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25/09/2022 15:28 Educação e sexualidade
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Introdução
Autoria: Ravelli Henrique de Souza - Revisão técnica: Mariane Paludette Dorneles
Educação e sexualidade
UNIDADE 3 – PROFISSÃO DOCENTE E OS
ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO NO
AMBIENTE ESCOLAR
25/09/2022 15:28 Educação e sexualidade
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Os discursos sobre as relações de gênero e as
questões sobre a educação sexual permeiam, no
século 21, todas as instituições disciplinares,
principalmente a escola. Assim, professores
precisam investir na formação continuada e se
especializarem como profissionais qualificados a
fim de entender as subjetividades humanas para
desconstruir os estereótipos de gênero no
ambiente educacional.
Dito isso, em tempos contemporâneos, esta unidade traz as seguintes
problematizações: Como pensar as relações de gênero e o papel dos(as)
educadores(as) no ambiente escolar? Quais as problemáticas de gênero na educação
infantil em relação à profissão docente? Brinquedos e cores têm gênero? Como
desconstruir atividades generificadas na escola? Como efetivar a educação plural na
escola além das normalizações curriculares?
Com o objetivo de responder a essas problemáticas nos tópicos a seguir, desejo a
você, estudante, bons estudos!
3.1 Relações de gênero e o papel dos(as)
educadores(as) no ambiente escolar
Ao iniciar esta sessão, é importante ressaltar o pensamento de Furlani (2016) ao afirmar que as
relações de gênero e de sexualidade, assim como o desenvolvimento integral e psicossexual
das crianças, devem ser olhadas por um processo educativo contínuo, mas que sejam
reconhecidas de forma diferenciada. Isso significa dizer que se prezam as relações subjetivas e
plurais, mas com objetivos específicos em relação ao ser e ao saber, além do processo ensino-
aprendizagem. 
Ao ler essas informações, muitos profissionais em formação inicial ou em formação continuada
perguntarão: “Como devo iniciar a efetivação da educação plural diante das dificuldades
contemporâneas que a escola enfrenta?” 
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#PraCegoVer: a figura mostra algumas pessoas com um símbolo de interrogação diante do
rosto, indagando como iniciar a discussão sobre representação de gênero e educação sexual
no ambiente escolar.
É fato que, para muitos professores, principalmente aqueles que não investiram em uma
formação continuada de qualidade, seja por meio de cursos de curta, média e longa duração,
seja por meio de especializações latu ou stricto sensu, é muito dificultoso tratar sobre educação
sexual e identidade de gênero em sala de aula, pois, “[...] quando se trata de dar início a uma
prática docente de planejamento de implementação de atividades no campo da educação
sexual muitos/as educadores/as não sabem por onde começar” (FURLANI, 2016, p. 87).
Desse modo, é importante reforçar “[...] que trabalhar as relações de gênero na escola é uma
atitude necessária que precisa ser aprimorada a cada dia” (TEIXEIRA; MAGNABOSCO, 2010,
p. 51). Segundo a autora, ao se referir ao aprimoramento atitudinal, ela afirma que é preciso
conceber práticas pedagógicas inovadoras, que partam de um pensamento crítico e reflexivo,
sem atribuir papéis sexuais ou de gênero às crianças colaborando com a construção da
autonomia e da emancipação humana dos alunos de maneira positiva e plural.
Nesse sentido de educação para as pluralidades, podemos exemplificar relatos sobre as
questões de gênero interligadas à tomada de decisão docente. Assim, em concordância com os
estudos de Furlani (2016) e os de Teixeira e Magnabosco (2010), é muito comum que, desde a
educação infantil, a partir aproximadamente dos seis anos de idade, meninos e meninas
toquem seus corpos e o de seus colegas; tendam a se masturbar quando sentem excitação
sexual, sendo reprimidos por tal ato; brincam, com base em figuras simbólicas sobre a vida
adulta, de serem namorados, pois estão em pleno processo de desenvolvimento de sua
sexualidade. Porém, quando esses exemplos acontecem em sala de aula, é fidedigno afirmar
que os(as) professores(as), ao verem tais atos, “[...] muitas das vezes, [...] encaminham para a
coordenação da escola e dizem não saber como agir diante dessa situação” (TEIXEIRA;
MAGNABOSCO, 2010, p. 51). As autoras ainda relatam que, na maioria das vezes, os
Figura 1 - Representação de professores indagando como iniciar as discussões sobre a temática de representação de
gênero e educação sexual no ambiente escolar
Fonte: Fizkes, Shutterstock, 2020.
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professores(as) ao acreditarem que a situação é inadequada, tendem a demonstrar
sentimentos de raiva e atitude disciplinadoras, colocando os alunos de castigo ou “[...]
ensinando o modo correto de se comportar” perante a sociedade normativa. 
É possível evidenciar que professores(as), ao atribuir o que meninas e meninos devem fazer,
trabalham com relações de gênero com papéis sexuais, fazendo com que a violência simbólica
se efetive no ambiente escolar desde a tenra idade. “Trata-se de uma forma de negar o corpo e
a sexualidade da criança, com o suposto intuito de preservar a infância. A sexualidade seria,
desta perspectiva, um atributo dos adultos (TEIXEIRA; MAGNABOSCO, 2010, apud
BARROSO, 1980, p. 45). Cabe aqui ressaltar que os estudiosos, ao se referirem a um estudo
da década de 1980, mostram que a proliferação da repressão sexual continua a se proliferar
nos dias de hoje.
Para se iniciar uma educação plural, previamente, o profissional docente deve refletir sobre a
sua prática abrindo espaço para uma tomada de consciência e reflexão de que a sexualidade
faz parte da vida e de que é impossível não discuti-la nos ambientes educacionais, pois, de
acordo com Teixeira e Magnabosco (2010), os(as) professores(as), em seu âmbito profissional,
são responsáveis pelas crianças; seres totais e que devem ser trabalhados em totalidade, e
jamais em sua fragmentação. Portanto, independentemente de idade, todos os seres humanos
são únicos e merecem ser tratados com direitos igualitários no que refere às suas
subjetividades. Todo ser humano é diferente, porém, total. Em suas singularidades, o ser
humano é plural.
3.2 Como o(a) profissional docente deve iniciar
a efetivação da educação plural na escola?
Para essa discussão, é necessário entender que, no contexto atual, existem duas realidades
distintas para a educação no Brasil sobre as relações de gênero e a educação sexual, que são
a educação formal e a educação não formal, possuintes de objetivos semelhantes, a saber: 
No que tange à citação anterior, podemos compreender que a escola, além de produzir
historicamente técnicas de comportamento provenientes da disciplina, também deve questionar
essas ideias que foram preconcebidas a partir de um posicionamento crítico, ético e reflexivo.
Pelo processo de experiência, permitimo-nos encontrar nosso próprio lugar na sociedade por
meio da vontade de ser e de saber sobre si e sobre o outro: a experiência “[...] também ajuda o
participante a aprender a importância da alteridade, do reconhecimento do outro como alguém
que pode ser diferente e que também é portador de direitos” (TORRES, 2013, p. 53). 
A formação de sujeitos que, no processo de transformação promovido pela educação, sejam
capazes não apenas de executar tarefas técnicas, mas também de entender e defender seus
direitos de cidadania. (TORRES, 2013, p. 51) 
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Com atitude crítica, é possívelelaborar atividades para o início de uma educação sexual plural
de acordo com Furlani (2016), que propõe estratégias com base em etapas didáticas de
atividades planejadas para a efetivação da educação sexual e as relações de gênero no
contexto da escola contemporânea. Ainda segundo Furlani (2016), essas etapas são
apresentadas por uma sequência didática. Confira!
1
Que as crianças de todos os gêneros conheçam todas
as partes de seus corpos.
2
Que as crianças aprendam as questões sobre higiene
pessoal, privacidade e nudez.
3
Que os professores, juntamente com os(as)
estudantes no processo de ensino-aprendizagem,
entendam sobre pluralidade
4
Que problematizem a linguagem em relação aos
nomes científicos que generalizam o pronome
masculino, que entendam e questionem sobre os
aspectos da reprodução.
5
Que questionem as formas científicas e culturais de
nomear as partes do corpo.
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Na sequência, acompanhe um vídeo. 
Furlani ainda reconhece que, com base nesses pressupostos, os educadores devem iniciar a
educação sexual proporcionando o entendimento de seus alunos sobre o conceito de diferença,
sendo elas: 
6
Que entendam sobre a questão das múltiplas
configurações de ser família e a existência de famílias
diferentes daquelas demarcadas como o padrão social
imposto (pai, mãe e dois filhos heterossexuais), a fim
de entender as questões sobre consanguinidade,
laços afetivos e convivência mútua.
A Prof. Drª. Luzia Batista de Oliveira Silva proferiu uma
importante palestra em um evento sobre educação plural
para a efetivação dessa abordagem educacional na
escola. A pesquisadora ainda nos mostra dados
atualizados sobre violência de gênero e raça no Brasil e
a questão dos abusos infantis. Confira no vídeo a seguir,
a partir dos 15 minutos. 
Acesse (https://www.youtube.com/watch?
v=ow5uqWdzpVs&ab_channel=CRITinf%C3%A2nci
aUEL)
Você quer ver?
pessoais; 
linguísticas e familiares em relação às diferenças de gênero e sexualidade; 
raça; 
etnia-religiosidade; 
condição física; 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ow5uqWdzpVs&ab_channel=CRITinf%C3%A2nciaUEL
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É preciso investir em uma formação continuada sobre a temática para apresentar a educação
de meninas e de meninos a datar das relações de gênero e discutir as questões sobre
corporeidade e suas mudanças no decorrer da vida.
Prosseguimos nossa discussão vendo como, além dos procedimentos teóricos e práticos, é
possível aplicar atividades no ambiente escolar voltadas à educação sexual. 
classe
Livro: Educação sexual na sala de aula: relações de
gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial
numa proposta de respeito às diferenças.
Autora: Jimena Furlani
Editora: Autêntica
Ano: 2016
Comentário: A partir da página 88, a autora sugere
atividades intencionalmente planejadas para a
efetivação da educação sexual que podem se integrar
ao currículo escolar permitindo o diálogo e reflexões
sobre a temática proposta.
Acesse
(https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/
36697/pdf/0?
code=rINWZVcSCVfGnnCHIRbSPztx2cKz3D6fCfCCk
sba7RnMn5OcVpb91XMbUM3N88LU/B0G8EzqOZcR
OjNqU4tQaw==)
Você quer ler?
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/36697/pdf/0?code=rINWZVcSCVfGnnCHIRbSPztx2cKz3D6fCfCCksba7RnMn5OcVpb91XMbUM3N88LU/B0G8EzqOZcROjNqU4tQaw==
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#PraCegoVer: a figura mostra seis crianças brincando com a corporeidade, e algumas estão
sendo carregadas e ou/abraçadas por outras de forma consentida e respeitosa, levando em
consideração o caráter lúdico e o conhecimento do corpo.
Assim, para iniciar a educação sexual na escola, além dos procedimentos teórico e práticos, é
possível aplicar algumas atividades. Conheça-as! 
Figura 2 - Imagem de crianças brincando e tocando uma no corpo da outra com respeito e de forma consentida
Fonte: Monkey Business Images, Shuttersock, 2020.
1
Os(As) estudantes identificam e nomeiam as partes do
corpo.
2
Discussão dos nomes científicos das partes do corpo.
3
Os(As) estudantes interagem com a sua própria
corporeidade e a questionem.
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Hora de testar seus conhecimentos! 
Agora, vamos conhecer a profissão docente e as problemáticas de gênero no contexto
educacional. 
4
Os(As) discentes aprendem, por meio de brincadeiras,
que seus corpos são um direito de si e que os outros
não podem violentá-los, por exemplo, fazendo a leitura
crítica dos contos de fadas, questionando os papéis
dos príncipes e princesas.
5
Atividades que contextualizem a reprodução a partir
de figuras com animais.
6
Atividades que não separem as crianças por gênero
(menino-menina).
7
Atividades de pesquisa e colagem em relação às
famílias diferentes.
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
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3.3 Profissão docente e as problemáticas de
gênero no contexto educacional
Uma das maiores problemáticas de gênero, desde a configuração da sociedade como patriarcal
há três séculos, é a não aceitação das diferenças, que são reprimidas pelo poder discursivo
cristão sobre a sexualidade.
Torres (2013) salienta que o cristianismo, com o discurso religioso, atingiu o ambiente escolar
perpetuando distinções das sexualidades, caracterizadas como boas e más. Com essa
afirmação, é possível afirmar que a orientação sexual classificada como certa, ou seja, “a ideal”
é a heterossexualidade, uma vez que todas as outras orientações e identidades de gênero
formuladas pelos movimentos sociais a favor da inclusão, representadas pela sigla LGBTQIA+
(lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, genderqueers, intersexuais, assexuais e
outros), devem ser proibidas e caracterizadas como pecaminosas.
Ao incitar a questão de como devemos iniciar uma educação sexual efetiva, damos
continuidade ao diálogo de que o preconceito deve ser visto como ausência e/ou falta de
interesse no processo de experiência contra o outro. Dessa maneira,
Portanto, para quebrar o tabu dessa problemática de gênero, é essencial o processo de
autorreflexão como uma maneira de (re)iniciar a prática docente visando ao processo de
experiência. 
[o] preconceituoso atribui características às vítimas que podem ser inventadas ou alteradas, esse
ódio é a sua marca, mas nem sempre fica evidente, podendo ser demonstrado de formas
inofensivas, como o desprezo e a indiferença. É preciso entender o contexto histórico e
compreender os mecanismos psíquicos, para que esse ódio não fique sem referência
conceitual. Desse modo, as necessidades psíquicas das pessoas e os fatores da contradição social
podem impedir a diminuição do preconceito. (DE SOUZA; SANTOS; FURLAN; 2019, p. 6) 
As questões sobre raça também são problemáticas de
gênero, visto que os estudos e perspectivas de
"interseccionalidades”, propostos por Kimberlé
Crenshaw (2002), constituem uma ferramenta de
problematizações nas flexões entre raça e classe social,
bem como nas dos estudos de gênero relacionados às
opressões. Segundo a autora, as interseccionalidades
tratam especificamente da forma pela qual o racismo, o
patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas
discriminatórios criam desigualdades básicas que
estruturam as posições relativas de mulheres, raças,
Você quer ler?
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Ao continuar a discussão, Torres (2013) salienta que, por sermos acostumados a conviver em
uma determinada cultura, nós, seres humanos, pensamos de modos diferentes e reproduzimos
conceitos preestabelecidos que nos induzem a formar articulações sobre os sujeitos e suas
sexualidades. 
#PraCegoVer: a figura mostra duas pessoas negras em uma manifestação fazendo um gesto
com os punhos fechados como um ato de protesto. Uma outra pessoa atrás segura um cartaz
escrito Blacks Lives Matter que, em inglês, significa “Vida Negras Importam”.
etnias, classes e outras (p. 177). O conceito de
interseccionalidades possibilita identificar múltiplas
diferenças entre as subjetividades humanas, pelas suas
necessidades individuais e coletivas, além de enxergar
“[...] como as ações e políticas específicas geram
opressões que fluem ao longo de tais eixos, constituindo
aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento”
(CRENSHAW, 2002, p. 177).
Caso você queira saber mais sobre o assunto, confira!
Livro: Documento para o encontro de especialista em
aspectos da discriminação racial relativos ao gênero 
Autora: Kimberlé Crenshaw
Ano: 2020
Acesse
(https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/
36697/pdf/0?
code=rINWZVcSCVfGnnCHIRbSPztx2cKz3D6fCfCCk
sba7RnMn5OcVpb91XMbUM3N88LU/B0G8EzqOZcR
OjNqU4tQaw==)
Figura 3 - Imagem de pessoas em uma manifestação a favor da igualdade racial #BlackLifesMatters
#VidasNegrasImportam
Fonte: Drazen Zigic, Shutterstock, 2020.
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/36697/pdf/0?code=rINWZVcSCVfGnnCHIRbSPztx2cKz3D6fCfCCksba7RnMn5OcVpb91XMbUM3N88LU/B0G8EzqOZcROjNqU4tQaw==
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Dessa forma, o processo de experiência se torna imprescindível, pois permite ao ser humano
aprender sobre si e sobre o outro, fazendo com que se torne possível o aceitamento das
diversas identidades e sexualidades nos ambientes sociais, principalmente no que tange à
discussão na escola. 
As maneiras de compreensão sobre as expressões corporais, identidades de gênero e
sexualidades também são partes de processos de aprendizagem. Por isso, cabe o
entendimento desses termos para se iniciar uma educação sexual que não julgue o outro por
não ser igual a si. Dessa maneira, há de se concordar com Torres (2013) sobre a importância
do estado laico em relação à educação de nossas crianças, uma vez que as questões de
gênero não devem ser discutidas com discursos de caráter cristão, com o objetivo de oprimir as
sexualidades. Pelo contrário, a escola e os(as) profissionais docentes precisam assumir a linha
de frente na luta contra o preconceito a fim de solucionar essas problemáticas de gênero por
meio da inclusão de uma educação não generificada. 
No Brasil, existe um estatuto que desenvolve projetos e
programas educacionais voltados ao enfrentamento da
violência e dos abusos sexuais de crianças e adolescentes
com o objetivo de incluir todas as instâncias de poder
(empresas, igrejas, escolas), ou seja, a sociedade civil como
um todo, nessa luta.
Para conhecer mais, acesse a
página: https://www.childhood.org.br/#:~:text=A%20Childh
ood%20Brasil%20atua%20para,no%20enfrentamento%20
da%20viol%C3%AAncia%20sexual
(https://www.childhood.org.br/%23:~:text=A%20Childhood
%20Brasil%20atua%20para,no%20enfrentamento%20da%
20viol%C3%AAncia%20sexual).
Você sabia?
3.4 Os brinquedos e as cores possuem
gênero?
A construção de estereótipos relacionados à identidade de gênero inicia-se quando, em certo
período de gestação, ao ser revelado o sexo do bebê, em geral são utilizadas as cores azul,
para a criança que será do gênero masculino, e cor-de-rosa, caso a criança seja do gênero
feminino. Quando é descoberto o sexo (macho ou fêmea) do indivíduo que está em formação
https://www.childhood.org.br/%23:~:text=A%20Childhood%20Brasil%20atua%20para,no%20enfrentamento%20da%20viol%C3%AAncia%20sexual
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no ventre materno, a organização do ambiente e das escolhas de roupas para as crianças está
associada à cor e ao gênero, e os enxovais e as pinturas de quarto serão azuis para aqueles
que apresentam o sexo biológico macho, e tons rosa para aquelas de sexo biológico fêmea. 
#PraCegoVer: a figura mostra dois bebês enrolados em lençóis. O bebê do sexo masculino
está enlaçado no lençol azul e a bebê do sexo feminino está com o lençol cor-de-rosa,
representando os estereótipos de gênero pelas cores.
Consequentemente, essas relações deixam marcas na maioria das vezes permanentes nas
crianças, causando feminilidades e masculinidades a partir dos estereótipos e atribuições de
papéis de gênero provenientes da violência simbólica causada pela sociedade patriarcal. 
Figura 4 - Representação das cores rosa e azul em bebês
Fonte: Katrina Elena, Shutterstock, 2020.
No atual cenário político do Brasil, desde 2018 propriamente dito,
tem-se levantada a bandeira dos “direitos humanos” no sentido de
que isso seja garantido pela normalização dos sexos das crianças
desde pequenas. A ministra dos Direitos Humanos e da Mulher,
Damares Regina Alves, trouxe à tona uma grande polêmica ao
estabelecer como um dos objetivos a ser garantido pelos direitos
humanos a seguinte frase: “Menino veste azul, menina veste rosa”,
sob a alegação de que o sexo proveniente de um determinismo
biológico é atribuído também por cores, sendo a cor azul destinada
aos meninos e a cor-de-rosa às meninas. 
Veja a reportagem completa no
link: https://oglobo.globo.com/sociedade/menino-veste-azul-
Você sabia?
https://oglobo.globo.com/sociedade/menino-veste-azul-menina-veste-rosa-diz-damares-alves-emvideo-23343024
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O processo de atribuição de estereótipos de gênero e violência é efetivado em demasia no
ambiente educacional, visto que meninas são orientadas a brincarem de boneca ou
brincadeiras relacionadas a trabalhos domésticos e cuidados de beleza corporal, enquanto
meninos são orientados a brincar de carrinho ou de super-heróis. Essa atribuição causa
violência simbólica referida ao processo de construção da identidade de gênero nos alunos,
uma vez que é comum, a partir da sociedade patriarcal, atribuir os papéis sociais do sujeito com
base na época, em que mulheres devem ser mães, cuidadoras do lar, enquanto os homens
devem sair com seus carros para trabalhar nas indústrias e proteger as esposas do perigo,
sendo caracterizados como super-heróis, e as mulheres como frágeis e submissas.
Portanto, as cores rosa e azul envolvem uma questão social que extrapola a questão ligada aos
gostos pessoais. Desde cedo e no decorrer da vida, as cores identificam os meninos e as
meninas produzindo marcas identitárias e estabelecendo um único modelo de ser homem e
mulher, e do que se deve gostar, porque:
Visto que gênero estabelece múltiplas relações entre os seres, fica claro, na citação dos
autores, que a correlação entre cores é um movimento retrógrado, imposto na história da
sexualidade, uma vez que, no que concerne às masculinidades, a cor rosa também pode ser
utilizada, pois existem variadas formas de ser homem na sociedade; logo, a norma sexual que
impõe um único jeito de ser “macho” não é válida para o processo construtivo de gênero
(SOUZA, 2020).
Desde cedo, as pessoas que cuidam dos pequenos designam atribuições de papéis e
comportamentos sociais para eles, diferenciando, com suas próprias convicções, o que é o
universo masculino e o que é feminino, e, ao mesmo tempo, coíbem o direito de escolha das
crianças.
França e Calsa (2010), ao concluírem uma pesquisa de campo em uma instituição escolar,
enfatizam que esse processo de atribuição de papéis e comportamentos sociais faz com que
muitosalunos cheguem às salas de aulas com ideias preestabelecidas sobre o conceito de
gênero, de forma que, pela lógica binária e reprodutiva, o pai (homem) deve ser forte, enquanto
a mãe (mulher) deve ser meiga e delicada. 
menina-veste-rosa-diz-damares-alves-emvideo-23343024
(https://oglobo.globo.com/sociedade/menino-veste-azul-menina-
veste-rosa-diz-damares-alves-emvideo-23343024).
A história da cor rosa e de outros signos que colam significados a corpos masculinos e femininos
são exemplos de que o gênero, como propõe o movimento feminista desde o século XIX, é uma
identidade relacional, isto é, que se forma e se transforma nas interações com as diferenças.
Contudo, numa análise especificamente sobre masculinidades, ao contrário do que se poderia
supor, as diferenças não são integradas exclusivamente pelas identidades femininas, mas também
pelos homens que expressam masculinidades desiguais entre si. (BALISCEI; CALSA, 2019, p. 185) 
https://oglobo.globo.com/sociedade/menino-veste-azul-menina-veste-rosa-diz-damares-alves-emvideo-23343024
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#PraCegoVer: a figura mostra duas crianças, uma menina e um menino, brincando com
carrinhos para representar que brinquedo não tem gênero e as crianças podem brincar do que
quiserem.
Dessa maneira, “[...] as culturas, as realidades são diferentes e precisam ser consideradas
dentro do contexto escolar” (FRANÇA; CALSA, 2010, p. 27). Portanto, cabe ao professor
intermediador desconstruir essas ideias provenientes do patriarcado por meio de uma educação
que trabalhe as relações e as representações sociais. 
Figura 5 - Representação de duas crianças, um menino e uma menina, brincando com os mesmos brinquedos
Fonte: FamVeld, Shutterstock, 2020.
Nessa atividade, você estudante, deve interagir com amigos,
familiares, colegas ou qualquer pessoa com condições de participar
da atividade. A interação pode ser via internet. Você irá escolher seis
tipos de brinquedos, por exemplo: carrinho, boneca, bicicleta,
ursinho, super-heróis, ioiô, entre outros, e duas cores: rosa e azul.
Depois, você deve perguntar aos participantes se esses brinquedos
são de menino, de menina ou de ambos. Por fim, você deve
comparar as respostas e debatê-las com o que foi aprendido em
nossa unidade. Ao final, compartilhe suas considerações no fórum
com seus(suas) colegas. 
Vamos Praticar!
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No próximo tópico, vamos discutir como efetivar a educação plural na escola além das
normalizações curriculares. 
3.5 Como efetivar a educação plural na escola
além das normalizações curriculares?
De acordo com Souza e Araújo (2017), os documentos curriculares e educacionais, como o
Plano Nacional de Educação e a Base Nacional Comum Curricular, ao serem reconhecidos pelo
MEC (Ministério da Educação) e pelo Conselho Nacional de Educação, em 2014, solicitaram
que: 
Dessa maneira, após todo esse impacto sobre a homogeneização das diferenças, é necessária
uma discussão plural sobre o currículo escolar, já que o currículo escolar deve ser visto a partir
das relações de poder, cultura e permeação ideológica, pois ele é, de fato, um campo no qual a
linguagem, em conjunção com a oralidade, reproduz-se socialmente. Portanto, é digno afirmar
que não se separa cultura de currículo, porque ele transmite cultura de uma maneira
institucionalizada por meio de relações de poder (SANTOS; CASALI, 2009). 
Em concordância com os estudos de Santos e Casali (2009), na contemporaneidade são
estabelecidos três níveis de currículo:
Os dois primeiros dizem respeito a normas, leis de diretrizes curriculares, planos de ensino e
projetos político-pedagógicos. No que concerne ao currículo oculto, como o próprio nome
indica, ele não é visível, ou seja, não é constituído no planejamento docente, mas pode
[...] as escolas dos municípios e estados brasileiros elaborassem seus planos de educação nos
quais a palavra gênero deveria ser retirada. A defesa da retirada do termo gênero na escola foi
justificada a partir ideia de que com a exclusão da palavra seria promovida a superação das
desigualdades educacionais para promover a igualdade de gênero, raça, etnia e de orientação
sexual, ou seja, retirar o conceito “gênero” do contexto escolar provoca uma homogeneização das
diferenças. Tal homogeneização exclui todas as pessoas que não se identificam com o binarismo de
gênero e priva o ensino sobre educação sexual na escola. (SOUZA; ARAÚJO, 2017, p. 1) 
currículo formal; 
currículo real; 
currículo oculto
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acrescentar temáticas a serem discutidas em sala de aula. Atualmente, a temática sobre
educação sexual só é discutida no currículo oculto, quando é discutida. 
Caro(a) estudante, para esta atividade, você deve considerar
que está realizando o estágio obrigatório de sua graduação e se
depara com a situação de Aline, uma criança de 6 anos,
matriculada na Educação Infantil que, em todas as aulas em que
a professora da turma trabalha com questões corporais, a
criança se reprime, começa chorar ou alega não gostar desse
tipo de brincadeira... A professora, sem saber o que fazer, tenta
incluir a menina de todas as formas na atividade, porém, quanto
mais a professora tenta, mais a menina chora. A professora,
então, convocou os pais de Aline para uma reunião e eles
alegaram que não sabiam o motivo de tal crise, mas a situação
continua e a professora não tem ideia do que fazer. Desse
modo, para solucionar o problema, a professora deve levar em
consideração os relatos, os desenhos e as mudanças de
comportamento que a criança apresenta no decorrer de suas
aulas. Ao ter o conhecimento sobre as questões relacionadas à
violência de gênero e ao abuso infantil, é possível identificar que
a criança está possivelmente enfrentando problemas sexuais
vindos de outrem. Ainda, é preciso indagar, de forma lúdica, à
criança para checar se ela se cala diante da situação ou se
relata o abuso que sofre. Segundo o artigo 13 do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), o corpo docente da escola, em
conjunto com a diretoria, ao identificar uma confirmação ou
suspeita de violação dos direitos humanos de adolescentes e
crianças, incluindo violência, exploração ou abuso sexual, deve
fazer uma denúncia no Disque 100, Direitos Humanos, que é
uma ligação gratuita, anônima e com atendimento 24 horas,
todos os dias da semana, ou acessar o aplicativo Direitos
Humanos BR, que é uma plataforma digital com os mesmos
objetivos. O Disque Direitos Humanos é seguro, protege a
identidade de quem faz a denúncia e resolve o problema de
maneira ágil, sendo o caso encaminhado aos órgãos
competentes na cidade de origem da criança ou do adolescente.
Diga não à violência infantil e denuncie. 
Caso
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É notório que a sociedade contemporânea, de modo geral, e, consequentemente, a educação
estejam imersas em um processo semiformativo que caminha progressivamente para a mais
profunda barbárie. A semiformação, ao contrário da formação – que pretende ser um processo
de emancipação dos indivíduos –, produz a acomodação desses sujeitos ao status quo, ou
seja, semiformação não significa apenas uma formação pela metade, mas algo que, para se
tornar plena, basta ser completa por informações opressoras. Ela também é ausência de cultura
ou uma cultura danificada. Desse modo, percebemos que a universidade, na qualidade de lócus
de formação, está submersa nesse processo, na maioria das vezes, na medida em que
concebe o ensino como mera mercadoria,anulando o desenvolvimento da autorreflexão e da
autonomia humana e/ou “adestrando” o pensamento dos estudantes para a uniformidade de
uma proposição teórica que não engloba direitos humanos igualitários.
Na visão de Adorno, o problema da deficiência da escolarização formal enfrentado atualmente
seria solucionado se a educação elementar produzisse pessoas verdadeiramente cultas com
professores intelectualmente preparados para assumir uma postura de superação dessa
semiformação (ZUIN, 2001). 
Em relação às concepções equivocadas sobre a educação sexual e as identidades plurais de
gênero, é necessário um currículo inclusivo, que incorpore diferentes grupos culturais e sociais,
no sentido de contribuir para que os indivíduos se apropriem do contexto de sua vida social com
criticidade, ou seja, um currículo que conceba o homem e o mundo de forma interativa, de
modo que este sujeito se torne responsável pelo seu próprio destino. Assim, ele é capaz de
transformar a sociedade, refletindo sobre seu contexto social, cultural e histórico.
Paraíso (2016, p. 208) corrobora ao afirmar que essa discussão é necessária no currículo, visto
que trata de “[...] um importante espaço social, em que as normas reguladoras do gênero
marcam sua presença para ensinar o certo, o errado, o esperado, o adequado, o inadequado, o
normal, o anormal, o estranho e o abjeto” em relação às condutas de gênero.
Por meio de uma organização curricular pautada na formação crítica dos sujeitos, há a
possibilidade de se pensar em um processo de promoção que objetiva a intervenção consciente
e libertadora sobre si e a realidade, de modo a alterar a ordem social (SANTOS; CASALI,
2009). Por conseguinte, o indivíduo encontra-se confrontado e desafiado diariamente ante os
problemas que vivencia na realidade social. Essas relações sociais podem ser reveladas por
propostas formativas que vão além das “paredes da sala de aula”, instigando o respeito aos
sujeitos plurais e à própria diversidade humana. Com essa linha de reflexão, acredita-se que o
indivíduo tem capacidade de conduzir seus propósitos individuais em um contexto social de
respeito e de valorização da subjetividade humana.
Assim, torna-se necessária a inserção da educação sexual ou para as sexualidades nos três
níveis de currículo, a tratar de forma que o currículo seja “[...] um território de ensinar, aprender,
transmitir conteúdos, saberes, conhecimentos, conceitos, habilidades, culturas, valores,
condutas, modo de ser, estar e viver já pensados e aceitos” (PARAÍSO, 2016, p. 209-210).
É salientado por Louro (2000) um processo que, por meio das práticas de ensino escolares, a
ação pedagógica visa formar o ser civilizado para que se tornem homens e mulheres de
“verdade”, valendo-se a escola de critérios que se construíram no processo de padronização da
normalidade, a fim de analisar as condutas adequadas de meninos e de meninas, e de
encontrar possíveis condutas indesejadas. 
Deve-se realizar o movimento de estranhamento com o currículo, desconcertá-lo, a fim de
ultrapassarmos os limites normativos empregados nele. É imprescindível considerar que o
currículo é tido como um corpo de conhecimentos, logo, devemos enfrentar as condições
arbitrárias em que se dá esse corpo de conhecimentos (LOURO, 2018).
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#PraCegoVer: a figura mostra uma pessoa representando uma professora com as mãos
envolvendo variados pinos de diversas cores, que representam pessoas diferentes, significando
o movimento de inclusão das diversidades no currículo escolar.
O currículo deve ser discutido com o conhecimento plural; os profissionais da educação têm o
direito de conhecer e de desconhecer determinados assuntos. Desse modo, não se pretende
incorporar outros sujeitos no currículo, mas, sim, pôr em questão “[...] a ideia de que se
disponha de um corpo de conhecimentos mais ou menos seguro que deva ser transmitido: além
disso, pôr em questão a forma usual de conceber a relação professor-estudante-texto”
(LOURO, 2018, p. 60), tendo em vista que devemos ampliar essa relação a fim de questionar
as condições que permitem ou impedem a expansão do conhecimento para descontruir o
currículo tradicional, visto como um texto sexualizado que coloca alguns alunos na
marginalidade (LOURO, 2018). Com essa análise, é possível subverter a lógica curricular
normativa e padronizada para abrir espaço para novas ideias relacionadas à multiplicidade de
gênero, à sexualidade e aos corpos subjetivos.
Por fim, defende-se que a escola, como formadora de cidadãos autônomos e plurais, deve
elencar em seu currículo a temática de gênero, educação sexual, sexualidades e diversidades,
pois tais temáticas não têm sido trabalhadas nos ambientes educacionais de maneira concreta
e regularizada conforme uma área de conhecimento e de ensino. Assim, poderemos discutir a
educação sexual em relação à multiplicidade de gêneros e abrir espaços para a diversidade no
âmbito de ensino.
Chegamos ao fim de mais uma unidade. Até a próxima! 
Figura 6 - Representação das diferenças sociais presentes na escola, simbolizadas por pinos coloridos, e uma
professora acolhendo-os com as mãos
Fonte: Andrey Popov, Shutterstock, 2020.
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
O que pretendemos como objetivo final desta unidade é que
Conclusão
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este estudo sirva como uma forma de reflexão sobre as
questões sociais enraizadas para que possibilite novas
maneiras de se pensar a educação e as subjetividades
humanas a partir das experiências entre os sujeitos plurais. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
refletir sobre as relações de gênero e o papel dos(as)
educadores(as) no ambiente escolar;
compreender as problemáticas de gênero na educação infantil
em relação à profissão docente;
desconstruir atividades generificadas na escola em relação a
brinquedos e cores;
efetivar a educação plural na escola por meio de
questionamentos contemporâneos sobre o currículo.
BALISCEI, J. P.; CALSA, G. C. O bom, o abjeto e o cômico:
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25/09/2022 15:28 Educação e sexualidade
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