Metodologia Português - cap 1 - Língua, Linguagem e Leitura

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Conteúdos e 
Metodologias no Ensino 
de Lingua Portuguesa
Língua, Linguagem e Leitura
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD
Desenvolvimento do material: Luciana Santos
1ª Edição
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Sumário
Língua, Linguagem e Leitura
Para Início de Conversa... ............................................................................... 4
Objetivos ......................................................................................................... 5
1. Fundamentos dos Termos Essenciais da Língua Portuguesa ........ 5
1.1 Língua ........................................................................................................ 5
1.2 Linguagem ............................................................................................... 7
2. Particularidades da Leitura e da Língua Portuguesa ...................... 10
2.1 Espaço para Leitura .............................................................................. 10
2.2 Estratégias Pedagógicas ..................................................................... 11
2.3 Competências Leitora e Escritora .................................................... 11
Referências ......................................................................................................... 12
Conteúdos e Metodologias no Ensino de Lingua Portuguesa 3
Para Início de Conversa...
A Língua Portuguesa está presente em nosso dia a dia e, por isso, não 
costumamos notar as suas especificidades. Para iniciar, serão destacados 
alguns aspectos fundamentais. O português do Brasil é falado por 
milhares de pessoas ao redor do mundo e está presente nos continentes 
europeu, asiático, africano e americano. Além disso, devemos considerar 
a questão territorial. Devido à sua extensão, o Brasil apresenta uma 
enorme diversidade cultural e linguística. 
Uma das características é o grande número de sotaques presentes 
em nosso país. Deduzimos corriqueiramente a origem de uma pessoa 
pela pronúncia de certos vocábulos. Esse fenômeno está presente em 
nossa realidade e, por esse motivo, deve ser considerado no processo 
educacional, ou seja, nas escolas.
Além do Brasil, é o idioma oficial em mais oito países: Portugal, 
Moçambique, Angola, Timor Leste, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, 
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (CPLP, 2008). O Brasil é o maior país 
em extensão territorial e representa 80% dos falantes do português, 
incorporando, assim, uma enorme diversidade linguística. 
Neste capítulo, serão apresentados aspectos relacionados ao ato 
comunicativo, envolvendo os conceitos de língua, linguagem e leitura e a 
inter-relação entre esses conceitos no processo de ensino-aprendizagem, 
considerando o aluno como um falante de língua portuguesa que 
está inserido em uma esfera social que influencia todo o processo de 
aquisição linguística.
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Objetivos
 ▪ Analisar os fundamentos históricos da Língua Portuguesa. 
 ▪ Identificar as diferenciações entre Língua, Linguagem e Leitura a 
partir de aspectos linguísticos. 
1. Fundamentos dos Termos Essenciais da 
Língua Portuguesa
A área em que está inserida a Língua Portuguesa tem como base a 
linguística e, por esse motivo, faz-se necessária uma introdução acerca 
desse assunto.
A Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana, 
sendo a Linguística Aplicada uma ramificação da Linguística que 
utiliza determinados conceitos para discutir casos práticos para análise 
das línguas. Os conceitos de fala e língua são importantes para o 
delineamento do estudo proposto e, por esse motivo, serão descritos a 
seguir.
1.1 Língua
A fala, para Saussure, é um “ato individual de vontade e inteligência” 
(SAUSSURE, 2012, p. 22), ou seja, a fala é tudo o que é produzido 
pelos lábios, é o uso social da língua, realizada de maneira individual 
e particular. Já a língua é um sistema composto de signos linguísticos 
cunhados historicamente e socialmente que regem padrões sonoros 
e normas que lhe dão forma e sentido. Sendo assim, o indivíduo se 
apropria de uma determinada língua a partir do meio social em que está 
inserido e interage com outras pessoas, comunicando-se com elas de 
forma escrita, oral ou gestual. 
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De forma prática, podemos considerar que nós (pessoas ouvintes) somos 
falantes nativos do português do Brasil, ou seja, a língua portuguesa é 
a primeira língua com a qual tivemos contato e, por isso, desde bebê 
estamos cercados pela influência dela. Não lembramos do momento 
em que iniciamos a produção da fala, mas provavelmente reproduzimos 
tudo o que temos à nossa volta.
Sendo assim, geralmente os membros da família (pai, mãe, avós) 
revelam o contato inicial do indivíduo com a língua. Esse momento deve 
ser repleto de estímulo para a fala inicial (oralidade) e, posteriormente, 
após a alfabetização, para o gosto pela leitura e escrita da língua. É por 
esse motivo que a influência da família é de extrema importância para 
a produção da fala do indivíduo. Nesta fase inicial, o falante tem contato 
apenas com os membros de sua família e o convívio social designado 
por eles.
Figura 1: Interação em família: convívio social. Fonte: Dreamstime.
Em um momento futuro, observa-se a inserção do falante em um 
ambiente escolar, sendo essa uma experiência fundamental para seu 
desenvolvimento linguístico. É nesse contexto que o indivíduo inicia o 
contato com o ambiente escolar, ou seja, com a língua culta, além de 
todos os saberes necessários para a sua formação. Sendo assim, a escola 
tem um papel fundamental na formação do educando, pois deverá 
“garantir aos seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários 
para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos” (BRASIL, 1997, 
p. 21).
Diante desse contexto, destaca-se que o professor de língua portuguesa 
tem uma enorme responsabilidade, pois deverá propiciar o contato e 
acesso à língua culta e oferecer condições para que o aluno compreenda 
as diferentes normas linguísticas e as aplique de forma satisfatória em 
seus textos orais e escritos, de forma a contribuir para a formação de 
um cidadão protagonista e crítico. É de extrema importância que, nesse 
contexto, sejam considerados os diferentes fenômenos da linguagem e 
da pluralidade cultural em que o educando está inserido, assim como o 
background do convívio familiar vivenciado na primeira infância.
A língua culta é aquela falada de acordo com as normas gramaticais. 
Geralmente a encontramos nos livros didáticos e jornais. A língua culta 
pode ser utilizada de forma oral ou escrita. 
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1.2 Linguagem
No início do século XX, a afirmação de Saussure de que a língua é um 
instrumento de comunicação, e não uma representação do pensamento, 
que existiria independentemente da formalização linguística, desfaz 
aquilo que Lyons (1979) considera o erro clássico no estudo da 
linguagem, isto é, a separação rígida entre língua escrita e língua falada 
e a percepção de que a comunicação seria responsável pela deterioração 
da língua e pela desorganização gramatical das línguas.
Ao adotarem essa concepção de linguagem, alguns estudiosos 
introduziram a investigação sobre a comunicação humana como uma 
das preocupações da Linguística.Quais são, portanto, as principais 
características da comunicação humana verbal e não verbal?
Figura 2: Linguagem não verbal. Fonte: Dreamstime.
Um gesto como o da Figura 2 
significa “pare”. Mesmo sem o uso 
de linguagem verbal, qualquer 
pessoa, de qualquer país, falante 
de qualquer idioma, conseguiria 
reconhecer a mensagem 
representada na imagem. Essa é a 
linguagem não verbal. 
Estudar a língua não faria tanto 
sentido se não tivéssemos em vista um 
objetivo maior, mais definido, mais próximo 
de uma realidade, que nos instiga a cada momento: a necessidade de 
comunicação. E quando falamos em comunicação, podemos pensar nas 
muitas maneiras de entrar em contato com o mundo que nos cerca, 
já que, em última instância, toda ação humana é também uma ação 
comunicativa, sobretudo se pensarmos na natureza essencialmente 
social do homem. O próprio sentido etimológico da palavra comunicação 
pressupõe uma interação social de larga escala, uma vez que a ação de 
comunicar exprime a atitude de tornar comum uma ideia. Nesse sentido 
mais amplo, podemos pensar nas várias maneiras de estabelecer uma 
comunicação: por meio da linguagem verbal, da expressão musical, da 
mensagem pictórica, da escrita, etc.
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Figura 3: Expressão artística. Fonte: Dreamstime.
Observe a pintura abstrata apresentada na Figura 3. A partir dela, 
podemos identificar vários elementos, ou seja, diferentes formas pelas 
quais o artista está se comunicando com as pessoas que entram em 
contato com sua obra. É uma expressão artística não verbal, porém 
repleta de elementos que geram significado. As cores e formas nos 
revelam impressões significativas que são perceptíveis e variam de 
acordo com cada pessoa que as vê.
A rigor, não há comunicação verbal sem palavras, que são elementos 
essenciais da expressão linguística, fato já figurado na origem do termo 
latino verbum (palavra). Portanto, uma comunicação adequada depende, 
no final das contas, do emprego adequado das palavras. Polissêmicas por 
natureza, elas necessitam, contudo, de um contexto determinado, para 
que possam alcançar um sentido preciso e, assim, a mensagem cumpra 
sua função comunicativa.
Contudo, se uma determinada mensagem cumpre a função de comunicar, 
cabe perguntar qual seria, de fato, a função da comunicação propriamente 
dita. A resposta, embora complexa, pode ser resumida da seguinte 
maneira: a comunicação pode possuir três funções básicas. Primeiro, 
ela é utilizada pelo remetente da mensagem com o intuito de obter 
uma resposta adequada do destinatário, isto é, uma reação esperada, 
sem a qual a comunicação não se efetiva formalmente; segundo, ela 
é empregada para expor um pensamento, ou seja, para que se possa 
tornar comum ao destinatário o pensamento do remetente; terceiro, ela 
é empregada com a intenção de persuadir o ouvinte, a fim de que ele se 
convença das ideias do remetente.
Já não constitui, pois, novidade alguma o fato de que a linguagem possui 
funções diversas, de acordo com a espécie e o objetivo da mensagem 
veiculada.
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Vejamos, na sequência, o resumo de um ensaio fundamental para a 
compreensão mais detalhada dos elementos que compõem a estrutura 
da comunicação, mas principalmente das funções da linguagem.
O autor dessas explicações é Roman Jakobson. Em seu célebre ensaio 
Linguística e poética (1969), o linguista russo isola os seis fatores que 
intervêm no ato da comunicação verbal: um EMISSOR (remetente) 
envia uma MENSAGEM a um RECEPTOR (destinatário) por meio de um 
CANAL. Essa mensagem construída com um código parcialmente comum 
ao remetente e ao destinatário refere-se a um CONTEXTO (realidade 
referencial). 
Figura 4: Modelo comunicativo. Fonte: Jakobson (2007, p. 123).
Mensagem
Emissor
Código
Canal
Referente
Receptor
Como vemos, os seis fatores participam de um processo de comunicação: 
um emissor põe-se em relação comunicativa com um receptor, 
construindo com os elementos de um código (português, inglês etc.) 
uma mensagem que alude a um contexto e passa, por meio de um canal, 
do primeiro indivíduo para o segundo.
Sendo assim, para todo ato comunicativo, temos os seis elementos 
constituintes: emissor, mensagem, canal, receptor, contexto e código. Em 
uma aula de língua portuguesa, por exemplo, o professor está explicando 
oralmente a função da literatura. Temos:
1. emissor: professor
2. receptor: aluno
3. canal: fala (ar)
4. mensagem: função da literatura
5. código: língua portuguesa - falada - código 
verbal
6. contexto: aula de língua portuguesa
É importante pensarmos que tanto a língua 
(organização formal de códigos) como a 
linguagem (qualquer modo de comunicação 
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– verbal ou não verbal) fazem parte do nosso cotidiano e sofrem a 
influência do meio em que vivemos. Sendo assim, o desenvolvimento 
linguístico está intimamente ligado ao contato direto com outras 
pessoas. Um aluno, por exemplo, que diariamente utiliza gírias, terá o 
repertório linguístico contemplando esses termos.
Tratando-se de atos comunicativos chamamos de “ruídos” uma 
interpretação errônea ou equivocada, ou seja, quando a mensagem 
emitida pelo emissor não é compreendida pelo receptor.
2. Particularidades da Leitura e da Língua 
Portuguesa
A leitura é uma das habilidades mais utilizadas entre os falantes de uma 
língua. O gosto pela leitura inicia nos primeiros anos de vida, quando 
ainda no ambiente familiar. Os pais proporcionam o contato com o 
livro e as primeiras contações de história. Esse momento é de suma 
importância, pois proporciona o primeiro contato com a leitura.
2.1 Espaço para Leitura
O hábito e o gosto pela leitura são desenvolvidos ao longo da vida, 
porém é na primeira infância que essas competências podem e devem 
ser desenvolvidas.
Figura 5: Estímulo à leitura. Fonte: Dreamstime.
A escola deve proporcionar um ambiente propício para que o estímulo à 
leitura seja de fato concretizado. A biblioteca é um dos espaços que deve 
ser utilizado continuamente pelos alunos. Algumas instituições também 
oferecem espaço para a brinquedoteca, espaço onde alunos podem 
usufruir de brinquedos que propiciem atividades lúdicas, como: teatro, 
contação de histórias, jogos, entre outros.
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Os espaços destinados à leitura são de extrema importância para que a 
criança tenha referências e crie o hábito de visitar esses espaços. 
2.2 Estratégias Pedagógicas
Os projetos envolvendo a leitura também são fundamentais para que 
os alunos estejam engajados em situações para desenvolvimento 
da competência leitora, como o “Sarau literário”. Esse é um excelente 
momento para os alunos declamarem poemas e apresentarem suas 
respectivas produções.
Outra sugestão é utilizar recursos para que os alunos tenham acesso 
contínuo aos livros, como a biblioteca volante, em que os alunos podem 
realizar empréstimos semanais para leitura.
O professor também pode proporcionar momentos diferentes para 
que a leitura seja uma atividade prazerosa: leitura silenciosa, leitura 
compartilhada, leitura direcionada, leitura livre, leitura em ambiente 
externo (parque, jardim se houver), entre outras. O estímulo à leitura em 
família também deve acontecer. É sempre gratificante poder compartilhar 
com as pessoas que convivemos.
2.3 Competências Leitora e Escritora
Você já deve ter ouvido falar no termo “leitor ávido”. É um termo utilizado 
para designar uma pessoa que lê bastante, ou seja, que está sempre 
lendo algo.
É fato que alguém que escreve bem é uma pessoa que lê muito. A leitura 
proporciona a aquisição de um repertório linguístico extremamente rico.
O professor de língua portuguesa tem a grande responsabilidade 
de proporcionar atividades que favoreçam o desenvolvimento das 
competências leitora e escritora.
Se pensarmos na função social da língua e da linguagem, retomamos 
também a funçãoda leitura, que é de extrema importância para 
a formação de cidadãos críticos e conscientes de sua realidade. A 
literatura proporciona um universo de conhecimento, o professor deve 
ser o mediador, ou seja, o mentor para interpretação das palavras e do 
conteúdo implícito, ou seja, do que não está exposto no texto.
Esse processo é fundamental para despertar o interesse pela leitura 
e formar um leitor crítico, ou seja, aquele que consegue inferir 
conhecimento e também a sua opinião acerca do conteúdo lido, 
expressando-se por meio de produção escrita ou falada.
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A língua portuguesa é muito rica e desperta o interesse de muitos 
estudiosos. Falada por milhares de pessoas, apresenta um repertório 
vasto, repleto de variações linguísticas, que é encontrado nos diferentes 
estados, cidades e municípios do Brasil.
Nesse contexto, é importante ressaltar alguns conceitos importantes. 
A fala é a emissão do som no momento do ato comunicativo. Ela é 
individual, particular e, por isso, espontânea. A língua é o sistema 
linguístico regido por regras. No pensamento, temos incorporada a língua 
que é utilizada no meio social por intermédio da fala ou da escrita. 
A linguagem é o uso de instrumentos para estabelecer a comunicação. 
Pode-se expressar utilizando uma música, um poema, uma imagem, uma 
pintura, uma dança, enfim, o ato comunicativo pode ser estabelecido a 
partir de diferentes formas de linguagem verbal ou não verbal.
A escola e, consequentemente, o professor de língua portuguesa têm 
papel fundamental no processo de desenvolvimento linguístico do aluno. 
São responsáveis por dar acesso à língua culta e oferecer condições 
à formação leitora do indivíduo a fim de torná-lo um protagonista, 
contribuindo para a formação de um cidadão crítico.
Criar espaços e situações que garantam o desenvolvimento das 
competências leitora e escritora são de suma importância para o 
processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Língua 
Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CPLP. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Estados-membros. 
2008. https://www.cplp.org/id-2597.aspx. Acesso em: 21 mar. 2021.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 21 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.
LYONS, J. Introdução à linguística teórica. São Paulo: Nacional, 1979.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 28 ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
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