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DESCRIÇÃO Introdução ao estudo dos macrominerais, microminerais, água e sua efetivação como campo de conhecimento na nutrição. PROPÓSITO Apresentar a importância da água e hidratação como também do metabolismo dos macro e microminerais, e conhecer as respectivas deficiências e fontes alimentares de cada um, facilitando, assim, a aprendizagem do aluno até a sua formação. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as funções, metabolismo, fontes alimentares e deficiência dos macrominerais e microminerais MÓDULO 2 Reconhecer os eletrólitos, as recomendações da ingestão de água, a hidratação e a desidratação INTRODUÇÃO Neste conteúdo, vamos aprender a definição de macro e microminerais, conhecer o metabolismo, a deficiência, a toxicidade e os alimentos fontes. Vamos, ainda, compreender a importância de cada macro e micromineral para a saúde humana, descrevendo suas respectivas recomendações. Veremos como a água é um elemento fundamental no transporte e na distribuição de vitaminas, minerais, glicose, oxigênio e outros nutrientes para as células. ATENÇÃO Os alimentos são necessários para manter a saúde e a vida, contribuindo para evitar o aparecimento de algumas doenças. Todos os minerais que existem no organismo em proporções superior a 0,05% são definidos como macrominerais, os quais são: cálcio (1,5 – 2,2%), fósforo (0,8 – 1,2%), potássio (0,35%), enxofre (0,25%), sódio (0,15%), cloro (0,15%) e magnésio (0,05%). Os microminerais, também chamados de elementos-traço, são minerais necessários em pequenas quantidades diárias (miligramas ou microgramas), para manutenção do equilíbrio metabólico para o bom funcionamento das células. Geralmente, os microminerais apresentam-se ligados a outros compostos orgânicos nos tecidos corpóreos. Os microminerais são: ferro (Fe), zinco (Zn), selênio (Se), cobre (Cu), iodo (I), cromo (Cr) e flúor (F). Vamos agora aprender quais são esses macro e microminerais, incluindo suas funções, metabolismo, recomendações, deficiência, toxicidade e alimentos fontes, como também a importância de uma hidratação adequada. MÓDULO 1 Reconhecer as funções, metabolismo, fontes alimentares e deficiência dos macrominerais e microminerais SAIS MINERAIS Muitos problemas atuais de saúde estão relacionados ao excesso ou à deficiência de macronutrientes, micronutrientes, macrominerais e/ou microminerais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a má nutrição, que inclui não apenas a subnutrição, mas também as deficiências específicas e o excesso de ingestão de alimentos, continua persistindo em muitos países. SAIBA MAIS Alguns dados da OMS indicam que, enquanto 800 milhões de pessoas não conseguem atingir suas necessidades básicas de proteína e energia, em torno de 600 milhões sofrem com as consequências de uma alimentação inadequada. Isso torna a deficiência nutricional uma das maiores preocupações para muitos países em desenvolvimento, necessitando atenção do ponto de vista da saúde pública. Os sais minerais são substâncias inorgânicas consideradas essenciais para o funcionamento adequado do nosso organismo. Podemos encontrá-los como: Eletrólitos nos líquidos corporais Componentes de enzimas e hormônios Componentes estruturais de alguns órgãos, tais como ossos e dentina nos dentes Os sais minerais são elementos cuja origem é a partir do solo, logo os seres vivos não podem produzi- los. Para a obtenção dos sais necessários para nossa sobrevivência, uma alimentação adequada e balanceada é essencial. CÁLCIO (CA) E SUAS FUNÇÕES O cálcio é um elemento fundamental ao organismo e possui um grau elevado de importância quanto a desempenhar funções relacionadas à mineralização óssea, principalmente, à saúde óssea, desde a sua formação, manutenção da estrutura até a rigidez do esqueleto. Tem participação dos processos de coagulação sanguínea, na transmissão nervosa e na contração muscular, na excitabilidade neuromuscular, como também faz parte da composição dos dentes. É essencial à manutenção e função das células da membrana. METABOLISMO E BIODISPONIBILIDADE DE CÁLCIO O cálcio é absorvido pelo trato digestório por meio de transporte ativo, que ocorre predominantemente no duodeno e jejuno proximal, e de difusão passiva, localizada principalmente no jejuno distal e no íleo. O componente ativo é estimulado pela 1,25(OH)D3 (calcitriol), regulado pelo consumo dietético e pelas necessidades do organismo. O calcitriol exerce influência no transporte ativo, aumentando a permeabilidade da membrana, regulando a passagem de cálcio através das células intestinais e aumentando o nível de calbindina (proteína transportadora de cálcio - CaBP). A fração de cálcio absorvida aumenta quando sua ingestão é diminuída. Seria uma adaptação parcial à restrição de cálcio, resultando no aumento do transporte ativo mediado pelo calcitriol. Sendo assim, o transporte ativo é caracterizado como principal mecanismo de absorção de cálcio quando a ingestão dele é baixa. Conforme a ingestão de cálcio aumenta (aproximadamente > 500mg/dia), a difusão passiva apresenta maior participação na absorção do cálcio. Em vista disso, o processo passivo pode tornar-se o mecanismo predominante de absorção de grandes doses de cálcio, uma vez que o transporte ativo já está saturado. Componentes da dieta, como as proteínas do leite e a lactose, que aumentam a solubilidade e a osmolaridade do cálcio no íleo, tendem a estimular a difusão passiva. Por outro lado, outros fatores (fosfatos, oxalatos e fitatos) tornam o cálcio insolúvel em pH neutro, dificultando a absorção passiva no íleo. A biodisponibilidade do cálcio, além de ser influenciada por componentes exógenos que interferem na sua absorção e excreção, também é controlada por fatores endógenos como idade, condições fisiológicas e regulação hormonal. Fatores exógenos que interferem na absorção e biodisponibilidade do cálcio são alguns componentes da alimentação. Por exemplo, os fitatos (Encontrados em cereais e sementes) , os oxalatos (Encontrados em espinafre e nozes) e os taninos (Encontrados em chá) podem formar complexos insolúveis com o cálcio, reduzindo a sua absorção. Entretanto, esses componentes parecem afetar a absorção do cálcio apenas quando a dieta não é balanceada. SAIBA MAIS Outro fator que pode influenciar a biodisponibilidade do cálcio é o sódio, uma vez que a ingestão elevada desse nutriente acarreta aumento da excreção renal de cálcio. Sugere-se que a cada 2 gramas de sódio ingeridos, a excreção de cálcio urinário aumente em média de 30 a 40 miligramas. Entretanto, se a ingestão de sódio for abaixo de 2.400mg/dia, não haverá impacto negativo sobre a saúde óssea. Há efeitos benéficos de compostos bioativos no aumento da absorção de cálcio. Os oligossacarídeos não digeríveis (por exemplo, inulina e frutanos) são resistentes à hidrólise das enzimas alimentares: Uma vez que não são hidrolisados e absorvidos no estômago e intestino delgado, esses componentes sofrem fermentação parcial ou total quando chegam ao intestino grosso. A fermentação leva à produção de ácidos graxos de cadeia curta, que resulta na acidificação do intestino e consequente estimulação da absorção de cálcio. ATENÇÃO A deficiência de vitamina D afeta diretamente a absorção de cálcio. Vamos conhecer a seguir os fatores endógenos que interferem na absorção e biodisponibilidade do cálcio: HORMÔNIO DO CRESCIMENTO GESTAÇÃO/LACTAÇÃO MENOPAUSA As principais vias de excreção do cálcio são a urinária e a fecal. FONTES DE CÁLCIO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de cálcio são: leite de vaca, laticínios, vegetais folhosos verde-escuros (couve, brócolis). Outras fontes incluem tofu, salmão, sardinha com ossos, ostras, moluscos, folhas de nabo e de mostarda e leguminosas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Biodisponibilidade de cálcio em alguns alimentos e número de porções necessárias para igualar a quantidade de cálcio contida emum copo de leite: Alimentos Porção (g) Ca (mg) Absorção (%) Absorção estimada (mg) Porções necessárias para equivalência ao leite Leite 260 300 32,1 96,3 1,0 Feijão 177 50 15,6 7,8 12,3 Brócolis 71 35 61,3 21,5 4,5 Couve 65 47 58,8 27,6 3,5 Espinafre 90 122 5,1 6,2 15,5 Tabela: Teor de cálcio presente nos alimentos Extraída de: Modern Nutrition in health and disease. WEAVER, C.; HEANEY, R. Calcium. In: Shis, M. E.; SHIKE, M.; OLSON, J (eds). 2005; pág. 188. Valores diários de recomendação e limite superior tolerável de ingestão para cálcio de acordo com o estágio de vida: Estágio de vida EAR (Necessidade média estimada) mg/d RDA (Ingestão dietética recomendada) mg/d UL (Limite superior tolerável de ingestão) mg/d Recém- nascidos 0 a 6 meses 6 a 12 meses 200 (AI (Ingestão adequada) ) 200 (AI (Ingestão adequada) ) - - 1000 1500 Crianças 1 a 3 anos 4 a 8 anos 500 800 700 1000 2500 2500 Adolescentes 9 a 18 anos 1100 1300 3000 Homens 19 a 50 anos 51 a 70 anos > 70 anos 800 800 1000 1000 1000 1200 2500 2000 2000 Mulheres 19 a 50 anos 51 a >70 anos 800 1000 1000 1200 2500 2000 Gestação e Lactação 14 a 18 anos 19 a 50 anos 1100 800 1300 1000 3000 2500 Extraída de: Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença; COZZOLINO, S. M. F. & COMINETTI, C; 2013; págs. 186-187. DEFICIÊNCIA DE CÁLCIO A deficiência de cálcio no organismo causa: osteoporose, fraturas, dores e espasmos musculares, sensação de formigamento ao redor da boca e nos dedos das mãos e dos pés, maior incidência de cáries dentais, unhas quebradiças, cabelos e pele opacos, insônia, hipertensão, convulsões e cólicas menstruais. ATENÇÃO Em casos de desnutrição intrauterina ou nos primeiros anos de vida, crianças podem desenvolver o raquitismo. Imagem: Shutterstock.com Desenvolvimento da osteoporose. Imagem: Shutterstock.com Raquitismo. TOXICIDADE PELO CÁLCIO Normalmente, a toxicidade ocorre por uso de suplementos, bem como fortificantes adicionados a alimentos que não são fontes naturais do nutriente. É causada pelo aumento da concentração sanguínea de cálcio conhecida como hipercalcemia. Os sintomas são: Perda de peso Poliúria Arritmias cardíacas Fadiga Calcinose (calcificação dos tecidos moles) SAIBA MAIS Pode causar insuficiência renal, calcificação de tecido vascular e nefrolitíase. FÓSFORO (P) E SUAS FUNÇÕES O fósforo é um elemento de origem mineral que se encontra amplamente difundido pelos alimentos, sejam de origem animal, sejam de origem vegetal, existindo, contudo, em maior quantidade nos alimentos de origem animal. VOCÊ SABIA É um mineral de natureza não metálica, é o 11º elemento mais abundante da crosta terrestre. É encontrado no organismo humano, principalmente, sob a forma de fosfatos e apenas uma pequena porção está em forma livre. No corpo humano, 85% do fósforo está contido no tecido ósseo, 14% nos músculos esqueléticos e nos tecidos moles e 1% nos fluidos corporais. Imagem: Karen Almeida Quantidade de Fósforo no Corpo Humano. Relaciona-se intimamente à mineralização óssea e dos dentes, mas também tem um papel estrutural na célula (nos fosfolipídios constituintes das membranas celulares). Participa de numerosas atividades enzimáticas, é fonte de energia sob forma de ATP (adenosina trifosfato). É importante na absorção e no transporte de nutrientes, na regulação da atividade proteica e no balanço acidobásico, no componente do ATP, ácidos nucleicos e fosfolipídios de membrana. METABOLISMO DE FÓSFORO O fósforo ingerido, proveniente dos alimentos, apresenta-se nas formas orgânica e inorgânica. A taxa de absorção pode variar entre 55 a 90% de acordo com a idade e o estado nutricional do indivíduo. A absorção do fósforo pelo organismo chega a aproximadamente 70% do que existe nos alimentos, e ocorre ao longo de todo o intestino delgado: no jejuno, é absorvido por transporte ativo. ORGÂNICA A porção orgânica é hidrolisada por fosfatases intestinais até fósforo inorgânico. javascript:void(0) ATENÇÃO Nos casos de alimentação à base de carnes, existe um risco associado ao fósforo caso seja consumido em excesso. Nos adultos, o fósforo é armazenado principalmente nos ossos (85%) ou distribuído em tecidos moles do corpo. A eliminação do fósforo é feita principalmente pelos rins. Em condições normais, o fósforo é reabsorvido cerca de 80% no rim. FONTES DE FÓSFORO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de fósforo são: carnes, aves, peixe e ovos, assim como as leguminosas. Foto: Shutterstock.com Ingestão adequada (AI), necessidade média estimada (EAR), recomendação dietética de referência (RDA) e limite superior tolerável de ingestão (UL) para o fósforo: Estágio de vida Idade Ear (mg/d) Rda (mg/d) Ul (mg/d) Recém-nascidos 0 a 6 meses 100 ------ ------ 7 a 12 meses 275 ------ ------ Crianças 1 a 3 anos 380 460 3,0 Adolescentes 4 a 8 anos 405 500 3,0 9 a 18 anos 1055 1250 4,0 Adultos 19 a 70 anos 580 700 4,0 > 70 anos 580 700 3,0 Gestação ≤ 18 anos 1055 1250 3,5 19 a 50 anos 580 700 4,0 Lactação ≤ 18 anos 1055 1250 4,0 19 a 50 anos 580 700 4,0 Extraída de: Dietary reference intakes for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D, and fluoride; Institute of Medicine (IOM); 1998; pág. 209. DEFICIÊNCIA DE FÓSFORO A deficiência ocorre quando as concentrações de fósforo estão abaixo de 2,5mg/dL ou 0,8mmol/L. A baixa concentração é chamada de hipofosfatemia. É incomum a deficiência em indivíduos saudáveis sendo mais evidente em indivíduos com restrições alimentares graves, problemas de absorção, perda renal grave, dietas com altas concentrações de magnésio, alcoolismo e utilização de glicorticoides. Os sinais clínicos mais comuns na deficiência de fósforo são: NEURAL MUSCULOESQUELÉTICO HEMATOLÓGICOS TOXICIDADE PELO FÓSFORO Normalmente, ocorre por ingestão acidental de fórmulas que contenham uma substância chamada enema, podendo levar à morte. A principal consequência da hiperfosfatemia a longo prazo é a deposição de cristais de cálcio-fosfato nos tecidos do organismo. MAGNÉSIO (MG) E SUAS FUNÇÕES O magnésio é essencial à vida animal e vegetal. No ser humano, o magnésio encontra-se majoritariamente nos ossos, os quais servem como reservatório desse elemento (quadro abaixo). O magnésio apresenta várias funções no corpo humano: Participa na regulação dos fluxos através das membranas celulares. É coadjuvante na atividade de algumas enzimas em variados processos enzimáticos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Está envolvido na replicação de DNA. SAIBA MAIS O íon Mg2+ ajuda a estabilizar a estrutura tridimensional das cadeias de DNA e RNA, é importante para a transmissão neuromuscular e contribui para o desenvolvimento fetal, pois participa na formação de novas proteínas. Compartimentos % g/kg peso corpóreo Ossos 53 152-212 Músculos 27 77-108 Tecidos moles 19 54-76 Sangue 1 2,9-4,0 Eritrócitos 0,5 1,4-2,0 Soro 0,1 0,86-1,2 Total corpóreo 100 286-400 Tabela: Distribuição compartimental de magnésio no adulto saudável. Extraída de: Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença; COZZOLINO & COMINETTI; 2013; pág. 216. O magnésio participa da atividade de cerca de 300 enzimas, sendo, portanto, dependentes da presença do magnésio. É considerado um importante ativador de muitos sistemas enzimáticos na transferência do fósforo, na contração muscular, como também na transmissão nervosa, sendo essencial para a estabilização estrutural dos ácidos nucleicos. É encontrado no organismo humano e 50% dele está combinado com cálcio e potássio nos ossos sob forma de sais fluidos orgânicos. O magnésio é fundamental para muitas reações enzimáticas, em especial, no que diz respeito às células de produção de energia, para a saúde do cérebro e o sistema nervoso, e paraos dentes e ossos saudáveis. Na forma de cloreto, também é excelente contra infecção. Ele pode ser encontrado, principalmente, no interior das células, e ativa muitas enzimas que são necessárias para o metabolismo dos aminoácidos, carboidratos e gorduras. RESUMINDO Resumindo, as principais funções do magnésio: Estabilizar a estrutura de ATP nas reações enzimáticas dependentes de ATP. É um cofator para mais de 300 enzimas envolvidas no metabolismo dos componentes alimentares e na síntese de muitos produtos metabólicos. Desempenha um papel na transmissão e atividade neuromuscular, atuando em conjunto e contra os efeitos do cálcio, dependendo do sistema envolvido. METABOLISMO DE MAGNÉSIO Absorção ocorre por todo o intestino delgado, mas a maior parte acontece no jejuno por processo facilitado por carreador e difusão simples. A eficiência da absorção desse elemento varia de acordo com o estado nutricional de magnésio do indivíduo, a quantidade de magnésio na dieta e a composição da dieta como um todo. O magnésio liga-se principalmente às proteínas e aos fosfatos ricos em energia. Os rins controlam o equilíbrio desse elemento, conservando-o quando a ingestão é baixa. A reabsorção renal varia inversamente com a do cálcio. ATENÇÃO Em casos de maior demanda do organismo, por exemplo, na gestação e na lactação, a excreção urinária de magnésio tende a diminuir. FONTES DE MAGNÉSIO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de magnésio são: sementes, nozes, leguminosas, grãos integrais, grãos de cereais moídos, vegetais folhosos verdes-escuros. Foto: Shutterstock.com Alimentos fontes de magnésio. Seguem abaixo as recomendações dietéticas de ingestão para magnésio: Estágio de vida AI (Ingestão adequada) (mg/d) EAR (Necessidade média estimada) (mg/d) RDA (Ingestão dietética recomendada) (mg/d) UL (Limite superior tolerável de ingestão) (mg/d) 0 a 6 meses 30 - - ND (Não determinado) 7 a 12 meses 75 - - ND (Não determinado) 1 a 3 anos - 65 80 65 4 a 8 anos - 110 130 110 Homens 9 a 13 anos - 200 240 350 14 a 18 anos - 340 410 350 19 a 30 anos - 330 400 350 31 a > 70 anos - 350 420 350 Mulheres 9 a 13 anos - 200 240 350 14 a 18 anos - 300 360 350 19 a 30 anos - 255 310 350 31 a > 70 anos - 265 320 350 Gestantes 14 a 18 anos - 335 400 350 19 a 30 anos - 290 350 350 31 a 50 anos - 300 360 350 Lactantes 14 a 18 anos - 300 360 350 19 a 30 anos - 255 310 350 31 a 50 anos - 265 320 350 Extraída de: Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença; COZZOLINO & COMINETTI; 2013; págs. 218-219. DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO Na deficiência de magnésio, há o aumento de uma substância chamada substância P esquelética que estimula a redução de osteoblastos e o aumento dos osteoclastos, o que favorece a perda de massa óssea levando à predisposição à osteoporose. Essas alterações ósseas são reforçadas diante das alterações na homeostase do cálcio, desencadeadas por alterações na síntese de PTH e da 1,25(OH)2 vitamina D, presentes em decorrência da deficiência em magnésio. SAIBA MAIS O aumento da produção da substância P também favorece a predisposição a alterações na resposta neurogênica, levando ao aumento de citocinas pro-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF-α) e interleucina-1 beta, e desencadeia um desequilíbrio oxidativo. Essas condições estão associadas ao aumento do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, síndrome metabólica, resistência à insulina e doenças cardiovasculares. Essas doenças estão associadas à redução dos níveis sanguíneos de magnésio (hipomagnesemia). Imagem: Shutterstock.com Deficiência de magnésio. TOXICIDADE PELO MAGNÉSIO Não foram descritos os casos de toxicidade de magnésio pela ingestão alimentar, visto que os rins removem eficientemente o excesso. Porém, em pacientes com alterações renais, o excesso de magnésio pode oferecer risco de toxicidade. EXEMPLO A suplementação de magnésio em altas dosagens observadas em gestantes com pré-eclâmpsia, por exemplo, é necessária para evitar o trabalho de parto prematuro. Pode levar ao quadro de hipermagnesemia (altas concentrações de magnésio no sangue) cujos sintomas são: náuseas, vômitos até parada cardíaca. Os sintomas da deficiência são: Neuropatia periférica Ataxia espinocerebelar Miopatia esquelética Retinopatia pigmentada Em relação à toxicidade de magnésio, há poucas evidências de efeitos adversos provenientes do consumo alimentar. Em doses altas de suplementação, pode ocorrer dor de cabeça, fadiga, náuseas, visão dupla, fraqueza muscular, creatinúria, desconforto gastrointestinal, hemorragias, tromboflebite, concentrações alteradas de lipoproteínas ou lipídeos séricos, efeitos na tireoide e redução da agregação plaquetária. SAIBA MAIS Os microminerais, também denominados de elementos-traço, são minerais necessários em pequenas quantidades diárias (miligramas ou microgramas), para a manutenção da normalidade metabólica e o funcionamento adequado das células. Geralmente, apresentam-se ligados a outros compostos orgânicos nos tecidos corpóreos. FERRO (FE) E SUAS FUNÇÕES É um micromineral essencial vindo da alimentação e encontra-se sob duas formas: Heme Proveniente da hemoglobina e da mioglobina de alimentos de origem animal. Não heme Presente nos tecidos vegetais e animais. O ferro heme (Fe2+) tem uma melhor absorção (entre 15 a 35%) do que o ferro não heme. O ferro não heme, apesar de menos absorvido, está presente em maior concentração na alimentação. Algumas proteínas apresentam ferro na sua composição e são chamadas de proteínas que contêm heme, como hemoglobina, a mioglobina e citocromos; enzimas contendo ferro e enxofre, como flavoproteínas; proteínas de transporte e armazenamento, como a transferrina, lactoferrina, ferritina e hemossiderina. Os ligantes mais comuns do ferro nos sistemas biológicos são o oxigênio, o nitrogênio e o enxofre. Portanto, as funções mais importantes do ferro estão ligadas às funções dessas proteínas no organismo, como o transporte de oxigênio, realizado pela hemoglobina nos eritrócitos e pela mioglobina nos músculos. A principal função do ferro é carrear oxigênio. É um componente essencial da hemoglobina, mioglobina, desidrogenases do musculo esquelético, dos citocromos envolvidos na produção de ATP, das metaloenzimas teciduais de função respiratória, oxidativa e de fosforilação e que neutralizam os radicais livres. METABOLISMO DE FERRO O ferro é captado do trato digestório tanto na forma heme como na não heme pelos enterócitos, principalmente no duodeno. O balanço normal de ferro é regulado pela sua absorção intestinal. O ferro não heme, também chamado de inorgânico, é solubilizado e ionizado pelo suco gástrico, reduzido a Fe2+ e quelado. ATENÇÃO Ácido ascórbico, açúcares e aminoácidos são substâncias que formam quelatos de baixo peso molecular, promovendo absorção desse mineral, sendo que as fibras alimentares, os fitatos e oxalatos prejudicam a absorção do ferro não heme. O ferro no estado ferroso (Fe2+) é mais solúvel do que na forma férrica (Fe3+), portanto, o Fe2+ atravessa a camada de muco mais rapidamente para alcançar a borda em escova em que é ligado a proteínas ligantes de ferro, que transferem esse mineral para dentro da célula. Uma vez dentro da célula, o ferro é liberado do heme pela enzima heme oxidase, formando Fe2+ e protoporfirina e, a partir de então, é processado; e o ferro não heme é armazenado na forma de ferritina ou liberado do enterócito para a circulação entero-hepática. O ferro ligado à transferrina é levado para o fígado, baço e a medula óssea, nas formas de ferritina e hemossiderina, assim como para os tecidos que precisam de ferro. A homeostase de ferro no organismo é essencial para o metabolismo de energia e o transporte de oxigênio. O excesso de Fe2+ pode reagir com o peróxido de hidrogênio (H2O2) para formar o radicalhidroxil (OH-) e ânions superóxidos que podem reagir com os peróxidos lipídicos, formando radicais alcoxila e peroxila – radicais livres. Além disso, o Fe2+ pode reagir com oxigênio e formar um potente oxidante, levando a graves lesões celulares e teciduais ao reagirem com proteínas, lipídeos e DNA. FONTES DE FERRO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de ferro são: fígado, mariscos, ostras, rim, coração, carnes magras, aves e peixes. São boas fontes de ferro de origem vegetal, porém, com menor biodisponibilidade do que as carnes: feijões, grãos integrais e as frutas secas. Foto: Shutterstock.com A absorção de ferro pode ser afetada por diversos fatores, dentre eles, o ácido ascórbico. Para efeitos práticos de cálculos dietéticos, segue abaixo a tabela: Biodisponibilidade Consumo de carne e Ácido ascórbico % Ferro absorvido Não heme Heme Baixa < 30g carne ou < 25mg vitamina C 3 23 Média 30g -90g carne ou < 25mg vitamina C 5 23 Alta > 90g carne ou> 75mg vitamina C, ou 30-90g carne + 25 - 75mg vitamina C 8 23 Tabela: Biodisponibilidade de ferro de acordo com o consumo de carne e de vitamina C. Extraída de: Simplified method for clculating available dietary iron; MONSEN, E; 1980; pág. 1-4. Recomendação de ferro: Grupo EAR (mg/dia) RDA (mg/dia) UL (mg/dia) 0 a 6 meses 0,27 40 7 a 12 meses 6,9 11 40 1 a 3 anos 3,0 7 40 4 a 8 anos 4,1 10 40 Homens 9– 13 anos 5,9 8 40 14 – 18 anos 7,7 8 45 > 19 anos 6 15 45 Mulheres 9– 13 anos 5,7 8 40 14 – 18 anos 7,9 15 45 19 - 50 anos 8,1 18 45 > 51 anos 5 8 45 Gravidez ≤ 18 anos 23 45 19 - 50 anos 22 45 Lactação ≤ 18 anos 7 10 45 19 - 50 anos 6,5 9 45 Tabela: Dietary. Reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium and zinc; Institute of Medicine; 2001; pág. 769. DEFICIÊNCIA DE FERRO A deficiência de ferro leva ao quadro de anemia, sendo que os grupos de maior risco para anemia são lactentes com menos de 2 anos de idade, adolescentes, mulheres grávidas e idosos. O estágio final de deficiência de ferro inclui a anemia microcítica hipocrômica, que pode ser corrigida com suplementação em altas doses na forma de sulfato ferroso ou gluconato ferroso. Os sintomas da anemia mais comuns são: Fraqueza Desânimo Cansaço fácil Pele pálida Sensação de desmaio TOXICIDADE PELO FERRO A principal sobrecarga de ferro é a hemocromatose hereditária, enquanto a sobrecarga de ferro por transfusão é rara. HEMOCROMATOSE Hemocromatose é o acúmulo anormal de ferro no fígado, concentrações excessivas de ferritina no tecido e no soro, oxidação de LDL-col e complicações cardiovasculares. ATENÇÃO Esse excesso de ferro pode contribuir com a produção de radicais livres que atacam as moléculas celulares, aumentando, desse modo, as moléculas com potencial carcinogênico no interior das células. javascript:void(0) ZINCO (ZN) E FUNÇÕES O zinco participa de muitas reações do metabolismo celular, incluindo processos fisiológicos, tais como função imune, defesa antioxidante, crescimento e desenvolvimento. É considerado um componente estrutural e/ou funcional de várias metaloenzimas e metaloproteínas. METABOLISMO DE ZINCO A captação de zinco ocorre na superfície da borda em escova, que são as células intestinais, e regulada por mecanismos de difusão e processos mediados por carreadores. Em situações de baixa ingestão de zinco, faz com que haja o aumento da capacidade de transporte por carreadores. Quando ocorre a alta ingestão alimentar, leva ao mecanismo de difusão passiva sem saturação. Após a absorção, o zinco é liberado pela célula intestinal, passa para os capilares mesentéricos e é transportado no sangue portal, sendo captado pelo fígado e subsequentemente distribuído para os demais tecidos. ATENÇÃO O zinco é perdido do organismo por meio dos rins, da pele e do intestino. Existem facilitadores da absorção do zinco, tais como: aminoácidos (histidina e metionina), ácidos orgânicos, fosfatos e algumas prostaglandinas. Vale lembrar que a concentração de proteína da refeição possui um efeito positivo na absorção do zinco, porém algumas proteínas, como a caseína, têm efeito oposto, ou seja, inibitório na absorção. Os fitatos também interferem reduzindo a absorção de zinco. FONTES DE ZINCO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de zinco são: carnes, fígado, peixes, nozes, cereais integrais, aves e mariscos. Foto: Shutterstock.com Alimentos ricos em zinco. GRUPO IDADE RDA (Ingestão dietética recomendada) (mg/d) UL (Limite Superior tolerável de ingestão) (mg/d) Lactentes 0 a 6 meses 2 4 7 a 12 meses 3 5 Crianças 1 a 3 anos 3 7 4 a 8 anos 5 12 Homens 9 a 13 anos 8 23 14 a 18 anos 11 34 ≥ 19 anos 11 40 Mulheres 9 a 13 anos 8 23 14 a 18 anos 9 34 ≥ 19 anos 8 40 Gravidez ≤ 18 anos 12 34 19 a 50 anos 11 40 Lactação ≤ 18 anos 13 34 19 a 50 anos 12 40 Tabela: Recomendação nutricional de zinco. Extraída de: Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc; IOM – Institute of Medicine; 2001; pág. 769. DEFICIÊNCIA DE ZINCO A deficiência de zinco causa o quadro de anorexia, paladar alterado, podendo levar à redução da ingestão alimentar e a prejuízos à saúde, como: dificuldades na reparação de tecidos e retardo no crescimento e na maturação sexual e esquelética, como também alteração até na função imune. A deficiência de zinco pode levar à alopecia (queda de cabelo) e até a alterações cognitivas. SAIBA MAIS Em crianças com dificuldades de absorção, pode levar ao aparecimento de uma doença denominada de acrodermatite enteropática, que é caracterizada por diarreia, má absorção, dermatite e perda de cabelos. TOXICIDADE PELO ZINCO Pode levar ao comprometimento do sistema imune, a alterações no metabolismo lipoproteico reduzindo HDL-col, à anemia ferropriva e deficiência de cobre. Além disso, causa alteração no paladar, paladar metálico, náuseas, diarreia e cólicas abdominais. SELÊNIO (SE) E SUAS FUNÇÕES Foi descoberto em 1817, sendo constituinte essencial de aproximadamente 25 selenoproteínas e só há 20 anos descobriram a participação desse mineral como constituinte principal do sítio ativo de uma enzima que se chama glutationa peroxidase (GPx). GPX Essa enzima (GPx) é encontrada em muitos tecidos de origem animal cujo objetivo principal é defender o organismo contra a ação deletéria dos radicais livres. A GPx faz parte de um grupo das selenoproteínas, cujas funções dessas selenoproteínas são catalíticas, antioxidante e sua síntese depende totalmente da disponibilidade de selênio. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com O selênio é encontrado, em sua maior parte, na forma de aminoácidos e sua bioquímica é parecida à do enxofre. No mesmo esqueleto de carbono, há a presença de aminoácidos, como serina, cisteína e selenocisteína que contêm, respectivamente, o oxigênio, enxofre e selênio. Entre esses três, o mais reativo é a selenocisteína. Quando estudamos as funções do selênio, verificamos que ele é extremamente necessário para a produção de enzimas fundamentais no combate aos radicais livres e contra a peroxidação lipídica das membranas das células. A vitamina E age sinergicamente com selênio para exercer a função antioxidante, sendo importante também na formação do esperma, no funcionamento da próstata e na função imunológica normal. METABOLISMO DE SELÊNIO A absorção do selênio ocorre no duodeno, ceco e cólon. A selenometionina é absorvida pelo transporte ativo. O selenato é absorvido em conjunto com o sulfato, por carreadores mediados por sódio. O selênio é reduzido a selenito (H2Se), sendo absorvido por difusão simples e a selenocisteína por transporte ativo comum aos aminoácidos básicos (arginina, histidina e lisina). Em relação ao armazenamento, o selênio encontra-se nos músculos, no fígado, no esqueleto, nostestículos e rins. A excreção do selênio é pela via urinária, quando sua ingestão é adequada. FONTES DE CÁLCIO E RECOMENDAÇÕES A concentração de selênio varia nos alimentos, pois depende do solo em que são cultivados, sendo que a principal fonte de selênio é a castanha-do-Brasil. As outras fontes são frutos do mar, aves, carnes e fígado. Foto: Shutterstock.com Castanha-do-Brasil. Grupo Idade RDA (Ingestão dietética recomendada) (mcg/d) UL (Limite Superior tolerável de ingestão) (mcg/d) EAR (Necessidade média estimada) (mcg/d) Lactentes 0 a 6 meses 15 45 -- 7 a 12 meses 20 60 -- Crianças 1 a 3 anos 20 90 17 4 a 8 anos 30 150 23 Homens e mulheres 9 a 13 anos 40 280 35 ≥ 14 anos 55 400 45 Gravidez ≤ 18 – 50 anos 60 400 49 Lactação ≤ 18 – 50 anos 70 400 59 Necessidades e recomendações nutricionais de Selênio Tabela: Dietary reference intakes for vitamin C, E, selenium, and carotenoids; IOM – Institute of Medicine; 2001; pág. 506. TOXICIDADE PELO SELÊNIO São sinais de toxicidade por selênio alterações gastrointestinais, erupções cutâneas, fragilidade e perdas de cabelo e unhas, fadiga, odor de alho pela respiração e até alterações no sistema nervoso. Pode ocorrer também alterações hormonais, como os hormônios tireoidianos e os relacionados ao crescimento. DEFICIÊNCIA DE SELÊNIO Pode levar o aparecimento de uma cardiomiopatia que afeta mais as mulheres jovens e crianças, denominada doença de Keshan. Uma outra doença decorrente da deficiência de selênio é a osteoartrite endêmica durante a adolescência ou pré-adolescência chamada, doença de Kashin-Beck. Como a enzima 5-deiodinase é dependente de selênio e responsável pela conversão dos hormônios da tireoide de T4 em T3 (forma metabolicamente ativa), na deficiência de selênio pode levar à redução da ação dos hormônios da tireoide. COBRE (CU) E SUAS FUNÇÕES O cobre (Cu) é essencial nos processos biológicos envolvidos na respiração, na proteção do estresse oxidativo, na formação de vasos sanguíneos e óssea e no transporte do ferro. O cobre age como receptor e doador de elétrons que ocorrem na respiração mitocondrial, nas ligações cruzadas do colágeno e na síntese de melanina. Ele é importante componente de enzimas antioxidantes e metaloenzimas como: Superóxido dismutase (SOD) Citocromo c Oxidase Metalotioneínas Ceruloplasmina Lisil oxidase METABOLISMO DE COBRE A maior parte da absorção de cobre é no intestino delgado, mais especificamente no duodeno que varia de acordo com a ingestão. Existem fatores luminais e alimentares que podem facilitar a absorção, por exemplo, ácido cítrico e ácido lático; e os inibidores, tais como o ácido ascórbico, frutose, zinco, ferro, sacarose, dentre outros. ATENÇÃO A homeostase (equilíbrio) do cobre depende de uma regulação complexa de absorção e excreção, mediada por transportadores que permitirão ou não a entrada do cobre nas células, como o transportador de cobre 1 (CTR1) através das microvilosidades da borda em escova. Quando o cobre chega à corrente sanguínea, é ligado à albumina, sendo encaminhado, principalmente, para o fígado ou secretado para a vesícula biliar. O cobre é incorporado à ceruloplasmina, no fígado, e distribuído para os tecidos periféricos ligados a essa proteína em uma proporção de 95%. Em relação à excreção do cobre, a bile é a maior via de excreção. FONTES DE COBRE E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de cobre são: carnes, nozes, leguminosas, fígado e cereais integrais. Foto: Shutterstock.com Grupo Idade RDA (Ingestão dietética recomendada) (mcg/d) UL (Limite Superior tolerável de ingestão) (mcg/d) Lactentes 0 a 6 meses 200 NE 7 a 12 meses 220 NE Crianças 1 a 3 anos 340 1 4 a 8 anos 440 3 Homens 9 a 13 anos 700 5 14 a 18 anos 890 8 ≥ 19 anos 900 10 Mulheres 9 a 13 anos 700 5 14 a 18 anos 890 8 ≥ 19 anos 900 10 Gravidez ≤ 18 anos 1000 8 19 a 50 anoss 1000 10 Lactação ≤ 18 anos 1300 8 19 a 50 1300 10 anos Tabela: Recomendação nutricional de cobre. Extraída de: Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc; IOM – Institute of Medicine; 2001; pág. 769. DEFICIÊNCIA DE COBRE A deficiência de cobre chama-se hipocupremia e pode causar anemia normocítica e hipocrômica, alterações neurológicas, má formação óssea, osteoporose, alterações nos exames bioquímicos como leucopenia, neutropenia, e redução da resposta imune com aumento da susceptibilidade a infecções. TOXICIDADE PELO COBRE A intoxicação aguda leva à dor epigástrica, a vômitos, à diarreia, necrose hepática e até a morte. A intoxicação crônica por cobre pode alterar o metabolismo do colesterol, causar elevação de radicais livres, prejuízo no metabolismo de zinco. O fígado é o órgão mais afetado pelo excesso de cobre. IODO (I) E SUAS FUNÇÕES Atualmente, sabe-se que o organismo tem entre 15mg a 20mg de iodo no organismo e que a tireoide tem de 70 a 80% desta concentração. Em relação às funções do iodo, a principal está relacionada com a tireoide, já que o iodo faz parte da composição desses hormônios (T4 e T3). O iodo, então, está envolvido na reprodução, no metabolismo e na função neuromuscular. METABOLISMO DO IODO O iodo pode ser ingerido de diversas formas e a grande maioria é reduzida e absorvida no intestino. A absorção do iodo é em torno de 90%, em condições normais. O sal de cozinha contém iodato que por sua vez é reduzido a iodeto para, então, ser absorvido. Quando chega à circulação, o iodeto é captado principalmente pela tireoide, para síntese de hormônios, e pelos rins. A maioria do iodo que não é utilizada pela glândula tireoide é excretada na urina, sendo essa a principal via de excreção. FONTES DE IODO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de iodo são: sal iodado, alimentos do mar, vegetais de solos ricos em iodo. Foto: Shutterstock.com Grupo Idade RDA (Ingestão dietética recomendada) (mcg/d) UL (Limite Superior tolerável de ingestão) (mcg/d) EAR (mcg/d) Lactentes 0 a 6 meses 110 NE -- 7 a 12 meses 130 NE -- Crianças 1 a 3 anos 90 200 65 4 a 8 anos 90 300 65 Homens e mulheres 9 a 13 anos 120 600 73 14 a 18 anos 150 900 95 ≥19 anos 150 1100 95 Gravidez ≤ 18 anos 220 900 160 19 – 50 anos 220 1100 160 Lactação ≤ 18 anos 290 900 209 19 – 50 anos 290 1100 209 Tabela: Necessidades e Recomendações nutricionais de iodo Extraída de: Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc; IOM – Institute of Medicine; 2001; pág. 769. TOXICIDADE PELO IODO A toxicidade por iodo é rara, mas, caso ocorra, há o aparecimento de iodermia, que é caracterizada por urticárias e erupções na pele. Pode levar também à tireoidite autoimune crônica e ao hipertireoidismo, comum em idosos. DEFICIÊNCIA DE IODO Estágio de vida Alterações Fetos Abortos Natimortos Anomalias congênitas Aumento da mortalidade neonatal Aumento da mortalidade infantil Deficiência mental Surdo-mudez Estrabismo Deficiência mental, nanismo e déficits psicomotores Cretismo neurológico e mixedematoso Neonatos Bócio neonatal Hipotireoidismo neonatal Crianças e adolescentes Bócio (imagem abaixo) Hipotireoidismo Função mental diminuída Retardo do desenvolvimento físico Adultos Bócio com complicações Hipotireoidismo Função mental diminuída Quadro: Alterações causadas pela deficiência em iodo em diferentes estágios de vida. Extraída de: Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. COZZOLINO, S.M.F.; COMINETTI, C. 2013; pág. 285. Foto: Dr. J.S.Bhandari, India / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 Bócio. CROMO (CR) E SUAS FUNÇÕES É essencial à saúde humana, pois participa do metabolismo dos macronutrientes – lipídeos e carboidratos, da ação da insulina,inibição do estresse oxidativo, e da produção das citocinas inflamatórias. O cromo também potencializa as funções normais da insulina, auxiliando a entrada da glicose para a parte interna das células. Esta última é devido ao mecanismo de ação do cromo de potencializar a ação da insulina, já que está ligado à cromodulina que influencia o estímulo da ação desse hormônio. METABOLISMO DE CROMO Ocorre por meio de difusão passiva, sendo que a forma orgânica do cobre tem uma melhor absorção do que a inorgânica. Quando é absorvido, o cromo III (trivalente) entra na circulação pelo seu receptor e pela transferrina e, posteriormente, é transferido para a cromodulina. É armazenado no baço, fígado, nos tecidos moles e ossos. O cromo que não for absorvido será excretado pelas fezes e o que for absorvido será excretado pela urina e rins. FONTES DE CROMO E RECOMENDAÇÕES As principais fontes de cromo são: mariscos, carnes, queijo, fígado, grãos integrais, frutas, brócolis, feijão verde. Foto: Shutterstock.com Grupo Idade AI (mcg/d) Lactentes 0 a 6 meses 0,2 7 a 12 meses 5,5 Crianças 1 a 3 anos 11 4 a 8 anos 15 Meninos 9 a 13 anos 25 14 a 18 anos 35 Meninas 9 a 13 anos 21 Homens 19 a 50 anos 35 51 a > 70 anos 30 Mulheres 19 a 50 anos 25 51 a > 70 anos 20 Gravidez ≤ 18 anos 29 19 – 50 anos 30 Lactação ≤ 18 anos 44 19 – 50 anos 45 Tabela: Ingestão adequada de cromo de acordo com o estágio de vida. Extraída de: Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc; IOM – Institute of Medicine; 2001; pág. 769. TOXICIDADE PELO CROMO A toxicidade por cromo pode levar ao aparecimento de câncer (ex: câncer de pulmão), fibrose pulmonar, bronquite crônica, dermatoses de pele, úlceras, asma, perfurações do septo nasal, irritação gastrintestinal e choque anafilático. DEFICIÊNCIA DE CROMO A deficiência de cromo pode causar aumento da glicemia, insulina, colesterol e triglicerídeos. Pode ainda ocasionar serias complicações, como, por exemplo, o aparecimento de: Diabetes & Doenças cardiovasculares FLÚOR (F) E SUAS FUNÇÕES Abundante na natureza e com grande afinidade por cálcio, fazendo com que o flúor esteja em torno de 99% nos tecidos calcificados. Essencial para o crescimento, a reprodução normal e até a prevenção da anemia. Participa da composição dos ossos e do esmalte dos dentes sendo importante na redução de cáries. METABOLISMO DE FLÚOR A maior parte de sua absorção é por difusão na parte proximal do intestino delgado, sendo que a absorção do flúor ingerido é de cerca de 80%, mas esse percentual pode reduzir para 50-70% em altas concentrações de cálcio. Lembrando que os rins são a principal via de excreção. FONTES DE FLÚOR E RECOMENDAÇÕES As fontes de flúor são: água fluoretada, chás e frutos do mar. Foto: Shutterstock.com Grupo Idade AI (mg/d) UL (mg/d) Lactentes 0 a 6 meses 0,01 0,7 7 a 12 meses 0,5 0,9 Crianças 1 a 3 anos 0,7 1,3 4 a 8 anos 1,0 2,2 Homens 9 a 13 anos 2,0 10 14 a 18 anos 3,0 10,0 ≥ 19 anos 4,0 10,0 Mulheres 9 a 13 anos 2,0 10,0 ≥ 14 anos 3,0 10,0 Gravidez e lactação ≤ 18 anos – 50 anos 3,0 10,0 Tabela: Necessidades e recomendações nutricionais de flúor. Extraída de: Tratado de Alimentação, Nutrição & dietoterapia. SILVA, S.M.C.; MURA, J.D.P. 2016; pág. 134. DEFICIÊNCIA DE FLÚOR A deficiência de flúor pode levar ao aparecimento de cáries e, possivelmente, à osteoporose. TOXICIDADE PELO FLÚOR Pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: GASTROINTESTINAIS Náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal. NEUROLÓGICOS Depressão do sistema nervoso central, parestesia, tétano e até coma. SISTEMA CARDIOVASCULAR Pulso fraco, hipotensão, choque. SANGUÍNEOS Hipocalcemia (diminuição da concentração do cálcio no sangue). HIPOMAGNESEMIA Diminuição da concentração de magnésio no sangue. ACIDOSE AS DEFICIÊNCIAS DE MACROMINERAIS E MICROMINERAIS: UMA VISÃO PRÁTICA DA CONSTRUÇÃO DE UM PLANO ALIMENTAR ATINGINDO A RECOMENDAÇÃO A especialista Aline Cardozo Monteiro explica sobre os macrominerais e microminerais e aborda a importância desses nutrientes em um plano alimentar. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A INGESTÃO ADEQUADA DE CÁLCIO É IMPORTANTE PARA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS ÓSSEAS, COMO, POR EXEMPLO, A OSTEOPOROSE. A RECOMENDAÇÃO DIETÉTICA RECOMENDADA (RDA) PARA HOMENS E MULHERES DOS 10 A 50 ANOS É: A) 1000mg/d B) 2000mg/d C) 800mg/d D) 600mg/d E) 1400mg/d 2. O FERRO É UM MINERAL DE AMPLA DISTRIBUIÇÃO NA NATUREZA QUE DESEMPENHA MÚLTIPLAS FUNÇÕES NO ORGANISMO E SUA DEFICIÊNCIA TEM DIVERSAS REPERCUSSÕES NO ORGANISMO. ASSINALE A RESPOSTA CORRETA: A) A ferritina, a hemossiderina e transferrina são compostos responsáveis pela degradação do ferro heme. B) Tanto o leite humano quanto o leite de vaca apresentam baixíssimos teores de ferro, porém, a absorção do ferro do leite de vaca é maior devido à quantidade de lactoferrina. C) O ferro não heme é mais bem absorvido quando comparado com o ferro heme. Esse último precisa ser convertido na luz intestinal em sal ferroso para ser absorvido. D) A absorção do ferro não heme pode ser prejudicada pela presença de substâncias que formam compostos insolúveis, como o oxalato, fosfatos e fibras alimentares. E) O suco de laranja prejudica em até 50% a absorção do ferro não heme. GABARITO 1. A ingestão adequada de cálcio é importante para a prevenção de doenças ósseas, como, por exemplo, a osteoporose. A recomendação dietética recomendada (RDA) para homens e mulheres dos 10 a 50 anos é: A alternativa "A " está correta. O cálcio é o mineral mais abundante do organismo e 90% estão no esqueleto, e a RDA para homens e mulher dos 19 a 50 anos é de 1000mg/dia. 2. O ferro é um mineral de ampla distribuição na natureza que desempenha múltiplas funções no organismo e sua deficiência tem diversas repercussões no organismo. Assinale a resposta correta: A alternativa "D " está correta. A presença de algumas substâncias afeta a absorção do ferro não heme. MÓDULO 2 Reconhecer os eletrólitos, as recomendações da ingestão de água, a hidratação e a desidratação ELETRÓLITOS Os eletrólitos são minerais responsáveis pelo transporte de água para o interior das células e auxiliam também os impulsos elétricos do nosso corpo, que, por sua vez, são importantes para os movimentos musculares, para o funcionamento de órgãos vitais e para uma hidratação eficiente, por exemplo. A água é um elemento fundamental no transporte e na distribuição de vitaminas, glicose, minerais, oxigênio e outros nutrientes para as células. Como o nosso corpo não produz água, é necessária uma resposta para que o organismo funcione regularmente, processo chamado de hidratação. Foto: Shutterstock.com ATENÇÃO Vale lembrar que, para repor a água perdida, não basta beber alguns litros e ficar despreocupado. Ao eliminar água, os eletrólitos — minerais responsáveis pelo transporte de água para o interior das nossas células — que estão dissolvidos nela também são eliminados. Então, de nada adianta ingerir muito líquido com o objetivo de manter o corpo hidratado se ele não tiver minerais, como, por exemplo, sódio, potássio, magnésio, fósforo, cálcio e cloreto. A hidratação precisa oferecer uma combinação de água e eletrólitos para que seja eficiente. SÓDIO (NA), CLORO (CL-), POTÁSSIO (K) Os íons sódio, cloro e potássio são distribuídos amplamente no organismo e são os principais eletrólitos dos fluidos corporais, sendo que as concentrações desses fluidos são muito bem controladas. O sódio e o cloro estão presentes principalmente no compartimento extracelular, cujas concentrações são respectivamente 145 e 110mmol/L, e em pequena concentração no meio intracelular 12 e 2mmol/L, respectivamente. O potássio encontra-se em maior concentração no compartimento intracelular e em menor no meio extracelular, cujas concentrações são 150mmol/L (dentro da célula) e 4a 5mmol/L no meio extracelular. Essa diferença de distribuição desses eletrólitos nos compartimentos se deve à bomba de Na+, K+ - ATPase e à permeabilidade da membrana celular. A ligação de sódio e ATP intracelular ativa a enzima ATPase, que sofre alteração eliminando o sódio para o meio extracelular e permitindo, ao mesmo tempo, que o potássio extracelular entre na célula, restabelecendo a conformação da enzima. O gradiente eletroquímico através da membrana, mantido pela Na+, K+ - ATPase, é importante para o: Funcionamento normal das células nervosas e musculares Transporte de nutrientes, como glicose e aminoácidos Processo de secreção de potássio nos rins e no cólon EXEMPLO Um homem adulto de 70kg contém cerca de 100g de sódio, 95g de cloro e 140g de potássio. Os rins são o principal órgão regulador do balanço eletrolítico e o intestino desempenha papel secundário. Quando há redução do consumo alimentar desses íons, os rins respondem reduzindo sua excreção; quando há aumento excessivo, ocorre aumento da excreção renal. PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SÓDIO (NA), CLORO (CL-), POTÁSSIO (K) Os três íons atuam na manutenção do balanço eletrolítico e osmótico e no funcionamento normal das células nervosas e musculares. Imagem: Shutterstock.com O Na+ é importante para o transporte de muitos nutrientes no intestino delgado e rins, dentre eles o Cl-, aminoácidos, glicose, galactose e água. O Na+ determina a pressão osmótica do sangue, do plasma e dos fluidos intracelulares. É responsável pela distribuição de água no organismo e é muito importante para a manutenção do equilíbrio acidobásico e para o transporte ativo de moléculas através das membranas celulares. Imagem: Shutterstock.com O Cl- é constituinte do HCl, importante para o processo de digestão e absorção de nutrientes, que requerem pH ácido. Algumas enzimas requerem a presença desses eletrólitos para sua ativação. Por exemplo, a Na+, K+-ATPase requer o sódio e o potássio; a enzima conversora de angiotensina II, o Cl-; e a piruvato quinase, o potássio. O Cl- é essencial para a manutenção do equilíbrio acidobásico do organismo, juntamente com o bicarbonato e o hidrogênio. Influencia também a osmolaridade sanguínea, urinária, o balanço hídrico e o volume extracelular. Imagem: Shutterstock.com O K+ é essencial para o metabolismo celular, participando da síntese de proteínas e do glicogênio. Participa, ainda, da transmissão nervosa e da contratilidade muscular cardíaca e está envolvido na tonicidade intracelular de determinando potencial da membrana celular. O potássio é importante na manutenção do potencial de membrana das células musculares e nervosas, ou seja, é imprescindível para o funcionamento adequado dos músculos (inclusive, o coração), promovendo a sua contração, e das células nervosas. FONTES DE SÓDIO (NA), CLORO (CL-), POTÁSSIO (K) A maior fonte de sódio e cloro é o cloreto de sódio ou sal de mesa. Os alimentos proteicos e enlatados possuem maior concentração de sódio do que os vegetais e grãos. Frutas e hortaliças são pobres em sódio e cloro. A água cloretada contribui com uma pequena fração do cloro da dieta. Fontes de potássio são frutas (laranja, banana, melão), hortaliças (vegetais folhosos e batata), cereais, leguminosas, nozes e carnes. Foto: Shutterstock.com Alimentos ricos em potássio. RECOMENDAÇÕES 1 grama de sal de cozinha, que é o cloreto de sódio (Na Cl), contém 400mg de sódio, visto que o NaCl é uma mistura de 60% de cloreto e 40% de sódio. A quantidade diária de sal recomendada pela Organização Mundial Saúde e Sociedade Brasileira de Hipertensão é de 5 gramas, o que equivale a 2 gramas de sódio. A especificação em rótulos da concentração de sódio nos produtos industrializados deve ser feita por lei. Grupo AI de potássio (g/d) AI de sódio (g/d) UL de sódio (g/d) Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres 0-6 meses 0,4 0,4 0,12 0,12 ND ND 7-12 meses 0,7 0,7 0,37 0,37 ND ND 1-3 anos 3,0 3,0 1,0 1,0 1,5 1,5 4-8 anos 3,8 3,8 1,2 1,2 1,9 1,9 9-13 anos 4,5 4,5 1,5 1,5 2,2 2,2 14-50 anos 4,7 4,7 1,5 1,5 2,3 2,3 51-70 anos 4,7 4,7 1,3 1,3 2,3 2,3 > 70 anos 4,7 4,7 1,2 1,2 2,3 2,3 Gestação 14-50 anos - 4,7 - 1,5 - 2,3 Lactação 14-50 anos - 5,1 - 1,5 - 2,3 Tabela: Recomendações nutricionais para potássio e sódio. Extraída de: Dietary reference intakes for water, potassium, sodium, chloride, and sulfate; IOM – Institute of Medicine; 2004; Pág. 617. DEFICIÊNCIA A hiponatremia é uma condição em que o nível de sódio no sangue está anormalmente baixo, favorecendo o não funcionamento de nervos e músculos corretamente. Ele não é produzido pelo organismo, sendo obtido por meio da alimentação. Os principais sinais e sintomas de hiponatremia podem incluir: Náuseas e vômitos Dor de cabeça Confusão mental Perda de energia e fadiga Inquietação e irritabilidade Fraqueza e espasmos musculares Cólicas Casos graves de hiponatremia podem levar, também, a convulsões e até mesmo ao estado de coma. TOXICIDADE Sódio: O consumo excessivo do sal está relacionado ao aumento do risco de várias doenças crônicas, tais como hipertensão arterial, doenças renais, doenças cardiovasculares, entre outras. VOCÊ SABIA Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE), o consumo de sódio do brasileiro excede em mais de duas vezes o limite máximo recomendado pela OMS, de cinco gramas por dia. A média nacional é em torno de 12 gramas/dia. Potássio: Quando os níveis de potássio estão elevados, há o quadro de hipercalemia, o qual, quando leve, pode causar poucos sintomas ou nenhum. Às vezes, a pessoa pode apresentar fraqueza muscular. Quando a hipercalemia se torna mais grave, ela pode causar ritmos cardíacos anormais, ou seja, alteração nos batimentos cardíacos podendo levar até a parada cardíaca. Cloro: Quando está em elevadas concentrações de 3 a 5ppm, leva à irritação dos olhos e das vias respiratórias. A partir de 15ppm e até 30ppm, provoca tosse, dor no peito e vômitos. Em uma atmosfera contendo 40ppm, a exposição durante uma hora pode oferecer graves danos como, por exemplo, edema pulmonar. Em concentrações da ordem de 1000ppm, é letal em poucos minutos. O cloro líquido, na verdade, hipoclorito de sódio, quando em contato com a pele ou com os olhos pode causar queimaduras. SAIBA MAIS Muitos estudos de toxicidade crônica têm sido realizados em animais com basicamente os mesmos resultados em mecanismos de resposta fisiológica nos seres humanos. A maioria dos estudos não indica relação significativa entre a exposição crônica a baixas concentrações de cloro e os efeitos adversos à saúde. Níveis de cloro na atmosfera da população em geral são tão baixos que se tornam irrelevantes em termos toxicológicos. Entretanto, não se podem desqualificar esses efeitos. O cloro é considerado uma substância perigosa e requer cuidados para um manuseio adequado e seguro. ÁGUA É o constituinte mais abundante no nosso organismo, representando cerca de 60% do peso corporal de uma pessoa saudável. Esse percentual pode variar de acordo com a idade do indivíduo, seu gênero e sua composição corporal, depende, ainda, da massa de gordura e massa magra e de algumas situações fisiológicas, tais como: lactação, gestação, envelhecimento e crescimento. Segue abaixo o conteúdo de água em diferentes tecidos no organismo humano. Tecidos Água (%) Sangue 83 Rim 83 Músculo 76 Cérebro 75 Fígado 68 Osso 22 Adiposo 10 Tabela: % de agua em diferentes tecidos. Extraída de: Água e eletrólitos, PEDROSO et al, 2008, pág. 143. FUNÇÕES DA ÁGUA A água tem um papel importante na manutenção da homeostase e favorece a ocorrência das reações químicas necessárias no organismo. Sendo assim, ela desempenha muitas funções essenciais no organismo humano, tais como: SOLVENTE UNIVERSAL COMPONENTE ESTRUTURAL TERMORREGULADOR TRANSPORTADOR ATENÇÃO É essencial para processos biológicos (ex.: digestão), componente sanguíneo, lubrificante e fluidificador(ex.: água forma fluidos que são lubrificantes das articulações). REGULAÇÃO HÍDRICA A sensação de sede, que surge no hipotálamo, leva ao aumento da ingestão de água. Quando o indivíduo bebe líquido e este chega ao estômago, há estimulo de sinais nervosos para o cérebro através de receptores da mucosa gástrica, inibindo a sede e levando a informação de interromper o ato de beber. SAIBA MAIS javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) O hormônio antidiurético (ADH) atua nos túbulos renais, aumentando a reabsorção de água para o sangue até o retorno da osmolalidade sanguínea, isto é, dilui-se o sangue e concentra a urina. DESBALANÇO HÍDRICO Entende-se por desbalanço hídrico a condição que se caracteriza pela desidratação ou intoxicação por água. Os sinais e sintomas de desidratação aparecem quando já se tem uma perda de aproximadamente 25% ou mais. A desidratação apresenta alguns sinais clínicos, como: Urina bem amarelada, reduzida e concentrada Mucosas secas (por exemplo, língua seca) Órbitas escavadas Dificuldade de concentração Taquicardia Entre outros A desidratação é a deficiência de água com perda de aproximadamente 6% ou mais do peso corporal na forma desse líquido. Veja no quadro abaixo as recomendações da Organização Mundial de Saúde com os critérios para classificação do estado de hidratação. Classificação do estado de hidratação Sinais e sintomas Não (se há estes sintomas) Sim, moderada (se há dois ou mais destes sintomas) Sim, grave (se há dois ou mais destes sintomas) Diarreia 4 dejeções líquidas/d De 4 a 10 dejeções líquidas/d Mais de 10 dejeções líquidas/d Vômito Ausente Pouca quantidade Muito frequente Sede Normal Aumentada Não pode beber Urina Normal Pouca, escura Nenhuma em 6h Olhos Normal Fundos Muito fundos Boca e língua Molhadas Secas Ressecadas Pele Beliscadas, volta ao normal Beliscadas, volta lentamente Beliscadas, volta muito lentamente Quadro: Tratado de Alimentação, Nutrição & dietoterapia. SILVA; MURA. 2016; pág. 149. RECOMENDAÇÃO DE ÁGUA A recomendação para ingestão de água pode ser baseada: No consumo calórico: • 1ml/kcal no adulto • 1,5 ml/kcal nos lactentes & Por kg/peso: • 35 ml/kg peso em adultos • 50 a 60 ml/kg peso em crianças • 150 ml/kg peso em lactentes A IMPORTÂNCIA DA HIDRATAÇÃO PARA O METABOLISMO ENERGÉTICO A especialista Aline Cardozo Monteiro explica sobre o metabolismo energético das células e aborda a importância da hidratação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SABE-SE QUE A ÁGUA É ESSENCIAL PARA A SOBREVIVÊNCIA HUMANA E EXISTEM RECOMENDAÇÕES PARA CADA FASE DA VIDA. MARQUE A RESPOSTA CORRETA EM RELAÇÃO À RECOMENDAÇÃO DE ÁGUA PARA ADULTOS: A) 50 a 60ml/kg peso B) 150ml/kg peso C) 80 a 100ml/kg peso D) 35ml/kg peso E) 1ml/kg peso 2. OS ÍONS SÓDIO, CLORO E POTÁSSIO SÃO DISTRIBUÍDOS AMPLAMENTE NO ORGANISMO E SÃO OS PRINCIPAIS ELETRÓLITOS DOS FLUIDOS CORPORAIS, SENDO QUE AS CONCENTRAÇÕES DESSES FLUIDOS SÃO MUITO BEM CONTROLADAS. MARQUE A RESPOSTA CORRETA EM RELAÇÃO A(S) PRINCIPAL(AIS) FUNÇÃO (ÕES) DOS TRÊS ÍONS. A) Os três íons atuam na manutenção dos balanços eletrolítico e osmótico. B) Os três íons atuam na manutenção do metabolismo dos ossos. C) Eles atuam no balanço entre acidez e alcalinidade. D) Atuam em reações bioquímicas que envolvem a troca de um grupo hidroxila por um amino. E) Atuam na produção de elétrons na cadeia respiratória das mitocôndrias e na manutenção do metabolismo ósseo. GABARITO 1. Sabe-se que a água é essencial para a sobrevivência humana e existem recomendações para cada fase da vida. Marque a resposta correta em relação à recomendação de água para adultos: A alternativa "D " está correta. A recomendação para adulto de água é 35ml/kg peso. 2. Os íons sódio, cloro e potássio são distribuídos amplamente no organismo e são os principais eletrólitos dos fluidos corporais, sendo que as concentrações desses fluidos são muito bem controladas. Marque a resposta correta em relação a(s) principal(ais) função (ões) dos três íons. A alternativa "A " está correta. Os íons sódio, cloro e potássio são distribuídos amplamente no organismo e são os principais eletrólitos dos fluidos corporais, sendo uma das suas principais funções a manutenção dos balanços eletrolítico e osmótico. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos que os sais minerais são substâncias relacionadas com as mais variadas atividades do organismo, sendo que uma dieta saudável é fundamental para manter seus níveis adequados. Para reverter a deficiência de alguns minerais, recomenda-se prioritariamente a adequação da ingestão com o consumo de alimentos fonte e, em alguns casos, a indicação de suplementação por via oral, devendo o indivíduo ser bem monitorado e educado quanto ao consumo do suplemento até que suas concentrações corpóreas sejam normalizadas. O nutricionista tem a capacidade de avaliar o consumo desses micros e macrominerais através da alimentação para que se evite as deficiências nutricionais. Por fim, vimos que a água é essencial à saúde humana, sendo de grande importância uma boa hidratação para a manutenção do organismo. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMARAL, A. T.; IKEDA, B. H.; SILVA, K. G.; GARCÊZ, L. S. 1000 questões comentadas de provas e concursos em nutrição. 2. ed. Sanar, 1998. COZZOLINO, S. M. F.; COMINETTI, C. Bases Bioquímicas e Fisiológicas da Nutrição nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri: Manole, 2013. IOM. Dietary reference intakes for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D, and fluoride. Washington, D.C.: National Academy of Press, 1998. IOM. Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc. Washignton, D.C.: National Academy Press, 2001. IOM. Dietary reference intakes for vitamin C, E, selenium, and carotenoids. Washignton, D.C.: National Academy Press, 2001. IOM. Dietary reference intakes for vitamin A, K, arsenic, borno, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicone, vanadium, and zinc. Washignton, D.C.: National Academy Press, 2001. IOM. Dietary reference intakes for water, potassium, sodium, chloride, and sulfate. Washington, D.C.: National Academy Press, 2004. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. MONSEN, E. Simplified method for clculating available dietary iron. Food Nutr. News. v. 51, n. 4, p. 1-4, 1980. PEDROSO, E. R. P. Água e eletrólitos. In: DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E.; MARCHINI, J. S. Ciências nutricionais. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2008. SILVA, S. M. C.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Payá Eireli, 2016. WEAVER, C.; HEANEY, R. Calcium. In: SHIS, M. E.; SHIKE, M; OLSON, J (eds). Modern Nutrition in health and disease. 1. ed. Baltimore: Lippincott Williams, 2005. EXPLORE+ Para complementar os seus conhecimentos no assunto estudado, recomendamos as seguintes leituras: GROTTO, H. Z. W. Fisiologia e metabolismo do ferro. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v. 32, supl. 2, São Paulo, 2010. MACEDO, E. M. C.; AMORIM, M. A. F.; SILVA, A. C. S.; CASTRO, C. M. M. B. Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave. Effects of copper, zinc and magnesium deficiency on the immune system of severely malnourished children. Rev Paul Pediatr, v. 29, n. 3, 2010. PEDRAZA, D. F.; ROCHA, A. C. D.; SALES, M. C. Deficiência de micronutrientes e crescimento linear: revisão sistemática de estudos observacionais. Ciênc. saúde coletiva. v. 18, n. 11, Rio de Janeiro, 2013. PEREIRA, G. A. P.; GENARO, P. S.; PINHEIRO, M. M.; SZEJNFELD, V. L.; MARTINI, L. A. Cálcio dietético – estratégias para otimizar o consumo. Rev Bras Reumatol, v. 49, n. 2, 2009. CONTEUDISTA Aline Cardozo Monteiro CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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