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AULA 2 GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS Prof. Edson Roberto Ferreira Bueno 2 TEMA 1 – FUNÇÃO DE MANUTENÇÃO – DEFINIÇÃO O funcionamento adequado das atividades operacionais de uma indústria depende de uma organização composta basicamente por um conjunto de finalidades estritamente definido para satisfazer às exigências das demandas de produção. Tais objetivos devem ser fortemente embasados nas vantagens de qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo de produção. Tais finalidades podem ser mais facilmente alcançadas se a empresa adotar algumas políticas focadas na melhoria contínua, além de procedimentos que favoreçam inovação, melhorias de produtividade, estratégias de gestão e integração de processos. A correta aplicação dos conceitos e das técnicas de manutenção é normalmente denominada por meio de três palavras sinônimas: Mantenabilidade (Almeida, 2016, p.18); Manutenabilidade (Dicionário Net, 2018); Manutenibilidade (Seleme, 2013, p.183). Segundo Simei (2012, citado por Queiroz, 2015), manutenção pode ser definida como um conjunto de tratativas e de ações técnicas intervencionistas, indispensáveis ao funcionamento regular e permanente das máquinas, dos equipamentos, das ferramentas e das instalações. Esses cuidados envolvem a conservação, a adequação, a restauração, a substituição e a prevenção. Dessa forma, a manutenção pode ser considerada como um conjunto de ações que tem por objetivo conservar e manter em funcionamento e em condições satisfatórias o patrimônio dos equipamentos, dos prédios, das estruturas etc. Segundo Xenos (1998, p. 20), “manter significa fazer tudo o que for preciso para assegurar que um equipamento continue a desempenhar as funções para as quais foi projetado, num nível de desempenho exigido”. Ou seja, é toda ação desenvolvida com a finalidade de detectar, prevenir ou corrigir defeitos e falhas, para que seu objeto seja mantido em condições de uso e com sua vida útil prolongada. No contexto da manutenabilidade, é importante conhecer e aplicar adequadamente as técnicas no momento adequado. Conhecer os tipos de manutenção e suas metodologias é a base para que se possa diferenciar e programar de forma coerente todas as intervenções necessárias de manutenção. 3 Cada manutenção tem que receber um tratamento diferenciado, independentemente da natureza da empresa, do tipo de indústria, da atividade ou do produto fabricado. Segundo Almeida (2016, p. 17): Muitas entidades criaram definições aplicáveis à manutenção, sendo algumas delas: De acordo com a Associação francesa de Normalização (AFNOR – em francês, L’Association Française de Normalisation), no item NF 60-010, “manutenção é o conjunto de ações que permitem restabelecer um bem para seu estado específico ou medidas para garantir um serviço determinado”. Em outras palavras, manutenção significa o cuidado com vistas à conservação e ao bom funcionamento (de máquinas, ferramentas etc.). A referência normativa NBR 5462/1994, em seu item 2.81, define manutenção como “combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual ele possa desempenhar uma função requerida”. A palavra manutenção é derivada do termo latino manus tenere, que significa “manter o que se tem”. Além disso, observando os mais diversos dicionários, órgãos e organizações de normalização, podemos compreendê-la como um conjunto de cuidados e de procedimentos técnicos necessários ao bom funcionamento e ao reparo de máquinas e equipamentos, incluindo grupos de peças de dispositivos, como ferramentas de injeção e estampagem, ferramentas eletroeletrônicas em geral e instalações. Como observado, o termo pode ser compreendido como diferentes maneiras por muitos órgãos certificadores e normalizadores. Entretanto, todos enfatizam a preocupação com o bom funcionamento das máquinas e dos equipamentos, tendo como foco o sistema produtivo no qual o cumprimento de prazos, a segurança no trabalho e os cuidados com o meio ambiente são fundamentais para manter a empresa em um mercado cada vez mais competitivo. Por outro lado, a manutenção não se direciona apenas aos conjuntos que estão em operação, mas também ao desenvolvimento do projeto e à melhoria do elemento, do componente ou do grupo da máquina ou do equipamento. Os departamentos de engenharia de manutenção, além de considerarem a disposição de peças, a acessibilidade aos componentes e aos conjuntos pelo técnico de manutenção, têm condição de dimensionar e redimensionar os instrumentos utilizados na construção dos conjuntos, de acordo com as normas e com os critérios facilitadores das operações de manutenção futuras. 4 A evolução da manutenção obrigatoriamente deve atender aos avanços promovidos pela indústria. Para que isso ocorra, Almeida (2016, p.17) afirma a necessidade de utilização das seguintes metodologias práticas: 1. Corretiva; 2. Preventiva; 3. Manutenção Produtiva Total (TPM); 4. Manutenção Centrada na confiabilidade (MCC); 5. Gestão de ativos (Série ISO 55000). TEMA 2 – MANUTENÇÃO CORRETIVA A manutenção corretiva é a forma mais óbvia e mais primária de manutenção; pode sintetizar-se pelo ciclo quebra-repara, ou seja, o reparo dos equipamentos após a avaria. Por exemplo: uma lâmpada do carro que é trocada normalmente apenas quando não funciona mais. De acordo com a norma NBR 5462/1994 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), definidora dos termos relacionados à confiabilidade e à mantenabilidade, depreendemos que manutenção corretiva é aquela efetuada com a ocorrência de uma pane, destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida. Conforme afirma Almeida (2016, p. 18), a manutenção corretiva é, portanto, um conjunto de procedimentos executados com a finalidade de atender imediatamente à produção, ou seja, à máquina ou ao equipamento que parou. É considerada a forma mais cara se comparada às outras metodologias. Sua prática rotineira contribui para as seguintes características: Baixa taxa de utilização dos equipamentos e das máquinas e, portanto, das cadeias produtivas; Diminuição da vida útil dos equipamentos, das máquinas e das instalações; Paradas para manutenção em momentos aleatórios e, muitas vezes, inoportunos, haja vista corresponderem a épocas de alta produção, a períodos de cronograma apertado ou a épocas de crise geral. É evidente que em um contexto empresarial/industrial, sob o ponto de vista técnico e tecnológico, é impossível eliminar completamente a manutenção corretiva, pois em muitos casos não se pode prever o momento exato em que aparecerá um defeito que obrigará uma intervenção emergencial. 5 Apesar de não ser considerada a metodologia ideal, na maioria das necessidades a manutenção corretiva requer: Equipe técnica previamente treinada para atuar com rapidez, flexibilidade e proficiência em todos os casos de defeitos previsíveis, com quadro e horários bem estabelecidos; Existência e disponibilidade de todos os meios, materiais e equipamentos necessários para a ação corretiva, tais como: aparelhos de medição e teste adaptados aos equipamentos existentes para uso imediato no próprio local, se for o caso; Disponibilidade das ferramentas necessárias para todos os tipos de intervenções necessárias que se convencionou realizar no local; Disponibilidade e acessibilidade de manuais detalhados de manutenção corretiva referente aos equipamentos e às cadeias produtivas; Existência de datasheets, esquemas e desenhos detalhados dos equipamentos e dos circuitos que correspondam às instalações atualizadas; Almoxarifado racionalmente organizado, integrado às necessidades da manutenção e com disponibilidade de um número adequado de itens acima do ponto críticode encomenda; Contratos bem estruturados e elaborados, para o caso de equipamentos de alta tecnologia, cuja manutenção local seja impossível; Reciclagem e atualização periódicas da equipe técnica de manutenção; Registros dos defeitos e dos tempos de reparo, classificados por equipamentos e por cadeias produtivas (normalmente associadas a cadeias de manutenção); Registro das perdas de produção (efetuado de acordo com a operação/produção) resultantes das paradas devidas a defeitos e a parada para manutenção. TEMA 3 – MANUTENÇÃO PREVENTIVA A manutenção preventiva visa eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas por manutenção, promovendo atividades rotineiras como: limpeza, lubrificação, substituição e verificação de equipamentos, peças e/ou máquinas, 6 além de instalações em períodos pré-determinados, normalmente de acordo com instruções do fabricante por meio de operação e manutenção. De acordo com Seleme (2013, p.189): A manutenção preventiva apresenta algumas vantagens como: Aumento da vida útil dos equipamentos; Redução dos custos, mesmo que em curto prazo; Diminuição das interrupções do fluxo produtivo; Criação de uma mentalidade preventiva na empresa; Programação em horários mais convenientes para a organização; Melhoria na qualidade dos produtos por manter as condições operacionais dos equipamentos. Segundo a ABNT NBR 5462/94 (1994), a “manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos pré-determinados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento do item”. É o tipo de intervenção que permite o planejamento, a programação e a preparação dos serviços, antes da ocasião provável do aparecimento das falhas, o que é uma grande vantagem competitiva. Além disso, pode ser agrupada como manutenção preventiva sistemática (tempo, produção, distância etc.) e manutenção preventiva por estado. 3.1 Manutenção preventiva sistemática É a manutenção preventiva programada segundo critérios sistemáticos pré- estabelecidos, geralmente em função do tempo de funcionamento. Tais critérios podem ser: Dias de calendário; Quilômetros rodados; Horas de funcionamento; Horas de voo; Unidades fabricadas. Esse tipo de manutenção se aplica tipicamente a alguns componentes cuja taxa de falha aumenta com o tempo, ou seja, a elementos que se degradam com o tempo de funcionamento (envelhecimento). Por exemplo: lubrificação, rotinas, grandes reparos, grandes paradas e revisão geral. O Gráfico 1 ilustra a situação típica da manutenção preventiva sistemática chamada de Lei da Degradação Conhecida. 7 Gráfico 1 – Lei de degradação conhecida Fonte: Araújo, 2012. Esse tipo de manutenção apresenta as seguintes características: Conservação tradicional típica (submissão); Carga de trabalho irregular; Reparação após a falha; Procura de peças de reposição no momento; Preparação do trabalho no momento. 3.2 Manutenção preventiva por estado É a manutenção preventiva efetuada em função da detecção de variação da condição operativa por meio do acompanhamento ou do controle preditivo de parâmetros que indicam a necessidade de correção antes do aparecimento de uma falha. É também conhecida como manutenção preventiva por condição. Para haver a manutenção preventiva por condição é necessário que haja uma inspeção sistemática dos equipamentos. Esse exame poderá ser tanto sensitivo quanto preditivo. 8 3.2.1 Inspeção A inspeção é uma atividade de análise sistemática e periódica das condições operacionais de um item, para que se verifique o seu estado real em relação às condições operacionais exigidas, de modo que sejam determinados os efeitos que devem ser corrigidos para eliminar falhas, bem como para preservar o desempenho operacional. Ela pode ser classificada como sensitiva e preditiva: Inspeção sensitiva: são utilizados apenas os sentidos humanos para se verificar o estado real do item. Inspeção preditiva: são utilizados instrumentos de medição para determinação de um parâmetro do item (indicador de seu estado real). Ademais, para a aplicação da manutenção preventiva por estado é necessário que o item apresente uma degradação progressiva detectável. Para haver especificamente inspeção preditiva, é imperiosa a existência de um parâmetro mensurável que permita determinar o estado de degradação (vibração, pressão, temperatura, corrente elétrica etc.). O Gráfico 2 mostra a condição típica para aplicação desse tipo de manutenção. Gráfico 2 – Lei de degradação inútil Fonte: Araújo, 2012. 9 Ao analisar o gráfico, percebe-se que é necessário reforçar a necessidade de determinar uma escala de acionamento de alarme que esteja acima do padrão de admissibilidade das intervenções. TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA A manutenção preventiva obedece a um padrão previamente planejado, que estabelece paradas periódicas cuja finalidade é permitir a troca de peças desgastadas por novas, de modo a assegurar o funcionamento perfeito da máquina por um período predeterminado. O método preventivo proporciona um determinado ritmo de trabalho, assegurando o equilíbrio necessário ao bom andamento das atividades. Nesse contexto é comum que o controle das peças de reposição seja uma situação que exija a atenção de todos os tipos de indústria, pois uma das importantes metas do procedimento é a diminuição sensível dos estoques. Isso é conseguido por meio da organização detalhada dos componentes e dos prazos para reposição de peças. Assim, ajustam-se os investimentos para a área. Se uma peça de um determinado conjunto estiver executando sua função de forma irregular, ela causará sobrecarga nas peças que com ela interagem. Como consequência, provocará a diminuição da vida útil das demais peças do conjunto. Dessa forma, o problema só poderá ser resolvido com a troca do componente problemático, para que sejam preservadas as demais peças. Em qualquer sistema industrial, a improvisação é uma das razões de prejuízo, pois quando assim se procede para evitar a paralisação da produção, a eficiência do equipamento é afetada. O improviso pode e deve ser evitado por meio de métodos preventivos estabelecidos pelos técnicos de manutenção preventiva, cujos métodos asseguram um trabalho uniforme e seguro. O planejamento e a organização fornecidos pelo método preventivo são uma garantia para a produção que pode controlar – dentro de uma faixa de erro mínimo – a entrada de novas encomendas. Com o tempo, a indústria se conscientizou de que a máquina que funcionava ininterruptamente até quebrar sofria vários problemas que poderiam 10 ser evitados mediante simples paradas preventivas para lubrificação, troca de peças gastas, ajustes etc. Com o auxílio de relatórios sobre os trabalhos realizados, são suprimidas as inconveniências resultantes de estragos inesperados. Eles evitam a difícil tarefa de trocas rápidas de máquinas, bem como improvisações que podem gerar transtornos na área da manutenção corretiva. A manutenção preventiva é um método aprovado e adotado atualmente em todos os setores industriais, pois abrange desde uma simples revisão – com paradas que não obedecem a uma rotina – até a utilização de sistemas complexos de alto índice técnico. Esse procedimento abrange cronogramas nos quais são traçados planos e revisões periódicas completas para todos os tipos de materiais utilizados nas oficinas. Ele inclui levantamentos que visam facilitar sua própria introdução em futuras ampliações do corpo da fábrica. A aplicação do sistema de manutenção preventiva não deve se restringir apenas a setores, a máquinas ou a equipamentos. Ele deve abranger todos os setores da empresa para garantir entre eles uma perfeita e recíproca relação.Assim, ao se constatar uma anomalia, as providências independem de qualquer outra regra que porventura exista em uma oficina. Essa liberdade, dentro da indústria, é fundamental para o bom funcionamento do sistema preventivo. O aparecimento de focos que ocasionam descontinuidade no programa deve ser encarado de maneira séria, organizando-se estudos que sejam fundamentados por relatórios técnicos da manutenção. A manutenção preventiva nunca deve ser confundida com o órgão de comando, apesar de determinar algumas regras de conduta que devem ser seguidas por outras áreas da fábrica, razão pela qual é definida como setor de apoio ao sistema fabril. O segredo para o sucesso desse tipo de manutenção está na perfeita compreensão de seus conceitos por parte de todas as equipes da fábrica, desde os operários até a presidência. Por ter um alcance extenso e profundo, a manutenção preventiva deve ser organizada. Caso contrário, haverá desordens e confusões. Por isso, a capacidade e o espírito de cooperação dos técnicos são fatores importantes para o êxito da atividade ora estudada. 11 Ademais, esse conjunto de técnicas deve ser sistematizado para que o fluxo dos trabalhos se processe de modo correto e rápido. Sob esse aspecto, é necessário estabelecer qual deverá ser o sistema de informações empregado e os procedimentos adotados. O desenvolvimento de um sistema de informações deve apresentar definições claras e objetivas, além de conter a delegação das responsabilidades de todos os elementos participantes, de modo que flua rapidamente entre todos os envolvidos. A manutenção preventiva exige, também, um plano para o seu desenvolvimento, o que é conseguido por meio do planejamento, da execução e da verificação dos trabalhos indicados no que diz respeito à melhoria dos métodos. Finalmente, para efetivar a manutenção preventiva e alcançar os objetivos pretendidos, é necessário dispor de um período de tempo relativamente longo, mas suficiente para contar com a preparação dos técnicos e dos dirigentes. TEMA 5 – MANUTENÇÃO PREVENTIVA: OBJETIVOS, IMPLANTAÇÃO E EXECUÇÃO 5.1 Objetivos Os principais objetivos de uma empresa são: redução de custos, qualidade do produto, aumento da produção, preservação do meio ambiente, aumento da vida útil dos equipamentos e redução de acidentes do trabalho. Vejamos a relação de cada com a manutenção preventiva: a. Redução de custos: a maioria das empresas busca reduzir os custos incidentes nos produtos que fabricam. A manutenção preventiva pode colaborar ao atuar nas peças sobressalentes, nas paradas de emergência etc., aplicando o mínimo necessário, ou seja, sobressalente versus compra direta; horas ociosas versus horas planejadas; material novo versus material recuperado. b. Qualidade do produto: a concorrência no mercado nem sempre é vencida apenas com o menor custo; muitas vezes se conquista com um produto de melhor qualidade. Para atingir a meta qualidade do produto, a manutenção preventiva deve ser aplicada com maior rigor, ou seja, máquinas deficientes 12 versus máquinas eficientes; abastecimento deficiente versus abastecimento otimizado. c. Aumento de produção: o aumento de produção de uma empresa se resume em atender à demanda crescente do mercado. Para isso acontecer, é necessário manter a fidelidade dos clientes atuais, além de conquistar novos, preservando-se principalmente os prazos de entrega. A manutenção preventiva colabora para o alcance dessa meta ao atuar na relação produção atrasada versus produção em dia. d. Efeitos no meio ambiente: em determinadas empresas, o ponto mais crítico é a poluição gerada pelo processo industrial. Se a empresa tiver responsabilidade em relação à diminuição ou à eliminação da poluição, a manutenção preventiva, como primeiro passo, deverá se voltar para os equipamentos antipoluição, ou seja, equipamentos sem acompanhamento versus equipamentos revisados; poluição versus ambiente normal. e. Aumento da vida útil dos equipamentos: o aumento da vida útil dos equipamentos é um fator que não pode ser considerado de forma isolada. Geralmente, é consequência da redução de custos, da qualidade do produto, do aumento de produção, dos efeitos ao meio ambiente etc. f. Redução de acidentes do trabalho: não são raros os casos de empresas cujo maior problema é a grande quantidade de acidentes de trabalho, que, por sua vez, causam: Aumento de custos; Diminuição do fator qualidade; Efeitos prejudiciais ao meio ambiente; Diminuição de produção; Diminuição da vida útil dos equipamentos. Portanto, a manutenção preventiva pode colaborar para a melhoria dos programas de segurança, bem como para a prevenção de acidentes. 5.2 Implantação Alunos, vamos imaginar uma indústria que ainda não tenha nenhuma manutenção preventiva como procedimento. Além disso, que não tenha controle de custos nem registros ou dados históricos dos equipamentos. Se essa empresa 13 desejar adotar a manutenção preventiva, deverá percorrer as seguintes fases iniciais de desenvolvimento: a. Decidir qual o tipo de equipamento que deverá marcar a instalação da manutenção preventiva, o que se dará com base no feeling da supervisão de manutenção e de operação; b. Efetuar o levantamento e, posteriormente, o cadastramento de todos os equipamentos que serão escolhidos para iniciar a instalação da manutenção preventiva, isto é, o plano piloto; c. Redigir o histórico dos equipamentos, relacionando os custos de manutenção (mão de obra, materiais e, se possível, o lucro cessante nas emergências), tempo de parada para os diversos tipos de manutenção, tempo de disponibilidade dos equipamentos para produzirem, causas das falhas etc. d. Elaborar os manuais de procedimentos para manutenção preventiva, indicando as frequências de inspeção com máquinas que estão em funcionamento, que estão paradas, bem como as intervenções nelas realizadas; e. Enumerar os recursos humanos e os materiais que serão necessários à instalação da manutenção preventiva; f. Apresentar o plano para aprovação da gerência e da diretoria; g. Treinar e preparar a equipe de manutenção. 5.3 Execução 5.3.1 Ferramental e pessoal Se uma empresa contar com um modelo organizacional exemplar, com material sobressalente adequado e racionalizado, com bons recursos humanos, com bom ferramental e instrumental, mas, por outro lado, não tiver quem saiba manuseá-los, ela estará perdendo tempo no mercado. A escolha do ferramental e do instrumental é importante, porém, menos do que o treinamento da equipe que irá utilizá-los. 14 5.3.2 Controle da manutenção Segundo Groover (2014), os sistemas de manufatura ou de processos de produção são mais importantes do que nunca. Conforme essa afirmação, verifica- se também que as variáveis de processo são controladas com maior eficácia, de modo que sejam atendidas as demandas de qualidade e produtividade exigidas pelos processos. Da mesma forma, na manutenção preventiva é preciso manter o controle de todas máquinas e de todos equipamentos com o auxílio de informações e de fichas individuais, em que haja o registro das inspeções e a programação da manutenção. De acordo com Telecurso 2000 (2002), há quatro sistemas de controle das operações de manutenção: a) Controle manual: É o sistema no qual as manutenções preventivas e corretivas são controladas e analisadas por meio de formulários e mapas, preenchidos manualmente e guardados em pastas de arquivo; b) Controle semi-automatizado: É o sistema no qual a intervenção preventiva é controlada com o auxílio do computador, e a intervenção corretiva obedece ao controle manual. A fonte de dados desse sistema deve fornecer todas as informações necessárias para serem feitas às requisições de serviço, incluindo as rotinas de inspeção e execução. O principal relatório emitidopelo computador deve conter, no mínimo: O tempo previsto e gasto; Os serviços realizados; Os serviços reprogramados (adiados); Os serviços cancelados. Esses dados são fundamentais para a tomada de providências por parte da supervisão; c) Controle automatizado: É o sistema em que todas as intervenções da manutenção têm seus dados armazenados pelo computador, para que se tenham listagens, gráficos e tabelas para análise e tomada de decisões, conforme a necessidade e conveniência dos vários setores da manutenção. d) Controle por interface: É o sistema no qual todos os dados sobre as intervenções da manutenção ficam armazenados num servidor. São de rápido acesso através de interface monitor de vídeo ou impressora. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, P. S. Manutenção mecânica industrial: princípios técnicos e operações. Editora: Saraiva Educação, 2015. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. MANUTENABILIDADE. Dicionário Net. Disponível em: <https://dicionarionet.co m/palavra/manutenabilidade>. Acesso em: 5 out. 2018. GROOVER, M. Automação industrial e sistemas de manufatura. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. QUEIROZ, L. M. A. Planejamento e Controle da Manutenção Aplicado ao Processo de Manufatura no Ramo Alimentício. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 35., 2015, Fortaleza. Anais..., Fortaleza: Enegep, 2015. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/tn_stp_206_ 224_28460.pdf>. Acesso em: 5 out. 2018. SELEME, R. B. Automação da produção: uma abordagem gerencial. Curitiba: InterSaberes, 2013. SIMEI, L. C. A definição da manutenção. A Gestão da Manutenção, 2012. SLACK, N., CHAMBERS, S., JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2009. TELECURSO 2000. Manutenção. Rio de Janeiro: Globo, 2002. (V. 1) XENOS, H. G. Gerenciando a manutenção produtiva – o caminho para eliminar falhas nos equipamentos e aumentar a produtividade. Belo Horizonte: EDG, 1998.
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