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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Complicações Agudas do Diabetes Mellitus Questões Norteadoras Caso Clínico de CAD Critérios Laboratoriais para Diagnóstico de Diabetes VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia. Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. Características DM 1 x DM 2 1) Cetoacidose Diabética (CAD) Complicação grave associado ao Diabetes Mellitus (DM1 e DM2). Brazilian Type 1 Diabetes Study Group (BrazDiab1SG): 3.591 pacientes com DM1 acompanhados em hospitais públicos Diagnóstico de DM1 realizado por meio da CAD foi de 42,3%. É importante salientar que, durante muitos anos, considerou-se a CAD uma complicação específica do DM1. Entretanto, a literatura tem publicado vários relatos de CAD em indivíduos com DM2, inclusive em idosos acima de 70 anos. Hemoglobina glicada elevada é um preditor de CAD em indivíduos menores de 18 anos. Tratamento deve ser realizado em unidade de atendimento adequada. Mortalidade Aproximadamente 5%. As principais causas de morte por CAD são: edema cerebral, hipopotassemia, hipofosfatemia, hipoglicemia, complicações intracerebrais, trombose venosa periférica, rabdomiólise e pancreatite aguda. O prognóstico depende das condições de base do paciente, com piora sensível em idosos, gestantes e aqueles com doenças crônicas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Os estados infecciosos são a etiologia mais comum da CAD. Dentre as infecções, as mais frequentes são as do trato respiratório superior, as pneumonias e as infecções de vias urinárias. Na CAD, fundamentalmente, o que ocorre é a redução na concentração efetiva de insulina circulante associada à liberação excessiva de hormônios contrarreguladores, entre os quais o glucagon, as catecolaminas, o cortisol e o hormônio de crescimento. Em resumo, essas alterações hormonais na CAD desencadeiam o aumento da produção hepática e renal de glicose e a redução de sua captação pelos tecidos periféricos sensíveis à insulina, resultando em hiperglicemia e hiperosmolalidade no espaço extracelular. Portanto, a hiperglicemia é resultante de três mecanismos: ativação da gliconeogênese e da glicogenólise e redução da utilização periférica de glicose, principalmente nos músculos. A combinação de deficiência de insulina com aumento de hormônios contrarreguladores provoca a liberação excessiva de ácidos graxos livres do tecido adiposo (lipólise), os quais, no fígado, serão oxidados em corpos cetônicos (ácidos beta- -hidroxibutírico e acetoacético). Assim, todo esse processo culmina em cetonemia e acidose metabólica. Finalmente, na CAD, observam-se desidratação e glicosúria de graus variáveis, diurese osmótica e perda de fluidos e eletrólitos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Dor abdominal Desidratação pode levar a dificuldade de movimentos dos folhetos do peritônio causando dor abdominal. Náuseas e vômitos Atonia e Estase gástrica; Resposta neurológica a acidemia e maior concentração de cetonas. Dispneia Ativação do centro respiratório em resposta a maior produção de CO2 devido ao tamponamento dos íons H+; Respiração de Kussmaul (inspirações e expirações e alta amplitude). Hálito cetônico Eliminação de cetonas voláteis por meio da respiração; Odor de fruta. Perda Ponderal Aumento do catabolismo energético. Desidratação com pele seca e fria, língua seca, hipotonia dos globos oculares, extremidades frias, agitação, face hiperemiada, hipotonia muscular, pulso rápido e pressão arterial variando do normal até o choque hipovolêmico. O atraso no início do tratamento da acidose e da desidratação pode evoluir com choque hipovolêmico e morte. ABORDAGEM INICIAL Transferência para local apropriado. Anamnese e Exame Físico detalhado. Solicitação de Exames Iniciais: - Gasometria arterial, eletrolíticos, urina I (em busca de glicosúria e corpos cetônicos), cetonemia/cetonuria. - Rastreio para causas infecciosas. - Outros exames: ECG (pelo distúrbio do K e de outros eletrólitos), Rx tórax (descartar pneumonia e avaliar sinais de estase por disfunção ventricular), hemograma, função renal. Correção da Desidratação Expansão Volêmica: - 15 a 20 ml/kg de NaCl 0,9% na primeira hora; - Função renal e cardíaca6. Os critérios bioquímicos atuais revisados para o manejo da CAD em crianças e adolescentes da International Diabetes Federation (IDF) são: - glicemia sanguínea > 200 mg/dL, - pH de sangue venoso < 7,3 ou bicarbonato sérico < 15 mmol/L, - além de cetonemia e cetonúria. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C TRATAMENTO I. Hidratação / II. Controle do potássio / III. Controle da glicemia (insulina) / IV. Bicarbonato Ex.: Bomba de infusão 250ml de SF 0,9% + 25 UI de insulina regular. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C I. Para a correção da desidratação, na ausência de comprometimento das funções cardíaca e renal, deve-se indicar infusão salina isotônica de cloreto de sódio (NaCl) a 0,9%, em média 15 a 20 mL/kg na primeira hora, buscando-se restabelecer a perfusão periférica. A escolha subsequente de fluidos dependerá da evolução dos eletrólitos séricos e da diurese. Se o paciente evolui com sódio elevado (≥ 150mEq/L), deve-se prescrever solução salina hipotônica de NaCl 0,45%, em média, 10 a 14 mL/kg/h. Caso contrário, pode-se administrar solução isotônica de NaCl 0,9%. II. Com a função renal normal, ou seja, com débito urinário, inicia-se a infusão de 20 a 30 mEq/L de cloreto de potássio (KCl) 19,1% por hora, com a proposta de manter o potássio sérico entre 4 e 5 mEq/L. III. Para corrigir a hiperglicemia e a acidose metabólica, inicia-se a terapia com insulina. Nos episódios mais graves de CAD, a via de escolha é a infusão intravenosa contínua de insulina regular, e a dose, em média, de 0,1 U/kg/h. Em casos leves ou moderados, pode-se utilizar insulina regular IM, a cada hora, ou análogos ultrarrápidos SC, a cada 1 ou 2 horas. - Um aspecto importante e a favor do uso de baixas doses de insulina é que, com a correção gradual da glicemia e, portanto, da osmolalidade, pode-se prevenir o edema cerebral clínico, sobretudo em jovens. IV. A recomendação do uso de bicarbonato de sódio se reserva a casos graves de pacientes adultos que apresentem acidose com pH < 6,9. O uso de bicarbonato de sódio com pH > 6,9 não melhora o prognóstico. Os riscos de uso inapropriado são alcalose metabólica, acidose liquórica paradoxal, edema cerebral e anóxia tecidual. As complicações mais comuns da CAD são hipoglicemia secundária ao uso inapropriado de insulina; hipopotassemia, devida à administração de doses inadequadas de insulina e/ou de bicarbonato de sódio; hiperglicemia secundária à interrupção de infusão de insulina sem cobertura correta de insulina subcutânea. A correção gradual da glicemia e da osmolalidade pode prevenir o edema cerebral clínico. - Insulina IV: regular. - Manutenção com insulina subcutâneaa: regular (mais rápida do que a NPH). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Caso Clínico de SHH 2) Síndrome Hiperglicêmica Hiperosmolar (SHH) A SHH caracteriza-se por hiperglicemia severa, hiperosmolaridade e desidratação na ausência de cetoacidose. Complicação Metabólica Grave Associada ao Diabetes Mellitus: - Adultose Idosos (DM2); - População pediátrica (DM1). A SHH é menos frequente que a CAD, entretanto está associada a maior morbimortalidade Taxa de mortalidade em torno de 5 a 16%. Sinais e Sintomas: Insidioso. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Desidratação é uma fator importante na gênese do SHH Centro da Sede (hipotálamo). Secreção de Insulina: - Baixa para captação de glicose tecidos sensíveis a insulina; - Suficiente para o bloqueio da cetogênese10. O mecanismo fisiopatológico básico da SHH consiste na redução da ação efetiva (insulinorresistência) e/ou nos níveis séricos de insulina circulantes (insulinopenia) em associação ao concomitante aumento nos hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento). Como consequência dessas alterações hormonais, ocorre o aumento da gliconeogênese hepática e renal, além da diminuição da utilização periférica de glicose, que culminam com a hiperglicemia e mudanças na osmolaridade plasmática. A hiperglicemia leva à diurese osmótica e à depleção de volume intravascular, podendo ocasionar desidratação. A ausência de corpos cetônicos e acidose metabólica na SHH pode ser explicada por níveis séricos de insulina serem insuficientes para a metabolização da glicose, mas podem ser adequados para prevenir a lipólise e subsequente cetogênese Não altera o metabolismo dos lipídios, pois ainda há alguma quantidade de insulina circulante. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C ABORDAGEM INICIAL Transferência para local apropriado. Anamnese e Exame Físico detalhado. Solicitação de Exames Iniciais: - Gasometria arterial, eletrolíticos, urina I, cetonemia/cetonúria, - Rastreio para causas infecciosas, - Outros exames: ECG, Rx tórax. Correção da Desidratação Expansão Volêmica: - 15 a 20 ml/kg de NaCl 0,9% na primeira hora; - Função renal e cardíaca. Os achados laboratoriais diagnósticos para SHH são glicemia superior a 600 mg/dL, osmolaridade sérica efetiva superior a 320 mOsm/L e ausência de cetoacidose (pH > 7,3 e bicarbonato > 18 mEq/L). - Tratamento: hidratação controle do potássio correção da glicemia. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Os objetivos da hidratação vigorosa inicial são expansão volêmica com correção da desidratação e auxílio na redução da glicemia. A insulina regular por meio de infusão intravenosa contínua é o tratamento de escolha para SHH. Caso o potássio sérico corrigido seja maior ou igual a 3,3 mEq/L, deve-se iniciar insulina regular intravenosa. A infusão contínua de insulina regular intravenosa deve ser interrompida apenas quando houver resolução da clínica SHH e vigência de ação de insulina subcutânea. Caso o K+ sérico esteja menor do que 3,3 mEq/L, a infusão de insulina intravenosa não deve ser iniciada, pelo risco de arritmias cardíacas e fadiga muscular. Caso o K+ sérico esteja entre 3,3 e 5,2 mEq/L, inicia-se reposição com 20 a 30 mEq em cada 1 litro de solução iso/hipotônica para manter o nível sérico de K+ de 4 a 5 mEq/L. As complicações mais frequentes do tratamento são hipoglicemia e hipocalemia. As complicações mais graves são edema cerebral e rabdomiólise. A prevenção das complicações envolve redução gradual da glicemia e da osmolaridade séricas e reposição apropriada de eletrólitos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3) Hipoglicemia VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fatores de risco ou fatores preditivos de hipoglicemia hospitalar Idade avançada; duração do DM; HbA1c diminuída; baixa ingestão nutricional; gravidade das doenças de base; IR; infecções; esquema inadequado de insulinoterapia (doses e horários de aplicação de insulina inapropriados). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C ABORDAGEM PACIENTE COM HIPOGLICEMIA Episódios Leves ou Moderados. Ingestão de carboidratos (CHO) de ação rápida. 15 gramas de CHO = aumento em média de 15 mg/dl. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tablete de Glicose, gel de glicose ou alimentos (Sucos, refrigerante). Evitar alimentos gordurosos. Ensinar paciente e familiares reconhecer sinais e sintoma16.