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Resenha sobre The Problematization of Poverty_ The Tale of Three Worlds and Development de Arturo Escobar (1995)

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Economia Política Internacional
Nome: Henrique Padovese (RA00297338), Marina Velloso (RA00301620) e Mel Scheel
(RA00297267)
Resenha sobre “The Problematization of Poverty: The Tale of Three Worlds and
Development” de Arturo Escobar (1995)
Arturo Escobar é um antropólogo e professor colombiano-britânico, que tem como um
dos seus focos de estudo a antropologia do desenvolvimento. Em seu livro “Encountering
Development: The Making and Unmaking of the Third World”, mais especificamente no
capítulo 2 chamado “The Problematization of Poverty: The Tale of Three Worlds and
Development”, o autor disserta sobre a pobreza nos países desenvolvidos, emergentes e
subdesenvolvidos.
O texto inicia-se com uma retomada histórica após a Segunda Guerra Mundial,
quando o foco mundial virou-se para a pobreza em massa no chamado Terceiro Mundo, como
América Latina, Ásia e África. Assim, o mundo deixou de lado a luta contra o fascismo e
iniciou-se uma luta contra a pobreza, encabeçada pelos Estados Unidos como superpotência.
Nesse contexto, surge a ideia da existência de condições crônicas para que países sejam
pobres e que esse problema iria desestabilizar o Sistema Internacional caso não houvesse uma
solução. Além disso, havia claramente uma relação entre a riqueza do Primeiro Mundo e a
pobreza do Terceiro. Deixou-se, então, na mão dos ricos a resolução da pobreza, da qual eles
mesmos beneficiavam-se e ainda beneficiam-se.
O autor destaca a diferença dos pensamentos sobre a pobreza em diferentes períodos
históricos, dialogando com Jeffrey Sachs e Majid Rahnema. Durante o colonialismo, não
pensava-se que poderia existir uma solução sobre a pobreza dos nativos, já que eram vistos
como incapazes de desenvolver tecnologias e ciência, além de seu desenvolvimento
econômico ser considerado sem sentido para os colonizadores. Ressalta-se que, mesmo que as
sociedades nativas tenham concepções de pobreza diferentes, o problema da pobreza em
massa é uma ideia ligada à história contemporânea a partir da economia de mercado, a qual
privou milhões de pessoas de recursos básicos para sobrevivência. Desse modo, para que
exista capitalismo, a pobreza sistêmica é inevitável. Na era do capital, principalmente na
Europa, a pobreza era “solucionada” por assistência de agências filantrópicas e impessoais,
“modernizando” esse problema e colocando em prática novos instrumentos de controle sob a
população, como afirmado pelo autor em:
“Behind the humanitarian concern and the positive outlook of the new
strategy, new forms of power and control, more subtle and refined,
were put in operation. Poor people’s ability to define and take care of
their own lives was eroded in a deeper manner than perhaps ever
before. The poor became the target of more sophisticated practices, of
a variety of programs that seemed inescapable” (ESCOBAR, 1995, p.
39).
Reflete-se sobre como a pobreza gera uma maior dominação do que outros meios,
como a indústria e a tecnologia, criando novos consumidores para o bem do capitalismo. Vale
ressaltar que, dialogando com Giovanna Procacci, no século XIX e até atualmente, a pobreza
era associada, de maneira errônea, com ignorância, promiscuidade e resistência de trabalhar.
Desse modo, a solução seria trabalhar na educação, saúde, moralidade e empregabilidade
daqueles menos abastados, havendo também uma dominação social. A partir da consolidação
do Estado de Bem-Estar Social no século XX, surgiu a necessidade de dados qualitativos e
quantitativos sobre a população para criar planejamentos sociais adequados, “utilizando” a
modernidade e a ciência.
Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu a globalização da pobreza e, em 1948, o
Banco Mundial definiu dois terços do mundo como pobres, já que havia uma comparação
com o nível de riqueza das nações abastadas. Essa visão criou uma padrão ideal e irrealista de
renda per capita de no mínimo 100 dólares para não ser considerado pobreza, havendo uma
relação apenas estatística e desconsiderando outros fatores. Nessa óptica, a clara solução seria
crescimento econômico dos países que não alcançassem essas metas de desenvolvimento. Por
fim, o Terceiro Mundo foi caracterizado essencialmente por sua pobreza e sua extinção
tornou-se inerente ao regime em vigor na ordem mundial. Essas ideias são afirmadas por
Escobar em:
“The unquestioned desirability of economic growth was, in this way,
closely linked to the revitalized faith in science and technology.
Economic growth presupposed the existence of a continuum stretching
from poor to rich countries, which would allow for the replication in
the poor countries of those conditions characteristic of mature
capitalist ones” (ESCOBAR, 1995, p. 38).
Assim, o autor disserta sobre a existência de três mundos, no qual os países do
Primeiro lutam para obter o domínio do desenvolvimento do Terceiro. Mesmo com o fim do
Segundo Mundo, caracterizado pelos comunistas durante a Guerra Fria, as políticas eram
feitas a partir de negociações de limites pelas diferenças de cada um dos mundos. Essa
narrativa relaciona profundamente cada cultura, raça, gênero e classe e é baseada em novos
domínios, os quais são frequentemente questionados pelo Terceiro Mundo, como por
Mahatma Gandhi. Nesse combate para acabar com o subdesenvolvimento do Terceiro Mundo,
o Primeiro utilizou-se, como já dito, de tecnologias e "profissionais" modernos e científicos,
as quais acabaram aumentando os problemas dessas nações.
Assim, essa relação de poder tornou-se tanta ao ponto das elites do Terceiro Mundo
apenas aceitarem o empobrecimento e venderem degradantemente seus recursos para o
Primeiro Mundo. Com isso, ocorreu a extinção da fauna, da flora e das populações indígenas,
fazendo com que as próprias sociedades do Terceiro Mundo enxergassem-se como inferiores e
duvidassem da sua própria cultura. Dessa maneira, essa dominação por meio da busca pelo
desenvolvimento parou de ser uma repressão e passou a ser vista como uma normalização.
Isso não é baseado em conhecimento objetivo, mas sim em discursos homogeneizantes e
colonizantes de políticos e economistas, os quais criaram bases para o sucesso da hegemonia
das potências do Ocidente. Ressalta-se que, muitas vezes, a tentativa de entender a história de
desenvolvimento do Terceiro Mundo é feita por lentes da materialidade ocidental, como o
autor afirma em:
“Another important consequence of the professionalization of
development was the inevitable translation of Third World people and
their interests into research data within Western capitalist paradigms.
(...) The magnitude and consequences of this are apparently neutral
but profoundly ideological operation” (ESCOBAR, 1995, p. 46).
Em suma, a pobreza e o subdesenvolvimento do Terceiro Mundo é pauta de
discussões, as quais muitas vezes envolvem apenas vozes do Primeiro Mundo. Assim, pelo
capítulo “The Problematization of Poverty: The Tale of Three Worlds and Development” de
Arturo Escobar, percebe-se como a “solução” desse problema nunca saiu das mãos das nações
abastadas, as quais foram instrumentalizadas para a dominação econômica e social dos ricos
sob os pobres. Ademais, essa repressão foi internalizada na mente Terceiro Mundo e fez com
que até hoje houvesse uma visão da relação entre pobreza e ignorância. Por fim, questiona-se:
Como pode-se, atualmente, tirar das mãos do Primeiro Mundo a questão do desenvolvimento
do Terceiro, sem que estes fiquem sem assistência da qual tornaram-se dependente?
Referências:
ESCOBAR, Arturo. The Problematization of Poverty: The Tale of Three Worlds and
Development. In: ESCOBAR, Arturo. Encountering Development: The Making and
Unmaking of the Third World. Princeton: Princeton Studies, 1995. cap. 2, p. 21-55.
Disponível em:
https://drive.google.com/drive/folders/1O0cUhBhCEPChjyEoYyMWQ9er9HfeITQo. Acesso
em: 20 set. 2022.
VERÍSSIMO, Céline. Projeto/Ar como a Cura da Teia da Vida. Redobra: Entrevistas, Bahia,
p. 50-58, 2020. Disponível em:
http://www.redobra.ufba.br/wp-content/uploads/2020/15/4-REDOBRA_15-Entrevistas_Arturo_Escobar.pdf. Acesso em: 20 set. 2022.

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