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Aula 04
Senado Federal (Técnico - Policial
Legislativo) Literatura Nacional -
Cebraspe 2022
Autor:
Luana Signorelli
03 de Dezembro de 2021
03164915195 - Willy Clayton Alves dos Santos
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Sumário 
Introdução ............................................................................................................................................... 3 
1 – Realismo: A Nova Linguagem da Representação ............................................................................ 3 
1.1 – Contexto Europeu ................................................................................................................. 7 
1.2 – O Cientificismo ...................................................................................................................... 9 
1.3 – Características Gerais do Realismo ..................................................................................... 11 
1.4 – Realismo versus Naturalismo .............................................................................................. 13 
1.5 – Quadro sinóptico de características ................................................................................... 17 
2 – Realismo e Naturalismo em Portugal .............................................................................................. 17 
2.1 – A Questão Coimbrã ............................................................................................................. 18 
2.2 – Antero de Quental ............................................................................................................... 20 
2.3 – Eça de Queirós ..................................................................................................................... 22 
3 – Realismo e Naturalismo no Brasil ................................................................................................... 36 
3.1 – Machado de Assis ................................................................................................................ 37 
 3.1.1 – Romances .................................................................................................................... 42 
 3.1.2 – Contos .......................................................................................................................... 54 
3.2 – Aluísio Azevedo .................................................................................................................. 56 
3.3 – Raul Pompéia ...................................................................................................................... 62 
4 – A Arte do Final do Século XIX ........................................................................................................ 66 
4.1 – Realismo .............................................................................................................................. 66 
4.2 – Impressionismo ................................................................................................................... 67 
4.3 – Rodin .................................................................................................................................... 68 
4.4 – Realismo no Brasil ............................................................................................................... 69 
4.5 – Intepretação de Obra Realista ............................................................................................ 69 
Luana Signorelli
Aula 04
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5 – Quadro Sinóptico ........................................................................................................................... 69 
6 – Crítica Literária .............................................................................................................................. 72 
7 – Lista de Questões ........................................................................................................................... 75 
8 – Gabarito ........................................................................................................................................ 85 
9 – Questões Comentadas .................................................................................................................... 85 
10 – Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 100 
10.1 – Referências Bibliográficas das Imagens .......................................................................... 101 
11 – Considerações FInais .................................................................................................................. 101 
 
 
 
 
 Professora Luana Signorelli 
 Instagram: @profa.luana.signorelli 
 Telegram: Luana Signorelli 
 Facebook: /luana.signorelli 
 YouTube: Professora Luana Signorelli 
 
 
Luana Signorelli
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Carruagem de terceira 
classe (1864) de Honoré 
Daumier (1808-1879). 
 
INTRODUÇÃO 
Olá, prezados concurseiros. 
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso de Literatura para Técnico 
Legislativo/Policial Legislativo – Senado Federal 2020 em teoria e questões. Lembrem-se sempre do 
nosso lema: 
 
O segredo do sucesso é a constância no objetivo. 
 
Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS DATA 
 
 
Aula 04 
Realismo e Naturalismo 
Características gerais. Tendências do século XIX. (cientificismo; 
evolucionismo; darwinismo; determinismo; positivismo). Diferenciação 
entre Realismo e Naturalismo. Contexto em Portugal: Eça de Queiroz e 
Antero de Quental. Contexto no Brasil: Machado de Assis, Aluísio de 
Azevedo e Raul Pompéia. 
 
 
05/10/2020 
 
Hoje abordaremos quadros sinópticos de obras mais importantes. O quadro sinóptico é um 
material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes da prova, por se tratar de conteúdos grandes 
com muita informação. Tanto é que se quiserem ler a obra inteira, cuidado com os spoilers. Hoje em 
particular, vamos fazer a interpretação de texto e a análise sintática ao longo da própria aula. 
 
Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
1 – REALISMO: A NOVA LINGUAGEM DA 
REPRESENTAÇÃO 
Vamos começar essa aula de hoje observando a figura abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli
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Este quadro expressa com muita clareza a nova estética realista. Impressiona, à primeira vista, 
a escolha dos indivíduos representados. O foco não é a elite, muito menos homens ou mulheres 
idealizados. O pintor escolheu passageiros da terceira classe, ou seja, pessoas que viviam em 
condições miseráveis, fato que pode ser observado nas roupas simples, no amontoado das gentes e 
no cansaço evidente dos personagens da primeira fila. Essa imagem traduz visualmente aquilo que o 
Realismo literário também expressa. 
Assim como na pintura, o cotidiano passa a ser matéria da literatura. Observe, a título de 
comparação, os dois fragmentos descritivos, um do Romantismo, outro do Realismo. 
 
 
 
DESCRIÇÃO ROMÂNTICA 
 “Afastemos indiscretamente uma dobra do reposteiro que 
recata a câmara nupcial. 
 É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, 
que realça o azul celeste do tapete de riço recamado de estrelas 
e a bela cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis. 
A um lado, duas estatuetas de bronze dourado 
representando o amor e a castidade sustentam uma cúpula ovalde forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento, 
bambolins de cassa finíssima. 
[…] 
Correu-se uma cortina, e Aurélia entrou na câmara nupcial. 
Seu passo deslizou pela alcatifa de veludo azul marchetado de 
alcachofras de ouro, como o andar com que as deusas 
perlustravam no céu a galáxia quando subiam ao Olimpo.” 
(Senhora, José de Alencar) 
 
 
DESCRIÇÃO REALISTA 
“A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com 
uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole e 
salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia 
ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía, e 
a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma 
janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó 
acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja 
Luana Signorelli
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do saguão. E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se 
o ranger de um berço, o chorar doloroso de uma criança.” 
(O primo Basílio, Eça de Queirós) 
 
ANÁLISE DAS DESCRIÇÕES 
 
Nos dois casos, temos a descrição de um ambiente que servirá de cenário para o encontro 
amoroso: o quarto no qual Aurélia receberá Fernando Seixas, seu marido (Senhora); e o corredor que 
dá a acesso ao quarto alugado, no qual Luísa encontrará seu amante, Basílio (O primo Basílio). 
A cena, portanto, é bastante banal, prosaica. No caso da descrição romântica, José de Alencar 
tenta dar especialidade que um quarto não possui, o ambiente está acima do ordinário. Tal fato pode 
ser notado pelo uso de adjetivos tais como “deslumbrante”, “bela”, “finíssima”, mas não apenas por 
esses recursos. 
As duas estátuas representam o amor e a castidade e o narrador compara Aurélia com as 
deusas do Olimpo. Os objetos ao redor expressam a própria pureza da personagem e lhe dão 
superioridade moral. Sugere-se que, para uma pessoa tão nobre, até mesmo o ambiente é 
superlativo, mesmo que isso custe a verossimilhança e o bom gosto. 
 
Verossimilhança: essa palavra é muito importante para a 
crítica literária. Um texto literário é ficcional, ou seja, ele não 
versa sobre o que aconteceu, mas sobre o que poderia ter 
ocorrido. Apesar de ser fruto da imaginação, o romance tenta 
recriar um ambiente ou uma história que não poderia 
contrariar o espaço real ou o tempo cronológico. Por 
exemplo, o uso de um narrador morto em Memórias 
Póstumas de Brás Cubas é uma licença da verossimilhança. 
 
A escolha dos objetos que serão descritos não tem compromisso com o real, mas com o que 
eles simbolizam. O tapete é azul-celeste, numa alusão à natureza tão cara aos românticos. Essa 
tonalidade se contrapõe ao dourado das cortinas e estofados, cor relacionada à nobreza dos metais. 
Isso sem falar no outro tapete de veludo azul com bordado de alcachofra dourada. O único 
compromisso do autor é com a simbologia dos elementos descritos. 
Na descrição de Eça de Queirós, os elementos não têm qualquer significado. Ao enumerar, o 
narrador se mantém fiel à verossimilhança. O leitor deve ser convencido de que essa escada poderia 
ter existido, dada a descrição exaustiva de pequenos detalhes. 
Observe que não há transposição entre objeto e valores morais ou espirituais (uma escada 
não representa algo como pureza, por exemplo). A materialidade dos objetos se impõe, portanto 
nada é idealizado. Pelo contrário. 
Vale, nesse ponto, uma observação sobre os tipos de adjetivos e os efeitos produzidos no 
texto. Há atributos mais “objetivos” e outros “subjetivos”. Um vocábulo como “bem” ou “mal” 
reflete um julgamento de quem emite a opinião (subjetivo). Já as palavras “branco”, “liso”, “rugoso” 
etc. são independentes da vontade de quem descreve. Eça abusa desse expediente de objetividade. 
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Além disso, inclui adjetivos que revelam imperfeições em expressões como “casa amarelada”, 
“degraus gastos” e “luz suja”. 
Por fim, vale a pena destacar a escolha dos objetos a serem descritos. Ele faz questão de 
direcionar o olhar do leitor para detalhes que depõem contra o item descrito. Há nódoas na parede, 
pó acumulado, cal se despregando da parede etc. 
Deve ter ficado claro para você, corujinha esperta, que o Realismo parece ser o oposto do 
Romantismo. Vejamos o que escreveu sobre isso o maior nome do movimento em Portugal, Eça de 
Queirós. (LOPES; SARAIVA, 1985). 
 
"[O Realismo] É a negação da arte pela arte; é a 
proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a 
abolição da retórica considerada como arte de promover a 
comoção usando da inchação do período, da epilepsia da 
palavra, da congestão do tropos 'realismo'. 
 É a análise com o fito na verdade absoluta. – Por outro 
lado, o Realismo é uma reacção contra o Romantismo: o 
Romantismo era a apoteose do sentimento; – O Realismo é a 
anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos 
pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver 
de mau na nossa sociedade." 
 
 
 
 
ALMEIDA, Belmiro. Arrufos (1887). Disponível em: Ficheiro da Wikipedia. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y65wgvdy. Acesso em: 24 set. 2020. 
 
Figura: Pixabay 
Luana Signorelli
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Pertencente ao Realismo, a obra de Belmiro Almeida caracteriza-se como uma falência da 
instituição do casamento na classe burguesa. Percebe-se a indiferença do homem para com o 
sofrimento da mulher, representado não só pelo semblante choroso dela, como também pela rosa 
caída no chão. O adultério e o fatalismo eram temas comuns representados na arte realista do século 
XIX. 
1.1 – Contexto Europeu 
 
Figura 1 – Referências da esquerda para a direita no sentido horário 
 
O século XIX foi abalado por uma série de revoltas e de ideias que mudariam a cara da Europa. 
Os conflitos refletiam a luta pela consolidação do poder da burguesia e a tensão entre proletários e 
proprietários. Em 1815, Napoleão é derrotado em Waterloo. No mesmo ano, os embaixadores de 
diversos países do continente se reúnem para redefinir as fronteiras entre as nações. Na prática, isso 
significou o retorno da monarquia ao poder. 
Em 1848, Paris assiste a uma nova revolta em moldes muito parecidos aos da Revolução 
Francesa. A burguesia, descontente com o governo monárquico, alia-se aos operários de Paris. Essa 
revolta foi vitoriosa para a rica classe social, mas não para o proletariado. Os operários organizam 
protestos que serão violentamente reprimidos em junho de 1848. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1840 
Proudhon 
publica O que 
é a 
propriedade 
privada?..., 
marco do 
Socialismo. 
Utópico. 
1848 
Marx publica 
O Manifesto 
Comunista. 
1857 
Gustave 
Flaubert 
publica 
Madame 
Bovary, 
marco do 
Realismo 
francês 
Luana Signorelli
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Novamente, em 1871, a luta entre burguesia nacional e operários se repete na França. Os 
proletários organizados tomam Paris e estabelecem um governo comunitário. A burguesia francesa, 
assustada e incapaz de fazer frente aos rebelados, alia-se a um inimigo histórico, a Alemanha, e 
consegue enfim vencer a guerra. 
Nesse percurso histórico, a divisão entre duas classes com interesses contraditórios se torna 
evidente. A “traição” da burguesia significa uma pá de cal nos anseios de uma sociedade mais justa, 
ideário promovido desde a Revolução Francesa. 
O impacto no pensamento político é grande com consequências nos movimentos sociais. Os 
dois grandes teóricosdo socialismo viveram no século XIX. Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), 
filósofo francês que, juntamente com outros escritores, lançou as bases do Anarquismo e do 
Socialismo Utópico (segundo Marx), escreveu O que é a propriedade? Pesquisa sobre o princípio do 
Direito e do governo. O pensador defendia a tese de que a propriedade é roubo. Imagine como a 
obra foi recebida pelas elites do mundo inteiro… 
O outro pensador, Karl Marx (1818-1883), filósofo, 
sociólogo, jornalista e revolucionário, escreveu O capital e O 
manifesto do Partido Comunista, um tratado analítico-panfletário 
que tinha o propósito de preparar as massas para a Revolução. 
Defendeu o “Socialismo Científico” para se opor às ideias de 
Proudhon que, para ele, eram ingênuas. 
Toda essa agitação social e política migra para a cultura. 
Escritores e artistas começam a representar a classe dos 
trabalhadores que se faz notar (como tema no quadro de Gustave 
Coubert, por exemplo). Além disso, esse gosto amargo de traição, 
resíduo de 1848 e 1871, tinge a forma como a burguesia se vê. O 
escritor, ele próprio filho dessa classe social, registra o cotidiano 
medíocre e hipócrita dessa nova ordem. Ao simplesmente 
registrar com senso crítico agudo, sem idealizar, como faziam os 
românticos, os escritores exibem a vergonha de uma nova era 
 
 
 
 
 
Então, o escritor era um burguês e 
falava mal da própria burguesia? 
Lembra-se da aula anterior que 
mencionou a grande ambiguidade da 
sociedade burguesa? Ela prometeu ideais 
libertários e precisa deles, mas não consegue 
cumpri-los. Dessa ambiguidade surgem os 
movimentos de ideias e movimentos literários. 
No Realismo essa crítica é mais cortante. 
 
 
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Fo
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te
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ix
ab
ay
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E de onde vinham as ideias que levaram operários e artistas a se revoltarem? 
 
É isso o que iremos estudar agora. 
 
 
1.2 – O Cientificismo 
No final do século XVIII, a Revolução Industrial muda as relações de trabalho. A introdução de 
máquinas como o tear mecânico, a fiandeira e a lançadeira móvel, entre outros equipamentos, 
aumenta a produtividade. Tais engenhocas, produtos de novas técnicas baseadas na racionalização 
dos processos de produção, aumentam a riqueza de forma exponencial. 
 A ciência/tecnologia deixa de ser área de interesse de diletantes empenhados em 
discutir o funcionamento do mundo para fazer parte do cotidiano. O conhecimento científico avança 
e impacta a saúde, a indústria, a agricultura e as comunicações. Foi possível usar conceitos de física 
para o uso controlado dos raios X, para a produção de eletricidade e para a invenção do telefone, só 
para citar alguns exemplos. 
O método utilizado pela ciência mostra-se tão eficiente 
que surge como tábua de salvação para a resolução de qualquer 
problema enfrentado pelo ser humano. Até para problemas 
políticos? Problemas sociais? Problemas de relacionamento? 
Vários pensadores acreditavam que sim. 
Se fosse possível encontrar as causas da ação humana e 
criar leis e teorias sobre esse mundo à parte da realidade física, 
seria viável organizar a sociedade de uma maneira mais 
eficiente. Essa ideia levou os pensadores a tentar estender o método científico para áreas 
aparentemente resistentes a esse artifício. É no século XIX que são lançadas as sementes da nova 
historiografia e geografia, da psicologia e da sociologia. 
 
 
 
A esse otimismo exagerado com o método científico e à tentativa de submeter 
outras áreas da vida humana a essa mesma lógica denominaremos cientificismo. 
Por conta do cenário de pandemia global devido à Covid-19, é muito provável que 
este tema seja explorado de alguma forma. 
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O primeiro ímpeto dessa tendência se traduz em várias teorias filosóficas: positivismo, 
darwinismo, evolucionismo, determinismo e o racismo científico. 
 
 
 
 
 
 
TEORIAS DO SÉCULO XIX 
 
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A literatura deve ser uma espécie de documento da sociedade, 
deve fazer refletir sobre a realidade social
CIENTIFICISMO 
Incluir no texto literário a 
visão:
Positivista, determinista, 
darwinista 
ESTILO /TEMAS
Observação da realidade, 
descricionismo, análise 
psicológica
 
 
 
 
Nesse contexto, os escritores tentam dar um outro status à Literatura. Não se trata de um 
texto ficcional para entreter leitoras, mas uma narrativa com forte carga de verossimilhança capaz 
de provar as ideias cientificistas da época. Torna-se comum, nesse período, o gênero romance de 
tese, no qual o autor cria uma história muito próxima da realidade para provar uma opinião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Sistema criado por Auguste Comte (1798-1857). Considerada a ciência como modelo
por excelência do conhecimento humano em detrimento das especulações metafísicas
(místicas) ou teológicas. Tudo poderia e deveria ser explicado e organizado pelo
conhecimento científico.
POSITIVISMO
• Conjunto de doutrinas que dão sustentação à tese positivias, pois considera a
concepção filosófica evolucionista – o desenvolvimento inevitável do real em direção a
estados mais aperfeiçoados – um modelo explicativo fundamental para o incessante
fluxo de transformação do mundo natural, biológico e espiritual (Dicionário Houaiss
Eletrônico/modificado).
EVOLUCIONISMO
• Aplicação não justificada cientificamente do conceito de seleção natural de Charles
Robert Darwin (1809-1882) na compreensão das relações humanas. A análise social é
feita pela ótica da luta e da lei do mais forte ou do mais apto. Percebe-se a
solidariedade como um artifício social que mascara os conflitos.
DARWINISMO
• Princípio segundo o qual os fenômenos, inclusive sociais, estão ligados entre si por
rígidas relações de causalidade e leis universais que excluem o acaso, a
indeterminação e a liberdade. Segundo essa ideia, o homem é determinado pela raça,
pela história e pelo ambiente. Como se o lema fosse: “Diga-me a que raça você
pertence, onde você mora e sua época histórica e direi quem você é”.
DETERMINISMO
• É a crença pseudocientífica de que existem evidências que justificam a superioridade
de uma raça sobre outra. Usando como critério o desenvolvimento da escrita e da
ciência, ou europeus acreditavam que a raça branca era superior; a amarela,
intermediária, e a negra e a indígena, inferiores, por não terem nem escrita nem
técnicas sofisticadas.
RACISMO CIENTÍFICO OU BIOLÓGICO
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1.3 – Características Gerais do Realismo 
Vamos resumir o que já vimos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O QUE É OBJETIVIDADE E COMO IDENTIFICÁ-LA NO TEXTO? 
Objetividade se refere a um estilo pautado por recursos linguísticos cujos efeitos levam o 
leitor a acreditar que aquela opinião tem caráter geral, e não particular. 
Objetividade vem da palavra “objeto” e se refere à forma analítica e impessoal como tratamos 
determinado assunto. Se tivermos de fazer um texto sobre, por exemplo, uma cadeira, adotaremos 
uma linguagem com poucos adjetivos valorativos, poucos advérbios e faremos uma enumeração de 
traços que não despertaria qualquer emoção. Essa situação mudaria de figura se alguém pedisse que 
você descrevesse a cadeira onde seu avô, de quem você tem muitas saudades, se sentava 
regularmente. Um jornalista que cobre uma tragédia, por mais emocionado que esteja, deveadequar 
a linguagem para que ela seja informativa, não emotiva. 
Observe o exemplo abaixo. A linguagem científica com seus termos precisos, uso da terceira pessoa 
e referencialidade cria a ilusão de uma verdade inquestionável. A poesia vai em outra direção. O 
poeta se vale da primeira pessoa, utiliza figuras de linguagem, pontuação expressiva para criar a 
ilusão de que se expressa uma emoção, mesmo que o assunto seja astronomia. 
 
OBJETIVIDADE SUBJETIVIDADE 
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POR QUE AS ESTRELAS TÊM CORES DIFERENTES? 
PETRÔNIO DE TILIO NETO, 12 ANOS, JAÚ (SP). 
(...) 
RAMIRO DE LA REZA, DO OBSERVATÓRIO 
NACIONAL DO RIO DE JANEIRO (RJ), RESPONDE: 
 
AS ESTRELAS TÊM CORES DIFERENTES PORQUE TÊM 
TEMPERATURAS DIFERENTES. AS CORES SÃO 
DEFINIDAS APENAS PELAS EMISSÕES NA CHAMADA 
FAIXA ÓPTICA, A REGIÃO DO ESPECTRO QUE O OLHO 
HUMANO, NU OU COM LUNETA, É CAPAZ DE 
CAPTAR. O OLHO HUMANO NÃO VÊ, POR EXEMPLO, 
NEM NO INFRAVERMELHO NEM NO ULTRAVIOLETA. 
DA FAIXA VISÍVEL, SUA EFICIÊNCIA É MAIOR NO 
AMARELO. 
FOLHA DE SÃO PAULO – CADERNO MAIS! 
01/08/93. 
“Ouvir Estrelas” 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, 
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 
 
E conversamos toda a noite, 
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora: “Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?” 
 
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas”. 
 
O que você vai encontrar no movimento do Realismo? 
 
 
 
 
 
 
 
Crítica à burguesia, à família, ao casamento, à Igreja e ao clero
Combate à idealização romântica
Visão objetiva da 
realidade
Descritivismo; 
verossimilhança
Realce aos defeitos e 
imperfeições
Personagens complexas 
(esféricas): profundidade 
psicológica.
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1.4 – Realismo versus Naturalismo 
Assim como no Romantismo ocorreu uma vertente exagerada em relação aos pressupostos 
do movimento, no Realismo acontece algo parecido a partir de dois autores que dão respostas 
diferentes aos desafios impostos pelo século XIX. 
Gustave Flaubert (1821-1880), escritor francês, dá início ao Realismo com a publicação de 
Madame Bovary (1857). O público, acostumado às histórias adocicadas de heroínas virgens que 
finalmente encontravam o amor verdadeiro, espantou-se com a narrativa de uma mulher já casada 
e fútil, que se entregava a um amante que passa pela cidade onde mora. A história parecia cotidiana 
demais e imoral demais para a sensibilidade da época. Além disso, os leitores se irritaram com a 
descrição quase fotográfica das cenas. 
O romance foi proibido e Flaubert foi acusado de 
“imoralidade”. Os críticos perceberam que se expunha a 
hipocrisia burguesa no coração da própria classe, a família, e 
acusavam o autor de investir contra sua própria classe social. Essa 
é a vertente que define o Realismo. 
Já o francês Émile Zola (1840-1902) tomou outro caminho. 
Ele não foi apenas um escritor, mas também jornalista e 
importante crítico político. Em 1866, publica Thérèse Raquin, 
obra em que mistura ficção com as ideias cientificistas, 
compondo aquilo que se convencionou chamar de “romance de 
tese”, um gênero ficcional cuja histórica tem a finalidade de 
revelar uma verdade social. 
Mas é com Germinal que o autor consolida essa nova 
vertente que ficará conhecida como Naturalismo. O protagonista 
do romance não é exatamente um herói solitário, mas um 
personagem coletivo, os trabalhadores de uma mina de carvão 
que, motivados pelas péssimas condições em que viviam e pelos 
ideais socialistas, revoltam-se e organizam uma greve geral. A 
manifestação é reprimida com violência. Para escrever a obra, 
Zola passou dois meses trabalhando em uma mina de carvão. O Naturalismo surge como uma grande 
novidade temática (inclusive no que diz respeito à aproximação com a ciência). 
Além disso, Zola se vale de uma linguagem sem rodeios, utiliza termos considerados “não 
literários” e inclui algumas palavras próprias das ciências naturais. Para se ter uma ideia, seguem dois 
fragmentos textuais do Naturalismo: um do próprio Zola (Germinal) e outro de Aluísio Azevedo (O 
homem). 
 
TEXTO I 
“o poço engolia magotes de vinte e de trinta homens, e com tal facilidade que 
nem parecia senti-los pela goela.” 
“[...] a corda, para dar o sinal embaixo, era puxada quatro vezes, convenção 
que queria dizer 'aí vai carne' e que avisava da descida desse carregamento de 
carne humana.” 
Émile Zola 
Luana Signorelli
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TEXTO II 
“Pobre velha! Consumia-se numa infernal complicação de moléstias; eram 
intestinos, era cabeça, eram pernas, era o diabo! Parecia uma decomposição em 
vida: fedia como coisa podre! Já se não alimentava pela boca; os seus gemidos eram 
arrotos de ovo choco, e os humores que ela expelia por toda a parte do corpo 
empesteavam a casa inteira. […]” 
 
Perceberam como o personagem, nesses casos, não têm qualquer especialidade? A tese dos 
naturalistas é a de que o homem não se diferencia do animal. Como expressar isso? 
 
 
 
 
Pense rápido, qual a diferença entre homem e animal? A racionalidade. Tire a razão, resta o 
quê? O corpo. Eles irão focalizar o corpo usando os seguintes recursos: 
Comparações entre homens e animais (zoomorfismo). Exemplo: “daquele lameiro, e 
multiplicar-se como larvas no esterco” (O cortiço, Aluísio Azevedo). 
 Destacar aspectos fisiológicos que nos igualam aos animais, o cheiro, o hálito, o suor etc. 
Exemplo: “os seus gemidos eram arrotos de ovo choco”. 
 Focalizar comportamentos movidos pelo instinto. Exemplo: “Não era a inteligência nem a 
razão o que lhe apontava o perigo, mas o instinto, o faro sutil e desconfiado de toda a fêmea pelas 
outras, quando sente o seu ninho exposto.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REALISMO NATURALISMO 
Origem: França (1857) 
Gustave Flaubert – Madame Bovary 
Origem: França (1867) 
Émile Zola – Thérèse Raquin 
Luana Signorelli
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Representava desvios morais. Representava desvios sociais e sexuais, 
mazelas. 
Romance documental, fotografa a realidade 
para dar impressão de vida real, 
psicologismo. Retrato da alta burguesia da 
segunda metade do século XIX. 
Romance experimental, que pretende 
apoiar-se na experimentação científica e 
numa tese, no determinismo, no 
evolucionismo, no homem é fruto do meio. 
Impassibilidade. Narrador em um ângulo 
neutro, não há interesse em agradar ao 
público, mas sim em retratar a realidade tal 
qual ela é. 
Arte engajada, preocupações políticas e 
sociais. 
Seleciona os temas, tem aspirações 
estéticas. 
Detém-se nos aspectos mais torpes e 
degradantes. 
Reproduz a realidade exterior bem como a 
interior, por meio da análise psicológica. 
Centra-se nos aspectos externos: atos, 
gestos, ambientes, personagens e seus 
instintos, animalização, zoomorfismo. 
Volta-se para a psicologia, para o indivíduo. 
Nomes: Dom Casmurro, Quincas Borba, 
Memórias póstumas de Brás Cubas. 
Volta-se para o coletivo, para a biologia, a 
patologia, centra-se mais no social. 
Retrata e critica as classes dominantes, a 
alta burguesia. 
Espelhacamadas inferiores: o 
proletariado, os marginais, o povão. 
É indireto na interpretação, o leitor tira as 
suas conclusões: sutil, sugere. 
É direto na interpretação, expõe 
conclusões, cabendo ao leitor aceitá-las ou 
discuti-las: grotesco, mostra. 
Grande preocupação com o estilo. O estilo é relegado ao segundo plano; no 
primeiro, há denúncia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eis abaixo outros conceitos quanto à Literatura do período que podem lhes ajudar. 
 
LIBERDADE DETERMINISMO 
Luana Signorelli
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OUTRORA UMA NOVELA ROMÂNTICA, EM LUGAR 
DE ESTUDAR O HOMEM, INVENTAVA-O. 
Hoje o romance estuda-o na sua realidade 
social. 
 OUTRORA NO DRAMA, NO ROMANCE, 
CONCEBIA-SE O JOGO DAS PAIXÕES A PRIORI. 
Hoje, analisa-se a posteriori, por processos 
tão exatos como os da própria fisiologia. 
 
 
 
O Romantismo partia do princípio (a priori) de que o homem era livre e, nas 
narrativas, os protagonistas tinham a liberdade de inventar desejos que poderiam ser 
satisfeitos pela força de vontade; o Realismo partia da análise posterior (a posteriori), 
sob a perspectiva de que o homem não tinha liberdade e de que o personagem 
simplesmente seguia as determinações do seu instinto ou de seu meio social. 
 
Fatalismo. Doutrina segundo a qual os acontecimentos 
são fixados com antecedência pelo destino; atitude 
moral ou intelectual segundo a qual tudo acontece 
porque tem de acontecer, sem que nada possa 
modificar o rumo dos acontecimentos; atitude dos que 
acreditam nessas ideias; doutrina filosófica que 
propensa um rígido determino, equivalente à curva 
mítica ou religiosa na inexorabilidade do destino 
(dicionário Houaiss). Exemplo: no romance Anna 
Kariênina do realista russo Liév Tolstói, a protagonista 
presencia no início do livro uma pessoa que morreu 
sobre os trilhos do trem, sendo que ao fim do romance 
ela decide se suicidar da mesma maneira. 
 
1.5 – Quadro sinóptico de características 
 
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2 – REALISMO E NATURALISMO EM PORTUGAL 
QUESTÕES RELEVANTES/CONSEQUÊNCIAS 
 1865: Questão Coimbrã. 
 1915: Publicação da Revista Orpheu → Modernismo. 
 
 
 
• Enfrentamento da realidade (Realismo) e não fuga da realidade (Romantismo)
• Análise (Realismo) e não fantasia (Romantismo)
• Racionalidade (Realismo) e não sentimentalismo (Romantismo)
• Relações humanas baseadas no interesse financeiro (Realismo) e não relações
humanas baseadas no idealismo (Romantismo)
• Adultério (Realismo) e não amor eterno (Romantismo)
REALISMO
• Mistura entre ficção e cientificismo (Positivismo; Darwinismo; Determinismo)
• Temas: agrupamentos sociais, comportamentos pautados pelos instintos (violência,
adultério, homossexualidade).
• Forma: linguagem simples, agressiva, às vezes chula; incorporação de termos
cientificistas; zoomorfismo; destaque a aspectos fisiológicos.
• Romance de tese.
NATURALISMO
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Se há duas palavras que podem definir a segunda metade do século XX para os portugueses, 
estas palavras são “crise” e “humilhação”. Depois da perda do Brasil como colônia, Portugal não 
conseguiu mais se estabilizar. A partir do momento em que a Monarquia Constitucional se consolida 
no país, uma questão parece assombrar os intelectuais lusitanos: como fazer para tirar o país do 
atraso em que ele se encontra? 
Essa questão se tornará ainda mais contundente pelo fato de que Portugal, finalmente, se 
ligará por via férrea a Paris. A circulação física de pessoas leva à circulação de ideias. Desembarcam, 
no solo de Camões, todas as vertentes do cientificismo que encontrarão nas mentes dos jovens de 
Coimbra uma boa acolhida. 
A pobreza grassa no país. A maior fonte de renda continua a ser o Brasil – imigrantes que 
partem para a ex-colônia fazem remessas generosas de dinheiro. A fundação do partido comunista 
demonstra a influência estrangeira e a existência de um movimento organizado em torno do 
operariado ou do campesinato. 
Em 1890, o Reino Unido exige a retirada imediata das forças militares portuguesas da região 
compreendida entre Angola e Moçambique, na África. Portugal, sem condições de resistir, cede aos 
caprichos ingleses sem sequer tentar uma negociação. A antiga potência marítima teve de renunciar 
às suas pretensões, de forma humilhante. 
Some-se a isso a bancarrota financeira de 1891 e você entenderá o pessimismo e o ponto de 
vista crítico que irão pairar sobre o país. 
 
 
2.1 – A Questão Coimbrã 
A situação de Portugal era a seguinte: diante de um país que dormia em berço esplêndido, a 
Universidade de Coimbra se mantinha como polo de divulgação das ideias gestadas na longínqua 
“Europa”, que já estava na segunda Revolução Industrial. Os jovens que circulavam nesse ambiente 
acadêmico não se conformavam com a pasmaceira lusitana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1836 1871
 
 1814 
1875 1891 
Revolução 
de Setembro 
Ultimato 
Britânico/ 
Crise 
financeira 
Conferências do 
Casino Lisbonense 
Fundação 
do Partido 
Socialista 
Bancarrota 
do Estado 
português 
 
1890 
1850-1864 - Linhas 
Férreas/ Interligação 
com a Europa 
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A questão coimbrã representa, no plano cultural, esse grito de alerta. Em resumo, a questão 
opunha os poetas românticos com sua literatura conformista aos jovens coimbrãos que defendiam 
um caráter revolucionário na literatura. 
 
 
 
Fonte das imagens: Pixabay. 
 
 
Essa polêmica, apesar de ser restrita aos círculos intelectuais, levou à difusão dos ideais 
realistas. O movimento se consolidará em 1871, no que ficou conhecido como Conferências do 
Casino Lisbonense. Antero de Quental, influenciado por Proudhon, propôs a um grupo de intelectuais 
que discutissem as novas ideias científicas e a situação de Portugal. 
Entre as conferências, algumas chamavam atenção até pelo título, “Causas da decadência dos 
povos peninsulares”, “Os historiadores críticos de Jesus” e “O socialismo”. Somente cinco das dez 
Feliciano de Castilho (1800-1875), 
representante da 1ª geração romântica 
e defensor da arte espiritual do 
Romantismo, ao escrever o prefácio do 
livro de Pinheiro Chagas, critica os 
jovens de Coimbra. 
 
 
 
 A Questão Coimbrã em 4 lances 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
Antero de Quental (1842-1891), jovem 
poeta, publica o livro Odes Modernas, 
no qual defende que a poesia deve ser 
revolucionária. 
Antero de Quental escreve uma carta 
aberta que circula em Coimbra e 
Lisboa. Sob o título “bom senso e bom 
gosto”, ele ataca diretamente Castilho: 
“A futilidade num velho desgosta-me 
tanto como a gravidade numa criança. 
V. ex.ª precisa menos cincoenta annos 
de edade, ou então mais cincoenta de 
reflexão.” Pinheiro Chagas (1842-1895), poeta 
romântico protegido de Feliciano de 
Castilho, responde acusando Antero de 
um materialismo ambíguo. 
 
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programadas ocorreram, pois as últimas foram proibidas a pretexto de que as ideias ali discutidas 
atacavam a religião e as instituições do Estado. 
Em Portugal, consideram-se dois grandes nomes do movimento: Antero de Quental e Eça de 
Queirós. O primeiro é umgrande representante da poesia realista. O segundo é considerado um dos 
maiores romancistas em Língua Portuguesa. Os dois nos dão, em alguma medida, uma ideia das 
mudanças pelas quais passavam a cultura e a Literatura no final do século XIX. 
 
2.2 – Antero de Quental 
Antero Tarquínio de Quental (1842-1891) teve uma trajetória intensa e trágica. Nascido de 
uma família abastada da região dos Açores, pôde, aos 16 anos, ingressar no curso de direito da 
Universidade de Coimbra. Na época, Coimbra fervia com as ideias cientificistas que circulavam nos 
grandes centros europeus e, ali, a tradição religiosa do jovem foi posta à prova. 
Logo, não somente cedeu às novas ideias do 
século como também tornou-se um dos líderes dos 
estudantes. Em 1865, Antero edita “Odes Modernas”, 
livro no qual ele rompe com o Romantismo e defende 
uma poesia libertária e combatente. Assim começou o 
episódio da Questão Coimbrã, como já mencionado 
anteriormente. 
Entra em contato com as ideias socialistas, 
aprende tipografia e torna-se operário. Entre 1866 e 
1868 vivencia a experiência de ser operário em Paris. 
Volta a Lisboa e começa intensa atividade de militância. 
Inicialmente, participa do círculo intelectual que 
promoveu as conferências do Casino Lisbonense em 
1871. Foi um dos fundadores do Partido Socialista 
Português. Colaborou com diversos periódicos, muitos 
deles de tendências socialistas. 
Em 1873, herda uma quantia que lhe permite 
viver de rendimentos. Contrai tuberculose. Em 1881, 
retira-se para Vila do Conde, onde vive um pouco mais sossegado. Ainda envolve-se com política, 
pois participa da Liga Patriótica do Norte, em resposta ao ultimato inglês em 1890. Em 1891, o poeta 
já dava sinais de depressão profunda e, no mesmo ano, comete suicídio. 
Essa trajetória bastante movimentada está expressa na sua poesia. Nunca abandonou de fato 
o ímpeto religioso por uma busca de algo que fosse além do trivial e do cotidiano. Percebem-se alguns 
temas que sucedem na poesia. 
 Inicialmente, desenvolve uma poesia romântica de cunho religioso; 
na fase de Coimbra, torna-se combativo, defende a razão e parece vislumbrar uma época 
de mudanças; 
 na fase final, o poeta assimila certo pessimismo influenciado pela filosofia do budismo. 
Além dessas fases, é possível fazer outra classificação a partir das poesias do poeta. Ele oscila 
entre o otimismo, que se reflete no uso de expressões que se referem à luz e à luminosidade, e o 
pessimismo, marcado pela escuridão. 
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Essa força de dissolução que se percebe nos temas caros ao poeta encontra contraponto na 
forma: Antero de Quental foi um dos maiores sonetistas em Língua Portuguesa. A fragmentação 
interna do poeta parece necessitar de uma forma que dê alguma permanência fincada na tradição 
literária. 
Para se ter uma ideia da produção de Antero, seguem-se dois sonetos. No primeiro, pode-se 
perceber a fase combativa, luminosa, na qual o poeta defendia que as ideias poderiam ser guias para 
os homens. No segundo, predomina o pessimismo existencial. 
 
Força é pois ir buscar outro caminho! 
Lançar o arco de outra nova ponte 
Por onde a alma passe — e um alto monte 
Aonde se abre à luz o nosso ninho. 
 
Se nos negam aqui o pão e o vinho, 
Avante! é largo, imenso esse horizonte... 
Não, não se fecha o mundo! e além, defronte, 
E em toda a parte há luz, vida e carinho! 
 
Avante! os mortos ficarão sepultos... 
Mas os vivos que sigam, sacudindo 
Como o pó da estrada os velhos cultos! 
 
Doce e brando era o seio de Jesus... 
Que importa? havemos de passar, seguindo, 
Se além do seio D’Ele houver mais luz! 
 
Esse soneto já abre a primeira estrofe com a tese do poeta: “é preciso buscar outro caminho!”. 
Parece uma conclamação à coletividade que, aliás, aparece ao final da primeira estrofe, quando o 
poeta usa o pronome “nosso”, ou seja, na primeira pessoa do plural. 
Essa necessidade não é vista como impossível. O eu lírico incentiva seus leitores “avante” e, 
por fim, faz uma comparação com a perspectiva religiosa “doce e brando era o seio de Jesus...”. Na 
comparação, o além D’Ele promete ser melhor, pois haverá mais luz. 
Nesse poema, Antero parece comungar com as ideias filosóficas correntes de que a ciência e 
o conhecimento indicavam um avanço progressista das sociedades. A religião fora uma fase, para 
além da fé, haveria a ciência e um mundo melhor a ser buscado. Nesse texto não se observa traço de 
pessimismo. 
O tom é totalmente outro no poema que se segue: 
 
No Turbilhão 
(A Jaime Batalha Reis) 
 
No meu sonho desfilam as visões, 
Espectros dos meus próprios pensamentos, 
Como um bando levado pelos ventos, 
Arrebatado em vastos turbilhões... 
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Fonte: Pixabay. 
N'uma espiral, de estranhas contorsões, 
E d'onde saem gritos e lamentos, 
Vejo-os passar, em grupos nevoentos, 
Distingo-lhes, a espaços, as feições... 
 
— Fantasmas de mim mesmo e da minha alma, 
Que me fitais com formidável calma, 
Levados na onda turva do escarcéu, 
 
Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes? 
Quem sois, visões misérrimas e atrozes? 
Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!... 
 
Nesse poema, que manifesta quase uma análise da subjetividade, o eu lírico se vale do sonho 
para mostrar sua fragmentação. O eu dividido se reflete em espectros de seus próprios pensamentos. 
O resultado disso são lamentos e gritos. Essas imagens, fantasmas do próprio poeta, surgem com 
algozes. O poema é inconclusivo. O poeta não reconhece seus fantasmas e não reconhece a si 
mesmo. 
As duas obras mais famosas publicadas em vida são Odes Modernas e Sonetos Completos. 
 
 
2.3 – Eça de Queirós 
Eça de Queirós (1845-1900) é considerado um 
dos grandes escritores em língua portuguesa. Mudou 
os rumos da Literatura e da própria língua portuguesa 
ao adotar um estilo mais enxuto e trazer para a prosa 
literária a linguagem próxima à do jornalismo. Com suas 
obras, conquistou fama internacional em vida. 
José Maria da Eça de Queirós nasceu em Póvoa 
do Varzim, em 1845, e morreu na França, em 1900. 
Chama a atenção em sua biografia o fato de seus pais 
só terem se casado quando ele tinha quase 4 anos. O 
fato em si aponta para uma família na qual as tradições 
não eram levadas tão a sério, o que, sem dúvida, deve 
ter colaborado para que ele se mostrasse sempre 
desconfiado diante das tradições. 
Na adolescência foi para um internato e, depois, para Coimbra, onde se formou em Direito. 
Na cidade universitária conheceu Antero de Quental, que o influenciou na sua verve crítica. Escreveu 
artigos que foram publicados depois com o título de Prosas Bárbaras. 
Em 1866, mudou-se para Lisboa, onde exerceu advocacia e jornalismo. Em 1871, participou 
das Conferências do Casino Lisbonense. Mais tarde, em 1870, começa sua carreira pública, sendo 
nomeado administrador do Concelho de Leiria. Três anos depois, ingressou na carreira diplomática. 
Casou-se aos 40 anos e teve 4 filhos. Morreu em Neuilly-Sur-Seine, cidade próxima de Paris. 
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A imagem que ficou para a história é a de um escritor combativo, crítico cortante, irônico, 
acertando, com suas opiniões, “o homem de bem”, as instituições falidas e corrompidas. Através da 
Literatura, ele ambicionava traçar um retrato da sociedade portuguesa sem condescendência, 
deixando as ossadas à mostra para a repugnância de quem observava a cena. Há certo pessimismo e 
fastio com os homens da sua época, que será parcialmentereduzido com o passar dos anos, deixando 
despontar uma ponta de esperança somente nos seus romances finais. 
Vale destacar e relembrar que os críticos dividem sua produção literária em 3 fases: 
 
 
 
 
 
Na última fase, Eça de Queirós parece se reconciliar com os homens. Em A cidade e as serras, 
o personagem principal, Jacinto (o próprio Eça?), cansado da civilização e dos cientificismos, encontra 
paz para sua alma junto ao povo simples das serras portuguesas. 
Nessa obra, ele abandona a crítica mordaz e cria um enredo alegórico. Jacinto é o próprio 
Portugal e há nesse enredo uma lição para os “homens de bem” perdidos de sua época. Quase chega 
a ser uma fábula moderna. Algo semelhante ocorre em A ilustre casa de Ramires. 
 
• Prosas Bárbaras: textos influenciados pelos 
românticos da terceira fase (idealização 
social)
• Traços românticos
1ª fase
• O Crime do Padre Amaro (1874); Primo 
Basílio (1878) e Os Maias (1888), obras 
realistas naturalistas (crítica, patologia 
social, hipocrisia)
• Crítica das instituições portuguesas: Igreja, 
pequena burguesia (classe média), elite, 
pessimismo;
2ª fase
• A Ilustre Casa de Ramires (1900), A Cidade 
e as Serras (1901, obra póstuma), obras pós 
realistas (valorização de Portugal, caráter 
mais alegórico do que realista)
• Romance de tese, exaltação da 
simplicidade portuguesa, esperança.
3ª fase
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CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
 
 
Seguem algumas das obras mais importantes do autor. 
 
 O primo Basílio 
Romance publicado em 1877, retrata com bastante 
fidelidade a sociedade portuguesa. O autor investe contra a classe 
média lusitana, correndo o risco de construir personagens 
estereotipados. Encontramos o “corno” típico, a mulher fútil, a 
amiga má companhia etc. Desponta como personagem complexa 
a empregada, Juliana, que desperta no leitor sentimentos de 
raiva, de pena e de compreensão. 
A obra foi inspirada em Madame Bovary, e alguns críticos 
insistem em ver nisso certa falta de criatividade. O romance 
lusitano, assim como o francês, se estrutura em torno da traição 
e do adultério. Eça, apesar da evidente imitação, transpõe o enredo para a realidade portuguesa com 
uma maestria ímpar, até porque se vale de uma linguagem sem adjetivação romântica, mudando a 
estilística da língua portuguesa na escrita. 
 
 
DESCRITIVISMO
IRONIA
LINGUAGEM OBJETIVA
ANÁLISE DE CARÁTER
• Narrador: terceira pessoa, onisciente e que se propõe a apresentar de forma fria e
distante os fatos que serão narrados; uso de discurso indireto.
• Tempo: não tem data definida, mas passa-se na segunda metade do século XIX; a
narrativa é linear.
• Espaço: o espaço predominante é Lisboa. Percebe-se a intenção de Eça em criticar
a sociedade lisboeta.
FICHA DE LEITURA
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Enredo 
O enredo tem como protagonista Luísa, esposa de Jorge, um engenheiro bem colocado em 
um ministério. O cotidiano do casal é extremamente banal. O momento mais excitante dessa vida a 
dois acontece quando Jorge recebe seus amigos. 
 O grupo é composto por D. Felicidade, que sente atração pelo Conselheiro Acácio, outro 
ilustre integrante da turma, sujeito caricato e que vomita uma erudição vazia. Há ainda Ernestinho, 
um arremedo de escritor romântico; Julião, um estudante de Medicina, crítico oportunista da 
sociedade portuguesa; e Sebastião, único personagem que não é caricato e que se mantém leal ao 
drama humano seja de Luísa, seja de Jorge. 
 Os amigos discutem sobre frivolidades como se fossem as coisas mais importantes do mundo. 
Essas “palestras” entediantes ocupam uma parte significativa dos primeiros capítulos e são 
extremamente irritantes para o leitor. É como se o leitor sentisse na pele o tédio desse estilo de vida. 
 Por motivos profissionais, Jorge vai ficar algumas semanas longe de Luísa, vai para o Alentejo. 
No ínterim, Basílio, primo de Luísa, retorna de Paris para ficar algum tempo em Lisboa. Decide visitar 
a prima e, como lhe parecesse bem apessoada, resolve seduzi-la. 
 A tarefa não foi difícil. Luísa era ávida leitora de romances românticos e sonhava com um 
amor mais ardente e aventuroso. Eles trocam várias cartas e se encontram algumas vezes num quarto 
denominado por Basílio de “Paraíso”. 
 Juliana, a empregada ressentida, recolhe algumas dessas cartas comprometedoras à espera 
do momento certo para chantagear a patroa. Luísa não tem dinheiro nem ideia de como conseguir a 
quantia exigida pela empregada. Para piorar, Jorge retorna e a relação com Basílio esfria. 
 Nesse contexto, ocorrem várias peripécias que têm como motivação a resolução do impasse. 
Luísa tenta ter relações com um homem rico, mas não consegue; faz concessões a Juliana, começa a 
trabalhar no lugar da empregada e, lógico, pede dinheiro a Basílio, que se retira de Portugal. 
 Desesperada, confia seu problema a Sebastião, que se prontifica a ajudá-la. Acompanhado 
de um policial, o amigo de Jorge aborda a empregada com ameaças, momento em que ela, assustada, 
morre devido a um aneurisma. Tudo parece estar resolvido. 
 Luísa, dada a situação estressante, adoece. 
Jorge fica ao lado dela, cuidando da saúde da 
amada. Nesse momento, o marido recebe uma 
carta de Paris. Basílio escrevera se justificando por 
não poder ajudá-la a esconder o adultério. Como 
ela está acamada, Jorge abre a correspondência e 
descobre tudo. Luísa, ao saber disso, entra em 
desespero e morre. Jorge se muda. Basílio volta a 
Lisboa e, ao saber da morte da amante, lamenta 
não ter mais diversão em Lisboa. 
 
 
Interpretação 
O romance pertence à segunda fase do autor. A configuração do círculo de amizades de Jorge 
é muito importante para Eça, pois através deles o autor dispara farpas críticas aos lisboetas, que se 
consideravam a camada pensante de Portugal. 
 Em alguma medida, o leitor de Eça reconheceria algum vício exposto na obra de forma irônica 
e risível. Vamos aos tipos: 
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 Indivíduo moralista, arrogante e cheio de erudição fútil, mas 
que tinha uma amante bem mais jovem (Conselheiro Acácio). 
 Senhora moralista, mas que tinha desejos sexuais e vontades 
imorais (D. Felicidade). 
 Jovem ambicioso e inteligente capaz de tecer críticas próprias 
e contundentes, mas que as usa como forma de ascensão social (Julião). 
 Escritor romântico que finge criticar a sociedade quando, na 
verdade, adapta o enredo para conseguir aplauso do público valendo-
se de uma narrativa óbvia (Ernestinho). 
 Mulher casada que poderia fingir-se de esposa ideal, 
contanto que pudesse manter seus relacionamentos adúlteros em 
segredo (Luísa). 
Ao lado, cartaz do filme “O primo Basílio” (2007). Fonte: Imdb. 
 
O primo Basílio (1878) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 26 (XVI) capítulos. 
PERSONAGENS Luísa, Jorge, D. Felicidade, Conselheiro Acácio, Ernestinho, Basílio, Sebastião. 
TEMPO Segunda metade do século XIX; a narrativa é linear. 
ESPAÇO Predominantemente Lisboa. 
ENREDO Luísa é esposa de Jorge, um engenheiro bem colocado em um ministério. O 
cotidiano do casal é extremamente banal. O momento mais excitante dessa vida a 
dois acontece quando Jorge recebe seus amigos. 
CONFLITO Por motivos profissionais, Jorge vai ficar algumas semanas longe de Luísa, vai para 
o Alentejo. No ínterim, Basílio, primo de Luísa, retorna de Paris para ficar algum 
tempo em Lisboa. Decide visitar a prima e, como lhe parecesse bem apessoada, 
resolve seduzi-la,o que não foi difícil – ela era uma ávida leitora romântica. 
CLÍMAX Juliana, a empregada ressentida, recolhe algumas dessas cartas comprometedoras 
à espera do momento certo para chantagear a patroa. Luísa não tem dinheiro nem 
ideia de como conseguir a quantia exigida pela empregada. Para piorar, Jorge 
retorna e a relação com Basílio esfria. Desesperada, Luísa confia seu problema a 
Sebastião. Acompanhado de um policial, ele aborda a empregada com ameaças, 
que , morre devido a um aneurisma. 
DESFECHO Luísa adoece. Nesse momento, Jorge recebe uma carta de Paris e descobre tudo. 
Luísa entra em desespero e morre. Jorge se muda. Basílio volta a Lisboa e, ao saber 
da morte da amante, lamenta não ter mais diversão em Lisboa. 
 
 
 
 
 
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TRECHO DE O PRIMO BASÍLIO 
Sebastião fechou a porta da sala de jantar, pousou o candeeiro sobre a mesa, onde havia 
ainda um prato com côdeas de queijo e um fundo de vinho num copo, deu alguns passos 
fazendo estalar nervosamente os dedos, e parando bruscamente diante de Juliana: 
– Dê cá umas cartas que roubou à senhora... 
Juliana teve um movimento para correr à janela, gritar. 
Sebastião agarrou-lhe o braço, e fazendo-a sentar com força sobre a cadeira: 
– Escusa de ir à janela gritar, a polícia já está dentro de casa. Dê cá as cartas, ou para a 
enxovia! 
Juliana entreviu num relance um quarto tenebroso no Limoeiro, o caldo do rancho, a 
enxerga nas lajes frias... 
– Mas que fiz eu? — balbuciava. – Que fiz eu? 
– Roubou as cartas. Dê-as para cá, avie-se. 
Juliana, sentada à beira da cadeira, apertando desesperadamente as mãos, rosnava por 
entre os dentes cerrados: 
– A bêbeda! A bêbeda! 
Comentários 
 A cena representa uma cena íntima desesperada entre Sebastião tentando preservar os 
segredos epistolares de Luísa e Juliana tentando revelá-los. Nesse sentido, o texto realista 
evidencia-se cheio de intrigas. 
 
 
 Os Maias 
Esse é considerado o último livro da fase crítica de Eça de Queirós. Nele, o escritor tem como 
foco a classe mais alta de Portugal. O enredo, centrado em alguns personagens românticos, serve 
para que o autor se posicione contra o movimento anterior. Vale-se do tema de um amor proibido 
entre irmãos. 
 
 
 
Enredo 
A saga dos Maias começa com o casamento de Afonso, rico proprietário, com Maria Eduarda. 
Desse enlace, nasce Pedro Maia. O filho teve uma educação romântica e católica. A mãe, por quem 
o rapaz tinha verdadeira adoração, morre e Pedro se apaixona perdidamente por Maria Monforte, 
filha de um negociante de escravos. 
O pai de Pedro se opõe ao casamento e o filho se afasta do convívio paterno. O casal tem 2 
filhos, Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Maria Monforte se apaixona por um italiano e abandona o 
• Narrador: terceira pessoa, onisciente.
• Tempo: segunda metade do século XIX, com flashbacks que permitem reconstituir a
história familiar de 3 gerações. O momento em que avô e neto se instalam no
casarão chamado “Ramalhete”, em 1875.
• Espaço: o espaço predominante é Lisboa.
FICHA DE LEITURA
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marido e um dos filhos. Pedro retorna desolado apenas com o filho mais velho, Carlos. Pedro se 
suicida. 
Restam avô e neto. Carlos se forma em medicina. 
Monta um consultório e começa a clinicar. Conhece uma 
jovem encantadora, Maria Eduarda, que acredita ser 
esposa de Castro Gomes. O jovem amante compra uma 
quinta afastada para encontrá-la. 
Castro, enfim, revela a Carlos que Maria Eduarda 
não é sua mulher, mas sua amante. O jovem fica animado 
com a perspectiva de poder se casar com ela. Mas ocorre a 
reviravolta. Um tal Sr. Guimarães chega de Paris com uma 
revelação trágica: Maria Eduarda seria filha de Monforte, 
logo, irmã de Carlos. 
O avô, Afonso, morre. Maria Eduarda foge para a 
França e se casa. Carlos parte numa longa viagem. No final 
do romance, encontramos Carlos recordando o passado 
junto com seu amigo João da Erga. A conversa com o amigo 
transcorre com muita ironia e pessimismo. 
 
Interpretação 
O romance é perpassado pelo pessimismo e tragédia. Expressa o mal-estar que pairava sobre 
Portugal. Eça, aparentemente já desencantado com a política, investiga o próprio povo como causa 
da decadência do país. No texto, surgem alguns elementos dessa crítica. Há uma discussão sobre a 
educação de Carlos – se ele deveria frequentar uma escola católica, portuguesa ou protestante, ou 
seja, inglesa. A mãe determina que seja uma educação lusitana. Carlos refletirá esse espírito nada 
prático, romântico e indolente. Pensa em ajudar a nação, em fundar uma revista, mas, basicamente, 
frequenta as rodas sociais afrancesadas e se entrega a uma paixão que e se revelará trágica. 
Além desses elementos já interpretados, o narrador ou mesmo os personagens vão 
destilando críticas ao colonialismo, aos impostos e aos governantes. 
 
Os Maias (1888) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Livro Primeiro (X capítulos); Livro Segundo (VIII capítulos). 
PERSONAGENS Afonso, Pedro Maia, Maria Eduarda, Maria Monforte, Castro Alves, João da Ega. 
TEMPO Segunda metade do século XIX, com flashbacks que permitem reconstituir a história 
familiar de 3 gerações. O ano quando o avô e neto se instalam no casarão é 1875. 
ESPAÇO Predominantemente Lisboa. 
ENREDO A saga dos Maias começa com o casamento de Afonso, rico proprietário, com Maria 
Eduarda. Desse enlace, nasce Pedro Maia. O filho teve uma educação romântica e 
católica. A mãe morre e Pedro se apaixona por Maria Monforte, filha de um 
negociante de escravos. 
CONFLITO O pai de Pedro se opõe ao casamento e o filho se afasta do convívio paterno. O casal 
tem 2 filhos, Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Maria Monforte se apaixona por um 
italiano e abandona o marido e um dos filhos. Pedro retorna desolado apenas com 
o filho mais velho, Carlos. Pedro se suicida. 
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Ao lado, cartaz da minissérie “Os Maias” 
(2001), em 44 episódios. Fonte: Imdb. 
CLÍMAX Restam avô e neto. Carlos se forma em medicina. Conhece uma jovem encantadora, 
Maria Eduarda. O jovem amante compra uma quinta afastada para encontrá-la. Mas 
ocorre a reviravolta. Um tal Sr. Guimarães chega de Paris com uma revelação 
trágica: Maria Eduarda seria filha de Monforte, logo, irmã de Carlos. 
DESFECHO O avô, Afonso, morre. Maria Eduarda foge para a França e se casa. Carlos parte 
numa longa viagem. No final do romance, encontramos Carlos recordando o 
passado junto com seu amigo João da Ega. A conversa com o amigo transcorre com 
muita ironia e pessimismo. 
 
TRECHO DE OS MAIAS 
“Ega declarou muito decididamente ao sr. Sousa Neto que era pela escravatura. Os 
desconfortos da vida, segundo ele, tinham começado com a libertação dos negros. Só podia ser 
seriamente obedecido quem era seriamente temido... Por isso ninguém agora lograva ter seus 
sapatos bem envernizados, o seu arroz bem cozido, a sua escada bem lavada, desde que não 
tinha criados pretos em quem fosse lícito dar vergastadas... Só houvera duas civilizações em 
que o homem conseguira viver com razoável comodidade: a civilização romana e a civilização 
especial dos plantadores da Nova Orleães. Por quê? Porque numa e noutra existira a 
escravatura absoluta, a sério, com o direito de morte!... ” (QUEIRÓS, 2000, p. 271). 
Comentários 
Aqueles jovens veneravam Victor Hugo, dizendo que ele é o campeão heroico das verdades 
eternas, e que ele não era um homem, era um mundo. Eles ainda compactuavam o que 
chamavam de a Ideia Nova. Em particular,João da Ega é importante, porque ele é essa 
personagem dialeticamente contraditória, bancando o democrata, mas no fundo é um falso 
moralista e machista, dizendo que era dever da mulher primeiro ser bela, e depois ser estúpida, 
e que a mulher só devia ter duas prendas: saber cozinhar e amar bem. Enfim, Ega se passava 
por intelectual, mas não consegue se livrar da sua máscara e maneiras burguesas, e por isso 
comparado ao Mefistóteles, do Fausto de Goethe, tendo inclusive indo fantasiado assim para o 
baile dos judeus Cohen. 
Entre esses jovens também está o Alencar, escritor de Elvira e do poema A Democracia, 
versos históricos. Carlos quando se forma e arranja uma espécie de escritório junto com 
laboratório, onde vai para não fazer nada, não trabalhar, matando as suas horas de ócio 
escrevendo. A civilização lhe custava caro, esse tédio infindável. Nesse sentido, na Alemanha 
havia mais comércio, em Portugal era fastio total. Ega também escrevia para matar o tempo, e 
era morto pelo que escrevia, nunca tendo terminado um escrito. A sua grande obra prima 
chamar-se-ia Memórias dum átomo, e tinha uma forma autobiográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 A cidade e as serras 
A cidade e as serras é uma obra da 
terceira fase de Eça de Queirós, momento 
em que seu criticismo se arrefece e ele faz 
uma revisão de suas convicções. Outrora um 
feroz crítico do atraso português, agora aos 
50 e poucos anos, entende o atraso 
econômico como uma espécie de benção 
para o espírito humano. 
Ele escreveu um texto curto (novela) 
com características de romance de tese. Eça 
de Queirós cria uma narrativa para “provar” que o estilo de vida simples da serra supera o da cidade 
e suas comodidades tecnológicas. 
 
 
 
Enredo 
O protagonista, o rico Jacinto, nasce em Paris rodeado de todas as comodidades tecnológicas 
da época, tornando-se entusiasta da ciência e da modernidade. Acredita que a ciência (teórica) e a 
potência (tecnológica) serão capazes de trazer a felicidade perene ao ser humano. 
Nesse momento de otimismo, conhece José Fernandes, narrador da obra. O amigo serve 
como contraponto crítico, pois encara as crenças de Jacinto com ceticismo. Na segunda visita que 
José Fernandes faz ao amigo, percebe que a ilusão cientificista do protagonista vai se transformando 
em tédio e desilusão. 
A multidão de Paris lhe parece entediante, os aparelhos tecnológicos não lhe despertam mais 
a paixão e as relações pessoais e amorosas parecem ser circunstanciais e fúteis. É nesse ponto que o 
cosmopolita amigo de José Fernandes recebe uma carta avisando que houve uma tempestade na 
região de Tormes, onde fica a propriedade de Jacinto e os restos mortais de seus antepassados foram 
descobertos. Ele deveria ir para as serras para participar do sepultamento. 
Em verdade, Jacinto jamais saíra de Paris, e essa viagem, para ele, tem o gosto amargo da 
barbárie, pelo menos é como ele pensa inicialmente. A caminho, o trem para na Espanha, pois haverá 
uma baldeação. Todas as roupas e artigos de luxo ficam no vagão estacionado na plataforma, 
• Narrador: primeira pessoa, narrador-testemunha. Quem conta a história é José
Fernandes, amigo do protagonista. Trata-se de um narrador muito limitado, ele só
pode contar o que o protagonista disse para ele ou o que ele viu como testemunha.
No caso dessa obra, isso se justifica. José Fernandes encarna a forma de viver do
camponês lusitano e, na sua rusticidade, ele consegue ver o que há de ridículo no
comportamento do sofisticado Jacinto.
• Tempo: Final do século XX, época em que já era possível observar invenções como
telefone, telégrafo e automóvel, que são mencionados no livro (Eça morreu em 1900
e o romance foi terminado a posteriori).
• Espaço: como o nome já diz, o livro se divide em dois espaços: a cidade, que remete
a Paris; e o campo, região de Tormes, onde Jacinto tem sua propriedade rural.
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enquanto, em outro comboio, o protagonista e José Fernandes partem para Tormes sem nada, a não 
ser a roupa do corpo. 
Chegando na estação, há outro contratempo: ninguém do solar o 
espera. Ele consegue um cavalo para si e um burro para José Fernandes. 
Irritado, ele pretende ir para Lisboa no dia seguinte. Mas aos poucos vai 
sendo seduzido pelas serras, pela culinária do local, pelo colhimento 
caloroso que recebe e pela beleza da região. 
José Fernandes, quando o encontra, percebe que o amigo está mudado, está feliz, 
entusiasmado com o novo modo de vida. Mas, mesmo aí, Jacinto começa perceber que há 
problemas. Entra em contato com a pobreza extrema de alguns camponeses e vivencia a experiência 
de ser confundido com D. Sebastião, o rei renascentista que morreu no século XVI e que, segundo a 
lenda, voltaria para trazer glória a Portugal. 
O príncipe de grã-ventura, como era chamado, casa-se com uma mulher simples da região, 
Joaninha, e resolve trazer aparatos tecnológicos para melhorar a vida dos moradores da Serra. A 
novela (uma espécie de romance curto) termina com final feliz e uma nota de esperança de que seria 
possível conciliar esses dois mundos, cidade e serras. 
 
Interpretação 
Essa novela representa a “conversão” de Eça de Queirós. É interessante notar que o autor, 
em sua juventude, defendia o cientificismo e, agora, vê essa fé na ciência como algo exagerado. 
Jacinto desenvolvera uma teoria: a de que a Suma Ciência junto com a Suma Potência poderia levar 
o indivíduo à felicidade. Ora, guardadas as devidas diferenças, o próprio Eça pensava dessa forma, lá 
pelos idos de 1871. 
A cidade de Paris representava o que havia de mais moderno em 1900; as serras, o que havia 
de mais atrasado. A opção pelas serras mostra um certo desencanto do próprio Eça em relação à 
tecnologia. A indicação do livro para leitura no século XXI cai como uma luva para aqueles que 
precisam estar atentos à ilusão tecnológica. Há trechos bem escritos e muito expressivos de 
condenação do mundo tecnológico se considerado à luz do humanismo. 
Vale a pena destacar ainda a alegoria utilizada pelo autor. Jacinto é uma figura mitológica, 
seria um jovem muito bonito por quem Apolo se apaixona. O deus desce do Olimpo para se aproximar 
do jovem e brinca de arremessar o disco das olimpíadas com o rapaz. Zéfiro, enciumado, muda a 
trajetória do disco que atinge Jacinto e o mata. Desconsolado, Apolo transforma o amado em uma 
flor que nasce no campo. Na história de Eça, algo parecido acontece. Jacinto morre na tórrida 
civilização e renasce nas serras. 
 
A cidade e as serras (1901) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 26 (XVI) capítulos. 
PERSONAGENS Jacinto, José Fernandes, Joaninha. 
TEMPO Final do século XX (telégrafo e automóvel). 
ESPAÇO Paris e Tormes. 
ENREDO Jacinto nasce em Paris rodeado de todas as comodidades tecnológicas da época, 
tornando-se entusiasta da ciência e da modernidade. Acredita que a ciência 
(teórica) e a potência (tecnológica) serão capazes de trazer a felicidade perene ao 
ser humano. 
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CONFLITO Nesse momento de otimismo, conhece José Fernandes, narrador da obra. O amigo 
serve como contraponto crítico, pois encara as crenças de Jacinto com ceticismo. 
Jacinto percebe que a ilusão cientificista do protagonista vai se transformando em 
tédio e desilusão. 
CLÍMAX Houve uma tempestade na região de Tormes, onde fica a propriedade de Jacinto e 
os restos mortais de seus antepassados foram descobertos.A caminho, no trem 
para na Espanha haverá uma baldeação. Todas as roupas e artigos de luxo ficam no 
vagão estacionado na plataforma e partem só com a roupa do corpo. 
DESFECHO José Fernandes, quando o encontra, percebe que o amigo está mudado, está feliz, 
entusiasmado com o novo modo de vida. O príncipe de grã-ventura, como era 
chamado, casa-se com uma mulher simples da região, Joaninha, e resolve trazer 
aparatos tecnológicos para melhorar a vida dos moradores da Serra. Termina com 
final feliz e uma nota de esperança de que seria possível conciliar esses dois 
mundos, cidade e serras. 
 
TRECHOS DE A CIDADE E AS SERRAS 
 
TRECHO I 
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Príncipe concebera a ideia de que o 
“homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado 
o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as 
noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com 
todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico 
Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher [...] todos os gozos e 
todos os proveitos que resultam de Saber e Poder... [...] 
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que [...] 
estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das 
nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da erudição. Um desses 
moços [...] reduzira a teoria de Jacinto [...] a uma forma algébrica: 
 
 
Suma ciência
Suma felicidade
Suma potência


 =


 
 
E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a Equação 
Metafísica de Jacinto. 
Eça de Queirós, A cidade e as serras. 
 
Comentários 
A equação elaborada por Jacinto, durante o período que vivia em Paris, para sintetizar a felicidade, 
torna-se ao fim do romance uma equação que resultava em servidão ou dependência, já que o 
protagonista percebe que era como um escravo da tecnologia, que deveria torná-lo feliz. 
 
TEXTO II 
Mas o meu novíssimo amigo, debruçado da janela, batia as palmas – como Catão para chamar os 
servos, na Roma simples. E gritava: 
– Ana Vaqueira! Um copo de água, bem lavado, da fonte velha! 
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Pulei, imensamente divertido: 
– Oh Jacinto! E as águas carbonatadas? E as fosfatadas? E as esterilizadas? E as sódicas?... O meu 
Príncipe atirou os ombros com um desdém soberbo. E aclamou a aparição de um grande copo, todo 
embaciado pela frescura nevada da água refulgente, que uma bela moça trazia num prato. Eu admirei 
sobretudo a moça... Que olhos, de um negro tão líquido e sério! No andar, no quebrar da cinta, que 
harmonia e que graça de ninfa latina! 
E apenas pela porta desaparecera a esplêndida aparição: 
– Oh Jacinto, eu daqui a um instante também quero água! E se compete a esta rapariga trazer as 
coisas, eu, de cinco em cinco minutos, quero uma coisa!... Que olhos, que corpo... Caramba, menino! 
Eis a poesia, toda viva, da serra... 
O meu Príncipe sorria, com sinceridade: 
– Não! Não nos iludamos, Zé Fernandes, nem façamos Arcádia. É uma bela moça, mas uma bruta... 
Não há ali mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais beleza do que numa linda vaca 
turina. Merece o seu nome de Ana Vaqueira. Trabalha bem, digere bem, concebe bem. Para isso a fez 
a Natureza, assim sã e rija 
(...). 
Eça de Queirós, A cidade e as serras. 
 
Comentários 
O fragmento reproduz uma cena passada na Quinta de Tormes, local em que Jacinto passa a morar 
depois de se ter mudado de Paris. O estranhamento de Zé Fernandes face ao pedido de Jacinto para 
que lhe tragam água da fonte, ao invés das águas sofisticadas que sempre preferira, a beleza natural 
de Ana Vaqueira, assim como a simplicidade do cenário remetem personagens e leitor às paisagens 
bucólicas descritas pelos autores clássicos que tematizavam o locus amoenus e o inutila truncat, como 
base essencial para se atingir o equilíbrio e a felicidade. 
A expressão “nem façamos Arcádia” alude ironicamente à visão idealizada de Zé Fernandes 
relativamente aos dotes físicos de Ana Vaqueira, dona de beleza invulgar, mas, como trabalhadora 
braçal e rude, seria insensível a apelos sentimentais. 
 
 A ilustre casa de Ramires 
O romance foi publicado em 1900, portanto reflete a terceira fase do autor. A ironia cáustica 
dá lugar a uma narrativa mais equilibrada e sóbria. Nessa obra o autor deixa transparecer o otimismo 
e a esperança em relação a Portugal. 
Chama a atenção a estrutura narrativa em que o autor, à maneira de Almeida Garret, organiza 
duas histórias em tempos diferentes e depois as entrelaça. 
 
 
 
• Narrador: dois narradores em terceira pessoa. Há um narrador que conta a história
de Gonçalo, e Gonçalo conta a história de seu antepassado.
• Tempo: como é um romance que lida com o passado, há três marcações históricas.
Gonçalo encontra um poema romântico sobre os heróis de sua família da década de
1840; agora, na década de 1890, ele resolve reescrever a história que se passa no
século XII.
• Espaço: há menção a vários locais, mas predomina a Torre da aldeia de Santa
Irineia.
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Enredo 
Gonçalo é um português de ascendência nobre que na atualidade está falido e tem dívidas a 
pagar. O arrendamento de suas terras não cobre as despesas. Assim, a política lhe parece a maneira 
mais fácil de sair dessa situação. Contudo, quem ocupava o lugar de deputado da sua região era um 
inimigo seu que tinha mais influência no governo e entre os aldeões. Ele se resolve, então, pela fama. 
Haveria de, através da Literatura, fazer-se conhecido. Decide escrever a história de Tructesindo 
Ramires, um antepassado da época dos primeiros reis de Portugal. 
O narrador passa a contar o que aconteceu à 
linhagem de tal nobre protagonista. De forma até irônica, 
ele vai mostrando o declínio da família a partir de 1640, 
data da Restauração (época em que termina a união das 
duas coroas, a de Portugal com a da Espanha, e os lusitanos 
restauram sua Monarquia). 
A narrativa do declínio tem como contrapartida, no 
presente, a constante humilhação de Gonçalo. Um 
arrendatário seu, irritado e bêbado, lança pedras no solar 
e o nobre senhor da torre se esconde covardemente. Ele 
refaz o contrato com outro arrendatário, mas sem 
formalizar a ação comercial. Parte em seguida para 
Oliveira, onde encontra alguns desafetos. Sua vida 
medíocre vai sendo contraposta à dos aventureiros do 
passado. 
No romance histórico que ele está escrevendo, 
Tructesindo se indispõe com o novo rei, pois tinha prometido a D. Sancho que seria o protetor de D. 
Sancha. Vai à guerra contra D. Afonso II, mesmo sabendo que poderia perder a batalha. Essa 
demanda real é cumprida ao mesmo tempo que o cavaleiro vinga a morte de seu filho. O assassino 
de seu herdeiro é Lopo Baião, também fiel vassalo de D. Afonso. A vingança se concretiza. 
Quando volta ao solar, sofre nova humilhação. O atual arrendatário, irritado com a falta de 
palavra de Gonçalo, põe-no a correr e ele é socorrido pelos empregados. 
Seu inimigo político morre e abre-se uma possibilidade de ele entrar para a política. Para 
tanto, precisa se aproximar de André Cavaleiro, mesmo sabendo que tal senhor usaria esse pretexto 
para seduzir a irmã de Gonçalo. O protagonista fica entre a política e a honra familiar. 
De fato, embora as coisasse encaminhem na política, André começa a visitar sua irmã em 
momentos que seu cunhado não está. 
Sua redenção começa com um objeto. Ele descobre um antigo chicote de prata perdido no 
sótão. Após sonhar com os antepassados, ele se torna menos tolerante. Vai andar a cavalo e reage a 
um valentão que sempre o molestava. A notícia de sua valentia se espalhou. 
Tornou-se deputado e teve êxito literário. Instala-se em Lisboa. 
Contudo, quatro meses depois consegue uma concessão na África. Hipoteca suas terras e 
parte para a colônia, abandonando a política. Quatro anos depois retorna a seu país, abastado, com 
saúde redobrada e orgulhoso de si. 
 
Interpretação 
Esse romance é o mais significativo da terceira fase do autor. Gonçalo é uma alegoria do 
próprio Portugal. Descendente de ilustres guerreiros medievais, a nação se encontra degradada e 
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humilhada. O jovem nobre que se esconde e foge de um arrendatário figurativiza o Ultimato 
Britânico, quando a Inglaterra humilhou o país. 
Se até a metade do romance Eça faz uma alegoria da condição de Portugal, na metade 
seguinte ele expressa, através do desenlace da sua narrativa, certo otimismo e uma prescrição de 
como deveria ser a pátria que ele ama. 
A certeza que anima o autor é a de que a Lusitânia será grande novamente. A saída para isso, 
expressa na trajetória de Gonçalo, passa pela revalorização do colonialismo e pelo desprezo à 
política. 
É fácil perceber nesse enredo traços culturais que servirão de base para a era de Salazar, ou 
seja, da ditadura que se estabeleceu em Portugal e que perdurou de 1926 até 1975. Afinal, durante 
o salazarismo, a política se restringia a decretos de gabinete e à economia colonial. Tirando esse lado 
sinistro, a estrutura do texto e a linguagem bem cuidada fazem do romance uma obra de notáveis 
qualidades. 
 
A ilustre casa de Ramires (1900) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 12 (XII) capítulos. 
PERSONAGENS Gonçalo Ramires, Titó, Castanheiro, Videirinha, André Cavaleiro, Gracinha. 
TEMPO Como é um romance que lida com o passado, há três marcações históricas. Gonçalo 
encontra um poema romântico sobre os heróis de sua família da década de 1840; 
agora, na década de 1890, ele resolve reescrever a história que se passa no século 
XII. 
ESPAÇO Predominantemente Torre da Aldeia de Santa Irineia. 
ENREDO Gonçalo é um português de ascendência nobre que na atualidade está falido e tem 
dívidas a pagar. O arrendamento de suas terras não cobre as despesas. quem 
ocupava o lugar de deputado da sua região era um inimigo seu. Para sair dessa, 
tenta a fama na Literatura. 
CONFLITO Decide escrever a história de Tructesindo Ramires, um antepassado da época dos 
primeiros reis de Portugal. O narrador passa a contar o que aconteceu à linhagem 
de tal nobre protagonista. De forma até irônica, ele vai mostrando o declínio da 
família a partir de 1640, data da Restauração. 
CLÍMAX A narrativa do declínio tem como contrapartida, no presente, a constante 
humilhação de Gonçalo. Um arrendatário seu, irritado e bêbado, lança pedras no 
solar e o nobre senhor da torre se esconde covardemente. Sua vida medíocre é 
contraposta à dos aventureiros do passado. 
DESFECHO O inimigo político morre e abre-se uma possibilidade de ele entrar para a política. 
Tornou-se deputado e teve êxito literário. Instala-se em Lisboa. 
 
TRECHO DE A ILUSTRE CASA DE RAMIRES 
Mas Gonçalo, que abominava aquela lenda, a silenciosa figura degolada, errando por noites 
de inverno entre as ameias da Torre com a cabeça nas mãos – despegou da varanda, deteve a 
Crônica imensa: 
(...) 
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Abolição 
Início da crise mundial 
que vai até 1890 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1881 
1870
30 
Governo 
Floriano Peixoto 
1891 
Realismo 
Proclamação 
da República 
1888-1889 1873
30 
1871
30 
1894 1893 1880 
Despido, soprada a vela, depois de um rápido sinal-da-cruz, o Fidalgo da Torre adormeceu. 
Mas no quarto, que se povoou de sombras, começou para ele uma noite revolta e pavorosa. 
André Cavaleiro e João Gouveia romperam pela parede, revestidos de cotas de malha, 
montados em horrendas tainhas assadas! E lentamente, piscando o olho mau, arremessavam 
contra o seu pobre estômago pontoadas de lança, que o faziam gemer e estorcer sobre o leito 
de pau-preto. Depois era, na Calçadinha de Vila-Clara, o medonho Ramires morto, com a ossada 
a ranger dentro da armadura, e El-Rei D. Afonso II, arreganhando afiados dentes de lobo, que o 
arrastavam furiosamente para a batalha das Navas. Ele resistia, fincado nas lajes, gritando pela 
Rosa, por Gracinha, pelo Titó! Mas D. Afonso tão rijo murro lhe despedia aos rins, com o guante 
de ferro, que o arremessava desde a Hospedaria do Gago até a Serra Morena, ao campo da lide, 
luzente e fremente de pendões e de armas. E imediatamente seu primo de Espanha, Gomes 
Ramires, Mestre de Calatrava, debruçado do negro ginete, lhe arrancava os derradeiros 
cabelos, entre a retumbante galhofa de toda a hoste sarracena e os prantos da tia Louredo 
trazida como um andor aos ombros de quatro Reis!... (...) 
 
Comentários 
 Como romance histórico, a História é recontada por meio de artifícios literários, como o 
excesso de descrição. A atuação política de Gonçalo tem por cenário o período que a história 
política de Portugal denomina Regeneração. Facções da burguesia emergente das revoluções 
liberais alternavam-se no poder e transitavam do Partido “Histórico” para o “Regenerador” e 
vice-versa, sem qualquer constrangimento, ao sabor de conveniências eleitorais. É o que fez 
Gonçalo para lançar-se candidato. Representante da aristocracia decadente, desenvolve uma 
política caracteristicamente paternalista. Nessa direção, ampara a mulher e os filhos pequenos 
do agricultor José Casco de Bravaes, que primeiro mandou prender e depois soltar, quando 
percebeu nele um eleitor potencial. Distribui favores, aproxima-se dos pobres, acerca-se dos 
correligionários com práticas eleitorais clientelistas. 
 
3 – REALISMO E NATURALISMO NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O Realismo ocorre num momento muito 
particular da história do Brasil. A corte se consolida como 
o grande espaço urbano do país, com seus bailes e vida 
cultural significativa para uma ex-colônia. Um estilo 
refinado pautado pela imitação dos franceses se impõe 
nos gestos, na erudição na formação do carioca. Pode-se 
observar esse ambiente até um pouco artificial e afetado 
nas obras de José de Alencar e Machado de Assis. 
Ao mesmo tempo, o Império está no meio de uma 
crise que vai desembocar na República. Desde o fim da 
Guerra do Paraguai, o Brasil enfrenta uma crise 
financeira – o custo da guerra foi alto – e social. Os 
escravos participaram no conflito impondo ao status quo 
o reconhecimento de pertencimento à nação brasileira. 
 A Lei do Ventre Livre e a fundação do Partido 
Republicano evidenciam uma realidade social muito 
mais complexa. Os negros e os párias sociais que só 
tinham aparecido nos romances românticos de forma cômica ou na posição de vilões, ocuparão um 
espaço significativo, quando não o lugar de protagonista (no romance O bom-crioulo, de Adolfo 
Caminha – 1867-1897 –, autor naturalista). Em vários contos e em alguns romances de Machado de 
Assis, os negros aparecem não mais submetidos a estereótipos, mas em cenas que começam a dar 
uma noção da complexidade social da nação. 
O Realismo/Naturalismo, no Brasil, seguiu trajetóriasvariadas. Aluísio Azevedo e Adolfo 
Caminha adotam a linguagem mais grosseira e se valem das ideias cientificistas. Machado de Assis, 
em alguns momentos, ironiza a moda filosófica, criticando-a sob a perspectiva de pensadores 
clássicos, além de manter fiel a uma linguagem elegante como se fosse um lorde inglês nos trópicos. 
Raul Pompeia parece indiferente a essas escolas, realizando um Realismo próprio que se aproxima 
do que depois virá a ser chamado de Expressionismo. 
 
3.1 – Machado de Assis 
 Vamos começar com o mais importante autor do 
Realismo e da Literatura brasileira. As histórias de 
Machado de Assis são mais simples, nada rocambolescas, 
até porque, vamos combinar, ninguém, na vida real, viveria 
tantas peripécias quanto as que eram experimentadas 
pelos heróis românticos. 
 Apesar disso, a narrativa, dada a ambiguidade e a 
ironia, traduz uma complexidade própria do ser humano. 
As intervenções do escritor e a análise dos personagens 
tomam o espaço destinado à ação. 
Filho de gente humilde, aos 15 anos publica os 
primeiros versos e é aprendiz de tipógrafo (executor de 
serviços tipográficos de composição, paginação ou 
Fo
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impressão). Posteriormente, irá ganhar a vida sendo jornalista, 
profissão a qual lhe rendeu grandes contatos políticos e literários. 
Porém, não estava totalmente satisfeito com tal ofício. Aos 27 anos, 
ingressa no serviço público, em que ficaria até o fim da vida. 
Foi o fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras 
(ABL), criada em 1897 e baseada no modelo da Academia Francesa de 
Letras (Académie Française). Segundo o crítico literário brasileiro 
Roberto Schwarz, na caricatura, “foi possivelmente o maior escritor 
brasileiro”. Morreu em 1908 no Rio de Janeiro. 
O estilo machadiano é tão particular que, abaixo do quadro biográfico, você encontrará 
algumas das características do texto do autor. 
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) nasceu no bairro do Livramento, região 
modesta do Rio de Janeiro. Seus pais eram humildes, o mulato Francisco José de Assis, pintor de 
paredes, e Maria Leopoldina. Contudo logo ficou órfão de pai e mãe e foi criado pela madrasta, a 
lavadeira Maria Inês. Na adolescência trabalhou vendendo balas e doces. Com 15 anos, conseguiu 
trabalhar como tipógrafo na Imprensa Nacional, dirigida, na época, por Manuel Antônio de Almeida, 
que o encorajou a se tornar escritor. 
Entre 1855 e 1869, trabalha em jornais, inicialmente como revisor e, posteriormente, como 
jornalista. Publica, em 1864, uma coletânea de poemas, “Crisálidas”. Com 30 anos casa-se com 
Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta que o influenciará, revelando ao escritor os clássicos 
da Literatura Universal. 
 
A partir de 1872, o escritor publica seus romances. Os quatro 
primeiros (Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia) 
são românticos. Como Memórias Póstumas de Brás Cubas 
(1881), o escritor enverada pelo Realismo. Não se entrega 
totalmente à moda literária. Construiu um estilo próprio que 
destoa em vários pontos do Realismo tradicional. Quanto ao 
Naturalismo, praticamente o ignorou, em alguns pontos 
percebe-se, inclusive, sua verve crítica em relação aos “ismos” 
que serviram de base para o Naturalismo. 
 
O Realismo de Machado tenta o impossível. Retratar as bases “reais” do comportamento 
humano. Ele deixa o fenômeno, aquilo que geralmente é o foco do Realismo, para submergir nas 
motivações psicológicas de seus personagens. 
Teve contato com vários dos principais escritores do século XIX, foi amigo de José de Alencar 
e recepcionou Castro Alves quando o poeta passou pela corte. Participou da fundação da Academia 
Brasileira de Letras em 1897. Sua esposa morreu em 1904, e Machado entrou em depressão. Mesmo 
assim, algumas obras ainda foram lançadas depois dessa data: Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires 
(1908) e Relíquias da casa velha (1906). 
 
 
 
 
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
• Os fatos aparecem conforme são lembrados pelo narrador ou pelas personagens.
Corresponde à digressão: ação ou resultado de se desviar do assunto tratado; desvio,
afastamento de um objetivo; evasiva, pretexto, subterfúgio; recurso literário us. para
esclarecer, detalhar, ilustrar ou criticar um assunto (dicionário Aulete).
• O objetivo principal é o retardamento do texto, brincando com as instâncias de
essência e aparência, pois o que parece mais importante (o enredo) de repente passa
a não ser mais, deixando-se entrever outros detalhes.
NARRATIVA NÃO LINEAR
• A obra de Machado de Assis flerta com o niilismo (não acreditar em nada; o Nada
Absoluto), com uma visão negativa do mundo e do homem. Muitos de seus
personagens são cínicos ou hipócritas.
• É uma vertente que influenciou Machado de Assis por ser contemporâneo do
decadentismo francês, com Charles Baudelauire, por exemplo, e dos movimentos
pessimistas de transição do século XIX para o XX. Verifica-se pessimismo
especialmente no “Capítulo das Negativas” de Memórias póstumas de Brás Cubas.
PESSIMISMO
• As tendências filosóficas (positivismo, darwinismo, determinismo) são muitas vezes
questionadas pelo autor.
• Esse aspecto está presente no emplasto de Brás Cubas, um remédio mágico que
curaria toda a humanidade, quando no fundo Brás Cubas só queria descobri-lo por
fama própria. Também está em Quincas Borba, quando Machado de Assis critica o
surgimento de tantas tendências no século XIX, muitas vezes até mesmo sem
embasamento ou com fundamentos cruéis.
DESCRENÇA NO CIENTIFICISMO
• E humor negro, advinda da tradição inglesa do humour, bem como o riso são muitas
vezes o modo de lidar com o mundo que o autor encara negativamente. Ficou
conhecido pelo humor machadiano.
IRONIA
• A metalinguagem é tanto uma função de linguagem quanto um efeito de texto em
que se verifica a linguagem se remetendo a ela mesma. Porém, pode ser um filme se
remetendo a ele mesmo; ou uma fotografia se remetendo a ela mesma → trata-se de
algo se remetendo a si mesmo.
• O comentário do escritor sobre a própria escrita, os próprios capítulos, a própria
obra etc. é um traço evidente de suas obras. Frequentemente, as obras contêm
informações sobre os capítulos, sobre a relação com o leitor, sobre o estilo de escrita
entre outros.
METALINGUAGEM
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO AUTOR 
 
 
DISCURSO INDIRETO LIVRE 
“Além da variedade de discursos diretos e indiretos, a narrativa de ficção, a partir das 
últimas décadas do século XIX, utiliza um tipo de discurso que consiste na combinação dos 
já existentes, misturando valores estilísticos de um e de outro: é o discurso indireto livre, que 
recebeu denominações diversas dos autores que o estudaram (discurso velado, direto 
impropriamente dito, discurso vivido). 
(...) O discurso indireto livre, em muitos casos, não deixa claro quem está com a palavra, 
se o narrador ou a personagem. O que permite distinguir é estar sendo relatado o 
pensamento da personagem, o qual é dela e não do narrador; por mais que este com ela se 
identifique. Este tipo de discurso tem, portanto, um cunho acentuadamente psicológico, 
daí a sua voga no romance realista que pretendia apresentar com maior profundidade o 
mundo interior das suas criaturas: seus estados emotivos, devaneios, reflexões, 
perturbações alucinatórias, autoanálise etc. O narrador podia ficar por trás delas, em atitude 
neutra ou irônica”. (MARTINS,2011, p. 251, grifos meus). 
 
• O uso de imperativos, vocativos ou de perguntas direcionadas ao leitor muitas vezes
de forma jocosa representa o jogo de aproximação/afastamento do narrador; ora ele
quer conquistar e convencer o leitor, ora quer se mostrar superior. Em todo caso,
para o bem ou para o mal, parte do pressuposto de que vai ser lido. Na teoria
literária, esse leitor ideal é denominado de narratário.
• Exemplo: “E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai,
amiga minha, a resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia
largo e fofo, – coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer
amar. Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos
diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero senão com dissimulados.”
(Machado de Assis – Quincas Borba, grifos meus).
DIÁLOGO COM O LEITOR
• Recursos tais como análise dos pensamentos, das sensações e do abismo entre
desejo e convenções sociais fazem parte importante do enredo.
• Opera o trânsito entre a crítica e a denúncia dos costumes sociais (externo) com as
opiniões íntimas (interno). Muitas vezes é empregada a técnica literária do discurso
indireto livre.
PSICOLOGISMO
• Trata-se da menção a outros autores e obras, internacionais e nacionais, inclusive do
próprio autor. O ideal é não procurar todos os autores, pois isso pode atrapalhá-los e
distraí-los. De qualquer forma, os mais importantes serão analisados mais à frente.
• No caso de Machado de Assis, há muita intertextualidade com a Bíblia e outros
autores do cânone, com quem não só quer dialogar, como também rivalizar.
• A intertextualidade também pode ser interna, como é o caso do personagem
Conselheiro Aires, que está presente tanto no romance Esaú e Jacó quanto no
Memorial de Aires.
INTERTEXTUALIDADE
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(VUNESP – Universidade Estadual Paulista – 2019 – adaptada) 
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), e julgue o item a seguir. 
 
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. 
Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro 
o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da 
embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, 
e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, 
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam 
dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem 
social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham 
penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. 
 O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste 
grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, 
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, 
mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. 
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da 
escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar 
pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o 
mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque 
dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo 
de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. 
Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, 
e iam ganhá-lo fora, quitandando. 
 Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios 
nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por 
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-
se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou 
ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. 
Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. 
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser 
instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita 
das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a 
necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de 
servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para 
pôr ordem à desordem. 
(Contos: uma antologia, 1998.) 
 
 
 
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A perspectiva do narrador diante das situações e dos fatos relacionados à escravidão é marcada, 
sobretudo, pela ironia. 
Comentários 
 Questão sobre conhecimento do estilo do autor/interpretação de texto literário. 
No conto “Pai contra mãe”, o narrador relata práticas que remontam ao período da 
escravidão aplicando muitas vezes o recurso da ironia, figura caracterizada pelo emprego inteligente 
de contrastes, usado literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos. Há grande 
ironia, por exemplo, em “Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão”, como se algum escravo 
gostasse, de fato, de apanhar. 
Nos escritos literários de Machado de Assis como um todo o que há é a crítica e a 
problematização da escravidão, mais do que uma defesa ou condenação abertas propriamente 
ditas. Nisso, torna-se bastante clara a ironia, pois há também duplo sentido: será que são máscaras 
de ferro ou as máscaras que o próprio narrador utiliza!? Isso não fica claro, não é de todo respondido. 
Mais uma vez, consiste na sutileza do estilo de Machado de Assis. 
 Grau de dificuldade da questão: médio. 
Gabarito: C. 
 
3.1.1 – Romances 
 
 Memórias póstumas de Brás Cubas 
Publicado em 1881, inaugura, ao lado de O cortiço, 
o Realismo no Brasil. Sua forma e estilo são experimentais: 
o autor mistura influências de Laurence Sterne (1713-1768), 
na caricatura, e de Almeida Garret. Sterne é um escritor 
irlandês cuja obra-prima é A vida e as opiniões de Tristram 
Shandy (1759), com quem Machado de Assis aprendeu 
muito de sua ironia. A narrativa bêbada, com idas e vindas, 
com digressões e comentários metalinguísticos, traduz o 
sarcasmo próprio do narrador protagonista. 
Nas obras posteriores, o autor utilizará as técnicas 
desenvolvidas nesse romance de forma mais equilibrada. 
 
 
 
 
• Narrador: primeira pessoa, um defunto autor que, por estar morto, pode revelar os
podres dos homens sem que sofra qualquer retaliação. Trata-se de um narrador
sarcástico, cínico e ressentido que se compraz em humilhar o leitor.
• Tempo: abrange o tempo de vida do narrador, 1805-1869; narrativa não linear,
cortada por digressões, flashbacks e diálogo com o leitor.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
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Enredo 
Brás Cubas escreve suas memórias. Começa pela infância, quando descreve sua formação de 
caráter sob a égide da permissividade paterna. Quando adolescente, envolve-secom Marcela, uma 
cortesã interessada nas condições financeiras do protagonista. O pai, por esse motivo, envia o filho 
para Coimbra, onde deverá se tornar bacharel. 
A mãe morre, ele volta de Portugal e encontra algum apoio em Eugênia, uma moça muito 
bonita, coxa e filha bastarda. As condições sociais da moça levam o narrador a desprezá-la, apesar 
do evidente interesse. 
Finalmente, interessa-se por uma mulher de sua classe, Virgília. Contudo, ela fica entre dois 
pretendentes: o pavoneado Brás Cubas e o ambicioso Lobo Neves. Escolhe o último. 
O pai morre, ele briga com a irmã por causa da herança. Nessa época solitária, já maduro, ele 
se encontra com a antiga pretendente. Ela continua casada, mas, como o narrador não é ciumento, 
eles se tornam amantes. 
Começam as peripécias para esconder da sociedade e do 
marido corno a traição. O casal aluga uma casa na Gamboa que servirá 
de refúgio amoroso. D. Plácida, uma agregada conhecida de Virgília, 
finge ser a dona do local. Ela é costureira e serve de álibi perfeito para 
uma mulher que deve fazer diversas provas na costureira. 
Virgília fica grávida, o que faz o narrador pensar 
romanticamente em fugir com ela, mas em seguida perde a criança. 
Brás Cubas fica sem qualquer herdeiro. Lobo Neves é nomeado para 
ocupar um cargo em outra província e o casal vai embora do Rio. 
Começa uma fase entediante para o personagem principal. Ele 
reencontra um amigo louco, Quincas Borba, com quem discute teorias 
filosóficas esdrúxulas. Reconcilia-se com a irmã, que consegue 
arranjar uma pretendente para se casar com Brás, Nhá Loló. O 
casamento não se realiza, pois a moça morre antes. 
Ele morre de pneumonia no momento quando tentava criar 
um emplasto para curar todas as moléstias. Ele faz essa afirmação, 
mas insinua que não era o interesse pelo bem da humanidade que o 
motivava, mas a possibilidade de ver seu nome no jornal como sendo 
o de um grande benfeitor. 
 
Interpretação 
A interpretação pode ser feita a partir de dois polos: o da análise psicológica e o da crítica à 
elite escravocrata brasileira. 
Em relação à crítica social, Machado de Assis cria um personagem da elite que contará sua 
história em primeira pessoa. Se estivesse vivo, não poderia ser sincero, esconderia suas intenções 
sob um discurso moralista. Como está morto, ele vai revelando sua futilidade e falha ética. 
Brás Cubas nasceu em uma família abastada, mas sem muito escrúpulo, a não ser o da 
conquista da consideração pública. Como personagem típico de uma sociedade escravocrata, Brás 
Cubas poderia dispor dos negros a sua volta e das pessoas miseráveis, sempre com alguma fineza e 
elegância. É o que ele faz durante sua vida. Ele respeita somente aqueles que pertencem a sua classe 
social. 
Essa forma de dispor das pessoas migra para a própria estrutura do texto. O narrador, 
caprichoso, comanda a narrativa fazendo interrupções, digressões despropositadas, intervenções 
Cartaz do filme “Memórias 
póstumas de Brás Cubas” 
(2001). Fonte: Imdb. 
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irônicas, desafiando a inteligência do leitor, quando não, insinuando incapacidade intelectual de 
quem o lê. 
A estrutura social hipócrita do Império permitiu que Machado de Assis visse com mais nitidez 
a diferença entre intenções subjetivas e julgamento social. Entre esses dois extremos, há espaço para 
ressentimentos, moralismos, remorsos e justificativas que ele capta ao deixar expostos os 
pensamentos do protagonista. Há vários momentos em que Brás Cubas revela que seu ato 
humanitário tem como origem a vontade de ser aplaudido publicamente. 
 
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 160 (CLX) curtos capítulos. 
PERSONAGENS Brás Cubas; Prudêncio; Marcela; Eugênia; Virgília; Dona Plácida; cunhado Cotrim; 
Lobo Neves; Quincas Borba → intertextualidade interna. 
TEMPO Abrange o tempo de vida do narrador, 1805-1869; narrativa não linear, cortada por 
digressões, flashbacks e diálogo com o leitor. 
ESPAÇO Rio de Janeiro 
ENREDO Brás Cubas escreve suas memórias. Começa pela infância, quando descreve sua 
formação de caráter sob a égide da permissividade paterna. Quando adolescente, 
envolve-se com Marcela, uma cortesã interessada nas condições financeiras do 
protagonista. Ambos os pais morrem. Brás Cubas encontra algum apoio em Eugênia, 
uma moça muito bonita, coxa e filha bastarda. As condições sociais da moça levam 
o narrador a desprezá-la. 
CONFLITO Finalmente, interessa-se por uma mulher de sua classe, Virgília. Contudo, ela fica 
entre dois pretendentes: o pavoneado Brás Cubas e o ambicioso Lobo Neves. 
Escolhe o último. 
CLÍMAX Virgília fica grávida, o que faz o narrador pensar romanticamente em fugir com ela, 
mas em seguida perde a criança. Começa uma fase entediante para o personagem 
principal. Ele reencontra um amigo louco, Quincas Borba, com quem discute teorias 
filosóficas esdrúxulas. 
DESFECHO Ele morre de pneumonia no momento quando tentava criar um emplasto para curar 
todas as moléstias. Seu legado é um grande nada. 
 
 
(Cebraspe – Secretaria de Estado da Educação de Alagoas – Professor de Português – 2018) 
Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias 
e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas 
do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, 
vejamos alguns lineamentos do menino. 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era 
outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por 
exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco 
que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não 
satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e 
eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha 
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as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma 
varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes 
gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu 
retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas 
graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas 
façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões 
de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, 
à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos. 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros 
nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se 
não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras. 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me a atenuá-la, a 
explicá-la, a classificá-la por partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das 
circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e 
orações; mas eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e a boa 
regra perdia o espírito, que a faz viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, 
e de noite, antes da cama,pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos meus 
devedores; mas entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai, passado o alvoroço, 
dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro! 
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Internet: <www.dominiopublico.gov.br>. 
 
Julgue os próximos itens, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-
literário em que foi produzido e à produção literária machadiana. 
 
1) A obra da qual esse fragmento de texto foi extraído pertence à segunda fase da produção 
machadiana e inaugura a estética realista no Brasil. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de cânone; estilo do autor e movimento literário. 
 O romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) faz parte da segunda fase de Machado 
de Assis, considerada realista, e também inaugura o movimento realista na Literatura Nacional. 
 O grau da dificuldade da questão é: fácil. 
Gabarito: C. 
 
2) A crueldade e a rebeldia que caracterizam o menino Brás Cubas se contrapõem à imagem 
idealizada de infância, própria de autores românticos. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Brás Cubas mostra-se uma criança perversa já desde a infância, como se esse fato fosse 
justificar sua personalidade na fase adulta. Segundo ele, quando criança quebrou a cabeça de escrava 
e montava em Prudêncio, além de outras travessuras, como esconder chapéus. 
 O grau da dificuldade da questão é: fácil. 
Gabarito: C. 
 
3) A afirmação “o menino é pai do homem” é corroborada pelo narrador, que se mostra consciente 
dos fatos que marcaram sua trajetória existencial. 
Comentários 
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 Questão de interpretação de texto literário. 
Essa frase quer dizer que o menino tem tanta autoridade que é capaz até mesmo de mandar 
no pai. Assim, cresce sem ser repreendido pelos pais, pois o pai gosta de tudo que faz e a mãe é 
pacífica e benevolente, ensinando-lhe a rezar. 
 O grau da dificuldade da questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
4) No fragmento apresentado, assim como em toda a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, 
predomina a linguagem denotativa, em consonância com os princípios de racionalismo e 
objetividade característicos do Realismo. 
Comentários 
 Conhecimento da obra do cânone/características do movimento literário. 
Percebam que é o tipo de questão que vai abordar o enredo e o estilo de todo o livro; logo, 
sua visão global. Mesmo que o Realismo seja um movimento literário no qual predominou a 
verossimilhança, muitas vezes para estabelecer suas críticas sociais Machado de Assis utilizava 
recursos estilísticos subjetivos, como a ironia. Portanto, linguagem conotativa e não denotativa. 
 O grau da dificuldade da questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
5) O fragmento apresentado é predominantemente descritivo, dada a preocupação do narrador 
em detalhar suas próprias características. 
Comentários 
 Questão sobre organização textual. 
O trecho mistura narração com descrição. 
 O grau da dificuldade da questão é: fácil. 
Gabarito: E. 
 
6) Depreende-se do último parágrafo do texto que Brás Cubas foi criado em contexto familiar que 
reprovava comportamentos prepotentes. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Pelo contrário: mesmo admitindo ter feito maldades, Brás Cubas diz que a reação do pai 
quanto a isso era relevar, bater em seus ombros e dizer: “Ah! brejeiro! ah! brejeiro!”, como quem se 
orgulha do filho em vez de repreendê-lo adequadamente por suas torturas. 
 O grau da dificuldade da questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
7) Para compor um panorama da sociedade carioca do século XIX, Machado de Assis elege, 
principalmente nos romances da segunda fase de sua produção, protagonistas pertencentes às 
classes populares, como é o caso de Bento Santiago, narrador de Dom Casmurro. 
Comentários 
 Questão de conhecimento do cânone. 
Machado de Assis elege para suas personagens as classes sociais das mais variadas. Porém, 
predominantemente, a crítica gira em torno da burguesia, classe da qual Bento A=Santiago faz parte. 
 O grau da dificuldade da questão é: médio. 
Gabarito: E. 
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 Quincas Borba 
Dez anos depois de Memórias póstumas de 
Brás Cubas, surge este interessante romance que, 
embora leve um nome próprio no título, apresenta 
como protagonista Rubião. Amigo do filósofo 
Quincas Borba, aproxima-se deste no fim da vida e 
por sorte do destino acaba sendo herdeiro universal 
de toda sua herança quando o amigo morre, 
inclusive, com o cachorro com o mesmo nome: 
Quincas Borba. 
Porém, uma série de oportunistas se 
acercam de Rubião que, ingênuo e depois 
enlouquecendo, não consegue manter seu 
patrimônio. Entre os aproveitadores está o casal 
Palha. Rubião acaba por se apaixonar por Sofia, mas 
nunca conquista nada com ela. 
 
 
 
Quincas Borba (1891) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA CCI (201) capítulos. São na maioria das vezes capítulos curtos, alguns de um 
parágrafo só. Os capítulos não são nomeados (em contraposição a Memórias 
póstuma de Brás Cubas, cujos capítulos eram nomeados). 
PERSONAGENS Quincas Borba (filósofo); Quincas Borba (cachorro); Rubião; Sofia. Cristiano Palha; 
Camacho; Carlos Maria; Maria Benedita. Tipos previsíveis. Outras personagens: 
Major Siqueira; Dona Tonica; Tia Augusta. 
TEMPO Entre 1867 e 1871. Logo, o enredo ocorre no Brasil – Segundo Império. 
ESPAÇO Rio de Janeiro (Botafogo) e Barbacena (Minas Gerais). 
ENREDO Rubião era amigo do filósofo Quincas Borba, que viera a falecer sem deixar 
herdeiros. Inesperadamente, Rubião torna-se o seu herdeiro universal, ganhando 
não só o dinheiro, mas também o cachorro que levara o mesmo nome do dono. 
Indo ao Rio de Janeiro para resolver questões do testamento, acaba por conhecer 
Cristiano Palha, que se aproveita da sua nova condição financeira, e sua esposa 
Sofia, por quem se apaixona. 
CONFLITO Impasse de Rubião. Sofia é capaz de trair o marido Palha, mas não com ele. Rubião 
se torna enciumado e obcecado, adentrando em um ciclo obsessivo. 
CLÍMAX Rubião enlouquece. Sofia tem medo dele e depois um sentimento médio: nem 
remorso, mas certamente não amor. 
DESFECHO Rubião é internado numa casa de saúde; mas foge de lá e volta para a sua cidade 
natal – Barbacena – com o cachorro, Quincas Borba. O primeiro morre, seguido do 
segundo depois de 3 dias. 
 
 
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 Dom Casmurro 
O romance foi publicado 18 anos após Memórias póstumas. A crítica considera a obra mais 
bem-acabada do escritor. No texto, os recursos literários utilizados de forma exagerada no primeiro 
romance realista são manejados com mais cuidado, sem que se perca a essência de Machado: a 
análise psicológica e a ambiguidade. 
 
 
 
Enredo 
No primeiro capítulo somos apresentados a Bentinho, um senhor que pretende “atar as duas 
pontas da vida” e fazer um balanço para entender o que aconteceu em seu casamento. De forma 
retrospectiva, lembra-se da adolescência e de seu encantamento por Capitu, filha de vizinhos 
próximos que tinham a proteção de sua mãe. 
O narrador sugere que Capitu o teria seduzido: por 
atração amorosa ou por interesse financeiro? O narrador 
tem dúvidas quanto a isso. Sua empolgação com a moça 
encontra um obstáculo: como D. Glória tinha perdido um 
filho, prometera que o próximo, Bentinho, seria padre. 
Bentinho segue para o seminário. Lá, ele conhece 
Ezequiel Escobar, seu grande amigo. Ao mesmo tempo,o 
jovem se aproxima de José Dias, um agregado e conselheiro 
de D. Glória, para que ele interceda a seu favor. José Dias 
não gosta de Capitu, mas imagina que poderia viajar para a 
Europa ao lado de Bentinho se o garoto não se tornasse 
padre. 
Capitu conquista D. Glória, que agora vê com pesar a 
ausência do filho. Bentinho revela para a mãe que não tem 
vocação religiosa, e é Escobar quem encontra uma solução: 
ela prometera para Deus formar um padre, não era 
imprescindível que fosse Bentinho. D. Glória, então, envia ao 
seminário um escravo que se tornará padre. 
Bentinho e Capitu se casam. Depois de alguns anos 
nasce o filho Ezequiel. Escobar também se casa e os amigos se frequentam. Com o passar do tempo, 
o protagonista vai se tornando desconfiado. Ezequiel morre e, no velório, o narrador observa que 
Capitu teria demonstrado um sentimento além do normal para alguém que seria simplesmente 
amigo do casal. Nesse ponto, ele descreve o olhar enigmático de Capitu com a seguinte expressão: 
“olhos de ressaca”. 
• Narrador: primeira pessoa, um senhor casmurro, ou seja, ensimesmado, resolve
contar sua história para provar que não teria sido injusto com sua esposa.
• Tempo: segunda metade do século XIX; a narrativa começa em 1857 quando o
protagonista tem 14 anos.
• Espaço: Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
Cartaz da série “Capitu” (2008). 
Fonte: Imdb. 
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 Bentinho fica atormentado. Começa a ver nas feições de Ezequiel traços de Escobar. Torna-
se insuportável. Capitu parte para o exterior com o Filho e morre na Europa. Ezequiel retorna ao 
Brasil, mas tem uma recepção fria e distante por parte do pai. Morre de febre tifoide durante uma 
viagem para Jerusalém. 
Ao final do livro, ele conclui que Capitu o traiu, mesmo sem ter conseguido dar uma prova 
substancial durante toda a narrativa. 
 
 
 
Dom Casmurro (1899) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 148 (CXLVIII) capítulos curtos. 
PERSONAGENS Bento; Capitu; Dona Glória; Escobar; Ezequiel; José Dias. 
TEMPO Segunda metade do século XIX; a narrativa começa em 1857, o protagonista tem 14 
anos. 
ESPAÇO Rio de Janeiro 
ENREDO De forma retrospectiva, Bentinho lembra-se da adolescência e de seu 
encantamento por Capitu, filha de vizinhos próximos que tinham a proteção de sua 
mãe. Sua empolgação com a moça encontra um obstáculo: como D. Glória tinha 
perdido um filho, prometera que o próximo, Bentinho, seria padre. 
CONFLITO Bentinho segue para o seminário. Lá, ele conhece Ezequiel Escobar, seu grande 
amigo. Ao mesmo tempo, o jovem se aproxima de José Dias, um agregado e 
conselheiro de D. Glória, para que ele interceda a seu favor. José Dias não gosta de 
Capitu, mas imagina que poderia viajar para a Europa ao lado de Bentinho se o 
garoto não se tornasse padre. É Escobar quem encontra uma solução: ela prometera 
para Deus formar um padre, não era imprescindível que fosse Bentinho. D. Glória, 
então, envia ao seminário um escravo que se tornará padre. 
CLÍMAX Bentinho e Capitu se casam. Depois de alguns anos nasce o filho Ezequiel. Escobar 
também se casa e os amigos se frequentam. Com o passar do tempo, o protagonista 
vai se tornando desconfiado. Ezequiel morre e, no velório, o narrador observa que 
Capitu teria demonstrado um sentimento além do normal para alguém que seria 
simplesmente amigo do casal. Nesse ponto, ele descreve o olhar enigmático de 
Capitu com a seguinte expressão: “olhos de ressaca”. 
DESFECHO Bentinho fica atormentado. Começa a ver nas feições de Ezequiel traços de Escobar. 
Torna-se insuportável. Capitu parte para o exterior com o Filho e morre na Europa. 
Ezequiel retorna ao Brasil, mas tem uma recepção fria e distante por parte do pai. 
Morre de febre tifoide durante uma viagem para Jerusalém. Ao final do livro, ele 
conclui que Capitu o traiu, mesmo sem ter conseguido dar uma prova substancial 
durante toda a narrativa. 
 
 
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TRECHO DE DOM CASMURRO 
Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou 
novas. Onze meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifóide, e foi enterrado nas 
imediações de Jerusalém, onde os dous amigos da universidade lhe levantaram um 
túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em grego: "Tu eras perfeito nos 
teus caminhos." Mandaram-me ambos os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, 
a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para não tornar 
a vê-lo. 
Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, achei que era exato, mas 
tinha ainda um complemento: "Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua 
criação." Parei e perguntei calado: "Quando seria o dia da criação de Ezequiel?" Ninguém 
me respondeu. Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de 
tudo, jantei bem e fui ao teatro. 
Machado de Assis – Dom Casmurro. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/6wfv6yy. Acesso em: 11 de abril de 2020. 
 
Comentários 
 No fragmento, observa-se o processo de uma construção e uma convicção tão 
acirrada que os ânimos se exaltam e a razão se oblitera. O ciúme é tão doentio e xucro, 
isto é, casmurro mesmo, que chega a desejar o mal de Ezequiel, pois via nele Escobar, que 
tinha como certo que era amante. Independentemente de Ezequiel ser mesmo filho ou 
não de Bentinho, este mostra para com aquele uma frieza chocante. A relação entre 
ambos é baseada na distância, até no elemento pecuniário. 
 
 
 Esaú e Jacó 
O livro foi publicado em 1904, depois da proclamação da República. O título é extraído da 
Bíblia e faz referência à disputa entre irmãos. Nesse romance, Machado envereda por um enredo 
mais simples e se vale do narrador em terceira pessoa, fato que torna a narrativa “mais comportada”. 
A crítica costuma destacar o fato de que, nitidamente, o autor faz uma alegoria da passagem 
da Monarquia à República. Trata-se do romance em que o autor expôs sua opinião sobre o contexto 
político em que vivia. 
 
 
 
 
 
• Narrador: o texto teria sido encontrado nos cadernos do Conselheiro Aires, mas ele
não é o narrador. O narrador de fato é onisciente em terceira pessoa.
• Tempo: inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até os
primeiros anos da República.
• Espaço: Rio de Janeiro.
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Enredo 
Natividade, grávida de gêmeos, consulta 
uma cabocla para saber do destino das crianças. 
Seriam grandes, mas rivais na vida. 
Os dois crescem idênticos na aparência, 
mas opostos no caráter. Paulo se torna 
republicano e ingressa na Faculdade de Direto; 
Pedro, monarquista e cursa Medicina. Forma-se 
um triângulo amoroso, quando os dois se 
apaixonam por Flora, filha de um político 
oportunista chamado Batista. 
O pai é nomeado para presidente de 
uma província ao norte, portanto a moça deverá abandonar o Rio. Mas, então, é proclamada a 
República. As circunstâncias mudam e, para felicidade dos irmãos, ela deve ficar na capital. 
Indecisa, vai para a casa da irmã do Conselheiro Aires, contudo adoece e morre. Não resta aos 
irmãos outra coisa senão dar atenção às respectivas carreiras. Os dois são eleitos deputados, mas 
atuam em lados opostos. 
Natividade, em seu leito de morte, pede aos dois que se reconciliem. Os irmãos abalados 
atendem ao desejo materno, mas por pouco tempo. Logo recomeçam as brigas e eles terminam 
separados. 
 
Interpretação 
Do ponto de vista da análisepsicológica, o enredo envolvendo gêmeos permite ao autor 
explorar a ambiguidade e dualidade do ser humano. Um representa o espírito, outro, o coração. A 
paixão por uma única mulher permite explorar a indecisão que ronda o indivíduo. 
Contudo a história pode ser lida como alegoria da transição entre os regimes políticos. Os 
gêmeos são idênticos e opostos. No Brasil, republicanos e monarquistas retoricamente se 
contrapõem sem que isso os distinga na prática. 
 
Esaú e Jacó (1904) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 121 (CXXI) capítulos. 
PERSONAGENS Natividade; Paulo; Pedro; Flora; Aires → intertextualidade interna. 
TEMPO Inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até os primeiros 
anos da República. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO Natividade, grávida de gêmeos, consulta uma cabocla para saber do destino das 
crianças. Seriam grandes, mas rivais na vida. Os dois crescem idênticos na aparência, 
mas opostos no caráter. Paulo se torna republicano e ingressa na Faculdade de 
Direto; Pedro, monarquista e cursa Medicina. Forma-se um triângulo amoroso, 
quando os dois se apaixonam por Flora, filha de um político oportunista chamado 
Batista. 
Fo
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CONFLITO O pai é nomeado para presidente de uma província ao norte, portanto a moça 
deverá abandonar o Rio. Mas, então, é proclamada a República. As circunstâncias 
mudam e, para felicidade dos irmãos, ela deve ficar na capital. 
CLÍMAX Indecisa, vai para a casa da irmã do Conselheiro Aires, contudo adoece e morre. Não 
resta aos irmãos outra coisa senão dar atenção às respectivas carreiras. Os dois são 
eleitos deputados, mas atuam em lados opostos. 
DESFECHO Natividade, em seu leito de morte, pede aos dois que se reconciliem. Os irmãos 
abalados atendem ao desejo materno, mas por pouco tempo. Logo recomeçam as 
brigas e eles terminam separados. 
 
 
 Memorial de Aires 
Último romance do autor, publicado em 1908. Narrativa não linear à moda de Memórias 
póstumas. O título já diz ao que se presta: um memorial, ou seja, um conjunto de folhas esparsas 
com eventos interessantes dignos de serem lembrados pelo Conselheiro Aires e que foram anotados 
na forma de diário. 
 
 
 
Enredo 
Marcondes Aires, diplomata aposentado, viúvo e solitário, acompanha com interesse a 
história do casal Aguiar. 
Aguiar e D. Carmo estão casados há mais de 20 anos, mas não têm filhos. A mulher dirige todo 
seu carinho de mãe para o afilhado, Tristão, e para uma viúva, Fidélia, chegando a chamá-la de 
“minha filha”. 
Tristão viaja para a Europa, onde se forma em Medicina. D. Carmo sente saudades “do filho”, 
que vai deixando de enviar cartas. Contudo a notícia de que o jovem retornará da Europa reanima o 
casal Aguiar. 
Ao chegar ao Brasil, D. Carmo apresenta ao afilhado Fidélia. Eles se apaixonam, se casam e 
vão para a Europa, deixando os Aguiar sozinhos novamente. 
Essa história é entrecortada pela própria história do Conselheiro. Ele conhece Fidélia, fala de 
seu interesse por ela a sua irmã, que o desafia a conquistá-la. Aires faz uma aposta, ele tinha certeza 
de que a viúva jamais se casaria novamente. 
Ele, que já não tinha muita esperança de ser correspondido, desiste de seu projeto de se casar 
novamente, quando percebe que Tristão e Fidélia estão apaixonados. 
Aires parece querer se juntar à solidão do casal Aguiar. 
 
• Narrador: em primeira pessoa, quando o Conselheiro fala de si; em terceira
pessoa, quando ele conta circunstâncias envolvendo outros personagens.
• Tempo: inicia-se com a previsão da vidente sobre os gêmeos em 1871 indo até os
primeiros anos da República.
• Espaço: Rio de Janeiro.
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Interpretação 
Trata-se de um belo tratado da condição humana, principalmente no momento quando o 
indivíduo pode fazer um balanço de sua vida na velhice. Apesar de triste, a história não envereda 
para o sentimentalismo barato, seja por conta da forma lacunar própria de um diário, seja pela 
sabedoria e equilíbrio, traços distintivos do Conselheiro. 
O Conselheiro parece construir uma narrativa como jogo de espelhos. Ao observar a vida dos 
personagens ao seu redor, ele vai reconstruindo a própria biografia. No desejo de se casar com 
Fidélia, ele espelha a tentativa de fuga do tédio e da solidão que também assombram o casal Aguiar. 
Mas, se para o casal não há saída, para o arguto observador dos homens, resta a própria atividade 
de escrita. 
 
Memorial de Aires (1908) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Diário. Última entrada: 30 de agosto / sem data. 
PERSONAGENS Aires, casal Aguiar, Tristão, Fidélia. 
TEMPO Começo das anotações: 1888, ano da abolição; fim das anotações: 1889. 
ESPAÇO Rio de Janeiro. 
ENREDO Marcondes Aires, diplomata aposentado, viúvo e solitário, acompanha com 
interesse a história do casal Aguiar. Aguiar e D. Carmo estão casados há mais de 20 
anos, mas não têm filhos. A mulher dirige todo seu carinho de mãe para o afilhado, 
Tristão, e para uma viúva, Fidélia, chegando a chamá-la de “minha filha”. 
CONFLITO Tristão viaja para a Europa, onde se forma em Medicina. D. Carmo sente saudades 
“do filho”, que vai deixando de enviar cartas. Contudo a notícia de que o jovem 
retornará da Europa reanima o casal Aguiar. 
CLÍMAX Ao chegar ao Brasil, D. Carmo apresenta ao afilhado Fidélia. Eles se apaixonam, se 
casam e vão para a Europa, deixando os Aguiar sozinhos novamente. Essa história é 
entrecortada pela própria história do Conselheiro. Ele conhece Fidélia, fala de seu 
interesse por ela a sua irmã, que o desafia a conquistá-la. Aires faz uma aposta, ele 
tinha certeza de que a viúva jamais se casaria novamente. 
DESFECHO Ele, que já não tinha muita esperança de ser correspondido, desiste de seu projeto 
de se casar novamente, quando percebe que Tristão e Fidélia estão apaixonados. 
Aires parece querer se juntar à solidão do casal Aguiar. 
 
 
13 de maio 
 Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser propagandista da 
abolição, mas confesso que senti grande prazer quando soube da votação final do 
Senado e da sanção da Regente. Estava na Rua do Ouvidor, onde a agitação era 
grande e a alegria geral. [...] Ainda bem que acabamos com isto. Era tempo. Embora 
queimemos todas as leis, decretos e avisos, não poderemos acabar com os atos 
particulares, escrituras e inventários, nem apagar a instituição da História, ou até 
da Poesia. 
ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. São Paulo: Ática, 2007. p. 38-39. (Série Bom livro). 
 
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3.1.2 – Contos 
 
Papéis avulsos 
Publicado em 1882, é o terceiro livro de Machado na sua fase realista. O autor adverte que, 
apesar do título, “papeis avulsos”, há uma analogia no que se refere aos temas abordados. Vários 
contos giram em torno da diferença entre o desejo individual e a apreciação pública, numa sociedade 
em que o jogo social tinha muito valor. Além disso, como não podia deixar de ser, a ironia e o 
pessimismo já estão marcando presença. Para se ter uma ideia da qualidade dos contos, destacarei 
três: “O espelho”, “Teoria do medalhão” e o incrível “O alienista”. 
 
 
 
 Teoria do Medalhão. Um pai resolve aconselhar seu filho sobre como obter sucesso na 
vida. O filho deveria se submeter à opinião das pessoas mais influentes, raramente manifestar suas 
próprias ideias, possuir um vocabulário limitado e preferir o humor simples à ironia. 
 
 O espelho. Aos 25 anos, Jacobina se torna Alferesda Guarda Nacional. Isso muda seu status 
e todos ao seu redor o chamam de Sr. Alferes. Vai passar uns dias na casa de Tia Marcolina que, para 
fazer um agrado ao Sr. Alferes, coloca no quarto dele um grande espelho. Contudo, por motivos de 
força maior, ele acaba ficando sozinho no sítio. Sem a consideração dos outros, a imagem dele 
desaparece, não consegue mais se ver no espelho. O protagonista resolve colocar a farda e, para sua 
surpresa, sua imagem volta a aparecer com nitidez. Somente com a farda sua “alma exterior” 
preenchia “a alma interior”. 
 
 O alienista. Dr. Bacamarte retorna ao Brasil e à Itaguaí com fama de médico psiquiatra 
reconhecido em Portugal, Espanha e Brasil. Na cidade, ele funda, com o apoio das autoridades, a 
Casa Verde, um hospício. Ele vai observando o comportamento das pessoas e interna aquelas que 
têm padrão desviante de comportamento. Ele acaba por encarcerar boa parte dos habitantes da 
cidade. Se todos têm comportamento de desvio, menos ele, então ele é o louco! Ao chegar a essa 
conclusão, ele solta a todos e se tranca na Casa Verde. 
 
Histórias sem data 
Publicado em 1884, esse livro reúne 18 contos publicados em periódicos cariocas. Nessa data 
Machado já tinha se consolidado como autor realista com Memórias póstumas e preparava Quincas 
Borba. Dois contos se destacam: “Noite de almirante” e “A igreja do Diabo”. 
 
 Noite de almirante. Deolindo, marinheiro, sai do navio para encontrar sua amada. Os 
colegas, cheios de inveja, dizem que ele terá uma noite de almirante. Quando chega em terra, 
descobre que sua namorada fora morar com um mascate. Pensa me matá-la. Quando a encontra, 
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jura que vai se matar se ela não voltar com ele. Não se matou e, no dia seguinte, voltou para o navio 
sem desmentir os amigos que cumprimentavam o “almirante”. 
 
 A igreja do Diabo. Essa história teria sido narrada num velho manuscrito beneditino. Há 
muito tempo, o Diabo resolveu criar uma igreja que invertia os conceitos de virtude e vício. Ninguém 
poderia praticar o bem, o roubo era bem-visto, todos deveriam mentir etc. Contudo, logo que tal 
Igreja se institucionalizou, os fiéis faziam às escondidas o que era proibido: davam esmolas, 
restituíam o objeto roubado, falavam a verdade etc. 
 
Várias histórias 
Coletânea de contos lançada em 1896, reúne 16 contos publicados na Gazeta de Notícias. 
Observam-se, nos livros, as características já consagradas do autor: o pessimismo, a ironia, análise 
psicológica e descrença no conhecimento. Alguns contos se destacam: “A causa secreta”, “O 
enfermeiro” e “A cartomante”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Causa Secreta. Fortunato, casado com Maria Luiza, torna-se grande amigo de Garcia, 
com quem abre uma casa de saúde em sociedade. O amigo fica surpreso ao ver Fortunato torturando 
um rato: percebe a índole sádica do amigo. No final da trama, Maria Luiza morre e, de novo, há certo 
prazer para Fortunato em observar seu sofrimento e do seu amigo que chora pela mulher que amou 
em segredo. 
 
 O enfermeiro. Esse conto narra a história de um enfermeiro que, num acesso de raiva, 
esgana o rico Felisberto, ação que precipita a morte do velho. O rapaz consegue se desvencilhar das 
provas. Ele herda os bens do Sr. Felisberto. Devido ao remorso e ao peso na consciência, pensa em 
doar todo o dinheiro, mas, como as pessoas da cidade o elogiam pela paciência com o ricaço morto, 
fica com o dinheiro e, com o tempo, esquece-se da culpa interna. 
 
 A cartomante. Rita é casada com Vilela, mas mantém relações com Camilo, com quem se 
encontra frequentemente. Certa feita, ela diz ao amante que foi à cartomante. Camilo desdenha da 
crendice da amada. Camilo recebe cartas de alguém que diz saber da relação entre ele e Rita. Ele se 
afasta da amada. Um dia recebe uma carta de Vilela, que desejava conversar com o amigo. Camilo, 
apavorado, resolve ir à Cartomante que lhe assegura que nenhum mal lhe acometerá. Tranquilo, ele 
entra na casa de Vilela. Depara com Rita morta e, em seguida, é morto pelo marido traído. 
 
 
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3.2 – Aluísio Azevedo 
 
 
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-1913) é 
natural de São Luís do Maranhão e era irmão do teatrólogo e 
jornalista Artur Azevedo. Aos 19 anos foi para o Rio de Janeiro 
na companhia do irmão. Em 1879, com a morte do pai, volta 
para o Maranhão, onde lança seu primeiro romance, ainda 
romântico. Em 1881, dá início ao “Movimento Naturalista no 
Brasil” com a publicação do romance O mulato. A obra 
indignou a sociedade de São Luís, que chegou a chamá-lo de 
“Satanás da cidade”. Em virtude disso, Aluísio Azevedo voltou 
para o Rio de Janeiro decidido a ser escritor. 
Oscilou entre livros românticos, mais vendáveis, e 
outros mais realistas. Da fase naturalista, destacam-se O 
cortiço, Casa de pensão e O mulato. 
 Em 1895, Aluísio Azevedo ingressa na carreira 
diplomática. 
Vamos às obras. 
 
 
 
 O mulato 
 
 
Enredo 
José, um abastado fazendeiro de São Luís, tem um filho com a escrava, Domingas. O 
proprietário tem afeição especial pelo menino bastardo, mas o rapaz fica órfão cedo. A mãe 
enlouquecera e o pai fora morto pelo Pe. Diogo, ex-amante da mulher de José. 
Na verdade, esse trio amoroso foi bastante trágico. José matara sua mulher na frente do 
amante. Os dois fizeram um pacto de silêncio, mas o padre resolvera se vingar do marido. 
Raimundo, o protagonista de fato, recebeu a herança e foi enviado a Portugal para completar 
seus estudos. De volta ao Brasil, ele se apaixona pela prima. O pai da moça não aprova tal 
relacionamento por preconceito. O rapaz engravida a prima e está disposto a se casar com ela, 
quando é assassinado por Luís Dantas (empregado do tio), a quem a moça tinha sido prometida em 
casamento. O assassino fora influenciado pelo padre, pois temia ser descoberto por Raimundo. 
• Narrador: em terceira pessoa.
• Tempo: a história se desdobra em dois tempos: no presente, em que o personagem
principal, Raimundo, se movimenta, e outro no passado, que envolve a descoberta
de seu passado familiar.
• Espaço: São Luís do Maranhão.
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Interpretação 
A obra tematiza, sobretudo, o racismo presente na sociedade brasileira. Contudo outros 
temas polêmicos também podem ser observados na obra: crítica social (há um desfile de 
personagens grotescos representantes da elite maranhense); anticlericalismo e o predomínio da falta 
de caráter. 
 
O mulato (1881) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 19 capítulos. 
PERSONAGENS José, Domingas, Raimundo, Dantas. 
TEMPO A história se desdobra em dois tempos: no presente, em que o personagem 
principal, Raimundo, se movimenta, e outro no passado, que envolve a descoberta 
de seu passado familiar. 
ESPAÇO São Luís do Maranhão. 
ENREDO José, um abastado fazendeiro de São Luís, tem um filho com a escrava, Domingas. 
O proprietário tem afeição especial pelo menino bastardo, mas o rapaz fica órfão 
cedo. A mãe enlouquecera e o pai fora morto pelo Pe. Diogo, ex-amante da mulher 
de José. 
CONFLITO Na verdade, esse trio amoroso foi bastante trágico. José matara sua mulher na 
frente do amante. Os dois fizeram um pacto de silêncio, mas o padre resolvera se 
vingar do marido. 
CLÍMAX Raimundo, o protagonista de fato, recebeu a herança e foi enviado a Portugal para 
completar seus estudos. De volta ao Brasil, ele se apaixona pela prima. O pai da 
moça não aprova tal relacionamento por preconceito.DESFECHO O rapaz engravida a prima e está disposto a se casar com ela, quando é assassinado 
por Luís Dantas (empregado do tio), a quem a moça tinha sido prometida em 
casamento. O assassino fora influenciado pelo padre, pois temia ser descoberto por 
Raimundo. Representa anticlericalismo e o predomínio da falta de caráter. 
 
 
 
 
 
 O cortiço 
 
 
• Narrador: em terceira pessoa.
• Tempo: a narrativa se passa em algum momento entre 1880 e 1890; em relação ao
tempo da contação da história, a narrativa é linear e os fatos são contados em
ordem cronológica.
• Espaço: Rio de Janeiro – sobrado e cortiço.
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Enredo 
Nesse romance, o autor consegue a façanha de contar uma narrativa de uma coletividade. Ele 
se vale de uma narrativa central, a ascensão de João Romão, o proprietário do cortiço, entremeada 
pelas histórias particulares dos habitantes da estalagem. 
Inicialmente, o narrador apresenta a história do protagonista que dá alma ao cortiço, o 
português João Romão. Tendo trabalhado miseravelmente para um outro conterrâneo, fica com uma 
soma em dinheiro e o armazém onde trabalhava quando seu patrão retorna para Portugal. Ele se 
junta com uma escrava, Bertoleza, e apropria-
se do dinheiro que ela está guardando para 
comprar a alforria. Consegue fazer isso 
forjando uma carta de alforria. Compra o 
terreno adjacente ao armazém e começa a 
construir casinhas. Ele e Bertoleza trabalham 
dia e noite sem descanso para ampliar o 
negócio. Consegue comprar mais umas braças 
do terreno, o que inclui a pedreira que logo ele 
começa a explorar. Ele é descrito como alguém 
que tem febre em acumular, não gasta seu 
dinheiro com nada e, quando pode, apropria-
se do que é dos outros. 
No sobrado ao lado, vem morar um rico comerciante: Miranda. Mudou-se para o bairro, com 
a finalidade de afastar a mulher adúltera, Dona Estela, dos fregueses e dos caixeiros que trabalhavam 
para ele. A relação entre eles era de ódio. Parte da fortuna do comerciante vinha do dote da mulher, 
ele tinha então que suportar a relação. Tinham uma filha Zulmira, uma menina obediente e enjeitada. 
No sobrado, viviam o Botelho, um velho agregado, e Henrique, filho de um rico cliente que mandara 
o filho para a capital para que ele se preparasse para o curso de medicina. 
Esses dois polos, inicialmente, opõem-se. João Romão e Miranda se indispõem por conta do 
terreno adjacente ao sobrado. Miranda quer comprá-lo para ampliar seu quintal, João Romão não 
quer vendê-lo. 
Feita a apresentação do conflito inicial, o narrador passa a focar nos habitantes do cortiço e 
apresenta seus moradores. Ele começa pelas lavadeiras: Machona (uma mulher autoritária), Augusta 
Carne Mole (honesta), Albino (lavadeiro), Marciana e sua filha Florinda, Leocádia (mulher infiel), 
Paula ou Bruxa (feiticeira) e Dona Isabel e sua filha Pombinha. 
Chega um outro personagem que terá muita importância para a trama: Jerônimo, um 
português, honesto, trabalhador e bom pai de família que chega ao cortiço para trabalhar como 
cavouqueiro para João Romão. Conhece Rita Baiana, por quem é seduzido. A mulata representa a 
sensualidade tanto da raça (segundo o narrador) quanto do próprio país tropical. Indispõe-se com o 
amante dela, Firmo, brigam e Jerônimo, ferido, acaba recolhendo-se ao hospital por um tempo. 
O narrador passa, então, a acompanhar outra história, a de D. Isabel e de sua filha Pombinha. 
A mulher tivera uma vida boa, mas após a morte do seu marido, teve que se recolher ao cortiço, 
esperando que sua filha, casando-se com um bom homem, poderia tirá-las daquela estalagem. O 
problema era que a menina ainda não menstruara. No dia em que houve a briga entre Firmo e 
Jerônimo, aconteceu também um outro embate: entre Pombinha e Léonie, uma prostituta que 
frequentava o cortiço e era bem querida de todos. 
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A menina e a mãe tinham ido visitar Léonie. Dona Isabel, depois do almoço, retirou –se para 
dormir, deixando a filha em companhia da prostituta. A cortesã, quando se viu a sós com a menina, 
atirou-se sobre ela, seduzindo-a e a despertando para o sexo. No dia seguinte, a jovem sentiu-se mal 
e teve a sua primeira menstruação. 
Nesse ponto, o narrador retoma a história de João Romão. O vendeiro, agora, tinha dado para 
invejar o Miranda, pois este conquistara um título de barão. Começa uma transformação interior 
desse personagem. Agora, o homem, descontente com sua vida de mascate, começa a pensar no 
prestígio social. O velho Botelho sugere ao vendeiro que se case com a filha do Miranda. 
 
 
Com os fios narrativos assim emaranhados, o narrador começa a preparar o desfecho. 
Jerônimo retorna do hospital e mata Firmo, abandona sua mulher e filha e vai morar com Rita Baiana. 
Torna-se displicente. 
Pombinha casa-se como o seu noivo, mas logo percebe que ela não poderia confiar no sexo 
masculino. Trai algumas vezes seu esposo, que acaba por abandoná-la. Resolve então aventurar-se 
na vida de sua mestra, Léonie. Torna-se também prostituta e D. Isabel morre de desgosto. 
O cortiço passa por mudanças. A Bruxa, na tentativa de se vingar de João Roma, põe fogo no 
cortiço. Porém, o homem tinha colocado toda a propriedade no seguro. João Romão lucra com a 
tragédia. Constrói um sobrado maior do que o do Miranda, moderniza o cortiço e agora torna-se 
burguês com negócios variados. Já circula na Rua do Ouvidor, lugar de exibição da elite endinheirada. 
Falta-lhe o casamento. 
O impedimento é Bertoleza, precisa livrar-se da negra. Botelho, ao saber que ela é escrava 
ainda, aconselha João Romão a denunciá-la aos donos como negra fujona. Botelho o ajuda na 
empreitada. No capítulo final, os guardas chegam para prendê-la e devolvê-la ao dono. Percebendo 
o que vai acontecer, Bertoleza se mata, enquanto entra no sobrado de João Romão uma comissão 
de abolicionistas que vinha trazer-lhe “o diploma de sócio benemérito”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Interpretação 
O Cortiço representa, entre nós, o exemplar mais bem formulado do Naturalismo. Aluísio 
Azevedo fez uma pesquisa de campo para descrever a vida em tal circunstância. Apresenta uma 
espécie de romance de tese, pois os personagens são determinados pelo meio, pela raça e pela 
situação histórica. Os mulatos e negros são representados como inferiores e marcados pela 
animalidade: Rita Baiana é pura sensualidade e Bertoleza é representada como se fosse um animal 
de carga. Ambas, diz o narrador, procuravam instintivamente nos parceiros brancos uma forma de 
melhorar sua raça. 
Outros elementos que submetem os homens a todo tipo de baixeza são o calor e a 
sensualidade. O sol dos trópicos e a sensualidade de Rita Baiana arrastam Jerônimo para a 
degradação moral. Também Pombinha, dada sua interpretação enviesada da realidade, própria de 
quem cresceu num monturo (dirá o narrador), deixa-se levar pela volúpia. 
Resta João Romão, que, sabendo se aproveitar desses indivíduos inferiores, consegue o êxito 
de um burguês que lutou até conseguir um lugar na sociedade. Aluísio Azevedo carrega nas tintas 
de um português cruel que se aproveita de brasileiros, expressando, nesse romance, um sentimento 
antilusitano bastante evidente no final do século XIX. 
Ao final do romance, percebe-se que não há mocinhos e que a liberdade é uma ilusão. 
 
O cortiço (1890) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 23 capítulos. 
PERSONAGENS João Romão, Bertoleza, Miranda,Jerônimo, Rita Baiana, Piedade, Pombinha. 
TEMPO 1890. 
ESPAÇO Cortiço do Rio de Janeiro. 
ENREDO Trata-se da uma narrativa de uma coletividade. O narrador se vale de uma narrativa 
central, a ascensão de João Romão, o proprietário do cortiço, entremeada pelas 
histórias particulares dos habitantes da estalagem. Ele se junta com uma escrava, 
Bertoleza, e apropria-se do dinheiro que ela está guardando para forjar uma carta 
de alforria. Compra o terreno adjacente ao armazém e começa a construir casinhas. 
Ele e Bertoleza trabalham dia e noite sem descanso para ampliar o negócio. Opõe-
se ao rico vizinho Miranda. 
CONFLITO É narrado o trabalho das lavadeiras. Chega um outro personagem que terá muita 
importância para a trama: Jerônimo, um português, honesto, trabalhador. Conhece 
Rita Baiana, por quem é seduzido. Outra história, a de D. Isabel e de sua filha 
Pombinha, mas ela menstrua e tem um relacionamento lésbico, Léonie, prostituta 
que frequentava o cortiço. 
CLÍMAX Com os fios narrativos assim emaranhados, o narrador começa a preparar o 
desfecho. Jerônimo retorna do hospital e mata Firmo, abandona sua mulher e filha 
e vai morar com Rita Baiana. Pombinha casa-se como o seu noivo, mas logo percebe 
que ela não poderia confiar no sexo masculino. Trai algumas vezes seu esposo, que 
acaba por abandoná-la. 
DESFECHO No capítulo final, os guardas chegam para prender Bertoleza e devolvê-la ao dono. 
Percebendo o que vai acontecer, Bertoleza se mata; João Romão uma comissão de 
abolicionistas que vinha trazer-lhe “o diploma de sócio benemérito”. 
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TRECHOS DE O CORTIÇO 
 
TRECHO I 
Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu 
chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da 
fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas 
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o 
veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, 
que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, 
a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-
lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as 
artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma 
nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantaridas 
que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência 
afrodisíaca. 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
 
Comentários 
O trecho aborda uma síntese de impressões sensoriais causadas pela mulher, que 
também é animalizada, chegando a ser comparada com lagarta, muriçoca e larva. 
 
TRECHO II 
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão 
português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado 
que a entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois 
dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A 
revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de 
mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas 
cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram vitoriosamente a sua mesa; 
o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes 
baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à mineira destronou a couve à 
portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu 
aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar 
também com os amigos. 
Aluísio de Azevedo – O cortiço. Domínio público. 
Fonte: https://tinyurl.com/c454sss. Acesso em: 11 fev. 2020. 
 
Comentários 
 Nesse fragmento, constata-se um processo de mudança de costumes e construção de 
uma nova identidade. O que pode se constatar com o neologismo “abrasileirou-se”. Isto é, 
João Romão, comerciante imigrante vindo de Portugal, adapta-se aos costumes das terras 
brasileiras, costumes estes que vão desde à culinária até o fumo, por exemplo: “Jerônimo 
principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos”. 
 
 
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3.3 – Raul Pompéia 
Raul Pompéia (1863-1895) nasceu no município de 
Angra dos Reis e, ainda criança, mudou-se para o Rio de 
Janeiro. Sua família era abastada, o que lhe permitiu frequentar 
os melhores colégios da corte. Depois de terminar os estudos 
no Colégio D. Pedro II, ele se muda para São Paulo, onde cursa 
Direto na Faculdade do Largo de São Francisco. 
Inicialmente, foi bem recebido pelo corpo docente, mas 
logo depois se indispõe com alguns catedráticos por sua defesa 
da causa republicana e abolicionista. Depois de sua passagem 
por São Paulo, Pompéia retorna ao Rio e passa a escrever em 
vários jornais, além de ocupar um cargo público já na 
República. Com a ascensão de Floriano Peixoto, o escritor, por 
apoiar o militar, passa a acumular desafetos. Prudente de 
Morais se torna presidente e, por causa de um discurso 
inflamado a favor de Peixoto, Raul Pompéia foi demitido do 
cargo de Diretor da Biblioteca Nacional. 
Nessa época, polemizou com Olavo Bilac e Luís Murat. Sentiu-se ultrajado pelo artigo “Um 
louco no cemitério”. Em 25 de dezembro de 1895 suicidou-se, deixando um bilhete no qual declarava 
ser “um homem de honra”. 
 
 O Ateneu 
O Ateneu foi publicado no ano de 1888 e costuma ser classificado como uma obra realista. 
Estilisticamente, o texto não segue alguns pressupostos do Realismo. O narrador não é em terceira 
pessoa, mas em primeira, e a linguagem incorpora alguns elementos naturalistas sem que se perceba 
com nitidez o estofo cientificista. Isso tem a ver com a própria natureza do romance. 
O enredo gira em torno das lembranças de Sérgio, da época em que ele ficou num internato. 
A crítica costuma destacar que se trata de um álter ego do próprio autor. Ou seja, o protagonista, 
embora seja um ente ficcional, incorpora muitas circunstâncias que foram vividas pelo próprio 
Pompéia. 
A estada de Sérgio no Internato foi perturbadora e deixou marcas profundas no adulto que 
agora conta sua adolescência. Por conta disso, ao descrever os personagens e as situações, o 
narrador os deforma, criando imagens que parecem saídas de um filme expressionista. 
 
 
 
• Narrador: primeira pessoa memorial; Sérgio, já mais velho, lembra-se do que
passou no colégio interno.
• Tempo: o tempo cronológico abrange o período em que Sérgio entra no internato
até o incêndio que destrói o prédio. Predomina o tempo psicológico, daí os
fragmentos de história, os flashbacks e as impressões de momento.
• Espaço: o internato no Rio de Janeiro.
FICHA DE LEITURA
Luana Signorelli
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Enredo 
O narrador conta os episódios mais marcantes dos 
dois anos que passou no internato. Aos 11 anos, o pai leva 
o menino para se matricular no Ateneu. As palavras dele: 
“vais encontrar o mundo” são proféticas. Na instituição, o 
menino se depara com a hipocrisia, mandos e desmandos, 
sistemas de proteção e a sexualidade – a sua e a dos outros 
internos. 
Ao entrar, recebe um conselho de não admitir 
protetores.Contudo, no primeiro dia de aula de educação 
física, na piscina, alguém o puxa e o Sanches o salva. Aceita 
a orientação do novo colega que o ajuda nos estudos, mas 
que se aproxima pegajosamente dele. 
Tenta se isolar, torna-se místico e aproxima-se de 
Franco, um garoto ressentido e maldoso que prepara uma 
vingança contra os colegas. Quebra garrafas e joga os cacos na piscina esperando que os meninos se 
machuquem, quando forem nadar. Sérgio, atormentado pelo remorso, não consegue dormir. No dia 
seguinte, por sorte, a piscina tinha sido esvaziada e os meninos não puderam se banhar. Termina a 
fase de aproximação com Franco. 
Torna-se amigo de Bento, um rapaz forte e misterioso. Sente-se protegido pelo garoto, mas 
logo essa relação desperta os ciúmes de um antigo rival. O inimigo de Sérgio estimula uma briga entre 
Bento e Malheiro, que tinha como pivô o próprio narrador. Depois disso, Bento muda de 
comportamento para com o protagonista. 
Começa a fase de Egbert, um bonito rapaz de origem inglesa. Tornam-se inseparáveis e, por 
conta das boas notas que tiraram, são convidados para jantar com o diretor, Aristarco, e sua mulher. 
Sérgio fica encantado por Dona Ema. A amizade por Egbert começa a esfriar. 
Sérgio muda de dormitório. Entra em cena a camareira Ângela, que desperta a sexualidade 
dos meninos. Há solenidades de final de ano com a presença de vultos da cidade: a Princesa Regente 
e o Ministro do Império. 
Os meninos se preparam para deixar o colégio. Contudo Sérgio, doente, foi obrigado a ficar 
na enfermaria durante as férias, sendo atendido por D. Ema. 
Nesse momento, tem sensações ambíguas: amor filial, carinho e erotismo. É nessas 
circunstâncias que, um dia, Sérgio testemunha o incêndio do Ateneu. Américo, um menino 
antissocial, era o suspeito do ato de vandalismo. 
 
Interpretação 
O Ateneu surge como microcosmo da sociedade. O autor, com seus personagens, vai 
denunciando uma sociedade marcada por adulações, hipocrisia e jogo de poder. Escancara a 
violência própria do sistema educacional. Num determinado episódio, Sérgio descobre que a família 
de Franco não arcava mais com as despesas do colégio particular, fato que faria qualquer aluno ser 
desligado da instituição. Contudo Franco continua a frequentar as aulas, pois, como péssimo aluno, 
é castigado com frequência. Fica clara a necessidade cruel de bodes expiatórios no sistema 
educacional. 
Alunos de pais mais influentes recebiam atenção especial de Aristarco, e boa parte das 
solenidades não tinham função didática, eram puro marketing. Os alunos não eram melhores que o 
corpo docente: invejosos, ciumentos e hipócritas, reproduziam a dinâmica dos adultos. 
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A classificação da obra é um caso à parte. A crítica costuma 
destacar uma sobreposição de estilos: parnasiano, simbolista, 
naturalista, impressionista e expressionista. Neste estudo 
resumido da obra, não cabe mostrar como essas características se 
apresentam em trechos descritos ou narrativos. A filiação ao 
Realismo se impõe, seja pela marcação temporal – foi publicado em 1888, data de vigência da escola 
literária –, seja pela análise do caráter humano e das relações sociais. 
 
 
 
O Ateneu (1888) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 12 (XII) capítulos. 
PERSONAGENS Sérgio; Franco; Bento; Egberto; Aristarco; dona Ema. 
TEMPO O tempo cronológico abrange o período em que Sérgio entra no internato até o 
incêndio que destrói o prédio. Predomina o tempo psicológico, daí os fragmentos 
de história, os flashbacks e as impressões de momento. 
ESPAÇO O internato no Rio de Janeiro. 
ENREDO O narrador conta os episódios mais marcantes dos dois anos que passou no 
internato. Aos 11 anos, o pai leva o menino para se matricular no Ateneu. Na 
instituição, o menino se depara com a hipocrisia, mandos e desmandos, sistemas de 
proteção e a sexualidade – a sua e a dos outros internos. 
CONFLITO Tenta se isolar, torna-se místico e aproxima-se de Franco, um garoto ressentido e 
maldoso que prepara uma vingança contra os colegas. Termina a fase de 
aproximação com Franco. 
CLÍMAX Torna-se amigo de Bento, um rapaz forte e misterioso. Começa a fase de Egbert, um 
bonito rapaz de origem inglesa. 
DESFECHO Sérgio muda de dormitório. Entra em cena a camareira Ângela, que desperta a 
sexualidade dos meninos. Há solenidades de final de ano com a presença de vultos 
da cidade: a Princesa Regente e o Ministro do Império. Os meninos se preparam 
para deixar o colégio. Contudo Sérgio, doente, foi obrigado a ficar na enfermaria 
durante as férias, sendo atendido por D. Ema. Nesse momento, tem sensações 
ambíguas: amor filial, carinho e erotismo. É nessas circunstâncias que, um dia, 
Sérgio testemunha o incêndio do Ateneu. Américo, um menino antissocial, era o 
suspeito do ato de vandalismo. 
 
 
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TRECHO DE O ATENEU 
A doutrina cristã, anotada pela proficiência do explicador, foi ocasião de dobrado ensino 
que muito me interessou. Era o céu aberto, rodeado de altares, para todas as criações 
consagradas da fé. Curioso encarar a grandeza do Altíssimo; mas havia janelas para o 
purgatório a que o Sanches se debruçava comigo, cuja vista muito mais seduzia. E o 
preceptor tinha um tempero de unção na voz e no modo, uma sobranceria de diretor 
espiritual, que fala do pecado sem macular a boca. Expunha quase compungido, fincando o 
olhar no teto, fazendo estalar os dedos, num enlevo de abstração religiosa; expunha, 
demorando os incidentes, as mais cabeludas manifestações de Satanás no mundo. Nem ao 
menos dourava os chifres, que me não fizessem medo; pelo contrário, havia como que o 
capricho de surpreender com as fantasias do Mal e da Tentação, e, segundo o lineamento 
do Sanches, a cauda do demônio tinha talvez dois metros mais que na realidade. Insinuou-
me, é certo, uma vez, que não é tão feio o dito, como o pintam. 
O catecismo começou a infundir-me o temor apavorado dos oráculos obscuros. Eu não 
acreditava inteiramente. Bem pensando, achava que metade daquilo era invenção malvada 
do Sanches. E quando ele punha-se a contar histórias de castidade, sem atenção à parvidade 
da matéria do preceito teológico, mulher do próximo, Conceição da Virgem, terceiro-luxúria, 
brados ao céu pela sensualidade contra a natureza, vantagens morais do matrimônio, e 
porque a carne, a inocente carne, que eu só conhecia condenada pela quaresma e pelos 
monopolistas do bacalhau, a pobre carne do beef, era inimiga da alma; quando retificava o 
meu engano, que era outra a carne e guisada de modo especial e muito especialmente 
trinchada, eu mordia um pedacinho de indignação contra as calúnias à santa cartilha do meu 
devoto credo. Mas a coisa interessava e eu ia colhendo as informações para julgar por mim 
oportunamente. 
Na tabuada e no desenho linear, eu prescindia do colega mais velho; no desenho, porque 
achava graça em percorrer os caprichosos traços, divertindo-me a geometria miúda como 
um brinquedo; na tabuada e no sistema métrico, porque perdera as esperanças de passar 
de medíocre como ginasta de cálculos, e resolvera deixar a Maurílio ou a quem quer que 
fosse o primado das cifras. 
Em dois meses tínhamos vencido por alto a matéria toda do curso; e, com este preparo, 
sorria-me o agouro de magnífico futuro, quando veio a fatalidade desandar a roda. 
(Raul Pompéia. O Ateneu. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1963.) 
 
Comentários 
Nesse trecho, o narrador comenta suas reações ao ensino que recebia no colégio. As 
entidades referidas no primeiro parágrafo dizem respeito à dualidade Bem e Mal, 
contextualizadas na religião cristãatravés de Deus (“céu” e “Altíssimo”) e Demônio 
(Satanás”, “chifres”, “cauda”). Enquanto ao primeiro estão associados o Bem e as Virtudes, 
ao segundo se associam o pecado e a condenação, eterna (Inferno) ou temporária 
(Purgatório). 
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Fonte: Shutterstock. 
4 – A ARTE NO FINAL DO SÉCULO XIX 
Nas Artes, assim como na Literatura, percebe-se, na segunda metade do século XIX, uma 
reação ao sentimentalismo exacerbado, característica do Romantismo. O tema retratado pelo artista, 
de certa forma, passa a determinar a técnica utilizada. O pintor, tentando se aproximar da realidade 
e recusar a evasão, dá maior nitidez e definição na pintura, tentando captar as cores como as vemos. 
 Observem a mudança temática radical entre um e outro movimento. 
O nome do quadro ao lado é: “Dois 
homens observando a lua” de Caspar David 
Friedrich (1774-1840). O nome da pintura por 
si nos dá uma das características mais 
importantes do Romantismo, a evasão. Os 
homens encontram-se de costas para quem 
observa o quadro, conduzindo o olhar do 
espectador para a natureza. A lua ocupa o 
centro da tela e a árvore, em primeiro plano, 
toma quase todo o plano pictórico. O declive 
acidentado e a árvore retorcida obrigam o 
intérprete a encontrar beleza na natureza 
bruta e na incomensurabilidade de um 
mundo que parece esmagar os homens, mas 
que, por isso mesmo, enche-o de admiração. 
 
O foco da arte realista é outro: o próprio homem. Se há algum esmagamento, ele não ocorre 
por forças místicas do mundo, mas pelas próprias relações sociais, que surgem como fatores 
determinantes de como as pessoas vivem. A beleza deve estar no cotidiano, mesmo que miserável. 
A arte nas mãos de Honoré Daumier, por exemplo, vai além do “belo pelo belo”, devendo servir como 
expressão de denúncia social. 
 
 
4.1 – Realismo 
Aliás, a história do pintor nos dá uma boa ideia do Realismo na pintura. Nasceu em 1808 em 
Marselha e morreu em 1879 em Valmondois. Na adolescência, começa a se interessar por artes e 
teve aulas no ateliê de um ex-aluno de David. Trabalhou como ilustrador. Em 1831, por causa de 
uma caricatura na qual ridicularizava o rei Luís Felipe, foi preso. Em liberdade, assina contrato com 
revistas de ilustrações e caricaturas de Paris. 
Em 1843, produziu litografias sobre os inconvenientes do transporte ferroviário. Desse 
estudo, ele produziu a obra com a qual começamos a aula “O vagão de terceira classe”. A intenção 
dele era descrever com maior precisão a realidade social ou humana, quase como um documentário. 
O artista acreditava que: 
 
 
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 havia uma luta entre homem e natureza (não, a natureza não era confidente do sujeito!) 
ou luta entre classes sociais; 
 a realidade seria determinada por questões materiais; e 
 havia momentos na simplicidade do cotidiano que poderiam revelar muito sobre a 
condição humana. 
Os detalhes da imagem são surpreendentemente perturbadores. A mulher em primeiro plano 
olha fixamente para o espectador numa atitude de resignação, mas também de acusação. A criança 
que se recosta nela dorme, denunciando o cansaço. Alguns passageiros do segundo plano também 
olham para frente numa atitude de desafio ao olhar de quem os observa. A mulher ao lado amamenta 
o filho, alheia a tudo e a todos. Trata-se da apoteose do cotidiano. 
A obsessão pelo “real” pode ser observada 
em algumas das obras significativas desse período. 
A francesa Rosa Bonheur (1822-1899) se 
especializou na pintura de animais, que manifesta 
uma pesquisa quase científica voltada para a 
representação figurativa. Um outro exemplo dessa 
confluência entre ciência e arte pode ser percebido 
no quadro “A clínica de Agnew”, do americano 
Thomas Eakins (1844-1916). Pintor realista, ele 
provocou polêmica ao pintar uma cirurgia de câncer 
de mama feita pelo Dr. Agnew diante de uma 
galeria de estudantes e médicos. 
 
Outro autor que provocou controvérsia foi Gustave Coubert (1819-1877). Influenciado por 
Velázques, vale-se do claro e escuro para dar dramaticidade ao cotidiano dos trabalhadores (“Os 
quebradores de pedra”, por exemplo). A pedido de um diplomata turco, Gustave Coubert produziu 
uma das mais polêmicas obras de arte. Trata-se do quadro “A origem do mundo”, uma representação 
realista do púbis de uma mulher deitada de pernas abertas. Não se vê o rosto da modelo, apenas o 
seu quadril exposto. A imagem incomoda até hoje. 
 
4.2 – Impressionismo 
Mas afinal o que é o real? Ora, além de não ser 
possível responder com precisão essa pergunta, o 
artista do fim do século XIX tinha plena consciência 
de que a arte era representação, era uma espécie de 
imagem de segunda mão, já que um quadro 
representava o que o olho do artista captou para que 
o espectador pudesse agora captar a imagem da 
imagem. 
Influenciados pelas teorias físicas sobre a cor, 
os impressionistas radicalizaram a representação da 
realidade. A cor era resultado da refração da luz, portanto, uma ilusão. A realidade dessa ilusão 
deveria ser captada. Nada de pinturas em estúdio ou em lugares fechados. A luz estava lá fora, nos 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thomas_Eakins,_T
he_Agnew_Clinic_1889.jpg, acessado em 11.09.2019) 
 
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parques, lagos e campos. O artista, como um cientista, deveria registrar essa iluminação e estudá-la, 
pintando a mesma cena em diferentes horas do dia. Além, disso, deveria provocar o espectador para 
que ele se tornasse consciente da ilusão. O uso de pontos, o famoso pontilhismo, para pintar o 
quadro expõe o trabalho do artista. De perto, o quadro é um amontoado de pontos, de longe, 
percebe-se a figura. 
Os temas eram menos miseráveis do que aqueles retratados pelos realistas. 
 
 
 
Era comum a representação da burguesia em momentos de descontração. Contudo isso não 
impediu algumas obras mais ousadas, como “O piquenique”, de Monet, no qual se observam 
homens, na paisagem bucólica, sobriamente vestidos conversando com uma mulher totalmente 
despida, uma prostituta. Por sua vez, Edgar Degas (1834-1917) pintou algumas obras que lembram o 
Naturalismo, seja pelo contorcionismo de algumas de suas bailarinas ou pelo quadro cujo título já é 
um espanto: “O estupro”. 
O Impressionismo foi apresentado ao público em 1874. Os impressionistas rejeitavam as 
idealizações, a perspectiva do Renascimento e a pintura de estúdio. Foi iniciado por Claude Monet 
(1840-1926) e seguido por Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Paul Cézanne (1839-1906), Edgar 
Degas (1834-1917), entre outros. 
 
4.3 – Rodin 
A escultura também segue o caminho das artes em 
geral. Os artistas abandonam o idealismo próprio tanto 
do neoclassicismo quanto do Romantismo e adotam 
outras formas de expressão para captar melhor a 
conturbada metade final do século XIX. Os escultores 
deixam de lado os temas mitológicos e dão preferência a 
temas mais contemporâneos, às vezes com nítida 
intenção política. 
François-Auguste-René Rodin (1840-1917) foi o 
mais importante escultor desse período. Suas obras 
apresentam traços da escultura clássica, mas o seu 
realismo e a impressão do seu gesto de esculpir na própria 
obra tornam a peça algo único. Segundo o sociólogo e 
filósofo Georg Simmel (1858-1918), Rodin conseguia fixar 
momentos passageiros como um beijo, uma angústia ou 
um instante de reflexão. Em suas obras, aparece a tensão 
entre a pedra bruta e o movimentohumano, como se 
fossem formas sendo despertadas do mármore. 
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4.4 – Realismo no Brasil 
A história das artes no Brasil começa de forma institucional com a 
vinda da família real, que traz para o Brasil a missão francesa. Artistas como 
Taunay (1755-1830) e Debret (1768-1848) deixam uma grande quantidade de 
quadros que exprimem o cotidiano no Brasil. Em 1826, a Academia Imperial 
de Belas-Artes abriu seus cursos. Surge uma arte acadêmica que abrangia 
retratos, temas bíblicos e históricos. Batalha do Avaí (1877) e Independência 
ou Morte (1888), de Pedro Américo (1843-1905), exemplificam esse tipo de 
arte. 
 Mas foi Almeida Junior (1850-1899) que altera os rumos da 
pintura dita acadêmica. Depois de concluído o curso de Belas-Artes, ele 
recebe uma bolsa de estudos dada pelo Imperador e vive em Paris entre 
1876-1882. Quando retorna, expõe quadros com temática mais cotidiana 
como Leitura, Picando fumo e O violeiro. Nas duas últimas, observa-se 
inspiração regionalista. Alteram-se os temas consagrados pela academia. A 
imitação dos clássicos e dos temas mitológicos ou heroicos cede lugar para o 
cotidiano. Os grandes nomes dessa nova vertente artística são: Belmiro 
Barbosa de Almeida (1858-1935) e Benedito Calixto (1853-1927). 
 
 
4.5 – Interpretação de Obra Realista 
As obras realistas são fáceis de serem interpretadas. A preocupação social e a procura por um 
estilo ou técnica capaz de produzir um efeito de verossimilhança que aproxima a pintura da fotografia 
dá o tom no Realismo 
Nesse sentido, o tema torna-se o elemento que mais facilmente permite a classificação da 
obra. Os pintores focalizam o cotidiano mais banal ou os momentos em que as questões sociais se 
revelam. Não se procura a beleza de imediato, mas a apreciação técnica pela capacidade de o artista 
conseguir eternizar o momento com verossimilhança, como se o grande elogio fosse: “nossa como 
essa imagem parece com o real”. 
 
5 – QUADRO SINÓPTICO 
MOVIMENTO CARACTERÍSTICAS 
REALISMO Representa desvios morais para expor a hipocrisia social; romance 
documental; finalidade: “fotografar a realidade”; explorar as 
motivações mais íntimas dos indivíduos. 
NATURALISMO Representa os desvios sociais a partir de explicações deterministas de 
cunho sexual ou social; romance de tese; arte engajada; exploração 
de questões sociais. 
 
“Puxão de orelha” 
Almeida Junior 
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PORTUGAL 
 
AUTOR OBRAS/CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
 
 
 
EÇA DE QUEIRÓS 
OBRAS (ROMANCES) 
 O crime do Padre Amaro (1875). 
 O primo Basílio (1878). 
 Os Maias (1888). 
 A ilustre casa de Ramires (1900). 
 A cidade e as serras (1901). 
CARACTERÍSTICAS 
 Denúncia da sociedade portuguesa a partir da crítica das classes 
que a compões: clero, elite e classes médias. 
 Na fase final do escritor, reconcilia-se com Portugal. 
 Crítica moralista e pessimista em relação ao país. 
 Romance como meio de análise da sociedade. 
 Linguagem enxuta, precisa e “jornalística”. 
 Descrições precisas e longas. 
 
 
 
 
ANTERO DE QUENTAL 
OBRA (POESIA) 
 Odes modernas (1865). 
CARACTERÍSTICAS 
 Participou da polêmica que dá início ao Realismo em Portugal 
(Questão Coimbrã, uma discussão literária que opôs românticos a 
Realistas). 
 Elabora uma poesia de elogio à Razão; propõe uma literatura 
engajada que deve conduzir a Humanidade ao progresso. 
 Apresenta fases: pré-realista, realista/combativa e existencial 
(influência do niilismo e o budismo). 
 Oscila entre otimismo e pessimismo profundo. 
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BRASIL 
 
AUTOR OBRAS/CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACHADO DE ASSIS 
OBRAS (ROMANCES) 
 Memórias póstumas de Brás Cubas (1881). 
 Quincas Borba (1891). 
 Dom Casmurro (1899). 
 Esaú e Jacó (1904). 
 Memorial de Aires (1908). 
OBRAS (CONTOS) 
 Papéis avulsos (1882). 
 Histórias sem data (1884). 
 Várias histórias (1896). 
CARACTERÍSTICAS 
 Psicologismo: Machado de Assis tem uma visão única da alma 
humana, consegue como poucos esquadrinhar as motivações não 
confessáveis de seus personagens. 
 Denuncia a hipocrisia através de intrigas envolvendo a traição 
conjugal efetiva ou imaginada. 
 Romances marcados pelo pessimismo e pela crítica ao cientificismo 
da época. 
 Descreve o comportamento da elite carioca do final do Império. 
 Na forma, observam-se os seguintes elementos: narrativa não 
linear, ironia, diálogo com o leitor e digressão. 
 
 
 
 
ALUÍSIO AZEVEDO 
OBRAS (ROMANCES) 
 O mulato (1881). 
 O cortiço (1890). 
CARACTERÍSTICAS 
 Em O Cortiço, produz um romance de tese. As histórias dos 
moradores do cortiço servem para que o autor comprove as ideias 
deterministas. 
 Focaliza as mazelas sociais; gosto por aspectos fisiológicos 
degradantes, comparações entre homens e animais e plantas e 
exploração dos desejos sexuais. 
RAUL POMPÉIA OBRA (ROMANCE) 
 O Ateneu (1888). 
CARACTERÍSTICAS 
 Critica o sistema educacional que para o autor é um microcosmo 
da sociedade. 
 Relações entre os jovens marcadas pela hipocrisia, interesse, 
sensualidade etc. 
 Espécie de romance memorialista. O narrador em primeira pessoa 
expressa suas impressões da época em que viveu no internato. 
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 Linguagem marcada por hipérboles caricatas e deformação dos 
personagens apresentados. 
 
 
6 – CRÍTICA LITERÁRIA 
Pois bem, concurseiros. O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados 
em cada aula. Nesse sentido, hoje escolhi dois texto, sendo um deles uma publicação da Editora do 
Senado Federal: 
  Lucia Miguel Pereira – Machado de Assis (estudo crítico e biográfico). 
 Roberto Schwarz – Um mestre na periferia do capitalismo. 
 
TEXTO I 
CAPÍTULO XIV – O CRIADOR: OS GRANDES ROMANCES 
 Oliveira Lima, que conheceu de perto Machado de Assis, diz que o Brás Cubas é uma 
“fotografia da sua alma”. Talvez fosse mais preciso dizer espelho da sua visão de mundo. 
 A Mário de Alencar, que lhe perguntou um dia como, depois de ter escrito Helena, pôde 
escrever o Brás Cubas, explicou o romancista que se modificara porque perdera todas as 
ilusões sobre os homens. 
 Depois da crise por que passou em 1879, já não os via com os mesmos olhos, com os olhos 
afeitos ao aspecto convencional, mas com a visão interior, implacável e penetrante. Através 
das palavras polidas, descobria o sentimento egoísta ou cínico, através do sorrido e dureza 
do coração. A sua vocação de romancista realizava-se plenamente, a um tempo tormento e 
delícia. Tormento de não poder crer nas criaturas, de lhes perceber todos os cálculos, todas 
as espertezas, mas delícia suprema de apreciar o jogo dos sentimentos, de ver como nascem 
e morrem as paixões, de ser o espectador que aprecia o jogo dos sentimentos, de ver como 
nascem e morrem as paixões, de ser o espectador que aprecia há um tempo a plateia e os 
bastidores. 
Desse tormento e dessa delícia nasceu o seu humorismo, fruto da simpatia humana aliada 
ao pendor crítico, da piedade jungida à lucidez, da ternura unida à inteligência. Ao lado do 
coração que compadecia, estava o espírito que buscava explicações, que observava 
friamente as reações. 
Muito mais do que a influência dos ingleses, foi esse dualismo, essa dissociação que levou 
Machado ao cultivo do humour. 
Qualquerpsicólogo, dotado de grande visão de conjunto, sem prejuízo da observação 
minuciosa, e que não possua nenhuma inclinação mística, cairá quase fatalmente no 
humorismo. Porque, observada em si mesma, a agitação humana tem uma aparência de 
inutilidade que a torna burlesca. 
Essa sensação de falta de sentido da vida, misturada a um sentimento de compaixão pelos 
vãos esforços do homem, fez de Machado de Assis o grande humorista que se revelou no 
Brás Cubas. 
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(...) 
Que é, afinal, esse Brás Cubas? 
O primeiro dos tipos mórbidos em que Machado extravasou as próprias esquisitices de 
nevropata. 
Uma natureza complexa, cheia de contradições, ambicioso e retraído, vaidoso e 
displicente, apaixonado e indiferente. Sua alma “foi tablado em que se deram peças de todo 
gênero, o drama sacro, o austero, o piegas, a comédia louçã, a desgrenhada farsa, os autos, 
as bufonerias.” 
E ele, como que desdobramento da personalidade, assistia a essas peças, via-se. Com isso 
gastou os seus dias todos, numa autoanálise estéril e empolgante. 
(...) 
Sem dúvida eram, todas essas, sensações que Machado experimentava, mas 
embrionariamente, pois reagiu contra elas na vida, só as deixando espraiarem-se nos livros. 
É que, nele, o espírito cruel se compensava pelo coração bem formado. 
Em Brás Cubas, ao contrário, tudo foi contaminado. O sadismo, no romancista um pendor 
puramente intelectual, foi reforçado no seu herói pela educação. 
Narrando-lhe a primeira infância, Machado de Assis, tão acusado de se haver alheado aos 
grandes problemas do seu tempo, traçou sem digressões, sem palavras difíceis, a crítica da 
organização servil e familiar de então. Mostrou o mal que fez a escravidão a brancos e 
negros. Sem o moleque Prudêncio para lhe servir de cavalo, sem as pretas para alvos 
passivos das suas judiarias, sem os costumes relaxados que a promiscuidade das escravas 
com os sinhô-moços facilitava, o Brás Cubas não teria sido o que foi. 
Também a vaidade do menino era cultivada pela beata administração dos pais. Tudo 
contribuiu para fazer dele um perfeito egoísta. 
Representou o resultado do meio e da educação viciada agindo sobre o temperamento 
mórbido. 
PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis (estudo crítico e biográfico). Brasília: Senado Federal, 
2019 (p. 190-192, grifo meu). 
 
 
 Já introduzimos a figura da crítica literária brasileira Lucia 
Miguel Pereira anteriormente. Neste trecho em particular, a 
pensadora explora o traço estilístico humorístico machadiano. Esse 
humor não é só cômico, pois também advém de uma visão 
desiludida do mundo. Afinal, Machado de Assis era filho da época 
que nasceu, tendo compartilhado traços do decadentismo francês. 
Brás Cubas seria mórbido também por causa disso. O que é 
interessante em sua construção o fato é de ele poder se ver, como 
se estivesse encenando em um palco, já que é um defunto-autor 
que narra suas peripécias post mortem. Outra distinção importante 
é o que está representado no livro e a opinião do próprio autor, que 
nem sempre coincidem. Logo, Machado de Assis é capaz de criar 
Brás Cubas sem, contudo, compartilhar de seu cinismo e suas 
atrocidades. 
 
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TEXTO II 
Mas passemos ao Humanitismo, a mais célebre das filosofias machadianas. Como sugere 
o nome, trata-se de uma sátira à floração oitocentista de ismos, com alusão explícita à 
religião comtiana da humanidade. Os raciocínios fazem pensar em mais outras filiações, já 
que em lugar dos princípios positivistas afirmam a luta de todos contra todos, à maneira do 
darwinismo social. A própria guerra generalizada, contudo, não passa de ilusão, pois tem 
fundamento monista: Humanitas é o princípio único de todas as coisas, residindo igualmente 
nas partes vencida e vencedora, no condenado e no algoz, de sorte que não há perda alguma 
onde parece haver uma desgraça. Daí que a dor não existe nem tem cabimento. “(...) 
substancialmente, é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração à lei de Humanitas” 
[Memórias póstumas de Brás Cubas]. 
 A par das teses da struggle for life, o Humanitismo inclui o elogio da sociedade 
hierárquica e ritualizada, difícil de conciliar com aquelas primeiras. A inconsistência contribui 
para o tom geral de disparate, sem prejuízo de captar admiravelmente a aspiração por 
“ordem e progresso” de várias teorias sociológicas do tempo, que ao propósito científico e 
antitradicional uniam uma posição conservadora, bem como formas sucedâneas de 
providencialismo e culto religioso. 
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de Assis. 3. ed. 
São Paulo: Editora 34, 1997, p. 155. 
 
Roberto Schwarz (1938-...), além de ser um dos maiores 
críticos literários brasileiros ainda vivos, é também um dos 
maiores críticos literários de Machado de Assis. Ele chega a dizer 
que Machado de Assis estava tão à frente de seu tempo que 
ainda não somos contemporâneos dele. No romance Quincas 
Borba, há uma sátira às várias doutrinas que surgiram no fim do 
século XIX, muitas sem nem mesmo embasamento e algumas 
até cruéis, como é o caso da fria Humanitas, cunhada pelo 
filósofo antes de morrer. 
Roberto Schwarz sugere que o lema “Ao vencedor as 
batatas!” seja a tradução abrasileirada da expressão clássica 
inventada por Herbert Spencer (1820-1903): surviving the fittest (sobrevivência do mais apto). Suas 
ideias encontram-se em seus First Principles of a New System of Philosophy (Primeiros princípios para 
um novo sistema de filosofia). Distorção e oposto do humanismo e humanitismo – dos quais, pelo 
menos por causa do nome, parece ter sido derivada –, a filosofia de Humanitas prescreve que a 
ordem do mundo favorece a hierarquia. Pode ser considerada como uma sátira do darwinismo, sátira 
porque é como se fosse um darwinismo “que não deu certo”. 
 
 
 
 
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7 – LISTA DE QUESTÕES 
Prezados concurseiros. Antes de começar, eis algumas informações práticas. 
 O Senado Federal não tem tradição de cobrança na área de Literatura. Portanto, as 
questões que iremos abordar virão das seguintes fontes: 
 Banca Cebraspe. Vamos resolver questões também da mesma banca, mas para outros 
concursos, e ainda questões adaptadas, aproveitando algum texto ou alguma lógica de cobrança. 
 Questões de outras bancas. Realizei uma pesquisa detalhada de como a disciplina de 
Literatura cai em outros concursos públicos, ainda que seja em cargos especializados. Vamos tratar 
dessas questões aqui também. Nesse caso, pode ser que a tipologia de questão varie em relação à 
tradicional cobrança de julgar certo ou errado do Cebraspe. 
 Questões inéditas e autorais. Tive o prazer de elaborar questões para contribuir com o seu 
estudo. Fiz isso me baseando em pesquisas e análises minuciosas. 
 A banca Cebraspe normalmente referencia-se aos textos cobrados usando o sistema de 
indicação por linhas. Para simplificar, fiz marcações em negrito e sublinhado. 
 Aqui, tentei trazer para vocês imagens com qualidade boa, o que pode não acontecer no 
dia da prova. Caso no dia vocês não consigam ler ou entender algo, sobretudo na parte de Artes 
Visuais, vocês devem se dirigir ao fiscal da sala. 
Observação: a lista de questões presente não esgota o nosso treino no assunto. Assim que o 
edital sair, o seu material será adaptado e um volume significativo de questões será criado de acordo 
com o conteúdo programático. 
 
 
 
 
1. (ITAME – Prefeitura Municipal de Aloândia/GO– Fiscal de Vigilância Sanitária – 2015 – adaptada) 
Julgue o item a seguir. 
Os escritores brasileiros seguindo de perto as tendências do Realismo na França e em Portugal, 
enveredaram pela crítica social, fazendo da literatura uma análise da realidade brasileira. 
 
2. (ITAME – Prefeitura Municipal de Aloândia/GO – Fiscal de Vigilância Sanitária – 2015 – adaptada) 
Julgue o item a seguir. 
Diferentemente dos românticos, os autores do Realismo buscaram retratar de forma subjetiva a 
realidade, inclusive a realidade psicológica. 
 
3. (COMEDE – Prefeitura Municipal da Jaqueira/PE – Professor de 5ª a 8ª Série de Língua 
Portuguesa – 2009 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
 
Em uma conferência intitulada a “A literatura Nova” o escritor Eça de Queiroz define, em linhas 
gerais, o projeto literário desta estética: o Naturalismo é a anatomia do caráter, produzir por meio 
GRAU DE DIFICULDADE 
DAS QUESTÕES
FÁCIL, MÉDIO E DIFÍCIL
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da arte uma representação da realidade que permita condenar o que há de mau na sociedade. A 
alternativa que completa corretamente o texto. 
 
4. (ADM&TEC – Prefeitura Municipal de Rio Largo/AL – Professor de 6o ao 9o ano do Ensino 
Fundamental – 2019 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
 
A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é uma das mais importantes obras 
da literatura nacional. Nela, o autor dá voz a um narrador defunto que zomba do caráter das pessoas 
com quem conviveu. 
 
5. (ADVISE – Prefeitura Municipal do Riachão do Poço/PB – Educador Social – 2019 – adaptada) 
Julgue o item a seguir. 
Em relação a Machado de Assis, suas obras são divididas em duas fases: a fase romântica (ou de 
amadurecimento) e a fase realista (ou de maturidade). Além disso, foi no jornal que Machado iniciou 
sua carreira como escritor, e em 1859 vêm a público suas primeiras crônicas. 
 
6. (ADM&TEC – Prefeitura Municipal de Sertânia/PE – Professor de Língua Portuguesa – 2019 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
A obra O Ateneu, de Raul Pompeia, é um romance narrado em primeira pessoa por Sérgio, que conta 
suas experiências como soldado do Exército Brasileiro durante a Guerra de Canudos. 
 
7. (INSTITUTO EXCELÊNCIA – Prefeitura Municipal de Tremembé/SP – Língua Portuguesa – 2019 – 
adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão. 
Óbito do autor 
 Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a 
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua 
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha 
bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía 
cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade 
é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, 
triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar 
esta engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus 
senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um 
dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, 
aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que 
lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado". 
 Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que 
cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de 
Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira 
tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três 
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senhoras, minha irmã Sabina, casada com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham 
paciência! Daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa 
anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não 
digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa 
altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna 
em si todos os elementos de uma tragédia. E, dado que sim, o que menos convinha a essa anônima 
era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste 
senhora mal podia crer na minha extinção. 
 — Morto! Morto! dizia consigo. 
 E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso 
às ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou 
por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; 
lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, 
metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila 
nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando 
lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que 
podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, 
com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, 
e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma. 
 Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia 
grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. 
Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo. 
 (ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 
São Paulo: Editora Moderna, 1994) 
 
Julgue o item abaixo quanto às características do movimento literário presente no texto. 
Propõe uma representação mais verossímil da vida humana, recorrendo à maior subjetividade e 
valorização da imaginação. 
 
8. (Cebraspe – Prefeitura Municipal de São Cristóvão/SE – Professor de Educação Básica/Português 
– 2019 – adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão. 
No Realismo ficcional, a mente cientificista também é responsável pelo esvaziar-se do êxtase 
que a paisagem suscitava nos escritores românticos. O que se entende pela preferência dada agora 
aos ambientes urbanos e, em nível mais profundo, pela não identificação do escritor realista com 
aquela vida e aquela natureza transformadas pelo positivismo em complexos de normas e fatos 
indiferentes à alma humana. 
O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os narradores ao trabalhar as 
suas personagens. A pretensa neutralidade não chega ao ponto de ocultar o fato de que o autor 
carrega sempre de tons sombrios o destino das suas criaturas. Atente-se, nos romances desse 
período, para a galeria de seres distorcidos ou acachapados pelo Fatum. 
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2004,p. 172-3 (com adaptações). 
 
Considerando o fragmento de texto, julgue o item a seguir, a respeito do Realismo e do 
Naturalismo na literatura brasileira. 
 
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Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a abordagem estética pela retórica da ciência imprime ao narrador 
uma voz objetiva, destituída de juízos de valor, como no trecho a seguir, em que descreve uma das 
personagens do romance: “A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, 
bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem”. 
 
9. (VUNESP – Polícia Militar do Estado de São Paulo – Aluno Oficial – 2019 – adaptada) Leia o texto 
a seguir para responder à questão. 
 
[19 de maio de 1888] 
Bons dias! Eu pertenço a uma família de profetas après coup1, post factum2, depois do gato 
morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, juro se necessário for, que toda a 
história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo 
dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. 
Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar. 
Levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que, acompanhando as ideias pregadas 
por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a 
nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a 
liberdade era um dom de Deus que os homens não podiam roubar sem pecado. 
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. 
Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. 
De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo. 
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: 
– Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um 
ordenado, um ordenado que... 
– Oh! meu senhô! fico... 
– Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo: tu cresceste 
imensamente. Quando nasceste eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa 
ver; olha, és mais alto quatro dedos... 
– Artura não qué dizê nada, não, senhô... 
– Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis: mas é de grão em grão que a galinha enche o 
seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. 
– Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou 
sete. Pancrácio aceitou tudo: aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar 
bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, 
não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau 
humor; eram dois estados naturais, quase divinos. 
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio: daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, 
um ou outro puxão de orelhas. E chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; coisas todas 
que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. 
 (Machado de Assis. Bons dias. www.dominiopublico.gov.br. Adaptado) 
1après coup: [francês] pós-golpe. 
2post factum: [latim] depois do fato. 
 
Julgue o item subsequente. 
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Uma marca do estilo de Machado de Assis verificada no texto é o discurso espontâneo e emotivo, 
bem como o tom inflamado e grandiloquente, próprio de uma retórica a favor de causas libertárias, 
que buscava a adesão do leitor por meio do melodrama. 
 
10. (VUNESP – Polícia Militar do Estado de São Paulo – Aluno Oficial – 2018 – adaptada) Leia o texto 
a seguir para responder à questão. 
Leia o trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 
 
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há 
pouco, assim lhe encheu a boca de riso agora: vi-a escrever no muro, falar-me, andar à volta, com os 
braços no ar; ouvi distintamente o meu nome, de uma doçura que me embriagou, e a voz era dela. 
(Obra completa. Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992, p. 840) 
 
Julgue o item a seguir. 
Em Dom Casmurro, assim como em grande parte da prosa de Machado de Assis, observa-se a ênfase 
na caracterização social e psicológica de personagens tipicamente urbanas. 
 
11. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 
2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
Os naturalistas enfatizam o fato de a hereditariedade física e psicológica determinar o 
comportamento das personagens. 
 
12. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 
2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
O desequilíbrio das personagens realistas permanece latente até que o ambiente físico e social 
favoreça sua manifestação, portanto, juntando-se os fatores herança biológica e ambiente, criam-se 
condições para que se manifeste o conflito dramático da personagem realista. 
 
13. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 
2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
A Revolução Francesa está diretamente associada ao nascimento da estética realista. Ela 
desencadeou mudanças tão profundas no modo de produção que se tornou responsável pela 
reordenação da economia mundial no século XIX. 
 
14. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 
2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
O interesse pelo funcionamento e pela organização da sociedade leva os escritores realistas a 
abordarem as necessidades materiais humanas (alimentação, moradia, etc.) e discutir as condições 
econômicas (aspectos referentes ao mundo do trabalho) necessárias para satisfazer tais 
necessidades. 
 
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15. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 
2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
Mudanças profundas ocorreram no Brasil na segunda metade do século XIX, afetando a economia, a 
política, a arte, como, por exemplo, a extinção do tráfico de escravos, o imigrante assalariado como 
nova mão de obra; livre comércio com o exterior; ampliação da burguesia mercantil; o avanço 
científico e o progresso tecnológico; crise entre a Igreja e o Governo; cisão entre o exército e o 
imperador; além da influência do positivismo, sobretudo no meio militar, na burguesia e entre alguns 
grupos de intelectuais. 
 
16. (MSCONCURSOS – Câmara Municipal de Itaguara/MG – Auxiliar Administrativo – 2018 – 
adaptada) Leia o texto para responder à questão. 
É a história de um professor mineiro, Rubião, para quem um filósofo deixa todos os seus bens, 
com a condição de que o herdeiro cuide de seu cachorro, que também tinha o nome do filósofo. De 
posse da fortuna e tendo aprendido do filósofo alguns elementos de sua filosofia, o Humanitismo, 
Rubião muda-se para o Rio de Janeiro. 
Desabituado com a vida na cidade grande, cercado de pessoas que vivem de seu dinheiro, 
Rubião apaixona-se por Sofia, mulher de Cristiano Palha, seu sócio. Ao saber que Rubião estava a fim 
de sua mulher, Palha divide-se entre dois sentimentos: o ciúme que tem da mulher fá-lo pensar em 
atitudes radicais, mas sua dependência econômica de Rubião o leva a não ofender o sócio. 
Sofia, astuciosamente, consegue manter intactos,tanto o interesse de Rubião quanto a 
fidelidade conjugal. 
Aos poucos Rubião começa a agir de maneira estranha: acredita-se Napoleão, fantasia a 
realidade, fala sozinho na rua e, pouco a pouco, perde toda sua fortuna e também a razão. 
Arruinado, Rubião deixa de ser útil e é abandonado pela roda de parasitas que o cercava. 
Palha e Sofia afastam-se cada vez mais e ele acaba sendo internado num asilo de onde foge para 
voltar a Minas. Morre lá, em pleno delírio de grandeza, acompanhado de seu cão e repetindo uma 
frase do Humanitismo: “Ao vencedor, as batatas”. 
 
Julgue o item a seguir. 
O resumo fala da obra: Quincas Borba de Machado de Assis. 
 
17. (QUADRIX – Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – Língua Portuguesa – 2018 
– adaptada) Julgue o item a seguir. 
Em O cortiço, afastado da visão naturalista que regia seus romances anteriores, Aluísio Azevedo 
compôs um retrato fiel da sociedade brasileira, ao descrever os habitantes do cortiço para além 
da perspectiva determinista que submetia os destinos humanos às determinações da raça e do 
meio. 
 
18. (FADESP – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará – Professor de Ensino 
Básico e Técnico – 2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
Sobre a obra de Machado de Assis, é correto afirmar que se desdobra em diferentes gêneros 
literários: poesia, teatro, prosa de ficção (romances, crônicas, contos), crítica literária. Nesse último 
gênero, o autor superou-se e suplantou todos os demais. 
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19. (FADESP – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará – Professor de Ensino 
Básico e Técnico – 2018 – adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão 
O Escritor Machado de Assis (1839/1904) faz parte do Realismo brasileiro, movimento fundamentado 
por um “novo ideário”, conforme Alfredo Bosi, que assinala, também: “O tema da Abolição e, em 
segundo tempo, o da República serão o fulcro das opções ideológicas do homem culto brasileiro a 
partir de 1870.” (BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006). 
 
Julgue o item com relação à obra de Machado de Assis e ao que Bosi assinalou. 
No romance Esaú e Jacó (1904), Machado de Assis retrata questões atinentes à proclamação da 
República brasileira e no conto Pai contra mãe (1906), dramas ligados à escravidão dos 
afrodescendentes. 
 
20. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche – 2018 – 
adaptada) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES 
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria 
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou 
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a 
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua 
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha 
bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía 
cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade 
é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, 
triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar 
esta engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus 
senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um 
dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, 
aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que 
lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado". 
 Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que 
cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de 
Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira 
tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três 
senhoras, minha irmã Sabina, casada com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham 
paciência! Daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa 
anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não 
digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa 
altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna 
em si todos os elementos de uma tragédia. E, dado que sim, o que menos convinha a essa anônima 
era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste 
senhora mal podia crer na minha extinção. 
 — Morto! Morto! dizia consigo. 
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 E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso 
às ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou 
por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; 
lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, 
metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila 
nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando 
lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que 
podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, 
com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, 
e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa nenhuma. 
 Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia 
grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. 
Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo. 
(Assis, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: 
http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/romance/marm05.pdf. Acesso em: 21/01/07). 
 
Em relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
A narração é feita em primeira pessoa e postumamente. Isso não permite, porém, que o narrador 
conte suas memórias da maneira como lhe convir, pois ele está preocupado com a recepção da obra 
por parte de seu leitor. 
 
21. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche – 2018 – 
adaptada) Em relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
O narrador aproveita-se da situação de morto para se livrar dos julgamentos de qualquer pessoa viva. 
Por essa razão, chega a ser até considerado um narrador agressivo e irônico. 
 
22. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche – 2018 – 
adaptada) Em relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
O tempo da narrativa pode ser considerado cronológico e ausenta-se da obra o que os críticos 
denominam de "tempo psicológico". 
 
23. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor deCreche – 2018 – 
adaptada) Em relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
O romance retrata a história de Brás Cubas, um homem bem-sucedido, que teve filhos e que realizou 
grandes feitos enquanto vivo, como a criação e conclusão do Emplasto Brás Cubas, um remédio 
excepcional que teria como propósito amenizar a tristeza do homem e curar a hipocondria humana. 
 
24. (IFB – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Brasília – Português – 2016 – 
adaptada) Julgue o item a seguir, que faz referência ao romance O cortiço de Aluísio de Azevedo. 
 
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O autor sofreu influência de Émile Zola, cuja qualidade é representar a realidade com rigor científico. 
Assim, traça um perfil da personagem João Romão, por exemplo, que o coloca como uma metonímia 
de todas as criaturas que imigram, sofrem e se perdem no sentido de apenas possuir. 
 
25. (MOURA MELO – Prefeitura Municipal de Queluz/SP – Psicólogo – 2011 – adaptada) Leia o texto 
para responder à questão. 
“Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e 
dissimulada." Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar 
assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei 
extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe 
deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os 
meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, 
crescidos e sombrios, com tal expressão que... 
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram 
aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, 
o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição 
nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como 
a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes 
vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as 
pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e 
tragar-me. (...)” 
 
Julgue o item a seguir. 
O movimento literário ao qual pertence o trecho de romance, acima, é o Romantismo. 
 
26. (IAUPE – Polícia Militar do Estado de Pernambuco – Oficial – 2007 – adaptada) Leia o texto para 
responder à questão. 
 
Jantei triste. Não era a falta do relógio que me pungia, era a imagem do autor do furto, e as 
reminiscências de criança, e outra vez a comparação, e a conclusão... Desde a sopa começou a abrir 
em mim a flor amarela e mórbida do capítulo XXV, e então jantei depressa, para correr à casa de 
Virgília. Virgília era o presente; eu queria refugiar-me nele, para escapar às opressões do passado, 
porque o encontro do Quincas Borba tornara-me aos olhos do passado, não qual fora deveras, mas 
um passado roto, abjeto, mendigo e gatuno. Saí de casa, mas era cedo; iria achá-los à mesa. Outra 
vez passei no Quincas Borba, e tive então um desejo de tornar ao Passeio Público, a ver se o achava; 
a idéia de o regenerar surgiu-me como uma forte necessidade. Fui; mas já não o achei. Indaguei do 
guarda; disse-me que efetivamente ”esse sujeito” ia por ali às vezes. 
– A que horas? 
– Não tem hora certa. 
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas, São Paulo: Egéria, 1980. p. 99. 
 
Julgue o item a seguir quanto à identificação do fragmento do texto com características do 
Realismo brasileiro. 
Quincas Borba tornara-me aos olhos do passado, não qual fora deveras, mas um passado roto, abjeto 
mendigo e gatuno = descrição e adjetivação objetivas tentando captar o real como ele se apresenta. 
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27. (FUNCAB – SESC/BA: Analista em Literatura – 2009 – adaptada) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 
PERGUNTAS 
Olhos de ressaca 
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o 
desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. 
Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la 
dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão 
apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... 
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto 
para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver 
parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais 
os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, 
como se quisesse tragar também o nadador da manhã. 
MACHADO DE ASSIS. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro. 8 ed. São Paulo. Ática. 1978. p. 133-4. 
 
Julgue o item a seguir. 
Do ponto de vista do narrador, a personagem que reage de modo aparentemente diferente dos 
demais é Capitu. 
 
28. (FUNCAB – SESC/BA: Analista em Literatura – 2009 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
O título do capítulo Olhos de ressaca, do livro Dom Casmurro, se refere à seguinte afirmação: “Os 
olhos de Capitu pareciam querer reter a imagem do defunto”. 
 
29. (Cebraspe/Universidade de Brasília – 2013/1o semestre – adaptada) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 
2 QUESTÕES 
 
Conto de escola 
A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele 
dia ― uma segunda-feira, do mês de maio ―, deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a 
ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant’Ana, que não 
era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos 
infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De 
repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. 
[...] 
Raimundo recuou a mão dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida, 
propôs-me um negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da 
lição de sintaxe. Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a proposta 
esfregando a pratinha nos joelhos... 
Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma ideia antes própria de 
homem; não é também que não fosse fácil empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos 
ambos enganar ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e dinheiro, 
compra franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para ele, à toa, sem 
poder dizer nada. 
Machado de Assis. Conto de escola. Internet:<www.dominiopublico.org>. 
 
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Tendo como referência o fragmento acima, da obra Conto de escola, de Machado de Assis, julgue 
o item a seguir. 
No fragmento apresentado, é relatada uma situação que corresponde a um processo de 
incorporação de um valor social que gera conflito no narrador-personagem. Esse valor social é a 
liberdade de troca entre indivíduos. 
 
30. (Cebraspe/Universidade de Brasília – 2013/1o semestre – adaptada) Julgue o item a seguir. 
No 3.º período do texto, para apresentar detalhe relativo ao tempo da narrativa, Machado de Assis 
utilizaestrutura sintática de aposto explicativo, que corresponde ao trecho entre travessões. 
 
8 – GABARITO 
 
 
 
1. C 
2. E 
3. E 
4. C 
5. C 
6. E 
7. E 
8. E 
9. E 
10. C 
11. C 
12. E 
13. E 
14. C 
15. C 
16. C 
17. E 
18. E 
19. C 
20. E 
21. C 
22. E 
23. E 
24. C 
25. E 
26. C 
27. C 
28. C 
29. C 
30. E
 
 
9 – QUESTÕES COMENTADAS 
 
 
1. (ITAME – Prefeitura Municipal de Aloândia/GO – Fiscal de Vigilância Sanitária – 2015 – adaptada) Julgue 
o item a seguir. 
Os escritores brasileiros seguindo de perto as tendências do Realismo na França e em Portugal, enveredaram 
pela crítica social, fazendo da literatura uma análise da realidade brasileira. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de características de movimentos literários. 
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O Realismo foi um movimento literário-artístico que chegou antes na Europa do que no Brasil. Dessa 
forma, quando chega em território nacional, os artistas espelham-se nas técnicas e temas já recorrentes, 
mas estipulam sua crítica orientada para a realidade local. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: fácil. 
Gabarito: C. 
 
2. (ITAME – Prefeitura Municipal de Aloândia/GO – Fiscal de Vigilância Sanitária – 2015 – adaptada) Julgue 
o item a seguir. 
Diferentemente dos românticos, os autores do Realismo buscaram retratar de forma subjetiva a realidade, 
inclusive a realidade psicológica. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de características de movimentos literários. 
Os realistas se diferenciaram, sim, dos românticos, mas não por essa característica. Eram os 
românticos que eram subjetivos; os realistas retratam a realidade psicológica (interior) sem descuidar da 
crítica à realidade exterior (sociedade). 
 O grau de dificuldade dessa questão é: fácil. 
Gabarito: E. 
 
3. (COMEDE – Prefeitura Municipal da Jaqueira/PE – Professor de 5ª a 8ª Série de Língua Portuguesa – 
2009 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
Em uma conferência intitulada a “A literatura Nova” o escritor Eça de Queiroz define, em linhas gerais, o 
projeto literário desta estética: o Naturalismo é a anatomia do caráter, produzir por meio da arte uma 
representação da realidade que permita condenar o que há de mau na sociedade. A alternativa que completa 
corretamente o texto. 
Comentários 
 Questão de preencher lacuna/conhecimento de características de movimentos literários. 
Cuidado: Naturalismo e Realismo foram movimentos simultâneos, mas com estéticas muito 
diferentes entre si. Porque Eça de Queiroz está falando de denúncia de comportamentos sociais no texto o 
autor está se remetendo diretamente ao Realismo e não o Naturalismo. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
4. (ADM&TEC – Prefeitura Municipal de Rio Largo/AL – Professor de 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental 
– 2019 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é uma das mais importantes obras da 
literatura nacional. Nela, o autor dá voz a um narrador defunto que zomba do caráter das pessoas com quem 
conviveu. 
Comentários 
 Questão conhecimento de características de movimentos literários. 
O defunto-autor coloca-se assim nessa situação privilegiada para criticar a tudo e a todos, inclusive a 
si mesmo. É importante lembrar que ele não está isento a autocríticas. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
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5. (ADVISE – Prefeitura Municipal do Riachão do Poço/PB – Educador Social – 2019 – adaptada) Julgue o 
item a seguir. 
Em relação a Machado de Assis, suas obras são divididas em duas fases: a fase romântica (ou de 
amadurecimento) e a fase realista (ou de maturidade). Além disso, foi no jornal que Machado iniciou sua 
carreira como escritor, e em 1859 vêm a público suas primeiras crônicas. 
Comentários 
 Questão conhecimento da biografia do autor. 
Machado de Assis é um dos principais escritores da Literatura Nacional; portanto, podem ser 
cobrados, sim, fatos sobre sua biografia. É importante notar também que o item foi elaborado em mais de 
uma parte, mas todas elas estão corretas. Quem motivou o início da carreira de Machado de Assis foi o 
romântico Joaquim Manuel Macedo. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
6. (ADM&TEC – Prefeitura Municipal de Sertânia/PE – Professor de Língua Portuguesa – 2019 – adaptada) 
Julgue o item a seguir. 
A obra O Ateneu, de Raul Pompeia, é um romance narrado em primeira pessoa por Sérgio, que conta suas 
experiências como soldado do Exército Brasileiro durante a Guerra de Canudos. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de cânone. 
As informações referem-se à obra Os Sertões (1902) do pré-modernista Euclides da Cunha e não a O 
Ateneu, que é uma obra realista de cunho autobiográfico. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
7. (INSTITUTO EXCELÊNCIA – Prefeitura Municipal de Tremembé/SP – Língua Portuguesa – 2019 – 
adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão. 
Óbito do autor 
 Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro 
lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas 
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor 
defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim 
mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: 
diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela 
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de 
trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve 
cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão 
constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no 
discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer 
comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm 
honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como 
um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é 
um sublime louvor ao nosso ilustre finado". 
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 Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à 
cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as ânsias 
nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde 
e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina, casada 
com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham paciência! Daqui a pouco lhes direi quem era a 
terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as 
parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, 
convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro 
anos, não parece que reúna em si todos os elementosde uma tragédia. E, dado que sim, o que menos 
convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca 
entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção. 
 — Morto! Morto! dizia consigo. 
 E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso às ribas 
africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou por sobre os 
destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando 
eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os 
soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e 
o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes 
que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou 
a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a 
consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa 
nenhuma. 
 Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia grandiosa e 
útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe 
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo. 
 (ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 
São Paulo: Editora Moderna, 1994) 
 
Julgue o item abaixo quanto às características do movimento literário presente no texto. 
Propõe uma representação mais verossímil da vida humana, recorrendo à maior subjetividade e valorização 
da imaginação. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento das características do movimento 
literário. 
Representação verossímil da vida humana, sim, mas objetiva, sem maior subjetividade. A imaginação 
exaltada é da senhora misteriosa e não de Brás Cubas. Ele, pelo contrário, mostra-se impassível até mesmo 
na morte: “Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente”. É tão pragmático que não reconhece 
tragédia no fato de um homem de sessenta e quatro homens morrer (afinal, já era longevo), tampouco nos 
sons que percebia ao redor, pois se tratava de sons comuns da realidade. 
A verossimilhança revela-se ainda mais instigante ao fim do trecho, pois Brás Cubas quer convencer 
o leitor, comprovando-lhe os fatos. 
O texto é uma oportunidade para revisarmos alguns traços estilísticos machadianos: 
 A ironia. Presente no susto que Brás Cubas leva ao repara quão poucos amigos comparecem ao 
seu velório: “e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos!” 
 A intertextualidade. Presente na alusão à peça teatral Hamlet de William Shakespeare. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: difícil. 
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Gabarito: E. 
 
8. (Cebraspe – Prefeitura Municipal de São Cristóvão/SE – Professor de Educação Básica/Português – 2019 
– adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão. 
No Realismo ficcional, a mente cientificista também é responsável pelo esvaziar-se do êxtase que a 
paisagem suscitava nos escritores românticos. O que se entende pela preferência dada agora aos ambientes 
urbanos e, em nível mais profundo, pela não identificação do escritor realista com aquela vida e aquela 
natureza transformadas pelo positivismo em complexos de normas e fatos indiferentes à alma humana. 
O determinismo reflete-se na perspectiva em que se movem os narradores ao trabalhar as suas 
personagens. A pretensa neutralidade não chega ao ponto de ocultar o fato de que o autor carrega sempre 
de tons sombrios o destino das suas criaturas. Atente-se, nos romances desse período, para a galeria de seres 
distorcidos ou acachapados pelo Fatum. 
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 172-3 (com adaptações). 
 
Considerando o fragmento de texto, julgue o item a seguir, a respeito do Realismo e do Naturalismo na 
literatura brasileira. 
Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a abordagem estética pela retórica da ciência imprime ao narrador uma 
voz objetiva, destituída de juízos de valor, como no trecho a seguir, em que descreve uma das personagens 
do romance: “A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos 
luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem”. 
Comentários 
 Questão de Crítica Literária/conhecimento de características do movimento literário. 
Compreende-se que o trecho é essencialmente subjetivo e não objetivo pela adjetivação: beiços 
sensuais, dentes bonitos e olhos luxuriosos e, além por cima, com forte juízo de valor: de macaca. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
9. (VUNESP – Polícia Militar do Estado de São Paulo – Aluno Oficial – 2019 – adaptada) Leia o texto a seguir 
para responder à questão. 
 
[19 de maio de 1888] 
Bons dias! Eu pertenço a uma família de profetas après coup1, post factum2, depois do gato morto, 
ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, juro se necessário for, que toda a história desta lei 
de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de 
alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi 
que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar. 
Levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que, acompanhando as ideias pregadas por 
Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira 
devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de 
Deus que os homens não podiam roubar sem pecado. 
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Todos 
os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi 
muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo. 
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza: 
– Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um 
ordenado, um ordenado que... 
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– Oh! meu senhô! fico... 
– Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo: tu cresceste 
imensamente. Quando nasceste eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; 
olha, és mais alto quatro dedos... 
– Artura não qué dizê nada, não, senhô... 
– Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis: mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. 
Tu vales muito mais que uma galinha. 
– Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete. 
Pancrácio aceitou tudo: aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as 
botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular 
o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados 
naturais, quase divinos. 
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio: daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou 
outro puxão de orelhas. E chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; coisas todas que ele recebe 
humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. 
 (Machado de Assis. Bons dias. www.dominiopublico.gov.br. Adaptado) 
1après coup: [francês]pós-golpe. 
2post factum: [latim] depois do fato. 
 
Julgue o item subsequente. 
Uma marca do estilo de Machado de Assis verificada no texto é o discurso espontâneo e emotivo, bem como 
o tom inflamado e grandiloquente, próprio de uma retórica a favor de causas libertárias, que buscava a 
adesão do leitor por meio do melodrama. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do estilo do autor. 
Não tem nada de espontâneo o texto machadiano, mas sim passa por procedimentos, pensamento e 
racionalidade. O tom inflamado e grandiloquente é típico do condoreirismo, terceira geração romântica, 
porém a menção à abolição da escravidão por Machado de Assis é crítica e irônica e não melodramática. Pela 
recusa insistente do ex-escravo Pancrácio em deixar o senhorio, mesmo quando podia, pois estava livre, 
indica que no fundo o ex-escravo pressentia que lá fora iria encontrar condições de vulnerabilidade social 
ainda piores que enfrentava ali. De alguma maneira, devia se sentir protegido para querer ficar. Tudo isso 
Machado de Assis indica com sutileza, nas entrelinhas, por exemplo, com a pontuação das reticências na fala 
de Pancrácio. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: difícil. 
Gabarito: E. 
 
10. (VUNESP – Polícia Militar do Estado de São Paulo – Aluno Oficial – 2018 – adaptada) Leia o texto a 
seguir para responder à questão. 
Leia o trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 
 
A imagem de Capitu ia comigo, e a minha imaginação, assim como lhe atribuíra lágrimas, há pouco, 
assim lhe encheu a boca de riso agora: vi-a escrever no muro, falar-me, andar à volta, com os braços no ar; 
ouvi distintamente o meu nome, de uma doçura que me embriagou, e a voz era dela. 
(Obra completa. Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992, p. 840) 
 
Julgue o item a seguir. 
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Em Dom Casmurro, assim como em grande parte da prosa de Machado de Assis, observa-se a ênfase na 
caracterização social e psicológica de personagens tipicamente urbanas. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Cuidado: apenas pelo trecho até parece um excerto romântico, pelo sentimentalismo expresso. 
Porém, devemos lembrar que se trata de uma obra complexa, estruturada em primeira pessoa, e que estes 
sentimentos são descritos de maneira que parece exagerada justamente porque partem dessa noção 
subjetiva. O importante é entender que o Realismo opera o trânsito entre esse universo interior e o exterior 
(a sociedade). 
 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: C. 
 
11. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
Os naturalistas enfatizam o fato de a hereditariedade física e psicológica determinar o comportamento das 
personagens. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de características do movimento literário. 
Essa hereditariedade é justificada por teorias do fim do século XIX tais como Positivismo, 
Determinismo e Darwinismo. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: C. 
 
12. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
O desequilíbrio das personagens realistas permanece latente até que o ambiente físico e social favoreça sua 
manifestação, portanto, juntando-se os fatores herança biológica e ambiente, criam-se condições para que 
se manifeste o conflito dramático da personagem realista. 
Comentários 
 Questão de conhecimento de características do movimento literário. 
Herança biológica e determinação do ambiente são características naturalistas e não realistas. Muito 
provavelmente a banca vai tentar confundir os dois. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: E. 
 
13. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
A Revolução Francesa está diretamente associada ao nascimento da estética realista. Ela desencadeou 
mudanças tão profundas no modo de produção que se tornou responsável pela reordenação da economia 
mundial no século XIX. 
Comentários 
 Questão acerca do contexto histórico-social do movimento literário. 
Estética iluminista, mais ligada ao Arcadismo, e não realista. 
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 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: E. 
 
14. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
O interesse pelo funcionamento e pela organização da sociedade leva os escritores realistas a abordarem as 
necessidades materiais humanas (alimentação, moradia, etc.) e discutir as condições econômicas (aspectos 
referentes ao mundo do trabalho) necessárias para satisfazer tais necessidades. 
Comentários 
 Questão acerca do contexto histórico-social do movimento literário. 
O que está associado também ao interesse pela doutrina do materialismo no século XIX. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: C. 
 
15. (CEV/UECE – Secretaria do Estado de Educação do Ceará – Professor de Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
Mudanças profundas ocorreram no Brasil na segunda metade do século XIX, afetando a economia, a política, 
a arte, como, por exemplo, a extinção do tráfico de escravos, o imigrante assalariado como nova mão de 
obra; livre comércio com o exterior; ampliação da burguesia mercantil; o avanço científico e o progresso 
tecnológico; crise entre a Igreja e o Governo; cisão entre o exército e o imperador; além da influência do 
positivismo, sobretudo no meio militar, na burguesia e entre alguns grupos de intelectuais. 
Comentários 
 Questão acerca do contexto histórico-social do movimento literário. 
Mudanças como Abolição da Escravidão (13 de maio de 1888) e Proclamação da República (1889). 
Em meio a isso, surgem novas doutrinas como o Positivismo, que aqui no Brasil influenciou o lema da nossa 
bandeira nacional: “Ordem e Progresso”. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: média. 
Gabarito: C. 
 
 
16. (MSCONCURSOS – Câmara Municipal de Itaguara/MG – Auxiliar Administrativo – 2018 – adaptada) 
Leia o texto para responder à questão. 
É a história de um professor mineiro, Rubião, para quem um filósofo deixa todos os seus bens, com a 
condição de que o herdeiro cuide de seu cachorro, que também tinha o nome do filósofo. De posse da 
fortuna e tendo aprendido do filósofo alguns elementos de sua filosofia, o Humanitismo, Rubião muda-se 
para o Rio de Janeiro. 
Desabituado com a vida na cidade grande, cercado de pessoas que vivem de seu dinheiro, Rubião 
apaixona-se por Sofia, mulher de Cristiano Palha, seu sócio. Ao saber que Rubião estava a fim de sua mulher, 
Palha divide-se entre dois sentimentos: o ciúme que tem da mulher fá-lo pensar em atitudes radicais, mas 
sua dependência econômica de Rubião o leva a não ofender o sócio. 
Sofia, astuciosamente, consegue manter intactos, tanto o interesse de Rubião quanto a fidelidade 
conjugal. 
Aos poucos Rubião começa a agir de maneira estranha: acredita-se Napoleão, fantasia a realidade, 
fala sozinho na rua e, pouco a pouco, perde toda sua fortuna e também a razão. 
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Arruinado, Rubião deixa de ser útil e é abandonado pela roda de parasitas que o cercava. Palha e 
Sofia afastam-secada vez mais e ele acaba sendo internado num asilo de onde foge para voltar a Minas. 
Morre lá, em pleno delírio de grandeza, acompanhado de seu cão e repetindo uma frase do Humanitismo: 
“Ao vencedor, as batatas”. 
 
Julgue o item a seguir. 
O resumo fala da obra: Quincas Borba de Machado de Assis. 
Comentários 
 Questão sobre conhecimento de obra do cânone. 
Questão fácil, mas apenas se o enredo fosse conhecido. Portanto, trata-se de um interessante modo 
de a banca cobrar enredos. Bastava lembrar que em Quincas Borba, embora este romance leve em seu título 
um nome próprio, o papel de protagonista não é ocupado pelo mesmo (no caso, o filósofo que falece no 
início do livro), mas sim por Rubião. Trata-se de um jogo machadiano de inverter alçar uma personagem 
periférica à condição de central. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: fácil. 
Gabarito: C. 
 
17. (QUADRIX – Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – Língua Portuguesa – 2018 – 
adaptada) Julgue o item a seguir. 
Em O cortiço, afastado da visão naturalista que regia seus romances anteriores, Aluísio Azevedo compôs um 
retrato fiel da sociedade brasileira, ao descrever os habitantes do cortiço para além da perspectiva 
determinista que submetia os destinos humanos às determinações da raça e do meio. 
Comentários 
 Questão sobre conhecimento de características do movimento literário. 
Cuidado: o retrato do cortiço não vai além do determinismo, pois se propunha a seguir o modelo 
padrão do romance de tese. Neste tipo de literatura, há influência do cientificismo e o objetivo maior buscar 
comprovações. Confira abaixo um trecho paradigmático: 
 
SUZANNE 
Não sei. Só consegui vê-lo através da luneta, sabe? Devia ser bem longe, muito longe, lá 
para os lados do St. Sulpice. Quando eu olhava a olho nu, só conseguia ver manchas 
cinzentas dos terraços com as manchas azuis dos telhados de ardósia... Quase perdi o rapaz 
de vista. O telescópio saiu do lugar, e precisei tornar a percorrer uma viagem imensa pelo 
mar de chaminés... Mas agora eu já tenho um ponto de referência, o catavento de uma 
casa vizinha à nossa (ZOLA, 2007, p. 98). 
 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
 
18. (FADESP – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará – Professor de Ensino Básico e 
Técnico – 2018 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
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Sobre a obra de Machado de Assis, é correto afirmar que se desdobra em diferentes gêneros literários: 
poesia, teatro, prosa de ficção (romances, crônicas, contos), crítica literária. Nesse último gênero, o autor 
superou-se e suplantou todos os demais. 
Comentários 
 Questão sobre conhecimento do autor. 
De fato, Machado de Assis escreveu até poesia em sua fase romântica, especialmente dedicada à 
esposa Carolina, escreveu algumas peças de teatro e também Crítica Literária (tem um texto importante 
sobre Eça de Queirós, por exemplo), mas não se sobressaiu na crítica, mas sim em seus romances. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
19. (FADESP – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará – Professor de Ensino Básico e 
Técnico – 2018 – adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão 
O Escritor Machado de Assis (1839/1904) faz parte do Realismo brasileiro, movimento fundamentado por 
um “novo ideário”, conforme Alfredo Bosi, que assinala, também: “O tema da Abolição e, em segundo 
tempo, o da República serão o fulcro das opções ideológicas do homem culto brasileiro a partir de 1870.” 
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006). 
 
Julgue o item com relação à obra de Machado de Assis e ao que Bosi assinalou. 
No romance Esaú e Jacó (1904), Machado de Assis retrata questões atinentes à proclamação da República 
brasileira e no conto Pai contra mãe (1906), dramas ligados à escravidão dos afrodescendentes. 
Comentários 
 Questão sobre conhecimento de obras do cânone. 
Em Esaú e Jacó, os irmãos gêmeos encarnam os pontos de vista políticos do republicanismo versus 
monarquismo. Já no conto Pai contra mãe, Candinho Neves é um caçador de escravos fugidos. Acaba por 
caçar uma que estava grávida e sofre aborto espontâneo assim que sabe que vai ser restituída ao senhor, 
diante de situação de tamanho estresse. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
20. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche– 2018 – adaptada) 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES 
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em 
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, 
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um 
autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria 
assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no 
cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela 
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de 
trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve 
cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão 
constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no 
discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer 
comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm 
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honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como 
um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é 
um sublime louvor ao nosso ilustre finado". 
 Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à 
cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as ânsias 
nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde 
e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina, casada 
com o Cotrim, a filha, — um lírio do vale, — e... Tenham paciência! Daqui a pouco lhes direi quem era a 
terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as 
parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, 
convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro 
anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E, dado que sim, o que menos 
convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca 
entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção. 
 — Morto! Morto! dizia consigo. 
 E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso às ribas 
africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, a imaginação dessa senhora também voou por sobre os 
destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando 
eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrertranquilamente, metodicamente, ouvindo os 
soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e 
o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes 
que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou 
a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a 
consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e coisa 
nenhuma. 
 Morri de uma pneumonia; mas, se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia grandiosa e 
útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe 
sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo. 
(Assis, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: 
http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/romance/marm05.pdf. Acesso em: 21/01/07). 
 
Em relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
A narração é feita em primeira pessoa e postumamente. Isso não permite, porém, que o narrador conte suas 
memórias da maneira como lhe convir, pois ele está preocupado com a recepção da obra por parte de seu 
leitor. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Pelo contrário: é justamente o lugar privilegiado que lhe poupa de ser julgado pela crítica e acaba lhe 
conferindo privilégios que em outro caso não seria possível. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: fácil. 
Gabarito: E. 
 
21. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche– 2018 – adaptada) Em 
relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
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O narrador aproveita-se da situação de morto para se livrar dos julgamentos de qualquer pessoa viva. Por 
essa razão, chega a ser até considerado um narrador agressivo e irônico. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
O grande traço da personalidade de Brás Cubas é seu cinismo, também verificado em sua maneira de 
ver o mundo e encarar a realidade. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
22. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche– 2018 – adaptada) Em 
relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
O tempo da narrativa pode ser considerado cronológico e ausenta-se da obra o que os críticos denominam 
de "tempo psicológico". 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
A marcação do tempo também é psicológica, cheia de digressões. Confiram abaixo alguns conceitos 
importantes. 
 
O TEMPO 
 Os fatos de uma narração apresentam relações com o tempo em dois níveis: 
cronológico e psicológico. 
Tempo cronológico 
 É o tempo que transcorre na ordem natural dos fatos no enredo, do começo para o final. 
Está ligado ao enredo linear, ou seja, à ordem em que os fatos ocorrem. Chama-se tempo 
cronológico porque pode ser medido em horas, meses, anos, séculos. 
 
Tempo psicológico 
 É o tempo que transcorre numa ordem determinada pela vontade, pela memória ou pela 
imaginação do narrador ou personagem. É característico do enredo não linear, ou seja, do 
enredo em que os acontecimentos estão fora da ordem natural. 
 
Técnica do flashback 
 O flashback é um recurso narrativo que consiste em voltar no tempo. Ocorre, por 
exemplo, quando uma personagem lembra um ato ou conta a outras personagens fatos 
que acrescentam informações ou esclarecem uma situação, um enigma, etc. Em nossa 
literatura, o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, apresenta 
essa técnica: o tempo para o narrador-personagem Brás Cubas tem como referência a sua 
condição de morto, o que lhe permite voltar ao passado recente e contar como morreu, 
por exemplo, ou voltar ao passado mais distante e contar fatos de sua infância e juventude. 
Fonte: (CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 281-283). 
 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
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23. (AGIRH – Prefeitura Municipal de Aparecida de São Paulo – Monitor de Creche– 2018 – adaptada) Em 
relação aos aspectos literários da obra, julgue o item a seguir. 
O romance retrata a história de Brás Cubas, um homem bem-sucedido, que teve filhos e que realizou grandes 
feitos enquanto vivo, como a criação e conclusão do Emplasto Brás Cubas, um remédio excepcional que teria 
como propósito amenizar a tristeza do homem e curar a hipocondria humana. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Brás Cubas não é bem-sucedido. Mesmo sendo da elite, leva uma vida medíocre e nunca obteve 
sucesso em nada que fez. Não foi ministro, não teve filho, não constituiu família, sequer terminou seu 
almejado emplasto. O capítulo final dá a tônica negativo para a sua vida cheia de fracassos. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
24. (IFB – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Brasília – Português – 2016 – adaptada) 
Julgue o item a seguir, que faz referência ao romance O cortiço de Aluísio de Azevedo. 
O autor sofreu influência de Émile Zola, cuja qualidade é representar a realidade com rigor científico. Assim, 
traça um perfil da personagem João Romão, por exemplo, que o coloca como uma metonímia de todas as 
criaturas que imigram, sofrem e se perdem no sentido de apenas possuir. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Aluísio de Azevedo sofreu influência no sentido do romance de tese. Metonímia é uma figura de 
linguagem que representa a parte pelo todo. Assim, João Romão é a parte que representa a imigração 
portuguesa no Brasil, sobretudo aquela visando ao lucro. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: difícil. 
Gabarito: C. 
 
25. (MOURA MELO – Prefeitura Municipal de Queluz/SP – Psicólogo – 2011 – adaptada) Leia o texto para 
responder à questão. 
“Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." 
Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-
se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a 
doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; 
imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados 
neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que... 
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles 
olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram 
e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei 
que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, 
nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos 
cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha 
crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. (...)” 
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Julgue o item a seguir. 
O movimento literário ao qual pertence o trecho de romance, acima, é o Romantismo. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Embora trate da situação de namorados, o trecho acima pertence à obra Dom Casmurro do realista 
Machado de Assis, o que pode ser depreendido a partir do nome das personagens. Percebam como a banca 
realizou o caminho oposto na cobrança dessa questão. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: E. 
 
26. (IAUPE – Polícia Militar do Estado de Pernambuco – Oficial – 2007 – adaptada) Leia o texto para 
responder à questão. 
 
Jantei triste. Não era a falta do relógio que me pungia, era a imagem do autor do furto, e as 
reminiscências de criança, e outra vez a comparação, e a conclusão... Desde a sopa começou a abrir em mim 
a flor amarela e mórbida do capítulo XXV, e então jantei depressa, para correr à casa de Virgília. Virgília era 
o presente; eu queria refugiar-me nele, para escapar às opressões do passado, porque o encontro do Quincas 
Borba tornara-me aos olhos do passado, não qual fora deveras, mas um passado roto, abjeto, mendigo e 
gatuno. Saí de casa, mas era cedo; iria achá-los à mesa. Outra vez passei no Quincas Borba, e tive então um 
desejo de tornar ao Passeio Público, a ver se o achava; a idéia de o regenerar surgiu-me como uma forte 
necessidade. Fui; mas já não o achei. Indaguei do guarda; disse-me que efetivamente ”esse sujeito” ia por 
ali às vezes. 
– A que horas? 
– Não tem hora certa. 
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas, São Paulo: Egéria, 1980. p. 99. 
 
Julgue o item a seguir quanto à identificação do fragmento do texto com características do Realismo 
brasileiro. 
Quincas Borba tornara-me aos olhos do passado, não qual fora deveras, mas um passado roto, abjeto 
mendigo e gatuno = descrição e adjetivação objetivas. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de características do movimento 
literário. 
Questão que cobra conhecimento de mais de uma obra. No caso, roto, “abjeto mendigo e gatuno” 
são adjetivos que descrevem o passado olhado por Quincas Borba. A metáfora de “tornar-se os olhos do 
passado” lembra a teoria do reflexo realista. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: difícil. 
Gabarito: C. 
 
27. (FUNCAB – SESC/BA: Analista em Literatura – 2009 – adaptada) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 
PERGUNTAS 
Olhos de ressaca 
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Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o 
desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só 
Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A 
confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão 
apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... 
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a 
gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a 
retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o 
pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar 
também o nadador da manhã. 
MACHADO DE ASSIS. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro. 8 ed. São Paulo. Ática. 1978. p. 133-4. 
 
Julgue o item a seguir. 
Do ponto de vista do narrador, a personagem que reage de modo aparentemente diferente dos demais é 
Capitu. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Capitu, segundo Bentinho, estaria olhando para o defunto de maneira suspeita demais, apaixonada 
demais, que destoava do resto no velório e, sobretudo, revelava sentimentos inadequados. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
28. (FUNCAB – SESC/BA: Analista em Literatura – 2009 – adaptada) Julgue o item a seguir. 
O título do capítulo Olhos de ressaca, do livro Dom Casmurro, se refere à seguinte afirmação: “Os olhos de 
Capitu pareciam querer reter a imagem do defunto”. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Uma das imagens poéticas com mais força no livro, os olhos de ressaca de Capitu traem o que sentem. 
Vão e voltam em seus sentimentos, como a maré, evidenciando o jogo da essência/aparência. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
29. (Cebraspe/Universidade de Brasília – 2013/1o semestre – adaptada) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 
QUESTÕES 
 
Conto de escola 
A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia ― 
uma segunda-feira, do mês de maio ―, deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria 
brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant’Ana, que não era então esse parque 
atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, 
capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a 
escola. E guiei para a escola. 
[...] 
Raimundo recuou a mão dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida, propôs-
me um negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lição de sintaxe. 
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Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a proposta esfregando a pratinha 
nos joelhos... 
Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma ideia antes própria de homem; 
não é também que não fosse fácil empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar ao 
mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e dinheiro, compra franca, positiva, 
toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para ele, à toa, sem poder dizer nada. 
Machado de Assis. Conto de escola. Internet:<www.dominiopublico.org>. 
 
Tendo como referência o fragmento acima, da obra Conto de escola, de Machado de Assis, julgue o item 
a seguir. 
No fragmento apresentado, é relatada uma situação que corresponde a um processo de incorporação de um 
valor social que gera conflito no narrador-personagem. Esse valor social é a liberdade de troca entre 
indivíduos. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Pois ele estaria trocando um serviço (um bem não material), ou seja, a lição de sintaxe, em troca de 
moeda. Logo, o personagem põe-se em dúvida. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: médio. 
Gabarito: C. 
 
30. (Cebraspe/Universidade de Brasília – 2013/1o semestre – adaptada) Julgue o item a seguir. 
No 3.º período do texto, para apresentar detalhe relativo ao tempo da narrativa, Machado de Assis utiliza 
estrutura sintática de aposto explicativo, que corresponde ao trecho entre travessões. 
Comentários 
 Questão de Gramática aplicada à Literatura. 
A terceira oração começa logo em seguida, após o verbo “deixei-me”. 
 O grau de dificuldade dessa questão é: difícil. 
Gabarito: E. 
 
10 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 5. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2007. Disponível em: http://tinyurl.com/y5d7eheb. Acesso em: 21 set. 2020. 
AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. Domínio público. Fonte: https://tinyurl.com/c454sss. Acesso em: 11 fev. 
2020. 
CEREJA; William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação:uma proposta de produção 
textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2005. 
IMDB. Cartazes oficiais de filmes. Disponível em: https://www.imdb.com/. Acesso em: 13 set. 2020 
LOPES, Óscar; SARAIVA, António José. História da Literatura Portuguesa. 13. ed. Porto: Porto Editora, 1985. 
MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: a expressividade na língua portuguesa. 4. ed. São Paulo: 
Editora da USP, 2011 (Acadêmica, 71). 
PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis (estudo crítico e biográfico). Brasília: Senado Federal, 2019. 
POMPÉIA, Raul. O Ateneu. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1963. 
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QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Disponível em: https://tinyurl.com/yynxnls8. Acesso em: 05 out. 2020. 
______. A ilustre casa de Ramires. Disponível em: https://tinyurl.com/y3f2klpz. Acesso em: 05 out. 2020. 
______. Os Maias: episódios da vida romântica. São Paulo: Nova Alexandria, 2000. 
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de Assis. 3. ed. São Paulo: Editora 
34, 1997. 
TOLSTÓI, Liév. Anna Kariênina. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 
ZOLA, Émile. Thérèse Raquin. Trad. Sergio Flaksman. São Paulo: Peixoto Neto, 2007. 
 
10.1 – Referências Bibliográficas das Imagens 
[1] Honoré Daumier – Carruagem de Terceira Classe. Disponível em: https://tinyurl.com/w5k5tfk. Acesso 
em: 11 mar. 2020. 
[2] A. Thiers – Historia del Consulado y del Imperio, 1879 "Congreso de Viena". Disponível em: 
https://tinyurl.com/qkplgtl. Acesso em: 11 mar. 2020. 
[3] H. Vernet – Barricade rue Soufflot. Disponível em: https://tinyurl.com/uvxbrrx. Acesso em: 11 mar. 2020. 
[4] B. Braqueais – Barricade Voltaire Lenoir Commune Paris 1871. Disponível em: https://tinyurl.com/tqzyf8t. 
Acesso em: 11 mar. 2020. 
[5] Proudhon atelier Nadar BNF Gallica. Disponível em: https://tinyurl.com/umdabnh. Acesso em: 11 mar. 
2020. 
[6] Karl Marx 001. Disponível em: https://tinyurl.com/t6o66nw. Acesso em: 11 mar. 2020. 
[7] Madame Bovary 1857 (hi-res). Disponível em: https://tinyurl.com/uk9tsll. Acesso em: 11 mar. 2020. 
[8] Olavo Bilac – Via Láctea. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/y5lyhken. Acesso 
em: 11 mar. 2020. 
[9] Imagem de cérebro. Fonte: Pixabay. Disponível em: https://tinyurl.com/tv5mbcg. Acesso em: 11 mar. 
2020. 
[10] Puxão de Orelha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 
2019. Disponível em: https://tinyurl.com/sgah47c. Acesso em: 11 mar 2020. (Verbete da Enciclopédia; ISBN: 
978-85-7979-060-7). 
 
 
11 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Eu me coloco à disposição de vocês para sanar eventuais e possíveis dúvidas. 
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Tenho a meta de responder ao Fórum de Dúvidas, com a qualidade e profundidade exigidas, assim 
como podem me encontrar em redes sociais. 
 
 
Versão Data Modificações 
1 05/10/2020 Primeira versão do texto. 
2 13/04/2022 Correção na resolução da questão 12 e introdução do novo 
Instagram. 
 
 
Professora Luana Signorelli 
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