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1 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina RINOSSINUSITES ➔ CONCEITO: • Todo processo inflamatório da mucosa nasal e dos seios paranasais; • Geralmente, ocorre após quadro de IVAS viral (80% das sinusites bacterianas), ou após inflamação alérgica (20% das sinusites bacterianas). • CAVIDADES PARANASAIS FRONTAL E ESFENOIDAL: o Começam a se desenvolver com 3 anos e são visíveis ao RX após 6-7 anos de idade; o Estruturalmente: ▪ Reduzem o peso do crânio; ▪ Protegem a órbita e crânio de traumas; ▪ Participam do crescimento facial. o Funcionalmente: ▪ São “caixas de ressonância” da voz; ▪ Aquecimento e umidificação; ▪ Contribuem para a secreção de muco; ▪ Equilibram a pressão nasal; ▪ São coadjuvantes na olfação. ➔ CLASSIFICAÇÃO DAS RINOSSINUSITES: • AGUDAS: o Os sintomas desaparecem completamente em < 30 dias (duração de 10-30 dias); o Início com sintomas graves (febre >39º C, prostração); o Há secreção nasal, cefaleia intensa. • SUBAGUDAS: o Os sintomas desaparecem completamente entre 30-90 dias. • RECORRENTES: o Pelo menos 3 episódios de até 30 dias de duração, separados por um intervalo de pelo menos 10 dias sem sintomas, durante um período de 6 meses; OU o Pelo menos 4 desses episódios em um período de 12 meses. • CRÔNICA: o Episódios de inflamação dos seios paranasais que duram >90 dias, durante os quais os pacientes têm sintomas persistentes (tosse, coriza, obstrução nasal); o Pode estar relacionada com as condições não infecciosas, como alergia, fibrose cística, DRGE, ou a exposição a poluentes ambientais. ➔ ETIOLOGIA DAS RINOSSINUSITES: • MAIS COMUNS: Streptococcos pneumoniae; Haemophilus influenzae; Moraxella catarrhalis; Estreptococos beta-hemolítico grupo A; S. aureus; • NOS IMUNOCOMPROMETIDOS, HPSPITALIZADOS E PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA: aeróbicos gram- negativos, incluindo P. aeruginosa; • NOS PACIENTES NEUTROPÊNICOS: fungo e P. aeruginosa. ➔ FISIOPATOLOGIA DAS RINOSSINUSITES: • Inflamação dos seios paranasais (seio frontal, seio etmoidal, seio esfenoidal, seio maxilar); • Abertura sinusal obstruída; • Fluido nas cavidades paranasais. 2 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina ➔ FATORES PREDISPONENTES: • OBSTRUÇÃO ANATÔMICA: o Deformidades do septo nasal; o Anomalias craniofaciais; o Hipertrofia de adenoide; o Corpos estranhos nasais; o Massas; o Pólipos → solicitar avaliação para possível fibrose cística e diáteses alérgicas. • IRRITANTES DA MUCOSA: o Ar seco; o Fumaça de cigarro; o Água clorada. • MUDANÇAS BRUSCAS DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA: o Descida em um avião. ➔ DIAGNÓSTICO DAS RINOSSINUSITES: • CLÍNICO: o Critérios maiores: ▪ Dor ou pressão facial; ▪ Obstrução nasal; ▪ Hiposmia ou anosmia; ▪ Secreção nasal ou pós-nasal purulenta. o Critérios menores: ▪ Cefaleia; ▪ Halitose; ▪ Fadiga; ▪ Dor em arcada dentária; ▪ Tosse; ▪ Otalgia ou pressão nos ouvidos. o 2 maiores; ou o 1 maior + 2 menores. • EXAMES DE IMAGEM: o São inespecíficos: não conseguem diferenciar causas virais e bacterianas; o RX: >50% das crianças com IVAS de causa VIRAL apresentam RX de seios maxilares anormais. o TC: são frequentemente alterados em crianças saudáveis; o RM: 68% das crianças com IVAS apresentam anormalidades; 42% das crianças saudáveis apresentam anormalidades; o São BONS quando se quer saber: LOCALIZAÇÃO e EXTENSÃO do quadro nas complicações e sinusites recorrentes; o São EFICAZES quando dão RESULTADOS NEGATIVOS. 3 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina RINOSSINUSITES BACTERIANAS ➔ TRATAMENTO: • Orientar antibioticoterapia assim que feito o diagnóstico; • RECOMENDAÇÃO: o AMOXICILINA + CLAVULANATO → 45mg/kg/dia, VO, 3x/dia; ou 500mg; o OBS.: locais com S. pneumoniae NÃO SENSÍVEIS a Amoxicilina+Clavulanato, hospitalização recente, uso recente de ATB (<1 mês), comorbidades e imunocomprometidos → DOSE ALTA: 90mg/kg/dia, 2x/dia, OU 2g, VO, 2x/dia → durante 10-14 dias (ou até 7 dias após a resolução dos sintomas) OU o CEFOTAXIME / CEFTRIAXONE (cefalosporinas de 3ª geração) → uso parenteral; 2ª opção ao invés de DOSES ALTAS de Amoxicilina + Clavulanato; • Espera-se uma melhora clínica após 3-5 dias do início da antibioticoterapia; caso NÃO haja MELHORA dos sintomas em 48h de ATB, pensar em FALÊNCIA DO TRATAMENTO por resistência dos patógenos → pensar em uso de: o Amoxicilina+clavulanato em altas doses; o Clindamicina; o Cefixima; o Ceftriaxone. • OUTRAS SITUAÇÕES: etiologia não bacteriana; anormalidades estruturais. • Se ALERGIA a PENICILINA: o Hipersensibilidade tipo I → LEVOFLOXACINO; o Outras hipersensibilidades → CEFIXIMA ou CEFPODOXIMA+CLINDAMICINA. • TRATAMENTO ADJUVANTE: o DESCONGESTIONANTE → diminui a viscosidade da secreção → melhora dos sintomas. Pode induzir congestão rebote e inflamação; o ANTI-HISTAMÍNICOS → pode ser útil se a causa for ALÉRGICA; pode deixar a secreção + espessa, causar sonolência, xerostomia, etc.; o CORTICOIDES → melhora sintomática e menos efeitos colaterais em uso de CURTO PRAZO; pode ser usado em pacientes alérgicos. ➔ COMPLICAÇÕES DAS RINOSSINUSITES: • CLASSIFICAÇÃO DE CHANDLER: o GRUPO 1: Edema inflamatório; o GRUPO 2: celulite orbitária; o GRUPO 3: abcesso subperiosteal; o GRUPO 4: abcesso orbitário; o GRUPO 5: trombose de seio cavernoso. o TRATAMENTO: ▪ Internação hospitalar + ATB EV de amplo espectro; ▪ ATB: encerrar em 48 após a melhora clínica, ou até 14 dias de uso; ▪ Opções de ATB: Ceftriaxona + Clindamicina (Adultos); OU Ceftriaxone + Oxaciclina (crianças); ▪ Corticoides EV (controverso): redução do edema e proptose. o TRATAMENTO CONSERVADOR EM ABSESSOS SUBPERIOSTEAIS: ▪ Visão, pupila e retina normais; ▪ Sem oftalmoplegia; ▪ Pressão intraocular <20mmHg; ▪ Proptose <5mm; ▪ Largura do abcesso (TC axial) <4mm. o INDICAÇÃO CIRÚRGICA: ▪ Presença de abcesso; ▪ Diminuição da acuidade visual; ▪ Ausência de melhora após 48h de ATB venosa; ▪ Piora na vigência de ATB IV. 4 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina • INTRACRANIANAS: o Potencialmente + graves; o Disseminação ao SNC por via hematogênica, + raramente por contiguidade; o Originárias de rinossinusites frontoetmoidais e esfenoidais; o Raramente maxilares. o DIAGNÓSTICO: ▪ Na maioria das vezes, é diagnosticada isoladamente; ▪ Microbiota polimicrobiana em 50% dos casos; ▪ TC de crânio com contraste + RNM; ▪ Atentar para crianças com cefaleia intensa e RSA não responsiva à terapia inicial. o MENINGITE: ▪ Relacionada a infecções etmoidais e esfenoidais; ▪ Cursa com febre, cefaleia, náuseas, vômitos, alteração do nível de consciência, convulsões, hemiparesias, alteração visual e sinais meníngeos; ▪ Cultura do LCR: Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus. o ABCESSO EXTRADURAL: ▪ Associado a infecção do seio frontal; ▪ Cursa com febre, cefaleia, náuseas, vômitos, papiledema, hemiparesias e convulsões. o EMPIEMA SUBDURAL: ▪ Complicação intracraniana + frequente; ▪ Relacionada a infecção de seios frontais e etmoidas; ▪ Paciente apresenta-se letárgico e pode evoluir para o coma. ▪ TRATAMENTO: • Internação hospitalar + ATB EV + corticoterapia EV + cirurgia; • ATB: 4-8 semanas → Ceftriaxone + Vancomicina / Oxaciclina; • Drenagem cirúrgica dos seios acometidos + drenagem das coleções intracranianas. o ABCESSO CEREBRAL: ▪ Lobo frontal, frontoparietal ou, + raramente, temporal; ▪ Seios acometidos: esfenoidal e etmoidal; ▪ Cursa com: cefaleia, rebaixamento do nível de consciência, déficit neurológico focal, febre, náuseas e vômitos, convulsões, meningismo e papiledema. o OSTEOMIELITE: ▪ Osso frontal; ▪ Disseminação: via hematogênica; ▪ Agente etiológico: S. aureus; ▪ Sinais clínicos: edema mole em região frontal (Pott’s puffy tumor). ▪ DIAGNÓSTICO: • TC de crânio → áreas falhas ou rarefações ósseas e sequestro ósseo; • Cintilografia com gálio → avaliação da atividade inflamatória e monitoramento PO. ▪ TRATAMENTO:• ATB EV (6-12 semanas após cirurgia); • Cirurgia: debridamento de osso infectado + abertura do recesso do frontal. • Edema ou hiperemia periorbitária; • Celulite orbitária; • Abcesso subperiosteal; • Abcesso orbitário; • Trombose de seio cavernoso (disseminação do processo infeccioso das vias orbitárias → seio cavernoso → NC III, IV, V e VI) • Proptose; • Diplopia; • Oftalmoplegia; • Diminuição da acuidade visual; • Cefaleia frontal uni ou bilateral intensa; • Edema em fronte; • Sinais de meningite; • Sinais neurológicos; • Diminuição do nível de consciência. 5 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina RINOSSINUSITE FÚNGICA • Os fungos + frequentemente implicados nessa patologia são: espécies de Aspergillus, Fusarium, Muracoles e Dematiáceos (marrom-preto). • CLÍNICA: o Febre; o Dor facial; o Congestão ansal; o Epistaxe; o Alteração na visão; o Alteração na atividade mental; o Dormência na região facial; o Diplopia. • TRATAMENTO: o Sinais e sintomas de rinossinusite invasiva no hospedeiro apropriado → tratamento antifúngico empírico com Anfotericina B IV. RINOSSINUSITE CRÔNICA E POLIPOSE • Inflamação do nariz e de seios paranasais, caracterizada por 2 ou + sintomas (um dos quais obstrução ou rinorreia): o Obstrução nasal; o Rinorreia; o Dor ou pressão facial; o Redução ou perda do olfato; E o Sinais endoscópicos de polipose e/ou secreção mucopurulenta do meato médio e/ou edema em meato médio; E/OU o Mudanças tomográficas (complexo ostiomeatal/seios): ▪ Rinossinusite crônica com polipode: bilateral, visualização de pólipos no meato médio. • Doença inflamatória crônica com expressão aumentada de eosinofilia e de IL-5; • + comum no sexo masculino (2:1). ➔ CLASSIFICAÇÃO: EPOS 2007 • Grau 0 → ausência de pólipos; • Grau I → pólipos restritos ao meato médio; • Grau II → pólipos além do meato médio; • Grau III → pólipos que bloqueiam a fossa nasal. ➔ GRANULOMATOSE EOSINOFÍLICA COM POLIANGEÍTE (SÍNDROME DE CHURG-STRAUSS): • 2 dos sinais abaixo: o Asma; o Eosinofilia >10%; o Neuropatia (mono ou polineuropatia); o Infiltrado pulmonar; o Anormalidades dos seios paranasais; o Infiltração eosinofílica à biópsia dos pólipos. ➔ FIBROSE CÍSTICA: • Doença multissistêmica; • Secreção espessa → obstrução; 6 Laylla Oliveira Fagundes - Medicina • Pseudomucocele: abaulamento medial da parede lateral do nariz em crianças; • Neutrófilos > eosinófilos; • Agentes + comumente associados: Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus; • Como excluir? o 3 medidas de cloreto no suor >60mmol/L → confirma o diagnóstico; o 40-60mmol/L → duvidoso → repetir exame a cada 6 meses; o Método por iontoforese com pilocarpina; o Testes genéticos para pesquisa de mutação deltaF508.
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