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Síbilância recorrente há risco elevado de desenvolvimento de asma persistente na adolescência, principalmente em atópicos, por isso a síndrome deve ser investigada a fim de reduzir a morbimortalidade. Sibilantes precoces, que exibiam sintoma apenas até os 3 anos; Sibilantes tardios, tornavam-se sintomáticos após 3 anos; Sibilantes persistentes, que apresentavam o sintoma antes e após os 3 anos. A queixa de chiado no peito, referida pelos familiares do lactente é uma das mais frequentes na clínica pediátrica, pois consiste em uma manifestação de um grupo heterogêneo de distúrbios, respiratórios ou não, incluindo patologias benignas e transitórias e patologias com evolução desfavorável e prognóstico grave. A síndrome do lactente sibilante abrange número variado de entidades nosológicas, na criança escolar ou adolescente tem-se como principal causa de sibilância a asma, mas, nos lactentes e pré-escolar, o diagnóstico diferencial é amplo e difícil, assim, foi classificada em 3 grupos: Grupo relacionado com pulmões funcionalmente pequenos ao nascimento e com exposição ao tabagismo materno. Esses dois últimos grupos estão associados à asma e alergia 30% a 60% dos lactentes apresentam sibilância, mas apenas esse fator não o caracteriza como sindrômico. L A Y A N E S I L V A A prevalência de sibilância em pré-escolares é desconhecida, bem como os fatores que determinam instalação, evolução e prognóstico, pois os estudos epidemiológicos incluem crianças maiores, adolescentes e adultos - estima-se que 40% das crianças apresentam sibilância no primeiro ano de vida e 20% delas continuarão sibilantes. Em um estudo com lactentes em 2005- 2007, das 30.0000 crianças de 12-15 meses, 45,2% teve sibilância no primeiro ano de vida, 20,3% tiveram sibilância recorrente (3 ou mais episódios). Atualmente, a prevalência tem grande variabilidade, sendo que em países desenvolvidos é de 10-46,7% (8-17,2% tem mais de 3 episódios) e em países subdesenvolvidos é de 2,8-80,3% - no Brasil a prevalência variou entre 21,9% e 36,3%. E P I D E M I O L O G I A Os principais determinantes da sibilância são: atopia, infecções respiratórias de origem viral e fatores ambientais que determinam sensibilização alérgica precoce, mas no pré-escolar e no lactente, cujo sistema imunológico é imaturo, a reação IgE mediada pode não ser identificável ou pode haver uma alteração na produção de IgE por desequilíbrio das células T. Assim, um pré-escolar pode ter sintomas desencadeados por infecções virais respiratórias, cuja relação com o desenvolvimento da asma, ainda é desconhecida, mas são os principais desencadeantes de sibilância, principalmente o VSR. F I S I O P A T O L O G I A A definição de sibilância nos primeiros anos de vida ainda não é padronizada na literatura, mas de forma geral os sibilos são ruídos adventícios pulmonares agudos e contínuos causados por obstrução parcial das grandes vias aéreas. A sibilância recorrente do lactente (SRL) ou síndrome do bebê chiador foi caracterizada pela persistência de sibilos por 30 dias ou mais, ou presença de 3 ou mais episódios de sibilância em período de 6 meses - além disso, pode ser caracterizada como presença de três ou mais episódios de sibilância em crianças menores que 5 anos e maiores que 1 mês. Essa definição é importante porque ao longo da vida muitas crianças vão ter episódios de sibilos não associados a síndrome de sibilância recorrente nem a asma, esse comportamento costuma estar presente até os 5 anos, ou seja, foge da faixa de lactente (< 2 anos), por isso a denominação está sendo modificada para sibilante recorrente. D E F I N I Ç Ã O E C O N C E I T O S I N I C I A I S F A T O R E S A N A T Ô M I C O S E F I S I O L Ó G I C O S D A I D A D E Imaturidade e formato da caixa torácica: no lactente, o diâmetro anteroposterior do tórax é semelhante ao latero- lateral, o que dificulta o movimento de elevação das costelas; a complacência aumentada torna mais difícil manter o parênquima expandido predispondo a atelectasia; a inserção do diafragma é mais horizontal, o que acarreta contração muscular menos eficiente com aumento do trabalho respiratório. Vias aéreas: aumento da resistência ao fluxo nas pequenas vias aéreas predispõe obstrução e colabamento, quando inflamadas ou expostas a irritantes, levando a hiperinsuflação pulmonar, alteração na relação ventilação-perfusão e aumento do trabalho respiratório. Parênquima: há menos poros de comunicação entre os alvéolos (poros de Kohn) e os bronquíolos alveolares (canais de Lambert), o que diminui a ventilação colateral e predispõe a atelectasia; parênquima pulmonar é mais rígido, o que aumenta o trabalho respiratório e predispõe a evolução mais rápida para falência respiratória. F A T O R E S I M U N O L Ó G I C O S A imaturidade do sistema imunológico no primeiro ano de vida, influenciada pelo potencial genético e fatores ambientais e relacionados com o desenvolvimento infantil podem estar implicados na susceptibilidade individual à sibilância em crianças pequenas. A N T E C E D E N T E S F A M I L I A R E S E P E S S O A I S D E A T O P I A o estudo PEAK mostrou alta prevalência de sensibilização a aeroalérgenos em lactentes com risco elevado para asma. A presença de atopia familiar e pessoal é um fator de risco para asma e é um dos fenótipos mais associados às formas mais graves de sibilância na infância - assim, há maior chance de sibilância no primeiro ano de vida nas crianças cujas mães, pais e irmãos tinham diagnóstico de asma. G Ê N E R O M A S C U L I N O A a sibilância é mais prevalente nos lactentes masculinos em função do menor calibre das vias aéreas nessa idade, maior prevalência de atopia e de hiperresponsividade brônquica. o efeito protetor do aleitamento materno exclusivo na asma em escolares, na sibilância do lactente e do pré- escolar é controverso, mas foi evidenciado em alguns estudos no Brasil. TEORIA DA HIGIENE Uma criança geneticamente atópica quando exposta nos primeiros meses de vida (período de desenvolvimento do sistema imunológico) a antígenos de algumas bactérias e de animais de fazenda, pode reduzir a probabilidade de manifestar asma devido ao desvio na diferenciação de linfócitos T de T helper 2 (TH2) para T helper 1 (TH1), que estimulam a produção de IgG4, atuando contra agentes infecciosos, em detrimento aos TH2, responsáveis pelo estímulo à produção de IgE pelos linfócitos B. o consumo de antibiótico no período neonatal aumentou o risco de sibilância em 2,8 vezes. A exposição intrauterina ao tabagismo passivo determina redução da função pulmonar no recém-nascido e aumenta o risco de desenvolver infecção respiratória associada a sibilos que ocorre devido a inflamação. No período pós-natal, os efeitos podem decorrer da irritação no trato aéreo, há alteração da produção de citocinas, função das células mononucleares e da imunidade inata. F I S I O P A T O L O G I A L A Y A N E S I L V A B A I X A R E N D A A exposição a fatores de risco ambientais, principalmente associados a baixa renda e às condições socioeconômicas. A sibilância é um fenômeno produzido pela obstrução em grandes vias aéreas, quando o fluxo de ar, elevado nesses locais, passa por uma zona de semiobstrução, produzindo uma vibração na parede da via aérea que se transmite ao ar circundante, caracterizando um som agudo contínuo (sibilo). Outras formas de obstrução incluem compressão extrínseca de grandes vias aéreas por corpo estranho ou massas, obstrução intrínseca da via aérea por corpo estranho ou tumor, flacidez da via aérea por malacia congênita ou adquirida. P R E M A T U R I D A D E E B A I X O P E S O A O N A S C I M E N T O Ambos são fatores de risco para o comprometimento da função pulmonar, bem como a displasia broncopulmonar reduz a função pulmonar aos 7 anos. T A B A G I S M O P A S S I V O E P O L U I Ç Ã O A M B I E N T A L A exposição materna à fumaça de cigarro durante a gestação altera o desenvolvimento pulmonar fetal, causando diminuição da função pulmonar e aumentandoo risco de sibilância nos primeiros anos de vida. I N F E C Ç Õ E S R E S P I R A T Ó R I A S as infecções virais podem ser indutoras de sibilância ou protetoras para asma de origem alérgica na criança maior. quanto ao risco de desenvolver asma pela infecção precoce pelo VSR, um estudo demonstrou predisposição para asma aos 7 anos, outros mostraram falta de associação entre este vírus e asma. rinovírus tem sido associado com o desenvolvimento de asma, com um risco de cerca de 10 vezes maior. As infecções virais frequentemente estão associadas à sibilância, sendo considerada as principais responsáveis pelas exacerbações de asma nos primeiros dias de vida. A queixa de “gripe o ano todo” é muito comum em crianças que começam a frequentar a escola, entretanto, eles não ficam gripados o ano todo, eles podem ter de 7-9 episódios de gripe no ano. Associado a exposição frequente a diferentes vírus essa criança pode ter maior dificuldade de se “curar” da gripe, levando de 7-10 dias para melhorar. Passado o tempo de melhora prolongado, é comum que haja nova exposição da criança a outro vírus e o episódio gripal retorne. Relação entre sibilância e DRGE: a DRGE pode causar doença respiratória por aspiração de conteúdo gástrico, reflexo vagal, aumento da reatividade brônquica, ou liberação de taquicininas. Por outro lado, a própria doença respiratória pode provocar RGE pelo aumento do gradiente de pressão transdiafragmática, retificação do diafragma por hiperinsuflação, ou uso de fármacos (metilxantinas, simpaticomiméticos, antibióticos). F R E Q U Ê N C I A D E C R E C H E S O U N Ú M E R O D E I R M Ã O S na creche, a criança está exposta a vários vírus e esses patógenos expõem o epitélio respiratório e gera um processo inflamatório crônico, que passa a ser um gatilho para sibilância. C O N D I Ç Õ E S S O C I A I S Quantidade de pessoas por cômodo, possibilidade de cômodos pequenos (aumento da transmissão de infecção), e comprometimento de ventilação local. O U T R O S F A T O R E S Inclui dieta, etnia, função pulmonar e idade. Na pediatria, a resposta imunológica da criança com sibilância ou atopia se configura como uma resposta Th2 que é uma via Sinais de alerta para afastar contexto alérgico: (1) Início dos sintomas no período neonatal (primeiros 30 dias de vida), (2) Ausência de resposta ao tratamento de manutenção, (3) Vômitos e diarreia associados aos sintomas respiratórios, (4) Sinais focais à ausculta pulmonar ou à ausculta cardíaca alterada (crepitações), estridor, baqueteamento digital, baixo ganho de peso (ou emagrecimento), (5) Hipoxemia sem contexto infeccioso (baixa saturação), (6) Alterações focais ou persistentes na radiografia de tórax. L A Y A N E S I L V A eosinofílica, por isso, espera-se que as crianças desenvolvam quadro de eosinofilia, já o adulto tende a ter uma resposta neutrofílica. Esse desequilíbrio da resposta inflamatória provoca um quadro de edema brônquico, secreção de muco e contração da musculatura, sendo as principais queixas: tosse , sibilância e esforço respiratório. A B O R D A G E M D I A G N Ó S T I C A O diagnóstico da asma é difícil nessa faixa etária por isso deve ser estabelecido após exclusão de outras causas mais raras e graves, quase sempre acompanhadas de sinais de alerta que devem ser pesquisados na história clínica e no exame físico, por isso os pacientes devem ser divididos em 2 grupos a fim de identificar os lactentes com maior risco de gravidade e direcionando o diagnóstico. CRITÉRIOS: (1) Sibilância recorrente, (2) Múltiplos deflagradores, (3) Resposta a BD, (4) HF, (5) Atopia, (6) Radiografia “inocente”, (7) Ausência de diagnósticos alternativo, (8) função pulmonar compatível -DVO - Normal ROTEIRO DE ENTREVISTA: (1) Fatores precipitantes e agravantes, (2) Sintomas atuais, (3) Sintomas nas últimas 4 semanas-intercrises, (4) Sintomas prévios-respostas a broncodilatador, (5) Impacto da doença, (6) Comorbidades, (7) História familiar, (8) Ambiente. EXAMES AUXILIARES: (1) Rx de tórax, (2) Espirometría, (3) Teste cutâneo alérgico. S I B I L Â N C I A C O M S I N A I S D E A L E R T A P A R A D I A G N Ó S T I C O A L T E R N A T I V O À A S M A Lactentes apresentam sinais de alerta importante como sintomas no período neonatal, crises de sibilância mais graves com necessidade de ventilação mecânica, pneumonias recorrentes, desnutrição, engasgo e tosse de início súbito, diarréia crônica ou esteatorréia, vômitos e sintomas alimentares, contato com o bacilo da tuberculose ou sinais sugestivos de imunodeficiência. No exame físico há comprometimento do estado nutricional, estridor, deformidade torácica, baqueteamento digital, sopro cardíaco ou outros sinais de doença consumptiva - sendo importante uma abordagem mais invasiva e específica. S I B I L Â N C I A S E M S I N A I S D E A L E R T A P A R A D O E N Ç A D E B A S E Após a exclusão de qualquer possibilidade de diagnósticos etiológicos alternativos e na ausência de quaisquer sinais de alerta, deve-se avaliar as manifestações compatíveis com a asma, como episódios recorrentes de tosse, sibilos e dificuldade respiratória desencadeados por alguns fatores (frio, alérgenos, IVAS, choro), principalmente à noite e pela manhã. Posteriormente, determinar a frequência e intensidade dessas crises, resposta a broncodilatadores e relato de internamentos prévios - o intervalo intercrítico sintomático alerta para necessidade de tratamento regular de controle se asma não controlada - registrar antecedentes pessoais e familiares, principalmente se houver atopia (rinite, dermatite atópica) nos pais e irmãos, e questionar sobre outras doenças respiratórias. segundo o GINA, o diagnóstico de asma em crianças de 5 anos pode ser fundamentado no padrão de sintomas (tosse, sibilância, dificuldade respiratória, sintomas noturnos), presença de fatores de risco para desenvolvimento de asma (atopia pessoal ou familiar) e na resposta positiva ao teste terapêutico para asma. Além disso, é essencial pesquisa o ambiente domiciliar para avaliar condições de higiene e saneamento, presença de mofo, animais de estimação e quantidade de crianças na casa - o exame físico em geral é normal com alguns sinais cutâneos de atopia. Atenção: pacientes com condição neurológica pode sibilar por broncoaspiração; ao ouvir um sibilo bilateral e crepitação unilateral isso afasta asa; pode haver hipoxemia se a criança estiver em uma crise com dispneia, e pode haver hipoxemia crônica em pacientes com hipertensão pulmonar, fibrose cística avançada, entre outros. D I A G N Ó S T I C O Os principais achados são sibilância recorrente, tosse espasmódica noturna, desconforto respiratório e despertares noturnos, além disso, o diagnóstico é feito a partir de informações como resposta a broncodilatador e corticosteróide inalado, antecedentes pessoais e familiares de atopia. Í N D I C E P R E D I T I V O D E A S M A Critério: 1 critério maior ou 2 menores = risco 9,8 vezes maior de persistir com os sintomas aos 6 anos. Lactente sibilante transitório + critério = risco 60% asma Lactente sibilante persistente + critérios = risco 75% de asma Critérios negativos = 95% de chance de não ser asmático Composto por critérios diagnósticos com objetivo de predizer o risco futuro de asma nos lactentes com sibilância (risco dessa criança continuar sibilando entre 6-8 anos), sendo que a presença de um critério maior e/ou 2 menores são preditores de asma (sensibilidade: 41,6%; VPP: 59,1%; VPN: 90%) - esse critério afirma que existe uma grande chance da criança que tem esses fatores continuar sibilando entre os 6-8 anos de idade, mas o médico está autorizado a tratar como asma. Critérios maiores: presença de asma nos pais e dermatite atópica na criança. L A Y A N E S I L V A Critérios menores: presença de rinite alérgica, sibilância na ausência resfriado e eosinofilia sanguínea > 4% Deve ser realizado em lactentes sibilantes por no mínimo 2 meses com uso de beta-2-agonistas inalados nas exacerbações e tratamentode controle naqueles com > 3 episódios na mesma estação ou crises graves, mesmo que menos frequentes, sugerindo asma não controlada. Assim, o tratamento de controle segue a mesma abordagem da asma e deve ser reavaliado quanto à resposta clínica ao término dos 2 meses iniciais, desse modo, a ocorrência de melhora clínica (controle dos sintomas e da frequência de crises) ou piora quando o tratamento é descontinuado fecha diagnóstico de asma. Í N D I C E P R E D I T I V O D E A S M A M O D I F I C A D O Critérios maiores: dermatite atópica, pais com asma, sensibilização a aeroalérgenos Critérios menores: eosinofilia (>4%), sibilos sem IVAS, sensibilização a alimentos Foram adicionados a sensibilização a aeroalérgenos nos critérios maiores e sensibilização a alimentos nos critérios menores, assim estão inclusos no diagnóstico: sibilos frequentes (> 4 crises no último ano), exclusão de outros diagnósticos e presença de 1 critério maior ou 2 menores. C L A S S I F I C A Ç Ã O Episódica (viral): quando é geralmente desencadeada por infecções virais e a criança não tem tosse ou sibilância entre os episódios - predominantemente transitória e a de múltiplos desencadeantes relacionada à asma. Multifatoriais (múltiplos desencadeantes): além dos resfriados, choro, riso, variação climática, poeira, e outros fatores provocam crises. A partir desses critérios, a sibilância recorrente de lactentes e pré-escolares é caracterizada baseada em sintomas, assim, a criança tinha apenas sibilos episódicos (sibilos durante períodos de tempo discretos, muitas vezes em associação com IVAS, cm sintomas ausentes entre os episódios) ou sibilos com múltiplos gatilhos (sibilos episódicos com sintomas podem ocorrer entre esses episódios durante o sono ou com gatilhos - atividade, riso ou choro). 1. 2. O coorte “Prevenção e incidência de asma e alergia a ácaros” foi elaborado para predizer asma na idade escolar antes dos 4 anos, ela utiliza 8 parâmetros clínicos de fácil obtenção e tem bom poder discriminatório. E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S Radiografia de tórax é usada para excluir um problema que eventualmente possa existir no aparelho respiratório (Ex: fibrose cística). Teste alérgico é usado para avaliar o padrão do paciente e tipo de alergia que ele possui, mas como não faz no SUS, nem sempre ele é feito. Espirometria pode ser feita em crianças com menos de 5 anos, mas depende do seu comportamento e se consegue seguir o protocolo no exame. Não existe um exame patognomônico para determinar se a criança é atópica ou sibilante recorrente por conta de uma asma. T E S T E T E R A P Ê U T I C O Embora sejam indicados, como o sistema imunológico é imaturo nessas crianças, a avaliação de sensibilização a alérgenos pela dosagem de IgE específica ou testes cutâneos são menos acurados em lactentes e pré-escolares. O teste cutâneo realizado com extratos biológicos padronizados é o mais recomendado por ser simples, menor custo e maior rapidez no resultado, mas a dosagem de IgE pode ser útil em pacientes com doença cutânea, em uso de anti-histamínico ou confirmação ou complementação dos resultados dos testes in vivo. T E S T E A L É R G I C O Útil na detecção de malformações, infecções e outras doenças menos comuns. R A I O - X D E T Ó R A X Exames que não exigem cooperação ativa, como a técnica de diluição de hélio e a medida da resistência das vias aéreas por técnica do interruptor são disponíveis via de regra, para fins de pesquisa. Testes convencionais são também possíveis de realizar em pré-escolares com algumas modificações de técnica. se a criança é pequena para relatar os sintomas, ou tem sintomas de início noturno e outras causas de sibilância foram afastadas, recomenda-se realizar pHmetria. Fração exalada do óxido nítrico (FENO): método não invasivo que determina inflamação eosinofílica específica da asma, em crianças maiores e adultos, tem bom poder discriminante entre não sibilantes, sibilantes não recorrentes e recorrentes. Avaliação de doença de refluxo gastroesofágico (DRGE): se há queixas de pirose ou regurgitação, indica-se o teste terapêutico com inibidor de bomba de prótons (IBP). T E S T E S D E F U N Ç Ã O P U L M O N A R lactentes com sibilância persistente que não melhoram com broncodilatadores, corticoides inalados ou sistêmicos, devam ser submetidos à broncoscopia flexível com lavado broncoalveolar, espirometria com compressão torácica, monitorização de 24h do pH esofágico e estudo videofluoroscópico da deglutição. crianças sem eczema devem fazer teste terapêutico empírico de supressão de alimentos se a IgE for positiva para alérgenos alimentares. Como tomografía computarizada de tórax de alta resolução, broncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia pulmonar podem ser úteis nos casos onde a avaliação inicial é inconclusiva e/ ou as manifestações de doença são graves. E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S I N V A S I V O S Sibilante transitório: fumo na gravidez e prematuridade são os principais fatores de risco, o diâmetro reduzido das vias aéreas desde o nascimento as torna mais suscetíveis à obstrução, quando inflamadas - essas alterações tendem a regredir em torno do 2o ou 3o ano de vida - não há história pessoal ou familiar de atopia, provas de função pulmonar são normais ou pouco alteradas. Sibilante persistente não atópico: sem evidência de atopia, desencadeada por infecções respiratórias (principalmente rinovírus e vírus sincicial respiratório), tende a remitir até a pré-adolescência (pode estar presente até os 12 anos) - contém um subgrupo de transitório que não cessaram os episódios até os 3 anos. Sibilante persistente atópico (relacionado com a IgE): quadro clínico mais intenso com crises nem sempre associados a IVAS, há história familiar e pessoal de atopia, hiperreatividade à metacolina, sensibilização a alérgenos e função pulmonar diminuída, tem perfil compatível com asma de início precoce. Observam-se manifestações críticas de atopia como eczema, rinite alérgica, conjuntivite, alergia alimentar, eosinofilia e ou IgE total elevados, associados a sensibilização específica mediada por IgE no início da vida para alimentos e depois para aeroalérgenos. Sibilante intermitente grave: tem pouca morbidade fora do período de doença do trato respiratório, características atópicas e história de chiado antes dos 3 anos associado à história familiar de asma ou eczema como fator de risco maior ou com a presença de 2 a 3 fatores de risco menores como eosinofilia, chiado em resfriado e rinite alérgica. L A Y A N E S I L V A Para se adequar a idade à doença, pode-se classificar os episódios de sibilo baseado na tendência temporal de acordo com o fenótipo da síndrome do lactente sibilante, assim, as crianças podem (1) não ter sibilância, (2) ser sibilante transitório, que tem sibilância apenas até 5 anos, (3) se começa um pouco mais tarde e depois não tem mais, ou (4) persistente que tem a vida toda. A V A L I A Ç Ã O D O P R O G N Ó S T I C O E C L A S S I F I C A Ç Ã O F E N O T Í P I C A Causas frequentes: bronquiolite viral aguda e asma. Causas pouco frequentes: DRGE, síndromes aspirativas (ex: incoordenação cricofaríngea), bronquiolite obliterante, fibrose cística, displasia broncopulmonar e tuberculose. A SRLP tem natureza multicausal e as etiologias prováveis devem ser investigadas de forma sistemática casos, guiada pela anamnese e exame físico. Causas raras: aspiração de corpo estranho, malformações congênitas, síndrome eosinofílica pulmonar, insuficiência cardíaca, anel vascular, fístula traqueo-esofágica, traqueomalácia, cisto broncogênico, enfisema lobar congênito, hiperinsuflação lobar congênito, tumores mediastinais, discinesia ciliar, imunodeficiências e micoses pulmonares. D I A G N Ó S T I C O D I F E R E N C I A L Cabe lembrar que um fator não exclui o outro, ou seja, a pessoa pode ser sibilante persistente que começou mais cedo ou um sibilante persistente que começou mais tarde, pode ser um sibilante transitório que começou mais tarde.Atualmente não existe mais a classificação de leve, moderada e grave pois o que delimita essa classificação é o espaçamento entre as crises e sabe-se que uma pessoa com crises espaçados, antes dita leve, pode morrer por conta da intensidade da crise. Em casos de aspiração de corpo estranho que se instala no pulmão e provoca sibilo, mas este é unilateral, sem períodos de melhora e piora, normalmente mantém o sibilo o tempo todo. A IC pode causar sibilância pelo edema pulmonar. Sibilância induzida por vírus: sibilância recorrente ocorre em uma grande proporção de crianças com < 5 anos, está associada a infecções do trato respiratório superior, que ocorrem cerca de 6-8 vezes por ano, algumas infecções virais (VSR e rinovírus) estão associadas a sibilos recorrentes ao longo da infância. Nessa faixa etária, nem toda sibilância é asma, visto que boa parte dos episódios de sibilância em crianças pequenas é induzida por vírus mesmo em crianças que não tenham asma - é essencial investigar se a sibilância é um evento isolado ou uma apresentação recorrente de asma infantil. Bronquiolite viral aguda: é o primeiro episódio de sibilância na criança, é uma infecção viral, normalmente, pelo vírus sincicial respiratório, em geral, o paciente tem dispneia, sibilância, esforço respiratório, cansa e pode ir para o hospital pelos sintomas ou até para a UTI porque pode ser grave. É uma síndrome clínica comum em lactentes menores de 2 anos, caracterizada por sintomas de infecção de vias aéreas superiores, seguido de vias aéreas inferiores (tosse persistente, taquipneia, esforço respiratório, apneia < 6 meses, sibilos e crepitações). Além de sintomas gripais (febre, coriza, tosse, espirros) nos últimos 1-3 dias, geralmente tem alguém gripado em casa que teve contato com a criança (mãe, pai, irmãos). Displasia broncopulmonar: doença pulmonar crônica que acomete recém-nascidos prematuros com síndrome do desconforto respiratório ou doença da membrana hialina, submetidos à ventilação mecânica prolongada com níveis pressóricos e frações inspiradas de oxigênio elevados. Similar a bronquiolite, é uma doença da prematuridade, na qual as crianças prematuras que nascem com 27-31 semanas (mais acometidos) até 37 semanas, tem o desenvolvimento pulmonar incompleto, por isso, vão precisar de O2(, o que leva a lesões, inflamação e displasia (formação celular inadequada). Síndrome aerodigestiva: ocorrem em crianças que tem microaspirações, assim, são com múltiplas condições congênitas e/ou adquiridas que afetam as vias aéreas, respiração, alimentação, deglutição e crescimento. Em geral, são crianças que tem malformações congênitas, como por exemplo atresia esofágica, fístula traqueoesofágica que provocam uma comunicação que faz com que elas aspirem saliva ou comida. L A Y A N E S I L V A os beta-2 de longa duração não são recomendados pela falta de comprovação da eficácia e segurança na faixa etária dos lactentes. corticoides orais e teofilina de liberação lenta são usados como agente de controle em sibilantes graves. a reavaliação da resposta ao tratamento a cada 8 ou 12 semanas visa ajustar a dose mínima que mantenha o controle dos sintomas e a revisão do diagnóstico nos casos de falha terapêutica. A maioria das diretrizes recomendam corticosteróides inflamatórios em doses baixas como primeira escolha de tratamento e antileucotrienos como terapêutica alternativa. importante ter parcimônia com o uso de corticoides inalatórios pois, em alguns estudos, budesonida inalada determinou prejuízo na estatura final e que estava relacionado à precocidade de início e com a dose utilizada. uso de azitromicina encurtou os episódios em 63,3%, sendo a resposta mais intensa se iniciado nos primeiros 5 dias. O tratamento deve ser específico tendo em vista a multicausalidade da SRLP, mas caso o diagnóstico etiológico não seja preciso o tratamento deve seguir o tratamento da asma, assim, os sibilantes intermitentes deverão utilizar beta agonistas pela via inalatória apenas nas crises, já os pré- escolares sibilantes persistentes deverão receber beta agonistas nas crises e antagonista de leucotrieno ou corticosteroide inalatório de forma contínua. A terapia se baseia numa estratificação de risco e sua indicação deve ser oportuna, assim quando for tratar a sibilância recorrente, os objetivos serão reduzir a inflamação, prevenir eventos, função pulmonar e qualidade de vida. É importante garantir que o paciente evolua bem com a função pulmonar, visto que são crianças que estão em desenvolvimento, mas nem todos os pacientes vão necessitar de tratamento farmacológico de controle, e, se necessário, deve-se utilizar o menor número de fármacos e a dose mínima eficaz. T R A T A M E N T O Profilaxia primária e secundária na asma, pois a exposição a antígenos ambientais influencia de modo positivo a história natural da asma e pode ter uma ação protetora. O contato com as endotoxinas bacterianas promove, nos primeiros meses de vida, uma estimulação imunológica no lactente que favorece o desenvolvimento de uma imunidade em que a resposta atópica é suprimida parcial ou completamente. Orientações: evitar fumar no domicílio, afastar os animais de estimação, caso a proximidade deles provoque crises, reforçar a limpeza doméstica, evitando estabelecimento de metas rígidas de difícil cumprimento, sobrecarga financeira com aquisição de materiais antialérgicos. H I G I E N E A M B I E N T A L corticoides sistêmicos (orais) são recomendados para crise moderadas ou graves e apresentam maior benefício quando iniciados precocemente na crise, na dose de 1-2 mg/kg/dia de prednisolona por 3-5 dias. O plano de ação por escrito deve ser fornecido à família da criança na primeira consulta e deve conter informações sobre como identificar os sintomas iniciais de uma crise, quais sinais de alarme para crise grave, com necessidade de atendimento em urgência. Tratamento das crises de sibilância: segue as mesmas recomendações do tratamento das crises de asma, sendo recomendados beta-2-agonistas inalados a cada 4-6 horas, iniciados no domicílio, assim que identificada a exacerbação e utilizado até a remissão dos sintomas. O R I E N T A Ç Õ E S P A R A A S C R I S E S Baseia-se na redução da inflamação na manutenção da função pulmonar, qualidade de vida, prevenção de exacerbações e disponibilidade de medicamentos sem ou com poucos efeitos adversos. T R A T A M E N T O D E C O N T R O L E inaladores de pó não podem ser usados neste grupo etário. menores de 4 anos devem utilizar nos espaçadores e nebulizadores, uma máscara acoplada ao dispositivo. crianças maiores devem utilizar preferentemente adaptador bucal (boquilha). agentes beta agonistas de longa ação não são recomendados a menores de 4 anos Devem ser utilizados preferentemente sob a forma de inaladores dosimetrados, com espaçadores valvulados. I . B E T A - 2 A G O N I S T A S D E C U R T A A Ç Ã O E C O R T I C Ó I D E S I N A L A D O S Se houver necessidade de um fármaco poupador de corticosteróide neste grupo, recomenda-se os antagonistas de leucotrienos, cujo único disponível no Brasil é o montelucaste. Beta-2 agonistas de curta ação O broncodilatador de curta ação são medicamentos que devem ser usados na vigência dos sintomas como medicamento de resgate, não são de manutenção - também chamados de beta-2 agonistas (Aerolin, Salbutamol, Fenoterol, Berotec). Os beta-2 agonistas tem como efeito colateral a taquicardia, mas o Berotec por causar mais esse efeito, foi descontinuado, apesar de não ser proscrito - além disso, pode haver tremor e sudorese. Corticoide inalatório padrão de sintomas consistente com asma (sibilo, chieira, tosse) + sintomas respiratórios não controlados (Ex.: criança que não consegue ir para a escola por conta das crises). padrão de sintomas não consistente com asma + frequência aumentada (6-8 sem) ou episódio grave (Ex: criança que esteve na UTI por conta de sintomas respiratórios). O primeiro tratamento de resgate é o Aerolin ou Salbutamol, nos EUA tem o Albuterol quenão é disponível no Brasil, mas ambos são da mesma classe (broncodilatador de curta duração - beta-2 agonista) - se houver exacerbação importante do quadro é necessário usar corticoide sistêmico (venoso ou oral) ou sulfato de magnésio. O tratamento básico para essas questões alérgicas/atópicas é o corticóide, usado para reduzir a inflamação, no entanto, necessita-se dos efeitos benéficos do corticoide e deve-se afastar os efeitos colaterais, para isso foram desenvolvidos os corticoides inalados que são as bombinhas que trazem o benefício do tratamento atópico e dão poucos efeitos colaterais. Entre os sibilantes recorrentes há um grupo específico que vai fazer uso de corticoide inalado de manutenção, ou seja, a fim de evitar que a criança tenha crise, sintomas em casa, não durma adequadamente, etc, esse grupo é composto por crianças com: 1. 2. L A Y A N E S I L V A Em menores de 4 anos, não há estudos, então na bula do remédio não pode-se usar as associações, mas tem algumas crianças que necessitam e é prescrito, nesses casos, a criança não passa mal mas não é prescrito porque não tem estudos, mas para menores de 4 anos é feito beta-2 de curta duração e corticóide inalado. Nas consultas subsequentes após início do tratamento é importante avaliar controle dos sintomas, adesão ao tratamento, técnica inalatória e resposta ao CI. Antileucotrienos Agentes beta 2-agonistas de longa duração (LABA) Agem na degranulação dos mastócitos na cascata inflamatória, chamado de Montelucaste, que pode ser usado mas normalmente não é usado como medicamento de primeira linha, pode ser usado junto com o corticóide inalado em casos de crianças que tem crises muito intensas. Ele tem como efeito colateral em alguns casos: irritabilidade, distúrbios de sono e insônia, então ao atender uma criança autista, por exemplo, não é interessante usar Montelucaste. Não tem indicação para menores de 4 anos. D R O G A S D E S E G U N D A L I N H A
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