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AUDITORIA EM ENFERMAGEM

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AUDITORIA EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 AUDITORIA EM ENFERMAGEM 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 
 
ATENDIMENTO AO ALUNO 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:editora
3 
 
Sumário 
AUDITORIA: CONCEITO E HISTÓRICO ........................................................................................ 5 
AUDITORIA EM SAÚDE .................................................................................................................... 7 
AUDITORIA DE ENFERMAGEM: CONCEITOS .......................................................................... 16 
REGULAMENTAÇÃO DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM ...................................................... 18 
FINALIDADES DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM................................................................... 22 
ATIVIDADES DO ENFERMEIRO AUDITOR ................................................................................. 23 
CLASSIFICAÇÃO DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM ............................................................. 26 
AUDITORIA DE ENFERMAGEM NA CONTA HOSPITALAR ..................................................... 31 
FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA AUDITORIA DE ENFERMAGEM NA CONTA 
HOSPITALAR .................................................................................................................................... 38 
Tabela AMB........................................................................................................................................ 41 
Contratos e tabelas ........................................................................................................................... 43 
Protocolos ........................................................................................................................................... 45 
Custos hospitalares ........................................................................................................................... 46 
Revista Simpro................................................................................................................................... 47 
Revista Brasíndice ............................................................................................................................ 47 
Resoluções do CRM e CFM ............................................................................................................ 48 
Instrumento para elaboração de indicadores ................................................................................ 48 
Manuais padronizados ...................................................................................................................... 52 
Rol de procedimentos ....................................................................................................................... 53 
Manual de Padronização de Medicamentos .................................................................................. 54 
Tabela de gotejamento de soluções ............................................................................................... 55 
PADRÃO DE COBRANÇAS HOSPITALARES ............................................................................. 56 
Diária hospitalar ................................................................................................................................. 56 
Uso de salas ...................................................................................................................................... 57 
Serviços de enfermagem.................................................................................................................. 59 
Admissão do recém-nascido ............................................................................................................ 59 
Aspiração de secreção orotraqueal ................................................................................................ 60 
Balanço Hídrico (BH) ........................................................................................................................ 60 
Cateterismo vesical/sondagem vesical .......................................................................................... 61 
Controle da Pressão Venosa Central ............................................................................................. 63 
Curativos ............................................................................................................................................. 63 
Enteroclisma ...................................................................................................................................... 67 
HGT (hemoglicoteste) ....................................................................................................................... 67 
4 
 
Lavagem gástrica .............................................................................................................................. 68 
Lavagem Vesical Contínua .............................................................................................................. 68 
Lavagem Vesical Intermitente/Instilação Vesical .......................................................................... 69 
Preparo para colonoscopia .............................................................................................................. 69 
Aplicação de quimioterapia .............................................................................................................. 69 
Retirada de pontos ............................................................................................................................ 69 
Punção venosa .................................................................................................................................. 74 
GLOSAS HOSPITALARES .............................................................................................................. 85 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
AUDITORIA: CONCEITO E HISTÓRICO 
 
A auditoria prática teve seu início na área contábil, principalmente a partir da 
Revolução Industrial no século XVIII, com o surgimento das indústrias e do 
capitalismo, sendo consolidada e conceituada na Inglaterra como um meio para 
garantir a estabilidade econômica e financeira das empresas que surgiram nesse 
período. 
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no Novo Dicionário da Língua 
Portuguesa, as palavras “auditoria” e “auditor” vêm do latim “auditore” e significam 
auditoria: cargo de auditor, lugar ou repartição onde o auditor exerce suas funções, 
exame analítico ou pericial que segue o desenvolvimento das ações contábeis, 
desde o início até o balanço, auditagem; auditor: aquele que ouve – ouvidor; (...); 
perito-contador encarregado da auditoria (...). 
A evolução do termo auditoria e as questões práticas que o envolvem, vieram 
como consequências das mudanças nos padrões de vida e conquistas do próprio 
ser humano, então é impossível falar da história da auditoria sem entender as 
modificações e evoluções que ocorreram até a criação e manutenção das indústrias. 
Nos milhões de anos que precederam a Mesopotâmia, o progresso foi muito 
lento. Em uma primeira longa fase, o homem dedicou suas energias principalmente 
a colocar em funcionamento as técnicas elementares para sua sobrevivência, por 
meio da defesa e ataques contra agruras da natureza e outros seres vivos hostis. 
Mais tarde, a partir do então homem de Neanderthal, o homem consegue 
elaborar sistemas culturais mais refinados e abstratos, com o objetivo de compensar 
as frustrações, dores e inseguranças por meio de ilusões como o culto aos mortos e 
a magia, o erotismo desvinculado com a procriação e o acúmulo de bensde 
qualidade. 
No final dessa fase evolutiva, o homem aprendeu a caminhar em posição 
ereta, transformando os membros superiores em ágeis utensílios e produtores de 
utensílios; aprendeu a cultivar a terra, em vez de esperar a disponibilidade dos 
frutos; aprendeu a dominar o fogo; facilitou o transporte, aprendendo a desfrutar do 
menor atrito dos corpos redondos quando giram em torno de um eixo. 
6 
 
O desenvolvimento psíquico do ser humano teve como consequência o 
impulso gerador de invenções materiais, organizações de comunidades e avanços 
tecnológicos. Foram fundadas as primeiras cidades e as primeiras escolas e 
inventadas a escrita, a matemática e a astronomia. No final do século XVIII surge a 
indústria, milhões de camponeses e artesãos se transformam em trabalhadores 
“subordinados”, os tempos e os locais de trabalho passam a não depender mais da 
natureza, mas das regras empresariais e dos ritmos da máquina. 
Os detentores do poder, ou, donos das indústrias, tinham preocupação 
fundamental com aquilo que era produzido (produto) e o retorno daquilo que era 
vendido (bens); foi nesse cenário que a contabilidade começou a criar formas e um 
tempo depois a auditoria, que passou a fiscalizar todos os processos envolvidos na 
industrialização, principalmente no que dizia respeito ao retorno econômico. 
O Instituto de Auditoria Interna do Brasil (AUDIBRA) que fala sobre a função 
da auditoria dentro das organizações, denominada como auditoria interna, a 
descreve como uma função de avaliação independente, criada dentro das 
organizações para avaliar suas atividades, como um serviço a essa mesma 
organização. 
Kurcgant (1991) define a função de auditoria como sendo a avaliação 
sistemática e formal de uma atividade ou processo de trabalho, por alguém não 
envolvido diretamente na execução dessa atividade, para determinar se essa 
atividade está sendo levada a efeito de acordo com seus objetivos, verificando se os 
resultados obtidos na avaliação são satisfatórios ou insatisfatórios. 
Gil (2000) descreve a auditoria como uma função da organização institucional 
que visa à revisão, avaliação e emissão de opinião referente a todo o ciclo 
administrativo, entendendo-se como ciclo administrativo o planejamento, a execução 
e o controle, considerando a auditoria importante em todos os momentos e/ou 
ambientes das entidades. 
A partir desses conceitos pode-se dizer que a auditoria está relacionada à 
avaliação das atividades desenvolvidas nas organizações e o produto do trabalho, 
buscando por uma análise coerente e objetiva a mudança ou aprimoramento de 
processos para obtenção de um resultado positivo e verificação de rotinas 
ineficientes. 
7 
 
 
AUDITORIA EM SAÚDE 
 
A industrialização acelerada e a migração da população do campo para as 
cidades, principalmente a partir da década de 1950, fizeram com que a demanda por 
assistência médica aumentasse drasticamente. Era preciso atuar sobre o corpo e 
garantir a capacidade produtiva do trabalhador. 
Em consequência disso houve o aparecimento da assistência médica da 
previdência privada, a organização das instituições que prestavam serviços à saúde, 
bem como a elaboração, pela esfera política, de ações para o atendimento das 
necessidades de saúde da população. 
Nesse sentido, as instituições prestadoras de atendimento à saúde passam a 
ser também o foco para iniciação de uma auditoria diferente da contábil, entretanto 
utilizando alguns parâmetros para mensurar e/ou fiscalizar o retorno econômico e a 
qualidade do serviço prestado na empresa. 
A auditoria na área da Saúde tem sua iniciação a partir do desenvolvimento 
da Auditoria Médica, que envolve desde o período em que o médico começou a se 
inserir dentro das Instituições de Saúde até o momento em que surgiram as 
Cooperativas Médicas, as Seguradoras e as Autogestões, como consequência de 
uma incapacidade pública de gerir atendimento à saúde. 
A inserção do médico nas instituições de saúde tornou-se um marco para o 
crescimento e amadurecimento dos hospitais, bem como a concentração de um 
monopólio conceitual e próprio de tratamento a enfermidades e/ou moléstias 
constituindo-se o hospital em uma verdadeira empresa. 
A mesma Revolução Industrial que modificou os preceitos da época do século 
XVIII, também instaura o Capitalismo e, com isso, o hospital que até então era visto 
como um refúgio para doentes e pobres, reestrutura-se e impõe a figura do médico 
como gerador de diretrizes internas, no topo da hierarquia. 
Até a década de 1920, aqueles que necessitavam de assistência médica 
eram obrigados a comprar serviços de profissionais liberais. Aos despossuídos 
restavam duas alternativas: a medicina popular (leigos, curadores, práticos, 
benzedeiros, etc.) ou o auxílio das Houve alterações decorrentes da assistência 
8 
 
médica; tais modificações ocorreram principalmente nos anos 60, com a fusão das 
caixas de Previdência e Assistência médica por atividade profissional, os chamados 
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), onde surgiu o Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS). 
Juntamente ao INPS, que assumiu boa parte da assistência médica pública, 
surgiu o chamado Sistema Supletivo de Assistência Médica, composto pelas 
Medicinas de Grupo, Cooperativas Médicas, Seguradoras de Saúde e Autogestões 
de Assistência Médica em empresas públicas e privadas. 
Esse sistema supletivo nasceu por meio de uma abertura de lei criada pela 
Previdência Social, em que se permitia ao empregador optar por repassar parte do 
desconto devido à Previdência para empresas privadas de Assistência Médica. O 
crescimento desse sistema está relacionado à ineficiência da previdência em gerir 
Assistência Médica Pública. 
Em 1976, o Ministério da Previdência sistematizou e organizou o processo de 
avaliação dos serviços médicos prestados por meio da auditagem médica e 
administrativa das contas a serem pagas; foi a Ordem de Serviços SAM 039.32 do 
INAMPS, de 28 de dezembro de 1976. 
Segundo Junqueira (2001), essa Ordem estabeleceu a avaliação técnico- 
administrativa das unidades próprias do INAMPS e de terceiros conveniados, 
mediante o acompanhamento e o controle formal e técnico dos serviços com 
abrangência. Os mecanismos utilizados para tal eram: 
a) auditagem médica assistencial; 
b) revisão técnica e administrativa das contas médicas; 
c) análise de informações. 
Esse primeiro modelo de auditoria médica gerou descontentamento pela 
forma de operacionalização, principalmente por proporcionar ao médico qualidade 
de auditor nas funções contábeis e administrativas, causando manifestações 
consideráveis que por fim forçaram os CRMs a contextualizar tal prática ao auditor e 
auditado, surgindo, em 1981, o primeiro parecer do CRM do Paraná, que foi 
desenvolvido pelo CRM-RS e CFM. 
Em 1984, um estudo desenvolvido por conselheiros do Paraná, intitulado 
“Auditoria Médica e suas implicações”, tornou-se Norma Operacional de Auditoria 
9 
 
Médica; no ano de 1994, o Conselho Federal de Medicina descreveu parecer sobre 
a Auditoria Médica, expondo que o auditor tem o direito de analisar os atos 
auditados, dispondo do máximo de informações para que possa emitir uma correta 
apreciação. 
 A crescente preocupação pelo tema acabou por lançar o Decreto 
Presidencial 1.652, de 28 de setembro de 1995, que regulamenta o Sistema 
Nacional de Auditoria no âmbito do Sistema Único de Saúde, e em 1996, o 
Ministério da Saúde, por intermédio da Coordenação Geral de Controle, Avaliação e 
Auditoria (CAUDI), editou o Manual de Normas de Auditoria para todo país, definindo 
as finalidades da auditoria. 
A Auditoria Médica, segundo o conselheiro relator doutor Paulo Eduardo 
Behrens, e aprovada em sessão plenária do Conselho Federal de Medicina em 7 de 
abril de 1999 refere-se às atividades de fiscalização, controle e avaliação dos 
procedimentos e atendimento prestado com intuito deadequação e qualidade, 
detectando distorções e propondo medidas para um melhor desempenho. 
Segundo Loverdos (1999), Auditoria Médica é a análise à luz das boas 
práticas de assistência à saúde e do contrato entre as partes: paciente, médico, 
hospital e patrocinador do evento, dos procedimentos executados, aferindo sua 
execução e conferindo os valores cobrados, para garantir que o pagamento seja 
justo e correto. 
Sem dúvida, a auditoria surgiu como uma necessidade de avaliação 
sistemática do processo, na área contábil, ou nas demais áreas que incluem o 
termo. A importância dada à auditoria nos tempos atuais é uma questão de 
sobrevivência e estabilidade em grandes instituições; o mero papel fiscalizador 
atribuído no século XVIII consolida-se hoje como educador e capacitador. 
O desenvolvimento da Auditoria nos serviços de Atendimento à Saúde 
diferencia-se bruscamente dos demais tipos de Auditoria, uma vez que permite 
avaliar e aprimorar as rotinas das organizações trabalhando com atividades onde o 
produto é subjetivo, necessitando de profissionais com conhecimento especializado 
para desenvolver tal técnica agregando resultados satisfatórios. 
 
 
10 
 
Enfermagem: um breve histórico 
 
A atenção à saúde dos indivíduos e populações, ao longo da história dos 
homens, vem sendo desenvolvida de muitas formas e nem sempre foi espaço 
exclusivo de atuação profissional e nem envolveu uma única abordagem 
diagnóstico-terapêutica. 
Alguns trabalhos de saúde surgem quando o sistema industrial se instala e se 
desenvolve a ponto de exigir trabalhadores mais habilitados. Nesse período, os 
sistemas de assistência à saúde ampliam seus objetivos de modo a dar conta de 
uma necessidade social que desponta, ou seja, a de preservar a mão-de-obra 
treinada para os postos de trabalho então existente. 
Segundo Vaz (1996), a saúde é um universo concreto como produto das 
relações do ser humano, sua expressão pode ser vista nas formas biológicas do 
indivíduo e nas estruturas das ações coletivas. As ações situam-se exteriormente ao 
mundo e constituem-se em expressão e condição de desenvolvimento das formas 
biológicas frente à individualidade do sujeito como ser social. 
Com isso, a prática em saúde tem suas origens em necessidades 
determinadas socialmente e se volta para o atendimento delas. Com o trabalho 
intermediado por seus agentes, transforma a natureza para satisfazer carências e 
constrói o mundo da saúde e suas teorias, nas suas infinitas particularidades. O 
conjunto de práticas que se institucionalizam para a intervenção no processo saúde-
doença são diversidades da unidade – trabalho em saúde. 
Leopardi et al. (1999) afirmam que o trabalho em saúde é essencial para a 
vida humana e que faz parte do setor de serviços; inclui-se como um trabalho da 
esfera não material e se completa diante de sua realização. Diferencia-se por não 
possuir como resultado um produto material, sendo o produto indissociável do 
processo que o produz. 
Formulando o processo de trabalho segundo as bases teóricas de Marx 
(1980), pode-se considerar que o processo de trabalho dos profissionais de saúde 
tem como finalidade a ação terapêutica de saúde, como objetivo os indivíduos ou 
grupos doentes, sadios ou expostos a risco, como instrumental de trabalho as 
condutas que representam o nível técnico do conhecimento que é o saber em 
11 
 
saúde e o produto final é a própria prestação da assistência de saúde que é 
produzida no mesmo momento em que é consumida. 
Inseridos nesse processo de trabalho estão as profissões que integram o 
trabalho em saúde, dentre elas a enfermagem. Para melhor entender a posição 
ocupada pela enfermagem atualmente, é necessário realizar uma retrospectiva 
histórica desde o seu surgimento, pois certamente várias situações atuais 
vivenciadas pela profissão enfermagem possuem aporte histórico que descrevem 
suas causas. 
Nery e Vanzin (2000) caracterizam a história da enfermagem como 
possuidora de duas fases, Pré-Profissional e Profissional, sendo que a primeira 
constitui-se basicamente pelo surgimento do profissional “enfermeiro” sem formação 
científica enquanto a segunda caracteriza-se pela fundação das escolas de 
enfermagem que permitiram embasamento científico aos profissionais. 
Os inúmeros relatos de enfermagem referem-se à Era Cristã, onde os 
religiosos desenvolviam a caridade cuidando dos doentes; o Cristianismo aumentou 
o número de pessoas ligadas à Igreja que queriam salvar a sua alma por meio do 
cuidado aos enfermos assim como o número de instituições para hospitalização 
daqueles que necessitavam. 
Conforme Almeida (1986), as atividades realizadas pelas enfermeiras em 
instituições hospitalares caracterizavam-se pela independência, ou seja, suas ações 
pressupunham ordens médicas ou planos terapêuticos, parecia que a enfermagem e 
a medicina eram dois trabalhos com objetos e objetivos diferentes, que não se 
relacionavam em momento algum. 
O capitalismo que se instala nesse período necessita do corpo como força do 
trabalho; com isso inicia-se a reestruturação do conceito e objetivos dos hospitais; o 
objetivo nessa fase começa a ser a cura, e o médico que até então não fazia parte 
dessa instituição, cristaliza-se no topo da hierarquia hospitalar e passa a dirigir todas 
as práticas advindas da divisão do trabalho no hospital. Assim, a prática de 
enfermagem de independente passa a ser dependente e subordinada à prática 
médica. 
Percebe-se, então, que a enfermagem, desde o seu surgimento com o 
chamado “cuidado religioso” (ALMEIDA, 1986), caracteriza-se pela 
12 
 
institucionalização, ou seja, o trabalho voltado para assistência aos enfermos dentro 
dos hospitais; primeiramente independente, enquanto o hospital era visto como um 
refúgio a pobres e doentes e, logo após, dependente de planos terapêuticos 
descritos por médicos, quando os objetivos das instituições hospitalares 
centralizaram-se na cura. 
A história da enfermagem não pode ser sintetizada sem a menção de alguns 
nomes que realmente difundiram as bases da enfermagem até os dias atuais; dentre 
eles cita-se Florence Nightingale, com início real da enfermagem na Inglaterra, e 
Ana Nery, considerada a primeira enfermeira do Brasil. 
Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra vitoriana, industrial, 
moralista e progressista, um grupo de mulheres dedica-se a cuidar de doentes 
durante a Guerra da Crimeia; dentre elas destaca-se a figura de Florence 
Nightingale, que demonstra grande dedicação e preocupação ao cuidar dos 
soldados doentes. 
Florence começou a assumir papel importante na sociedade pelo seu 
reconhecimento com a preocupação em cuidar os doentes. Passou a influenciar 
assuntos militares e legislativos, reformulando hospitais, elaborando políticas 
sanitárias internas e externas, e finalmente lançando para o mundo as bases da 
enfermagem como profissão. 
Segundo George (1993), a enfermagem organizada começou sob a liderança 
de Florence Nightingale. Antes de seu tempo, o trabalho de cuidar de doentes era 
realizado por pessoas incapacitadas. Construíam hospitais em locais onde os 
pobres sofriam com mais frequência devido ao ambiente do que à doença que os 
trouxera para lá, predominavam em todo lugar cirurgias sem anestesia, com pouca 
ou nenhuma higiene. 
Os preceitos de Florence acerca da enfermagem constituem o fundamento 
básico sobre o qual se pratica a enfermagem atualmente. O conceito central que é 
mais refletido nos escritos de Nightingale é a interação entre o indivíduo e o 
ambiente, além da contribuição fundamental para a profissionalização e capacitação 
das “pessoas que cuidam de doentes”, ou seja, os enfermeiros. 
Florence (1969) afirma que existe uma necessidade de uma preparação 
formal e sistemática para a aquisição de um conhecimento de natureza distinta 
13 
 
daquele buscado pelos médicos, que os fundamentos permitam manter as 
condições necessáriasao organismo para não adoecer ou se recuperar de doenças. 
Conforme Almeida (1986), Florence introduziu treinamento aos agentes da 
enfermagem abordando técnicas disciplinares de enfermagem a fim de delimitar o 
espaço social que cada trabalhador da saúde deve ocupar na hierarquia hospitalar, 
em especial na hierarquia do pessoal de enfermagem; o treinamento era realizado 
em níveis de complexidade, tarefas de cuidados diretos dirigidas aos elementos 
menos categorizados socialmente e tarefas de gerência aos elementos mais 
categorizados socialmente. 
Com o crescimento abrupto das instituições hospitalares e desenvolvimento 
da ciência médica, cada vez mais se tornou necessária mão de obra para 
desenvolver o trabalho atribuído à enfermagem; para tal, começou a ser utilizado o 
pessoal elementar, que consistia em indivíduos com outras funções que eram 
treinados no próprio local de trabalho para cumprir as exigências da demanda do 
mercado. 
O uso funcional dessas pessoas favorece a função de supervisão e gerência 
de enfermagem que era desenvolvida basicamente pelas chamadas “enfermeiras-
chefes” – pessoas de classe social elevada – enquanto as pessoas treinadas pelas 
enfermeiras eram consideradas os auxiliares de enfermagem. Começa aí, a primeira 
categorização informal da enfermagem. 
No Brasil, a enfermagem teve seu marco, com Anna Justina Ferreira – Anna 
Nery. Viúva, com 51 anos de idade, movida pelo amor, Anna Nery escreve um 
pedido para ser voluntária na Guerra Brasil-Paraguai, em 1865, em que seus três 
filhos e dois irmãos lutavam. 
Tendo o pedido aceito, dedicou-se aos cuidados dos feridos, improvisando 
hospitais e obtendo o título de “Enfermeira-Mãe dos Brasileiros”. 
Nery e Vanzin (2000) descrevem que Anna Nery foi o maior vulto de 
enfermagem no período Pré-Profissional, destacando-se pela sua coragem, 
dedicação e amor aos feridos nos campos de batalha, durante a Guerra Brasil-
Paraguai, se consagrando como a primeira enfermeira do Brasil. 
A partir desses acontecimentos começam a ser fundadas as primeiras 
Escolas de Enfermagem no Brasil, com o objetivo de capacitar por meio de 
14 
 
conhecimentos científicos os profissionais enfermeiros. A primeira Escola de 
Enfermagem do Brasil teve o nome de Anna Nery. 
Conforme Pires (1998), em termos educacionais, o que veio servir de 
referência para a formação do enfermeiro, foi a criação da Escola de Enfermagem 
Anna Nery, seguindo o modelo de ensino embasado em Florence Nightingale, da 
Inglaterra do século XIX; seu currículo foi considerado padrão para o 
desenvolvimento de outras escolas. 
A Escola Anna Nery, que deveria atuar principalmente nas áreas preventivas 
da saúde, contraditoriamente exercia a formação de suas alunas no Hospital Geral 
do Departamento de Saúde Pública, embora os currículos de enfermagem tenham 
surgido sob a perspectiva preventiva da saúde, a formação do enfermeiro era 
voltada para a assistência, para o cuidado direto ao paciente, já caracterizando a 
assistência hospitalar. 
Uma questão que deve ser relevada na formação do profissional enfermeiro é 
a exigência de sua formação, que passou efetivamente de nível médio para superior 
somente no ano de 1962. 
A Lei n° 775/49 franqueava perspectivas de nível superior para a profissão. 
Em 1961, com Lei nº 2995/56, as escolas passam a exigir segundo grau completo 
dos candidatos. Por meio do Parecer nº 271/62, do Conselho Federal de Educação, 
o currículo mínimo de enfermagem instituído adota perfil totalmente curativo, e a 
formação preventiva torna-se uma especialização facultativa. 
Os currículos de enfermagem só sofrem novas modificações em função da 
“Reforma Universitária” que, por meio da Lei nº 5540/68, deu origem ao Parecer nº 
163/72 e à Resolução nº 04/72. Atualmente, com o Parecer nº 314/94, que alterou o 
currículo mínimo que havia sido aprovado pelo parecer anterior, continua 
valorizando o paciente hospitalizado e a ação técnica do enfermeiro. 
Em 1973, a partir do Decreto-Lei nº 5.095 de 12 de julho, criam-se os 
Conselhos Federal e Regional de Enfermagem, sendo considerados órgãos 
disciplinadores do exercício da profissão de enfermeiro e demais categorias, 
Conselho Federal caracterizando-se pela jurisdição em todo o território nacional, 
tendo como subordinados os Conselhos Regionais que se estabelecem em todos os 
estados. 
15 
 
E, em 1986, mediante o Decreto da Lei n° 7.498, de 25 de junho, o exercício 
da enfermagem torna-se livre em todo território nacional. Diante da divulgação dessa 
Lei, a enfermagem inicia sua categorização oficial, ou seja, subdivide-se pelo grau 
de habilitação e função, sendo que o parágrafo único dessa Lei regulamenta o 
exercício de enfermagem privativamente ao enfermeiro, técnico de enfermagem, 
auxiliar de enfermagem e parteira. 
A Lei do Exercício Profissional (LEP) define as atividades do enfermeiro e dos 
demais membros da equipe de enfermagem. Dentre as atividades estão a prestação 
de “cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica que exijam 
conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões”. 
Leopardi (1999) esclarece que o gerenciamento da assistência de 
enfermagem é feito pelo enfermeiro que domina os conhecimentos relativos ao 
exercício do trabalho assistencial da enfermagem e tem alguma autonomia para 
avaliar necessidades assistenciais do paciente, decidindo sobre cuidados, o que 
aproxima do trabalho do tipo profissional. 
Atualmente, a grande parte dos trabalhadores de enfermagem é contratada 
em instituições formais, ou seja, hospitais ou clínicas públicas ou privadas, o que 
retoma historicamente a inserção e o surgimento da profissão enfermagem 
embasando todos os preceitos pelo qual a enfermagem atua. 
A institucionalização do enfermeiro congrega funções como supervisão e 
liderança da equipe de enfermagem tendo-se em vista que o pessoal que integra 
essa equipe geralmente totaliza um percentual de 70% nas organizações e que a 
realização de seus papéis como profissionais possibilita o objetivo das instituições 
de saúde na prestação de assistência voltada à prevenção e tratamento dos 
indivíduos. 
Segundo Kurcgatn (1991), a função supervisão é caracterizada como uma 
função administrativa que envolve um processo de orientação contínua de pessoal 
com a finalidade de desenvolvê-lo e capacitá-lo para o serviço; os enfermeiros 
enquanto elementos supervisores desenvolvem atividades variadas dependendo do 
cargo que ocupam. 
Marquis e Huston (1999) conceituam liderança como um processo que 
concretiza a administração de pessoal nas organizações, condutas e coordenação 
16 
 
de grupos; é o processo de movimentar um grupo ou grupos em alguma direção por 
meios em sua maioria não coercivos. Entende-se por meio da breve revisão 
histórica, do surgimento do profissional enfermeiro até sua atuação nos dias atuais, 
a preconização desse profissional em âmbito institucionalizado, assumindo papéis 
igualmente desenvolvidos durante os séculos XVIII e XIX. Entretanto, evidencia-se 
pela situação atual do enfermeiro, que a práxis da enfermagem evolui no sentido de 
aprimorar funções no intuito de prestar uma assistência de enfermagem adequada 
ao paciente e interação profissional com os demais profissionais que compõem a 
equipe. 
As mudanças econômicas e ações políticas frente ao atendimento à saúde 
proporcionaram dia a dia uma abertura no mercado de trabalho e diferenciação na 
atuação do profissional enfermeiro, que passou a agir não exclusivamente no 
atendimento direto ao doente, mas também em funções administrativas. Cita-se: 
Educação Continuada, Enfermagem do Trabalho, Vigilância Sanitária, Auditoria de 
Enfermagem, entre outros. 
Cada vez mais são elaboradas Resoluções pelo Conselho Federal de 
Enfermagem que viabilizam e norteiam as ações dos enfermeiros em diferentes 
áreas conforme a apresentação do campo de trabalho; sem dúvida, consiste em 
umaconquista do profissional que envolveu os ideais de atendimento à saúde para 
caracterizar outras áreas que fomentam o seu conhecimento. 
 
AUDITORIA DE ENFERMAGEM: CONCEITOS 
 
Com o passar dos anos, o custo da assistência à saúde tornou-se foco para 
administradores e dirigentes com o objetivo principal de intervir em práticas 
inadequadas de prestação de serviços, qualificar a cobrança da conta hospitalar, 
bem como evoluir para mudanças e aprimoramento de processos, chegando ao 
ápice de prestar o melhor serviço pelo menor preço. 
O enfermeiro, profissional integrante da equipe de saúde, contribui no 
desenvolvimento de ações pela busca de um cuidado eficaz e eficiente, elaborando 
por meio de preceitos técnicos científicos, modelos de atendimentos focados na 
17 
 
qualidade, redução de custos e estabilidade econômica das instituições e sistemas 
de saúde; concretiza-se aí a auditoria de enfermagem. 
A auditoria de enfermagem existe há muitos anos, entretanto enfatiza hoje, 
além da qualidade do serviço prestado pela equipe de enfermagem, a questão dos 
custos hospitalares e adequação na cobrança das contas hospitalares, 
principalmente por ter o enfermeiro a capacidade técnica e visão holística diante das 
ações desenvolvidas na prestação do serviço à saúde. 
Segundo Kurcgant (1991), Auditoria em Enfermagem é a avaliação 
sistemática da qualidade da assistência de enfermagem prestada aos pacientes, 
podendo ser verificada por anotações de enfermagem no prontuário do paciente 
e/ou das próprias condições deste. 
Dunn e Morgan (in KURGANT, 1991) definem auditoria de enfermagem como 
uma avaliação das condutas da assistência de enfermagem realizada ao paciente, 
obtendo-se resultados que são utilizados como o comparativo entre a assistência de 
enfermagem prestada e os padrões da assistência de enfermagem considerados 
como aceitáveis. 
Segundo Marquis e Huston (1999), a realização da auditoria de enfermagem 
em organizações para atendimento à saúde proporciona aos administradores e 
dirigentes um meio de aplicar o processo de controle para determinação da 
qualidade dos serviços prestados. 
Conforme Motta (2003), trata-se da avaliação sistemática da qualidade de 
assistência de enfermagem prestada pela análise dos prontuários, acompanhamento 
do cliente in locu e verificação da compatibilidade entre o procedimento realizado e 
os itens que compõem a conta hospitalar cobrados, garantindo um pagamento justo 
mediante a cobrança adequada. 
A integração qualidade/custos é o principal binômio na auditoria; não é 
possível no atual cenário socioeconômico permitir perdas monetárias, mesmo que 
seja no intuito de promover ou restituir a saúde. A eficiência nas cobranças das 
contas hospitalares e a redução de custos são fatores que permitem a manutenção 
de uma qualidade adequada aos pacientes. 
Segundo Almeida (1990), o hospital deve restringir os gastos no que for 
possível, sem danos para o paciente e se constituir com o máximo de economia. 
18 
 
Para tal é essencial o envolvimento de toda a equipe de enfermagem com a questão 
relativa aos custos de maneira geral e em especial, com os custos relativos à 
assistência prestada. 
O envolvimento da equipe de enfermagem requer o conhecimento frente às 
questões de custos, cobranças e objetivos das organizações de saúde em que 
atuam; uma maneira coerente é o desenvolvimento de treinamentos para ampliar o 
saber dos profissionais de saúde e capacitar e/ou reciclar para o exercício da 
profissão, sanando dúvidas que acabam por prejudicar os processos internos. 
Chiavenato (1981) menciona que o treinamento é um esforço dirigido no 
sentido de equipe, com a finalidade de fazer a mesma atingir, o mais 
economicamente possível, os objetivos da empresa. Nesse sentido, o treinamento 
não é despesa, mas investimento precioso, cujo retorno é altamente compensador 
para a organização. 
 
REGULAMENTAÇÃO DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM 
 
Em 2001, foi elaborada pelo Conselho Federal de Enfermagem a Resolução 
266, que dispõe sobre as atividades do enfermeiro auditor em suas diferentes 
atuações. Essa resolução direciona o exercício profissional, impondo restrições e 
estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento das funções, sem fugir dos 
primórdios da profissão enfermagem. Cita-se: 
A RESOLUÇÃO – COFEN Nº. 266/2001 dispõe sobre as atividades do 
Enfermeiro Auditor, capitulada em 09 (nove) partes: 
I – É da competência privativa do Enfermeiro Auditor no exercício de suas 
atividades: 
• Organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, 
auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de Auditoria de Enfermagem. 
II – Quanto integrante de equipe de Auditoria em Saúde: 
a) Atuar no planejamento, execução e avaliação da programação de 
saúde; 
b) Atuar na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais 
em saúde; 
19 
 
c) Atuar na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático 
de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de 
enfermagem; 
d) Atuar na construção de programas e atividades que visem a 
assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente 
daqueles prioritários e de alto risco; 
e) Atuar na elaboração de programas e atividades da educação sanitária, 
visando à melhoria da saúde do indivíduo, da família e da população em geral; 
f) Atuar na elaboração de contratos e Adendos que dizem respeito à 
assistência de enfermagem e de competência do mesmo; 
g) Atuar em bancas examinadoras, em matérias específicas de 
enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contratação de enfermeiro 
ou pessoal técnico de enfermagem, em especial enfermeiro auditor, bem como 
provas e títulos de especialização em auditoria de enfermagem, devendo possuir 
título de especialização em auditoria de enfermagem; 
h) Atuar em todas as atividades de competência do Enfermeiro Auditor, 
de conformidade com o previsto nas Leis do Exercício da Enfermagem e Legislação 
pertinente; 
i) O enfermeiro auditor deverá estar regularmente inscrito no COREN de 
sua jurisdição onde presta o serviço, bem como ter seu título registrado, conforme 
dispõe a Resolução COFEN Nº. 261/2001; 
j) O enfermeiro auditor, quando da constituição de empresa prestadora 
de serviço de auditoria e afins, deverá registrá-la no COREN da jurisdição onde se 
estabelece e se identificar no COREN da jurisdição fora de seu foro de origem, 
quando na prestação de serviços; 
k) O enfermeiro auditor, segundo a autonomia legal conferida pela Lei e 
Decretos que tratam do Exercício Profissional de Enfermagem, para exercer sua 
função não depende da presença de outro profissional; 
l) O enfermeiro Auditor tem autonomia em exercer suas atividades sem 
depender de prévia autorização por parte de outro membro auditor, enfermeiro ou 
multiprofissional; 
20 
 
m) O enfermeiro auditor para desempenhar corretamente seu papel, tem 
direito de acessar os contratos e adendos pertinentes à Instituição a ser auditada; 
n) O enfermeiro auditor, para executar suas funções de auditoria, tem 
direito de acesso ao prontuário do paciente e toda a documentação que se fizer 
necessária; 
o) O enfermeiro auditor, no cumprimento de sua função, tem o direito de 
visitar/entrevistar o paciente, com o objetivo de constatar a satisfação do mesmo 
com o serviço de enfermagem prestado, bem como a qualidade. Se necessário, 
acompanhar os procedimentos prestados no sentido de dirimir quaisquer dúvidas 
que possam interferir no seu relatório. 
III – Considerando a interface do serviço de enfermagem com os diversos 
serviços, fica livre a conferência da qualidade dos mesmos no sentido de coibir o 
prejuízo relativo à assistência de enfermagem, devendo o enfermeiro auditor 
registrar em relatório tal fato e sinalizar aos seus pares auditores, pertinentes à área 
específica, descaracterizando sua omissão. 
IV– O enfermeiro auditor, no exercício de sua função, tem o direito de 
solicitar esclarecimento sobre fato que interfira na clareza e objetividade dos 
registros, com fim de se coibir interpretação equivocada que possa gerar 
glosas/desconformidades infundadas. 
V – O enfermeiro, na função de auditor, tem o direito de acessar, in loco, 
toda a documentação necessária; é vedada a retirada dos prontuários ou cópias da 
instituição, podendo, se necessário, examinar o paciente, desde que devidamente 
autorizado pelo mesmo, quando possível, ou por representante legal. 
Havendo identificação de indícios de irregularidades no atendimento do 
cliente, cuja comprovação necessite de análise no prontuário do paciente, é 
permitida a retirada de cópias exclusivamente para fins de instauração de auditoria. 
VI – O enfermeiro auditor, quando no exercício de suas funções, deve ter 
visão holística, como qualidade de gestão, qualidade de assistência e quântico- 
econômico-financeiro, tendo sempre em vista o bem estar do ser humano 
enquanto paciente/cliente. 
VII – Sob o prisma ético: 
21 
 
a) O enfermeiro auditor, no exercício de sua função, deve fazê-lo com 
clareza, lisura, sempre fundamentado em princípios constitucional, legal, técnico e 
ético; 
b) O enfermeiro auditor, como educador deverá participar da interação 
interdisciplinar e multiprofissional, contribuindo para o bom entendimento e 
desenvolvimento da Auditoria da Enfermagem, e Auditoria em Geral, contudo, sem 
delegar ou repassar o que é privativo do enfermeiro auditor; 
c) O enfermeiro auditor, quando integrante de equipe multiprofissional, 
deve preservar sua autonomia, liberdade de trabalho dos membros da equipe, 
respeitando a privacidade, o sigilo profissional, salvo os casos previstos em lei, 
que objetive a garantir do bem estar do ser humano e a prevenção da vida; 
d) O enfermeiro auditor, quando em sua função, deve sempre respeitar os 
princípios profissionais, legais e éticos no cumprimento com o seu dever; 
e) A competência do enfermeiro auditor abrange todos os níveis onde há 
a presença da atuação de profissionais de enfermagem; 
VIII – Havendo registro no Conselho Federal de Enfermagem da Sociedade 
de Auditoria em Enfermagem de caráter Nacional, as demais organizações 
Regionais deverão seguir o princípio estatutário e regimental da Sociedade 
Nacional. 
IX – Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de 
Enfermagem. 
As Instituições de Saúde que estabelecem um serviço de auditoria de 
enfermagem organizado e bem conduzido proporcionam benefícios para os 
clientes/pacientes, para instituição e para profissão. Os pacientes serão beneficiados 
com a possibilidade de receber uma assistência de melhor qualidade; a instituição 
porque fornece a verificação do alcance dos objetivos e auxílio no controle de custos 
e cobranças das contas hospitalares; e para profissão porque possibilita indicadores 
de assistência. 
 
 
 
22 
 
FINALIDADES DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM 
 
As principais finalidades do serviço de auditoria, segundo Kurcgant (1991), 
são: identificar áreas deficientes do serviço de enfermagem, auxiliando nas decisões 
quanto ao remanejamento e aumento de pessoal; identificar áreas de deficiência em 
relação à assistência de enfermagem; fornecer dados para melhoria da qualidade do 
cuidado de enfermagem; obter dados para programação, reciclagem e atualização 
do pessoal de enfermagem. 
Com a modernização do serviço de auditoria de enfermagem, ou seja, a 
implantação de uma análise também voltada para eficiência da cobrança da conta 
hospitalar e controle no pagamento das empresas de Planos de Saúde aos 
prestadores, pode-se incluir como finalidades desse serviço a compatibilização das 
cobranças dos procedimentos e das anotações de enfermagem na conta hospitalar 
com o plano terapêutico adotado para o tratamento do paciente. 
A auditoria de enfermagem é capaz de avaliar a qualidade do serviço 
prestado ao paciente e indicar ao serviço de educação continuada da instituição os 
principais enfoques de treinamento e/ou reciclagem conforme a necessidade que foi 
apresentada diante do resultado da auditoria. 
As anotações de enfermagem são de suma importância para realizar a 
auditoria de enfermagem principalmente quando essa auditoria é feita por meio dos 
registros. Diante das anotações de enfermagem é possível verificar a qualidade e 
também efetuar uma correta cobrança dos procedimentos realizados enquanto o 
paciente foi atendido. 
São essencial, para que o serviço de auditoria de enfermagem cumpra suas 
funções adequadamente e com subsídios (os registros de enfermagem), mesmo não 
sendo finalidade da auditoria de enfermagem a melhora dos registros isto ocorre 
como consequência. 
 
 
 
 
23 
 
ATIVIDADES DO ENFERMEIRO AUDITOR 
 
As responsabilidades da enfermeira auditora, segundo Motta (2003), são: 
• agir dentro dos princípios éticos e legais; 
• conhecer e dominar o contrato firmado entre hospital e operadora dos 
planos de saúde; 
• conhecer os aditivos contratuais; 
• atualizar seus conhecimentos sobre os temas médicos que sofrem 
mudanças constantes devido ao desenvolvimento tecnológico; 
• aprimorar seus conceitos sobre os novos produtos lançados no 
mercado, materiais e medicamentos; 
• ter embasamento e conhecimento para conversar e negociar; 
• fundamentar com conteúdos baseados em evidências seus conceitos, 
antes de expô-los; 
• conhecer todos os documentos que compõem o prontuário do paciente; 
• ser claro e transparente no momento da análise das contas 
hospitalares; 
• ter noção básica de auditoria; 
• conhecer a Instituição; 
• envolvimento pelo cuidado do paciente; 
• capacidade de trabalhar em grupo. 
Segundo Souza (2000), o enfermeiro auditor tem diversas atividades: análise 
de contas hospitalares; análise da qualidade de assistência de enfermagem e as 
condições de estruturas básicas para prestação dessa assistência; emissão de 
parecer; detecção de vazamento de recursos econômicos na instituição, por meio de 
uso de materiais e medicamentos, podendo propor alternativas, principalmente 
quando este é um auditor interno, educador por meio de interação multidisciplinar. 
O enfermeiro auditor pode trabalhar nas instituições de saúde, como auditor 
interno, realizando a auditoria das contas hospitalares, auditoria da qualidade 
assistencial, auditoria de materiais, realização de justificativas e recursos de glosas 
hospitalares, participação na realização dos contratos de prestação de serviços, 
24 
 
participação da implantação de novos serviços principalmente no que diz respeito à 
questão de custo–benefício e elaboração de relatórios de auditoria. 
A auditoria das contas hospitalares é a análise da compatibilização entre o 
que foi gasto com o paciente e o que está sendo cobrado, utilizando tabelas 
específicas que contêm a rotinização de cobrança contratada com cada convênio. O 
enfermeiro auditor indica ao setor de faturamento itens que podem ser cobrados 
mediante o atendimento prestado; por meio de sua visão técnica possui 
conhecimento sobre materiais e medicamentos que foram utilizados no tratamento 
do paciente, fazendo com que ocorra uma cobrança justa, e também com menos 
probabilidades de glosas. 
A auditoria da qualidade assistencial é feita pelo acompanhamento direto à 
equipe de enfermagem no desenvolvimento de suas técnicas e/ou pela análise do 
prontuário do paciente. Essa auditoria visa avaliar como estão sendo desenvolvidos 
os cuidados de enfermagem, conclui sobre o cumprimento de rotinas hospitalares e 
aponta necessidades de pessoal, treinamento e/ou reciclagem. 
Atuando na auditoria de materiais, o enfermeiro tem a capacidade de avaliar e 
detectar quais os tipos de materiais que são ineficientes na prestação do cuidado ao 
paciente e que, mesmo sendo considerados de baixo custo pelo setor de compras 
hospitalares, não satisfazema necessidade, acarretando em uso duplicado e/ou 
atendimento inadequado ao paciente. Nessa auditoria se observa também além da 
questão da qualidade do material, o ressarcimento que esse material terá diante do 
convênio. Aplicam-se aqui as mudanças de rotinas internas como uso de coberturas 
de curativos, entre outros, que necessitam de uma avaliação qualiquantitativa. 
A realização de justificativas e recursos de glosas pelo enfermeiro auditor 
permite que a instituição não tenha perdas financeiras significativas nesse quesito, 
uma vez que o enfermeiro realizando esse acompanhamento e enviando recurso de 
glosa ao convênio está concomitantemente analisando como estão sendo feitas as 
cobranças hospitalares; é uma retroalimentação do sistema. Possuindo o 
conhecimento técnico científico frente aos diversos tratamentos oferecidos aos 
pacientes, o enfermeiro possui propriedade para realizar um recurso de glosa 
eficiente. 
25 
 
Na participação de contratos de prestação de serviço, o enfermeiro auditor 
interno envolve-se na negociação de valores de materiais e medicamentos que 
serão ressarcidos ao prestador pela operadora de saúde bem como na elaboração 
da tabela de diárias, taxas, equipamentos e gases hospitalares, proporcionando uma 
variedade de cobrança compatível com os itens que poderão ser utilizados na 
instituição, pelo usuário. 
Uma auditoria de enfermagem interna atua também na implantação de 
novos serviços institucionais a partir da verificação dos indicadores internos e 
comparação com indicadores aceitos. Por exemplo, pode-se verificar o percentual 
de pacientes que após a alta da unidade de terapia intensiva vão para a unidade 
clínica e/ou cirúrgica e retornam à UTI; nesse caso em específico podemos verificar 
a razão da volta do paciente à UTI e um dos motivos poderá envolver o preparo da 
equipe de enfermagem em receber um paciente após a alta da UTI (entre outros 
relacionados a outros profissionais); pode-se sugerir, nesse caso, a abertura de uma 
unidade intermediária ou a capacitação dos funcionários para o atendimento a 
esse tipo de paciente. 
A atividade de enfermeiro auditor também pode ser desenvolvida nos Planos 
de Saúde. Nesse caso, o auditor atua principalmente: na participação do 
credenciamento da rede de atendimento, na análise de contas hospitalares no 
ressarcimento aos prestadores de serviço, na realização de glosas hospitalares 
quando houver a necessidade, na negociação de novas rotinas com o enfermeiro 
auditor hospitalar, na visitação do usuário do plano de saúde quando ele estiver 
internado, na elaboração de grupos de saúde preventiva junto aos usuários do plano 
de saúde e na elaboração de relatórios de auditoria. 
A rede de credenciamento diz respeito aos prestadores de serviços físicos e 
jurídicos que o Plano de Saúde deverá possuir; o enfermeiro auditor participa da 
visitação e vistoria do local a ser credenciado, juntamente com os demais 
profissionais da equipe de auditoria, avaliando principalmente as condições dos 
cuidados de enfermagem a serem prestados aos usuários; no processo de 
credenciamento também ocorrerá o contrato de prestação de serviço no qual o 
enfermeiro do plano deve participar nas questões que envolvem valores e tabela a 
ser utilizada para ressarcimento de: diárias, taxas, equipamentos e gasoterapia. 
26 
 
Após o atendimento do usuário no prestador de serviço (hospital, ambulatório 
ou clínicas), a instituição gera uma conta hospitalar que é enviada ao plano de 
saúde; o auditor enfermeiro do plano de saúde realiza a análise da conta hospitalar, 
verificando a compatibilização entre os itens cobrados e contratados, efetuando as 
glosas quando julgar necessário. 
É de suma importância a comunicação entre o enfermeiro auditor interno e o 
enfermeiro auditor do plano de saúde, uma vez que proporciona a negociação frente 
à implantação de novas rotinas e mudança no uso de materiais, ocasionando 
também a qualidade da assistência prestada ao usuário. 
A visitação do paciente ocorre quando este estiver sendo atendido pela 
unidade prestadora de serviços; nesse caso, o enfermeiro auditor realiza a visita 
com o intuito de verificar a satisfação do cliente frente ao atendimento da rede 
credenciada, e realizar o acompanhamento e fechamento da conta hospitalar 
diariamente junto ao enfermeiro auditor do hospital. 
O trabalho com a prevenção de doenças e/ou agravos é realizado pelo 
enfermeiro auditor enquanto integrante da equipe do plano de saúde. Refere-se ao 
mapeamento e perfil dos usuários bem como a inserção de medidas de promoção e 
prevenção evitando internações e atendimentos hospitalares frequentes, 
proporcionando uma melhor qualidade de vida aos usuários. 
Os relatórios de auditoria são realizados tanto na atuação do enfermeiro 
auditor interno como no plano de saúde e constituem-se no resultado da auditoria 
realizada. Esses relatórios servem de subsídios para adequação de rotinas e 
modificação de planos de trabalho, e contêm indicadores que representam a 
situação em forma de registro. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM 
 
Quanto aos tipos de Auditoria cita-se: a Pré-Auditoria ou Auditoria 
Prospectiva, trata-se da avaliação dos procedimentos antes de sua realização; 
Auditoria Concorrente ou Pró-Ativa, análise pericial ligada ao evento no qual o 
cliente está envolvido; Auditoria Retrospectiva, trata-se da análise pericial dos 
procedimentos realizados, após a alta do paciente. 
27 
 
Cerqueira (1977) descreve três tipos de auditoria aplicáveis ao serviço de 
enfermagem: Auditoria Retrospectiva, administração da qualidade dos serviços 
prestados após a alta do paciente; Auditoria Operacional, corresponde o método 
concomitante ou concorrente (durante o ato do atendimento); Auditoria de Plano de 
Cuidados, avalia o planejamento e a execução das ações assistenciais de 
enfermagem. 
Quanto às formas de intervenção, a Auditoria é classificada em Interna ou 
Externa. A Auditoria Interna é realizada pelo enfermeiro dentro da instituição 
hospitalar com ações alocadas como enfermeira auditora da educação continuada 
ou enfermeira auditora no serviço de faturamento. 
Quanto ao tempo, a auditoria classifica-se em: contínua ou periódica. A 
Auditoria Contínua avalia em períodos determinados sendo que a revisão seguinte 
sempre se inicia a partir da última. A Auditoria Periódica examina também em 
tempos estabelecidos, porém não se prende à continuidade. 
Quanto à natureza, a Auditoria classifica-se em: normal ou específica. A 
Auditoria Normal se realiza em períodos determinados com objetivos regulares de 
comprovação. A Auditoria Específica atende a uma necessidade do momento. 
Quanto ao limite, a Auditoria classifica-se em total ou parcial. A Auditoria Total 
abrange todos os setores da instituição. A Auditoria Parcial é limitada a alguns 
serviços. 
Na realização da Auditoria de Enfermagem são propostas algumas etapas e 
princípios por diferentes autores, os quais permitem um desenvolvimento da função 
de maneira a manter a prioridade da essência da qualidade e identificação de atos 
falhos que necessitam reformulação dentro da instituição em que a técnica estiver 
sendo desenvolvida. 
Sá (1977) aponta alguns princípios a serem utilizados na realização da 
auditoria de enfermagem, que são: exame de instrução de serviços expedidos pela 
administração, exame de instrução expedida pelo serviço especializado e Exame 
dos Registros. 
Kurcgant (1991) propõe a realização da auditoria de enfermagem em três 
etapas, segundo o método Phaney. A primeira etapa avalia os dados referentes à 
identificação do paciente e da instituição, a segunda é realizada ao exame do 
28 
 
prontuário, com o preenchimento de formulários específicos pelo enfermeiro e na 
terceira os resultados são analisados e o auditor define a qualidade do serviço. 
Cerqueira (1977) prescreve para o desenvolvimento daauditoria de 
enfermagem as seguintes etapas: Definição de padrões, Verificações de prontuários 
(registros/anotações), Entrevista com pacientes e Avaliação e Julgamento Final. 
Ribeiro (1972) especifica alguns requisitos para implantação da Auditoria de 
Enfermagem em Instituições de Saúde, entre outros: 
• serviço de enfermagem organizado com objetivos claros; 
• programas de trabalhos coerentes com os objetivos estabelecidos; 
• interpretação da assistência ao paciente como um trabalho de 
responsabilidade multiprofissional; 
• estrutura organizacional que favoreça o serviço de enfermagem a 
desenvolver suas atividades de planejamento, implantação, coordenação e controle, 
visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados; 
• definições de medidas ou critérios de avaliação, seguidos de guia que 
permita a identificação de diferenciação para sua correção; 
• o prontuário deve exibir todas as anotações referentes à assistência de 
enfermagem, observando a técnica de registros. 
São imprescindíveis em qualquer forma de auditoria adotada as anotações 
dos cuidados prestados ao paciente no prontuário pela equipe de enfermagem. 
Essas anotações caracterizam a assistência realizada bem como os horários e 
servem, acima de tudo, como uma comunicação entre todos os membros da 
equipe multiprofissional envolvida no tratamento do paciente. 
Conforme Cianciarullo (1997), a comunicação é um dos temas mais 
pesquisados em enfermagem devido a sua complexidade, à importância que tem na 
qualidade da assistência prestada e por se relacionar direta ou indiretamente com 
todas as ações cuidativas do enfermeiro. 
Silva e Dias (1999) afirmam que o registro da prática da enfermagem garante 
a individualidade do cuidado ou qualidade da assistência, dependendo de como 
esse registro é realizado, isto é, sempre que a realidade não for captada e houver 
dúvida sobre a mensagem, o cuidado fica no plano da invisibilidade, ou conforme 
nosso foco, no plano das perdas. 
29 
 
Os registros de enfermagem no prontuário do paciente servem para 
realização das cobranças dos procedimentos realizados durante a permanência do 
cliente em âmbito hospitalar e como documento legal judicialmente aceito para 
comprovação da realização dos cuidados, dos horários em que foram realizados e o 
profissional que realizou. 
Uma das formas utilizadas para estruturar as anotações de enfermagem 
fornecendo subsídios sobre os cuidados prestados as pacientes é a utilização do 
Processo de Enfermagem, atividade privativa do profissional enfermeiro, mas que 
envolve toda equipe de enfermagem no momento da execução da prescrição de 
enfermagem. 
Segundo Brunner e Suddarth (1998), o processo de enfermagem é 
considerado a essência da enfermagem; trata-se de um sistema deliberado para 
identificação e resolução dos problemas de saúde no sentido de atender aos 
problemas de saúde da pessoa e às necessidades da enfermagem. 
As etapas para o desenvolvimento do Processo de Enfermagem diferenciam-
se conforme a delimitação dos autores; alguns estão envolvidos diretamente com as 
teorias de enfermagem, todavia há componentes comuns citados: 
• histórico de enfermagem – coleta sistemática de dados para determinar 
o estado de saúde do paciente e identificar quaisquer problemas de saúde atuais ou 
potenciais; 
• diagnóstico – identificação dos dois tipos de problemas do paciente. 
Diagnóstico de enfermagem, problemas de saúde atuais ou potenciais que podem 
ser manuseados pelas intervenções de enfermagem independentes. Problemas 
interdependentes, certas complicações fisiológicas que as enfermeiras monitorizam 
para detectar o início ou a evolução da condição; 
• planejamento – desenvolvimento de metas e um plano de cuidados 
designado para assistir o paciente na resolução dos problemas diagnosticados; 
• implementação – atualização do plano de cuidados por meio da 
prescrição de enfermagem; 
• evolução – determinação das respostas do paciente às prescrições de 
enfermagem e da extensão do alcance das metas estabelecidas. 
30 
 
Em quaisquer das etapas citadas são necessárias as anotações e/ou 
registros dos dados encontrados, o que permite uma facilitação e clareza na 
comunicação entre os membros da equipe. A utilização do Processo de 
Enfermagem permite sistematizar a assistência de enfermagem norteando a 
caracterização dos recursos humanos e materiais, facilitando a avaliação da 
assistência prestada e oferecendo contribuição aos indicadores de custos e 
rendimentos, indicando também áreas que requeiram aprimoramento. 
Para Kurcgant (1991), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) 
é importante, como: 
• agente de comunicação, pois o seu registro serve de intercomunicação 
para toda equipe prestar o atendimento individualizado; 
• agente na educação contínua, pois na reunião de informações junto à 
equipe o enfermeiro identifica as dúvidas e acrescenta conhecimento não somente 
para equipe como para si próprio; 
• catalisadora de atividades, pois com o planejamento seguro de suas 
atividades, a equipe terá mais tempo para executar a assistência, se todas as ações 
de enfermagem estão registradas, isto é, prescritas para cada paciente, dispensará 
outros registros; 
• indicadora de controle e avaliação, pois além de retratar a qualidade do 
atendimento que é dado ao paciente, reflete o grau de preparo da equipe, fornece 
elementos para a pesquisa, sendo também um instrumento de supervisão. 
A operacionalização da SAE em âmbito hospitalar é limitada, muitas vezes, 
pela falta de estrutura organizada, seja no número de profissionais enfermeiros, 
conhecimento dos enfermeiros quanto ao planejamento da assistência, 
complexidade do atendimento, rotatividade dos pacientes ou falta de interesse da 
esfera administrativa em discutir o tema. 
Com isso, em algumas instituições, não há utilização do Processo de 
Enfermagem em todas as suas etapas e para todos os seus pacientes (ou pelo 
menos não há registros); mas sim, a realização da Prescrição de Enfermagem – 
Fase Implementação – geralmente realizada em Unidades de Cuidados Intensivos e 
Cuidados Prolongados e/ou demais clínicas com especialidades restritas. 
31 
 
As consequências são exigências de anotações pela equipe de enfermagem 
diante de todos os procedimentos realizados no momento em que é executado, o 
que ainda é uma das grandes dificuldades da maioria das instituições. Os problemas 
organizacionais acabam por prejudicar a própria instituição, pois além de não haver 
subsídios para avaliar a qualidade do serviço prestado (anotações de enfermagem) 
também concorre a perda econômica da instituição que não pode realizar a 
cobrança de alguns procedimentos pela falta de registros de enfermagem. 
As ações do enfermeiro auditor dentro da instituição hospitalar ainda são 
limitadas pela escassez dos registros de enfermagem o que dificulta e atrasa a 
realização das cobranças e avaliação do cuidado. É imprescindível que os 
profissionais de saúde se conscientizem acerca da comprovação de seus atos. 
 
AUDITORIA DE ENFERMAGEM NA CONTA HOSPITALAR 
 
Primeiramente é necessário entender o processo de cobrança e fatura das 
contas hospitalares, como também o que significa uma conta hospitalar, para 
compreender como se concretiza a auditoria de enfermagem tanto em instituições 
hospitalares como em planos de saúde. O termo faturar é descrito pelo Dicionário 
Aurélio como fazer a fatura, incluir na fatura, tirar proveito material, fazer, realizar, 
conseguir, ganhar muito dinheiro ou aferir vantagens. O faturista é o profissional que 
desenvolve o faturamento, que executa a função de faturar. O setor de faturamento 
está presente na maioria das empresas, incluindo as instituições hospitalares e os 
planos de saúde. 
O setor de faturamento hospitalar é responsável pelo envio das cobranças 
aos planos de saúde e sistema único de saúde. A cobrança é realizada por meio da 
contahospitalar, que é o resultado de todos os gastos do paciente frente a um 
atendimento, seja ambulatorial ou internado. 
A conta hospitalar pode ser de dois tipos: desmembrada ou compactada. Na 
conta desmembrada o hospital envia um relatório de cobrança que contém todos os 
itens utilizados no atendimento ao paciente separadamente e diariamente; já na 
conta compactada, envia-se um relatório com os valores totais. 
32 
 
O setor de faturamento do plano de saúde recebe as cobranças, avalia e faz o 
pagamento aos serviços credenciados, físicos ou jurídicos; também realiza a 
cobrança para outros convênios no caso de prestação de serviço. Nesse setor há a 
análise da conta enviada pelo prestador e quando necessário, as glosas. 
Quando o paciente chega a um hospital, adquire um registro simbolizado por 
números que fará parte de seu cadastro todas as demais vezes que necessitar ser 
atendido na mesma instituição. Junto ao número é elaborado um conjunto de 
formulários e impressos que constituem o chamado prontuário do paciente, que será 
utilizado durante toda a sua internação e posteriormente classificado e arquivado 
junto à Instituição para fins legais e clínicos. 
Segundo o Conselho Federal de Medicina (2002), o prontuário do paciente é 
documento único que contém informações registradas, geradas a partir de fatos, 
acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele 
prestada, é de caráter legal, sigiloso e científico, possibilita a comunicação entre os 
membros da equipe multidisciplinar e a continuidade da assistência prestada ao 
indivíduo. 
O prontuário do paciente é considerado obrigatório pelo Conselho de Ética 
Médica em seu Artigo 69 (2002) e é um dos principais meios de comunicação entre 
a equipe que realiza o atendimento ao paciente, uma vez que todas as informações 
passadas e futuras sobre o estado do paciente devem estar registradas no 
prontuário, cada uma em seu formulário específico. 
Conforme a Resolução 1.639/2002 do CFM, o prontuário pode ser feito em 
papel (impresso) e digitalizado. Essa resolução aprova as “Normas Técnicas para o 
Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico”. 
Estabelece a guarda permanente dos prontuários por meio óptico ou magnético e 
prevê o prazo mínimo de 20 anos, a partir do último registro, para preservação dos 
prontuários em suporte de papel. 
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (resolução 1638/2002), 
devem fazer parte do prontuário os seguintes itens: nome, data de nascimento, 
nome da mãe, sexo, naturalidade, endereço; anamnese e exame físico, exames 
complementares, hipóteses diagnósticas, diagnósticos definitivos e tratamento 
33 
 
efetuado; evolução diária, discriminação de todos os procedimentos realizados, 
identificação dos profissionais responsáveis. 
Uma das formas de realizar a auditoria em saúde é a utilização dos registros 
encontrados no prontuário do paciente para realização da avaliação. A prática da 
auditoria diz que aquilo que está registrado é o que foi realizado no paciente; sendo 
assim, todos os itens que não constam registrados devem ser considerados como 
não realizados. 
O paciente pode procurar o serviço de saúde a partir do que aqui 
consideraremos dois enfoques. São eles: a rede privada, constituída de instituições 
prestadoras de serviços particulares e/ou convênios; a rede pública, que se constitui 
de instituições credenciadas para atender o Sistema Único de Saúde. A rede pública 
pode atender aos convênios, entretanto em uma proporção menor, já que por 
possuir credenciamento do SUS tem um percentual mínimo de atendimentos que 
devem ser prestados aos pacientes SUS. 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, regulamentada pela Lei 
nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), e Lei nº 8.142/1990, 
foi instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), tornando obrigatória a prestação da 
assistência à saúde da população, de forma gratuita. 
O SUS está descrito na Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, como o 
conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas 
(federais, estaduais e municipais), incluídas as instituições públicas federais, 
estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, 
medicamentos, sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde; garantida, 
também, a participação complementar da iniciativa privada no Sistema Único de 
Saúde. 
Podem ser vinculados ao Sistema Único de Saúde os centros e postos de 
saúde, os hospitais, inclusive os universitários, laboratórios, hemocentros além de 
instituições de pesquisa. Por intermédio deles, os cidadãos têm direito a consultas, 
exames, internações e demais tratamentos necessários para a promoção, 
prevenção e reabilitação da saúde. O vínculo ao SUS pode ser pela esfera pública 
(municipal, estadual ou federal) ou pela esfera privada (contratada pelo gestor 
público municipal). 
34 
 
Com base na Lei Orgânica da Saúde (nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) e 
na Constituição Federal de 1988, foram estabelecidos os princípios do Sistema 
Único de Saúde, descritos como: Universalidade, Integralidade, Equidade, 
Participação da Comunidade, Descentralização Político-Administrativa, 
Hierarquização e Regionalização. 
A Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, criou a Agência Nacional de Saúde 
Suplementar (ANS), denominada autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, com 
atuação em todo território nacional, na regulamentação, normatização, controle e 
fiscalização de todas as atividades que garantem a assistência suplementar à 
saúde. 
A saúde suplementar é o atendimento à saúde do indivíduo pelo sistema 
privado, ou seja, planos de saúde. O plano de saúde é um produto oferecido por 
uma operadora de saúde para a população, onde existe o pagamento mensal de 
valores para garantir o atendimento às necessidades de saúde do usuário no 
momento em que houver a necessidade. 
O plano de saúde credencia os prestadores, aqueles que irão atender aos 
seus usuários. Os prestadores podem ser físicos: profissionais da saúde como 
médicos e dentistas, ou jurídicos, considerados os hospitais, clínicas, laboratórios, 
entre outros. 
Um paciente que possui um plano de saúde será atendido eletivamente, ou 
seja, de forma programada, em um hospital credenciado ao plano. Chegando ao 
hospital o paciente deverá portar sua carteira do plano de saúde e a autorização 
para realizar a internação hospitalar. A autorização é fornecida pelo próprio plano de 
saúde ao usuário. 
Na autorização de internação hospitalar do plano de saúde consta a descrição 
do procedimento a ser realizado como também a quantidade de dias que o paciente 
poderá permanecer no hospital; nos casos em que seja necessário maior número de 
dias o médico que está atendendo o paciente faz uma requisição de prorrogação 
hospitalar descrevendo o número de dias que o paciente ainda necessita ficar 
internado e a justificativa. 
A permanência do usuário do plano de saúde na instituição hospitalar é 
acompanhada pelo auditor médico do plano de saúde que verifica a real 
35 
 
necessidade do paciente permanecer internado e pelo auditor enfermeiro que avalia 
as cobranças das contas hospitalares bem como a satisfação do cliente frente ao 
atendimento prestado na instituição credenciada. 
Nos casos de atendimento de urgência ou emergência, os pacientes são 
atendidos pelo serviço credenciado e após é enviado o pedido de autorização para o 
atendimento hospitalar; quando o usuário do plano estiver em local onde não exista 
serviço credenciado ao plano de saúde, o paciente igualmente é atendido de forma 
particular e após é reembolsado pelo seu plano de saúde. 
Após a alta do paciente, ou mesmo durante a internação, é realizada a 
cobrança da conta hospitalar ao convênio. Essas cobranças contêm todos os 
procedimentos, materiais, medicamentos, taxas e diáriasque envolvem o 
atendimento do paciente e são realizadas mediante a tabela de cobranças 
negociada no fechamento de contrato entre o convênio e a prestadora. 
Quando o paciente é internado eletivamente pelo Sistema Único de Saúde, 
necessita de uma Autorização para Internação Hospitalar (AIH). Ao procurar o 
serviço de saúde o médico responsável vai preencher o que chamamos de Laudo 
Médico; este por sua vez, será encaminhado pelo paciente à Secretaria de Saúde 
Municipal e ao Gestor Municipal que realiza a autorização para emissão da AIH. 
O caráter de internação do Sistema Único de Saúde poderá ser: Eletivo ou 
Urgência/Emergência e Causas Externas. No caso do Eletivo, a AIH é emitida antes 
da internação pelo Órgão Emissor Local. Em casos de urgência e emergência, a AIH 
é solicitada pelo Hospital até 48 horas úteis após a internação do paciente. 
As Causas Externas referem-se a acidente no local de trabalho ou a serviço 
da empresa, acidente no trajeto entre a residência e o trabalho, acidentes de trânsito 
não considerados acidentes no trajeto de trabalho, outros tipos de lesões e 
envenenamentos, causados por agentes físicos ou químicos não considerados 
acidentes de trajeto do trabalho. 
Segundo o Manual do Sistema de Informação Hospitalar – Sistema Único de 
Saúde (SIH – SUS, 2003) o laudo médico é o instrumento utilizado para solicitação 
de internação hospitalar em hospitais integrantes do SIH – SUS, devendo ser 
corretamente preenchido em todos os seus campos, permitindo a emissão da AIH 
que garante o acesso à unidade prestadora. 
36 
 
O Sistema Nacional de Auditoria (SNA) prevê que o auditor médico avalie o 
laudo médico, tecnicamente, concluindo sobre o pedido do médico assistente 
(aquele que preenche o laudo). Após concluir, se autorizar o procedimento, o laudo 
é enviado à Secretaria de Saúde do Município de origem do paciente e liberada a 
AIH para realização do atendimento. 
A Autorização para Internação Hospitalar (AIH) é classificada em três tipos. 
AIH Formulário (AIH -7), AIH Meio Magnético (AIH -1) e AIH Longa Permanência 
(AIH -5). A AIH Formulário é emitida em duas vias, ou eletronicamente, pelos Órgãos 
Emissores próprios autorizados pelo SUS, com numeração própria. A primeira via 
será apresentada ao hospital pelo paciente ou seu responsável e será anexada ao 
prontuário médico, a segunda via arquivada pelo órgão emissor. 
A AIH Meio Magnético é um documento hábil para identificar o paciente e os 
serviços prestados sob regime de internação hospitalar e fornecer informações para 
o gerenciamento do sistema. É por meio desse documento que os prestadores 
(hospitais, profissionais e serviços de diagnose e terapia) habilitar-se-ão a receber 
pelos serviços prestados. 
A AIH Longa Permanência é utilizada quando se esgota o tempo de 
permanência previsto para AIH 1, para identificar casos de longa permanência do 
paciente nas especialidades de Psiquiatria, pacientes sob cuidados prolongados, 
acompanhamento pós-transplante de rim, fígado, coração, pulmão, medula óssea e 
córnea. Depois de autorizada a permanência do paciente pelo Órgão Gestor, o 
hospital deverá emitir AIH -5 que receberá a mesma numeração da AIH-7 que deu 
origem à internação. A AIH -5 deverá ser anexada ao prontuário do paciente. 
O município de origem do paciente envia a AIH à instituição em que o 
paciente será submetido ao procedimento. A instituição por sua vez irá apresentar 
mensalmente todas as AIHs com seus devidos valores. Essa apresentação 
representa a cobrança hospitalar, que no caso específico do SUS é realizada por 
intermédio do código do procedimento do paciente. 
O SUS possui junto às instituições credenciadas uma tabela de valores e nela 
são incluídos os códigos dos procedimentos, descrição do procedimento, valor pago 
ao hospital e ao médico; também constam na tabela os dias de permanência 
37 
 
prevista para esse procedimento e a modalidade em que está incluído o 
procedimento. 
Os procedimentos na tabela do SUS (códigos e descrição) referem-se ao 
diagnóstico do paciente. A modalidade na qual o procedimento se inclui diz respeito 
à média ou alta complexidade. Cada serviço hospitalar está enquadrado dentro de 
uma dessas modalidades, a partir de um credenciamento do prestador junto ao 
SUS. 
A Portaria GM nº 1.721, de 21 de setembro de 2005, “cria o Programa de 
Estruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos no SUS”, entendido 
como o processo em que o gestor municipal ou estadual do SUS e o representante 
legal do hospital estabelecem metas quantitativas e qualitativas que visam o 
aprimoramento do processo de atenção à saúde e à gestão hospitalar; formalização 
de parceria para a realização de serviços, ações e atividades. 
O modelo de financiamento instituído pelo Programa de Contratualização é 
composto por parcelas, sendo: pós-fixadas, compondo a Alta complexidade e FAEC 
(pagamento por produção); prefixada, recursos financeiros estimados com base na 
produção de serviços (série histórica dos meses de 2005) em procedimentos de 
média complexidade (Ambulatorial e Hospitalar), incluindo PAB, INTEGRASUS, 
IAPI, IAC, FIDEPS, e recursos repassados ao hospital pela SES e SMS. 
Com a contratualização, os procedimentos incluídos na média complexidade 
são recebidos por meio de uma parcela mensal que incluirá todos os atendimentos, 
não havendo mais a cobrança individual. Os que se incluem na alta complexidade 
são cobrados separadamente, por atendimento, e essa parcela será sempre paga 
mediante a produção do prestador. 
A principal diferença entre o processo de cobrança dos convênios e do SUS 
relaciona-se à quantidade de itens que podem ser faturados, ou seja, objetivamente 
o SUS possui um valor global que inclui medicamentos, taxas, materiais e diárias; 
esse valor coincide com o diagnóstico do paciente. Nos convênios, geralmente na 
negociação, faz-se uma tabela de procedimentos e há possibilidade de realizar a 
cobrança separadamente de todo material, medicamentos, taxas e diárias. 
Em qualquer modo de cobrança, seja por convênios ou SUS, a fatura da 
conta hospitalar, envolve vários setores de uma instituição, desde a internação, 
38 
 
médicos, equipe de enfermagem, nutrição, fisioterapia, faturamento e auditoria, cada 
qual desempenhando sua função, compartilhando, para o bom desenvolvimento da 
assistência bem como o pagamento do que foi gasto durante o atendimento do 
paciente. 
 
FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA AUDITORIA DE ENFERMAGEM NA 
CONTA HOSPITALAR 
 
O enfermeiro auditor analisa a conta hospitalar com o objetivo de verificar a 
exatidão das cobranças hospitalares e garantir o pagamento justo frente ao 
atendimento prestado. Esse profissional necessita ter conhecimento sobre todas as 
rotinas institucionais e principalmente seguir algumas condutas para realizar uma 
análise eficiente na conta hospitalar. 
As principais condutas do enfermeiro auditor para análise da conta hospitalar, 
segundo Motta (2003), são: 
• praticar o exercício da profissão de Auditoria de Enfermagem, 
conforme a legislação; 
• conhecer todos os contratos firmados entre a operadora de planos e o 
hospital; 
• fazer uma análise geral da conta – verificar diagnóstico, período de 
internação, tratamento, exames solicitados, autorizações para procedimentos e 
materiais específicos; 
• analisar as prescrições médicas dos exames laboratoriais e outros 
exames diagnósticos, bem como seus resultados; 
• verificar se a quantidade de materiais e medicamentos cobrada é 
compatível com a prescrita e checada no prontuário do paciente; 
• verificar os valores praticados na cobrança dos materiais e 
medicamentos em relação aos preços acordados mediante acertos contratuais e 
tabelas; 
• elaborar e responder recursos de glosas; 
• controlar o trabalho de auditoria registrando-o. 
39 
 
A legislação seguida deverá ser a que regulamenta a função de enfermeiro 
auditor –

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