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CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 CASO 10- COVID 19 ID: J.B.N., masculino, 60 anos, natural e procedente de Salvador. Informante: Esposa Queixa Principal: “Falta de ar há 24 horas” HMA: Paciente admitido na emergência do Hospital Municipal de Salvador com quadro de dispnéia iniciado há 24 horas. A esposa do paciente refere inicio de quadro febril e anosmia há 01 semana. Foi afastado das suas atividades por suspeita de COVID-19, contudo sem realizar teste confirmatório. Refere que iniciou quadro de dispnéia aos esforços habituais há 24 horas, com piora progressiva, no momento, com dispnéia em repouso. Na chegada, o paciente foi encaminhado para Sala Vermelha e iniciado procedimento de Intubação Orotraqueal (IOT) e acoplado o paciente em Ventilação Mecânica. Realizado TC de tórax, com presença de infiltrado em vidro fosco, de aspecto irregular, ocorrendo em 75% da área pulmonar. O mesmo foi encaminhado para UTI, mantido em suporte invasivo, com estratégia protetora pulmonar, introdução de antibioterapia e início de Dexametasona. Após 48 horas, paciente evoluía com melhora dos parâmetros ventilatórios, em programação de desmame de sedação e uso de bloqueador neuromuscular. Entretanto 24horas depois, o paciente evoluiu com quadro de piora dos padrões respiratórios, associado a hipotensão não responsiva a volume. Iniciado uso de drogas vasoativas e realizado Ecocardiograma beira leito e foi evidenciado aumento da Pressão Sistólica da Artéria Pulmonar, como o valor atual de 50 mmHg e Fração de Ejeção 70%. Durante o exame, paciente evolui com Parada Cardiorrespiratória (PCR) em Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP), sendo iniciado manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Após 45 minutos, paciente evolui com ritmo de assistolia e decidido interromper RCP e declarado óbito do paciente. Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. História Patológica Pregressa: Paciente com diagnóstico prévio de HAS, em uso de Losartana, DM2, em uso de Metformina e Glicazida e Obesidade em uso de Orlistat. Refere cirurgia prévia por Colecistite aguda, há 05 anos. Nega outros internamentos ou cirurgias. Nega alergia medicamentosa. Nega transfusão História Fisiológica: Desconhecida. História Familiar: Genitores hipertensos e diabéticos História Social: Casado, Natural de Salvador, trabalha como assistente administrativo; tabagista 10 cigarros/dia. Não usuário de drogas ilícitas; etilista de fermentados e destilados esporadicamente. História Alimentar: Segunda esposa, paciente alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições e com refeições em grande volume. Alimentação rica em carboidratos e gorduras, pobre em frutas, legumes e verduras, além de pouca ingestão de água. Exame Físico (sala vermelha): Geral: Péssimo estado geral, corado, desidratado, anictérico, cianótico, dispneico. Altura 1,70m; Peso 135Kg; IMC 46,71; PA:150x80mmHg; FC130bpm; FR 40ipm; Tax 37,2ºC; SatO2 70% AA Pele: Descorado 2+/IV, com diminuição do turgor e elasticidade, mucosas descoradas, não palpo linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe com hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, com esforço respiratório (tiragens e uso de musculatura acessória). Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular diminuídos globalmente, com respiração agônica (gasping). Ap. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP). Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Abdômen: Globoso às custas de panículo adiposo, presença de víbices, sem circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 12 cm (lobo direito). Espaço de Traube livre. Sem visceromegalias. Abdome indolor à palpação superficial e profunda. Ausência de massas. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Sistema nervoso: Sonolento. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 15 Exames Complementares: TC de tórax: Presença de infiltrado em vidro fosco, de aspecto irregular, ocorrendo em 75% da área pulmonar. Ecocardiograma: Aumento da Pressão Sistólica da Artéria Pulmonar, como o valor atual de 50 mmHg e Fração de Ejeção 70%. Conduta: Solicitado exames laboratoriais da rotina da emergência, colhida hemocultura, coletado RT-PCR para COVID-19, solicitado TC de tórax e Ecocardiograma. Internado paciente em Unidade de terapia intensiva em leito de isolamento. SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA : SECUNDÁRIA AO COVID-19 DEFIN IÇÃO A síndrome respiratória aguda grave é uma infecção por coronavírus que causa sintomas semelhantes aos da gripe. Os coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais. A maioria das infecções por coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, no entanto, podem eventualmente levar a infecções graves “especialmente” em grupos de risco. O SARS- CoV-2 é classificado como um Betacoronavírus do mesmo subgênero da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), porém de outro subtipo. Sua transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio do contato com pessoas sintomáticas (especialmente através das mãos não higienizadas) e pelo contato com gotículas respiratórias oriundas de pacientes. Ainda há controvérsias acerca da transmissão do vírus por pessoas assintomáticas. O período médio de incubação da infecção por SARS-CoV-2 é estimado em 5 a 6 dias, com intervalo que pode variar de 0 a 14 dias. FIS IOPTOLOG IA/ET IOLOGIA : A lesão pulmonar aguda, que origina a SARA, caracteriza-se pela injúria do endotélio e epitélio pulmonar e, conseqüentemente, com a lesão da membrana alvéolo-capilar. Existe uma série de CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 mediadores circulantes, humorais ou celulares, que são imputados como causadores e perpetuadores da síndrome, mas, em geral, sua patogênese consiste em duas vias: a) os efeitos diretos de uma lesão nas células pulmonares; e b) uma resposta inflamatória, sistêmica, aguda, que pode incluir componentes celulares e humorais. A resposta celular envolve neutrófilos, macrófagos/monócitos e linfócitos, os quais têm um papel importante no processo que inclui a adesão, a quimiotaxia e a ativação dos leucócitos. Essa interação intercelular é feita por compostos denominados de moléculas de adesão (adesinas, integrinas e selectinas), que podem regular a expressão das células endoteliais e inflamatórias, tendo um papel fundamental na perpetuação das respostas celulares, inflamatórias, que culminam com a disfunção de múltiplos órgãos. Os eventos envolvidos na resposta inflamatória sistêmica incluem alterações plasmáticas (sistema complemento, coagulação/fibrinólise e cininas), mediadores gerados pelas células (citocinas, mediadores lipídicos, oxidantes, proteases, óxido nítricoe neuropeptídeos) e indução de síntese protéica, um estágio precoce na produção de citocinas. Esses fatores são considerados responsáveis pela injúria celular e alterações no surfactante, com distúrbio da relação ventilação/perfusão, resultando em hipoxemia. As endotoxinas exercem efeito na ativação de sistemas enzimáticos do plasma, complemento e liberação do fator de Von Willenbrand, propiciando fenômenos trombóticos e hipercoagulabilidade, além de ter, também, efeito lesivo, direto no endotélio dos vasos pulmonares MECANISMO DE LESÃO: - O coronavírus se multiplica exatamente na célula que reveste o alvéolo, pneumócitos tipo I e tipo II, destruindo essas células e é por isso que temos um processo inflamatório. Quando é muito extenso tem a destruição do alvéolo, que, por sua vez, não consegue se recuperar. Quando isso ocorre, os pacientes são candidatos imediatos para o transplante de pulmão, porque não tem mais alvéolo, ou seja, não tem mais superfície de troca. Além disso, tem a resposta imune com aquela tempestade de citocinas que faz um processo inflamatório monstro no interstício pulmonar e a parte genética. - Na parte genética, os pacientes graves tinham uma concentração especifica no cromossomo 3p21.31. A outra questão foi do grupo ABO, o tipo A é o que tinha maior risco e o tipo O, maior proteção. Obs: Pacientes COVID-19 são descritos como exibindo ausência de dispneia associada a níveis de oxigênio incompatíveis com a vida → “Hipóxia feliz”. Esse mecanismo tem relação com como a tensão predominante de paCO2 altera a resposta do cérebro à hipóxia (paCO2 >39mmHg); os efeitos da doença e da idade no controle da respiração (resposta ventilatória a hipóxia é reduzida em 50% em > 65 anos e em diabéticos); imprecisão da oximetria de pulso em baixas saturações de oxigênio; mudanças induzidas pela temperatura na curva de dissociação de oxigênio. - Muitos pacientes chegam felizes, conversando, com saturação 80%, mas temos que lembrar que saturação < 90% já é indicação de intubação → o coração precisa de oxigênio e o cérebro também, são dois órgãos que precisam de grande quantidade de O2 e se ele cai o coração começa a bater mais rápido, querendo passar mais sangue para pegar mais O2, só que com isso ele aumenta o trabalho cardíaco e chega uma hora que essa equação não fecha e ela não fechando o indivíduo pode caminhar para uma parada cardíaca ou pode evoluir rapidamente para uma questão de dano cerebral agudo (A HIPOCAPNIA MASCARA A HIPÓXIA → inibe a percepção cerebral). PATOGENIA COVID 19: Ao penetrar na célula humana, os ribossomos da célula hospedeira traduzem as informações contidas neste material genético, produzindo proteínas como a RNA polimerase do vírus. Essa enzima replica o material genético do vírus dentro da célula hospedeira, produzindo primeiro uma fita intermediária de RNA sentido negativo (subgenômica) e, depois, novas fitas sentido positivo. Essas últimas vão compor novas partículas virais, após serem associadas a proteínas virais, como receptores de superfície. A montagem final dos novos vírus ocorre no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi da célula hospedeira. Após a montagem, as partículas saem da célula e estão prontas para infectar outras novas células. - O receptor de ligação da subunidade S1 nas proteínas Spike se liga ao receptor hACE2 que estão presentes principalmente nos pulmões, particularmente pneumócitos tipo II. → Isso leva à subsequente regulação negativa dos receptores hACE2. - Essa regulação negativa de receptores ACE2 pode levar ao aumento da produção de angiotensina-2 (AT2) pela enzima relacionada ACE1. → O aumento da produção de AT2 aumenta potencialmente a permeabilidade vascular pulmonar e pode causar lesão pulmonar. SARS-CoV-2 permite que células apresentadoras de antígeno que se ligam à célula dendrítica de um hospedeiro ativarem macrófagos, levando à reação imunológica grave resultando na liberação excessiva de citocinas próinflamatórias (IFN-α, IFN-γ, IL-1β, IL-6, IL12, IL-18, IL-33, TNF-α, TGFβ, etc.) e quimiocinas (CCL2, CCL3, CCL5, CXCL8, CXCL9, CXCL10, etc.) chamada de ‘tempestade de citocinas". - Tempestade de citocinas: Esses mediadores inflamatórios danificam o revestimento das células epiteliais e atingem a circulação sanguínea onde causam danos a outros órgãos. - Essas interleucinas vão levar a edema pulmonar, dispneia, síndrome respiratória aguda grave e lesão aguda pulmonar. Vão atacar o fígado, levando a lesão hepática, aumentando as transaminases. Essas citocinas também são capazes de levar a agressão renal chegando à insuficiência renal. No sangue, essas citocinas levam a situações pro-coagulantes. Com isso geramos, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio e AVC hemorrágico ou isquêmico. MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS Os sintomas de SARS lembram os de outras infecções virais respiratórias mais comuns, mas são mais graves. Eles incluem febre, dor de cabeça, calafrios e dores CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 musculares, seguidos de tosse seca e, às vezes, dificuldade para respirar. A maioria das pessoas se recuperou em uma a duas semanas. Entretanto, algumas desenvolveram grave dificuldade respiratória e cerca de 10% morreram. - Tromboembolismo pulmonar → o COVID é uma doença trombogênica, por conta da tempestade de citocinas que ativam o sistema de coagulação e fazem com que a COVID19 tenha uma fase de hipercoagulabilidade. - AVCs agudos (tanto isquêmicos quanto hemorrágicos) → Também relacionados ao estado de hipercoagulabilidade. - Injúria miocárdica → Associado à fase de hipercoagulabilidade. Obs: Outros coronavírus já tinham potencial trombogênico. O paciente com COVID que está no respirador pode descompensar com IR, disfunção miocárdica, aumento de transaminases, e isso provavelmente está relacionado ao processo de CIVD (coagulação intravascular disseminada), de modo que hoje em dia já é feita uma coagulação estendida para pacientes na UTI. Resposta pró inflamatória com alteração endotelial e infecções super imposta: Apresenta linfopenia e aumento das citocinas inflamatórias (IL 6, proteína C reativa) e tudo isso vai propiciar a formação de microtrombos pulmonares piorando a ventilação do paciente, coagulopatia intravascular que pode fazer lesão renal. Alguns pacientes fazem injúria miocárdica, começam a fazer esse estado trombogênico e fazem obstrução miocárdica, levando ao aumento dos biomarcadores cardíacos. Aumento do D-dímero associado a esse estado de coagulabilidade, assim como os fatores de degradação da fibrina, tempo de trompombina e as plaquetas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS COVID 19 O espectro clínico da infecção por SARS-CoV-2 é muito amplo. No entanto, os principais sinais e sintomas relatados são: • Febre (≥37,8ºC) • Tosse • Fadiga • Dispneia • Mal estar e mialgia • Sintomas respiratórios do trato superior • Sintomas gastrointestinais (mais raros) Importante ressaltar que o perfil clínico não está estabelecido completamente, necessitando de mais investigações e tempo para caracterização da doença. - Estima-se que pelo menos 30% de todos os pacientes infectados pelo SARS-Cov-2 não tenham sintomas clínicos, e que em torno de 55-60% apresentem sintomas leves gripais como febre, tosse, perda do paladar (ageusia) e olfato (anosmia), mialgias, astenia, dor de cabeça, e menos frequentemente diarreia e mal-estar abdominal. - Após um tempo médio de incubação de cerca de 5 dias, uma infeção típica por COVID-19 começa com tosse seca e febre baixa (38,1-39 °C), frequentemente acompanhada por anosmia e ageusia. Na maioria dos doentes, a COVID-19 permanece leve ou moderado e os sintomas desaparecem numa semana e os doentes geralmente recuperam em casa. Cerca de 10%dos pacientes permanecem sintomáticos até a segunda semana. Quanto mais os sintomas persistirem, maior é o risco de desenvolver COVID-19 mais grave, sendo que poderá exigir hospitalização, terapia intensiva e ventilação invasiva. O resultado da COVID19 geralmente é imprevisível, principalmente em doentes idosos com comorbilidades. O quadro clínico varia de cursos de completamente assintomáticos a cursos rapidamente devastadores. - Entre 10-15% do total de pacientes sejam hospitalizados por sintomas persistentes, e entre 20-40% desses pacientes hospitalizados evoluam para formas graves da doença, principalmente uma pneumonia viral severa. O primeiro estágio da doença, o estágio I, você tem um estágio de resposta viral muito alto, a viremia é muito alta, mas ao mesmo tempo os sintomas são constitucionais, como mal estar, astenia, mialgia, febre, tosse, pode ter diarreia e dor de cabeça e os sinais clínicos seriam linfopenia, aumento do tempo de protrombina e aumento D-dímero e do LDH. O estágio II é a fase pulmonar. Nesse estágio o vírus está se reproduzindo cada vez mais nos pneumócitos e isso vai gerar uma falta de ar, hipoxemia, relação dos fluidos decaindo e você vai ter alterações de imagens pulmonar, principalmente tomografia com infiltrados em vidro fosco periféricos, são muito periféricos, que vão fazendo a partir desses infiltrados periféricos uma “couve-flor” por meio de condensações cada fez mais confluentes. Essa fase pulmonar começa a se associar com uma fase de resposta inflamatória. Então vou ter marcadores inflamatórios, citocinas, aquela tempestade de citocinas com produção de IL-1, IL-6 e várias outras citocinas, aumentando a resposta inflamatória ao mesmo tempo que essa fase de resposta viral vai caindo você vai tendo uma resposta inflamatória muito grande que vai caminhar para a terceira fase que é uma fase de hiperinflamação que você tem SARA (Síndrome da angústia respiratória aguda), choque, insuficiência cardíaca e aumento das proteínas inflamatórias, principalmente IL1,IL6, D- dímero, proteína C reativa e assim por diante. Obs: A fase pró inflamatória não caminha certinho logo depois da fase pulmonar, muitas vezes ela pode vir antes, tendo os marcadores de PCR aumentados. É muito comum que os pacientes internados tenham a febre como um marcador importante. Obs: Febre, tosse e dor de cabeça são muito comuns nos pacientes que vão ser internados. - Os assintomáticos tem uma alta prevalência, e em geral fazem uma resposta muito baixa (praticamente nula) e muitas vezes acabam nem fazendo anticorpos. - Alguns estudos americanos mostraram que os pacientes que têm alteração no olfato possuem comprometimento do nervo olfatório até o bulbo olfatório, então a lesão vai até lá em cima no cérebro e isso justifica a perda do olfato definitiva em alguns pacientes. - A idade é o principal fator que determina o prognóstico, até mais do que algumas comorbidades, CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 como problemas cardíacos e diabetes → Um indivíduo que tem menos que 50 anos o risco dele de ter COVID e morrer é 10 x menor de quem tem 80 anos para cima. - A mulher tem mais ou menos 20% de proteção a mais em relação ao homem e isso é determinado no nascimento. Ainda não sabemos o porquê. COMPLICAÇÕES CARDÍACA: Eles perceberam que um ano após a Covid-19, independente da forma da doença – leve, moderada ou grave, os pacientes que tiveram Covid-19 tiveram um aumento significante de complicações cardíacas ou de doenças que afetam o coração e os vasos. Dentre elas, o infarto agudo do miocárdio, a angina, o acidente vascular cerebral, a embolia de pulmão, a trombose dos vasos, as miocardites, as perdicardites e as arritmias cardíacas. A cardiologista explica que o aumento no risco de problemas cardiovasculares está associado ao desequilíbrio no sistema imunológico ocasionado pela Covid-19, que também acontece em quadros de outras doenças inflamatórias, como o câncer. CIVID Coagulação Intravascular Disseminada (CID ou CIVD), é um processo de coagulação descontrolada que ocorre dentro dos vasos sanguíneos de alguns pacientes, por exemplo daqueles com infecção bacteriana generalizada (sepse ou choque séptico). É um processo grave que pode levar a pessoa ao óbito em poucos dias se não tratado rápida e adequadamente. O que ocorre é que o sangue fluido passa a coagular dentro de artérias e veias, obstruindo a passagem de mais sangue na região afetada. Com a ocorrência da coagulação dentro dos vasos, os órgãos do corpo começam a sentir falta da irrigação adequada de sangue, (que traz alimentos e oxigênio e retira resíduos e gás carbônico da região), causando assim, um maior sofrimento às células e mais danos ao corpo. A doença COVID-19 é causada pelo coronavírus SARS- Cov-2, que se liga a receptores específicos (ACE2) de algumas células, inclusive as células dos vasos sanguíneos (endotélio), facilitando sua entrada nessas células e o ataque às mesmas. Alguns trabalhos têm demonstrado que essa interação acarreta um dano importante aos vasos, propiciando o aparecimento de CID. É esse problema (coágulos nos vasos dos pulmões), um dos principais agravantes que tem levado os pacientes de Covid-19 considerados mais graves, a serem internados em UTIs e serem, por vezes, acoplados a respiradores artificiais por insuficiência respiratória. Nesses casos (embora ainda não totalmente confirmado), o uso de anticoagulantes a base de heparina (que evitam ou amenizam esses eventos de coagulação descontrolada) tem contribuído para a melhora desses pacientes. D IAGNÓST ICO : O diagnóstico de referência é a reação de amplificação da cadeia de polímeros (PCR) que consiste em amplificar seguimentos específicos só da COVID. Atualmente, temos o teste rápido de antígeno que é semelhante e tem também os anticorpos como o IgA, que é só secretória, na parte respiratória tanto nasal quanto na parte mais inferior, que começa a ser medido a partir do 5º dia, tendo IgM podendo permanecer por até 2 meses e a partir do 7º ao 10º dia tem IgG. A IgA geralmente a gente não mede porque ela está nas mucosas, mas tem kits para medir a IgA. - O RT-PCR continua sendo o teste laboratorial de escolha para diagnóstico em pacientes sintomáticos na fase aguda (1 a 12 dias de sintomas). → O positivo confirma a infecção pelo SARS-CoV-2, mas o negativo não exclui. O teste RT-PCR detecta o RNA viral e possui elevada especificidade e sensibilidade, portanto, é o padrão- ouro no diagnóstico da COVID-19. Como dito anteriormente, os níveis de RNA viral nas amostras do TRS são maiores no início dos sintomas sendo este portanto o melhor momento para realizar o RT-PCR entre o 3º e 7º dia do início dos sintomas. No entanto, sabe-se que em alguns pacientes o PCR costuma permanecer positivo mesmo após o fim dos sintomas. EXAMES COMPLEMENTARES: CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS: - Características laboratoriais que chamam atenção desses pacientes que vão ser internados: linfopenia absoluta (número de linfócitos < 1000), que variam nesses estudos de 25 a 82%. A linfopenia pode acontecer, normalmente, pela própria infecção do SARS-CoV-2 de uma forma leve, tendo uma linfopenia transitória, depois ele recupera e acabou, já está bem. Mas aquele paciente que se mantém constantemente com linfopenia não é um bom sinal, do mesmo jeito que febre não é um bom sinal. COVID é para ter febre 3 dias no máximo, paciente tem 6, 7 dias de febre vai ser internado. Outro marcador importante é a proteína C reativa, principalmente se for > 10 mg/dl ou 100 mg/l. EXAMES SOLICITADOS: D-DÍMERO E FIBRINOGENIO O dímero-D é um marcador biológico que está presente no sangue quando existe degradação da fibrina, uma proteína que está envolvida com a formaçãode coágulos. Assim, quando existem alterações no processo de coagulação, é esperado que exista uma maior quantidade de dímero-D circulante. O exame de D-dímero é recomendada pelo médico para avaliar o risco de trombose e de tromboembolismo pulmonar, sendo principalmente indicada após cirurgias, após grandes traumas, como acidentes, por exemplo, e durante a gravidez. https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/coracao/ https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/coracao/ https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/sistema-imunologico/ CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 O valor de referência de dímero-D no sangue é de até 0,500 µd/mL ou 500 ng/mL, sendo importante investigar a causa no caso de valores aumentados, o que pode ser feito através de outros exames de sangue como hemograma, marcadores do fígado e proteína C reativa, por exemplo. A dosagem de dímero-D é normalmente indicada para confirmar ou descartar a possibilidade de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar, já que esse marcador está aumentado nessas situações. Dessa forma, além de servir para descartar a ocorrência de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, a dosagem do dímero-D também pode ser útil na investigação de situações que podem interferir na coagulação, como problemas cardíacos e inflamações, por exemplo. O aumento do dímero-D é um achado laboratorial comum em casos de COVID-19, isso porque na tentativa do organismo de combater o vírus responsável pela doença, há liberação de grande quantidade de citocinas, o que provoca lesão nos vasos sanguíneos e ativa a cascata de coagulação. Dessa forma, há ativação de grande quantidade de fibrina e, consequentemente, da via responsável por degradar essa proteína, aumentando os níveis de D- dímero circulantes. Dessa forma, o aumento dos níveis desse marcador no sangue podem ser indicativos de infecção e, dependendo dos valores, podem ser sugestivos de maior gravidade de COVID-19 e do risco de coagulação intravascular e trombose, sendo nesses casos necessário internamento. No entanto, é importante também que sejam avaliados os níveis de fibrina, quantidade de plaquetas e tempo de protrombina e os sintomas apresentados pela pessoa. TRATAMENTO : Até o momento, o tratamento da COVID-19 é sintomático e de suporte, ou seja, não há até então tratamentos eficazes direcionados para eliminar o vírus do organismo. No caso do tratamento sintomático, boa parte se resume ao uso de antipiréticos e analgésicos para controle da febre e dor. Diretriz recente publicada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tissologia (SBPT) apresentou uma relação de medicamentos que vêm sendo estudado neste período da pandemia e que por vezes causam nos profissionais de saúde e população em geral diversas dúvidas quanto seu benefício ou não no tratamento da COVID-19. Esta diretriz é amparada em evidências científicas e com base nestas apenas o uso de heparina em dose profilática (devido ao maior risco destes pacientes desenvolverem complicações trombóticas) e antibacterianos (em caso de suspeita de infecção associada) foram recomendados para o tratamento de condições associadas à COVID-19. Ou seja, medicamentos muito aventados como: hidroxicloroquina, oseltamivir, lopinavir, heparina em dose terapêutica, corticoides e tocilizumabe não possuem recomendação de uso para tratamento farmacológico da COVID-19 devido a ausência de evidência científica para tal. Além disso, para pacientes com quadro moderado/grave/crítico costuma ser necessário oferecer suporte de oxigênio que pode ser realizado através de cânula nasal para até 5L/ min, Venturi 6-10 L/min, porém cateter nasal de alto fluxo (CNAF) e ventilação não invasiva como CPAP/ BiPAP não devem ser uma indicação de rotina devido ao potencial de disseminação de aerossóis que estes dispositivos acarretam. Em algumas situações como na SDRA o paciente pode se beneficiar de CPAP/BiPAP, assim como o uso de CNAF em pacientes hipoxêmicos reduz a necessidade de IOT, porém é importante que a equipe esteja devidamente paramentada, saiba oferecer o suporte ao paciente e que o mesmo esteja em um quarto com pressão negativa. Recentemente, o estudo RECOVERY publicado pela Universidade de Oxford mostrou que pacientes com suporte ventilatório (invasivo ou não) se beneficiam do uso da dexametasona 6mg/1vez ao dia/por 10 dias devido ao impacto deste medicamento na redução da mortalidade nesse perfil de pacientes.
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