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Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular APRESENTAÇÃO O desenvolvimento integral e harmonioso do ser humano requer uma visão da complexidade des se desenvolvimento, buscando a singularidade das relações sociais e pessoais e afirmando que u m indivíduo é constituído de diversas dimensões que os tornam humano. Na escola, a organização do currículo se constitui em um elemento fundamental para o desenvol vimento das competências e aprendizagens essenciais e necessárias para a formação integral dos alunos. Com isso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) garante, de maneira inequívoca, seu compromisso com a formação e o desenvolvimento humano integral (motor, cognitivo e soc ioemocional) das crianças e jovens. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender as características da BNCC de uma forma a mpla e, especificamente, os seus conceitos na Educação Física. Também vai ver as suas possibil idades e limitações no intuito da elaboração das aulas de Educação Física no âmbito escolar. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar as características da abordagem pedagógica proposta pela BNCC.• Discutir as possibilidades e limitações da abordagem pedagógica da BNCC aplicada à Edu cação Física escolar. • Formular aulas a partir da abordagem pedagógica da BNCC para os diferentes níveis de Ed ucação Física escolar. • DESAFIO A escola em tempo integral é uma concepção que tem como objetivo garantir aos alunos o desen volvimento deles nas dimensões cognitiva, física e socioemocional, alinhadas com as demandas do século XXI, com foco no pensamento crítico e na formação da sua autonomia. Veja a seguinte situação: Com base nesse contexto e pensando no protagonismo do aluno, como você poderia organizar o s conteúdos? Além disso, nas aulas de Educação Física, quais atividades poderiam ser desenvolv idas para transformar o papel de observador do aluno? INFOGRÁFICO Na BNCC, são identificados vários aspectos que moldam a construção e o desenvolvimento do c urrículo, tais como: influências socioculturais e econômicas, aspectos político-administrativos, meios de produção didáticos, conhecimento historicamente acumulado, organização escolar, inte rações biopsicossociais e atividades de ensino-aprendizagem. No Infográfico a seguir, você vai aprender como esses diversos aspectos na construção da BNC C fazem dela um currículo em ação. CONTEÚDO DO LIVRO A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que privilegia a educação integra l, visando à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Sendo assim, ela é orie ntada por conhecimentos e princípios éticos, estéticos e políticos, cujas competências englobam aspectos cognitivos, motores e socioemocionais, pensamento crítico, criatividade, ações e valore s para resolver os problemas do cotidiano e para o pleno exercício da cidadania com autonomia e no mundo do trabalho. Com isso, espera-se que a fragmentação e a estruturação engessada do currículo tradicional seja m substituídas por uma nova organização, entendida como um somatório de experiências vivida s, em que o aluno estabelece uma relação ativa com o objeto do conhecimento em foco. No capítulo Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular, da obra Abord agens metodológicas do ensino da Educação Física, você vai ver os conceitos básicos na constr ução da BNCC e as implicações e limitações da proposta pedagógica que está atrelada à Educaç ão Física. Além disso, também vai formular planos de aulas a partir das concepções da abordage m pedagógica da BNCC. Boa leitura. ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Carlos Rey Perez Proposta teórico- -metodológica da Base Nacional Comum Curricular Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar as características da abordagem pedagógica proposta pela BNCC. Discutir as possibilidades e limitações da abordagem pedagógica da BNCC aplicada à educação física escolar. Formular aulas a partir da abordagem pedagógica da BNCC para os diferentes níveis de educação física escolar. Introdução A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define em seu documento orientador um conjunto de aprendizagens essenciais que todas as crianças e todos os jovens inseridos na escola possam desenvolver ao longo da educação básica. A BNCC é composta por conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, que foram expressos por meio de competências, para que os estudantes encontrem soluções para as demandas da sua vida cotidiana, para a sua inserção no mundo do trabalho e para exercitar com plenitude a sua cidadania. Portanto, a BNCC parte do pressuposto de que os estudantes tenham uma educação integral, não somente no sentido de tempo de permanên- cia diária na escola. Ela vincula a educação ao pleno desenvolvimento dos estudantes, em suas múltiplas dimensões (intelectual, física, emocional, social e cultural). A BNCC se desvincula da visão curricular tradicionalista, com o foco no ensino, e muda o foco para o processo de aprendizagem dos estudantes, incorporando os seus interesses e os desafios do século XXI em sua perspectiva. Assim, neste capítulo, você vai estudar as características da abordagem pedagógica proposta pela BNCC, verificando também suas possibilidades e limitações, quando aplicada à educação física escolar. Por fim, você vai compreender como se pode formular aulas a partir da abordagem pedagógica da BNCC para os diferentes níveis de educação física escolar. 1 A abordagem pedagógica da Base Nacional Comum Curricular A divulgação do relatório Delors (1998) foi um marco histórico da modifi - cação do paradigma educacional. Isso porque esse documento sugeriu como fundamento para os diversos sistemas de ensino os chamados quatro pilares da educação, que são: 1. aprender a conhecer; 2. aprender a fazer; 3. aprender a ser; e 4. aprender a conviver. Tendo o ser humano como protagonista, esses pilares devem ser a estrutura de qualquer ação educativa, transformando de forma construtiva e duradoura as relações consigo mesmo e com o outro, nas dimensões pessoal, cultural, social, cognitiva e profissional. Nesse contexto, a BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014). O BNCC assegura de maneira explícita seu compromisso com uma formação e um desenvolvimento humano integral (intelectual, físico, afetivo, social, ético, moral e simbólico) das crianças e jovens. Nesse contexto, a integração do currículo identifica uma comunhão com princípios e valores que norteiam a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2017). Na BNCC, as aprendizagens essenciais devem assegurar ao aluno o desen- volvimento de 10 competências gerais, que corporificam o direito à aprendi- zagem e ao desenvolvimento integral do aluno. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular2 Figura 1. As 10 competências gerais da Base Nacional Comum Curricular. Fonte: INEP (2017, documento on-line). O papel da educação e do aluno pela BNCC Amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996) e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a BNCC é a referência nacional obrigatória para que as escolas desenvolvam suas propostas pedagógicas em consonância com as aprendizagens essenciais. Esse desenvolvimento deve ser norteado pelo princípio fundamental de propiciar a todos os alunos a formação necessária para o exercício da cidadania plena. Assim, a BNCC busca “[...] colocar em perspectivaas oportunidades de desenvolvimento do/a estudante e os meios para garantir-lhe a formação comum, imprescindível ao exercício da cidadania” (BRASIL, 2017, documento on-line). Para isso, na BNCC, estão normatizados, a todos os alunos, os direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento integral, que devem ocorrer com base nos princípios universais da ética, da política e da estética, em todas as etapas 3Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular da educação básica. Nesse sentido, os componentes curriculares têm o papel primordial de garantir essa formação e esse desenvolvimento. Os princípios éticos dizem respeito à solidariedade, no âmbito do fortale- cimento de laços de amizade e da tolerância mútua na vida em sociedade, e ao respeito à diversidade e ao acolhimento, com a valorização das diferenças individuais, devendo o ensino ser participativo e inclusivo. No campo do desenvolvimento político, a BNCC atua em prol do pertencimento do aluno à sociedade, da formação do cidadão compromissado e responsável com o bem-estar comum. […] Um cidadão que possa, na sua passagem pela escola, isto é, através do cur- rículo, aprofundar os conhecimentos que adquiriu nas experiências da cultura e interagir com os saberes sistematizados, quer seja do campo da filosofia, da arte, da educação física, da matemática, das ciências, da língua portuguesa ou estrangeira, etc. Esse entrecruzamento cultural lhe proporcionará uma participação mais qualificada na esfera pública. Isso acontece não somente pelo aprimoramento da leitura e escrita, mas também mediante uma quantidade enorme de conhecimentos e saberes que viabilizam a compreensão, a crítica e a ação no mundo (NEIRA; ALVIANO; ALMEIDA, 2016, documento on-line). No que tange à estética, a BNCC incentiva a compreensão e a apreensão da realidade pela sensibilidade, resultante não apenas da ação cognitiva, mas incluindo a imaginação, o prazer e a intuição, constituintes de um sujeito crítico e criativo. Nesse contexto, o aluno é um ser simbólico. Segundo Rios (2010; p. 98), “[…] a racionalidade não está descolada da sensibilidade, mas ao contrário, está articulada a outras tantas capacidades, que influenciam na realidade com potência para transformá-la”. Na BNCC, o aluno tem papel preponderante na aprendizagem, passando de mero coadjuvante para protagonista no processo educacional. Há a valorização da experiência vivida e do conhecimento do cotidiano, que são fundamentais para elaborar novos conhecimentos, indicando a formação de um sentido crítico — com isso, o aluno assume um papel de investigador. Para que isso ocorra, o professor deve conduzir o conhecimento, que será aprendido de ma- neira sistematizada e intencionalmente organizada; então, esse conhecimento poderá ser apropriado pelo aluno, que, assim, desenvolve suas potencialidades. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular4 Qual é a diferença entre as competências gerais e as competências socioemo- cionais na BNCC? Há uma certa dúvida em relação aos tipos de competências propostas pela BNCC, muitas vezes entendidas como sinônimos. “Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2017, documento on-line). Na prática, é a utilização dos saberes dos diversos componentes curriculares em questões do cotidiano, pautada pelos princípios da ética, da política e da estética. As competências socioemocionais, cujo entendimento teve início com os estudos no campo da psicologia na década de 1930, são competências que emergem da gestão das emoções e estão relacionadas à capacidade de mobilização e articulação. Trata-se de colocar em ação os valores e as atitudes éticas de uma forma responsável e intencional, cultivando a empatia e estabelecendo relações positivas consigo mesmo e com o outro. Na realidade, uma competência é complemento da outra, uma vez que, na aborda- gem pedagógica da BNCC, não existe uma hierarquia de competências. O aluno e o conhecimento não são fragmentados, e os conteúdos são trabalhados nas diversas dimensões (cognitiva, motora e sociocultural). 2 Possibilidades e limitações Na BNCC, a educação física está inserida na área de linguagens, juntamente com outros componentes curriculares, como língua portuguesa, língua es- trangeira moderna e arte. O documento explicita que: A finalidade é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhe- cimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2017, documento on-line). A educação física tem como objetivo principal exercitar a subjetividade humana, ou seja, compreender a história e a dinâmica e experimentar as práticas sociais que formam a cultura corporal de movimento. Ela visa à utilização 5Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular desses recursos no cotidiano, em momentos de lazer, usufruindo de uma melhor qualidade de vida. Para isso, a BNCC concebe a educação física como “[...] um conjunto de práticas sociais centradas no movimento, realizadas fora das obrigações laborais, domésticas, higiênicas, religiosas, nas quais os sujeitos se envolvem, em função de propósitos específicos, sem caráter instrumental” (BRASIL, 2017, documento on-line). Em articulação com as competências gerais da BNCC, a educação física, inserida na área de linguagens, deve garantir aos alunos o desenvolvimento das competências específicas descritas a seguir (BRASIL, 2017, documento on-line): 1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual. 2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as pos- sibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo. 3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das ativi- dades laborais. 4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas. 5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes. 6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos. 8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde. 9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, pro- pondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário. 10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. Ao tratar de conhecimentos específicos para a área da educação física, a BNCC remete às práticas corporais e às suas reflexões nas mais diversas dimensões e busca, assim, por meio da sua promoção, dar sentido e signi- ficado para os estudantes, ou seja, aqueles que realmente a vivenciam. A BNCC tem a visão de que o movimento humano sempre está inserido em um Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular6 contexto maior, seja ele cultural,histórico ou social, ao mesmo tempo que é interpretado de acordo com esses contextos. Assim, a BNCC para a educação física propõe que as competências específicas ampliem e deem consciência à cultura corporal de movimento, de modo que o estudante possa desenvolver sua autonomia, sua criticidade e uma participação ativa no seu grupo social. Boscatto, Impolcetto e Darido (2016, documento on-line) entendem que a BNCC, dessa forma, pode contribuir para a educação física na escola, “[…] com a práxis educativa cotidiana dos professores, considerando a falta de tradição na área quanto à organização curricular de seus conteúdos”. Pelo documento, existe a proposta de que cada sistema de ensino ou escola escolha as competências e os objetivos de acordo com a peculiaridade de cada região. De acordo com Martinelli et al. (2016 documento on-line), o documento, “[…] desse modo, reforça os princípios e valores de uma educação para a ‘cidadania’ e ‘democracia’, princípios basilares do documento”. No entanto, a sistematização curricular da educação física é necessária para a definição dos conteúdos a serem ensinados, para a organização desses conteúdos por anos ou ciclos de aprendizagem e para auxiliar os professores na elaboração de seus próprios currículos à luz dos interesses de seus alunos e da proposta pedagógica da escola, conforme apontam Boscatto, Impolcetto e Darido (2016). Contudo, para Daólio (2002), a educação física deve trabalhar com blocos de conteúdo (jogo, ginástica, dança, luta e esporte), em todos os anos e es- colas. Em cada bloco, as características e os significados das manifestações culturais locais devem ser levados em consideração; assim, o desenvolvimento dos conteúdos, a sua implementação e o sentido dado em cada bloco serão diversificados. Para esse autor, dessa forma, o professor se transformará de mero executor para um mediador de conhecimentos. […] é possível selecionar da cultura corporal de movimento os conteúdos considerados universais, ou seja, aqueles que são fundamentais no currículo de EF escolar das diferentes partes do país, de acordo com a estruturação que a BNCC prevê para a EF escolar (BOSCATTO; IMPOLCETTO; DARIDO, 2016, documento on-line). 7Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular Tradicionalmente, a escola reserva um dia em seu calendário escolar para a realização da festa junina. Para a educação física, a tarefa é a apresentação de danças típicas tradicionais, como a quadrilha, ou danças modernas, como o sertanejo (dança brasileira) ou o country (dança do mundo), que também constam no planejamento anual na temática danças. Nesse contexto, o professor pode trabalhar, além da coreografia das danças, o conhecimento histórico-social. Por exemplo, pode-se explicar que os movimentos foram inspirados na dança da nobreza europeia e que os nomes dos passos são adaptações de palavras francesas, como anarriê, anavantur e balancê. De outra forma, sem essa contextualização, os estudantes não são instigados a desenvolver com plenitude as origens e tradições do povo brasileiro. Mesmo assim, quando o planejamento das aulas não está organizado de forma que o diagnóstico inicial seja parte integrante da noção sobre “ de onde o professor vai partir” e “onde ele quer chegar” com os alunos, é necessário ter ciência exata de quais conhecimentos os alunos trazem e de seus interesses e suas potencialidades de modo individual. Assim, ao estabelecer conteúdos básicos em cada unidade temática e em qual etapa da progressão educacional deve ser ministrado esse conteúdo, a BNCC não permite a liberdade de escolha do professor de acordo com o diagnóstico inicial. “Um programa de aulas que imponha que o basquetebol deva ser ensinado a partir da quinta série, no segundo bimestre do ano, seguindo a mesma estrutura pedagógica tida como universal, estará, no mínimo, desconsiderando as especificidades locais. Não estará respeitando a tradição histórica e a dinâmica cultural do grupo” (DAÓLIO, 2002, p. 18-19). A educação física subsidia o enriquecimento cultural dos alunos por meio dos saberes corporais, cognitivos, éticos e estéticos e do conhecimento cons- truído pela humanidade, pautado em experiências lúdicas (BRASIL, 2017). Essa forma de pensamento pode ir, supostamente, em direção às concepções das teorias sociológicas da educação física, já que, nessa perspectiva, segundo Betti e Zuliane (2012, documento on-line), objetiva-se “[…] introduzir e inte- grar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade da vida”. No entanto, para Neira (2018, documento on-line), há falta de consistência na BNCC, pois ela não deixa claro qual é o referencial teórico utilizado para as noções de cultura e cultura Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular8 corporal: “[…] conceitos centrais como cultura e cultura corporal deveriam ter sido explicados, pois, a depender do referencial adotado, refletir-se-ão sobre a prática de diferentes maneiras”. Outro ponto de discórdia para Neira (2018) é em relação às competências socioemocionais; para o autor, no documento, estabelece-se total consonância com uma educação integral, mas os conteúdos práticos põem em xeque tal integralidade. A depender de como o professor introduz os conceitos das compe- tências socioemocionais, o estudante fica à mercê de subjetivações decorrentes de esses conceitos não estarem bem estruturados na prática do professor. Rezer ([2016]) afirma que a escola está repleta de experiências de forma- ção cognitiva, que representam grande parte do investimento proposto por ela. A BNCC, segundo o autor, procura reforçar (mesmo sem querer) essa dimensão cognitiva, ao afirmar que “[…] pode colaborar com os processos de letramento e alfabetização dos alunos, ao criar oportunidades e contextos para ler e produzir textos que focalizem as distintas experiências e vivências nas práticas corporais tematizadas” (REZER, [2016], documento on-line). Não foram estipuladas habilidades de reflexão sobre a ação, construção de valores, compreensão e protagonismo comunitário. Ao que parece, o privilé- gio concedido ao domínio cognitivo suplantou os demais. O fato não é uma exceção, nenhuma unidade temática e, por consequência, nenhum objeto de conhecimento foram contemplados com habilidades referentes a todas as “dimensões” anunciadas (NEIRA, 2018, documento on-line). 3 Abordagem da Base Nacional Comum Curricular aplicada à educação física escolar O professor necessita organizar suas aulas tendo como foco as habilidades, competências gerais e competências específi cas presentes na BNCC, que serão trabalhadas de forma sistemática. Dessa forma, o professor deve ter em mente as 10 competências gerais da BNCC que estão articuladas com as competências específi cas da área de educação física, respeitando as possibilidades didáticas das unidades temáticas. Deve-se fazer um arranjo com os objetos de conhe- cimento que estarão presentes ao longo do ensino fundamental, que, por sua vez, relacionam-se com as diversas habilidades presentes no documento da BNCC. Dessa forma, na BNCC, as habilidades fi rmam um compromisso para que os estudantes vivenciem as aprendizagens essenciais no contexto escolar. Na Figura 2, são estabelecidas as relações existentes na organização peda- gógica e didática das aulas a partir da abordagem da BNCC. As competências 9Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular gerais e específicas das disciplinas são definidas como a mobilização do conhecimento historicamente acumulado e são organizadas pelos blocos de unidades temáticas de cada componente curricular. Para cada unidade, os conteúdos, processos e conhecimentos específicos são estruturados com o objeto do conhecimento que seráabordado — por exemplo, as partes do corpo humano. Por fim, as habilidades essenciais esperadas em cada disciplina são apresentadas por meio de verbos, como compreender, identificar, experimentar, que identificam o que será pedido ao aluno. Figura 2. Organização pedagógica e didática de uma aula na abordagem da Base Nacional Comum Curricular. Fonte: Ratier (2018, documento on-line). Educação física na BNCC: etapa da educação infantil Na educação infantil, os objetivos visam à interligação entre escola e família, de forma a acolher as experiências e os conhecimentos que as crianças trazem do ambiente familiar e do contexto do seu grupo social, articulando-os com a proposta pedagógica da escola. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular10 […] para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das crian- ças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade (BRASIL, 2017, documento on-line). Nessa etapa, os componentes curriculares são divididos por campos de experiência, em vez de áreas de conhecimento, como nas outras etapas da educação básica. “Os campos de experiências constituem um arranjo curri- cular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, documento on-line). Assim, estabelecem-se os campos de experiência apresentados no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Brasil ([201-a]). O eu, o outro e o nós Diz respeito à interação da criança com as outras crianças e com os adultos que a cercam, constituindo, assim, um modo próprio de agir, sentir e pensar. Corpo, gestos e movimentos Por meio do corpo (gestos e movimentos impulsivos/ intencionais, coordenados/espontâneos), as crianças exploram o mundo, os espaços e os objetos ao seu redor, estabelecendo relações, brincando e produzindo conhecimentos sobre si mesmas e as outras, dentro do seu universo sociocultural, tomando consciência da sua corporeidade. Traços, sons, cores e formas Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, do seu grupo social ou universais, vivenciando as diversas formas de expressão e linguagens, como pintura, modelagem, colagem, música, teatro e dança. Escuta, fala, pensamento e imaginação As crianças participam de situações comunicativas do seu cotidiano com as pessoas com as quais interagem, despertando o seu pensamento e a sua imaginação. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Exploração de diferentes espaços e tempos escolares nas diversas dimensões constituídas em um mundo de fenômenos naturais e socioculturais. Quadro 1. Campos de experiência da educação infantil e suas definições 11Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular A partir desses campos de experiência, podemos deduzir como o mais próximo de uma cultura corporal de movimento o item “Corpo, gestos e movimentos”. As aprendizagens propostas para esse campo são (BRASIL, 2017, documento on-line): - Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. - Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. - Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com o outro e com o meio. - Coordenar suas habilidades manuais. Dessa forma, o professor de educação física pode desenvolver atividades que vinculem questões de problemas do cotidiano, por exemplo: reciclagem do lixo, solicitando que os alunos tragam materiais reciclá- veis de suas casas e construam brinquedos, como boliche e vai e vem, usando, posteriormente, os brinquedos nas aulas de educação física; elaboração de cartazes com colagem, que podem ser espalhados pela escola, com dicas de atividades físicas para que alunos imitem e brin- quem em grupo; promoção de atividades de conhecimento do próprio corpo, sobre as suas características e o respeito pelo corpo; ensino de danças tradicionais e folclóricas. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular12 Atividades de esquema corporal são importantes para que a criança tenha consciência sobre seu próprio corpo, sendo indispensáveis, também, para a formação de esquemas espaciais e temporais. O desenvolvimento do esquema corporal da criança está atrelado à maturidade neurológica e às suas vivências corporais. Como exemplos de atividades para a etapa da educação infantil, podemos citar a seguinte: pedir para os alunos desenharem e descreverem seu corpo inteiro no caderno; com um rolo de papel kraft, pedir para um aluno se deitar sobre o papel e fazer o contorno do corpo, fixar o papel com o desenho do corpo e pedir para os alunos nomearem as partes do corpo que conhecem; estimular os alunos a compararem o desenho que fizeram no papel com o que foi exposto no papel kraft; fornecer informações sobre movimentos que trabalham os músculos e as articulações. Educação física na BNCC: etapa do ensino fundamental A educação física escolar é um componente curricular cujo objeto de estudo são as práticas corporais produzidas pelos diferentes grupos sociais ao longo da história. Para a área de educação física, “Há três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: movimento corporal como elemento essencial; organização interna (de maior ou menor grau), pautada por uma lógica especí- fi ca; e produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ou o cuidado com o corpo e a saúde” (BRASIL, 2017, documento on-line). Dentro dessa lógica, a BNCC divide os conteúdos a serem trabalhados na educação física escolar por unidades temáticas, que são: jogos e brincadeiras; esportes; ginásticas; danças; lutas; práticas corporais de aventura. Para os anos iniciais do ensino fundamental, a BNCC busca a qualificação, a produção e a existência das práticas corporais, pautadas no diálogo professor-aluno, sem interrupção com relação às experiências vividas na educação infantil. Os objetos de conhecimento foram divididos em dois ciclos (do 1º ao 2º ano e do 3º ao 5º ano), conforme mostra o Quadro 2. 13Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular Fonte: Adaptado de Brasil ([201-b]). Atividades 1º e 2º ano 3º ao 5º ano Brincadeiras e jogos Brincadeiras e jogos da cultura popular. P. ex.: queimada, esconde- -esconde, pega-pega, corre cotia, batata quente Manifestações de brincadeiras e jogos tradicionais do Brasil e do mundo. P. ex.: oficina de pipas, jogo do pião, flagball (adaptação do futebol americano), cabo de guerra Esportes Esportes que envolvam registro de tempo ou distância. P. ex.: jogo de estafeta, corridas com marcação de tempo, pega-pega com variações Esportes que envolvam lançamento e arremesso. P. ex.: bocha, tiro ao alvo, lançamento em aros ou baldes variando a distância Esportes que utilizam um implemento. P. ex.: jogo de taco, beisebol adaptado Esportes que utilizam uma rede ou parede para arremessar, rebater ou lançar uma bola. P. ex.: jogos pré-desportivos de voleibol, rebater a bola em uma parede Esportes que envolvam a conquista de espaço no campo ou quadra do adversário. P. ex.: jogos pré-desportivos de basquetebol ou handebol Ginásticas Ginástica geral. P. ex.: exercícios de condicionamento físico e alongamento Ginástica geral. P. ex.: exercícios de condicionamento físico e alongamento, importância do aquecimento, ginástica circense Danças Danças folclóricas e regionais. P. ex.: exercícios que envolvam deslocamento rítmicocom músicas populares, individual ou em pequenos grupos Danças tradicionais do Brasil e do mundo. P. ex.: apresentação de frevo ou dança de salão Lutas Inserção do tema lutas no contexto regional ou do Mundo. P. ex.: briga de galo, boxe, lutas de desequilíbrio do adversário Quadro 2. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular14 Nos anos finais do ensino fundamental, os alunos estão mais alheios, e as interações sociais se tornam mais complexas. As práticas corporais que permitem identificar significados e sentidos e, posteriormente, recriá-los, com a valorização do trabalho em grupo, solidificando seu protagonismo, são mais apreciadas pelos alunos. As práticas corporais são ampliadas para o uso para o lazer e a saúde e passam a ser entendidas como um direito do aluno, como cidadão. A cultura corporal de movimento é promovida com base na identidade cultural e social dos alunos, adotando-se uma postura crítica em relação a temas considerados caros para a sociedade contemporânea, como o preconceito de raça e gênero. Os objetos de conhecimento para esses anos também foram divididos em dois ciclos (do 6º ao 7º ano e do 8º ao 9º ano), conforme mostra o Quadro 3. Atividades 6º e 7º ano 8º e 9º ano Jogos Jogos eletrônicos. P. ex.: campeonato de jogos eletrônicos, atividades de orientação utilizando o GPS do aparelho celular Esportes Esportes que envolvam registro de tempo ou distância. P. ex.: atletismo Esportes que envolvam lançamento e arremesso. P. ex.: bocha, tiro ao alvo Esportes que utilizam uma rede ou parede para arremessar, rebater ou lançar uma bola. P. ex.: jogos de voleibol, rebater a bola em uma parede Esportes que envolvam a conquista de espaço no campo ou quadra do adversário. P. ex.: jogos de basquetebol ou handebol Introdução de técnicas e táticas dos diversos esportes Esportes que envolvam registro de tempo ou distância. P. ex.: atletismo Esportes que envolvam lançamento e arremesso. P. ex.: bocha, tiro ao alvo Esportes que utilizam uma rede ou parede para arremessar, rebater ou lançar uma bola. P. ex.: jogos de voleibol, rebater a bola em uma parede Esportes que envolvam a conquista de espaço no campo ou quadra do adversário. P. ex.: jogos de basquetebol ou handebol Introdução de técnicas e táticas dos diversos esportes Esportes que envolvam luta física. P. ex.: boxe tailandês Quadro 3. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos finais (Continua) 15Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular Educação física na BNCC: etapa do ensino médio Para o ensino médio, a BNCC estabelece que o aluno que conclui essa etapa da educação básica deve ser capaz de analisar criticamente o mundo e, es- pecifi camente, seu grupo social, de se comunicar com clareza nas diversas linguagens — escrita, falada ou corporal — e em seus variados contextos, utilizando-se da argumentação e da expressão de suas emoções na solução dos problemas do cotidiano, aprendendo continuamente. Por isso, a fragmentação dos conteúdos deve ser superada na forma de integração com os diferentes componentes curriculares, enfatizando e apoiando a construção de seu projeto de vida, no intuito de desenvolver as capacidades essenciais para sua autonomia pessoal, profi ssional, intelectual e política, visando à criticidade de suas ações. Nesse sentido, a BNCC estabelece que, para o ensino médio: […] a abordagem integrada da cultura corporal de movimento na área de Lin- guagens e suas Tecnologias aprofunda e amplia o trabalho realizado no Ensino Fundamental, criando oportunidades para que os estudantes compreendam Fonte: Adaptado de Brasil ([201-b]). Atividades 6º e 7º ano 8º e 9º ano Ginásticas Ginástica geral. P. ex.: exercícios de condicionamento físico e alongamento Ginástica de condicionamento físico. P. ex.: importância para o lazer e a saúde Danças Danças urbanas. P. ex.: apresentação e concurso de danças urbanas, como hip-hop Danças de salão. P. ex.: apresentação e concurso de danças de salão, como valsa, tango e samba Lutas Lutas do Brasil. P. ex.: capoeira, maculelê Lutas do mundo. P. ex.: judô e karatê Práticas corporais de aventura Práticas corporais de aventura urbana. P. ex.: skate, equilíbrio na corda elevada Práticas corporais de aventura na natureza. P. ex.: corrida de orientação usando bússola do aparelho celular Quadro 3. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos finais (Continuação) Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular16 as inter-relações entre as representações e os saberes vinculados às práticas corporais, em diálogo constante com o patrimônio cultural e as diferentes esferas/campos de atividade humana (BRASIL, 2017, documento on-line). Nessa etapa da educação básica, os conteúdos da educação física, dentro das unidades temáticas, visam ao aperfeiçoamento das técnicas/táticas, dos conceitos e das habilidades, de modo que a interdisciplinaridade se traduza em uma constante argumentação com os saberes de outras áreas. O esporte assume seu potencial na tomada de decisões com valores éticos e humanis- tas, em defesa dos direitos humanos e da democracia. Desse modo, deve-se promover experiências próximas à vida acadêmica, profissional e pública, utilizando-se de recursos tecnológicos digitais, com exercícios de análise crítica e classificação. Os professores devem retomar as potencialidades e os limites do corpo com seus alunos, de forma a garantir a conscientização sobre uma vida ativa e saudável, o autoconhecimento, o autocuidado com o corpo e a saúde, a so- cialização e o lazer. Deve-se promover a discussão da utilização dos espaços privados e, principalmente, públicos para a prática corporal, em prol do seu grupo social em específico e da cidadania de modo geral. No artigo disponível no link a seguir, as autoras fazem uma apropriação da unidade temática da dança, utilizando caminhos formativos para contextualizá-la aos alunos do ensino médio. https://qrgo.page.link/5CswF Assim, pode-se realizar atividades de aceitação corporal, promovendo autoconfiança nas aulas de educação física, ou uma discussão sobre o doping no esporte, como gancho para a discussão sobre o uso de anabolizantes nas academias, para ter um corpo apresentável de acordo com os padrões de beleza que a sociedade impõe. Pode-se promover discussões sobre o combate ao sedentarismo, como promoção da qualidade de vida, e atividades que envolvam os alunos com diversidade física e cultural, como os alunos com 17Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular deficiência, promovendo o respeito, a inclusão e a igualdade de gênero no esporte, favorecendo a ideia do esporte para todos. Acesse o link a seguir e assista a um vídeo que resume a BNCC em relação à área de linguagens. https://qrgo.page.link/yPmUa A BNCC traduz com eficiência a exploração dos ideais de uma formação integral dos alunos, necessária para promover uma educação pautada pela valorização do conhecimento historicamente acumulado e da cultura do grupo social em que se vive, mediada por um professor que enfatize o processo de aprendizagem, com uma formação crítica, apresentando soluções para a realidade social dos alunos. A educação física é uma prática pedagógica, social e cultural, que se constituiu como a reprodução de uma cultura corporal, promovendo as potencialidades humanas. Ela se baseia nas manifestações corporais por meio de jogos e brincadeiras, esportes, danças, lutas, ginasticas e práticas corporais de aventura. BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1, p. 73-81, 2002. Disponível em: https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/47/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fi-sica/REMEFE-1-1-2002/art6_edfis1n1.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. BOSCATTO, J. D.; IMPOLCETTO, F. M.; DARIDO, S. C. A Base Nacional Comum Curricular: uma proposição necessária para a Educação Física? Motrivivência, v. 28, n. 48, p. 96- 112, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/ view/2175-8042.2016v28n48p96. Acesso em: 29 jan. 2020. BRASIL. Introdução: a base nacional comum curricular. In: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é base. Brasília: Ministério da Educação, [201-b]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/educacao-fisica. Acesso em: 29 jan. 2020. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular18 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/ BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. BRASIL. Os campos de experiencias. In: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: edu- cação é base. Brasília: Ministério da Educação, [201-a]. Disponível em: http://basena- cionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-campos-de-experiencias. Acesso em: 29 jan. 2020. BRASIL. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: Ministério da Educação, 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov. br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020. DAÓLIO, J. A cultura da/na educação física. 2002.112 f. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. DELORS, J. et al. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. In: DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez Editora, 1998. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular20 DICA DO PROFESSOR A cultura corporal de movimento representa uma possibilidade concreta de interação com as pre missas da BNCC, uma vez que a diversidade, a criatividade e a ludicidade, entre outras, estão pr esentes nos conteúdos utilizados nas aulas de Educação Física. Na Dica do Professor, será apresentada a aproximação da Base Nacional Comum Curricular (B NCC) com a abordagem da cultura corporal de movimento. Você vai poder refletir sobre os con ceitos e as características da BNCC com exemplos da cultura corporal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) No Brasil, historicamente, a Educação Física escolar tem dificuldade em estabelecer c onteúdos mínimos para dar conta do universo de conhecimentos da área que devem s er ensinados na escola. Como a BNCC se propõe a resolver essa questão? Marque a alternativa correta. A) Cabe ao professor a decisão do que ensinar aos alunos em cada unidade temática e em cad a etapa da escolarização. B) Os conteúdos em cada unidade temática são definidos no planejamento do início do ano let ivo, sem conhecer o aluno. C) As dimensões do conhecimento da Educação Física e seus conteúdos estão definidas nas u nidades temáticas. D) Os conteúdos de cada unidade temática não permitem adaptações durante o ano letivo e de vem ser rigidamente seguidos. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/875554e3ae9d9fa6317c6ba75302b2c2 E) A participação do aluno não é levada em consideração nas escolhas dos conteúdos para as aulas de Educação Física. 2) A capoeira é uma prática corporal que foi difundida no Brasil como uma manifestaçã o cultural dos negros africanos na época da escravidão. Pensando nisso, um professor de Educação Física convidou docentes de outras disciplinas para um projeto interdisc iplinar. Qual seria o encaminhamento correto para a proposta do professor de Educação Físi ca? Marque a opção certa. A) A Educação Física pertence à área de Linguagens. Por isso, somente devem ser convidado s os professores de Língua Portuguesa e Artes. B) A capoeira é um conteúdo da unidade temática "lutas" e, por esse motivo, não deve ser tra balhada com outras disciplinas. C) Na organização do projeto, as discusões socias e culturais ficaram com as disciplinas teóric as, e a prática da capoeira, com a Educação Física. D) Ao propor a interdisciplinaridade, o professor de Educação Física deve tratar a capoeira co mo um fenômeno de múltiplos olhares. E) O professor de Educação física deve definir, unilateralmente, quais conteúdos as diversas d isciplinas deveriam ensinar. 3) De acordo com a BNCC, a avaliação dever ser formativa. Na Educação Física, uma d as formas de se fazer isso é por meio da consideração de diferentes fatores associados às manifestações da cultura corporal. Qual das afirmações a seguir representa melhor essa forma de avaliação? A) "Eu avalio os alunos pela média da turma, não há uma avaliação individual." B) "Eu trabalho jogos nas aulas e eles sabem que existem regras. A avaliação começa por seg uir as regras." C) "Com o conteúdo 'dança', eu avalio o que eles sabem sobre a dança, o desempenho e a part icipação." D) "Eu vejo a questão atitudinal, o comportamento e o respeito, mas não tem como avaliar iss o." E) "Eu avalio a presença e a participação, mas, se o aluno está presente e não participa, não te m nota." 4) Na Educação Física, a BNCC parte do princípio de que os alunos vivenciem práticas corporais e façam inferências culturais, sociais e éticas. Dessa forma, o aluno é capaz de ampliar qual(is) capacidade(s)? Marque a alternativ a correta. A) Resistência à intensidade da atividade física, de modo que se desenvolva o sistema cardiov ascular nas aulas práticas. B) Trabalho em equipe, escuta, diálogo, convivência com a imprevisibilidade e respeito à div ersidade. C) Trabalho individual, escuta, diálogo, convivência com a previsibilidade e a diversidade. D) Trabalho individual, diálogo,consideração somente do seu ponto de vista e conformismo c om a rotina escolar. E) Trabalho individual e em equipe, escuta e diálogo unilaterais, convivência com a imprevisi bilidade e a diversidade. 5) Na unidade temática "ginásticas", o professor de Educação Física pode organizar ati vidades com o objetivo de estimular a habilidade de cooperação. Nesse contexto, qual dimensão do conteúdo o professor destaca em sua aula? A) Atitudinal. B) Cognitiva. C) Procedimental. D) Afetiva. E) Social. NA PRÁTICA A diversidade diz respeito a um conjunto de diferenças individuais que são compartilhadas na es fera social. Dentro da escola, ela se faz presente por meio de uma convivência harmoniosa entre diferentes raças, gêneros e religiões. Nas dez competências gerais, a BNCC diz: "exercitar a em patia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o re speito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíd uos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos d e qualquer natureza" (BRASIL, 2017a, p. 10). A seguir, você vai conhecer uma prática pedagógica em que a unidade temática "lutas" ampliou a discussão sobre as questões de gênero na escola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Currículo da cidade – Ensino Fundamental – Educação Física Neste vídeo, você vai ver como foi a construção do currículo da Educação Física, baseada da B NCC, na rede de ensino público da cidade de São Paulo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Base Nacional Comum Curricular: como ficam as disciplinas de Educação Física e Artes Neste vídeo, o professor Alexandre Palma discute sobre os conteúdos das disciplinas de Artes e Educação Física na BNCC. Assista para saber se essas disciplinas devem ou não ser integradas e entenda o que pode mudar. https://www.youtube.com/embed/7WAnrlNCesA Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. A proposta pedagógica pós BNCC O investimento em metodologias ativas e na capacitação de professores também será um desafi o, visto ser a proposta pedagógica a expressão do que a escola propõe. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/DM3PbYm3Onw https://www.youtube.com/watch?v=vIlttUq7pp8