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NÚCLEO DE PÓS- GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA AUDITORIA MÉDICA E DE UNIDADES DE ENFERMAGEM SUMÁRIO O QUE É AUDITORIA ........................................................................................................... 3 FUNÇÕES DA AUDITORIA ................................................................................................... 5 TIPOS DE AUDITORIA .......................................................................................................... 9 NORMAS ÉTICAS RELACIONADAS COM A PRÁTICA DA AUDITORIA ............................ 11 O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO E A AUDITORIA: SISTEMA PÚBLICO E SISTEMA PRIVADO ............................................................................................................................ 15 ÂMBITO DE TRABALHO DOS AUDITORES E NORMAS ESPECÍFICAS ........................... 21 GLOSAS .............................................................................................................................. 25 COMPONENTES DE UMA CONTA MÉDICA ...................................................................... 35 NORMAS TÉCNICAS DE AUDITORIA ................................................................................ 41 FLUXO AUDITORIA ............................................................................................................ 63 TISS .................................................................................................................................... 68 A AUDITORIA NO SUS ....................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 71 O QUE É AUDITORIA Auditoria é uma atividade profissional que analisa, controla e autoriza procedimentos e condutas terapêuticas, propostos e/ou já realizados. Consiste na conferência tanto da conta médica quanto da solicitação de procedimentos por um auditor médico ou enfermeiro que analisará o documento buscando corrigir falhas ou perdas. O objetivo dessa análise é sempre a melhora dos padrões técnicos, administrativos e das condições hospitalares e, portanto, um melhor atendimento à população usuária de um sistema de saúde. Os auditores na área da saúde trabalham respaldados pela legislação e por seus respectivos Códigos de Ética em combinação com normas técnicas baseadas nas melhores evidências científicas, normas administrativas das instituições de saúde (prestadoras e pagadoras) e em contratos. O auditor deve decidir sempre com base em respaldo técnico, científico e ético, com honestidade e responsabilidade. Diz-se no mercado hospitalar que “o auditor ideal deve ser constituído de 25% de discrição, 25% de ética, 25% de equilíbrio profissional e 25% de conhecimento, totalizando 100% de bom senso” (PAES; MAIA, 2005). A auditoria tem como premissa avaliar a qualidade da atenção à saúde com base na observação direta e no registro da história clínica do indivíduo em qualquer organização que preste serviço de saúde, tais como hospitais, clínicas, unidades básicas de saúde. No início do século XX, constatou-se que a qualidade das instituições médicas deixava muito a desejar. Assim, o Colégio Americano de Cirurgiões criou padrões mínimos para avaliar regularmente a qualidade do cuidado prestado aos pacientes hospitalizados. Em 1951, cria-se a Comissão Conjunta de Acreditação Hospitalar (JCAH), formada pelo Colégio Americano de Clínicos e Associação Canadense de Hospitais. De natureza privada, tinha o objetivo de introduzir e enfatizar no contexto médico- hospitalar conceitos sobre análise retrospectiva de casos por meio de auditorias médicas. A partir de então, houve o rápido desenvolvimento de indicadores, padrões e critérios com a finalidade de ajudar as organizações a melhorar a qualidade dos cuidados oferecidos aos pacientes (MOTTA e cols., 2005). O primeiro registro que se tem no país da utilização da auditoria técnica no Sistema de Saúde ocorre com a implantação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Na época, a contratação de serviços pelo sistema público de atenção à saúde era baseada no pagamento por procedimentos, o que gerava uma grande quantidade de fraudes, pois quanto mais procedimentos um prestador de serviços realizava, maior seu ganho (MOTTA e cols., 2005). Com a finalidade de conter estas fraudes, surge a necessidade da adoção de análise e correção das contas apresentadas pelos prestadores de serviços, bem como da avaliação da qualidade e do serviço por eles prestados. Surge assim o quadro de auditores da Previdência Social. Com o surgimento das medicinas de grupo e outras operadoras de planos de saúde no Brasil, o campo da auditoria se expandiu. Hoje, é frequente que estas empresas possuam em seus quadros uma equipe multiprofissional de auditoria e análise de contas médicas. Essas últimas podem referir-se tanto a atendimentos realizados em ambulatório quanto em hospitais, eletivos ou de urgência/emergência, incluindo atendimentos em domicílio e de remoções. A atividade de auditoria torna-se, assim, essencial à manutenção da saúde financeira destas organizações de tal forma que, em 2001, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamenta a atividade do auditor mediante a Resolução 1614 (CFM, 2001). Esta regulamenta tanto o trabalho do auditor no setor público de saúde (no caso do Brasil, no Sistema Único de Saúde – SUS) quanto no setor privado (no Brasil, principalmente nos hospitais privados e nas operadoras de planos de saúde). No setor privado, as Resoluções do Conselho Nacional de Saúde Suplementar (CONSU) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) preveem a atividade de auditoria. A Resolução CONSU nº 08/1998 autoriza o controle e a regulação tanto no momento da solicitação da assistência quanto da realização de serviços (ANS, 2013). Hoje, são realizados vários congressos e encontros de auditores médicos e de enfermagem, sendo esta considerada como âmbito de trabalho destes profissionais (CFM, 2001; COFEN, 2001). Outros profissionais também compõem a equipe de auditores em uma instituição privada, são os analistas de contas médicas e analistas de regulação, por exemplo. FUNÇÕES DA AUDITORIA A auditoria busca viabilizar uma atenção à saúde com qualidade, baseada nas melhores evidências científicas e com um preço justo. Ao verificar a pertinência técnica de um procedimento, sua função é também educativa. Donabedian, ao tratar da qualidade em saúde, lembra que esta deve ser vista como os maiores benefícios que causem menor risco ao paciente, de acordo tanto com os recursos disponíveis quanto com os valores sociais existentes (MCQUESTION, 2006). Quando se fala em qualidade em saúde, ressalta-se o alto nível da prática profissional, a utilização eficiente dos recursos, o alto grau de satisfação da clientela, a garantia da segurança e o impacto positivo nas condições de saúde dos usuários e da população. A avaliação da qualidade engloba três aspectos: avaliação da estrutura, dos processos e dos resultados. Por avaliação estrutural, entende-se a análise dos recursos da organização, quais sejam: financeiros, humanos, espaço físico, acesso e tipo de assistência. É baseada na capacidade presumida dos provedores de serviços tanto em recursos humanos quanto materiais (MCQUESTION, 2006). A avaliação dos recursos humanos compreende os certificados de habilitação e de especialização e o tipo de treinamento da equipe técnica do estabelecimento. Quanto aos serviços propriamente ditos, devem-se avaliar os certificados governamentais ou privados de acreditação, os recursos físicos, segurança,normas e procedimentos. A avaliação estrutural assegura padrões mínimos de capacidade de funcionamento, mas sua presença por si só não assegura a qualidade. Por avaliação processual pode entender-se a função principal do auditor: avaliar o desempenho das ações e decisões dos profissionais de saúde no que tange à comunicação, acessibilidade, educação, pesquisa, prescrições, intervenções clínicas (tempo, eficácia e eficiência de diagnóstico, adequação da terapia, complicações, etc.). Avança em relação à avaliação estrutural porque permite a análise do que, quem, com o que, como e por que. Permite avaliações repetidas, planejamento e implementação de melhorias (MCQUESTION, 2006). Quanto à avaliação de resultados, mede frequências de ocorrências de eventos desejados ou não desejados, como infecções ou complicações de doenças. Monitora eficiência e eficácia, determinado limites mínimos aceitáveis dos eventos indesejados. A atenção de qualidade engloba a fundamentação científica da prática médica; a ênfase na prevenção; a cooperação entre consumidores e prestadores de serviços; o tratamento integral do indivíduo e a relação estreita e contínua entre médico e paciente (MCQUESTION, 2006). Donabedian ressalta os atributos da avaliação da qualidade em saúde: 1. Eficácia – capacidade da assistência em atingir seus melhores resultados, ou seja, melhora da saúde e do bem-estar; 2. Estratégia mais eficaz – limite máximo que se pode alcançar com a fronteira tecnológica; 3. Efetividade – grau de atingimento das melhorias em saúde com as estratégias mais eficazes; 4. Eficiência – capacidade de obter a melhor assistência com menor custo (na existência de duas estratégias de cuidado com mesma efetividade, a mais eficiente será a de menor custo); 5. Otimização – esforço para conseguir o nível ideal de investimento no cuidado assistencial. Ponto máximo em que os benefícios da assistência são vantajosos em relação ao acréscimo dos custos; 6. Aceitabilidade – grau de conformidade da assistência com os valores, desejos e expectativas dos pacientes e familiares. Inclui acesso, relação médico- paciente, conforto das instalações, preferências dos pacientes quanto às estratégias de cuidado e custos da assistência; 7. Legitimidade – conformidade da assistência com as necessidades de bem-estar da sociedade ou da comunidade; 8. Equidade – justiça na distribuição da assistência em função da necessidade (MCQUESTION, 2006). Mendes (2002), analisando o ciclo da auditoria clínica de qualidade destaca os seguintes passos no trabalho do auditor: 1. Identificação do problema; 2. Definição de padrões e metas; 3. Avaliação da consistência entre o problema e o padrão estabelecido; 4. Identificação da mudança; 5. Implementação da mudança; 6. Monitoramento da mudança. O Ministério da Saúde Brasileiro, através do PROADESS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013) destaca as seguintes dimensões como de importância para avaliação do desempenho do sistema de saúde: 1. Acesso – capacidade das pessoas em obter os serviços necessários no lugar e no momento certo; 2. Efetividade – grau com que a assistência, serviços e ações atingem os resultados esperados; 3. Eficiência – relação entre o produto da intervenção de saúde e os recursos utilizados; 4. Respeito ao direito das pessoas – capacidade do sistema de assegurar que os serviços respeitem o indivíduo e a comunidade e estejam orientados às pessoas; 5. Adequação – grau com que os cuidados e intervenções ofertados estão baseados no conhecimento técnico científico existente; 6. Segurança – capacidade do sistema de saúde de identificar, evitar ou minimizar riscos potenciais das intervenções em saúde ou ambientais; 7. Aceitabilidade – grau com que os serviços de saúde ofertados estão de acordo com os valores e expectativas dos usuários e da população; 8. Continuidade – capacidade do sistema de saúde de prestar serviços de forma coordenada e ininterrupta. Portanto, fica claro que a avaliação da qualidade da atenção à saúde é um processo contínuo de detecção de oportunidades de melhoria e, neste contexto, o auditor não é apenas um mero fiscal e sim um orientador e agente de mudança, que busca o fiel cumprimento do acordado entre quem contrata e quem presta serviços dentro de princípios éticos e técnicos (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). Com sua atuação, o auditor apresenta subsídios que levam ao aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos, controles internos, normas, regulamentos e relações contratuais. Também avalia o desempenho médico e de toda a equipe de saúde envolvida no atendimento àquele indivíduo específico. A sua análise e conhecimento dos prestadores de serviços o capacita a participar do processo de credenciamento, negociando ou revisando tabelas hospitalares e/ou de diagnose, propondo normas ou adequações que minimizem custos (LODI, 2008). MOTTA e cols. (2005) ressaltam que o auditor, a fim de poder executar as funções descritas a contento, deve conhecer a estrutura administrativa das organizações, com destaque para: 1. Visão – o que a alta administração pensa sobre o futuro em longo prazo da organização, o que se deseja alcançar; 2. Negócio – a área de atuação da empresa; 3. Missão – o porquê de a organização existir, para quem ela existe e quais são seus parceiros; 4. Valores – princípios e crenças que regem a organização; 5. Liderança – quem define a visão e missão, os planos e metas da organização; 6. Organização: as pessoas que a constituem; 7. Clientes – prestadores de serviços, fornecedores, demais áreas com as quais a auditoria se relaciona, como por exemplo, o credenciamento. Outra função primordial da auditoria em uma organização, além da manutenção da qualidade do atendimento prestado, é analisar os custos da atenção dispensada. Esta informação é de suma importância, pois permite não só a manutenção e previsibilidade do fluxo de caixa, mas leva à consecução dos objetivos e metas da organização, propiciando racionalidade e evitando desperdícios e “retrabalhos”. A auditoria tem ainda a função de educação e aperfeiçoamento contínuo dos profissionais, sendo considerada uma instância de mediação, conciliação e resolução de conflitos (MOTTA e cols., 2005). O auditor é ainda um consultor, pois, ao analisar um procedimento realizado, avalia toda uma cadeia de eventos técnico-administrativos, como por exemplo: 1. Cadastro do cliente – o plano permite a realização do procedimento? O plano está de acordo com as normas da ANS? O cliente tem seus dados corretos no sistema? 2. Cadastro do prestador – o prestador está contratado para realizar este procedimento? 3. O procedimento propriamente dito – o procedimento faz parte do rol da ANS? A codificação está correta? A indicação técnica está adequada? Foi realizado com a técnica correta e adequada? Foi previamente autorizado? 4. A cobrança do realizado – o valor está adequado? Todos os itens da conta correspondem ao efetivamente realizado? Há itens discordantes em valor ou em frequência? 5. O fluxo – as autorizações ocorreram em tempo hábil? Houve atrasos nas prorrogações? Portanto, pode-se afirmar que o papel do auditor é o de apontar desvios que podem ser corrigidos, a fim de evitar desperdícios econômicos e administrativos (racionalização e economia), apontar oportunidades de melhorias dos processos (negociais, administrativos e técnicos), preservar os valores da organização – garantindo o cumprimento de suas metas e o alcance da sua missão e visão – e de educador, garantindo a prestação da melhor atenção à saúde possível, com efetividade, eficácia e eficiência. Atualmente os sistemas de saúde vêm passando por uma séria crise, devido a aspectos que têm elevado o incremento de custos: o envelhecimento da população; a incorporação acrítica de tecnologias,insumos e procedimentos; o custo e a formação dos recursos humanos em saúde; a medicina defensiva; e a multiplicação de serviços. Esse é o grande desafio da auditoria hoje em dia: como gerar valor para o usuário, com a melhor qualidade possível e ao menor custo (PORTER, 2006). TIPOS DE AUDITORIA Há várias classificações para as atividades de auditoria (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005). A seguir, serão destacadas algumas. A auditoria pode ser classificada segundo sua finalidade em: 1. Auditoria de resultados – mede as mudanças no estado da saúde do paciente capazes de serem atribuídas à prestação dos serviços de atenção à saúde. Para tanto, utiliza dados, informações e indicadores; 2. Auditoria da qualidade – mede, de forma sistemática e independente, o resultado da instituição segundo modelos de gestão da qualidade. A Auditoria Operacional ou Auditoria Concorrente avalia os procedimentos durante seu acontecimento. A atuação do auditor se dá junto aos profissionais da assistência, a fim de monitorar o estado clínico do paciente internado, verificando a procedência e gerenciando o processo de internação, auxiliando na liberação de procedimentos e/ou materiais e medicamentos de alto custo e verificando a qualidade da assistência prestada. Durante este processo, o auditor pode indicar outra opção de assistência ao usuário, como a assistência domiciliar ou o gerenciamento de casos crônicos. Caso haja necessidade, é permitido ao auditor médico examinar o paciente. Já a Auditoria Preventiva, também denominada Auditoria Prospectiva ou Auditoria Prévia, é realizada antes dos procedimentos serem realizados, no setor de Autorizações, Liberação de Guias ou Regulação. Os procedimentos são analisados não só sob o aspecto pertinência técnica, mas também sobre o aspecto administrativo: o cliente é coberto pelo plano? O prestador é contratado pelo plano? O contrato firmado entre operadora de plano de saúde e cliente prevê a realização deste procedimento? Por Auditoria Analítica entende-se a análise dos dados levantados pelas auditorias preventiva e operacional e sua comparação com indicadores. Os auditores nesta função auxiliam a direção da empresa, principalmente no que tange à correta execução dos contratos com prestadores de serviço. Lodi (2008) destaca que o processo de auditoria analítica deve envolver um período de tempo (três a seis meses) durante o qual serão analisados os dados coletados pela auditoria preventiva e operacional, a fim de estabelecer um perfil de um dado prestador de serviços para auxílio não só em futuras negociações comerciais, mas permitindo a análise da qualidade dos serviços prestados. A Auditoria Retrospectiva revisa dados registrados no prontuário do usuário mediante padrões preestabelecidos. Uma das propostas para trabalho desta auditoria é a que considera o número de altas/ mês e as relaciona com o número de prontuários a serem avaliados. Assim, caso haja até 50 altas/mês, trabalha-se todos os prontuários/acima deste número (PAES e MAIA, 2005). Outros trabalham por amostragem de prontuários, sorteio ou valor em reais da conta (todas as contas acima de R$ 5 mil, por exemplo). A Auditoria Global analisa todos os eventos relacionados com a atenção à saúde, ao contrário da Específica, que avalia apenas um evento pontual (por exemplo, uma dada internação) ou uma especialidade (entre outras: cirurgia cardíaca ou quimioterapia). Há ainda a Auditoria Própria, realizada por profissionais da própria instituição e a Auditoria Terceirizada, realizada por profissionais que não pertencem à instituição, mas contratados para este fim. Algumas empresas utilizam a denominada Auditoria Mista, uma mescla das duas anteriores. A Auditoria de Contas é realizada na descrição da internação e/ou procedimento enviado à empresa contratante. Trata-se de processo minucioso, onde se observam: o diagnóstico médico e de outros profissionais da equipe de saúde, os procedimentos realizados (descrição cirúrgica, ficha anestésica, exames e laudos, terapias, avaliações de especialistas), cobrança de diárias e taxas, materiais e medicamentos conforme prescrição médica, utilização de gases medicinais, relatórios da equipe multidisciplinar, entre outros (PAES e MAIA, 2005). Denomina-se Auditoria Externa a que é realizada dentro dos estabelecimentos hospitalares, mediante a verificação in loco do atendimento prestado. O auditor analisa história clínica, evoluções médicas, prescrições, descrições cirúrgicas, solicitações e laudos de exames, além de outras informações que compõem o prontuário do paciente, verificando se estas estão de acordo com o recomendado (eficiência) e bem executadas (eficácia). É chamada externa, pois o auditor trabalha nos prestadores de serviços e não na própria instituição (MANSO, 2006). Quando a auditoria é realizada dentro da própria instituição, como hospital ou operadoras de planos de saúde, é designada como Auditoria Interna. NORMAS ÉTICAS RELACIONADAS COM A PRÁTICA DA AUDITORIA A auditoria médica é considerada um ato médico, portanto, se sujeita ao código de ética médica. Assim, caso o auditor cometa ilícito ético, cabe denúncia ao respectivo conselho regional. O mesmo se aplica à auditoria de enfermagem. Os auditores estão sujeitos ao sigilo profissional e não podem fazer nenhuma anotação diretamente no prontuário do paciente, devendo, caso necessário, utilizar formulários administrativos para solicitar informações ou fazer apontamentos de inconsistências (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005). Na presença de inconsistências detectadas pelo auditor, é preferível sempre conversar diretamente com o médico assistente e tecer considerações sobre o caso. Se não for possível, o paciente ou seus familiares não devem ser envolvidos no processo. Mesmo no caso de sugestão de mudança de regime de internação, como por exemplo, sugestão de atendimento domiciliar, o auditor deve primeiramente conversar com o médico assistente e este é que deve conversar com o paciente e sua família e solicitar a transferência de internação. A relação auditor–prestador de serviços deve ser baseada sempre no pressuposto de que todos são honestos, mas que a auditoria é uma necessidade para a qualidade da atenção, ao apontar falhas em processos, estrutura e em pessoas. Essas falhas deverão ser apuradas e sempre vistas como uma oportunidade de melhoria (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). Sempre há possibilidade de conflito neste processo, daí a necessidade de bom senso e de conhecimento dos regulamentos éticos. O Código de Ética Médica (CFM, 2010) destaca que o alvo da atenção à saúde é o ser humano, sendo que o médico deve sempre agir com zelo e no melhor de sua capacidade profissional, mantendo sigilo no desempenho de suas funções, inclusive no trabalho em empresas. As relações do médico com os demais profissionais da área da saúde devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e independência profissional de cada um, buscando sempre o interesse e bem estar do paciente (PAES e MAIA, 2005). O médico deve ter sempre respeito, consideração e solidariedade para com seus colegas, porém, não pode eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à Comissão Ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao próprio Conselho Regional de Medicina (CRM). É vedado ao médico alterar prescrição ou tratamento de paciente, determinado por outro médico, mesmo quando investido em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de indiscutível conveniência para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao médico responsável. Este preceito é de suma importância principalmente quando da realização de auditoria de liberação (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). O Conselho Federal de Medicina publicoua resolução CFM 1614, em 2001 (CFM, 2001), a qual regulamenta a atividade dos auditores médicos. Nesta, fica claro que o auditor médico, para exercer suas funções, deve apresentar-se ao diretor clínico da instituição, o qual, por sua vez, deve garantir condições de trabalho para realização da atividade de auditoria. É comum no mercado a apresentação dos auditores mediante carta ofício da qual consta o nome completo do auditor e número de inscrição no respectivo conselho de classe (MANSO, 2006). Para exercício da auditoria, o médico deve estar inscrito no respectivo conselho de classe, o mesmo aplicando-se às empresas de auditoria médica. Nestas, os diretores devem estar inscritos como tal no conselho da área de sua atuação. A inscrição no conselho de classe deve constar em carimbo do auditor, o qual o utilizará em todos os impressos que empregar para análise do caso, não podendo haver anotações realizadas em prontuário como já dito. De preferência, todas as observações do auditor devem ser por escrito. Sempre que houver necessidade de não autorizar, vetar ou modificar procedimento ou prescrição, o auditor deverá comunicar-se com o médico assistente, dando-lhe ciência dos motivos (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). Por se tratar de ato médico, a realização de auditoria exige conhecimento técnico pleno e atualizado da profissão. O médico, na função de auditor, não pode, em seu relatório, exagerar ou omitir fatos decorrentes do exercício de suas funções, podendo solicitar por escrito ao médico assistente os esclarecimentos necessários ao exercício de suas atividades. Não é permitido ao auditor retirar prontuário ou cópias da instituição, devendo analisar a documentação necessária in loco. Caso haja necessidade de examinar o paciente ou acompanhar procedimentos, o auditor deve ter autorização do paciente, família e/ou representante legal, devendo o médico assistente ser previamente avisado e anuir, podendo, este último, estar presente durante a realização do exame. A resolução já citada destaca ainda que não compete ao médico, na função de auditor, a aplicação de quaisquer medidas punitivas ao médico assistente ou instituição de saúde, cabendo-lhe somente recomendar as medidas corretivas em seu relatório. Não é permitida a remuneração ou gratificação do médico auditor por valores vinculados à glosa. O médico auditor externo deve alertar sobre falhas existentes (por exemplo, falta de autorização para procedimentos, falta de assinatura na prescrição); atuar como consultor, buscando a melhoria dos processos (como exemplo, diminuição do tempo gasto entre a solicitação e a realização de um procedimento) e maximizar resultados, evitando procedimentos ou repetições desnecessárias. Para tanto, pode visitar o paciente internado, verificando o diagnóstico, história clínica, evoluções, prescrições; verificar a real necessidade de internação e efetuar prorrogações quando pertinentes; verificar atendimentos e procedimentos de urgência, transferências para leitos de alta complexidade, solicitações de exames complementares e verificar a utilização de medicamentos e materiais, principalmente de alto custo (MOTTA e cols., 2005; PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). No exercício da auditoria, as irregularidades frequentemente encontradas são: preenchimento incorreto do prontuário (por exemplo, ausência de história clínica, evolução médica); ausência de identificação do médico assistente (carimbo nas prescrições/evoluções/solicitações); incorreta identificação do paciente; letra ilegível; procedimento descrito divergente do autorizado; ausência de identificação dos assistentes cirúrgicos e/ou anestesista; ausência de solicitação médica para procedimentos diagnósticos. O médico auditor possui papel estratégico dentro da cadeia da qualidade em saúde. Motta e cols. (2005) destacam sua importância na obtenção e manutenção do relacionamento ético com a indústria farmacêutica e de equipamentos médicos; na conscientização da terminalidade da vida; na integração com a equipe; na adesão aos protocolos; na valorização do trabalho multiprofissional e no fortalecimento do sistema de saúde. Lembrar sempre que a auditoria deve ocorrer em horário comercial. Ressalta- se que nenhum auditor poderá, sob qualquer pretexto, prescrever, evoluir, solicitar exames ou dar alta ao paciente assistido por outro colega, nem tampouco adulterar o prontuário médico. Suas anotações e comentários sobre o caso devem ser feitas sempre em formulário apropriado que deverá ser entregue ao médico assistente. Quanto à regulação ética da auditoria de enfermagem, esta ocorre segundo a Resolução COFEN 266, de 2001(COFEN, 2001). Esta destaca que o enfermeiro auditor, no exercício de suas atividades, deve organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de auditoria de enfermagem. O enfermeiro, enquanto integrante de equipe de auditoria em saúde, deve atuar na elaboração de contratos e adendos que dizem respeito à assistência de enfermagem e de competência do mesmo; atuar em bancas examinadoras, em matérias específicas de enfermagem, nos concursos para provimentos de cargo ou contratação de enfermeiro ou pessoal técnico de enfermagem, em especial enfermeiro auditor, bem como de provas e títulos de especialização de auditoria e enfermagem, devendo possuir o título de especialização em auditoria de enfermagem (MOTTA e cols., 2005). Deve sempre, quando em função, identificar-se pelo número de registro no COREN, porém, não pode interferir nos registros do prontuário do paciente. Para exercer suas atividades não necessita de prévia autorização por parte de outro membro auditor, enfermeiro, ou multiprofissional, tendo autonomia para exercer suas atividades, inclusive acessando contratos e adendos pertinentes à instituição a ser auditada. É permitida a visita ou entrevista com o paciente, a fim de constatar a satisfação do mesmo com o serviço de enfermagem prestado, podendo acompanhar procedimentos no sentido de dirimir quaisquer dúvidas que possam interferir no seu relatório (MOTTA e cols., 2005). Considerando a interface do serviço de enfermagem com os diversos serviços, fica livre a conferência da qualidade dos mesmos no sentido de coibir o prejuízo relativo à assistência de enfermagem, devendo o enfermeiro auditor registrar em relatório tal fato, e sinalizar aos seus pares auditores, pertinentes a área específica, descaracterizando a sua omissão (MOTTA e cols., 2005). Pode solicitar esclarecimento sobre fato que interfira na clareza e objetividade dos registros, com fim de se coibir interpretação equivocada que possa gerar glosas ou desconformidades infundadas. Deve o enfermeiro auditor exercer suas funções com clareza e lisura, sempre fundamentadas na técnica e ética. Devido ao seu papel como educador, deverá participar da interação interdisciplinar e multiprofissional, contribuindo para o bom entendimento e desenvolvimento da auditoria de enfermagem, e auditoria em geral, contudo, sem delegar ou repassar suas funções privativas (MOTTA e cols., 2005). O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO E A AUDITORIA: SISTEMA PÚBLICO E SISTEMA PRIVADO Define-se um sistema de saúde como o conjunto de partes inter- relacionadas e interdependentes que tem como objetivo atingir determinado fim: a atenção à saúde. São estruturas recentes, surgidas no início do século XX, relacionadas aos sistemas de proteção social (LOBATO e GIOVANELLA, 2008). Lobato e Giovanella (2008) destacam que há, basicamente, três modelos de sistemas de proteção social: seguridade social, seguro social e residual. O primeiro surge na Inglaterra em 1942, tendo como base o Plano Beveridge. Nesse modelo, os direitos sociais estão assegurados pelo Estado, que desempenha papel central na regulação,administração e financiamento do sistema. Há um padrão mínimo de benefícios baseados nas necessidades individuais. O acesso da população ao sistema é universal, apenas vinculado à condição de cidadania. Seu financiamento é dado por toda a sociedade por meio de tributos. No Brasil, a Constituição Federal (2012) destaca, em seu artigo 194, que a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa do Poder Público que se destina a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Este modelo é encontrado, além do Brasil, em países como a Inglaterra, Canadá, Cuba e Suécia, por exemplo. Já o modelo de seguro social surge na Alemanha, com Bismarck, e é considerado um sistema com controle estatal e meritocrático, isto é, somente quem contribui tem direito ao uso. É o sistema encontrado na França, Alemanha, Suíça, como exemplos, e que era vigente no Brasil anteriormente à implantação do SUS. Quanto ao modelo residual, a assistência à saúde é garantida pelo estado apenas para quem comprove condição de pobreza e que, portanto, não pode comprar serviços privados. O restante da população ou compra diretamente os serviços ou tem planos de saúde. Caracteriza-se pela ausência de interferência estatal e é encontrado nos Estados Unidos da América. Santos e Ugá (2008) destacam que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Economico (OECD), a participação do setor privado nos sistemas pode se dar de quatro formas: 1. Suplementar – há comercialização de planos de saúde que oferecem serviços já cobertos pelo sistema público de cunho universal (cobertura duplicada de serviços de saúde). Pode oferecer elementos adicionais, tais como diferenciação na hotelaria, livre escolha de prestador e/ou acesso mais ágil, além de serviços não cobertos pelo sistema público por não serem considerados como fundamentais para a saúde, como por exemplo, cirurgia estética. Ocorre no Reino Unido, Finlândia, Portugal, Espanha, Itália; 2. Substitutivo – há opção ou pelo sistema público ou pelo seguro privado, sendo ambos excludentes. Encontrado na Alemanha, Holanda, Bélgica e Chile; 3. Complementar – adquirido para completar o acesso a serviços que ou não são cobertos pelo sistema estatutário ou o são apenas parcialmente. Pode cobrir copagamentos impostos pelo sistema estatutário, como ocorre na França, por exemplo, ou pode haver aquisição de serviços pelo próprio Estado (oferta mista de serviços próprios e contratados); 4. Primário – o setor privado é elemento preponderante do sistema de saúde, como no caso estadunidense. Pode-se depreender, portanto, que o sistema de saúde brasileiro é composto por três subsistemas: 1. Sistema público – serviços financiados e prestados pelo Estado nos níveis federal, estadual e municipal; 2. Sistema privado complementar – com fins lucrativos ou não, sendo financiado com recursos públicos (contratados pelo SUS) ou privado; 3. Suplementar – planos privados e apólices de seguros. Manso (2009) cita que o sistema de saúde suplementar no Brasil organizou-se em paralelo à urbanização e industrialização, iniciando-se com a criação da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (CASSI), na década de 1940, que procurava complementar o atendimento médico realizado pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Segue a autora destacando que, com a implantação e crescimento do setor industrial privado multinacional nas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano (todas no estado de São Paulo), os sindicatos começaram a reivindicar que a assistência médica fosse incluída como complemento à política salarial dos trabalhadores. A partir dos anos 50, surgem as empresas estatais, que incluem assistência médica e hospitalar como benefício aos seus empregados. Em paralelo, os funcionários públicos estaduais, excluídos da previdência social, passaram a ter serviços de saúde próprios com regimes exclusivos de reembolsos quando da utilização de serviços médico-hospitalares. Mas, é na década de 60, que a organização empresarial da medicina ganhou forças com o aparecimento das medicinas de grupo, criadas por acionistas e/ou proprietários de hospitais com foco no atendimento hospitalar e, como contraponto a estas, as cooperativas de trabalho médico, pautadas no exercício liberal da medicina. Algumas empresas multinacionais ou estatais passam a constituir seus próprios planos de saúde, organizando redes de atendimento e remunerando prestadores de serviços (MANSO, 2009). Assim, surgem diferentes formas de organização (modalidades) das operadoras de planos de saúde. Estas são pessoas jurídicas definidas pela Lei 9656, de 1998, (DOU, 1998) como sociedades civis ou comerciais, cooperativas ou entidades de autogestão que operam produtos, serviços ou contratos de planos de saúde. A mesma lei define plano privado de assistência à saúde ou plano de saúde como a prestação continuada ou a cobertura de custos assistenciais, que podem ter preços pré ou pós-estabelecidos, contratados por prazo indeterminado a fim de garantir ao consumidor a assistência à saúde, na área médica, hospitalar ou odontológica. Há várias modalidades de operadoras de planos de saúde, as quais diferem entre si segundo a forma como são administradas e sua organização institucional. Medicinas de grupo abrangem uma série de empresas que intermediam serviços de saúde por meio de um pagamento pré-fixado mensal que é definido conforme cálculos atuariais de risco, cobertura e tipo de plano. Este valor é independente da utilização ou não do plano e o atendimento pode ser fornecido por contratação (credenciamento) de hospitais, clínicas, consultórios pagos pelos serviços prestados ou mediante unidades próprias nas quais os profissionais de saúde são contratados. A AMIL, por exemplo. (MANSO, 2009). Cooperativas médicas são operadoras de planos de saúde constituídas por um conjunto de médicos que ao mesmo tempo são sócios e prestadores de serviços, portanto, recebendo pagamento tanto pelos atos médicos que realizam quanto por participação nos resultados. Por exemplo, a UNIMED (MANSO, 2009). Os planos próprios de empresas se organizam de diferentes formas: condomínio ou associação de empresas; os planos administrados e a autogestão ou autoprograma, todas caracterizadas pela vinculação de um grupo determinado e fechado de pessoas. Estes planos não são comercializados. Este grupo determinado é composto pelos empregados ativos da empresa; em alguns casos, incluem os aposentados, pensionistas ou ex-empregados. Os respectivos grupos familiares podem ser incluídos diferentemente conforme cada organização. São exemplos, a CASSI e a Volkswagen (MANSO, 2009). Quanto ao seguro saúde, há intermediação financeira de uma entidade seguradora, porém, ocorre livre escolha de serviços e reembolso ao consumidor pela utilização, como é o caso do Bradesco Saúde, por exemplo. (MANSO, 2009). As entidades filantrópicas são organizações sem fins lucrativos, certificadas como tal junto ao Conselho Nacional de Assistência Social e declaradas de utilidade pública ou pelo Ministério da Justiça ou por órgãos dos governos estaduais ou municipais e que podem operar planos privados de assistência à saúde. Há, por exemplo, várias Santas Casas que operam planos de saúde (MANSO, 2009). Uma administradora é uma empresa que administra planos de saúde de outras operadoras e que, portanto, não assume o risco decorrente da operação destes planos. Não possuem rede própria, credenciada ou referenciada e não possuem beneficiários (MANSO, 2009). Quanto aos planos odontológicos, há as cooperativas odontológicas e as odontologias de grupo, com organização igual aos planos médicos, como, por exemplo, ODONTOPREV e UNIODONTO, respectivamente (MANSO, 2009). As décadas de 70 e 80 do séculopassado foram os anos de maior expansão do mercado de saúde suplementar, posto ser o oferecimento de um plano de saúde considerado um benefício importante, incorporado às reivindicações sindicais, tanto pelos trabalhadores de empresas privadas, quanto pelos funcionários públicos e de autarquias. Manso (2009) destaca que, em 1980, existiam 15 milhões de clientes de planos de saúde e, atualmente, já existem mais de 40 milhões. Apesar deste crescimento vertiginoso, o mercado de saúde privado brasileiro era um mercado falho, pois as operadoras queriam oferecer cobertura apenas para riscos menores, enquanto que os clientes desejavam adquirir planos de saúde quando já apresentavam um problema importante ou, já que podiam utilizar um plano privado, consumir serviços o máximo possível. Esse é o cenário que dá origem à Lei 9656, em 12 de maio de 1998, conhecida como a Lei dos Planos de Saúde (DOU, 1998). Segundo o Ministério da Saúde, na época: A regulação de planos e seguros de saúde é uma atividade governamental destinada a corrigir as falhas de mercado e condições contratuais que afetam consumidores e empresas e repercutem negativamente na opinião pública. Os principais problemas desse mercado são claramente identificáveis, considerando as demandas e as queixas dos consumidores sobre a natureza dos contratos e as imposições unilaterais das empresas: _ falhas na cobertura e exclusão de procedimento; _ cobrança ou cobertura irregular para portadores de doença preexistente; _ exigências indevidas para a admissão do paciente; _ erro nas condições de validade e de rescisão do contrato; _ prazos de carência irregulares; _ indefinição nas regras de relacionamento entre operadora e consumidor; _ descumprimento nas normas de atendimentos de urgência e emergência; _ insuficiência na abrangência geográfica do plano de saúde; _ falta de cobertura para doenças crônicas e degenerativas; _ negação de transferência dos contratos de uma operadora a outra, entre outros itens. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p. 29 e 30). O mercado de planos de saúde tem ainda regulação junto ao Poder Judiciário pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Juntos, o CDC, a Lei 9656/98 e as normas emanadas da agência reguladora constituem o principal arcabouço regulatório do setor (MANSO, 2009). Com a regulamentação, houve diminuição do número de operadoras. Esta concentração ocorreu como consequência da necessidade legal de solvência financeira das empresas e de coberturas obrigatórias, movimento que levou à profissionalização do setor. Com a Lei 9.961, de 2000, cria-se a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com a finalidade de promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras. Entre as diversas atribuições desta agência está o estabelecimento de normas para constituição, organização, funcionamento e fiscalização das operadoras de planos de saúde (MANSO, 2009). Analisando-se os dados da ANS, de dezembro de 2012, observa-se que a cada ano aumenta a participação dos planos empresariais, ou seja, planos pagos integral ou parcialmente por empresas e que são oferecidos a seus empregados como um benefício. Ocorre ainda uma progressiva diminuição dos planos individuais, quais sejam, os pagos diretamente pelo consumidor. Em setembro de 2012, a cobertura por planos de saúde atingia 48,7 milhões de brasileiros, sendo a maioria vinculada às medicinas de grupo. Nota-se ainda que as operadoras de planos de saúde, apesar do aumento anual do valor de suas contraprestações, vêm tendo sua rentabilidade diminuída a cada ano pelo crescimento das despesas assistenciais. A proporção entre receita auferida e despesa realizada é denominada sinistralidade. Esta vem aumentando a cada ano, principalmente entre as autogestões. A ANS ressalta que, enquanto a receita das operadoras cresceu 5,8% do terceiro trimestre de 2011 ao mesmo período de 2012, a despesa assistencial aumentou 9,7%. Assim, a sinistralidade do período foi a maior já registrada, chegando a, aproximadamente, 86%. As maiores despesas referem-se às internações e materiais e medicamentos de alto custo (ANS, 2012). Como o sistema de pagamento das operadoras ocorre por produção de procedimentos e tendo em vista o cenário acima, torna-se de suma importância a figura do auditor. ÂMBITO DE TRABALHO DOS AUDITORES E NORMAS ESPECÍFICAS AUDITORIA MÉDICA Nas operadoras de planos de saúde, o médico auditor atua na avaliação do plano assistencial, na análise de fichas e prontuários, na gestão e análise de indicadores, além de agir na parte financeira/contábil e patrimonial. Paes e Maia (2005) destacam que, nos planos e seguros de saúde, o médico atua como: 3. Orientador – ao interpretar as normas acordadas nos contratos; 4. Ordenador – por conhecer os direitos e deveres para autorizar procedimentos a serem realizados; 5. Fiscalizador – ao verificar a adequada indicação e finalidade dos procedimentos; 6. Controlador – por evitar desperdício e manter a qualidade da assistência e os direitos do paciente. Manso (2006) e Lodi (2008) destacam algumas atuações do auditor nas operadoras de planos de saúde: 1. Verificar a correta identificação do usuário; 2. Analisar a história clínica, ou seja, quadro clínico, antecedentes, utilização de medicações; 3. Verificar se a internação foi eletiva ou de urgência, além da real necessidade da mesma; 4. Verificar se o regime de internação (hospital dia, hospitalar, domiciliar, como exemplo) e o tipo de acomodação (isolamento, UTI, entre outros) estão de acordo com as necessidades do paciente; 5. Analisar o prontuário médico no que tange ao seu correto preenchimento, com informações claras e legíveis, tanto nas evoluções quanto prescrições; 6. Verificar se o prontuário está bem organizado e é de fácil manuseio, se as prescrições médicas, de enfermagem, evoluções, laudos, interconsultas com outros especialistas ou profissionais da área da saúde estão presentes e em ordem cronológica; 7. Verificar a presença de assinatura e carimbo não só do médico assistente, mas de toda a equipe de profissionais envolvidos com o atendimento; 8. Analisar a adequação da conduta médica, tanto do ponto de vista técnico quanto ético; 9. Verificar as indicações de exames auxiliares ao diagnóstico, se pertinentes para o caso de acordo com as boas práticas profissionais e evidências científicas; 10. Na presença de internações de longa permanência, verificar a possibilidade de desospitalização (Home Care ou hospital apoiador); 11. Apontar infrações técnicas e éticas tanto do corpo clínico quanto de qualquer membro da equipe de atenção à saúde ao diretor clínico da instituição auditada; 12. Avaliar a utilização de antibióticos, principalmente os de última geração, verificando se há excessos ou infringência às regras da Comissão de Infecção Hospitalar; 13. Verificar a presença de protocolos para uso de antibioticoterapia; 14. Analisar a incidência e as internações de prematuros e neonatos que necessitem de UTI Neonatal e Semi-intensiva; 15. Verificar as descrições dos procedimentos cirúrgicos realizados, se estas estão legíveis e se contam todos os nomes e CRM dos participantes; 16. Verificar se a instituição utiliza medicamentos genéricos; 17. Analisar a utilização de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) não só quanto à pertinência técnica, mas também seus registros na ANVISA e dos fornecedores; 18. Verificar se todas as autorizações para internação e realização de exames, terapias, etc. estão presentes no prontuário; 19. Analisar a pertinência técnica e agilizar o fornecimento de autorizações pelo plano de saúde em pacientes em regime de internação; 20. Verificar a real necessidade de prorrogações das diárias de internações; 21. Acompanhar as médias de permanência eincidência de complicações e/ou infecções nas instituições por ele auditadas; 22. Verificar a correta codificação dos procedimentos realizados; 23. Verificar a apresentação da conta e garantir sua apresentação em tempo hábil para análise; 24. Comunicar ao plano de saúde a ocorrência de desvios. O auditor médico não exerce suas funções apenas nas operadoras, mas também nos hospitais e em outros prestadores do setor saúde, nestes casos, avaliam suas próprias cobranças antes de enviá-las para as operadoras (MOTTA e cols., 2005). O auditor médico deve ter experiência e conhecimento técnico médico, além de coerência, firmeza, imparcialidade e bom senso nas decisões, não permitindo que fatores externos possam interferir em seu trabalho. O auditor deve ter independência, motivação e apoio da direção, devendo ser sempre objetivo em suas condutas, expressando sua opinião sempre embasada em fatos reais e apoiada em evidências suficientes (PAES e MAIA, 2005; MANSO, 2006). Paes e Maia (2005) ressalvam que o auditor deve ser um exímio negociador nas diversas situações, lembrando sempre que seus questionamentos ou solicitações de relatório não podem representar interferência nos atos profissionais de outro colega. O fato de realizar trocas de códigos de procedimentos, antes do mesmo ser realizado, modifica apenas a forma de remuneração, não alterando o ato médico a ser realizado. Na auditoria prospectiva (antes de sua realização), as funções do médico auditor são, segundo Motta e cols. (2005): 1. Receber a solicitação médica; 2. Verificar a situação do médico ou prestador frente à operadora (se credenciado ou cooperado); 3. Verificar se o usuário possui algum tipo de carência e se há cobertura contratual; 4. Verificar códigos, evitando duplicidade e erro na cobrança; 5. Analisar a compatibilidade entre o procedimento solicitado e o diagnóstico, inibindo a execução de procedimentos mal indicados. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Paes e Maia (2005) enfatizam a participação do enfermeiro como auditor, destacando ser este um crescente campo de trabalho. Nesta área, o enfermeiro tem como papel avaliar a assistência que o paciente está recebendo, além da integralidade e exatidão da documentação dessa assistência no prontuário. Os autores destacam que o enfermeiro deve limitar-se à avaliação dos cuidados de enfermagem prestados, portanto são de extrema importância para a eficácia, efetividade e eficiência da auditoria a inter-relação com o médico auditor: Como o prontuário do paciente espelha a eficiência dos cuidados instituídos, sendo a única prova de veracidade do tratamento e dos cuidados realizados, é necessário o seu preenchimento exato e completo, como garantia para os profissionais de saúde e para o paciente. (PAES e MAIA, 2005). A auditoria de enfermagem é responsável, segundo Motta e cols. (2005), pela análise do material de consumo. Estima-se que 60% da conta hospitalar referem-se diretamente ao serviço de enfermagem: execução das prescrições médicas, anotações e checagens pertinentes, equipamentos e gases utilizados, como exemplo. Os autores destacam algumas das funções da enfermagem enquanto auditoria: 1. Observar a presença de história clínica, antecedentes, exames clínicos e exames complementares quando indicados e prescrição; 2. Verificar os controles de enfermagem e anotações, tipo de dieta, medicações com seus horários e vias de administração, controles dos parâmetros clínicos; 3. Registro diário da evolução e prescrição médica com respectivos carimbo e assinatura; 4. Registro diário da sistematização de assistência de enfermagem assinado e carimbado pelos diferentes profissionais; 5. Relatórios do anestesista e do cirurgião; 6. Analisar contas e glosas; 7. Sugerir reestruturações nas tabelas quando necessário; 8. Acompanhar a variação dos preços de medicamentos, materiais e procedimentos; 9. Manter-se atualizado com as técnicas de enfermagem; 10. Visitar o hospital e verificar se a medicação prescrita coincide com a que está sendo administrada e verificar prazo de validade; 11. Observar as condições de higiene e conservação de equipamentos; 12. Verificar a área física do prestador, seu mobiliário, utensílios e equipamentos; 13. Observar processos de esterilização, acondicionamento e cuidados com material estéril; 14. Verificar as condições das dietas quanto à apresentação, horário e temperatura; 15. Coletar dados de forma ética junto aos pacientes internados sobre os cuidados de enfermagem recebidos (sondas, drenos, aspirações, nebulizações, cuidados e prevenção a úlceras de decúbito, coleta de materiais). Outros temas podem ser abordados, tais como: medicação fracionada, utilização de escalpes ou cateteres, tratamentos de feridas e materiais específicos, troca de equipamentos, bomba de infusão, etc. Paes e Maia (2005) destacam que a avaliação da assistência prestada pode ser mensurada pelas anotações de enfermagem; o estado de saúde do paciente e família; a sistematização da assistência e a análise das rotinas e protocolos (trocas de sondas e cateteres, diluição de medicamentos, preparos de exames e encaminhamento). Os custos hospitalares podem ser trabalhados considerando-se evitar perdas ou a existência de retrabalho, racionalizando o uso materiais, medicamentos, gasoterapia e equipamentos. GLOSAS Glosas são correções apontadas pela auditoria para inconformidades encontradas nas contas hospitalares, baseadas nas tabelas e contratos previamente firmados entre o prestador e o pagador dos serviços de saúde. As glosas podem ser de dois tipos: administrativas e técnicas. Considera-se a glosa administrativa quando há falhas operacionais, tais como: usuário não cadastrado no plano, serviço cobrado não é contratado, cobrança fora de prazo, entre outras. A grande maioria destes apontamentos refere-se ao descumprimento de cláusulas contratuais. Por glosas técnicas entendem-se aquelas originadas após análise pela equipe de auditores de enfermagem ou médica. É atrelada principalmente à falta de justificativas ou fundamento na indicação de certo procedimento ou à deficiência ou falta de anotação de enfermagem durante a assistência oferecida ao cliente. As glosas devem sempre ser informadas aos prestadores, os quais possuem um prazo contratual para justificar as incorreções. A este processo denomina-se recurso de glosa. A auditoria analisa estes recursos e podem aceitá-los ou não. Caso os aceitem, os valores financeiros glosados são restituídos aos hospitais. A ANS padronizou os motivos de glosa quando da implantação do padrão TISS. Na tabela a seguir, alguns destes motivos de glosa e de recursos de glosa podem ser visualizados. TABELAS UTILIZADAS PELOS AUDITORES O auditor, com a finalidade de desenvolver o seu trabalho, necessita de um conjunto de instrumentos. Os mais frequentemente utilizados são diversas tabelas de honorários médicos, tabelas de diárias e taxas, tabelas de preços de materiais e medicamentos, manuais de normas técnicas de auditoria e os contratos e tabelas firmados entre as operadoras de planos de saúde e os prestadores de serviços. A seguir serão apresentados alguns destes instrumentos de trabalho. TABELA AMB Desde 1967, a Associação Médica Brasileira (AMB) edita periodicamente uma Tabela Nacional de Honorários Médicos. Estas tabelas buscam proporcionar índices quantitativos para o ressarcimento dos procedimentos médicos realizados. Sua principal característica é a indexação mediante o Coeficiente de Honorários (CH). Os procedimentos médicos são codificados e o valor de cada um é calculado mediante a multiplicação do valor do CH, que é acordado em contrato. Como exemplo, o honorário consta na tabela como tendo o preço de 100 CHs e o valor da CH definido no contrato é de R$ 0,25, assim, o valor a ser pago parao procedimento realizado é de R$ 25,00. Além do valor do CH, o contrato entre a operadora de planos de saúde e o prestador de serviços também estipula qual versão da tabela AMB será utilizada. As mais frequentemente usadas são as versões AMB 90, AMB 92, AMB 96 e AMB 99. Em cada capítulo da tabela há regras para auditoria e pagamento de procedimentos. Transcreve-se a seguir as Instruções Gerais (UNIMED, 2009) que contêm regras utilizadas para análise e pagamento de contas médicas de prestadores de serviços que utilizam esta tabela e que devem ser de conhecimento obrigatório dos auditores: A presente Tabela de Honorários Médicos foi elaborada com base em critérios uniformes para todas as especialidades e tem como finalidade estabelecer índices mínimos quantitativos para os procedimentos médicos, tornando viável a implantação do sistema nos diversos tipos de convênios (...). (...) 04. O Coeficiente de Honorários (CH) representa a unidade básica para o cálculo dos honorários médicos. É o fator representado em cruzados, que, multiplicado pelo índice atribuído a cada procedimento nesta Tabela, determinará seu valor. (...) (...) 06. Os honorários médicos das áreas de clínica geral e especializada, quando os pacientes estiverem INTERNADOS, serão cobrados por dia de internamento, e equivalentes a uma VISITA HOSPITALAR, respeitado o que consta do item d - cap. III Página 25- “Pacientes comprovadamente graves”. 07. Todos os atos médicos, hospitalares, de consultório, diagnose e terapia terão seus valores fixados na presente Tabela. 08. Os atendimentos serão realizados em consultórios particulares ou nas instituições médicas, dentro das respectivas especialidades, em dias e horários pré- estabelecidos. 09. A entrega e avaliação dos exames complementares não serão consideradas como consulta. 10. Os valores atribuídos a cada procedimento incluem os cuidados pré e pós-operatórios durante todo o tempo de permanência do paciente no hospital e/ou até quinze dias após o ATO CIRÜRGICO. – Esgotado este prazo, os honorários médicos serão regidos conforme o critério estabelecido. 11. Quando se verificar, durante o ato cirúrgico, na cavidade torácica ou abdominal, a indicação de atuar em vários órgãos ou regiões a partir da mesma via de acesso, o preço da cirurgia será o da que corresponder, por aquela via, ao maior número de CH acrescido de 50% do valor dos outros atos praticados. 12. Sendo realizadas várias intervenções, previamente programadas pela mesma via de acesso, serão adicionados ao preço da maior 50% dos honorários das demais. 13. Quando ocorrer mais de uma intervenção, por diferentes vias de acesso, serão adicionados ao preço da intervenção principal 70% do valor referente às demais. Em casos de cirurgias bilaterais no mesmo ato cirúrgico e não previstas nesta tabela, o valor da segunda será equivalente a 70% da primeira. 14. Quando duas equipes distintas realizarem simultaneamente atos cirúrgicos diferentes, o pagamento será feito a cada uma delas, de acordo com o previsto nesta Tabela. 15. Nos casos cirúrgicos quando se fizer necessário acompanhamento ou assistência de outro especialista, seus honorários serão pagos de acordo com o atendimento prestado e previsto no Capítulo referente à especialidade. 16. AUXILIARES DE CIRURGIA a) Os honorários dos médicos auxiliares dos atos cirúrgicos serão fixados nas proporções de 30% dos honorários do cirurgião para o 1auxiliar, de 20% para o 2 e 3 auxiliares (quando o caso exigir). 17. CONDIÇÕES DE INTERNAÇÃO, REDUÇÃO DE VALORES E COMPLEMENTAÇÃO DE HONORÁRIOS MÉDICOS a) Esta Tabela constitui referência para os casos de internação em QUARTOS COLETIVOS com DOIS LEITOS; a1) Quando o paciente estiver internado em QUARTO COLETIVO ou ENFERMARIA com TRÊS ou mais leitos, os honorários médicos especialidades incluídas nos Capítulos II e IV (Clínica Geral, especializada, Cirúrgica e Anestesiologia). Serão reduzidos em 30% (trinta por cento); a2) Quando o paciente estiver internado em aposentos diferentes dos previstos nos itens (a) e (a1), os honorários profissionais obedecerão aos seguintes critérios: – QUARTO INDIVIDUAL - acréscimo de 50% (cinquenta por cento) – APARTAMENTO - ACRÉSCIMO DE 100% (cem por cento). a3) Quando o paciente livremente se internar em INSTALAÇÕES HOSPITALARES SUPERIORES, INDIVIDUAIS e diferentes das previstas no item anterior e daquelas normalmente programadas e autorizadas pelas suas respectivas instituições, os honorários médicos serão LIBERADOS para uma complementação de comum acordo entre as partes, devendo servir como referência, múltiplos da Tabela. b) Os atos médicos Ambulatoriais e de DIAGNOSE (Cap. III) não estão sujeitos às condições deste item, devendo ser remunerados de acordo com o estabelecido nesta Tabela. 18. 18.ACRÉSCIMO NOS VALORES DE HONORÁRIOS MÉDICOS (PARA ATENDIMENTOS DE URGÊNCIAS OU EMERGÊNCIAS) Os honorários médicos terão um acréscimo de 30% nas seguintes eventualidades: a) No período compreendido entre 19h e 7h do dia seguinte. b) Aos sábados, após as 12h c) Em qualquer horário nos domingos e feriados. TABELA CBHPM Trata-se da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos que substituiu as tabelas AMB desde o ano 2000. Também editada pela AMB, porém com metodologia diferente para apurar o valor dos procedimentos, incluindo no cálculo a utilização de materiais além da mão de obra médica. É a base para a tabela TUSS atualmente utilizada por todas operadoras de planos de saúde. A seguir seguem transcritas as Instruções Gerais, também regras de auditoria (MANSO, 2010): 1. CLASSIFICAÇÃO HIERARQUIZADA DE PROCEDIMENTOS MÉDICOS. A presente Classificação de Procedimentos foi elaborada com base em critérios técnicos e tem como finalidade hierarquizar os procedimentos médicos aqui descritos, servindo como referência para estabelecer faixas de valoração dos atos médicos pelos seus portes. 1.2 Os portes representados ao lado de cada procedimento não expressam valores monetários, apenas estabelecem a comparação entre os diversos atos médicos no que diz respeito à sua complexidade técnica, tempo de execução, atenção requerida e grau de treinamento necessário para a capacitação do profissional que o realiza. 1.3 A pontuação dos procedimentos médicos, que foi realizada por representantes as Sociedades Brasileiras de Especialidades com assessoria da FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, está agrupada em 14 portes e três subportes (A, B e C). Os portes anestésicos (AN) permanecem em número de oito e mantém correspondência com os demais portes. Os portes de atos médicos laboratoriais seguem os mesmos critérios dos portes dos procedimentos, mas correspondem a frações do menor porte (1 A ). Quanto aos custos, estabeleceu-se a unidade de custo operacional (UCO), que incorpora depreciação de equipamentos, manutenção, mobiliário, imóvel, aluguéis, folha de pagamento etc. Este custo foi calculado para os procedimentos de SADT de cada Especialidade. Custos operacionais referentes a acessórios e descartáveis serão ajustados diretamente e de comum acordo entre as partes. A quantificação dos portes e das UCOs ficará sujeita a alteração sempre que modificadas as condições que nortearam suas fixações, sendo admitida banda de 20%, para mais ou para menos, em respeito à regionalização. 1.4 Os atendimentos contratados de acordo com esta Classificação de Procedimentos serão realizados em locais, dias e horários preestabelecidos. 1.5 Esta Classificação constitui referência para acomodações hospitalares coletivas (enfermaria ou quartos com dois ou mais leitos). 2. ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 2.1 O ato médico praticado em caráter de urgência ou emergência terão um acréscimo de trinta por cento (30%) em seus portes nas seguintes eventualidades: 2.1.1 No período compreendidoentre 19h e 7h do dia seguinte; 2.1.2 Em qualquer horário aos sábados, domingos e feriados. 3. NORMAS GERAIS 3.1 Os portes atribuídos a cada procedimento cirúrgico incluem os cuidados pós- operatórios relacionados com o tempo de permanência do paciente no hospital, até 10 (dez) dias após o ato cirúrgico. Esgotado esse prazo, a valoração do porte passa ser regida conforme estabelecidos para as visitas hospitalares (código 1.01.02.01- 9), ou para as consultas em consultórios (código 1.01.01.01-2), quando se fizer necessário um acompanhamento ambulatorial. 3.2 VIDEOLAPAROSCOPIA E VIDEOENDOSCOPIA a)Os procedimentos cirúrgicos realizados por videolaparoscopia ou videoendoscopia corresponderão a uma vez e meia aos portes previstos nesta Classificação para os mesmos procedimentos realizados por técnica convencional. Estes portes estão sujeitos ao item 6 destas Instruções. b) Os portes relativos a procedimentos diagnósticos realizados por videolaparoscopia ou videoendoscopia corresponderão a uma vez e meia aos portes previsto nesta Classificação para os mesmos procedimentos realizados por técnica convencional. A eles não se aplica o item 6 destas Instruções. 4. VALORAÇÃO DOS ATOS CIRÚRGICOS 4.1 Quando previamente planejada, ou quando se verificar, durante o ato cirúrgico, a indicação de atuar em vários órgãos ou regiões a partir da mesma via de acesso, a quantificação do porte da cirurgia será a que corresponder, por aquela via, ao procedimento de maior porte, acrescido de 50% do previsto para cada um dos demais atos médicos praticados, desde que não haja um código específico para o conjunto. 4.2 Quando ocorrer mais de uma intervenção por diferentes vias de acesso, deve ser adicionado ao porte da cirurgia considerada principal o equivalente a 70% do porte de cada um dos demais atos praticados. 4.3 Obedecem às normas acima as cirurgias bilaterais, realizadas por diferentes incisões (70%), ou pela mesma incisão (50%). 4.4 Quando duas equipes distintas realizarem simultaneamente atos cirúrgicos diferentes, a cada uma delas será atribuído porte de acordo com o procedimento realizado e previsto nesta Classificação. 4.5 Quando um ato cirúrgico for parte integrante de outro, valorar-se-á não o somatório do conjunto, mas apenas o ato principal. 5. AUXILIARES DE CIRURGIA 5.1 A valoração dos serviços prestados pelos médicos auxiliares dos atos cirúrgicos corresponderá ao percentual de 30% do porte do ato praticado pelo cirurgião para o primeiro auxiliar, de 20% para o segundo e terceiro auxiliares e, quando o caso exigir, também para o quarto auxiliar. 5.2 Quando uma equipe, num mesmo ato cirúrgico, realizar mais de um procedimento, o número de auxiliares será igual ao previsto para o procedimento de maior porte, e a valoração do porte para os serviços desses auxiliares será calculada sobre a totalidade dos serviços realizados pelo cirurgião. 6. CONDIÇÕES DE INTERNAÇÃO 6.1 Quando o paciente voluntariamente internar-se em acomodações hospitalares superiores, diferentes das previstas no item 1.5 destas Instruções e do previsto em seu plano de saúde original, a valoração do porte referente aos procedimentos será complementada por negociação entre o paciente e o médico, servindo como referência o item 6.2 destas Instruções. 6.2 Para os planos superiores ofertados por operadoras, diferentemente do previsto no citado item 1.5, fica prevista a valoração do porte pelo dobro de sua quantificação, nos casos de pacientes internados em apartamentos ou quarto privativo, em “day clinic” ou UTI. Não estão sujeitos às condições deste item os atos médicos do capítulo IV (Diagnósticos e Terapêuticas), exceto quando previsto em observações específicas do capítulo. 6.3 Eventuais acordos operacionais entre operadoras de serviços de saúde e hospitais não podem diminuir a quantificação dos portes estabelecidos para equipe médica, observados os itens acima (6.1 e 6.2). APLICAÇÃO As solicitações, autorizações, bem como eventuais negativas de consultas, exames e procedimentos deverão ser sempre realizadas por escrito, tanto por parte dos médicos como das operadoras. (...) (...) Comissão Nacional de Honorários Médicos: COMUNICADO OFICIAL AOS MÉDICOS E ÀS ENTIDADES CONTRATANTES QUE INTEGRAM O SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR A Comissão Nacional de Honorários Médicos, em conformidade com o disposto na Resolução CFM no 1.673/03, comunica os valores relativos em moeda nacional dos 14 Portes e subportes (A, B, C), bem como o da unidade de custo operacional (UCO), previstos na CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA HIERARQUIZADA DE PROCEDIOMENTOS MÉDICOS (CBHPM), vigentes a partir de 1o de agosto de 200, sendo admitida banda de 20%, para mais ou para menos, para fins de regionalização. TABELA CIEFAS Utilizada pelas operadoras de planos de saúde da modalidade Autogestão. Semelhante à Tabela AMB, porém sem indexação em CHs, já apresentando os valores dos procedimentos. As mais comumente utilizadas são a CIEFAS 1993 e a CIEFAS 2000. Também substituída pela Tabela TUSS. TABELAS DE HONORÁRIOS PRÓPRIAS DE HOSPITAIS Além das três tabelas já descritas (AMB, CHPM e CIEFAS) denominadas Tabelas de Referência, há prestadores de serviços que utilizam tabelas próprias para remuneração de suas equipes médicas. Tais tabelas são utilizadas como um diferencial, ou seja, o hospital paga um valor maior para os médicos de acordo com um padrão pré-estabelecido entre as partes. São ainda utilizadas quando o valor do honorário não é encontrado nas Tabelas Referência. TABELA TUSS Tendo em vista a multiplicidade de tabelas e versões destas que existiam no mercado, altamente fragmentado, e com a implantação do padrão de transações eletrônico TISS entre as operadoras, a ANS e os demais atores envolvidos (operadoras, prestadores, entidades de classe, representantes sindicais, entre outros) optaram por instituir uma tabela única. Assim, a ANS publicou a Instrução Normativa 38 determinando que as operadoras de plano privado de assistência à saúde e prestadores de serviços de saúde deverão obrigatoriamente adotar a TUSS para codificação de procedimentos médicos. A seguir, reproduz-se um trecho da ANS que a explica: A TUSS é resultado do trabalho conjunto feito pela equipe técnica da AMB e da ANS, com os integrantes do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (COPISS). Este grupo definiu, por consenso, que a terminologia a ser utilizada como base para construção dos procedimentos médicos da TUSS seria a CBHPM, gerenciada pela AMB. (ANS, 2013). TABELA SIMPRO Trata-se de tabela referencial de preços de materiais e medicamentos utilizados para negociações entre prestadores de serviços e as operadoras de saúde. Usada como parâmetro para faturamento, análise de contas médicas e cotações de preços, traz diversas informações, tais como: nome do fabricante, importador ou distribuidor; a descrição de equipamentos, materiais permanentes, reutilizáveis e descartáveis; indicação de uso; preço de fábrica; vigência de atualização e dados da empresa (fabricante, distribuidor ou importador) com o respectivo registro ANVISA. (SIMPRO, 2013). TABELA BRASÍNDICE A Brasíndice é uma tabela publicada por uma empresa especializada. Traz o preço de medicamentos comercializados no Brasil. Nesta tabela, há o preço de fábrica e o preço máximo ao consumidor, além das alíquotas de ICMS aplicáveis nos diversos Estados da Federação (BRASÍNDICE, 2013). A maior parte dos contratos de prestação de serviços hospitalares tem esta tabela como referencial para negociações, porém, existem outras similares no mercado. TABELA APAMO Utilizada para pagamento de procedimentos ortopédicos ambulatoriais. Traz o valor, quantidades e os materiais utilizados em diversos procedimentos ortopédicos. TABELASHOSPITALARES DE DIÁRIAS E TAXAS São tabelas específicas de cada prestador de serviços, anexadas aos contratos. COMPONENTES DE UMA CONTA MÉDICA A conta médica é composta pela cobrança de diárias, taxas, hemoterapia, gasoterapia, materiais e medicamentos, exames diagnósticos, terapias, honorários. As internações, hoje, representam o maior custo em uma operadora de planos de saúde, apesar de não serem os eventos mais frequentes. Das internações, de 4% a 16% do valor total da conta correspondem a honorários da equipe; 7% a 15% são atribuíveis às diárias e taxas; 3% a 7% é o custo dos gases medicinais; 18% a 45% são valores de materiais e medicamentos e de 9% a 80% do custo é atribuível às órteses, próteses e a materiais especiais (MANSO, 2010). DIÁRIA HOSPITALAR É a permanência de um paciente por um período indivisível de até 24 horas em uma instituição hospitalar. A definição de horário que estabelece o início/fim do período é de competência da instituição hospitalar. A denominação das acomodações nas quais um paciente pode permanecer internado é variável conforme a instituição, mas, de uma maneira geral são: 4. Apartamento luxo – aposento com banheiro privativo, acomodação para acompanhante, telefone, televisão, ar-condicionado; 5. Apartamento simples – composto de quarto com acomodação para acompanhante e banheiro privativo; 6. Apartamento standard – composto de quarto com acomodação para acompanhante, banheiro privativo e telefone; 7. Suíte – aposento com banheiro privativo, antessala, acomodação para acompanhante, telefone, televisão, ar-condicionado; 8. Berçário – quarto com berços comuns para recém-nascidos (mãe internada); 9. Berçário patológico – quarto para atendimento a recém-nascidos que requeiram cuidados especiais (mãe internada ou não); 10. Enfermaria – composto de quarto coletivo para três ou mais pacientes, sem acompanhantes, com banheiro comum (exceto nos previstos por lei); 11. Hospital-dia: acomodação de pacientes com permanência de até 12 horas, que não corresponde a uma diária convencional; 12. Isolamento – alojamento especial para acomodação de pacientes por ordem médica ou da comissão de controle de infecção hospitalar; 13. Quarto coletivo (dois leitos) – composto de quarto coletivo com banheiro comum, sem acompanhante; 14. Quarto privativo – composto de quarto com acomodação para acompanhante e banheiro semiprivativo; 15. Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – acomodação com instalações para mais de um paciente para tratamento intensivo, com presença médica permanente, de acordo com a Portaria 3432, de 12/08/98, do Ministério da Saúde, em vigor. 16. Unidade de Terapia Semi-Intensiva (UTSI) – acomodação com instalações para mais de um paciente, para tratamento intensivo, sem a presença médica permanente, de acordo com a Portaria 3432, de 12/08/98, do Ministério da Saúde, em vigor. 17. Alojamento conjunto – acomodação do recém-nascido no aposento da mãe. COMPOSIÇÃO DE DIÁRIAS Diárias normais de enfermaria, quarto, apartamento, suíte, berçário normal de RN e hospital-dia (até 12 horas) incluem: 1. Leito próprio (cama/berço); 2. Troca de roupa de cama e banho do paciente e acompanhante quando em apartamento; 3. Cuidados e materiais de uso na higiene e desinfecção ambiental; 4. Dieta do paciente de acordo com a prescrição médica, exceto dietas especiais (enterais, por sonda nasogástrica, gastrostomia, jejunostomia ou ileostomia); 5. Cuidados de enfermagem; 6. Administração de medicamentos por todas as vias; 7. Preparo, instalação e manutenção de venoclise e aparelhos; 8. Controle de sinais vitais; 9. Controle de diurese, de drenos, de aspiração contínua, de balanço hídrico; 10. Curativos; 11. Sondagens; 12. Aspirações, inalações; 13. Mudança de decúbito; 14. Locomoção interna do paciente; 15. Preparo do paciente para procedimentos médicos (enteroclisma, lavagem gástrica, tricotomia, preparo cirúrgico etc.); 16. Cuidados e higiene pessoal do paciente (incluído material); 17. Preparo de corpo em caso de óbito; 18. Orientação nutricional no momento da alta; 19. Transporte de equipamentos (raios-x, eletrocardiógrafo, ultrassom etc.); 20. Prescrição de enfermagem; 21. Taxa administrativa; 22. Equipamento de proteção individual (EPI) conforme legislação vigente. TAXAS O porte da taxa da sala corresponde à classificação do porte anestésico constante na tabela de honorários. Composição de Taxas Hospitalares 1. Taxa de sala de centro cirúrgico e centro obstétrico baseado no porte anestésico – sala cirúrgica – portes de 0 a 8: espaço físico; mesa operatória; rouparia; serviço de enfermagem do procedimento; assepsia e antissepsia (equipe e paciente); iluminação (focos); controle de sinais vitais; instrumental/equipamentos de anestesia; ventilador; monitor cardíaco; aspirador elétrico ou a vácuo; oxímetro de pulso; cardioversor; instrumental básico p/ cirurgia; esterilização/desinfecção de instrumentais; bomba de infusão; locomoção do paciente; capnógrafo; bisturi elétrico; instrumentador; Se em centro obstétrico, todos os itens acima acrescidos de kit mesa de reanimação de RN e cuidados de higiene e limpeza de RN. 2. Recuperação Pós-Anestésica: espaço físico; leito; rouparia; monitorização sinais vitais; oxímetro; PA não invasiva; monitor cardíaco; aspirador; equipamento de proteção individual (EPI); serviços de enfermagem. 3. Taxa de sala de pequena cirurgia/procedimento em ambulatório: rouparia de sala, da enfermagem e médicos; serviço de enfermagem do procedimento; mesa principal e auxiliares; focos; instrumental cirúrgico; preparo do paciente (sondagens, tricotomia); antissepsia da sala e esterilização de instrumental/equipamento; bisturi elétrico; oxímetro; monitorização cardíaca; cardioversor; assepsia e antissepsia do paciente. 4. Endoscopia: rouparia de sala, da enfermagem e médicos; serviço de enfermagem do procedimento; mesa principal e auxiliares; antissepsia da sala e esterilização de instrumental/equipamento; bisturi elétrico; oxímetro; assepsia e antissepsia do paciente. 5. Quimioterapia/hemoterapia: rouparia de sala, da enfermagem e médicos; serviço de enfermagem do procedimento; cardioversor; preparo de quimioterapia; fluxo laminar; assepsia e antissepsia do paciente; 6. Pronto socorro/emergência: instalações da sala; mesa principal e auxiliares; focos; preparo do paciente (sondagens, tricotomia); antissepsia da sala e esterilização de instrumental/equipamento; bisturi elétrico; oxímetro; monitorização cardíaca; PA não invasiva; assepsia e antissepsia do paciente; serviços de enfermagem do procedimento; equipamentos/instrumental cirúrgico;s equipamentos/instrumental de anestesia; equipamentos/instrumental de ressuscitação/intubação; equipamentos/instrumental para ventilação manual; desfibrilador/cardioversor taxa de sala de observação/repouso (de duas a seis horas); instalações da sala; serviços de enfermagem. 7. Taxa de sala gesso: instalações da sala; equipamentos/instrumental para colocação e/ou retirada de gesso; serviços de enfermagem do procedimento; gases anestésicos e oxigênio; 8. Taxa de sala hemodinâmica/angiografias/hemodiálise: instalações da sala; equipamentos referentes ao procedimento; serviços de enfermagem do procedimento; equipamentos/instrumental cirúrgico; equipamentos/instrumental de anestesia; equipamentos para monitorização; desfibrilador/cardioversor. Observando que, para a realização da hemodiálise, deve-se seguir a portaria
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