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Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 1 DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO RECÉM NASCIDO Na imagem acima: Circulação Fetal Na imagem acima: Circulação Neonatal O feto quando está dentro da barriga da mãe não precisa respirar. Ele até faz movimentos respiratórios, mas não faz expansão dos pulmões. A troca de gases na circulação é feita pela mãe. A partir do momento que bebê nasce e tem a expansão do pulmão, a circulação passa a ser do coração para o pulmão para oxigenar. E algumas crianças podem ter dificuldade nesse momento. Pode ser uma dificuldade por algo que aconteceu na gestação, pode ser uma dificuldade por ser prematuro e ele vai ter uma hipertensão pulmonar causada por uma doença da membrana hialina (não tem surfactante para expandir e manter os alvéolos abertos), por exemplo. Ultimamente está vendo muitas crianças com hipertensão pulmonar que não consegue identificar o motivo. Microtrombos também podem causar hipertensão pulmonar. Aos longos do dia a hipertensão pulmonar pode se resolver, mas há necessidade de suporte respiratório ou pelo menos de monitorização. Circulação Fetal: Da placenta vão sair duas artérias e uma veia umbilicais. Da placenta vai sair o sangue oxigenado, passa pela circulação hepática, onde vai se misturar com o sangue menos oxigenado. Chega ao coração pela veia cava inferior, chega no átrio direito, através do forame oval passa para o átrio esquerdo, ventrículo esquerdo e vai para a aorta e o restante do corpo. Quando faz o clampeamento do cordão umbilical, vai desativar essa circulação fetal e precisa ativar a circulação em um circuito fechado pulmão e coração. Algumas coisas podem alterar essa transição, como alguma alteração cardíaca, persistência do canal arterial aberto mais tempo, etc. Nos primeiros dias de vida pode ter um grau de hipertensão pulmonar e é normal, mas a tendencia é ir cedendo ao longo dos dias. Mas alguns pacientes mantem a pressão mais elevada uma dificuldade na troca de gases no pulmão, com uma dificuldade de oxigenação. Na tabela acima: Frequências respiratória e cardíaca. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 2 Essas frequências vão variar de acordo com a idade do paciente. Um recém-nascido parece taquipneico, mas não está. Tem FR normal entre 30-60 IRPM, já a FC pode variar entre 120-160 bpm. Na tabela acima: Boletim de Silverman Andersen ▪ 0 pontos – sem esforço respiratório ▪ 1 a 3 pontos – esforço respiratório leve ▪ 4 a 6 pontos – esforço respiratório moderado ▪ 7 a 10 pontos – esforço respiratório grave Quando o bebê nasce e tem um esforço e desconforto respiratório pode caracterizar esse desconforto através do exame físico. É importante caracterizar para ter um padrão. O Boletim de Silverman Andersen é utilizado até os dois anos de idade – do recém-nascido ao lactente. Mas pode ainda avançar um pouco e deixar um pouco mais até +- 3 anos, mas não é muito adequado porque o padrão respiratório das crianças vai mudando ao longo do desenvolvimento. O bebê normalmente tem a respiração mais abdominal e depois vai ficando mais torácica, etc. As notas vão sendo dadas de 0 a 2. Quando olha o paciente, vai olhar se ele tem batimento da asa nasal. Se ele não tiver batimento de asa nasal, ganha nota 0. Se tem um discreto batimento, ganha nota 1. Já se ele tem batimento muito marcante, ganha nota 2. Depois passa a avaliar a gemência (gemido expiratório) – é o mecanismo de colapso alveolar e de pequenas vias aéreas ocasionado pelo fechamento da glote na expiração na tentativa de aumento da capacidade residual funcional pulmonar. Tenta manter o pulmão “aberto” Paciente que não está gemendo, ganha nota 0; paciente que tem uma gemência discreta que consegue auscultar no estetoscópio, ganha nota 1; e uma gemência que consegue escutar de longe sem estetoscópio, ganha nota 2. Depois avalia a Tiragem intercostal, que há a marcação das costelas durante a expiração. Se for muito marcado, está utilizando a musculatura acessória. Se não tem marcação, ganha nota 0; se marca discretamente, ganha nota 1; e se há muita marcação, ganha nota 2. Depois vai avaliar a retração xifoide (ou diafragmática). Quando a criança respira afunda na região do diafragma. Depois que realizar todas as avaliações, somam-se os pontos e classifica. Paciente com esforço respiratório grave é um paciente que precisa de um suporte mais avançado. - DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO RECÉM-NASCIDO: ▪ Taquipneia transitória do recém-nascido (TTRN) – um atraso da absorção dos líquidos alveolares ▪ Doença da membrana hialina – deficiência da quantidade ou da qualidade do surfactante que mantem os alvéolos abertos, normalmente em prematuros ▪ Síndrome de aspiração do mecônio (SAM) ▪ Síndrome da Hipertensão Pulmonar Persistente Neonatal (HPPN) – a pressão pulmonar vai caindo ao longo dos dias, mas em alguns bebês pode persistir ▪ Pneumonias – criança já pode nascer com pneumonia, que seria congênita Alterações no desenvolvimento e crescimento pulmonar antenatal (malformações pulmonares): ▪ Malformação adenomatóide cística – malformações dos alvéolos ▪ Hipoplasia pulmonar – pode estar relacionada com Síndrome de Potter ▪ Hérnia diafragmática congênita – os órgãos abdominais ocupam espaço na cavidade torácica e não terá espaço para o pulmão se formar ou expandir ▪ Derrame pleural congênito ▪ Enfisema lobar congênito Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 3 Existem alguns distúrbios extrapulmonares que podem causar o desconforto respiratório: Se tiver um paciente com esforço respiratório, deve realizar uma anamnese, identificar a história do nascimento, história gestacional, o quadro como ele se encontra, exames laboratoriais, exames de imagens, e tenta entender qual é a causa do distúrbio respiratório. Existem os distúrbios vasculares (cardiopatias, hipovolemia, anemia e Policitemia). O sangue na Policitemia é viscoso e devido a isso a passagem pelos capilares alveolares ele vai passar mais devagar e não consegue fazer troca gasosa. Alguns distúrbios metabólicos podem causar alterações respiratórias como a acidose, hipoglicemia e hiperglicemia. E alguns distúrbios neuromusculares como edema cerebral, hemorragia cerebral, uso de drogas pela mãe, distúrbios musculares, lesões do nervo frênico. Diagnóstico: ▪ História materna + pré-natal ▪ Parto e assistência ao recém-nascido ▪ História pós-natal Geralmente o bebê que é cardiopata faz distúrbio respiratório desde o início. Se for um distúrbio relacionado a acuidade do pulmão, geralmente terá cansaço ao longo das primeiras 3h de vida. Achados Clínicos: ▪ Esforço respiratório ▪ Cianose em ar ambiente ▪ Murmúrio vesicular diminuído ou normal ▪ Crepitações ou estertores bolhosos – se tiver retenção de líquido dentro do pulmão com atraso da absorção do líquido alveolar ▪ Sopros cardíacos Exames Complementares: ▪ Raio X de tórax ▪ Gasometria arterial ▪ Hemograma ▪ Glicemia ▪ Ecocardiograma – nem todos os hospitais terão ❖ TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA (TTRN) OU SÍNDROME DO PULMÃO ÚMIDO A TTRN ou síndrome do pulmão úmido é um desconforto respiratório leve a moderado de evolução benigna (RN pré-termo tardio e no RN a termo). Etiologia: retardo de absorção do líquido alveolar Fatores de Risco: ▪ Cesariana eletiva sem trabalho de parto ▪ Asfixia perinatal ▪ Diabetes e asma brônquica materna ▪ Policitemia Na imagem acima: Fisiopatologia da taquipneia transitória. Pode ser devido ao nascimento de uma cesariana, ou na ausênciade trabalho de parto, ou um aumento da volemia. Isso vai causar um atraso na absorção do líquido pulmonar, gerando uma diminuição da complacência do pulmão e diminuição da membrana de troca. Clínica: ▪ Desconforto respiratório precoce, nas primeiras horas após o nascimento. Melhora a partir de 24-48h. Existem alguns relatos de pacientes que podem persistir por 7-21 dias, e não se sabe exatamente o porquê. ▪ TAQUIPNEIA – principal sintoma Recém-nascido – >60 irpm Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 4 Radiologia: Congestão peri-hilar radiada e simétrica, espessamento de cisuras interlobares (cisurite), hiperinsuflação pulmonar leve ou moderada e, ocasionalmente, discreta cardiomegalia e/ou derrame pleural. ▪ Reforço broncovascular hilar bilateral ▪ Pode ocorrer Cisurite (edema da cisura), normalmente consegue ver mais à direita ▪ Pode ocorrer Derrame pleural ligeiro com oclusão do seio costofrênico (eventual) ▪ Hiperinsuflação (aumento do volume pulmonar) – ideal contar o número de arcos costais ▪ Horizontalização das cúpulas diafragmáticas – retificação ▪ Eventual padrão reticulonodular (edema alveolar) Exames Laboratoriais – Normais Evolução – Resolução entre 6 a 12h Pode durar de 36-48h nas formas mais graves Deve somente acompanhar o paciente. À princípio não precisa utilizar nenhum medicamento. Deve aguardar o tempo do líquido alveolar ser absorvido. ❖ DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA A Doença da Membrana Hialina (DMH) ou Síndrome do Desconforto Respiratório é a doença respiratória causada pela deficiência quantitativa e/ou qualitativa de surfactante pulmonar, é mais frequente no RN pré- termo. Pode ocorrer em recém nascidos termos filhos de mães diabéticas, mas é mais comum em prematuros Fatores de Risco: ▪ Prematuridade – principal fator de risco ▪ Asfixia ▪ Mãe diabética ▪ Sexo masculino – há uma “competição” entre a testosterona e o surfactante ▪ Etnia branca ▪ Parto cesáreo ▪ Gestação múltipla Na imagem acima: Fisiopatologia da doença. A prematuridade é o principal fator de risco, que terá uma deficiência de surfactante que pode ser tanto por qualidade quanto por quantidade. A asfixia ou outros fatores também pode causar essa deficiência de surfactante. Por não ter o surfactante, terá uma instabilidade alveolar por não conseguir manter o alvéolo aberto. Terá uma atelectasia principalmente quando a criança faz expiração. Terá uma diminuição do tempo de troca dos gases (hipoxemia) e também uma diminuição da complacência do pulmão, causando fadiga, apneia. Clínica: Evidências de prematuridade e imaturidade pulmonar + início do desconforto respiratório nas primeiras 3 horas de vida. Alguns bebês muito pequenos e prematuros vão cursando com esforço respiratório nos primeiros momentos de vida, assim precisa entubar para já administrar o surfactante. Radiografia de Tórax: ▪ Infiltrado retículo granular fino (vidro moído ou estremilhado) distribuído uniformemente nos campos pulmonares ▪ Presença de broncogramas aéreos e aumento de líquido pulmonar também podem ser achados A clínica se correlaciona com achados na imagem – piora clínica é acompanhada de piora radiológica. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 5 Quando o paciente é prematuro já deve pensar na possibilidade de ter. Laboratório: ▪ Gasometria Arterial – hipoxemia inicial com progressão para hipercapnia e acidose respiratória e/ou mista. Pode variar com a gravidade do caso. Classificação: Quando o bebê nasce com desconforto respiratório, um dos procedimentos é realizar o raio X que vai mostrar o acometimento pulmonar e junto com a parte clínica, vai correlacionar. Algumas vezes quando tem a doença da membrana hialina leve (grau I), considera que o pulmão consegue se resolver, o paciente cada vez terá um aumento da saturação de O2 e pode se resolver sozinho. Mas em alguns casos, mesmo que grau leve, pode ser que ele continue piorando e precise intervir. ▪ DMH grau I: o Padrão reticulogranular (parece vidro moído) difuso, muito fino e difícil de visualizar (padrão mais delicado) o Broncograma aéreo ausente ou apenas confinado à silhueta cardiotímica o Silhueta cardíaca bem definida. ▪ DMH grau II: o Padrão reticulogranular generalizado – imagem de “vidro despolido” (fosco) o Broncograma aéreo observável além da silhueta cardiotímica o Silhueta cardíaca menos nítida ▪ DMH grau III: o Padrão reticulogranular generalizado e confluente o Broncograma aéreo generalizado o Silhueta cardíaca mal definida o Parênquima pulmonar moderadamente hipotransparente ▪ DMH grau IV: o Padrão reticulogranular muito intenso o Broncograma aéreo generalizado e marcado o Silhueta cardíaca não individualizada o Opacificação completa dos campos pulmonares – “Pulmão Branco” O que define cada grau é o grau de prematuridade, algumas comorbidades maternas, ter feito ou não corticoide antes do nascimento para maturação pulmonar prévia, entre outros. Ex.: quando chega um prematuro de 28 semanas que não foi feito corticoide, em um trabalho de parto que evoluiu de repente, é um bebê que tem grandes chances de desenvolver algum problema da parte pulmonar. Em bebês que foram preparados antes de nascer podem ou não ter doença da membrana hialina, que pode depender também da variabilidade genética. Na imagem acima: DMH grau IV. Nas imagens acima: DMH grau II. Broncograma aéreo além da silhueta cardíaca. Na imagem da esquerda (A) é antes do surfactante. Na imagem da direita (B) é depois do uso do surfactante. Evolução – tendência de melhora após 72h. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 6 Tratamento: ▪ Controle térmico (36,5°C – 37,5°C) e suporte nutricional adequado – o surfactante tem uma atividade que pode alterar a temperatura ▪ Suporte Ventilatório – Continuous Positive Airway Pressure (CPAP) precoce ▪ Indicação para ventilação mecânica – hipóxia e acidose respiratória grave mesmo em uso de CPAP ou episódios repetidos de apneia ▪ Surfactante pulmonar exógenos – promove a estabilização dos alvéolos e recrutamento alveolar, melhorando capacidade residual funcional do pulmão O surfactante a quantidade vai depender de cada caso. A tendencia é repetir a dose necessária do que fazer uma dose muito alta à princípio. Primeiro faz uma dose e abre um pouco do pulmão e na segunda dose ele consegue chegar em mais áreas por já ter aberto um pouco previamente. O surfactante é dado via intubação orotraqueal. Existem outras formas de administrar o surfactante como com uso de uma sonda, mas tem muita perda, pois ele pode retornar e o paciente deglutir. O tratamento não é isento de complicações, em alguns casos pode ter sangramento. Prevenção – uso de corticoide antenatal ▪ Reduz a incidência e mortalidade de DMH ao ser aplicada mediante ameaça de trabalho de parto prematuro por estimular a maturação dos pneumócitos tipo II e produção do surfactante ▪ Indicado para todas as gestantes entre 24 e 34 semanas de gestação com risco de parto prematuro (duas doses de 12mg de Betametasona por via intramuscular, duas doses com intervalo de 24h) Em alguns casos não dá nem tempo. A mãe chega no hospital, faz a primeira dose e não consegue fazer a segunda após 24h. Mas o ideal são duas doses. ❖ SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL De acordo com a história do nascimento, vai verificar se houve líquido meconial. Mecônio são as primeiras fezes do bebê que foi formado durante o período fetal. ▪ O mecônio é um material estéril, espesso, esverdeadoe sem odor, composto por água, restos celulares, lanugem, bile, vérnix caseoso e líquido amniótico acumulados no intestino fetal. ▪ A eliminação pode estar relacionada à maturidade fetal, compressão abdominal durante o trabalho de parto (pode causar compressão abdominal fazendo ele eliminar ou então uma hipoxia) ou ainda a situações de sofrimento fetal agudo ou crônico, o que resulta em hipoxemia e leva ao aumento da peristalse e relaxamento esfincteriano, com eliminação do mecônio Normalmente o mecônio não é eliminado antes do parto. Mas alguns casos podem causar esse relaxamento do esfíncter, como hipoxia e sofrimento fetal. De forma idiopática não é comum. Quando o bebê nasce e está saindo o mecônio e tem líquido meconial, deve aspirar rapidamente. O bebê antes de nascer ficava continuamente engolindo esse líquido com mecônio, então quando essa criança nasce, deve aspirar rapidamente o bebê para evitar que no primeiro choro ele jogue esse líquido para dentro. ▪ A presença de mecônio na via aérea leva a fenômenos obstrutivos e inflamatórios ▪ Desencadeia uma reação inflamatória local com pneumonite química e necrose celular ▪ O mecônio parece ainda conter substâncias que induzem à agregação plaquetária, favorecendo a formação de microtrombos na vasculatura pulmonar ▪ Altera a função do surfactante na superfície alveolar Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 7 Na imagem acima: Processo fisiopatológico A asfixia fetal pode levar a eliminação do mecônio e aumento dos movimentos respiratórios. O mecônio estará presente na traqueia e quando ele faz a primeira incursão respiratória, o mecônio vai para dentro do pulmão (vias aéreas inferiores). Isso pode ocorrer também por alguma falha na assistência perinatal. Esse mecônio vai causar um bloqueio mecânico principalmente na expiração, terá um aumento da predisposição à infecção secundária e pode causar uma alveolite química. No final terá uma diminuição da complacência pulmonar. Clínica: RN a termo ou pós termo com história de asfixia perinatal e presença de líquido amniótico meconial (relatada e na traqueia do RN) + quadro de desconforto respiratório. Radiografia de Tórax: ▪ Áreas de atelectasia com aspecto granular grosseiro alternado com áreas de hiperinsuflação em ambos os campos pulmonares – “nódulos de algodão” ▪ Podem estar presentes áreas de consolidação lobares ou multilobares, enfisema intersticial, pneumotórax e/ou pneumomediastino – o ar vai entrar, vai ficar aprisionado e pode ter escape do ar pelos alvéolos ▪ Hipotransparências alveolares algodonosas e difusas alternando com zonas hiperinsufladas atelectasias subsegmentares ▪ Hiperinsuflação pulmonar com horizontalização das cúpulas diafragmáticas ▪ Pneumomediastino ou pneumotórax – muitas vezes precisa ser drenado Na imagem acima: Pneumotórax à esquerda. Impede a expansividade também do pulmão direito. Deve drenar (Dreno em selo d’água. Se não for possível colocar com gelco até que seja feito em selo d’água). Na imagem acima: Pneumomediastino. Quando for laminar, não faz nada, mas quando maior pode ser necessária a drenagem. Tratamento: ▪ Suporte ventilatório – Avaliar conforme a clínica a necessidade pode ser usado o capacete (Hood) ou CPAP ou ainda ventilação mecânica caso a insuficiência respiratória seja grave ▪ Antibioticoterapia – uso é controverso estando indicado caso haja alteração clínica e radiológica muito importante Alguns estudos falam do uso para prevenir as infecções secundárias e outros falam para não utilizar. A tendência é não utilizar, deve avaliar o contexto. ▪ Surfactante – Como o mecônio inativa o surfactante endógeno, pode ser administrado surfactante exógeno (ainda não é protocolar). Pode responder ou pode não responder. Quando o paciente está muito grave, costuma fazer como medida salvadora. ❖ HIPERTENSÃO PULMONAR PERSISTENTE A doença da membrana hialina e a síndrome de aspiração meconial podem cursar com hipertensão pulmonar persistente. Mas também pode ocorrer de forma isolada por uma dificuldade de transição fetal-neonatal. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 8 Síndrome clínica caracterizada por hipoxemia grave e refratária, proveniente da diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar e shunt direito esquerdo através do forame oval e/ou canal arterial, decorrente do aumento relativo da pressão na artéria pulmonar em relação à sistêmica. As causas para essa condição podem ser primárias ou secundárias, sendo as doenças relacionadas: síndrome do desconforto respiratório; síndrome da aspiração de mecônio; hipoplasia pulmonar; cardiopatias congênitas; sepse, pneumonia; asfixia perinatal. Fisiopatologia: Ainda é desconhecida, qualquer fator que interfira no processo de adaptação cardiorrespiratória perinatal, desde a formação e o desenvolvimento dos vasos pulmonares até a transição cardiopulmonar ao nascimento, possa desencadear o aparecimento da síndrome. Quadro Clínico: O quadro clínico é variável com a doença de base (ex.: se for uma má formação cardíaca vai ser mais difícil de resolver e pode ser mais grave). É marcado por pouco desconforto respiratório a despeito da intensa hipoxemia. Apresentam labilidade clínica com piora do quadro mediante qualquer estímulo ou manipulação – ao encostar na criança para fazer exame, ele pode alterar o quadro. Classificação: (**não precisa saber certinho cada um, somente saber que existe) ▪ HPPN por Má Adaptação Anatomia e desenvolvimento estrutural dos vasos pulmonares normais e a alta resistência vascular pulmonar decorre de vasoconstrição reativa, sendo, portanto, reversível – asfixia perinatal, SAM, DMH, sepse, pneumonias congênitas, distúrbios ▪ HPPN por Mau Desenvolvimento Vasos pulmonares com a camada muscular aumentada em regiões habitualmente muscularizados e extensão da musculatura para as regiões habitualmente não muscularizadas, desde o nascimento. Alterações podem decorrer de hipóxia fetal crônica, pós maturidade, uso materno de anti inflamatórios não hormonais e antidepressivos, filhos de mãe diabética, cardiopatias congênitas que cursam com hiperfluxo ou com hipertensão venosa pulmonar e idiopáticas. ▪ HPPN por Subdesenvolvimento Hipoplasia do leito vascular pulmonar com redução no número de vasos e muscularização excessiva dos vasos existentes, que levam à restrição ao fluxo sanguíneo. Principais condições associadas são: hérnia diafragmática congênita, sequência do oligodrâmnio, hidropsia fetal e displasia capilar alveolar congênita. Na imagem acima: Fisiopatologia A asfixia crônica pode fazer uma hipertrofia da musculatura e a hipoxemia aguda pode fazer um espasmo muscular que geram hipertensão pulmonar persistente. Outros fatores também podem causar essa hipertensão. Vai haver um forame oval patente ou canal arterial prévio, que causam um shunt do fluxo de sangue da direita para esquerda, causando a hipoxemia. Diagnóstico: ▪ Clínico Neonatos a termo ou pós maduros + hipoxemia importante + desconforto respiratório variável + sinais e sintomas de doença base ▪ Radiografia de Tórax Pode ser inespecífico – proeminência do tronco da artéria pulmonar e cardiomegalia. ▪ Ecocardiografia doppler – método de escolha para diagnóstico e avaliação da resposta terapêutica. Vai avaliar a pressão da artéria pulmonar Tratamento: ▪ Direcionado para a doença de base e melhora da oxigenação. Caso hipoxemia persistente, há necessidade de intubação traqueal e ventilação mecânica – ofertar oxigênio para ter troca ▪ Óxido nítrico (NO) – nem todos os serviços tem disponível▪ As HPPN relacionadas à má adaptação têm melhor resposta ao óxido nítrico, às relacionada Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 9 ao mau desenvolvimento têm resposta variável e às relacionadas ao subdesenvolvimento não respondem adequadamente ❖ PNEUMONIA Pneumonia pode ser congênita ou perinatal. Algumas situações vão dar indícios, como uma mãe com bolsa rota há mais dias, mãe com febre, etc. Na imagem acima: Tudo que é controlado no pré-natal, pode causar um quadro infeccioso, por isso deve saber a história materna. Quando contamina com bactérias do trato genital materno, geralmente em casos de parto vaginal. Fatores de risco: ▪ Corioamnionite clínica ▪ Tempo de bolsa rota prolongado (>18h) ▪ Trabalho de parto prematuro sem causa aparente ▪ Colonização materna por Streptococcus grupo B (GBS) Quando faz parto vaginal, deve aguardar pelo menos 48h no hospital para aguardar avaliações e sinais que o bebê pode apresentar, como sinais de sepse. Diagnóstico: ▪ Qualquer RN com desconforto respiratório + hemocultura positiva ou presença de dois ou mais dos critérios. ▪ Fatores de risco ou sinais de sepse ou alterações laboratoriais ou imagem radiológica inalterada por mais de 48h Clínica: Fatores de risco + apresentação clínica – Alteração respiratória + sinais de sepse podendo estar presentes Radiografia de Tórax: Variáveis e inespecíficas opacificações uni ou bilaterais; padrão retículo granular difuso com broncogramas aéreos (semelhante à DMH – exames laboratoriais e história materna serão diferentes). Laboratório: Alterações sistêmicas inespecíficas (Triagem laboratorial positiva para sepse – Escore hematológico de Rodwell ≥3 ou Proteína C reativa positiva) Esse escore de Rodwell é utilizado na neonatal para avaliar chance de sepse. Proteína C reativa vai dosando e fazendo uma curva. É inespecífico, mas pode mostrar uma infecção. **somente deve saber que existe, que é baseado em parâmetros hematológicos (hemograma) para predizer a probabilidade de uma sepse. Na imagem acima: Pneumonia no lobo superior à direita
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