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A CIDADE COMO UM JOGO DE CARTAS Ana Beatriz de Oliveira Catarina Prates João Gabriel de Oliveira Carlos Nelson Ferreira dos Santos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1943 - idem 1989) ● Arquiteto, urbanista, antropólogo e professor; ● 1966 - Formou-se Arquiteto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; ● Se torna assessor urbanístico e habitacional da Federação de Favelas do Estado da Guanabara - Fafeg; ● 1967 - é criada a secretaria executiva do Grupo de Trabalho, GT 3881, vinculada à Companhia do Progresso do Estado da Guanabara - Copeg, que encarrega o Centro de Pesquisas Habitacionais - Cenpha, de realizar um levantamento urbanístico de três favelas cariocas; ● Ferreira dos Santos é contratado ao lado de Sylvia Lavenère-Wanderley, Sueli de Azevedo e Rogério Aroeira Neves, com quem fundou a Quadra Arquitetos Associados Ltda; ● 1968 - A Companhia de Desenvolvimento de Comunidades - Codesco, contrata a Quadra para assessorar e executar seus planos urbanísticos e elaboração das unidades habitacionais; Carlos Nelson Ferreira dos Santos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1943 - idem 1989) ● 1971 - realiza um trabalho de pesquisador visitante Massachusetts Institute of Technology - MIT; ● 1975 - Assessor especial e depois diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Urbanas do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM; ● 1979 - defende sua a dissertação de mestrado Três Movimentos Sociais Urbanos no Rio de Janeiro no Museu Nacional da UFRJ; ● 1984 - doutora-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, com a tese Formações Metropolitanas no Brasil; ● Professor do curso de mestrado de geografia econômica industrial da UFRJ e da graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense - UFF em Niterói; Prêmios ● 1960 - Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB, nas categorias planejamento urbano e arquitetura religiosa; ● 1988 - Prêmio Pereira Passos por sua contribuição à capital fluminense. Contexto Histórico 1988 ● Entre os anos 40 e 80, houve uma inversão da dinâmica populacional, que deixou de ser rural para ser quase que completamente urbana. Ao mesmo tempo em que o campo expulsava, a cidade atraía; ● Intensa urbanização, com crescimento acelerado e quase sempre descontrolado, acompanhado por um adensamento habitacional nas principais capitais; ● Não foi acompanhado de uma política de fornecimento de infraestruturas; ● Década de 80: Redemocratização ● Cenário favorece a retomada e concretização do Movimento Nacional pela Reforma Urbana; ● Constituição Federal de 1988; A cidade como um jogo de cartas ● Reflexões sobre como se formam e desenvolvem as cidades, de modo a se ordenarem e modificarem gradativamente; ● Título se trata de uma metáfora, quando trata as relações de poder na cidade como um jogo de interesse que circula o processo do planejamento urbano e municipal; ● Sendo os jogadores, os grupos que interagem nessa instância, como o governo, as empresas, os políticos e a população; ● O livro está dividido em diversos capítulos e cada um apresenta soluções para que um arquiteto e urbanista consiga lidar com a cidade e o modo como os cidadãos se comportam dentro dela; ● Nelson defende que para que a cidade cumpra corretamente todas as suas funções, é necessário que as regras do jogo sejam respeitadas, de modo que o arquiteto se torna o principal jogador; ● A infraestrutura se torna o ponto alto do projeto. As ruas, os lotes e quarteirões são chamados de “elementos estruturantes do espaço urbano” o que leva a crer que seriam as cartas principais do baralho. A cidade como um jogo “O que acontece em uma cidade pode ser comparado ao jogo de cartas. O jogo urbano se joga sobre um sítio determinado que é sua ‘mesa’. Aí se juntam parceiros que se enfrentam segundo os grupos e filiações a que pertençam. Há os políticos, técnicos e funcionários que representam o GOVERNO ... Existem as EMPRESAS que agem através de investimentos na indústria, no comércio e nos serviços, com especial destaque para o capital ligado aos ramos imobiliário e da construção civil, cujas ações têm reflexos diretos no meio urbano. Por fim, entra a POPULAÇÃO, fragmentada nos mais diversos grupos ... O ideal é que os jogadores, ou AGENTES do desenvolvimento urbano, dominem as regras estruturais e se acertem quanto à sua aplicação.” (SANTOS, 1988, p. 50 e 51) A cidade como um jogo ● O jogo urbano se joga sobre um sítio determinado que envolve parceiros que se enfrentam segundo os grupos e filiações a que pertencem: Governo, Empresas e População; ● Jogo limpo e transparente depende de um conhecimento sobre as cartas e as suas jogadas; Quais são os naipes, números e as figuras do jogo urbano? ● O lote ● Áreas públicas ● Centros ● Edificações notáveis ESTRUTURA URBANA A cidade como um jogo Banco Central do Brasil - Sede Brasília Edifício Sede da Petrobrás Rio de Janeiro Igreja de Nossa Senhora da Candelária Rio de Janeiro A cidade como um jogo ● “Todos os habitantes formam uma imagem coletiva” (SANTOS, 1988, p. 54) ● Referência básica da cidade para os moradores; ● Conhecimento geral dos mesmos padrões e estrutura daquela cidade; ● Arquiteto como jogador principal; “ O que não dá é para jogar com diversos baralhos ao mesmo tempo, ou seguindo várias regras diferentes!” (SANTOS, 1988, p. 55) Lotes e Quarteirões ● Arquitetos e urbanistas ao longo do século XX buscaram negar essas formas espaciais. ● Tentaram impor uma ideia de superfícies indivisas e indiferenciadas (sistema viário ou em árvore). ● Os blocos formam unidades que compõem a vizinhança, pela proximidade física. ● Adesão do governo a esse modelo, que reduzia cada edificação ao estado de figura isolada. Conjunto habitacional BNH - Santos “ A vida social é confinada ao interior dos edifícios. Corredores irão tomar o lugar das ruas e apartamentos o das construções antes a elas vinculadas.” (Holanda, 1985, p. 135) Lotes ● Há muitas controvérsias sobre tamanhos e ideais de distribuição de um lote. ● Densidade - Relação de pessoas e terra disponível. ● Densidade de ocupação pode variar o tamanho de uma cidade. Lotes ● Não é bom para a cidade que o lote seja de tamanho exagerado e sua ocupação mínima. ● Os custos sobem quando a densidade abaixa - (Ruas, redes de serviços, equipamentos públicos). ● Como manter as vantagens dos lotes existentes e usar densidades mais altas, para baratear a urbanização? ● Lotes muito pequenos ficam sem ventilação e espaço para abertura de janelas Quarteirões ● O quarteirão é o resultado da agregação de lotes. ● O quarteirão padrão tem 14.400m² ou 100 módulos de 12x12m. ● Esses módulos sozinhos não configuram nada. Podem ser pensados de diferentes formas para compor um lote. ● A criação de um respiradouro. Praça General Osório - Ipanema ● Existem muitas formas possíveis de se dividir essas quadras. ● Partir para o desmembramento. ● Aumenta a densidade e ainda cresce a cidade. ● Perde a área verde se crescer descontroladamente. Quarteirões Ruas ● A rua depende do sítio onde for implantada. ● Ruas com crescimento não planejado tendem a ficar mortas. ● O problema ocorre porque a maioria das cidades brasileiras crescem sem princípios ordenadores que prevejam evolução. ● Superdimensionado também é ruim, nada garante que são necessários. ● A cidade tende a começar com ruas pouco movimentadas (baixa densidade) e usos pouco diversificados. ● Com o crescimento, os vazios vão sendo preenchidos. ● Estabelecer um esquema para a implantação desse suporte. ● Para atender o esquema a via deverá ser de 23,00m de largura. Ruas Ruas ● O sistema funciona como? ● Ruas locais se ligam as coletoras ●Coletoras ligam as locais na arterial ● Arteriais ligam até as rodovias ● As coletoras sempre acabam em arterial? ● Não. Além de hierarquias claras, precisamos de mais interligações ● Outros procedimentos podem ser mais eficientes do que sinais luminosos - Placas e pinturas de faixas. ● Permitem um maior fluxo de carros e pedestres. Ruas A Grelha No início do Brasil, o bairro era demarcado a partir das paróquias das Igrejas. Cada uma possuía seu templo e seu santo, e o bairro se dava ao redor destes. ● Vizinhança: unidade mínima do bairro. Grelha de 9 unidades e o bairro uma grande vizinhança. No mínimo 4 grelhas de 9 unidades ● Hierarquia: A cada três ruas, uma se configura mais importante. A Grelha ● Cidades de tamanho de bairros irão se tornar centros quando se expandirem. ● Quando cidades ultrapassam seus perímetros é necessária uma reestruturação do sistema viário. Corte diagonal ● Corte diagonal corta quadras em triângulos. Quando divididas são ideais para grandes prédios de serviços, por exemplo. ● Criam-se marcos. ● Descontinuidade visual. O modelo sugerido é para ser adaptado. É uma espécie de fórmula. Centro-quadrado-perímetro-corte Perímetro Urbano ● “Linha que envolve uma figura qualquer e delimita sua área.” ● É fundamental para a organização administrativa de um município e para a divisão entre áreas urbanas e rurais. ● Imposto territorial e predial ● Deve ser revisado de acordo com a necessidade e dinâmica de cada cidade/região. ● Não deve ser muito grande para não ficar disperso. Maiores: infraestrutura mais barata e maior ocupação Menores: moradia cara e limitada ● Não segue modelo específico, é diferente dependendo do caso. ● Deve considerar seus arredores ● Água, drenagem e terra fértil Formas de Ocupação Especial ● Tratamento especial. ● Recursos naturais e preservação. ● Criação de parques ou ciclovias ao invés de construir. ● Soluções para rodovias ● Não se pode construir em seus entornos
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