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44_-_A_importYncia_da_avaliaYYo_minuciosa_da_marcha_em_pacientes_com_distYrbios_neurolYgicos (3)

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1 
 
A importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes 
com distúrbios neurológicos 
 
Izabel Cristina De Sousa Leite1 
draizabelleite@gmail.com 
Dayana Priscila Maia Meija2 
Pós-graduação em Neurofuncional - Faculdade Ávila 
Resumo 
Avaliar a marcha é uma das prioridades na avaliação geral de um paciente com sequelas 
neurológicas, o caminhar costuma ser analisado de uma forma simples, apenas nas 
observações, sem detalhamentos importantes por muitos profissionais, mas devemos 
observar de uma forma minuciosa e coerente. Para esse fim temos as análises 
biomecânicas, que de uma forma geral nos mostra com detalhes as alterações ocorrida 
mais precisa, facilitando assim as nossas condutas. Dentre as patologias neurológicas o 
AVE é uma das principais causas de distúrbios neurológico alterando a deambulação e 
as atividades diária de uma pessoa. 
Palavras-chave: Avaliação; Marcha; Neurologia 
 
1- Introdução 
Durante a avaliação da marcha neurológica o fisioterapeuta deve identificar com clareza 
as alterações não somente motora como também a sensorial e cognitiva, infelizmente para 
poucos profissionais a avaliação minuciosa da marcha se torna um desafio para 
elaboração de suas condutas, o profissional deve ter sempre em mente que ao examinar 
uma pessoa tem que ser de uma forma individualizada e obter o máximo de informações 
sobre o seu estado geral. 
A deambulação com disfunções neurológicas é considerada preocupante, pois a marcha 
normal é um dos componentes básicos de independência da vida diária que se torna 
complexa quando se fala de seqüelas neurológicas, e é um dos principais objetivos 
funcionais para um paciente que busca tratamento. 
Avaliar a marcha de um paciente neurológico não é uma tarefa simples, devemos priorizar 
algumas situações que poderão nos ajudar durante a elaboração de nossa estratégia 
terapêutica, a simples chegada do paciente ao ambiente terapêutico pode nos ajudar, então 
devemos anotar algumas observações, como por exemplo, se o paciente está utilizando 
órtese ou prótese, se há alguma alteração biomecânica, devemos avaliar o desempenho e 
habilidades do caminhar. 
É muito importante que solicite ao paciente que marche lateralmente, que vire, que ande 
com um pé na frente do outro, observar a passada se esta longa ou curta, verifique 
vagarosamente se há necessidade de dispositivo de auxilio e se o paciente tem a 
capacidade de mudar de direção. 
O que há de muito importante na prática clínica é não tentar realizar a avaliação da marcha 
de uma única vez, o que a semiologia neurológica nos alerta é que devemos observe bem 
 
1 Fisioterapeuta. Pós-graduada em Fisioterapia Neurofuncional. 
2 Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito em 
Saúde 
2 
 
o paciente durante cada fase, o fisioterapeuta tem que olhar clinicamente para cada 
momento e correlacionar com os músculos atuantes em cada fase, assim a avaliação se 
torna mais fácil e de muito aproveitamento para chegar a uma conclusão mais eficaz. 
É muito difícil para um profissional verificar minuciosamente a marcha e o grau de suas 
alterações da marcha normal somente através das observações, para esse fim existem 
inúmeros meios de se avaliar dos mais simples aos mais modernos tipos de análise, mas 
não podemos ignorar uma boa anamnese clinica e nossas observações. 
 
2- Marcha 
Para Rose e Gamble (2007), a marcha humana é um tipo relativamente único de 
deambulação porque é bípede. Embora haja exemplos de locomoção bípede em animais 
(ursos, primatas, marsupias), a marcha bípede humana tem uma eficiência e 
funcionalidade únicas. 
 Nesse sentindo Abreu (2003), defende que a habilidade de andar ereto é uma das 
características determinantes do ser humano. Rítmico e aparentemente sem esforço, o ato 
de andar é um evento contínuo que se constitui em transferir o peso de um membro 
inferior para o outro, com o objetivo de avançar o corpo para frente, como se fossem 
sucessivos desequilíbrios. 
Segundo Hebert Sizinho (1998), andar não é simplesmente colocar-se um pé após o outro. 
Podemos definir marcha como sendo o conjunto de movimentos rítmicos e alternados do 
tronco e extremidades visando a locomoção do corpo para frente. 
Para Perry (2005), Andar é um meio natural do corpo para se deslocar de um local para 
outro, nesse sentido podemos afirmar com clareza que a leveza do caminhar depende do 
corpo está em completa harmonia e sem alterações. 
 Moreira e Russo (2004), afirmam que a marcha nada mais é que um processo de 
deambulação, mas especificamente, executado pelos seres humanos. Inúmeras são as 
classificações utilizadas para análise da marcha. A compreensão de como se processa a 
marcha humana é fundamental para que em um momento oportuno possam ser 
identificados possíveis distúrbios e/ou alterações. 
Um dos principais propósitos do processo de reabilitação é ajudar os pacientes a atingir 
o nível mais alto possível de independência funcional, dentro dos limites de seus 
comprometimentos. A deambulação humana, ou marcha, é um dos componentes básicos 
do funcionamento independente que costuma ser afetado por processo de doença ou lesão 
(OSULLIVAN 2004). 
2.1 Ciclo da Marcha 
Na marcha normal, um ciclo começa quando o calcanhar do membro de referência faz 
contato com a superfície do solo. O ciclo da marcha termina quando o calcanhar do 
mesmo membro faz contato com o solo movamente. (OSULLIVAN 2004). 
O ciclo da marcha consiste de dois períodos, apoio e balanço (figura 01), na fase de apoio, 
são reconhecidas duas tarefas e quatro intervalos, e na fase de balanço há uma tarefa e 
quatro intervalos (DUTTON MARK, 2006) 
 
3 
 
 
Figura(01) : Valores aproximados para as duas fases da marcha 
Fonte: Dutton Mark (2006) 
 
No ciclo normal, da marcha observa-se que cerca de 60% de sua duração ocorre na fase 
de apoio, enquanto 40% ocorre na fase de balanço (MOREIRA e RUSSO, 2004; 
HEBERT SIZINHO, 1998; O SULIVAN, 2004). 
Para Dutton Mark (2006), o caminhar envolve a ação alternada das duas extremidades 
inferiores. O estudo do padrão de andar tem como base um ciclo da macha (figura 02). 
Este é definido como o intervalo de tempo entre qualquer um dos eventos repetitivos da 
atividade de andar. 
Cada uma das fases da marcha pode ser subdividida de acordo com critérios 
preestabelecidos para melhor compreensão das ações musculares (MOREIRA e RUSSO, 
2004). 
 
Figura 02: Ciclo da marcha. 
Fonte: Hebert Sizinho, 1998 
 
4 
 
3-Tipos de análise do movimento 
Analise do movimento é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para análise 
quantitativa do movimento humano. A base científica da análise da marcha se baseia na 
mecânica de corpos rígidos (ROSE e GAMBLE 2007). 
Segura et al (2008), defende que avaliação da marcha, da locomoção e movimentos 
humanos pode ser realizada por dois métodos: método qualitativo e método quantitativo. 
A análise qualitativa da marcha geralmente é realizada em clínicas de reabilitação e de 
fisioterapia, sendo que a avaliação é feita subjetivamente com bases diretas, observação 
visual e algumas anotações. Já a análise quantitativa da locomoção humana geralmente é 
realizada em laboratórios de biomecânica ou laboratórios especializados em marcha 
humana. 
Há vários métodos para fazer exames clínicos da marcha, desde a observação até análise 
computadorizada. A medição dos parâmetros por meio de análises computadorizadas é 
mais precisa do que os resultados das observações clínicas, sendo por essa razão bastante 
utilizada na avaliação e no planejamento de pacientes portadores dessetipo de 
anormalidades (DUTTON MARK, 2006). 
No século XX, com os avanços da tecnologia vários centros desenvolveram laboratórios 
para analisar, hoje se considera inadmissível indicar tratamento para deficiência de 
marcha sem uma análise cuidadosa da locomoção. (FALOPPA e ALBERTONI, 2008). 
A respeito desse assunto os mesmos autores defendem que a análise da marcha é a 
mensuração, a descrição e a avaliação sistemática de dados que caracterizam a locomoção 
humana, ela tem fundamental relevância no estudo e no tratamento de patologias que 
envolvem o aparelho locomotor. 
A análise quantitativa de movimentos de sujeitos com distúrbios motores torna-se ainda 
mais complexa e necessária. A análise da marcha é especialmente aplicável a sujeitos 
com desordens neurológicas, uma vez que adicionam-se elementos complicadores como 
a espasticidade e reflexos patológicos (ANDRADE, 2002). 
Para Campos (2000), o conhecimento dos movimentos possíveis e seguros de cada 
articulação do corpo humano, bem como dos graus de amplitude de cada movimento 
articular, proporciona uma importante diretriz para uma correta análise biomecânica e, 
conseqüentemente, cinesiológica. 
 
3.1 Cinemática e Cinética 
Segundo Sullivan (2004), os tipos de análise da marcha em uso atualmente podem ser 
classificado em duas categorias amplas, cinemática e cinética. 
Moreira e Russo (2004), afirmam que o estudo da cinemática está relacionado às 
características do movimento, à observação e a análise desse movimento a partir de uma 
perspectiva espacial e temporal e não tem referência a força que o ocasionam. Enquanto 
que asanálises cinéticas da marcha são utilizadas para determinar as forças envolvidas na 
marcha (O SULIVAN, 2004). 
Referente á esse assunto Sousa (2010), defende que a marcha humana, vista como um 
movimento rítmico constitui um fenômeno complexo modulado por um gerador de 
padrão central, informação aferente e comandos supra-espinais, podendo ser quantificada 
5 
 
por variáveis cinéticas e cinemáticas. É a quantificação destas variáveis que permitem 
aceder, classificar diferentes padrões de marcha como mais ou menos eficientes. 
 
3.1.1 Plataforma de Força 
Durante as análises cinéticas a utilização da plataforma de força (Figura03) é um 
instrumento de extrema necessidade, pois é a través dela que teremos uma análise 
minuciosa das forças durante a marcha. 
Há outros instrumentos disponíveis comercialmente para análise cinética Porém, suas 
utilizações não são tão comuns em laboratórios de marcha como é o caso da plataforma 
de força (Barela e Duarte, 2011), segundo esses mesmos autores o padrão das curvas 
referentes às componentes da FRS podem ser diferentes, e muitas vezes, os picos podem 
não ser tão evidentes, conforme o tipo e o grau de comprometimento músculo-
esquelético, sensorial e/ou motor. 
Com relação às forças externas, a força de reação do solo (FRS) é a força externa mais 
comumente investigada na análise da marcha (WHITTLE, 2007). 
Ainda com relação às componentes da FRS, há um pico nos primeiros milesegundos (ms) 
do período de apoio, nem sempre evidente na marcha, que se refere à força de impacto 
(Nigg e Herzog, 2007). Força de impacto na locomoção humana, segundo esses autores, 
é uma força que resulta da colisão entre dois corpos (no caso, o pé e o solo). 
 
 
 
 
Figura 03: Plataforma de Força 
Fonte: Barela e Duarte, 2011 
3.2 Eletromiografia 
 A eletromiografia registra a atividade elétrica presente no músculo em contração a qual 
é decorrente da ativação neuromuscular em condições normais. O método consiste em 
registro da atividade eletromiográfica, utilizando-se um sistema de captação do sinal 
biológico (placa de aquisição dos sinais, amplificador, sistema de canais, eletrodos) e um 
software para processamento do sinal. São usados, para captação do sinal, eletrodos de 
agulha ou eletrodos superficiais (KAY et al, 2000). 
6 
 
De acordo com O Sullivan (2004), a eletromiografia fornece um instrumento útil para 
documentar o papel do músculo na atividade física e para avaliar a integridade do sistema 
neuromuscular. Apesar de seu uso comum na pesquisa do movimento,os terapeutas 
devem usar a EMG com discernimento, identificando suas limitações como um 
instrumento de medição. 
 
3.3 Observações 
O uso clínico da análise da marcha começou como habilidade de observação quando 
médicos, terapeutas, e protéticos definiam movimentos normais e anormais dos membros 
e desvios comuns apresentados pelos pacientes. Como o quadril, o joelho e o tornozelo 
se movem em velocidades diferentes. (ROSE e GAMBLE 2007). 
Observações completas podem ser uma grande fonte de aprendizado. Ao longo da 
história, a revisão de sistemas, os testes e medidas e as informações coletadas formam um 
conjunto de deduções que servem de base para os diagnósticos (DUTTON MARK, 2006). 
Algumas das vantagens da análise biomecânica da marcha, face à simples observação 
visual clínica da marcha, são a capacidade de quantificar e caracterizar o movimento dos 
segmentos corporais segundo vários eixos anatômicos, o que muitas vezes não é 
facilmente detectável ou mesmo visível na observação visual da marcha (SOUSA et al, 
2007). 
Saad et al (1997), relata que o olho humano não é capaz de observar eventos de alta 
velocidade, não permite o registro dos dados e depende da habilidade e do conhecimento 
do observador, levantando a hipótese de que essa análise apresenta grande variabilidade 
e pequena precisão, não podendo ser considerada como fidedigna e não 
garantindo o mesmo resultado se houver uma reprodução do trabalho. 
O tipo de análise de marcha que o profissional escolhe depende do propósito da análise, 
do tipo de equipamento disponível, e da experiência, conhecimento e habilidade do 
profissional. (O SULLIVAN, 2004). 
 
4. Acidente Vascular Encefálico 
Dentre as principais patologias que afetam diretamente a marcha o AVE é considerado a 
primeira causa de incapacitação funcional devido as seqüelas neurológicas que afetam o 
paciente. 
Segundo Sullivan (2004), o acidente vascular encefálico (AVE) é o surgimento agudo de 
uma disfunção neurológica devido a uma anormalidade na circulação cerebral, tendo 
como resultados sinais e sintomas que correspondem ao comprometimento de áreas focais 
do cérebro. 
Apresenta-se de duas formas, sendo elas isquêmica e hemorrágica. O acidente isquêmico 
é o mais comum, ocorrendo a obstrução de uma das artérias cerebrais importantes (média, 
posterior e anterior, em ordem descendente de freqüência) ou de seus ramos perfurantes 
menores, que vão para as partes mais profundas do cérebro (UMPHRED, 2004). 
De acordo com André (2005), a fase que precede de três a quatro meses após o acidente, 
chamada de fase aguda ou fase de choque é determinante para as aquisições mecânicas, 
pois, nesta fase, ainda não estão instaladas todas as alterações provenientes da patologia, 
como as mudanças de tônus, sensibilidade e reflexos. Após este período, a doença já 
7 
 
demonstrou por completo todos seus comprometimentos, iniciando, portanto, a fase 
crônica da patologia. 
De acordo com Stokes (2000), a fase crônica do AVE tem início por volta de cinco meses 
após o ocorrido e prossegue por toda vida do indivíduo, visto quese trata de uma patologia 
que não possui cura completa. Porém, o tratamento é fundamental neste período, mesmo 
que a fase crônica seja caracterizada por melhoras não tanto promissoras. 
A maioria dos sobreviventes de um AVE apresenta a combinação de déficits motor, 
sensitivo, cognitivo e emocional, que levam a alterações no equilíbrio, dificuldades na 
marcha e dependência para realizar as atividades de vida diária (AVD) (ARTAL-CAROD, 1999). 
Para Torriane Pasin et al (2010), os pacientes hemiparéticos pós-AVE, não apresentaram 
disponibilidade total para realizar uma segunda tarefa concomitante à marcha, já que a 
tarefa central, no caso a marcha, mesmo sendo uma habilidade extremamente praticada 
antes do evento vascular e inerente ao ser humano, ainda demanda muita atenção de tais 
pacientes, não favorecendo a disponibilidade de atenção necessária para a combinação de 
uma segunda tarefa. 
Dentre todos os acometimentos decorrentes de um AVE, a impossibilidade ou difi 
culdade para deambular (andar) é um dos problemas mais incapacitantes e frustrantes 
para o paciente, contribuindo de forma decisiva para a perda da sua independência e, 
conseqüentemente, sua liberdade (STOKES, 2000). 
A disfunção motora é um dos problemas freqüentemente encontrados no acidente 
vascular encefálico, que refletirá em uma marcha cujos parâmetros mensuráveis, tais 
como velocidade, cadência, simetrias, tempo e comprimento de passo e passada, serão 
deficitárias. Essas alterações não são apenas devido à fraqueza muscular, mas também a 
anormalidades complexas no controle motor (OLIVEIRA; ANDRADE, 2001; 
SCHUSTER; SANT; DALBOSCO, 2007). 
André (2005), descreve que a percepção do corpo é a maneira que se interpreta ou integra 
toda a informação que chega ao SNC, a maneira como se vê e apreende o mundo à nossa 
volta. Cerca de 40% dos pacientes após um AVE exibirão comprometimento desta 
percepção e conseqüente dificuldades motoras, inclusive na marcha. Um tratamento 
buscando esta conscientização corporal, um treino postural explorando diversos 
movimentos do dia-a-dia promove uma aceitação da real condição do corpo e, 
conseqüentemente, melhora dos padrões provocados pela lesão cerebral. 
 
5- Marchas com Disturbios Neurológicos 
 
5.1 Marcha Hemiparética. 
Moreira e Russo (2004), afirmam que a marcha hemiparética normalmente observa-se, a 
flexão do membro superior com extensão do membro inferior do hemicorpo acometido. 
Como conseqüência, temos uma perna que não consegue suportar completamente o peso 
durante a fase de apoio além de não se projetar para frente durante a fase de balanço a 
não ser como um todo em circundação. 
A análise da marcha no paciente hemiparético deve ser feita com bastante critério, pois 
envolve múltiplos fatores, de diferentes origens, procurando levantar as alterações 
8 
 
específicas de cada paciente e, assim, levar a um plano de tratamento mais eficaz para a 
evolução de sua marcha, de modo a devolver sua funcionalidade ao nível mais normal 
possível, dentro de um plano de tratamento mais amplo para todos os acometimentos 
decorrentes do AVE (EDWARDS, 1999). 
 
5.2 Marcha Parkinsoniana (festinante) 
A doença de Parkinson também nos mostra alterações significantes na marcha. O padrão 
da marcha do paciente com DP é caracterizado por pobreza de movimentos e diminuição 
da velocidade (O SULIVAN, 2004). 
Segundo Moreira e Russo (2004), a marcha do Parkinsonismo também denominada de 
marcha festinante. Determina em que o estágio se encontra a doença de parkinson que 
consiste em uma moléstia de natureza extrapiramidal. Observa-se que o paciente realiza 
pequenos passos rápidos, que se aceleram em algumas situações, á medida que se 
processa o deslocamento. 
 
5.3Marcha Atáxica 
A marcha atáxica é observada em duas patologias principais doença do cerebelo (marcha 
atáxica cerebelar) e doença na coluna posterior (marcha atáxica sensorial). Com a marcha 
atáxica cerebelar o paciente não consegue andar com um pé à frente do outro ou em linha 
reta e com a marcha atáxica sensorial os pacientes não têm nenhuma consciência sobre a 
posição dos membros (DUTTON MARK, 2006). 
 
5.4 Marcha Escarvante 
Nesse tipo de marcha, verifica-se paresia ou plegia dos músculos do grupo pré-tibial como 
conseqüência de lesão do nervo fibular comum em seu ramo profundo. Observam-se a 
flexão excessiva do quadril durante a fase de balanço e uma batida seca da região plantar 
do pé no solo durante a fase de apoio ( MOREIRA E RUSSO, 2004). 
 
6- Materiais e Métodos 
Tratou-se de um estudo realizado por meio de uma revisão bibliográfica focando 
definições, tipos de analises, principal patologia neurológica que alteram a marcha, e 
marchas neuropatológicas. Dessa forma o presente estudo disponibiliza a outros 
profissionais a importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes neurológicos. 
Foram selecionados artigos publicados entre 2001 a 2011 nas bases eletrônicas Scielo, 
Medline, lilacs Google acadêmico além de livros que defendiam o tema em questão. 
 
7- Resultados e Discussão 
Após a pesquisa podemos observar, que durante a avaliação da marcha patológica é 
necessário que o fisioterapeuta possua conhecimentos importantes sobre a marcha 
normal, e sobre diversos déficits que possam levar o paciente a alterar sua deambulação, 
para realizar com eficiência uma análise precisa, facilitando assim condutas que direcione 
aos objetivos. 
No estudo de Leite et al (2011), diz que é de extrema importância que o fisioterapeuta 
tenha o conhecimento sobre os padrões biomecânicos da normalidade e também da 
9 
 
caracterização geral da marcha alterada após uma lesão, a fim de reconhecer a 
necessidade de analisar essa marcha e com isso selecionar condutas eficazes para a 
reabilitação funcional do paciente. 
Rose e Gamble (2007) afirmam que normalmente durante a marcha, o centro de massa 
do corpo é acelerado para cima e para baixo durante o ciclo. Poderia ser antecipado que 
a força de reação do solo varia durante o ciclo da marcha, por causa dessa aceleração para 
cima e para baixo. 
Hebert Sizinho (1998), diz que para marcha normal na fase de apoio deve permitir três 
requisitos fundamentais: estabilidade monopodal com postura ereta, avanço do corpo 
sobre um pé apoiado e preparo para a fase de balanço. 
Durante o balanceio inicial, o pé do membro em balanceio está totalmente fora do chão 
por meio de uma combinação de flexão de quadril e de joelho. O membro move-se para 
frente, estando inicialmente atrás do corpo, para uma posição oposta à do membro de 
suporte. (ADLER, 2007). 
Para Perry (2005), durante o ciclo da marcha, o quadril desloca-se somente através de 
dois arcos de movimento durante uma passada normal: extensão durante o apoio e flexão 
no balanço. Entretanto, ao final do ciclo temos uma pequena extensão do quadril para 
finalizar o ciclo e fazer a colocação do retropé no solo. 
Os movimentos no quadril ocorrem nos três planos durante o ciclo da marcha a rotação 
ocorre no plano transversal o quadril gira cerca de 40 a 45º graus no plano sagital durantes 
as passadas largas normais. O quadril flexiona e estende uma vez, durante o ciclo da 
marcha, e o limite de flexão ocorre na metade da fase de balanço, enquanto a extensão se 
dá antes do final da mesma. No plano coronal, a adução total do quadril ocorre no início 
da fase de balanço (DUTTON MARK, 2006). 
Segundo Kisner (2005), durante o ciclo da marcha normal, o joelho passa por uma 
amplitude de 60º (0º de extensão no contato inicial ou batida do calcanhar até 60º no final 
do balanço inicial). Há alguma rotação medial do fêmur à medida que o joelho se estende 
no contato inicial e bem antes da saída do calcanhar. 
Durante a fase de apoio o calcâneo toca o solo a um ângulo de 25graus, com o tornozelo 
e os artelhos neutros. E durante a fase de balanço o tornozelo passa de uma flexão plantar 
de 10 graus para uma dorsiflexão até a posição neutra (MOREIRA E RUSSO, 2004). 
Kisner (2005), afirma que durante o ciclo da marcha normal, o tornozelo passa por uma 
ADM de 35º, sendo 15 de dorsiflexão no final no do apoio médio e 20º de flexãoplantar 
no final do apoio. 
Durante a marcha humana muitos músculos estão ativos principalmente durante a fase de 
apoio ou principalmente durante a fase de oscilação. Essa contração por fases define o 
papel dos músculos na produção da atividade normal da marcha. Contração prolongada 
ou fora de fase durante a marcha caracteriza alterações do controle motor, como no caso 
de acidente vascular encefálico ou paralisia cerebral (ROSE e GAMBLE 2007). 
Com relação às alterações, após uma lesão, O’sullivan (2004), diz que os padrões de 
marcha de indivíduos com déficits neuromusculares são influenciados principalmente por 
anormalidades no tônus muscular e na organização sinergista, influências de reflexos 
primitivos não integrados, influência diminuída das reações de endireitamento e 
equilíbrio, dissociação diminuída entre as partes do corpo e diminuição da coordenação. 
10 
 
Algumas patologias, principalmente as neurológicas, como o AVE, produzem marchas 
com sérias modificações. As principais causas das alterações são as instalações de 
deformidade, fraqueza muscular, déficit sensorial ou de controle motor e dor. Cada tipo 
de lesão levará a um padrão de marcha patológica típica e, assim, o seu conhecimento 
torna-se muito importante para a eleição do tratamento fisioterapêutico (PERRY, 2005). 
Sem dúvidas, após uma lesão ou trauma que afete a marcha o tratamento fisioterapêutico 
promove uma melhora sobre o recrutamento de unidades motoras, o que garante um 
melhor desempenho no ato motor, dando por melhora na velocidade, destreza e 
coordenação dos movimentos, além de promover outros benefícios, tais como melhora na 
amplitude articular e regulação do tônus muscular (CÓPIA; PAVANI, 2003). 
Com bases nos estudos dos autores pesquisados sobre o tema, no Brasil ainda são poucos 
os recursos disponíveis nas clínicas de reabilitação para se realizar uma avaliação 
necessária da marcha com distúrbios neurológicos, para esse fim a maioria dos 
profissionais contam apenas com suas observações, anotações e experiências. 
 
8- Conclusão 
A marcha humana é um movimento único, onde necessitamos que o corpo esteja em 
inteira harmonia entre os sistemas, o nosso corpo é uma verdadeira máquina que necessita 
está em equilíbrio para nos proporcionar todos os movimentos inclusive a marcha. 
Quando esse movimento se afasta do padrão da normalidade se torna um evento complexo 
e dificultoso para os profissionais da reabilitação, deixar a marcha patológica próximo da 
normalidade sem uma análise minuciosa é um desafio que muitos fisioterapeutas passam 
no di a dia. 
Esse artigo teve como foco, a importância da avaliação minuciosa da marcha em pacientes 
com distúrbios neurológicos, em base nas literaturas estudas posso afirmar que uma ótima 
avaliação da marcha patológica só se faz através de equipamentos nos laboratórios do 
movimento. 
A marcha patológica é complexa, e para ajudarmos um paciente neurológico devemos 
priorizar e observar detalhadamente algumas situações durante a locomoção, não somente 
de membros inferiores mais também de membros superiores e troncos. 
Para obtermos detalhadamente cada fase e cada momento da deambulação com precisão, 
somente teremos infelizmente com ajuda da tecnologia nos laboratórios especializados, 
pois eles nos darão mais informações quanto às limitações, e nos ajudará á quantificar 
sem erros o grau de afastamento da marcha normal, nos oferecendo dados importantes 
para reabilitar e tratar os distúrbios da locomoção com mais eficiência. 
 
9- Referencia Bibliográfica 
ABREU, F. M. C.;LOPES, R. Q.; GABRIEL, C.; BARBOSA, W.; DANTAS, E. H. M. Análise 
quantitativa da marcha no idoso institucionalizado. Fisioterapia Brasil.Vol. 4, n.2, março/abril, p. 92-
95, 2003. 
ADLER, S. S; BUCK, M; BECKERS, D. PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. São Paulo: 
Manole, 2007. 
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