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Leishmaniose Tegumentar Dermatologia Profª Érica · É uma protozoose constituída por 2 espectros, a leishmaniose cutânea e a mucosa. · Podem estar em concomitância, mas, geralmente, não estão. · Primeiro há o acometimento da cutânea seguido da mucosa, em alguns casos. · Ciclo: Formas promastigotas presentes no flebotomíneo são inoculadas no indivíduo → Penetram nos macrófagos → Dentro deles, os parasitos transformam-se em amastigotas e se multiplicam → Rompimento dessas células e difusão do protozoário para outros tecidos → Ele se aloja na pele ou na mucosa, gerando a doença. · Alguns animais silvestres funcionam como reservatórios, preservando a patologia. · No Brasil, ocorrem em maior densidade dos casos nas regiões norte, centro-oeste e nordeste, mas, temos áreas endêmicas no sudeste (como o rio de janeiro). · Possui 3 espécies de agentes etiológicos. · Os vetores são insetos flebotomíneos, conhecidos como mosquito-palha, birigui. · Entre os reservatórios silvestres, temos: Roedores, marsupiais (gambá), edentados (tatu, preguiça), canídeos silvestres (cães). · Podem ser domésticos também. · O protozoário possui tempo de incubação de 2 semanas a 2 anos, mas com média de 2 a 3 meses. · A transmissão ocorre através da picada da fêmea flebotomínea infectada. · Existem 3 padrões epidemiológicos de transmissão: · 1. Silvestre: Áreas de vegetação primária. · 2. Ocupacional e de lazer: Derrubada de matas para construção de estradas, hidrelétricas, instalação de povoados, ecoturismo. · 3. Rural e periurbano em áreas de colonização: Centros urbanos associados a matas secundárias ou residuais. · Diagnóstico da LTA: Dependente de alguns pontos principais. · História epidemiológica: Deve ser compatível. · Não é toda úlcera de difícil cicatrização que é de origem da Leishmaniose. · Histórica clínica: Sinais e sintomas. · Exame dermatológico: Aspecto da úlcera, se é ou não dolorosa. · No caso da Leishmaniose, a úlcera costuma ser indolor. · Só é dolorosa quando há infecção secundária nessa úlcera. · Sinais clássicos da doença · Picadas de flebotomíneo: Muito sugestivas, mas de difícil visualização quando o paciente procura auxilio médico. · Lesão papulosa (iniciais) ou tuberculosa. · Ulcera com borda elevada, indolor e com formato arredondado. · Seu fundo é granuloso com pouca secreção serosa. · Intradermorreação de Montenegro: Sem produção atualmente, apesar de ser de suma importância para o raciocínio clínico. · Sorologia: Para a forma cutânea, não auxilia muito, apesar de ser muito útil na mucosa · Visualização ou isolamento do parasito: Exame direto (da borda da lesão); Histopatologia (visualizar amastigotas no tecido); Isolamento em cultura (NNN); Técnicas imuno-histoquímicas ou PCR. · Lesão de inoculação típica · Ulceras arredondas ou ovais; · Indolores (ficam dolorosas quando coexiste uma infecção secundária); · Fundo eritematoso granuloso; · Escassa secreção serosa ou seropurulenta (quando tem infecção secundária); · Bordas eritematosas infiltradas (elevadas em moldura); · Uma ou poucas lesões; · Predomínio em áreas expostas a picada; · Sem resposta ao tratamento com antibióticos tópicos e/ou sistêmicos. · A secreção melhora, mas a úlcera permanece. · Outras possibilidades: Lesões eritematosas, infiltradas, papulosas, pustulosas, crostosas, verrucosas ou combinações dessas. · · O tratamento é indicado que se inicie o tratamento o quanto antes para evitar uma posterior lesão de mucosas. · Leishmaniose disseminada · É incomum, ocorrendo pela disseminação hemática do parasita. · O indivíduo deve apresentar 10 ou + lesões cutâneas. · Caracterizada pelo aparecimento de múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme que acometem vários segmentos corporais, envolvendo com frequência a face e o tronco. · Pode estar associada a imunodepressão. · Causada pela Leishmania braziliensis. · · Leishmaniose cutânea esporotricoide · Comum na Amazônia e incomum no RJ. · Consiste em uma úlcera com linfangite nodular. · O principal diagnóstico diferencial é a esporotricose linfocutânea. · · Leishmaniose mucosa ou mucocutânea · Acometimento das mucosas de vias aéreas e digestivas superiores. · Podem coexistir com lesões cutâneas ou aparecer meses a anos após. · Lesões não tratadas se tornam destrutivas em tecidos e sem tendencia à resolução espontânea, o que a difere da LTA. · Diagnostico diferencial com outros processos granulomatosos de VADS (tuberculose, sífilis, hanseníase). · A lesão da mucosa pode, por contiguidade, atingir a pele. · Geralmente, é indolor e inicia-se no septo nasal anterior, sendo de fácil visualização. · A mucosa nasal é mais acometida, mas pode-se ter lesões em orofaringe, palato, lábios, língua, laringe. · No exame, observa-se eritema, infiltração, crostas, prontos sangrantes, erosão e ulceração com fundo granuloso. · Leishmaniose cutânea difusa · Ocorre mais no norte do Brasil, sendo rara. · Causada pela Leishmania amazonenses. · Inicia-se de maneira insidiosa, com lesão única e má resposta ao tratamento. · Evolui de forma lenta, com formação de placas e múltiplas nodulações não ulceradas recobrindo grandes extensões cutâneas. · Não responde bem ao tratamento, porque a imunidade celular não funciona muito bem contra o parasita. · Chamada de Leishmaniose difusa anérgica. · Quando um paciente faz a inoculação do Reagente de Montenegro na pele e ele dá um resultado negativo, são anérgicos. · · Cicatrização: Uma lesão é cicatrizada quando ocorre a epitelização das lesões ulceradas. · Segue uma ordem progressiva de desaparecimento: Crostas → Descamação → Infiltração → Eritema (pode demorar 6 meses para sumir). · A cicatrização é formada por hipercromia periférica (na borda da lesão) e hipocromia central (centro da lesão). · Raramente, forma-se uma cicatriz hipertrófica ou inaparente (normalmente na face). · Pode haver resolução espontânea, mas L. braziliensis geralmente requer tratamento. · · Outras apresentações da LTA · LC redicivante: Volta a aparecer, mesmo após o tratamento. · Caracteriza-se por ativação da lesão nas bordas, após cicatrização da lesão, mantendo-se o fundo com aspecto cicatricial. · Leishmaniose dérmica pós-calazar: Surge após um quadro de leishmaniose visceral (segunda imagem). · · Se o paciente portar infecções bacterianas ou eczematosas ao redor da lesão, elas devem ser tratadas inicialmente. · Essas lesões podem mascarar a LTA. Exames complementares para confirmação diagnóstica · Intradermorreação de Montenegro (IDRM) · Feita uma infiltração intradérmica de um reagente que contêm antígenos de Leishmania sp. · Depois de um tempo (24-48h) é feita a avaliação do resultado. · Contorna com a caneta o endurado que se forma em torno do local de injeção do antígeno e faz a aferição do diâmetro dessa elipse, · Medida: 0-4mm = Negativo // ≥ 5mm = Positivo (entre 5 e 9 o reator é fraco, maior que 10 ele é forte. · A LTA tende a ter medidas maiores e até flictenas (bolhas). · Em sua forma difusa anérgica, IDRM é negativo. · Infelizmente, seu reagente não vem sido produzido já há algum tempo. · Vantagens: Fácil aplicação; Se der negativo, praticamente exclui a possibilidade de LTA. · Limitações na interpretação: Pode ser negativo nas primeiras semanas; · Quando positivo, não diferencia infecção e doença; · Falsos positivos (paciente recém infectado não possui resposta imune, dando negativo no resultado, contudo, após o teste, ele tem contato com o antígeno. Por conta disso, todos os testes em diante darão positivo. Ou alergia ao diluente do antígeno); · Mantém-se positivo por longo tempo após a cura (mecanismo similar ao dos falsos positivos). · · Sorologia · Feita através de ELISA ou RIFI. · Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): Sensibilidade de +70% no primeiro ano de doença. · Lesões mucosas possuem títulos mais altos e mais persistentes que as cutâneas. · Reação imunoenzimática (ELISA): Comumente feita em centros de pesquisa. · Seus resultados podem ser (reator, indeterminado ou não-reator). · Exame direto, visualização do parasita · Esfregaço ouimprint (aposição em lâmina). · Imprint: Feito com fragmento da lesão retirado durante a biópsia. · Retiramos o excesso de sangue dele. · Prensamo-lo em várias partes da lâmina, colore-se com Giemsa e analisamos no microscópio, a fim de encontra formas amastigotas.. · Esfregaço: Feito de forma similar ao imprint. · Biópsia de lesão cutânea com “punch” · Pode ser feita com bisturi, mas deve ser feita a assepsia e anestesia. · Pega 2/3 de borda da lesão (pode ter mais amastigotas) e 1/3 de úlcera. · Retira-se o fragmento e se realiza a sutura. · O material coletado é levado para vários exames. · Na histopatologia vemos um processo inflamatório crônico granulomatoso e hiperplasia pseudoepiteliomatosa. · Pode-se pedir que o material receba colorações especiais, técnicas de imuno-histoquímica e de biologia molecular para diagnósticos diferenciais. · Rotina diagnóstica da fio cruz: · Fragmento 1: Imprint; · Fragmento 2: Formol para histopatologia e imuno-histoquímica; · Fragmento 3: Salina estéril para micológico e bacteriológico; · Fragmento 4: Salina estéril com penicilina e 5’fluorcitosina para cultura de Leishmania; · Fragmento 5: Congelação para PCR e imunopatologia. · Diagnósticos diferenciais da LTA · Úlcera: Esporotricose; Ectima; Carcinoma espinocelular; Carcinoma basocelular; Úlcera isquêmica; Vasculite; Sífilis terciária. · Motivos para atenção: Procedência do paciente; Há pessoas com quadros semelhantes na vizinhança?; Trauma prévio causado por gatos?; Primeira úlcera/úlceras redicivantes; Úlcera de perna com menos/mais de um ano de evolução; Dor; Linfangite e/ou gomas no trajeto linfático; Adenomegalia satélite; Secreção purulenta (tratar antes de prosseguir). · Lesões verrucosas para diagnóstico diferencial: Paracoccidioidomicose; Leishmaniose; Esporotricose; Cromomicose; Tuberculose verrucosa; Espinalioma. · Lesões por disseminação hemática para diagnóstico diferencial: Paracoccidioidomicose; Esporotricose disseminada; Ectima; Dermatofitose; Hanseníase; Granuloma anular; Sarcoidose; Farmacodermias. Tratamento · Antimonial pentavalente: É a primeira escolha, podendo ser feita de forma sistêmica intravenosa ou intramuscular (até mesmo feita na lesão). · Quando é feita de forma intravenosa ou intramuscular, recomenda-se que o tratamento seja feito em 20 dias. · O paciente deve ser acompanhado com hemograma, hepatograma, dosagem de enzimas pancreáticas, avalição de função renal durante o tratamento. · A medicação de primeira escolha mata muito mais que a própria patologia. · Anfotericina B: Medicação que exige que o paciente vá para o hospital e fique lá, por conta do tempo de demora da infusão. · É toxica, por isso deve ser feita na forma lipossomal. · Isetionato de pentamidina: Terceira linha, mas o paciente pode acabar desenvolvendo diabetes.
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