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PROFESSORA CAMILLE XAVIER DE MATTOS. SÃO GONÇALO, 02 DE JUNHO DE 2022. UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA. A MULHER NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE I e II. PRÉ-NATAL Número de consultas Marcação de Consultas Pré-Natais ❖ Até 28º semana gestacional = mensal ❖ Da 28ª até a 36ª semana gestacional = quinzenal ❖ A partir da 36ª semana gestacional até o parto = semanal ❖ O acompanhamento só se encerra após 42 dias de puerpério! ❖ Não existe alta do pré-natal. 1º Trimestre 1 consulta no primeiro trimestre. 2º Trimestre 2 consultas no segundo trimestre. 3º Trimestre 3 consultas no terceiro trimestre. NO MÍNIMO, 6 CONSULTAS, PREFERENCIALMENTE: Consulta de enfermagem/enfermeira(o) na atenção à gestante A consulta de enfermagem é uma atividade independente, realizada privativamente pelo enfermeiro. Tem como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa. O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87. Durante a consulta de enfermagem, além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para isso, o enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculo. Assim, ele poderá contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua família e comunidade, exercendo assim papel educativo. Diagnóstico de gravidez Para ampliar a captação precoce das gestantes, o Ministério da Saúde, por intermédio da Rede Cegonha, incluiu o Teste Rápido de Gravidez nos exames de rotina do pré-natal, que pode ser realizado na própria UBS, o que acelera o processo necessário para a confirmação da gravidez e o início do pré- natal. Toda mulher da área de abrangência da unidade de saúde e com história de atraso menstrual de mais de 15 dias deverá ser orientada pela equipe de saúde a realizar o Teste Imunológico de Gravidez (TIG), que será solicitado pelo médico ou enfermeiro. Este teste é considerado o método mais sensível e confiável, embora seja também um teste caro. Diagnóstico de gravidez A dosagem de gonadotrofina coriônica humana (ßHCG) para o diagnóstico precoce da gravidez, com a utilização de medidas quantitativas precisas e rápidas, tornou este teste mundialmente reconhecido para confirmar a ocorrência de gravidez. O ßHCG pode ser detectado no sangue periférico da mulher grávida entre 8 a 11 dias após a concepção. Os níveis plasmáticos aumentam rapidamente até atingir um pico entre 60 e 90 dias de gravidez. A maioria dos testes tem sensibilidade para detecção de gravidez entre 25 a 30mUI/ml. Resultados falsos positivos ocorrem na faixa entre 2 a 25mUI/ml. Níveis menores que 5mUI/ml são considerados negativos. Níveis acima de 25mUI/ml são considerados positivos. Roteiro da primeira consulta Anamnese e Exame físico; Avaliação dos fatores de risco gestacional. ❖ Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. ANAMNESE Os principais componentes podem ser assim listados: (i) data precisa da última menstruação; (ii) regularidade dos ciclos; (iii) uso de anticoncepcionais; (iv) paridade; (v) intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; (vi) detalhes de gestações prévias; (vii)hospitalizações anteriores; (viii) uso de medicações; (ix) história prévia de doença sexualmente transmissível; Roteiro da primeira consulta (x) exposição ambiental ou ocupacional de risco; (xi) reações alérgicas; (xii) história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações; (xiii) gemelaridade anterior; (xiv) fatores socioeconômicos; (xv) atividade sexual; (xvi) uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; (xvii) história infecciosa prévia; (xviii) vacinações prévias; (xix) história de violências. Roteiro da primeira consulta História clínica Gestação atual: Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida); Peso prévio e altura; Sinais e sintomas na gestação em curso; Hábitos alimentares; Medicamentos utilizados na gestação; Internação durante a gestação atual; Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas; São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos fetais, realização do teste de estímulo sonoro simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser incluídos na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. Exame físico No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. Nas visitas subsequentes, torna-se obrigatório medir a altura uterina, pesar a paciente, mensurar a pressão arterial, verificar a presença de anemia de mucosas, a existência de edemas e auscultar os batimentos cardíacos fetais. Deve-se avaliar o mamilo para lactação. A definição da apresentação fetal deverá ser determinada por volta da 36ª semana. Exame físico Exame físico geral: Inspeção da pele e das mucosas; Sinais vitais: aferição do pulso, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar; Palpação da tireoide , região cervical, supraclavicular e axilar (pesquisa de nódulos ou outras anormalidades); Ausculta cardiopulmonar; Exame do abdome; Exame dos membros inferiores; Determinação do peso; Determinação da altura; Cálculo do IMC; Avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional; Medida da pressão arterial; Pesquisa de edema (membros, face, região sacra, tronco). Palpação obstétrica; Medida e avaliação da altura uterina; Ausculta dos batimentos cardiofetais; Registro dos movimentos fetais; Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess); Exame clínico das mamas; Exame ginecológico (inspeção dos genitais externos, exame especular, coleta de material para exame colpocitopatológico, toque vaginal). Obs:. O exame físico das adolescentes deverá seguir as orientações do Manual de Organização de Serviços para a Saúde dos Adolescentes. Exame físico específico (gineco-obstétrico) Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames complementares: Hemograma; Tipagem sanguínea e fator Rh; Coombs indireto (se for Rh negativo); Glicemia de jejum; Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; Teste rápido diagnóstico anti-HIV; Anti-HIV; Exames complementares Toxoplasmose IgM e IgG; Sorologia para hepatite B (HbsAg); Exame de urina e urocultura; Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; Citopatológico de colo de útero (se necessário); Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); Eletroforese de hemoglobina(se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica). Exames complementares Cálculo da data provável do parto Regra de Näegele: Forma de cálculo que consiste em somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se corresponder aos meses de janeiro a março). Nos casos em que o número de dias encontrado for maior do que o número de dias do mês, passe os dias excedentes para o mês seguinte, adicionando 1 (um) ao final do cálculo do mês. Aumento do volume uterino O útero pode ser palpado no abdome, a partir de 12 semanas. À medida que a gestação avança, o fundo uterino mostra-se gradativamente mais alto, distanciando-se da sínfise púbica. Na primeira metade da gestação, a mensuração do fundo de útero é bom indicador para o cálculo da idade da gravidez. Na segunda metade, embora ele cresça cerca de 4 cm/mês, as variações são maiores e os erros, mais comuns. Com 16 semanas, o fundo de útero estará a meia distância entre a sínfise púbica e o umbigo; com 20 semanas, nesse, e ao termo, próximo das rebordas costais. Nas primíparas, 2 semanas antes do parto, em decorrência da queda do ventre, pela insinuação da cabeça fetal, o fundo baixa cerca de 2 cm, sendo um indício de que o parto deverá iniciar-se nos próximos 15 dias. Com isso, ocorrem melhores condições para a gestante, que respira mais facilmente, embora reapareçam as queixas urinárias do 1o trimestre. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) na gestação Pré-eclâmpsia: caracterizada pelo aparecimento de HAS e proteinúria (> 300 mg/24h) após a 20ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas; Eclâmpsia: corresponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões que não podem ser atribuídas a outras causas; Pré-eclâmpsia superposta à HAS crônica: definida pela elevação aguda da PA, à qual se agregam proteinúria, trombocitopenia ou anormalidades da função hepática, em gestantes portadoras de HAS crônica com idade gestacional superior a 20 semanas; Hipertensão arterial sistêmica crônica: é definida por hipertensão registrada antes da gestação, no período que precede à 20ª semana de gravidez ou além de doze semanas após o parto; Hipertensão gestacional: caracterizada por HAS detectada após a 20ª semana, sem proteinúria, podendo ser definida como “transitória” (quando ocorre normalização após o parto) ou “crônica” (quando persistir a hipertensão). Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU) Objetivos: Identificar o crescimento fetal; Diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade gestacional; Identificar a situação e a apresentação fetal. A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Ela deve iniciar-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (este procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da palpação obstétrica, procurando-se identificar os polos cefálico e pélvico e o dorso fetal, facilmente identificados a partir do terceiro trimestre. Pode- se, ainda, estimar a quantidade de líquido amniótico. Manobra de Leopold-Zweifel (Manobras de Palpação em 4 tempos) Técnica para palpação abdominal (Manobras de Leopold): Consiste em um método palpatório do abdome materno em 4 passos: Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa; Deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto; Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico; Determine a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção à escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta. As situações que podem ser encontradas são: longitudinal (apresentação cefálica e pélvica), transversa (apresentação córmica) e oblíquas. Manobra de Leopold-Zweifel (Manobras de Palpação em 4 tempos) Manobras de palpação da situação fetal Tipos de apresentação fetal Medida da altura uterina I. Técnica para medida da altura uterina: Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto; Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino; Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina; Fixe a extremidade inicial (0cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica com uma das mãos, passando-a entre os dedos indicador e médio. Deslize a fita métrica entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a margem cubital da mesma mão; Proceda à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino; Anote a medida (em centímetros) na ficha e no cartão e marque o ponto na curva da altura uterina. Medida da altura uterina (AU) GESTAÇÃO DE ALTO RISCO Hipertensão arterial crônica: presença de hipertensão relatada pela gestante ou identificada antes da 20ª semana de gestação. Hipertensão gestacional: identificação de hipertensão arterial na segunda metade da gestação, em gestante previamente normotensa, porém sem proteinúria ou manifestação de outros sinais/sintomas relacionados à pré-eclâmpsia (PE). Pré-eclâmpsia: identificação de hipertensão arterial, em gestante previamente normotensa, a partir da 20ª semana de gestação, associada à proteinúria significativa. Na ausência de proteinúria, também se considera pré-eclâmpsia quando a hipertensão arterial for acompanhada de comprometimento sistêmico ou disfunção de órgãos-alvo. Eclâmpsia: é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas, de coma ou de ambas, durante a gravidez ou o puerpério, em gestantes com pré-eclâmpsia, que não estão relacionadas com outras doenças do sistema nervoso central. É uma das manifestações clínicas mais graves do espectro da pré- eclâmpsia, sendo uma causa frequente de morbidade e mortalidade materna no Brasil. Síndromes hipertensivas na gestação Quando, a partir da 20ª semana de gestação, ocorre o aparecimento ou piora da proteinúria já detectada na primeira metade da gestação. Quando gestantes portadoras de hipertensão arterial crônica necessitam de associação de anti-hipertensivos ou aumento das doses terapêuticas iniciais. Na ocorrência de disfunção de órgãos-alvo. Caracterização da proteinúria: presença de pelo menos 300 mg em urina de 24 horas. A relação proteinúria/creatinúria (mg/dL) em amostra isolada de urina é método adotado com frequência, pela facilidade do exame, sendo considerada alterada quando o valor for de pelo menos 0,3. Na impossibilidade desses métodos, usa- se a avaliação qualitativa em fita, em amostra de urina. Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica: Eclâmpsia ❖ PRÉ-ECLÂMPSIA = HAS + PROTEINÚRIA ❖ ECLÂMPSIA: HAS + PROTEINÚRIA + CONVULSÕES TÔNICO-CLÔNICAS GENERALIZADAS. A eclâmpsia é uma emergência obstétrica e requer atendimento imediato. As bases do tratamento são a manutenção da função cardiorrespiratória, o controle das convulsões, a prevenção de sua recorrência, a correção da hipoxemia e da acidose materna, o controle da hipertensão arterial grave e o desencadeamento do parto. O sulfato de magnésio é a droga de primeira escolha para tratamento da eclâmpsia. A pré-eclâmpsia pode também ser subclassificada em relação à idade gestacional em que é feito o diagnóstico: • Pré-eclâmpsia precoce (<34 semanas de gestação) • Pré-eclâmpsia tardia (≥34 semanas) • Pré-eclâmpsia pré-termo (<37 semanas) • Pré-eclâmpsia de termo (≥37 semanas) Pré-eclâmpsia PRÉ-ECLÂMPSIA COM SINAIS DE GRAVIDADE ❖ Estado hipertensivo com pressão arterial (PA) sistólica ≥160 mmHg e/ou PA diastólica ≥110 mmHg, confirmada por intervalo de 15 minutos, aferida com técnica adequada.❖ Síndrome HELLP. ❖ Sinais de iminência de eclâmpsia: caracterizados pela sintomatologia secundária a alterações vasculares do sistema nervoso, como cefaleia, distúrbios visuais (ex: fotofobia), náuseas, vômitos. ❖ Dor no andar superior do abdome (epigástrio ou no hipocôndrio direito). ❖ Eclâmpsia. ❖ Edema agudo de pulmão. ❖ Dor torácica: queixa deve ser valorizada, se estiver acompanhada ou não por alterações respiratórias. ❖ Insuficiência renal, identificada pela elevação progressiva dos níveis séricos de creatinina (≥1,2 mg/dL) e ureia, além da progressão para oligúria (diurese inferior a 500 mL/24 horas). Síndrome HELLP O acrônimo HELLP significa hemólise, aumento de enzimas hepáticas e plaquetopenia: • HemolysisH • ElevatedE • Liver enzimesL • LowL • PlateletsP H= Hemólise EL= Elevação de enzimas hepáticas LP= Plaquetopenia Fonte: Brasil. Gestação de alto risco: manual técnico. 2012. p. 38. Fonte: Brasil. Gestação de alto risco. 2022. p. 154. Síndrome HELLP A fisiopatologia dessa doença não está esclarecida, mas é considerada o comprometimento hépato- hematológico da pré-eclâmpsia (PE). A síndrome HELLP desenvolve-se em 10% a 20% das gestantes com pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia. Essa síndrome está relacionada à anemia hemolítica microangiopática e ao vasoespasmo no fígado materno. A sintomatologia geralmente é pobre, podendo-se encontrar mal-estar, epigastralgia, náuseas e cefaléia. O grau de suspeita clínica dos casos de síndrome HELLP é muito importante. Na presença de trombocitopenia em uma paciente com PE, deve-se pensar fortemente em síndrome HELLP. A confirmação diagnóstica dela é laboratorial. A trombocitopenia é a principal e mais precoce modificação laboratorial encontrada. DOENÇAS INFECCIOSAS NA GESTAÇÃO. EXEMPLOS: SÍFILIS, TOXOPLASMOSE, HEPATITES VIRAIS, HIV, HERPES SIMPLES GENITAL, HPV, ETC. A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria (espiroqueta) Treponema pallidum. É uma infecção de transmissão sexual (IST) muito frequente, com potencial acometimento grave do feto e do recém-nascido. Transmissão: contato sexual e transmissão vertical para o feto durante a gestação de uma mulher com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada. Manifestações clínicas: Os casos são decorrentes de transmissão mucocutânea de lesões com presença do agente (fases primária e secundária), ou passagem transplacentária, por via hematogênica, para o feto. Cursam com períodos de atividade com manifestação clínica, intercalados com períodos de latência, com infecção assintomática. As lesões das fases primária e secundária são autolimitadas, com desaparecimento, independentemente do tratamento. Sífilis ESTÁGIOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Primária Cancro duro (úlcera genital). Linfonodos regionais. Secundária Lesões cutâneo-mucosas (roséola, placas mucosas, sifílides papulosas, sifílides palmoplantares, condiloma plano, alopecia em clareira, madarose, rouquidão). Micropoliadenopatia. Linfadenopatia generalizada. Sinais constitucionais. Quadros neurológicos, oculares, hepáticos. Latente recente (até um ano de duração) Assintomática. Latente tardia (mais de um ano de duração) Assintomática. Quadro 1 – Manifestações clínicas de sífilis adquirida, de acordo com o tempo de infecção, evolução e estágios da doença. ESTÁGIOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Terciária Cutâneas: lesões gomosas e nodulares, de caráter destrutivo. Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares. Cardiovasculares: estenose de coronárias, aortite e aneurisma da aorta, especialmente da porção torácica. Neurológicas: meningite, gomas do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do sétimo par craniano, manifestações psiquiátricas, tabes dorsalis e quadros demenciais como o da paralisia geral. Quadro 1 – Manifestações clínicas de sífilis adquirida, de acordo com o tempo de infecção, evolução e estágios da doença. A transmissão da sífilis por via transplacentária pode resultar em desfechos negativos quando as gestantes não são adequada e precocemente tratadas. Pode ter como resultado abortos, óbitos fetais e neonatais, até recém-nascidos vivos com sequelas diversas da doença, que poderão se manifestar até os 2 anos de vida. Outras complicações incluem a prematuridade, o baixo peso ao nascer, além da sífilis congênita assintomática (70% dos casos). A principal via de transmissão é a transplacentária, embora a transmissão intraparto, por meio do contato com a região genital contaminada, também seja possível. Os períodos da doença nos quais ocorre maior transmissão são as fases com lesões primária, secundária e a fase latente recente, já que nessas fases ocorre uma intensa replicação e disseminação do agente. Na fase latente tardia ou terciária, o número de treponemas circulantes é muito pequeno, e a transmissão é pouco comum. Transmissão vertical Diagnóstico de sífilis Os testes sorológicos utilizados são divididos em dois tipos: a) Treponêmicos (TT): Os testes treponêmicos incluem o TPPA, o TPHA, o FTA-abs e os vários métodos imunoenzimáticos e os testes de imunocromatografia em fita (testes rápidos). São baseados na detecção de anticorpos específicos contra antígenos do T. pallidum. b) Não treponêmicos (TNT): O VDRL, o RPR e o TRUST são testes não treponêmicos. ❖ Nas gestantes identificadas com sífilis na gravidez, o acompanhamento com VDRL permite avaliar a resposta terapêutica. Sendo uma infecção de transmissão sexual, as gestantes com sífilis devem ser obrigatoriamente rastreadas para HIV e hepatites B e C, exames que já fazem parte da rotina de atenção pré-natal. Tratamento e monitoramento de sífilis a. A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para tratamento adequado das gestantes. b. No caso de sífilis recente em gestantes, alguns especialistas recomendam uma dose adicional de 2,4 milhões de unidades de penicilina G benzatina, IM, uma semana após a primeira dose. c. Em gestantes, o intervalo entre doses não deve ultrapassar sete dias. Caso isso ocorra, o esquema deve ser reiniciado. CANCER DO COLO DO ÚTERO 1-Células normais formam tecidos e órgãos. 2-Células normais crescem, se reproduzem e morrem. 3-Célula normal pode sofrer alteração do DNA. 4-Células dividem-se rápido e desordenadamente, podem ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas. 5-Essas células mutagênicas invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo, através do processo conhecido como metástase. O que é câncer? Câncer de colo uterino ❖ O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes tumores na população feminina e é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV). ❖ A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. ❖ Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau) e são curáveis na quase totalidade dos casos (INCA, 2019). Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: a. Carcinoma epidermoide: tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 80% dos casos). b. Adenocarcinoma: tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular. Principais tipos de câncer do colo do útero HPV BAIXO RISCO ONCOGÊNICO ALTO RISCO ONCOGÊNICO HPV 6, 11, 42, 43, 44. HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68. São encontrados, comumente, não integrados ao genoma da célula hospedeira. Têm a capacidade de se integrarem ao genoma da célula hospedeira. Estão associados às lesões intraepiteliais escamosas, em especiais de alto grau e ao carcinoma invasor. Estão mais presentes emlesões condilomatosas (verrugas genitais). São responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Como prevenir? Prevenção Primária A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. Usar preservativos durante a relação sexual. Vacinas. Prevenção secundária Diagnóstico precoce Rastreamento • A transmissão da infecção: ocorre por via sexual, presumidamente por meio de abrasões (desgaste por atrito ou fricção) microscópicas na mucosa ou na pele da região anogenital. Vacinação contra o HPV • Protege contra os tipos oncogênicos 16 e 18. • Vacina: Cervarix® – GSK. BIVALENTE • Protege contra os tipos não oncogênicos 6 e 11 e os tipos oncogênicos 16 e 18. • Vacina: Gardasil® – MSD. QUADRIVALENTE Manifestações clínicas ❖ A infecção pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com lesões subclínicas (inaparentes) visíveis apenas após aplicação de reagentes, como o ácido acético e a solução de Lugol, e por meio de técnicas de magnificação (colposcopia). ❖ As lesões clínicas podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável, planas ou exofíticas, sendo também conhecidas como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. Coleta do material para o exame citopatológico ❖ Coleta Dupla: • Ectocérvice→ espátula de Ayre. • Endocérvice →escova endocervical. Câncer de mama Câncer de mama ❖ O câncer de mama resulta de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Tais alterações genéticas podem provocar mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do tumor. ❖ As lesões precursoras do carcinoma mamário como a hiperplasia ductal atípica, a neoplasia lobular e carcinoma ductal in situ apresentam alterações genéticas comuns aos carcinomas. ❖ As neoplasias lobulares são lesões não invasivas, localizadas ou extensas, que comprometem a unidade lobular e podem disseminar-se para os ductos. Recentemente reconhecidas como lesões precursoras, as neoplasias lobulares constituem achados incidentais de biópsias da mama, tendem à multicentricidade e à bilateralidade. ❖ O carcinoma ductal in situ é uma proliferação epitelial neoplásica intraductal que respeita a barreira da membrana basal. São classificados de baixo e alto grau, considerando o volume nuclear, a distribuição da cromatina e as características dos nucléolos. Tal classificação representa o grau de agressividade da lesão. ❖ Carcinoma invasivo da mama constitui um grupo de tumores epiteliais malignos que transpassam a membrana basal da unidade ductotubular terminal, invade o estroma e tem potencial para produzir metástases. Fatores de risco – câncer de mama: ❖ Não existe somente um fator de risco para câncer de mama, no entanto a idade acima dos 50 anos é considerado o mais importante. ❖ Outros fatores que contribuem para o aumento do risco de desenvolver a doença são: • Fatores genéticos (mutações dos genes BRCA1 e BRC2). • Fatores hereditários (câncer de ovário na família). • Menarca precoce. • Menopausa tardia (fatores da história reprodutiva e hormonal). • Primeira gravidez após os 30 anos. • Obesidade. • Sedentarismo. • Exposições frequentes a radiações ionizantes (fatores ambientais e comportamentais). • Ingestão regular de álcool. (BRASIL, 2013; INCA, 2019) Manifestações clínicas ❖ O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. ❖ Saída de secreção pelo mamilo – especialmente quando é unilateral e espontânea –, coloração avermelhada da pele da mama, edema cutâneo semelhante à casca de laranja, retração cutânea, dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do mamilo. ❖ A secreção papilar associada ao câncer geralmente é transparente, podendo também ser rosada ou avermelhada devido à presença de hemácias. ❖ Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. Rastreamento de câncer de mama ❖ O rastreamento com o exame de mamografia é a estratégia de saúde pública que tem sido adotada em contextos onde a incidência e a mortalidade por câncer de mama são elevadas. Em países que implantaram programas efetivos de rastreamento, a mortalidade por esta neoplasia vem apresentando tendência de redução. ❖ A mamografia é o único exame utilizado para rastreamento, com capacidade de detectar lesões não palpáveis e causar impacto na mortalidade por câncer de mama, sendo por isso o exame de imagem recomendado para o rastreamento do câncer de mama no Brasil. Métodos de imagem ❖ Os métodos de imagem são indicados em situações de rastreamento e em situações diagnósticas. No rastreamento, os exames têm como finalidade detectar precocemente o câncer de mama, para permitir tratamento menos radical, melhorar a qualidade de vida, reduzir as taxas de mortalidade e morbidade e reduzir gastos no tratamento. ❖ Como diagnóstico, os métodos de imagem são utilizados para confirmar ou não a suspeita de câncer a partir dos sinais detectados no exame clínico, dos sintomas referidos pela paciente ou de exames de rastreamento alterados. Os métodos diagnósticos que podem ser utilizados são a mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética. a. Mamografia ❖ Os resultados do exame mamográfico são classificados de acordo com o Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®), publicado pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR) e traduzido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. ❖ Esse sistema utiliza categorias de 0 a 6 para descrever os achados do exame e prevê recomendações de conduta. A Tabela 3 sintetiza os resultados do exame mamográfico e as principais condutas. Categorias BI-RADS® no exame mamográfico, interpretação e recomendação de conduta Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®) Métodos de imagem b. Ultrassonografia As principais indicações da ultrassonografia como método diagnóstico são: Diagnóstico diferencial entre lesão sólida e lesão cística. Alterações no exame físico (lesão palpável), no caso de mamografia negativa ou inconclusiva. Na jovem com lesão palpável. Nas alterações do exame clínico no ciclo grávido-puerperal. Na doença inflamatória e abscesso. No diagnóstico de coleções. ❖ Os resultados do exame ultrassonográfico e da ressonância magnética são também classificados de acordo com o Sistema BI-RADS®, com categorização e condutas na mesma linha da mamografia. c. Ressonância magnética ❖ A ressonância magnética tem papel importante em diversas situações diagnósticas. ❖ As indicações mais comuns são: casos não conclusivos nos métodos tradicionais; carcinoma oculto; planejamento terapêutico; avaliação de resposta à quimioterapia neoadjuvante; suspeita de recidiva e avaliação das complicações dos implantes. Métodos de imagem PARTO PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011 ❖ Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS – a Rede Cegonha. ❖ Art. 1° A Rede Cegonha, instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis, denominada Rede Cegonha. Assistência ao parto • Art. 2° A Rede Cegonha tem como princípios: • I -o respeito, a proteção e a realização dos direitos humanos; • II - o respeito à diversidade cultural, étnica e racial; • III - a promoção da equidade; • IV - o enfoque de gênero; • V - a garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes; • VI - a participação e a mobilização social; e • VII -a compatibilização com as atividades das redes de atenção à saúde materna e infantilem desenvolvimento nos Estados. Rede Cegonha I - fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos vinte e quatro meses; II - organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade; e III - reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal. Objetivos da Rede Cegonha DIRETRIZES I - garantia do acolhimento com avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; II - garantia de vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro; III -garantia das boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento; IV - garantia da atenção à saúde das crianças de zero a vinte e quatro meses com qualidade e resolutividade; e V -garantia de acesso às ações do planejamento reprodutivo. Art. 4°A Rede Cegonha A Rede Cegonha organiza-se a partir de quatro componentes: I - Pré-Natal II - Parto e Nascimento III - Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança IV - Sistema Logístico: Transporte Sanitário e Regulação Períodos clínicos do parto Primeiro período: Fase de dilatação Segundo período: Fase de expulsão Terceiro período Quarto período: Greenberg Ocitocina ❖O principal hormônio responsável pelas contrações uterinas é a ocitocina, conhecido como o hormônio do amor. A ocitocina é secretada pelo hipotálamo, é isolada pela hipófise posterior e liberada na corrente sanguínea, em circunstâncias específicas e descontínuas. ❖ Hormônio sintético que aumenta a frequência e a intensidade das contrações uterinas. ❖ É utilizado para indução do trabalho de parto; ❖ Corrigir a dinâmica uterina no trabalho de parto evidenciado pelo partograma; ❖ Ajudar na dequitação; ❖ Promover a contração uterina em caso de hipotonia no pós-parto. Ocitocina Referências ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré- natal de baixo risco [recurso eletrônico]. 1. ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013. ▪ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019. ▪ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
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