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Distúrbios do metabolismo da glicose *Para manter níveis adequados de glicose, o organismo do recém-nascido (RN) deve iniciar o processo de glicogenólise das reservas hepáticas, gliconeogênese e, posteriormente, a utilização da glicose proveniente da alimentação *Após os primeiros dias de vida, estabelecendo dieta oral regular e contínua maturação da gliconeogênese hepática, os níveis de glicose sanguínea tendem a se estabilizar *A hipoglicemia transitória é um distúrbio frequente observado nos RN, decorrente da imaturidade das vias de homeostase da glicose Hipoglicemia *Ocorre com maior frequência nos pacientes com baixas reservas de glicogênio, como nos RN pré-termo e naqueles com restrição de crescimento intrauterino → pode ocorrer também quando aumentam as demandas energéticas, como na sepse, na hipotermia e na asfixia perinatal *A glicose é a fonte de energia para o neurônio, porém, em situações de carência, os corpos cetônicos passam a ser o substrato energético capaz de cruzar a barreira hematocerebral *Os mecanismos metabólicos adaptativos do jejum ocorrem mais rapidamente na infância em relação aos adultos, principalmente na formação dos corpos cetônicos *A hipoglicemia em RN pode se manifestar com convulsões, em curto prazo, e determinar morbidades neurológicas em longo prazo, e representar uma emergência neonatal, necessitando de intervenção terapêutica precoce LIMIAR OPERACIONAL PARA TRATAMENTO DA HIPOGLICEMIA EM NEONATOS *RNs a termo saudáveis: → menos de 24 horas de vida: 30 a 35 mg/dL na primeira medição, elevando-se para 45 mg/dL após o início da alimentação → após 24 horas de vida: 45 a 50 mg/dL *RNs com sinais ou sintomas clínicos anormais: 45 mg/dL *RNs assintomáticos com fatores de risco para hipoglicemia: 36 mg/dL → se após a alimentação a glicemia permanecer abaixo desse nível ou surgirem sinais clínicos anormais, é necessária intervenção terapêutica *Em qualquer RN com níveis de glicemia entre 20 e 25 mg/dL, deve-se administrar glicose endovenosa (EV) em bolo para elevar a glicemia a níveis superiores a 45 mg/dL *O risco de hipoglicemia causar danos cerebrais ao RN é modificado por fatores que incluem a disponibilidade de substâncias alternativas, como cetonas e lactato, e a presença de comorbidades como hipóxia e sepse SINAIS E SINTOMAS *Mais frequentes: irritabilidade, recusa alimentar, sucção débil, letargia, apneia, hipotonia, hipotermia, crises de cianose, instabilidade vasomotora, dificuldade respiratória, convulsões mioclônicas ou multifocais, e, muito raramente, coma *Muitos neonatos são assintomáticos ou apresentam mínimos sinais e sintomas, o que requer especial atenção, principalmente nos RN de maior risco CLASSIFICAÇÃO DA HIPOGLICEMIA NEONATAL *TRANSITÓRIA: quando permanece de dias a semanas (ou meses) após o nascimento → causas: prematuridade (imaturidade do desenvolvimento), PIG estresse no período periparto e pós-natal (trauma, asfixia e hipotermia) hiperinsulinemia transitória (RN de mãe diabética e infusão intraparto de dextrose) aumento metabólico (sepse, policitemia e eritroblastose fetal) toxemia materna e uso de tocolíticos no trabalho de parto *PERSISTENTE: quando continua na infância → pode ser hiperinsulinêmica ou normoinsulinêmica DIAGNÓSTICO LABORATORIAL *Se a hipoglicemia for refratária ou quando a necessidade de infusões de glicose durar mais de uma semana, devem-se considerar causas raras de hipoglicemia, sendo a hipoglicemia hiperinsulinêmica a causa mais comum no período neonatal → nesses casos, a realização dos seguintes exames é necessária: dosagem de insulina, hormônio do crescimento (GH), cortisol, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): tiroxina (T4), hormônio estimulante da tireoide (TSH), glucagon, lactato, amônia, transaminases, eletrólitos (incluindo cloro), triagem para erros inatos do metabolismo, cromatografia de ácidos orgânicos e aminoácidos, e pesquisa de substâncias redutoras na urina → as amostras de sangue e urina devem ser coletadas durante a crise hipoglicêmica Distúrbios Metabólicos do Recém-Nascido TRATAMENTO *Imediatamente após o nascimento, e se o estado geral do RN permitir, eles devem ser amamentados ou receber leite de fórmula a cada 2 a 3 horas *O tratamento EV é indicado quando há intolerância à dieta oral, níveis de glicemia < 25 mg/dL, e quando a dieta oral não mantém níveis adequados de glicemia *Push de glicose: dose de 2 mL/kg (200 mg/kg de glicose a 10%), EV, em 1 minuto, seguido por terapia contínua de infusão de glicose, com taxa de infusão de glicose (TIG) de 6 a 8 mg/kg/min (soro glicosado a 10%, a 3,6 mL/kg/h) → reavaliar o nível de glicemia 20 a 30 minutos após, e a cada hora, até a estabilidade, a fim de avaliar a necessidade de tratamento adicional *Se a glicemia estabilizar em faixa aceitável, continuar a alimentação, reduzir a infusão de glicose EV gradativamente, em torno de 1 mg/kg a cada 12 horas, e manter as medições da glicemia *Se houver necessidade de aumento das concentrações de glicose acima de 12,5 mg, considerar a necessidade de um cateter venoso central *Se o RN permanecer hipoglicêmico mesmo após receber infusão acima de 12 mg/kg de glicose por minuto, considerar o uso de hidrocortisona (10 mg/kg/dia, EV, em duas doses) → a hidrocortisona reduz a utilização periférica da glicose, aumenta a gliconeogênese e amplia os efeitos do glucagon → geralmente, resulta em níveis de glicose estáveis e adequados, podendo ser reduzida rapidamente *Glucagon: dose de 0,025 a 0,3 mg/kg, EV (máximo de 1 mg/dia) → estimula a gliconeogênese em hipoglicemia refratária, mas é apenas uma medida para mobilizar a glicose por 2 a 3 horas em uma emergência, até que se possa ofertar glicose EV *Diazóxido: utilizado em casos de hiperinsulinismo persistente, na dose de 2 a 5 mg/dose, máximo de 20 mg/kg/dia, via oral (VO), a cada 8 horas → inibe a liberação de insulina atuando como agonista específico nos canais de potássio nas células beta- pancreáticas normais → pode ser utilizado EV, na dose de 10 a 15 mg/kg/dia, em três doses *A epinefrina e o GH são usados raramente e apenas no tratamento da hipoglicemia persistente *O tratamento cirúrgico do pâncreas pode ser indicado em casos específicos Hiperglicemia *Costuma-se considerar o limiar para diagnóstico de hiperglicemia nos neonatos como 126 mg/dL no sangue *A concentração de glicose sanguínea > 180 mg/dL, ou presença de glicosúria com diurese osmótica, é geralmente considerada indicação para intervenção terapêutica QUADRO CLÍNICO *Geralmente, é inespecífico, mas os principais achados clínicos associados são a hiperosmolaridade e a diurese osmótica *Em RN pré-termo, com perdas hídricas insensíveis elevadas, pode ocorrer perda de peso acentuada e desidratação ETIOLOGIA *A causa mais comum é iatrogênica, por excessiva oferta de glicose *Outros mecanismos descritos incluem alterações na secreção de insulina, resistência à insulina, imaturidade de enzimas hepáticas envolvidas na homeostase da glicose *Raramente, a hiperglicemia pode ser decorrente de diabete neonatal, condição clínica na qual uma alteração genética específica é a causa mais comum *Outras causas → sepse: a hiperglicemia decorre de alterações no receptor da insulina e na liberação de substâncias que alteram a glicogenólise e a gliconeogênese → procedimentos cirúrgicos: no pós-operatório, por causa do estresse, ocorre liberação de hormônios como o glucagon e catecolaminas → uso de drogas como cafeína, teofilina, fenitoína, dexametasona e diazóxido DIAGNÓSTICO *Realizado com a dosagem sérica de glicose e o uso de fitas reagentes → lembrar que, usando-se fitas reagentes na urina, são medidos outros açúcares, como a galactose, e não exclusivamente a glicoseTRATAMENTO *A hiperglicemia neonatal transitória geralmente se resolve em poucos dias, e por isso, a estratégia de tratamento deve ser a mais conservadora possível *Tratar causas subjacentes, como a sepse *Minimizar a TIG exógena de 3 a 5 mg/kg/min, reduzindo a infusão de glicose em 1 a 2 mg/kg/min a cada 4 a 6 horas *Iniciar dieta oral quando o estado geral do RN permitir e nutrição parenteral tão logo seja possível, pois alguns aminoácidos promovem secreção de insulina *Se a hiperglicemia estiver associada ao uso de medicações, tentar substituí-las *Na presença de glicemia > 250 mg/dL ou se existir manifestação clínica, como diurese osmótica, a terapêutica com infusão de insulina exógena pode ser instituída → utilizam-se doses baixas, iniciando com 0,03 a 0,05 U/kg/h, a cada 4 a 6 horas → pode ser difícil determinar a dose efetiva, pois parte da insulina é adsorvida à superfície plástica do equipo EV *Lembrar que glicemias > 450 mg/dL podem provocar deslocamento da água do compartimento intracelular para o extracelular, resultando em contração do volume intracelular do cérebro, podendo evoluir com hemorragia intracraniana Distúrbios do metabolismo do cálcio *O cálcio desempenha dois papéis fisiológicos importantes no organismo → os sais de cálcio promovem integridade estrutural óssea e são essenciais para manutenção e controle de importantes processos bioquímicos *Na gestação, o cálcio passa para a circulação fetal em torno de 140 mg/kg/dia *Ao nascimento, os níveis séricos de cálcio caem, principalmente na primeira semana de vida → em RN a termo saudável, a concentração total de cálcio e Ca2+ declina de 11 mg/dL e 6 mg/dL, respectivamente, no sangue do cordão umbilical, a níveis séricos de 8 mg/dL e 5 mg/dL em 24 a 48 horas *Os principais hormônios calcicotrópicos ou reguladores do cálcio são o paratormônio (PTH) e a 1,25-di-hidroxivitamina D, ou calcitriol (1,25 (OH)2D3) → quando o nível de cálcio ionizado declina no líquido extracelular, as células paratireóideas secretam PTH, que mobiliza o cálcio dos ossos, reabsorve cálcio no túbulo renal e estimula a produção renal de 1,25 (OH)2D3 → a secreção de PTH induz a elevação do nível sérico de cálcio e manutenção ou redução do nível sérico de fósforo → a vitamina D, sintetizada na pele após exposição à luz solar, é transportada até o fígado, convertida em 25(OH)2D3 e nos rins em calcitriol → o calcitriol aumenta a absorção intestinal do cálcio e fosfato e mobiliza esses elementos dos ossos Hipocalcemia *Definição → RN a termo: concentração sérica de cálcio < 8 mg/dL ou cálcio ionizado < 4 mg/dL → RN pré-termo: concentração sérica de cálcio total < 7 mg/dL ETIOLOGIA *Hipocalcemia neonatal precoce → prematuridade: o declínio pós-natal do cálcio sérico é maior que no RN a termo, e a magnitude dessa queda é inversamente proporcional à idade gestacional → RN de mãe diabética: apresentam incidência de 25 a 50% de hipocalcemia, principalmente se o controle do diabete materno for precário esses RN apresentam uma resposta exagerada na queda dos níveis séricos de cálcio decorrente de hipomagnesemia materna e fetal, além da resposta lenta do PTH observada → RN PIG (crescimento intrauterino restrito): apresentam níveis elevados de calcitonina e as causas mais prováveis da hipocalcemia são hipoparatireoidismo e hiperfosfatemia → RN com asfixia (depressão perinatal): hipocalcemia e hipofosfatemia nesses RN são frequentes e de origem multifatorial, incluindo acidose, insuficiência renal, resposta exagerada à elevação de calcitonina e diminuição dos níveis de PTH *Hipocalcemia neonatal tardia: ocorre mais frequentemente em RN a termo do que no pré-termo → hipoparatireoidismo: a hipofunção da paratireoide pode ser transitória ou permanente, resultando em hipocalcemia e hiperfosfatemia hipoparatireoidismo transitório idiopático: ocorre resolução do quadro clínico à medida que normaliza a função da paratireoide hipoparatireoidismo congênito: alteração secundária à ausência das paratireoides (sequência de Di George) ou fazendo parte da síndrome de Kenny-Caffey secundário a hiperparatireoidismo materno: de evolução transitória, com resolução espontânea; pseudo-hipoparatireoidismo deficiência de magnésio: comprometendo a secreção do PTH → hiperfosfatemia por: sobrecarga de fosfatos em fórmulas lácteas: o excesso de fosfato aumenta o depósito de cálcio nos ossos, reduzindo seu nível sérico - contribuem também hipoparatireoidismo, hipomagnesemia, deficiência de vitamina D e imaturidade da excreção tubular renal de fosfato insuficiência renal: reduz a produção de 1,25 (OH)2 D3 → deficiência de vitamina D por: deficiência materna de vitamina D doenças adquiridas ou hereditárias do metabolismo da vitamina D má absorção terapia anticonvulsivante materna insuficiência renal aguda doença hepatobiliar nefrose com comprometimento da circulação êntero-hepática → terapia medicamentosa bicarbonato de sódio: alcalose induz a ligação do cálcio à proteína, diminuindo os níveis de cálcio ionizado e aumentando a reabsorção óssea de cálcio furosemida: produz hipercalciúria infusão de lipídios: eleva os níveis de ácidos graxos livres formando complexos solúveis com o cálcio infusão rápida de albumina → fototerapia: reduz a secreção de melatonina e aumenta a captação óssea do cálcio → alta ingestão de fosfato: acarreta excesso de fósforo e redução do cálcio sérico → choque ou sepse: causam hipocalcemia por meio de mecanismos ainda controversos QUADRO CLÍNICO *A excitabilidade neuromuscular (tetania) é uma característica da hipocalcemia *Os bebês parecem irritados e hiperativos, exibem contraturas musculares e podem apresentar convulsões clônicas focais *O reflexo de Moro é exacerbado, e laringoespasmo com estridor inspiratório, vômitos por piloroespasmo, apneia, taquicardia e taquipneia também são relatados DIAGNÓSTICO LABORATORIAL *A dosagem laboratorial do cálcio total e ionizado deve ser realizada para confirmação diagnóstica *A avaliação do estado de cálcio por meio do cálcio ionizado é preferível especialmente na primeira semana de vida MONITORAÇÃO DO CÁLCIO *Esquema sugerido para monitoração dos níveis de cálcio em RN, particularmente os de risco para hipocalcemia, como os RN de mães diabéticas, RN de muito baixo peso e aqueles com depressão perinatal → RN com peso de nascimento ≤ 1.000 g: 12, 24 e 48 horas de vida → RN com peso de nascimento > 1.000 g: 24 e 48 horas de vida → RN prematuro com peso de nascimento > 1.500 g e a termo sadios: só quando houver sinais clínicos suspeitos *Outros exames como PTH, calcitonina, metabólicos da vitamina D e excreção urinária de cálcio devem ser solicitados quando a hipocalcemia neonatal não responde prontamente à terapia com cálcio TRATAMENTO *O tratamento com cálcio é geralmente adequado para a maioria dos casos *Em alguns pacientes, indica-se terapia concomitante com magnésio *Recomenda-se que o tratamento só deva ser instituído se o cálcio sérico for igual a 7 mg/dL ou cálcio ionizado < 4 mg/dL *Para tratamento de emergência, com convulsões, tetania ou apneia, administra-se gluconato de cálcio 10%, 1 a 2 mL/ kg/dose, EV, em 5 a 10 minutos, podendo ser repetido 3 a 4 vezes em 24 horas → observar o local de infusão, pois extravasamentos da solução de cálcio podem causar necrose e calcificação subcutânea → após o controle dos sintomas, inicia-se manutenção com gluconato de cálcio 10%, 5 a 8 mL/kg/ dia, EV, com o objetivo de manter o cálcio sérico > 7 mg/dL *Os RN sintomáticos, porém estáveis, sem convulsões, tetania ou apneia, têm indicação de gluconato de cálcio 10%, 5 a 8 mL/kg/dia, EV ou VO, se tolerarem a dieta → após a normalização dos níveis de cálcio, recomenda-se baixar a oferta para 2,5 a 4 mL/kg/dia e posteriormente para 1,25 a 2 mL/kg/dia e, então, suspender Hipercalcemia *Concentração de cálcio sérico total > 11 mg/dL e cálcio iônico (Ca2+) > 5 mg/dL *Pode ser assintomática, mas hipercalcemia grave (> 14 mg/ dL) pode ser dramática e ameaçadora à vida, necessitando de imediata intervenção *Hipercalcemia persistente pode produzir calcificações em rins, pele, tecido subcutâneo, cérebro, artérias, miocárdio, pulmões e mucosa gástrica *Nefrocalcinose, nefrolitíase e alterações da mineralização óssea são complicações reconhecidas *Normalmente, dois mecanismos fisiológicos previnem a hipercalcemia: via inibição da secreção do PTH e da síntese de 1,25 (OH)2D3 → reduzem a absorção de cálcio do intestino, mobilização dos ossos e reabsorção dos rins QUADRO CLÍNICO *Recusa alimentar, vômitos, obstipação, poliúria, hipertensão, taquipneia, hipotonia, letargia e convulsões TRATAMENTO *A meta principal do tratamento da hipercalcemia é o aumento da excreção urinária do cálcio, maximizando a taxa de filtração glomerular e a excreção urinária de sódio *O tratamento é reservado para aqueles RN sintomáticos ou com cálcio sérico > 14 mg/dL *Reidratação com soro fisiológico 0,9%, 10 a 20 mL/kg, em 15 a 30 minutos, e manutenção com soro glicosado 5%, cloreto de sódio e potássio, os quais promovem a excreção urinária do cálcio *Furosemida 1 mg/kg a cada 6 a 8 horas, EV, para inibir a reabsorção tubular renal de cálcio → monitorar potássio e magnésio *Fosfato inorgânico: utilizado em pacientes hipofosfatêmicos por inibir a reabsorção óssea e promover o depósito de minerais no osso → a dose inicial é de 3 a 5 mg/dL de fosfato VO ou parenteral *Glicocorticoides: utilizados em casos resistentes e graves, suprimindo a absorção intestinal de cálcio e aumentando a sua excreção renal → a prednisona na dose de 2 mg/kg/dia pode ser utilizada *A restrição de cálcio da dieta, eliminação de suplementos com vitamina D e redução da exposição à luz solar são medidas adjuvantes eficazes Distúrbios do metabolismo do magnésio Hipomagnesemia *Considera-se hipomagnesemia quando a concentração sérica do magnésio < 1,6 mg/dL ETIOLOGIA *Pode ocorrer por diminuição do suprimento ou oferta inadequada de magnésio, por aumento das perdas ou por doenças associadas a alterações do metabolismo do magnésio *Prematuridade: o RN pré-termo perde a época de maior transferência do magnésio para a circulação fetal, que ocorre no terceiro trimestre da gestação *Retardo de crescimento intrauterino: a transferência placentária de magnésio é ineficiente *RN de mãe diabética: a hipomagnesemia é secundária à hipomagnesemia materna e fetal associada a menor resposta ao PTH *Oferta inadequada de magnésio por VO ou parenteral *Uso de diuréticos, os quais aumentam a excreção urinária de magnésio *Síndrome de má absorção intestinal: absorção intestinal de magnésio é prejudicada *Pós-exsanguinotransfusão: o sangue citratado forma complexos com o magnésio, reduzindo o magnésio sérico total *Hipoparatireoidismo neonatal: hipomagnesemia geralmente está associada à hipocalcemia QUADRO CLÍNICO *A maioria dos RNs é assintomática *Os sinais clínicos são inespecíficos, mas podem ocorrer tremores, excitabilidade neuromuscular, irritabilidade, hipertonia e convulsões *A hipomagnesemia geralmente é vista com hipocalcemia no RN DIAGNÓSTICO LABORATORIAL *A dosagem sérica de magnésio deve sempre ser realizada na suspeita de hipomagnesemia TRATAMENTO *Nos casos de hipomagnesemia grave (magnésio < 1,6 mg/dL), o tratamento é realizado com sulfato de magnésio EV lentamente, monitorando a frequência cardíaca → dose de 50 a 100 mg/kg de sulfato de magnésio (sulfato de magnésio 50%, 0,1 a 0,2 mL/kg) → a dose pode ser repetida após 12 horas e o nível sérico de magnésio deve ser medido antes de cada dose Hipermagnesemia *Considera-se hipermagnesemia quando os níveis séricos de magnésio estiverem acima de 2,8 mg/dL *Em geral, ocorre quando a oferta excede a capacidade de excreção renal ETIOLOGIA *Terapia com sulfato de magnésio para pré-eclâmpsia materna ou parto prematuro *Administração de antiácidos contendo magnésio ao RN *Excesso de magnésio na nutrição parenteral QUADRO CLÍNICO *Os sintomas de hipermagnesemia grave são incomuns em neonatos, com níveis séricos de magnésio < 6 mg/dL *Os sinais clínicos mais comuns incluem apneia, letargia, hipotonia, hiporreflexia, sucção débil, diminuição da motilidade intestinal, retardo na eliminação do mecônio e depressão respiratória TRATAMENTO *Em muitos casos, a única intervenção necessária é a remoção da fonte de magnésio exógena, mas em casos de sintomas intensos pode-se usar gluconato de cálcio 10%, EV, como antagonista *Para neonatos hipermagnesêmicos, a alimentação deve ser iniciada somente depois que a sucção e a motilidade intestinal estiverem restabelecidas Referência: *Tratado de Pediatria da SBP (4ª edição)
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