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DOENÇA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS ANTERIORES RINITE IDIOPÁTICA DEFINIÇÃO É uma afecção muito comum em felinos. Sinonímias: rinosinusite crônica felina ou rinite Sinais clínicos: resposta inflamatória excessiva da mucosa nasal, congestão, secreção nasal, espirros ETIOLOGIA · Alérgica ou não alérgica · Infecciosa · Corpo estranho · Tumores, pólipos · Idiopática - ambiente (sazonalidade, fatores desencadeantes) · Fatores concomitantes (atopia, conjuntivite, rinosinusite, asma) · Sequela de infecção pelo Herpes tipo 1 · Dano permanente a mucosa · Lise óssea · Dano do epitélio ciliar · Aumento ou acúmulo de muco · Inflamação neutrofílica ou mista com bactérias · Hiperplasia epitelial · Fibrose TRATAMENTO · Reduzir agentes irritantes do ambiente (fumaça, perfumes, lareira) · Lavagens nasais · Descongestionantes tópicos · Vaporizador · Limpeza de carpetes, móveis e cortinas · Purificador de ar - umidificar o ambiente Infecção bacteriana secundária: · Antibióticos: amoxicilina, doxiciclina, ampicilina, sulfadiazina e trimetoprim, cefalexina · Comum recidiva com suspensão do tratamento · Tratamento por 1 semana após cura clínica DOENÇA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS POSTERIORES BRONQUITE EM FELINOS DEFINIÇÃO Doença inflamatória multifatorial que afeta as vias respiratórias inferiores, provocada por uma reação imune exagerada a algum (ns) alérgeno (s) inalado (s) - reação de hipersensibilidade tipo 1. Sinonímias: “asma alérgica felina”/bronquite alérgica aguda · Diferenciar da bronquite crônica: causa lesões permanentes, sem inflamação · Acomete 1-5% da população felina: siamês e SRD · Frequente em gatos jovens e adultos (média de 1- 5 anos) · Nem sempre ocorre alteração no exame físico (ACP) · Tosse em felinos raramente é associada a doença cardíaca. RESPOSTA INFLAMATÓRIA · Hiper-responsabilidade do sistema imune · Limitação ou obstrução do fluxo aéreo · Remodelamento do tecido respiratório FATORES PRECIPITANTES Agravamento após exposição a potenciais alérgenos ou agentes irritantes ou infecções respiratórias. Tende a piorar com estresse ou exercício. · Repelentes, produtos de limpeza, poluição, poeira, produtos em spray, perfumes... FISIOPATOGENIA Aumento da produção de muco, devido às vias aéreas dos gatos serem muito reativas, predispostas a broncoconstrição. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Doença progressiva: · Tosse curta e ocasional com remissão espontânea após terapia, pode evoluir para tosse diária e persistente (várias vezes ao dia/qualquer época do ano) · Tosse produtiva e contínua e dispneia aguda · Dispneia intensa e com frequência variável (aparecimento agudo) - pode ou não ter som · Desconforto respiratório · Respiração ruidosa · Sibilos · Vômito, náusea e redução de apetite Obs.: alguns gatos permanecem assintomáticos entre episódios de crises agudas. Pode evoluir para pneumonia, mas não é comum. Raramente é associada a doenças cardíacas. EXAME FÍSICO · Casos graves: auscultação cardiopulmonar – sibilos, expiratórios, crepitação (estertores) · Dispneia · Taquipneia: ausência de alterações sistêmicas · Obs.: nem sempre alteração no exame físico (ACP) DIAGNÓSTICO · Hemograma: eosinofilia periférica (< 20- 50 %) · Coproparasitológico: técnicas de flutuação e de “Baerman” · Sorologia ELISA para dirofilariose (endêmicas) · Radiografia cervical e torácica (lembrar que alterações clínicas podem preceder alterações radiográficas) · Tomografia computadorizada · 4DX · Lavado broncoalveolar* - consenso de que é o exame mais importante nesse caso, também utilizado para monitoração antes de suspender medicações (assintomáticos) · Broncoscopia + cultura (Mycoplasma) e antibiograma (sugestivo para eosinófilos) *Lavagens periódicas antes de suspender corticoide (mesmo assintomático pode exibir inflamação). Padrão bronquial “donuts” e “railway lines” (não é específico) Lavado broncoalveolar (broncoscopia) TRATAMENTO Objetivos do tratamento: reduzir inflamação e broncoconstrição. QUADROS CRÔNICOS Mínimo de 2 crises por semana: · Controle de peso (maior expansão torácica) · Modificações ambientais: sempre que possível identificar e eliminar o alérgeno · Filtro de ar (HEPA), limpeza regular do ambiente, troca de areia · Qualquer resposta benéfica geralmente em 1-2 semanas · Inalação em quadros leves ou associado a tratamento sistêmico · Glicocorticoides em dose anti-inflamatória · Broncodilatadores Inalação: fluticasona/budesonida - pode demorar 10 dias para se obter efeito máximo, difícil acertar a dose. Agitar o inalador e pressionar aproximadamente 10 “respiradas” BID em narina e boca). Se repetir, aguarda no mínimo 1-2 minutos. Não utilizar n-acetilcisteína para nebulização, não pode ser inalado. Glicocorticoides: prednisolona oral: 1-2 mg/kg/BID de 7-10 dias, menor dose 2-3 meses Obs.: Gatos são mais resistentes aos efeitos colaterais dos corticoides do que os cães. Tratamento previne progressão e supressão da inflamação e redução do remodelamento (lesão irreversível). QUADROS AGUDOS · Sedação injetável: tramal, buprenorfina · Oxigenioterapia · Broncodilatadores injetáveis, VO apenas após estabilização · Terbutalina (agonista β2-adrenérgico - Bricanyl): dose 0,01 mg/kg IV/IM/SC a cada hora até 6x/dia · Dexametasona injetável: dose 0,2 -0,5- 2,2 mg/kg IV/IM · Broncodilatadores por inalação - albuterol: 5-10 nebulizações com 1-2 sessões a cada 30 a 60 min enquanto ocorrer broncospasmo (não realizar uso prolongado, evitar mais de 2 semanas) Obs.: Corticoide com β2-agonista (albuterol): medicamento de alívio, não de manutenção. Importante: em casos de bronquite bacteriana utilizar atb pelo menos 1 semana após resolução dos sintomas. PROGNÓSTICO · Prognóstico é bom em caso de controle das manifestações, mas não para cura. · Prognóstico reservado em caso de insuficiência respiratória grave (risco de morte súbita) BRONQUITE EM CÃES ETIOLOGIA · Animais de meia-idade/idosos (>6-8 anos) · Raças de pequeno/médio porte · Início insidioso, obesidade acentua sintomatologia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Tosse crônica (>2 meses), produtiva e persistentes com períodos de remissão · Tosse seca/produtiva durante à noite · Tosse paroxística precipitada por exercício/agitação · Comorbidades: doença cardíaca e colapso de traqueia · Taquipneia/dispneia · Sem alterações sistêmicas TRATAMENTO Objetivo: controlar os sinais clínicos e evitar a progressão da doença para fibrose pulmonar. Modificação ambiental: · Evitar fatores agravantes (agitação, estresse, fumaça de cigarro, pó, perfumes, filhotes com alteração respiratória, coleiras...) sempre! · Umidificadores, limpeza de forma regular de tapetes, carpetes, cortinas, lareiras · Utilização de higienizador de ar, substituição frequente dos filtros de ar Cuidado: controle obesidade e de infecção secundária sempre que estiverem presentes para não se tornarem agravantes. Corticoides inalatórios: fluticasona 100 ug – 6-8 “respiradas” BID Supressores da tosse: cautela! Efeito colateral é a sedação. Codeína: se a tosse não deixa o animal descansar (ou os seus proprietários) ou provoca síncope. Fluidificantes: facilitar eliminação de muco. Fisioterapia: percussão torácica (tapotagem X caminhada) Broncodilatadores: metilxantinas favorecem depuração muco ciliar e previne fadiga diafragmática (teofilina, aminofilina) · Teofilina: tem efeito anti-inflamatório sinérgico com corticoide, mas não pode ser associado com fluorquinolona (intoxicação) · β-agonistas: terbutalina, salmeterol, salbutamol · Hipertensão pulmonar: sildenafil 2-5mg/kg TID. Profilaxia dentária: manutenção da saúde oral. Infecções bacterianas secundárias: doxicilicna/fluroquinolona/azitromicina 7-10 dias e uma semana após resolução clínica. Tapotagem PREVENÇÃO · Vacinação múltipla e/ou vacina contra Bordetella bronchoseptica · Monitoração por toda a vida do animal PNEUMONIA · · Mais comum em cães devido a bactéria · Em gatos é mais grave pode ser secundário a bronquite · Causas virais: cinomose · Protozoários: não é comum · Radiografia: brônquios mais claros
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