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1 ÉTICA AMBIENTAL 1 Sumário Importância da Ética Ambiental ....................................................................... 2 A Ética Ambiental ............................................................................................ 6 A Ética e a Moral ............................................................................................. 8 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 15 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Importância da Ética Ambiental Criado na década de 1960, o conceito de ética ambiental tem origem filosófica e consiste em um conjunto de teorias e indicações práticas que têm o meio ambiente como foco. Além de buscar promover uma relação mais próxima e cuidadosa para com o meio natural, a ética ambiental preconiza que as relações entre os seres humanos sejam respeitosas e construtivas e que esta lógica se estenda ao relacionamento com animais, plantas, espécies e ecossistemas. A variação ambiental da ética, apesar de aparentar simplicidade, é complexa e até hoje merece atenção de especialistas e pesquisadores, principalmente aqueles que buscam compreender formas para o homem adquirir a habilidade de lidar com o meio ambiente natural de maneira mais consciente e menos destrutiva. Por sua abrangência e profundidade, a ética ambiental é, claramente, de grande importância para os dias atuais. O aumento da conscientização em relação ao meio ambiente deixa cada vez mais claro os impactos causados pela ação humana na natureza e evidencia o quanto os resultados podem ser desastrosos na ausência de um senso ético adequado. De acordo com as premissas básicas da ética ambiental, as atitudes dos homens devem ser medidas de acordo com a relação que estabelece consigo, com seus iguais e com todos os seres vivos, sem nenhuma hierarquia. Um tipo de percepção que poderia ajudar, e muito, em resoluções para a garantia de um futuro realmente sustentável para o planeta. 4 A ética tem como objetivo, investigar os comportamentos humanos e explicar o porquê de tal comportamento. Contudo, não interfere na moral, pois a ética estabelece às pessoas, a compreensão do que venha a ser ou foram tais comportamentos da sociedade ou de determinados grupos. Conceitos como progresso, civilização, bem estar, prosperidade, trazem ideias positivas a respeito da trajetória humana e, carregadas de otimismo, trazem também uma noção de caminho a ser seguido, rota inevitável. Contudo, basta apenas um exame mais atento destes conceitos, partindo-se de outra perspectiva – como, por exemplo, a da exploração utilitária da natureza – para que se compreenda o quanto a certeza da evolução positiva pode ser relativizada. A ética ambiental proporciona uma análise crítica das condutas e concepções humanas sobre a natureza; ela questiona a aventura do progresso moderno sustentado sobre uma noção de recursos naturais ilimitados, na qual se encontra uma natureza carente de direitos e sem força para gerar deveres. A deflagração da crise ambiental exige do ser humano uma nova forma de se relacionar com a natureza, ou seja, uma nova postura ética diante do meio ambiente. Partindo dessa necessidade, a ética ecocêntrica propõe um novo paradigma para a humanidade: que seja reconhecido o valor intrínseco da Natureza. A proteção ambiental dar-se-ia em função do valor próprio da Natureza, não em decorrência da utilidade que ela possa ter para o ser humano. Ademais, o meio ambiente, com todas as suas formas de vida e ecossistemas, seria considerado sujeito e objeto de direitos (ROLLA, 2010). 5 A análise, portanto, da ética contemporânea se distancia do antropocentrismo, inovando em duas novas concepções, ecologia profunda e biocentrismo; noções que, embora também radicais, apresentam uma nova noção de ética preservacionista. Tais mudanças de racionalidade ética condizem coerentemente com os movimentos ambientais que passaram a condenar formas desordenadas de exploração. Parte disso refere-se à constatação de que há limites à renovação da natureza. Daí por diante, a denuncia das atrocidades ambientais passaram a vincular-se a própria sobrevivência humana. De acordo com a referência de Vásquez (1970), percebe-se que para ele, a ética é a ciência da moral. Portanto, é possível identificar a discussão filosófica sobre a ética, como sendo a marcada pelas violentas transformações porque passou a humanidade pela hegemonia dos diferentes filósofos que em cada época abordaram a questão. Assim, Oliveira (2001 apud LUNA, 2006, p. 36-37) questiona “a importância social da distinção entre ética e moral”. Até que ponto a distinção entre moral e ética adquire importância, tendo em vista os maiores interesses: os sujeitos concretos que agem no mundo. Tomando, por exemplo, o caos do índio que foi ateado fogo em Brasília. A ética diz respeito ao julgamento de valor que se atribui a conduta humana com base em preceitos morais. Assim sendo, “uma ação pode ser boa ou má, mas nem todas entram na linha de consideração da moral e da ética” (OLIVEIRA, 2001 apud LUNA, 2006, p. 36-37). Como já identificou Chauí (1994), a ética faz parte das condições históricas e políticas, econômicas e culturais da ação moral. Portanto, “a ética e a moral referem- se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros” (CHAUI, 1994 apud BITENCOURT, 2012, p. 13). Dentro desse contexto, é possível identificar a ética como normas de valores de uma dada sociedade, o que é ético em uma sociedade pode não ser em outra sociedade. Portanto, a moral também, é conceituada como um conjunto de valores, normas, fins e leis estabelecidas pela cultura. Neste sentido, a sociedade define o que venha a ser bem e virtude na sua visão de seus valores morais. Porém, “as condições morais modificam-se na história, logo depende da sociedade e seu tempo” (CHAUÍ, 1994 apud BITENCOURT, 2012, p. 14). 6 A Ética Ambiental O desenvolvimento do homem na história da humanidade está baseado principalmente na capacidade de produzir facilidades e incrementar seu domínio sobre a natureza. O incremento dessa produção é o que se considera o progresso da técnica, considerado como salvação e libertação do homem em relação aos limites naturais. Essas novas técnicas permitiram a criação de novos espaços, bens de consumo, e uma generalidade de bens que acabaram por permitir uma melhora das condições de vida do homem moderno. A esse respeito, Gomez-Heras dividi a civilização contemporânea em três elementos básicos: a ciência, a técnica e a economia industrial(Gomez-Heras, 1997, p.17-90). Isso por que, segundo ele, a sociedade de consumo de hoje não teria sido capaz de alcançar os atuais níveis de produtividade e eficácia, sem que a ciência e a técnica tivessem possibilitado. Da mesma forma que, o desenvolvimento da ciência e da técnica não teriam sido possíveis sem o apoio e o fomento da economia. A articulação entre tais elementos, portanto, teria possibilitado uma circunstância histórica adequada para o progresso ter ocorrido da forma com que se apresenta hoje – e inclusive para que o progresso seja reconhecido da forma como o é e não de outra. Compreendemos que quando o homem pode refletir sobre as três dimensões que envolvem o meio ambiente (nova visão ecológica; possíveis mudanças de paradigmas e; a origem da ética ambiental), ele pode estar buscando um crescimento pautado em uma ética que o leve a construir um mundo melhor também para as gerações futuras. Os problemas ambientais estão pautados em ética e de acordo com Nalini (2003 apud BITENCOURT, 2012, p. 17), “o crescimento da indústria tecnológica aumenta ainda mais a responsabilidade do ser humano sobre questões ambientais”. A preocupação aqui deverá ser com a qualidade de vida, ambientes saudáveis para respirar, caminhar e viver. 7 Fonte: Google, 2016. Dentro desse contexto é importante pensar que os recursos naturais são finitos e que num futuro bem próximo não teremos as mesmas disponibilidades de recursos energéticos que temos hoje, como a água, que de acordo com a ONU – Organização das Nações Unidas, que estima uma grande diminuição de água no mundo até 2025. Portanto, o ser humano só poderá mudar essa realidade quando atuar de forma ética (BITENCOURT, 2012). Essa nova visão ecológica considerada racionalista é marcada por preocupações constantes do ser humano com o meio ambiente. Aqui se entende que há necessidade de uma relação harmoniosa do ser humano com a natureza. Dentro desse contexto, o da percepção da ecologia profunda, convida os seres humanos a terem uma nova filosofia ambiental, uma vez que na ecologia social, há certa carência, porque a maneira como a sociedade está organizada contribui para que haja o antiecologismo. O que se precisa é de seres humanos éticos. De acordo com Bitencourt (2012, p. 22), “é importante a preservação da natureza interna do ser humano”. De acordo com Capra (1996 apud BITENCOURT, 2012, p. 22), “na sociedade atual, a partir do momento que o ser humano perceber que seu trabalho deve ter também uma conotação de responsabilidade moral, poderá haver um comportamento na realidade em que este está inserido, que é o eu ecológico”. Dentro desse contexto, 8 percebe-se que somente é possível haver uma mudança ambiental quando o ser humano se perceber natureza. Assim, é preciso pensar a igualdade entre todas as formas de vida e temos que entender que, o ser humano ao adquirir experiência passa a ver a natureza com outros olhos, não mais como uma máquina, mas como um ser vivo que é como sua própria natureza humana. O homem deve aproximar-se da natureza para aprender mais sobre ela, que não deve ser por meio do controle e domínio, mas sim, por meio do respeito. A Ética e a Moral Fundamentar as normas que regulem, a partir de valores imperativos morais, a conduta do homem com a natureza é tarefa a ser assumida pela ética ambiental. A reflexão moral representa uma forma de promover a sensibilidade ecológica, expandida em uma ética filosófica da natureza, mediante fundamentação racional de normas de conduta (Regan, 1981, p.19-34). A racionalidade dos resultados, conforme denominou Weber, constitui-se como uma das origens do problema ecológico. Isso por que, nessa lógica, a razão humana se desvincula de toda uma racionalidade de valores. Em outras palavras, a natureza passa a ser considerada pelo valor de mercado e não mais por qualquer valor moral (Hösle, 1998). Fonte: Google, 2016. 9 Segundo Kant, as condutas do homem para com a natureza têm sua essência na moral, vez que a escolha entre o que se pode fazer (que é técnica) e o que se deve fazer é uma questão de ética (Kant, 2001). A racionalidade baseada na produção de riqueza apenas condiciona a uma perda do referencial de valor moral que vê a natureza não como fonte de produção. Nesse sentido, percebe-se a total conexão entre a racionalidade científica e a destruição de certos valores morais. É como se a objetivação da vida proporcionada pelos avanços da ciência, ocasionassem um processo de substituição do mundo natural por uma estrutura artificial de conhecimentos formais (Husserl, 2002). A tendência seria, portanto, uma arbitrariedade de condutas nas quais a exploração da natureza mostra a perversa racionalidade que respeita apenas os valores econômicos e tecnológicos. Esta situação foi anunciada por Habermas como um momento em que a técnica e a economia, elevadas a ideologias, não apenas teriam se diferenciado da razão moral, mas também ignorado esta como princípio legitimador de condutas (Habermas, 1994). O valor moral, que conduz à ética, refere-se a decisões racionais que em outros tempos, como na idade média, por exemplo, vinculavam-se a instâncias metafísicas, religiosas e que, na modernidade se basearam em categorias científicas. Atualmente, as novas formas dessa razão, como a ecologia, ainda estão à espera de uma revalidação – somente atribuível pelo homem – que promova a ponderação das possibilidades e limites da sua razão sobre o uso e manejo da natureza. Isso por que é o homem quem revalida, ou não, as razões ecológicas e científicas (Gomez-Heras, 1997, p.17-90). Algumas soluções já despontam no horizonte. A primeira delas é aprender a partir de experiências locais que colocam em prática o conceito de sustentabilidade. Essas experiências apontam modelos alternativos, que serão explorados com maiores detalhes posteriormente, quando se for falar sobre comunidades tradicionais. A segunda solução é optar por um estilo de vida menos consumista, a partir da compreensão de que a realização do “ser” não depende de “ter” e adquirir sempre mais (SIQUEIRA, 2009). Resta, portanto, descobrir quais imperativos éticos levarão a sociedade como um todo a uma mudança de paradigma que permita a continuidade da vida na Terra e a preservação da nossa casa comum. 10 Fonte: Google, 2016. O problema, portanto, ainda recai sobre a questão da ética; sobre o que é o ético. A ética ambiental seria um novo paradigma construído sob suporte das ciências naturais, biologia, ecologia, geologia, etc. Contudo, consagrar essa ética propõe a identificação da relação de dependência entre homem e natureza, deslocando-se aquele da função de explorador. Uma ética ambiental pressupõe rechaçar a noção da ética antropocentrista, conduzindo à assunção de que além de agente criador, o homem é também paciente e que há instâncias que transcendem seu poder e controle. A ética ambiental, portanto, admite a relação de dependência para com a natureza, relação que até pouco tempo atrás se baseava no paradigma da dominação. Essa mudança de paradigma requer do ser humano uma reconsideração quanto ao seu posto em relação à natureza. É essa a exigência que a ética ambiental requer. Essa pergunta pode (e deve) ser feita à miscelânea de novas práticas que estão sendo realizadas em prol da proteção do meio ambiente, como por exemplo, compra e venda de créditos de carbono. Em que posição estaria o homem em relação à natureza nesse caso? Há interesses além dos comerciais especulativos? A partir de respostas a questões como estas, seria possível concluir sobre que tipo de ética ambiental está sendo aplicada ao caso (se é que há um tipo de ética aplicada). A ética ambiental, portanto, se fundamenta na existência de valores ecológicos, sem os quais dificilmente poderia ser legitimadacomo conduta racional. Refere-se à natureza como um todo, englobando toda a comunidade biótica, em cujo equilíbrio se fundamenta o fundamento da ética. A ética do meio ambiente reconhece 11 nos seres vivos um valor de dignidade, de respeito aos valores da natureza enquanto bens em si mesmos. Esses valores existiriam independentemente da necessidade e do interesse da espécie humana (Callicott, 1979, p.71-81; 1984, p.299-309). Contudo, os valores que os bens naturais possuem – ou seja, seus valores intrínsecos -, são valores independentes da qualificação feita por algum ser humano? Seriam independentes do uso da razão, da liberdade, da responsabilidade daquele que os qualifica? Onde se situa o fundamento dessa validade moral? Têm algum valor moral os não humanos? Colocando de outra forma, seria correto falar de interesses e até mesmo de deveres em relação aos não humanos? A ética ambiental surge de questões como estas, provenientes de casos de resolução complexa, nos quais o marco teórico antropocêntrico – o qual havia sido definido desde a época moderna – não mais é capaz de proporcionar respostas satisfatórias (Vieja, 1997, p.188-127). O que pretende a moral do meio ambiente é formar uma nova consciência ambiental que limite a conduta humana em situações de risco para qualquer espécie. É a partir dessa perspectiva que se pode afirmar que a tradicional ética não é mais eficaz, tendo em vista os novos e mais complexos problemas ambientais. Nesse contexto, a ânsia de proteção da natureza fez surgir pretensões fortes de ação, como a ecologia profunda (deep ecology), baseada em um sistema de princípios no qual as obrigações para com vidas não humanas derivam de uma mudança radical de perspectiva (em relação à antropocêntrica), reconhecendo necessidades, desejos, propósitos e interesses nos seres humanos. A humanidade se sente responsável pelos seres ao seu redor, estendendo os princípios, as obrigações e os valores mais além do homocentrismo (Vieja, 1997, p.188-127). Assim, outra forma de ética proposta é a biocêntrica. Essa noção considera que a vida é valor maior e deve ser sempre priorizada em quaisquer situações. Tudo que é vida na natureza, portanto deve ser priorizado. Contudo, deve haver uma hierarquia de valoração para casos complexos que apresentem conflitos de valores. Nesse sentido, entende-se que a capacidade de dar valor as coisas é exclusiva do ser humano, ou seja, está nas decisões humanas a valoração intrínseca do que será priorizado. Há, sem dúvida, nessa perspectiva, um elemento antropocêntrico inevitável, que é parte substantiva da ética. 12 Nalini (2003, p. 3) considera que somente a ética pode resgatar a natureza, refém da arrogância humana. “Ela é a ferramenta para substituir o deformado antropocentrismo num saudável biocentrismo”. A visão biocêntrica em que: a) os seres humanos são iguais a qualquer outro tipo de vida na Terra; b) a relação com os outros seres vivos determina o viver bem ou não; c) a convicção de que todos os seres vivos são importantes, pois um indivíduo é único. A existência em comunidade significa que cada parte é essencial para o bem-estar de todos. Neste sentido, o ser humano não trata os recursos naturais como finitos. Para acrescentar essa discussão Singer (1998, p. 281) se refere a passagens bíblicas em que identifica o homem nas tradições antigas como sendo “o centro do universo moral”. Porém, ele critica essas passagens que dão tanto poder ao homem o qual se torna arrogante. Esse desfrutar da natureza da forma como se fosse a mais conveniente, pensando apenas no ser humano poder ser parte das respostas buscadas pelos ambientalistas no que se refere à destruição da natureza. Aqui, compreendemos o antropocentrismo dando lugar ao biocentrismo como paradigma emergente. Segundo Varella (1998, p. 13), “a mudança que a ecologia vem forçando aconteceu nas outras ciências”. Existe uma realidade que é a devastação do meio ambiente, portanto, o desrespeito à dignidade humana e pela natureza em si. Esse momento de mudança de paradigmas é também um momento de mudança para a teoria jurídica, uma vez que surge na discussão sujeitos diferentes dos homens, como os animais. Em realidade, as críticas à ética antropocentrista prevalecente na modernidade, se empenham em enfatizar que o reducionismo da natureza à mera provedora de recursos ignorou qualquer noção protecionista do meio ambiente. A crise ambiental, portanto, introduziu uma nova responsabilidade ao ser humano, induzindo-o a repensar a ética. O princípio da preservação, portanto, constitui-se substancialmente na ética ambiental. Trata-se de um instrumento que torna possível optar eticamente pela conduta correta dentre um rol de opções fornecidas pela ciência (Rolston.III, 1988). Ao considerar que os valores da natureza se distribuem homogeneamente no ecossistema, o princípio da preservação fornece uma lógica de preservação (Callicott, 1979, p.71-81). A tese básica consiste em admitir que a conduta humana afeta de fato o meio ambiente em que atua. A ética ambiental, portanto, se concentra na 13 atenção a tais relações de interação entre homem e meio ambiente, avaliando-as como boas ou más. O princípio da preservação, nesse contexto, é o referencial básico da avaliação ética, fundamentando, tanto o biocentrismo quanto a ecologia profunda. A Ética Ambiental emerge como uma ética, acima de tudo política e social de primeira ordem. Une em suas diretrizes a racionalidade, valores e práticas sociais objetivas. Seus princípios básicos são: Sustentabilidade, Justiça Social e Preservação/Conservação. Estes três últimos elementos são centrais nos discursos atuais, e por isso merecem sempre atenção em termos conceituais. É muito comum falta de clareza conceitual, que gera sérias ambiguidades, acarretando em graves problemas éticos. Por isso o entendimento conceito-contexto em determinadas situações é fundamental, principalmente quando tratamos de elementos e questões atravessados por distintas ideologias e perspectivas ético-morais. Para citar um exemplo, quando uma determinada empresa emprega o termo sustentabilidade, embora não pareça, seu significado de muito pode diferenciar quando empregado por uma comunidade local autônoma. Por quê? Porque ambos os termos então inseridas em contextos ideológicas e sociais diferentes, ou senão antagônicos. Sustentabilidade no primeiro acentua a inserção do mercado, na elaboração de produtos “verdes”; já no segundo, pode convergir para práticas alternativas, buscando-se maior diálogo com mudus vivendi tradicional. Sustentabilidade é um termo complexo porque não estamos tratando de um estado estático, de simplesmente manter alguma coisa. O termo sustentabilidade geralmente é usado assim, como o equivalente de salvaguardar a natureza, ou manter o status quo, o que não o torna dinâmico. A sociedade é um todo orgânico em constante desenvolvimento assim como o próprio ambiente, desta forma, o conceito e a práxis devem ser compatíveis com seu ideal. A sustentabilidade tem que ser, realmente, um desenvolvimento que é sustentável. Um tipo de desenvolvimento com o qual podemos arcar hoje que não seja às custas do amanhã. Construir uma teoria e prática para a Ética Ambiental é construir bases sólidas e sustentáveis, para uma nova cultura intelectual e social - respectivamente - que se opõe à atual cultura de massa e consumista, a teleologia, e o transcendentalismo - que devem ser superados. 14 15 REFERÊNCIAS BITENCOURT, Neres de Lourdes da Rosa. Ética Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Santa Catarina, Ascurra: Instituto Veritas, 2012. CALLICOTT, J. Baird. Elements of an Environmental Ethic: Moral Considerablity and the Biotic Community. Environmental Ethics.v. 1 1979, p.71-81. CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensãocientífica dos sistemas vivos. Tradução: Newton Roberval Eichemberg, São Paulo, SP: Cultrix, 1996. GOMEZ-Heras, José M.ª G.ª. El problema de una ética del medio ambiente. In: J. M. G. Gomez-Heras (Ed.). Ética del Medio Ambiente, problema, perspectiva, historia. Madrid: Editorial Tecnos, S.A., 1997. El problema de una ética del medio ambiente, p.17-90 HABERMAS, Jürgen. Ciencia y tecnica como ideologia. Madrid: Tecnos. 1994. HÖSLE, Vittorio. Objective Idealism, Ethics and Politics. Notre Dame: University of Notre Dame Press. 1998. HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade europeia e a filosofia. Porto Alegre: EDIPUCRS. 2002. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Martin Claret. 2001. LUNA, Sergio Vasconcelos de. Ética na Perspectiva da Educação: promover ou punir? Itajaí – SC. Ed. Univali, 2006. NALINI, José Renato. Ética Ambiental. 2 Ed. Campinas, SP: Mullennium Editora Ltda., 2003. REGAN, Tom. The Nature and Possibility of an Environmental Ethic. Environmental Ethics.v.3 1981, p.19-34. ROLSTON III, Holmes. Environmental Ethics. Filadelfia: Temple University Press. 1988. SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 16 VARELLA, Marcelo Dias. O Novo Em Direito Ambiental. Minas Gerais, Belo Horizonte: Del Rey, 1998. VÁSQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. Tradução: João Dell’ Anna Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1970. VIEJA, Maria Teresa López De La. Ética medioambiental y deberes indirectos. In: J. M. G. Goomez-Heras (Ed.). Ética del Medio Ambiente, problema, perspectiva, historia. Madrid: Editorial Tecnos, S.A., 1997. Ética medioambiental y deberes indirectos, p.188-127
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