Resposta à acusação

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XXXV EOU
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
PROFESSOR(A): Ivan Luís Marques da Silva
→ Resposta à Acusação: peça feita exclusivamente pela defesa. A R.A. deve ser realizada logo após a citação do Réu. A OAB cobrará da seguinte forma, como último ato processual que aconteceu: “O Réu foi citado no dia “X”, dia da semana “X”. Apresente a medida cabível”.
− Conceito: não sendo caso de rejeição da denúncia (ou da queixa-crime) (art. 395 do CPP), o juiz deverá recebê-la, determinando, a seguir, a citação do acusado para RESPONDER À ACUSAÇÃO (lembrar sempre de usar a crase no “à”), por escrito, no prazo de dez dias (de acordo com o art. 396 do CPP), se não for o caso de suspensão condicional do processo (SURSIS Processual – previsto no art. 89 da Lei nº. 9.099/1995).
Ao receber a denúncia ou queixa, o juiz determina a citação do acusado para apresentar resposta à acusação.
A resposta à acusação constitui peça obrigatória, pois, se não apresentada, deverá o juiz nomear defensor público para oferecê-la, nos termos do art. 396-A, §2º, do CPP.
Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado regularmente, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias. A ausência de nomeação de defensor pelo juiz para oferecimento da resposta à acusação gerará nulidade absoluta.
Ex. O juiz recebe a denúncia e designa audiência de instrução. Não existe essa possibilidade, o juiz não pode simplesmente ignorar a Resposta à Acusação. Neste caso, há uma preliminar de nulidade, nos termos do art. 564, IV, do CPP. Existe grande possibilidade de esta tese cair em uma questão discursiva, não na peça prático-profissional.
− Como descobrir essa peça?
CITAÇÃO → RESPOSTA À ACUSAÇÃO.
∟A citação precisa ser o último ato processual do problema.
− Fundamento legal: arts. 396 e 396-A do CPP (preâmbulo).
Ex. de preâmbulo: CLIENTE, já qualificado nos autos da ação penal nº..., por seu procurador infra-assinado, com procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
− Portanto... a resposta à acusação é oferecida APÓS A CITAÇÃO DO ACUSADO.
Antes, por óbvio, da instrução.
Logo, deve haver a denúncia, o recebimento da denúncia e a citação do réu.
Não pode ter sido realizada audiência de instrução e julgamento.
Dica: Nem sempre consta expressamente no enunciado toda a sequencia dos atos (“foi oferecida a denúncia e recebida”). Basta, para identificar a peça resposta à acusação, que no enunciado conste como último ato processual a CITAÇÃO DO RÉU (acusado).
Ex. de como isso aparece na OAB:
VIII EOU: “[...] Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no dia 18 de janeiro de 2011” [...].
XXI EOU: “[...] Naquele mesmo momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a Réu, acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público”.
− Teses de resposta à acusação que já caíram:
XIII EOU: causa de exclusão de tipicidade (atipicidade da conduta) (art. 397, III, do CPP) e extinção de punibilidade (decadência) (art. 397, IV, do CPP).
XXI EOU: causa de exclusão da ilicitude (estado de necessidade) (art. 397, I, do CPP), tipicidade (princípio da insignificância) (art. 397, III, do CPP) e extinção da punibilidade (prescrição) (art. 397, IV, do CPP).
− Prazo: 10 dias, de acordo com o art. 396 do CPP, a contar do efetivo cumprimento do mandado de citação.
Obs. Somente o primeiro e o último dia precisam ser úteis; A contagem começa no dia útil seguinte à citação.
Ex. O réu é pessoalmente citado no dia 5 de julho, terça-feira. Desse modo, a resposta à acusação será apresentada no dia 15 de julho de 2022, sexta-feira.
− Conteúdo: A resposta à acusação deve conter:
a) questões preliminares; e/ou
b) excludentes: na resposta à acusação, as excludentes têm relação direta com o mérito (sinônimo de absolvição sumária, nos termos do art. 397 do CPP);
c) rol de testemunhas: este rol deverá ser colocado ao final de tudo, depois, até mesmo, da assinatura do advogado.
− Preliminares:
a) incompetência absoluta do juízo:
Ex. crime praticado por um agente da Polícia Federal. Assim sendo, a União tem competência, e o processo deveria estar na Justiça Federal.
Mas, na prova, o juiz da 2ª Vara Criminal (ou seja, Estadual), mandou citar o réu. Este juiz estadual é incompetente para julgar o caso.
O endereçamento da resposta à acusação, no entanto, é para o juiz estadual, o juiz incompetente, pois o nosso processo está com ele, nesse momento.
Arts. 564, I, do CPP c/c art. 109, da CF/88.
b) rejeição da denúncia (art. 395 do CPP):
De acordo com o art. 395 do CPP, é possível pedir a rejeição da denúncia, mesmo após ela ter sido aceita pelo juiz em um primeiro momento, caso ela seja inepta, caso falte pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal ou caso falte justa causa para o exercício da ação penal. 
c) nulidade da citação:
Ex. Caso a citação tenha sido por edital, mas, no entanto, esta deveria ter sido feita pessoalmente.
d) nulidade/ilicitude da prova produzida no inquérito policial:
De acordo com o art. 157 do CPP, devemos requerer o reconhecimento da ilicitude probatória e o desentranhamento das provas. Às vezes, nessa situação, podemos pedir a rejeição da denúncia.
e) nulidades:
Ler e reler o art. 564 e incisos (I-V) do CPP.
f) nulidade do processo por não ter sido oferecida a proposta de suspensão condicional do processo:
A SURSIS Processual está prevista no art. 89 da Lei nº. 9.099/1995.
Ex. Estamos diante de uma situação em que todos os requisitos do art. 89 da Lei nº. 9.099/1995 estão presentes. Dessa forma, isso irá gerar uma nulidade, nos termos do art. 564, IV, do CPP (por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato).
g) Falta de proposta de acordo de não persecução penal:
A ANPP está prevista no art. 28-A do CPP.
Quando o cliente preenche todos os requisitos do art. 28-A do CPP, é necessário que o Ministério Público realize pelo menos uma proposta de ANPP. Não é necessário que essa proposta seja boa, mas é necessário que esta pelo menos ocorra. Essa proposta é um direito do cliente, de modo que constitui nulidade, nos termos do art. 564, IV, do CPP (também é elemento essencial do ato).
− Teses de mérito: considerando as hipóteses de absolvição sumária, previstas no art. 397 do CPP, sintomático concluir que as teses de mérito na resposta à acusação giram em torno de:
● Absolvição sumária do art. 397 do CPP:
a) causa excludente de ilicitude;
b) excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade por doença mental;
c) excludente de tipicidade (torna a conduta atípica);
d) causas extintivas de punibilidade;
● Crime é um fato típico + ilícito + culpável.
● Cuidado com o art. 397, IV, do CPP: em todas as outras peças, a extinção da punibilidade irá entrar como matéria preliminar, uma vez que não será usada para absolver ninguém. Na resposta à acusação, no entanto, e apenas na resposta à acusação, a extinção da punibilidade irá absolver (prescrição, decadência, abolitio criminis, renúncia do ofendido, perdão do ofendido, transação penal cumprida, suspensão condicional do processo cumprida, acordo de não persecução penal cumprido, cheque sem fundo [realiza o pagamento antes do processo], peculato culposo [ressarciu a administração pública]).
Para que um fato se configure crime, devemos ter fato típico + ilícito + culpável. Quando um destes requisitos não é preenchido, não temos crime. Nota-se que usamos o sinal de “+”, não a palavra “ou”. De modo que, quando excluído o fato típico ou ilícito ou culpável, não existe crime, portanto, há uma excludente! Na falta de qualquer uma delas, nosso cliente será absolvido.
Ex. Quando estamos diante da legítima defesa, estamos diante de uma excludente de ilicitude (art. 25 do CP).Desta feita, requer-se a absolvição sumária do cliente por excludente de ilicitude. 
Ex. Quando estamos diante do princípio da insignificância, a atipicidade material decorre da insignificância. Como é insignificante, o fato é atípico. Deste modo, requer-se a absolvição sumária do cliente por atipicidade.
● Erro de tipo: art. 20 do CP. A consequência do erro de tipo invencível afasta o dolo e a culpa. Estes elementos estão na conduta (fato típico), que precisa ser dolosa ou culposa. Sem o elemento subjetivo dolo ou culpa, trata-se de uma conduta irrelevante penal. Desta feita, temos uma atipicidade da conduta por falta de elemento subjetivo.
Obs: PODE DESCLASSIFICAR NA RESPOSTA À ACUSAÇÃO? Sim, desde que essa desclassificação gere um pedido possível e compatível com a resposta à acusação.
a) Ensejar incompetência absoluta do juízo (arguida em preliminar);
b) Desclassificação para crime de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, que, ao final, redundará na decadência e pedido de absolvição sumária, pela extinção da punibilidade (art. 397, IV, do CPP).
− Pedido: ao final, deve-se formular pedido expresso acerca de cada tese desenvolvida.
Se for desenvolvida tese que envolva preliminar (incompetência do juízo, por exemplo), deve-se expressamente pedir que seja declarada a incompetência do juízo.
Dica: sempre colocar a tese + o fundamento legal. Ex. Nulidade por incompetência do juízo (art. 564, I, do CPP).
− Atenção: no procedimento de crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (art. 514 do CPP) e tráfico ilícito de drogas (art. 55 da Lei nº. 11.343/2006), há previsão de defesa preliminar.
A defesa preliminar desses procedimentos especiais visa convencer o juiz a rejeitar a denúncia ou queixa. Ou seja, tem cabimento antes do recebimento da denúncia ou queixa, e o réu é notificado (e não citado) para apresenta-la.
Obs. É praticamente impossível que isso caia na peça prática-profissional (para realizar uma defesa preliminar), mas é muito provável que isso caia nas questões.
− MP oferece uma denúncia → nestes dois procedimentos especiais, antes de o juiz receber a denúncia, existe a possibilidade de o advogado defender seu cliente “preliminarmente”, pedindo que a denúncia não seja aceita.
Nesta peça, devemos alegar preliminares e, trabalhar o mérito com o art. 395 do CPP, pedindo para que o juiz rejeite a denúncia (por ser manifestamente inepta, por exemplo).
− Modelo de peça:
a) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA... (Se crime da competência da Justiça Estadual)
b) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (Se crime da competência da Justiça Federal)
(Pular linhas)
Processo nº...
(Pular linhas)
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos da ação penal..., por seu procurador infra-assinado, com procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
I – Dos fatos
(Breve resumo do enunciado. Quanto mais resumido, melhor.)
II – DO DIREITO
I.I. Das preliminarmente
I.II. Do mérito
III – DO PEDIDO
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data...
ADVOGADO
OAB nº...
ROL DE TESTEMUNHAS:
a) Fulano
b) Ciclano