigatória a homologação da rescisão trabalhista, com a participação de representante do sindicato, apenas nos casos de contrato de trabalho rescindido no prazo superior a 12 (doze) meses. E) É obrigatória a participação do sindicato nos pedidos de demissão. GABARITO 1. Com o advento da Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467/2017, como ficou o novo preceito do art. 477-B da CLT? A alternativa "B " está correta. Os PDVs e os PDIs incentivados unilateralmente pelas empresas não estão abrangidos pelas regras do art. 477-B, da CLT, uma vez que não pode produzir o efeito de quitação ampla e irrestrita por não ter sido acordado com o empregado dispensado. 2. De acordo com a interpretação do art. 477 da CLT, com a redação dada pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017, é correto afirmar que: A alternativa "A " está correta. Não é obrigatória a homologação de rescisão do contrato de trabalho junto ao sindicato da categoria profissional, quando se tratar de empregado com mais de 1 (um) ano de serviço (Art. 477, com a redação dada pela Lei 13.467/2017). MÓDULO 3 Identificar as ações de geração de trabalho e renda Neste terceiro e último módulo, o foco de aprendizagem serão as ações de incentivo à geração de trabalho, emprego e renda. Para tanto, o aluno terá uma visão geral sobre os Programas de Qualificação de Preparação para o Trabalho – SENAI, SENAC e SENAT ‒, conhecidos como integrantes do Sistema “S”. Em linhas gerais e iniciais, o referido sistema está intimamente ligado à União, eis ser de sua competência exclusiva instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico de interesse de categorias profissionais e econômicas, conforme dispõe o art. 149 da CF: COMPETE EXCLUSIVAMENTE À UNIÃO INSTITUIR CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO E DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS, COMO INSTRUMENTO DE SUA ATUAÇÃO NAS RESPECTIVAS ÁREAS, OBSERVADO O DISPOSTO NOS ARTS. 146, III, E 150, I E III, E SEM PREJUÍZO DO PREVISTO NO ART. 195, § 6º, RELATIVAMENTE ÀS CONTRIBUIÇÕES A QUE ALUDE O DISPOSITIVO. (BRASIL, 1988) Ou seja, o Estado impôs aos setores da economia pagar este tributo (contribuição social) a fim de melhorar a mão de obra dos industriais. Por fim, e não menos importante, ut supra, é de competência da União instituir contribuição social, pelo que, caso Estados e Municípios queiram criar um Sistema S, terão que utilizar-se de recurso próprio, pois não podem criar contribuições sociais para alimentar o Sistema S. PROGRAMAS DE QUALIFICAÇÃO DE PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO – SENAI, SENAC E SENAT Simultaneamente à falta de oportunidades de emprego, os jovens vivem um momento em que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, a qualificação do trabalhador que irá atuar em um novo setor produtivo, que surge a partir da Revolução 4.0. Para isso, o jovem deve associar sua formação propedêutica, obtida na educação formal, ao desenvolvimento de competências e habilidades em perfis profissionais denominados Qualificações Profissionais. Em 1942, o Decreto-Lei nº. 4.048 criou o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários (Senai). Veja o artigo 2º da lei: ART. 2º COMPETE AO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DOS INDUSTRIÁRIOS ORGANIZAR E ADMINISTRAR, EM TODO O PAÍS, ESCOLAS DE APRENDIZAGEM PARA INDUSTRIÁRIOS. Em 1946, o Decreto-Lei nº. 9.403 criou o Serviço Social da Indústria (Sesi), com a motivação que podemos compreender no artigo 1º da lei: Imagem: Chronus / Wikimedia Commons Art. 1º Fica atribuído à Confederação Nacional da Indústria encargo de criar o Serviço Social da Indústria (SESI), com a finalidade de estudar, planejar e executar direta ou indiretamente, medidas que contribuam para o bem-estar social dos trabalhadores na indústria e nas atividades assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no país, e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o desenvolvimento do espírito de solidariedade entre as classes. Essas qualificações se equivalem aos famosos e muito atuais programas Nanodegrees, por meio dos quais os jovens se preparam para o mundo do trabalho desenvolvendo competências e habilidades específicas relacionadas a uma certificação demandada pelo mercado de trabalho. Alcançar a certificação em um programa desse tipo garante ao estudante uma formação diferenciada, que proporciona um posicionamento competitivo no mercado de trabalho. É uma forma de iniciar um movimento de qualificação, que, a partir de agora, deverá ser buscado continuamente. Foto: Shutterstock.com As qualificações profissionais são identificadas por perfis específicos e apresentam competências e habilidades que são demandadas pelo mercado e registradas pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A CBO descreve o perfil de cada uma destas qualificações para que o estudante saiba quais características (competências e habilidades) são demandadas pelo mercado de trabalho. ATENÇÃO As instituições do Sistema S são muito particulares, porque sua natureza jurídica é de entidade privada, mas seus recursos são advindos do recolhimento obrigatório da contribuição (porque é tributo) sobre a folha de pagamento, sendo que pode variar de 0,2% a 2,5%, de modo a financiar o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica. É importante ressaltar que, recentemente, o STJ (AgInt no Recurso Especial nº. 1570980 – SP) limitou a 20 (vinte) salários-mínimos a base de cálculo do salário-educação e das contribuições destinadas ao “Sistema S". Vejamos o referido julgado: AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº. 1570980 - SP (2015/0294357-2) RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. LIMITE DE VINTE SALÁRIOS-MÍNIMOS. ART. 4º DA LEI 6.950/1981 NÃO REVOGADO PELO ART. 3º DO DL 2.318/1986. INAPLICABILIDADE DO ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. Foto: Shutterstock.com 1. Com a entrada em vigor da Lei 6.950/1981, unificou-se a base contributiva das empresas para a Previdência Social e das contribuições parafiscais por conta de terceiros, estabelecendo, em seu art. 4º, o limite de 20 salários-mínimos para base de cálculo. Sobreveio o Decreto 2.318/1986, que, em seu art. 3º, alterou esse limite da base contributiva apenas para a Previdência Social, restando mantido em relação às contribuições parafiscais. 2. Ou seja, no que diz respeito às demais contribuições com função parafiscal, fica mantido o limite estabelecido pelo artigo 4º, da Lei nº 6.950/1981, e seu parágrafo, já que o Decreto-Lei 2.318/1986 dispunha apenas sobre fontes de custeio da Previdência Social, não havendo como estender a supressão daquele limite também para a base a ser utilizada para o cálculo da contribuição ao INCRA e ao salário-educação. 3. Sobre o tema, a Primeira Turma desta Corte Superior já se posiciona no sentido de que a basede cálculo das contribuições parafiscais recolhidas por conta de terceiros fica restrita ao limite máximo de 20 salários-mínimos, nos termos do parágrafo único do art. 4º da Lei 6.950/1981, o qual não foi revogado pelo art. 3º do DL 2.318/1986, que disciplina as contribuições sociais devidas pelo empregador diretamente à Previdência Social. Precedente: REsp. 953.742/SC, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJe 10.3.2008 (...) A seguir, confiram-se quais as principais instituições que compõem o programa: Imagem: www.senai.br / Mvdiogo / Wikimedia Commons SENAI: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL Ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Senai é uma entidade voltada para a formação de trabalhadores para a indústria, além de prestar consultoria e executar ações de incentivo à inovação e competitividade das indústrias brasileiras. Imagem: Seeklogo / Luiz Eduardo / Wikimedia Commons SENAC: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL Senac é o principal agente de educação profissional focado no comércio de bens, serviços e turismo no País, com cursos presenciais e a distância em vários níveis de ensino. Foto: www.flickr.com / Manu Dias/SECOM / CC BY 2.0/ Wikimedia Commons SENAT: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE É a entidade ligada à Confederação Nacional do Transporte (CNT) que atua na formação e qualificação de profissionais do setor de transportes, deixando-os aptos para usar novas tecnologias e qualificar suas atividades. A EXISTÊNCIA DO SISTEMA S É POLÊMICA, SOBRETUDO, POR NÃO SER CONSENSUAL. OS SINDICATOS E AS AÇÕES DE REQUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO As principais centrais de trabalhadores do país, Força Sindical e CUT, desenvolvem programas de formação profissional voltados para desempregados e empregados com risco de perder o emprego. Os recursos, via de regra, são oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, criado pela Lei 7.998 de 11/01/1990, que possibilitou a sua utilização pelas centrais sindicais e confederações de trabalhadores que tenham programas vinculados a uma política de empregos. O processo inicia-se com a indicação das necessidades de requalificação pelos sindicatos afiliados às centrais e confederações. São elaborados programas para cada curso requerido com um conteúdo programático específico. As necessidades são classificadas por segmentos profissionais, como metalurgia, vestuário, comércio, alimentação, rural, informática e outros, e submetidos à aprovação do Conselho Deliberativo do FAT – CODEFAT para a obtenção de financiamentos. Tratar dos diferentes programas de qualificação – SENAI, SENAC e SENAT. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAIS SÃO AS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO? A) Sesi – Senai ‒ Senat B) Sesc – Senat ‒ Senai C) Senai – Senac ‒ Senat D) Sesi – Sesc – Senai E) Sesc – Sesi – Senat 2. COMPLETE A FRASE ABAIXO: “AS PRINCIPAIS CENTRAIS DE TRABALHADORES DO PAÍS, FORÇA SINDICAL E CUT, ____________PROGRAMAS DE _________ PROFISSIONAL VOLTADOS PARA _____________ E EMPREGADOS COM RISCO DE PERDER O EMPREGO”. A) criam – atualização – empregados B) desenvolvem – capacitação – desempregados C) idealizam – formação – empregados D) conduzem – capacitação – empregados E) desenvolvem – formação – desempregados GABARITO 1. Quais são as instituições que compõem o Programa de Qualificação de Preparação para o Trabalho? A alternativa "C " está correta. A letra C trata dos programas que qualificam o trabalhador para atuar em um setor produtivo. 2. Complete a frase abaixo: “As principais centrais de trabalhadores do país, Força Sindical e CUT, ____________programas de _________ profissional voltados para _____________ e empregados com risco de perder o emprego”. A alternativa "E " está correta. A letra E reúne os termos que nos mostram os tipos de ações promovidas pelas centrais sindicais para ajudar os trabalhadores a se recolocarem no mercado de trabalho. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente estudo, analisamos o papel do Ministério Público do Trabalho na defesa dos trabalhadores e seus mecanismos de atuação judicial e extrajudicial. O Ministério Público é função essencial à Justiça e exerce importantes funções na defesa de direitos dos trabalhadores. Além disso, identificamos os diferentes programas de desligamento de empregados, bem como os programas de qualificação de trabalhadores, como é o caso do Sistema S, que representa mecanismos de manutenção e obtenção de empregos. Com isso, temos certeza de ter apresentado um bom panorama sobre esses relevantes aspectos do Direito do Trabalho. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BASTOS, O. P. M. Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1994. BOOG, G. G. (Coord.). Manual de Treinamento e Desenvolvimento/Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1980. DELGADO, M. G. Direito Coletivo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017. DRUCKER, P. A Organização do Futuro: como preparar hoje a empresa de amanhã. São Paulo: Futura, 1997. GOSS, D. Principles of Human Resources Management. London: Routledge, 1994. PASTORE, J. Modernização Esbarra em Baixa Escolaridade e Atraso Profissional. Folha de São Paulo, 29 out, 1995. Caderno Brasil. RIFIKIN, J. O Fim dos Empregos. São Paulo: Makron Books, 1995. SERSON, J. Curso Básico de Administração de Pessoal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia: CORRÊA, H.; MIESSA, E. (Coord.) Estudos Aprofundados MPT – Ministério Público do Trabalho. Volume Único. Salvador: Juspodivm, 2019. LEITE, C. H. B. Ministério Público do Trabalho. Doutrina, Jurisprudência e Prática. 8. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2017. MENEZES, F. F. J.; MIZIARA, R. MPT e Coordenadorias Temáticas. Temas específicos e casos emblemáticos para 2ª e 3ª fases. Salvador: Juspodivm, 2020. REIS, J. T. dos. Manual de Rescisão do Contrato de Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2016. Assista: Ao vídeo O Ministério Público do Trabalho (MPT) e as Relações Trabalhistas e Sindicais, no sítio eletrônico do Ministério Público do Trabalho. CONTEUDISTA Carolina Tupinambá CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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