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Tipos de Argumentacao

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
NOTURNO, TURMA 31
DIREITO
LORENNA VICTÓRIA
Tipos e Técnicas de Argumentação Jurídica
DISSERTAÇÃO
Maringá
2022
LORENNA VICTÓRIA
Tipos e Técnicas de Argumentação Jurídica
Dissertação apresentada à Graduação em Di-
reito, da Universidade Estadual de Maringá,
como atividade da matéria de Pesquisa Jurí-
dica, ministrada pela Professora Valéria Silva
Galdino Cardin.
Maringá
2022
A prática do Direito consiste fundamentalmente em argumentar, sendo o
exercício do Direito principalmente a argumentação, ou seja, a produção de razões
e argumentos para cumprimento da função de atribuir critérios para a produção do
Direito.
“No Direito, nada se faz sem explicação. Não se formula um
pedido a um juiz sem que se explique o porquê dele, caso
contrário diz-se que o pedido é desarrazoado. Da mesma
forma, nenhum juiz pode proferir uma decisão sem explicar os
motivos dela, e para isso constrói raciocínio argumentativo.
Sem argumentação, o Direito é inerte e inoperante”.
(RODRÍGUEZ, 2005.p.5 e 6 ).
Dada a devida relevância à argumentação jurídica, é importante que se
conheça seus tipos e técnicas, para que seu uso seja adequado e possa atribuir
tamanho valor à aplicação do Direito.
1. Argumentação por meio do Silogismo
Silogismo consiste em um raciocínio dedutivo construído a partir de duas
proposições/premissas, das quais se obtém por indução, uma terceira, a conclusão.
Um exemplo de sua aplicação seria: “Matar uma pessoa é crime, e o assassino
deve ser punido. Ora, Lucas matou uma pessoa. Logo, Lucas deve ser punido”.
2. Argumentação A Contrario Sensu
Processo argumentativo que se fundamenta no princípio da legalidade, onde
sendo em um caso contrário ao previsto por certa disposição legal, deve-se também
ser aplicada uma regra jurídica contrária àquela, ou seja, coloca como permitido
tudo o que não é proibido. Como por exemplo o próprio artigo 5º da Constituição
Federal de 1988, inciso II
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
3. Argumento por Analogia
Consiste na aplicação de uma hipótese diferente da mencionada, não
regulada por lei, à legislação de um caso semelhante, que possibilite chegar a uma
mesma conclusão. Por exemplo o artigo 4º do LINDB (Lei de Introdução das
Normas do Direito Brasileiro)
Art. 4 Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.
4. Argumento A Fortiori
Consiste em aplicar uma situação para justificar uma outra equivalente porém
menos ou mais intensa. Como por exemplo, se em um estabelecimento é proibida a
entrada de cães, também será proibida a entrada de ursos, visto que é muito mais
relevante.
5. Argumento da Facilidade
Tipo de argumento que tem como solução preferida o meio mais rápido e
simples de adquirir determinado resultado. Por exemplo: A “Lei do Menor Esforço”,
que diz quando algo pode ser feito de diferentes maneiras, a melhor opção sempre
é a que implica o menor gasto de energia.
6. Argumentação Axiológica
Se refere a um conceito ou valor já pré-estabelecido por determinada
sociedade, como os conceitos morais, éticos, estéticos e espirituais. Por exemplo:
Um ato que seja considerado crime, mas quando visto pela perspectiva de legítima
defesa, deixa de ser um ato criminoso.
7. Argumento Ab Auctoritate (de autoridade)
Quando a validade do argumento recai sobre a reputação de uma autoridade.
Como por exemplo: Aristóteles disse que a Terra é plana; logo, a Terra é plana.
8. Argumento de Premência
Consiste em apresentar um argumento a partir de sua urgência ou
importância, de forma a buscar uma solução rápida para o levantamento feito. Por
exemplo: antecipação de tutela em caso de um menor estar sem alimentos.
9. Ab Inutille Sensu e A Rubrica
Toma como princípio que a lei apenas deve conter palavras úteis, que
tenham utilidade para o cidadão. Por exemplo, quando é preciso usar a lei para
garantir um direito alheio.
10. Argumento Senso Comum
Apela a um princípio genérico, indiscutível, conhecido pela sociedade como
um todo. Além disso, possui efeito suasório reduzido, sendo usado como reforço de
um outro argumento mais específico.
11. Argumento ao Absurdo
Tem como objetivo procurar no discurso argumentativo um dado não
verdadeiro, que tenha permitido um desvio no raciocínio, tendo como sua
característica principal elevar o argumento ao ridículo. Se tratando de uma
argumentação indireta, que tem como base o princípio de que duas ideias contrárias
não podem ser falsas e verdadeiras ao mesmo tempo.
12. Argumento a Coherentia
Consiste no tipo de argumento em que dois preceitos normativos regulam o
mesmo fato. Por exemplo, um homicídio não deveria ser coerentemente qualificado
como culposo e doloso ao mesmo tempo.
13. Argumento Preventivo
Característico por criar uma situação que nem sempre corresponde à
realidade futura, com o intuito de prevenir algo.
14. Argumento Pragmático
Tem como sua base os juízos de fato, de forma a buscar meios para
solucionar conflitos, só tendo valor quando resolve problemas práticos.
15. Argumento Teleológico
Tipo de argumentação que se baseia em uma finalidade, analisando se os
objetivos determinados estão sendo cumpridos ou não.
16. Argumento de Causalidade
Consiste na argumentação avaliando a causa de uma situação. Onde, por
exemplo, se supõe um encadeamento de fatos, de forma a um acontecimento
antecedente produzir um determinado resultado.
17. Argumento Histórico
Parte da construção de um fato no tempo e espaço, com considerável poder
de universalidade ou generalização. Por exemplo, por meio dele seria possível
refletir sobre uma norma jurídica já aplicada no passado, e se é conveniente
aplicá-la novamente ou não.
18. Argumento Psicológico
Busca a vontade do legislador pela investigação das discussões acerca do
processo que originou uma lei.
19. Argumento Sistemático
Tem como base a hipótese de que o direito é dotado de ordem, onde suas
diversas normas formam um sistema, cujos componentes podem ser interpretados
com influência do contexto onde se encontram.
Referências Bibliográficas
1. VOESE, Ingo. Argumentação Jurídica - Teoria, Técnicas, Estratégias. 2 ed.
Juruá Editora, 2006.
2. WESTON, Anthony. A Construção do Argumento. Edição traduzida por
Alexandre Feitosa Rosas, Editora WMF Martins Fontes, 2009.
	Folha de rosto

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