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Por: @mariany.vl O mecanismo de transmissão do Trypanosoma é separado em dois: • Seção stercoraria: transmissão através das fezes (por exemplo o barbeiro transmitindo doença de chagas) • Seção salivaria: transmissão através da saliva, a salivaria pode se subdividir em: ➢ Mecânica (por exemplo os dentes de um morcego hematófago, a partir do momento em que ele se alimenta ele transmite pela saliva) ➢ Direta (uma mosca hematófaga, e o patógeno está na proboscide da mosca) Gênero trypanosoma: Trypanosoma (dutonella) vivax: • Seção: salivaria • HD: ungulados domésticos e silvestres (camelos, por exemplo) • HI: moscas (stomoxys calcitrans e tabanídeos – mutuca), mosca é popularmente chamada de mosca de estábulos • Localização das formas infectantes: sangue • Transmissão direta, ocorre na proboscide • Lesões associadas ao sistema nervoso porque as fases do protozoário afetam as células O parasito é encontrado sob duas formas: tripomastigota e epimastigota ➢ Epimastigotas: são encontradas nos hospedeiros invertebrados (moscas) ➢ Tripomastigotas: são encontradas nos hospedeiros vertebrados. (bovinos) ➢ As fases acontecem dentro do bovino e da mosca ao mesmo tempo Morfologia: extremidade Posterior arredondada, cinetoplasto distinto, membrana ondulante pouco destinta, flagelo livre longo com final em bastão Obs: cinetoplasto é uma estrutura que tem função de fornecer mais energia Ciclo: O barbeiro precisa se alimentar de um animal positivo para ciclo começar, dentro dele vai existir a fase de epimastigota, ela é a fase de multiplicação dentro dele, até chegar uma hora em que ela começa a se diferenciar, quando o barbeiro estiver pronto e defecando, quando fizer as fezes num hospedeiro vertebrado as fezes estarão contaminadas com a fase infectante tripomastigota metaciclica Quando o animal se coça, a forma infectante cai na corrente sanguínea e dentro do vertebrado acontecerá uma fase de multiplicação, na qual se tornará amastigota dentro de células do sistema fagocítico mononuclear (qualquer célula do sistema imune) Por: @mariany.vl A célula vai tentar fagocitar o parasito, e aí ele começa a mudar de forma, guardando o flagelo, passando a ter somente um núcleo e um cinetoplasto, depois, quando a célula romper ele começa a tomar uma nova forma e sairá na corrente sanguínea novamente, começa a ganhar o flagelo de novo e se torna tripomastigota sanguínea (se está no sangue ela pode ficar no sangue e ir para vários outros órgãos ou o ciclo pode acontecer novamente) Ordem das fases morfológicas: epimastigota, tripomastigota metaciclica, amastigota e tripomastigota sanguínea Fase infectante do vertebrado: tripomastigota metaciclica (ela precisa invadir célula para se multiplicar em amastigota,) ➢ Metaciclogenese é o aumento do flagelo ➢ A fase infectante só tem a ver com o que ganhou Alterações clinicas: Em bovinos e bubalinos, a infecção pode ser inaparente e não determinar perdas aos animais, quando há baixa parasitemia. Mas geralmente a doença se manifesta em uma das formas: • Forma aguda: relacionada a altas parasitemias, aparecem lesões hemorrágicas e a morte ocorre em poucas semanas; • Forma subaguda: de curso relativamente rápido, também leva à morte; • Forma crônica: caquexia, edemas da face, pescoço e ventre e períodos febris esporádicos. (maior problema pois tem morte associada) • O Trypanosoma vivax também pode causar danos reprodutivos em bovinos, provocando nos machos perda de libido, retardamento da puberdade e baixa qualidade seminal, e nas fêmeas podem ocorrer ciclos estrais anômalos, anestro (períodos de inatividade ovariana), morte fetal, distocia (dificuldade no parto) e abortos Trypanosoma evansi: • Seção salivaria • HD: equídeos e todos os mamíferos domésticos • HI: stomoxys calcitrans e tabanídeos • Localização: sangue e linfa (tripomastigota sanguínea) Morfologia: extremidade posterior fina, cinetoplasto indistinto e terminal, membrana ondulante e bem distinta, grânulos no citoplasma, flagelo livre longo e fino Transmissão direta e mecânica, através do coito (a fase seria tripomastigota sanguínea de qualquer jeito), via hematofagismo desmodus (sanguínea) ➢ O mecânico só transporta ➢ Quem fecha no vertebrado é metaciclica ➢ Quando o macho passar para a fêmea no coito não se altera em nada Alterações clinicas: • Mal das cadeiras ou surra • Os sinais clínicos da doença incluem: febre intermitente, anemia, conjuntivite, edema de membros e partes ventrais do corpo, perda de pelos, emagrecimento progressivo, Por: @mariany.vl inapetência e, ocasionalmente, hemorragias na câmara anterior do olho • Fase crônica, os animais tornam-se fracos, as membranas mucosas encontram-se pálidas, alguns ictéricos, nódulos linfáticos superficiais entumecidos e apresentam incoordenação motora com paralisia dos membros posteriores. Trypanosoma equiperdum: • HD: equídeos • Ciclo monoxeno, apenas uma espécie envolvida (não é necessário morcego e moscas etc, apenas precisa do coito) • Localização: trato urogenital, quem transmite, transmite a metaciclica e na femea se multiplica ➢ O macho é assintomático, apenas multiplica, apenas transporta tripomastigota metaciclica ➢ Sem coito não existe ciclo Morfologia: extremidade posterior fina, cinetoplasto distinto e terminal, membrana ondulante bem distinta, grânulos no citoplasma, flagelo livre curto a ausente. A natural ocorre pela deposição do parasita nas membranas mucosas da genitália durante o coito, pode ocorrer do garanhão para a égua ou vice-versa; Por moscas hematófagas não ocorre... pode através da transfusão de grandes volumes de sangue de um animal infectado para outro susceptível Mal-de-coito: • Fêmeas: úbere e a vulva inflamados com partes despigmentadas • Machos: ficam excitados e urinam com frequência, apresentando o pênis inchado com regiões do ânus e órgãos genitais despigmentados • Muitos equinos são portadores assintomáticos • Nos casos crônicos, além do edema, há fibrose do escroto, prepúcio e túnica vaginal • Como evitar: higienizando as instalações, isolando áreas contaminadas e combatendo moscas e insetos. • Como tratar: isolando animais doentes e aplicando substâncias quimioterápicas derivadas da uréia. Profilaxia: Como não há imunização para as tripanossomíases, os métodos profiláticos incluem previdências, tais como: • Tratamento dos animais doentes; • Combate aos vetores e uso de repelentes; • Incineração de carcaças de animais mortos, a fim de evitar a contaminação de animais que possam se alimentar dessas carcaças; • Evitar que os animais permaneçam em áreas propícias ao desenvolvimento dos vetores. • Deve-se estar atento à possibilidade de disseminação da doença quando se transporta animais residentes em áreas endêmicas para áreas onde não há casos de tripanossomíase • Separar os animais Diagnóstico: O diagnóstico das tripanossomíases pode ser realizado conciliando a anamnese aos achados clínicos, mas os exames laboratoriais são geralmente mais eficazes no diagnóstico. • Esfregaço sanguíneo • Inoculação intraperitoneal em cobaias Por: @mariany.vl • Entre os métodos indiretos ou sorológicos: Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), aglutinação em cartão e imunoadsorção enzimática • O problema da sorologia apresenta reação cruzada entre T. evansi e T. vivax. • Reação em cadeia da polimerase (PCR) que possui elevados índices de sensibilidade e especificidade. A maior vantagem, principalmente em relação à sorologia, é que a PCR permite a diferenciação entre os tripanossomos. • Necropsia Tratamento: O suramin (Naganol) já foi muito utilizado, e atualmente foi substituído por outros medicamentos,especialmente porque T. vivax é resistente a essa droga. Drogas atualmente recomendadas são o diaceturato e o diminazeno. Pirofort, medicamento a base de Diaceturato de diminazeno, uma diamidina com ação parasiticida • Resumo: Vivax é de bovino, transmissão indireta, Evansi de cavalo transmissão direta e mecânica e Equidermum ciclo monoxeno apenas através do coito Trypanosoma cruzi: • Seção: stercoraria • HD: humanos, primatas, cães, gatos e reservatórios silvestres • HI: hemíptera (barbeiro) Apenas esses três gêneros no Brasil que participam da transmissão de doença de chagas no ser humano Alteração: sinal de romana Importância em saúde: Causador da doença de chagas, sintomatologia clinica de forma crônica, ação de controle do barbeiro, condição socioeconômica e morte do paciente Sintomatologia: fase aguda é assintomática e inaparente, o quadro clínico surge de 5 a 14 dias após a transmissão pelo vetor ➢ As manifestações crônicas da doença de chagas aparecem mais tarde na vida adulta, de 20 a 40 anos depois da infecção original, o quadro grave é caracterizado por febre, mal estar, inflamação dos gânglios linfáticos e inchaço do fígado e do baço ➢ Além das células do sistema fagocítico, o Trypanosoma cruzi também se multiplica em outras células teciduais (coração por exemplo, onde existem células estriadas), as células do coração são elásticas, por isso demora mais para aparecer, porque enquanto o protozoário se multiplica as células vão se esticando ➢ Outros exemplos: megacolon, cardiomegalia, megaesofagpo ➢ Pode ocorrer e persistir durante até oito semanas uma reação inflamatória no local da penetração do parasito (inchação, edema), conhecida como chagoma. O edema inflamatório unilateral das pálpebras (sinal de Romaña) ocorre em 10% a 20% dos casos quando a contaminação ocorre na mucosa ocular. Por: @mariany.vl Transmissão: ocorre pelas fezes do barbeiro, a transfusão de sangue de doador portador da doença, a transmissão vertical via placenta (de mãe para filho), ingestão de carne contaminada ou acidentalmente em laboratórios Poderia ser transmissão vetorial, a glicose gera energia e o barbeiro precisa de energia logo acidentalmente quando ele se alimenta de alimentos como caldo de cana, açaí por exemplo, existe a possibilidade de estar contaminado (ou as vezes ele apenas defecou ali) Prevenção e Controle: • Evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências. • Vedação de frestas nos telhados e de buracos nas paredes são boas estratégias. • Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, pode-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. • Recomenda-se usar medidas de proteção individual. Para a prevenção da transmissão oral é importante seguir todas as recomendações de boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, em especial aqueles consumidos in natura. Leishamania: ➢ Apenas células do sistema fagocítico mononuclear ➢ Amastigota apenas no hospedeiro vertebrado ➢ Promastigota apenas no hospedeiro invertebrado ➢ Só possui essas duas fases Incas e maias já retratavam as pessoas com lesões características no nariz, destruindo a cartilagem Introdução: leishmaniose Classificação: • Filo Sarcomastigophora • Subfilo Mastigophora • Ordem Kinetoplastida • Família Trypanosomatidae • Gênero Leishmania Formas amastigotas: Formas promastigotas: Por: @mariany.vl Vetor é o hospedeiro intermediário: família phlebotominae gênero lutzomyia, sp (mosquito palha, tatuquira, cangalhinha...) Obs: Todos possuem cinetoplasto, tanto leishmania quanto trypanosoma • Principais espécies do gênero leishmaniose cutânea: Complexo L. braziliensis: Característica pela picada da fêmea , cada picada causa uma lesão característica arredondada (não coça), podem ter lesões simples ou múltiplas da pele e metástases nas mucosas nasais e orofaringianas, mas não invadem as vísceras ➢ Pode acontecer uma lesão secundaria bacteriana Complexo L. mexicana : Causa leishmaniose cutânea difusa, vai se disseminando (via linfática e vai aumentando a área de lesão), geralmente é crônico Produzem lesões benignas da pele e NÃO dão metástases nas mucosas, a forma clínica é atribuída à Leishmania pifanoi - acentuado dermotropismo e tendência à disseminação das lesões cutâneas, que, em geral, não se ulceram O Complexo L. braziliensis pode causar uma lesão muco cutânea, inicialmente teve uma lesão simples, não tratada e ela evoluiu Leishmaniose muco cutânea: Atinge mucosas nasais e orofaringeanas, caracteriza-se pelo exagero de respostas celulares Muito comum no Nordeste e em regiões rurais • Clínico: Características das lesões e anamnese • Laboratorial: Pesquisa do Parasito Direto : Raspagem das bordas das lesões, curetagem e biopsia. Imunológicos :Reação de Montenegro (aplicar antígeno que vai gerar resposta inflamatória depois de 72h, se for menor que 5mm é negativo, RIFI ,PCR e ELISA Complexo l. donovani: Causa Leishmania visceral ou calazar, febre irregular, hepatoesplenomegalia e anemia • Período de incubação: 2 a 6 meses Por: @mariany.vl • Febre irregular, hepatoesplenomegalia, anemia e caquexia, em sua fase terminal, • Forma amastigota no interior de células do SFM, principalmente do fígado, baço, da medula óssea e dos gânglios linfáticos, hipertrofia e a hiperplasia do SFM das vísceras. • É um problema para a sociedade, porque humanos só tem leishmaniose por conta de cachorros Fontes de infecção: pacientes na fase ativa da infecção ou convalescentes, cães parasitados, canídeos silvestres como raposas e gambás Encontro do parasita constitui o requisito básico, a suspeita clínica deve ser levantada sempre que ocorrerem quadros com febre irregular, anemia progressiva e esplenomegalia. Métodos parasitológicos: • Punção das vísceras • Pesquisa de leishmanias no sangue • Pesquisa de leishmanias na pele. Tratamento: • Tegumentar e visceral (Homem): Antimoniais pentavalentes (glucantime), pentamidina, anfotericina B Em animais não existe cura epidemiológica, apenas cura clinica Leishmania donovani e leishmaniose visceral no cão: Hepatoesplenomegalia, lesões de borda de orelha, focinho e onicogrifose (crescimento excessivo das unhas). Em 68% dos cães infectados, ocorrem alterações dermatológicas, como alopecia local ou generalizada, lesões crostosas em geral no focinho, orelhas e nas extremidades. ➢ Lesões sempre em nariz, bocas, orelhas... Diagnóstico: A demonstração do parasito dá a certeza do diagnóstico veterinário. Identificação, remoção e eutanásia do cão são atividades preconizadas pelo Ministério da Saúde para o controle da doença em humanos. 1) O cão é considerado o principal reservatório da doença para o ser humano 2) A doença no cão precede a infecção em humanos. Existem autores que apoiam o tratamento dos cães, devendo-se considerar parâmetros ligados à condição clínica do paciente e a participação consciente do proprietário Imunocromatográfico e ELISA (técnicas detectam anticorpos antiLeishmania no soro dos animais investigados). • Existem exames diretos (para verificação do parasito em aspirado de medula óssea, aspirado de linfonodo poplíteo, biópsia de Por: @mariany.vl baço e demais tecidos hematopoiéticos). • Exames moleculares como PCR para detecção do DNA do parasito Conforme a Portaria Interministerial nº 1.426/2008, é proibido o tratamento de cães com LV. Neste sentido, o não cumprimento implica em infração ao código de ética do Médico Veterinário em seu artigo 13 inciso XXIII, entre outros. As penalidades previstas variam desde advertência sigilosa atéa cassação do registro profissional. A Portaria Interministerial nº 1.426/2008 proíbe o uso de medicamentos humanos para tratamento canino de leishmaniose. Essa proibição deve-se ao fato de que o uso rotineiro dessas drogas no tratamento de cães, favorece o surgimento de protozoários resistentes. Atualmente o MAPA não tem nenhum medicamento liberado para o tratamento de cães. Além disto, a Portaria Interministerial nº 1.426/2008, proíbe o tratamento de cães com produtos sem registro no MAPA ➢ Existe vacina, a leishtec é uma vacina recombinante para a prevenção de leishmaniose visceral canina, há mais de 10 anos no mercado e a única aprovada pelo MAPA e Ministério da saúde Profilaxia: evitar com que o cão tenha contato Do ponto de vista técnico, considerando a vigência da Portaria Interministerial nº 1426/2008, somente os cães que estiverem em tratamento exclusivamente com o Milteforan aprovado pelo MAPA não necessitarão ser encaminhados para eutanásia. • A soropositividade para LVC, além de dever ser precedida de no mínimo dois testes sensíveis e específicos, deve ser diagnosticada por médico veterinário do serviço púbico. Ainda, os métodos para o controle do reservatório canino devem obedecer às Resoluções de bioética e bem-estar animal. • O CFMV é contra a eutanásia indiscriminada de cães sadios ou falso-positivos, e contra a falta de iniciativa do governo em encontrar e padronizar medidas para minimizar o impacto da problemática da LVC na população de cães no país, de forma ética e efetiva. • Faz-se necessário que o serviço público priorize o investimento em saúde preventiva (não curativa) de forma eficaz e integrada, de modo a levar o conhecimento à população. O serviço público deve trabalhar de forma inter e multidisciplinar com todos os profissionais envolvidos na saúde pública, com foco na vigilância da LV em toda sua magnitude