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Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 1 EDUCAÇÃO FÍSICA MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo XI Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 2 CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP EDUCAÇÃO FÍSICA MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO Tomo XI Christiane Mazur Doi Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências (Tecnologia Nuclear), Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com Aperfeiçoamento em Estatística. Professora titular da Universidade Paulista. Carolina Harumi Kurashima Mestra em Ciências da Saúde e Bacharela em Nutrição. Professora adjunta da Universidade Paulista. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 3 Questão 1 Questão 1.1 O nível de motivação no processo de aprendizagem de uma nova habilidade é extremamente importante, podendo ser explicado pela teoria do U invertido, representada na figura a seguir. MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 2000 (com adaptações). Considerando a teoria do U invertido, avalie as afirmativas. I. Baixos níveis de motivação estão associados a baixo nível de aprendizagem. II. Altos níveis de motivação estão associados a altos níveis de aprendizagem. III. Ótimos níveis de motivação estão associados a moderados níveis de aprendizagem. IV. A motivação deve ser otimizada de acordo com a atividade a ser realizada. V. A utilização de componentes lúdicos (jogos e brincadeiras) em nível ótimo pode estar associada a altos níveis de aprendizagem. É correto apenas o que se afirma em A. I, II e IV. B. I, III e V. C. I, IV e V. D. II, III e IV. E. II, III e V. 1Questão 12 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 4 1. Introdução teórica Motivação A motivação é definida como “a direção e a intensidade do esforço de uma pessoa para alcançar uma meta de performance, tanto para dominar uma tarefa quanto para demonstrar competência superior em comparação com outros executantes” (SCHMIDT e WRISBERG, 2001, apud UNESCO, 2013). A motivação é consequência de um conjunto de variáveis sociais, ambientais e individuais que definem a escolha de uma atividade física e a intensidade da prática que determina o rendimento de tal atividade (SIQUEIRA e TICIANELLI, 2014). A motivação pode atuar como aceleradora de processos e determinar a velocidade, a intensidade e o tempo de retenção das novas tarefas relativas à aprendizagem. Quanto mais estimulado o aluno estiver, mais motivado ele estará para realizar as atividades propostas (sempre considerando o nível de motivação). No momento em que o estudante aprender uma nova habilidade, a motivação não pode ser baixa nem alta, conforme mostrado da figura 1, que se baseia na teoria do U invertido. Figura 1. Teoria do “U invertido”. UNESCO, 2013. Em resumo, para que o aluno obtenha o melhor desempenho, não é adequado que ele esteja motivado demais: há um nível ótimo de motivação. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 5 O processo de ensino e aprendizagem é facilitado pela existência de um contexto em que a criança se sinta motivada e se divirta com a atividade proposta – fatores importantes para que o aprendizado aconteça. Desse modo, o professor deve pensar em como tornar a atividade mais interessante e como dar significado à prática proposta, por exemplo, por meio da introdução de atividades com componentes lúdicos. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a teoria do U invertido, baixos níveis de motivação estão associados a baixos níveis de aprendizagem. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a teoria do U invertido, altos níveis de motivação estão associados a baixos níveis de aprendizagem. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a teoria do U invertido, ótimos níveis de motivação estão associados a altos níveis de aprendizagem. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A motivação pode ser otimizada de acordo com a atividade a ser realizada. Tomemos, por exemplo, duas aulas: uma aula de futebol na qual o objetivo é realizar o passe com precisão da lateral do campo para dentro da grande área; uma aula na qual o objetivo é chutar a bola o mais distante possível em forma de lançamento. Os níveis de motivação para cada aula devem variar, já que as motivações se diferenciam de acordo com a necessidade da habilidade (UNESCO, 2013). V – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A existência de um contexto lúdico, com jogos e brincadeiras, é ideal para motivar a criança a participar da aula e pode estar associada a altos níveis de aprendizagem. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 6 Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas SIQUEIRA, N. F.; TICIANELLI, G. Psicologia e esporte: o papel da motivação. Ciência e inovação, Americana v. 1, n. 1, 2014. UNESCO. Aprendizagem motora. Brasília: Fundação Vale, UNESCO, 2013. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 7 Questão 2 Questão 2.2 No âmbito educacional, entre os vários marcos legais criados, as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial na educação básica (Resolução CNE N° 2, 2001) configuraram a necessidade e a urgência da elaboração de normas pelos sistemas de ensino e educação para o atendimento dessa população, visando à construção de modelos educativos em prol da universalização do ensino e com foco na atenção à diversidade na educação brasileira. A formação de professores é elemento central para elevar a qualidade da educação brasileira, na perspectiva da implementação da política da educação inclusiva. Considerando a importância do professor de Educação Física no processo de construção de modelos pedagógicos que promovam a efetiva inclusão na escola, avalie as afirmativas. I. Os processos formativos do professor de Educação Física pressupõem a adoção de estratégias didático-pedagógicas que atendam a todos os alunos, respeitem suas diferenças e os estimulem ao maior conhecimento de si mesmos e de suas potencialidades. II. Os processos formativos do professor de Educação Física pressupõem a adoção de estratégias didático-pedagógicas pautadas em conhecimentos de conteúdos de cunho técnico-desportivo, corporal e biológico, visando ao desenvolvimento de atividades que priorizem o desempenho físico e técnico do aluno. III. Os processos formativos do professor de Educação Física pressupõem discussões que possibilitem a reflexão acerca da própria prática pedagógica do docente, com a adoção de estratégias voltadas para atividades corporais que permitam relações mais equilibradas, por meio do reconhecimento e do respeito às características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminação por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. IV. Os processos formativos do professor de Educação Física pressupõem a compreensão de que o atendimento escolar aos direitos dos alunos com deficiência, implicam uma mudança no interior da escola, pautada em uma abordagem metodológica de ensino e aprendizagem que permita a todos a possibilidade de usufruir das diferentes manifestações de cultura corporal, em benefício do exercício crítico da cidadania. 2Questão 19 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 8 É correto apenas o que se afirma em A. I e II. B. I e IV. C. II e III. D. I, III e IV. E. II, III e IV. 1. Introdução teórica Educação Físicae inclusão Os alunos com necessidades educativas especiais são desfavorecidos no desenvolvimento de suas potencialidades e suas individualidades nas aulas de Educação Física que supervalorizam os desempenhos físico e esportivo das práticas corporais, o que amplia as diferenças de habilidades e reforça o desinteresse de alunos “menos habilidosos”. O termo “necessidades educativas especiais” (Declaração de Salamanca, 1994) engloba as deficiências, as dificuldades de aprendizagem e a sobredotação. Inclui as crianças que trabalham, as crianças que moram na rua, as pessoas pertencentes às populações de risco, as minorias étnicas ou culturais e os grupos desfavorecidos. A pessoa com necessidades educativas especiais apresenta tal condição em decorrência de qualquer desvantagem ou limitação, temporária ou permanente, causada pela diferença entre seu desempenho e suas expectativas e o desempenho e as expectativas do grupo ao qual pertence. A inclusão é o processo em que a escola se adapta para abarcar as pessoas com necessidades educativas especiais. A Educação Física adaptada é a área da Educação Física para pessoas com necessidades especiais que compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados a essa população. A participação e a ação do professor podem influenciar a função pedagógica que a Educação Física assume na escola. A forma de o professor conceber a Educação Física na escola, pelo seu envolvimento com a aula e pela sua disponibilidade para o aluno, pode contribuir para o engajamento ou para o distanciamento dos estudantes (com ou sem necessidades especiais) nas atividades. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 9 O professor deve apresentar os conhecimentos básicos relativos aos alunos com necessidades especiais, como, por exemplos, o tipo de deficiência e a idade em que ela surgiu. Deve saber se a deficiência é congênita ou adquirida, repentina ou gradativa, transitória ou permanente, e quais são as funções e as estruturas afetadas. Essas informações podem ser obtidas com o próprio aluno ou com a família. Assim, o professor pode adaptar: a metodologia utilizada, considerando em qual grupo de alunos haverá maior facilidade para a aprendizagem e o desenvolvimento de todos; as atividades do aluno de acordo com o tempo que ele pode permanecer atento às tarefas solicitadas; o material e a organização na aula (tempo disponível e variação de espaços e de recursos materiais); o planejamento, as atividades e a avaliação; a técnica adequada à compreensão dos alunos (estratégias e recursos que despertem interesse e motivação). É fundamental que o profissional de Educação Física estabeleça interação entre ele, o aluno e o ambiente, com a perspectiva de uma prática pedagógica que promova a participação efetiva de todos nas aulas (inclusão). Em relação à prática, os alunos com necessidades educativas especiais podem participar das atividades de um programa de Educação Física regular ser forem observadas algumas adaptações e alguns cuidados. Para minimizar possíveis barreiras de aprendizagem, sugerem-se a realização de atividades lúdicas com as crianças; o favorecimento de situações em que a criança aprenda a lidar com fracassos e êxitos, assim como a solucionar problemas motores; a utilização da propriocepção na aprendizagem de um movimento ou uma habilidade específica (a aprendizagem pode ser facilitada pela percepção sinestésica, em que o aluno pode vivenciar, visualizar, observar e comparar os seus movimentos com os do colega); o conhecimento da capacidade linguística do aluno, pois as formas de instrução (verbal e/ou demonstração) podem influenciar no processo de ensino de aprendizagem; a prestação de ajuda ao aluno para executar uma atividade ou um movimento específico, se necessário; a verificação de que o aluno compreendeu a tarefa. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 10 As preocupações centrais da Educação Física adaptada são: atender a todos, de acordo com suas necessidades e suas potencialidades; buscar conhecer as possibilidades das pessoas e avançar seus limites no sentido de inseri-las na cultura corporal de movimento (jogos, ginástica, dança, esporte e lutas). O professor deve assumir uma prática pedagógica que: favoreça o desenvolvimento, adaptando atividades e provendo oportunidades iguais de participação a todos os alunos; estimule o desenvolvimento e a participação, apresentando-se disponível e acessível aos alunos (acolhimento), pois o estímulo é um fator motivacional para o engajamento do aluno nas atividades; oriente o desenvolvimento, oferecendo instrução adequada, antes, durante e/ou após as aulas (rodas de conversa). A Educação Física deve identificar, reconhecer e contemplar as diferenças, no sentido de atendê-las e de não as evidenciar. O professor pode combinar diversos procedimentos para remover barreiras e promover a aprendizagem de seus alunos. A diferença não deve ser confundida com a desigualdade. 2. Análise das afirmativas I, III e IV – Afirmativas corretas. JUSTIFICATIVA. O processo de formação do profissional de Educação Física pressupõe a adoção de práticas pedagógicas que promovam a participação de todos os estudantes nas aulas, de acordo com suas necessidades e suas potencialidades para inseri-los na cultura corporal de movimento. O professor deve adotar uma prática pedagógica que favoreça o desenvolvimento, a aprendizagem e a participação de todos os alunos. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os processos formativos do professor de Educação Física não pressupõem a adoção de estratégias didático-pedagógicas que visam ao desenvolvimento de atividades que priorizem o desempenho físico e técnico do aluno. Alternativa correta: D. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 11 3. Indicações bibliográficas SEABRA, L. Inclusão: considerações sobre as pessoas com necessidades especiais na escola. In: Caderno de formação: formação de professores – didática dos conteúdos. DARIDO, S. C. (org.). Universidade Estadual Paulista. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. UNESCO. Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais. Conferência mundial sobre educação para necessidades especiais: acesso e qualidade. Salamanca, 1994. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em 09 dez. 2019. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 12 Questões 3 e 4 Questão 3.3 A ação docente comprometida com o desenvolvimento de processos educativos de qualidade é planejada e intencional, estando articulada aos contextos políticos, econômicos e sociais. Ao ampliarem a concepção no planejamento e na gestão da sala de aula, os processos educativos passam a ser percebidos como conjuntos de conhecimentos, habilidades, hábitos, valores e atitudes que orientam a atuação social. Para alcance desta percepção os conteúdos de aprendizagem são agrupados em três dimensões: conceitual, procedimental e atitudinal. COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B.; VALLS, E. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artmed, 2000 (com adaptações). No que se refere ao aporte dessas dimensões à elaboração do plano de aula, execução das atividades planejadas e avaliação nas aulas da Educação Física, é correto afirmar que A. compreender e analisar conteúdos acerca das práticas abordadas na Educação Física são ações referentes à dimensão conceitual. B. conhecer conteúdos, fatos, definições e princípios constitui ação sobre a organização de sala de aula e, portanto, referente à dimensão procedimental. C. vivenciar fundamentos e técnicas das brincadeirase jogos, esportes, ginásticas, danças e lutas consiste em ação pedagógica que corresponde à dimensão conceitual. D. reconhecer e respeitar os próprios limites e os dos colegas no desenvolvimento das atividades propostas pelo professor são ações que condizem com a dimensão procedimental. E. conhecer os princípios, fundamentos e transformações da Educação Física de acordo com a proposta de cada unidade temática é ação pertinente à dimensão atitudinal. Questão 4.4 Durante um semestre de aulas de Educação Física, nos anos iniciais do ensino fundamental, os professores de determinada escola escolheram as ginásticas como tema de estudo. A opção foi feita pela manifestação da cultura corporal após discussões focadas nos valores para a convivência, que integravam o projeto político-pedagógico da Escola. Os estudos foram norteados pelo tema As diferenças entre as ginásticas para a saúde e lazer e as ginásticas de competição. Nas modalidades ginásticas para a saúde e lazer, foram estudados os alongamentos, as corridas e caminhada, hidroginástica, ginástica de academia (aeróbia e musculação) e a ioga; a ginástica de competição estudada foi a ginástica artística. Todos vivenciaram a corrida e a caminhada, tendo sido esta última, apresentada por alguns alunos como uma prática que “ajuda a emagrecer”, realizada por diversos familiares, principalmente avós e mães. Em sala de aula, discutiu-se o motivo de essas atividades colaborarem para o processo de emagrecimento e o modo de realizá-las. O professor fez uma breve explicação acerca dos batimentos cardíacos e mediu a frequência cardíaca de um aluno em repouso e durante o exercício da corrida. Como não havia aparelhos para todos, o professor ensinou a fazer a medição com a utilização do relógio. A aula foi realizada na área verde da escola, um espaço arborizado, com 3Questão 20 – Enade 2017. 4Questão 27 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 13 sombra e com solo irregular, assemelhando-se bastante com os espaços de praças e parques, onde, segundo os alunos, os seus parentes costumam se exercitar. MARTINS, J. C. J. Ginásticas: saúde e lazer x competição. EMEF Tenente Alípio Andrada Serpa. São Paulo, SP (relato de experiência). Disponível em <http://www.gpef.fe.usp.br>. Acesso em 14 jul. 2017 (com adaptações). Considerando a situação descrita, avalie as afirmativas. I. A proposta pedagógica desenvolvida possibilitou ao professor abordar temas diretamente relacionados à saúde. II. Na proposta pedagógica, a temática ginástica assume um papel funcionalista, ou seja, é utilizada como contexto para a abordagem de outros conteúdos que não ela própria. III. Na aula em que os alunos vivenciaram a corrida e a caminhada, foram apresentados conhecimentos conceituais e procedimentais, articulando teoria e prática. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica Conteúdos e dimensões da Educação Física Os conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, conceitos, ideias, fatos, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores e atitudes organizados pedagogicamente, com os objetivos de assimilação e de aplicação pelos alunos. O termo conteúdo foi (e ainda é) utilizado para expressar o que se deve aprender, em uma relação quase exclusiva no que se refere aos conhecimentos, conceitos e princípios das disciplinas. Atualmente, há uma tendência de ampliar o conceito de conteúdo para incluir de forma explícita nos programas de ensino o que estava apenas no currículo oculto (aprendizagens que se realizam na escola, mas não aparecem de forma explícita nos programas de ensino). Assim, os conteúdos podem ser classificados em três dimensões: conceitual (o que se deve saber); procedimental (o que se deve saber fazer); atitudinal (o que se deve ser). O quadro 1 apresenta exemplos de conteúdos nessas três dimensões. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 14 Quadro 1. Exemplos de conteúdos de Educação Física nas três dimensões Dimensão conceitual: - conhecer as transformações na sociedade em relação aos hábitos de vida (diminuição do trabalho corporal em função das novas tecnologias) e relacioná-las com as necessidades atuais de atividade física. - conhecer as mudanças que ocorreram nos esportes. Por exemplo, o futebol era praticado apenas pela elite no seu início. - conhecer os modos corretos de execução dos exercícios e práticas corporais cotidianas, como por exemplo, levantar um objeto do chão, sentar-se à frente do computador, realizar um exercício abdominal adequadamente. Dimensão procedimental: - vivenciar alguns fundamentos básicos de esportes, danças, ginásticas e lutas, por exemplo, praticar a ginga da capoeira, o saque do vôlei. - vivenciar diferentes ritmos e movimentos relacionados às danças, como as danças de salão, regional e outras. - vivenciar situações de brincadeiras e jogos. Dimensão atitudinal: - valorizar o patrimônio de jogos e brincadeiras do seu contexto. - respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com diálogo. - reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas em relação a habilidade, sexo, religião, entre outras. DARIDO, 2012. Na prática docente, não há como separar as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal: elas manifestam-se de forma inter-relacionada, embora possa haver ênfase em determinadas dimensões. Por exemplo, ao realizar seu próprio alongamento no início da aula, enquanto os alunos executam movimentos de alongamento e de flexibilidade, o professor pode explicar a importância de realizar tais movimentos, o objetivo do alongamento e quais grupos musculares são exigidos. Assim, as dimensões procedimental e conceitual são envolvidas na atividade. Além disso, outros conhecimentos devem ser trabalhados, como utilizar estratégias ou habilidades para resolver problemas, usar conhecimentos disponíveis para enfrentar situações novas ou inesperadas, saber trabalhar em equipe, mostrar-se solidário com os colegas, respeitar o trabalho dos outros e não discriminar as pessoas. Na perspectiva da educação, é fundamental considerar procedimentos, fatos, conceitos, atitudes e valores como conteúdos com o mesmo nível de importância. Assim, a Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos e atividades rítmicas, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental): inclui, também, abordar quais atitudes os alunos devem apresentar nas atividades corporais (dimensão atitudinal) e garantir o direito do aluno de saber o porquê de realizar determinado movimento e quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos (dimensão conceitual). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) da área de Educação Física sugerem que as atitudes, os conceitos e os procedimentos dos conteúdos sejam trabalhados Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 15 em todas as dimensões da cultura corporal, envolvendo os conhecimentos sobre corpo, esportes, jogos, lutas, ginásticas e atividades rítmicas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) abordam os conteúdos escolares em procedimentos, conceitos e atitudes. Há a valorização dos procedimentos do universo das habilidades motoras e dos fundamentos dos esportes e, também, os procedimentos de organização, sistematização de informações e aperfeiçoamento. Além dos conteúdos conceituais de regras, táticas e dados históricos das modalidades esportivas, há reflexões sobre os conceitos de ética, estética, desempenho e eficiência, entre outros. 2. Análise das alternativas e afirmativas Questão 3. A – Alternativa correta.JUSTIFICATIVA. Compreender e analisar os conteúdos das práticas em Educação Física referem-se à dimensão conceitual. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Conhecer conteúdos, fatos, definições e princípios refere-se à dimensão conceitual. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Vivenciar fundamentos e técnicas de brincadeiras, jogos, esportes, ginásticas, danças e lutas refere-se à dimensão procedimental. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Reconhecer e respeitar os próprios limites e os limites dos colegas são ações que condizem com a dimensão atitudinal. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Conhecer princípios, fundamentos e transformações da Educação Física refere-se à dimensão conceitual. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 16 Questão 4. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A proposta pedagógica possibilitou abordar temas relacionados à saúde. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), as ginásticas são técnicas de trabalho corporal com finalidades diversas. Por exemplo, podem ser realizadas para a preparação de outras modalidades ou para a manutenção ou a recuperação da saúde, de forma recreativa ou competitiva. A ginástica não é utilizada como contexto para a abordagem de outros conteúdos que não os dela própria. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Na aula em que os alunos vivenciaram a corrida e a caminhada, foram apresentados conhecimentos conceituais (na sala de aula, o professor discutiu os motivos de a caminhada e a corrida colaborarem para o processo de emagrecimento e o modo de realizá-las) e procedimentais (os alunos caminharam e correram na área verde da escola). Alternativa correta: C. 3. Indicações bibliográficas BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.20, n.2, p.281-289, 2009. BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998. DARIDO, S. C. Educação Física na escola: conteúdos, suas dimensões e significados. In: Caderno de formação: formação de professores. Bloco 2 – didática dos conteúdos. Org. DARIDO, S. C. Universidade Estadual Paulista. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 17 Questões 5 e 6 Questão 5.5 Um professor de Educação Física decide trabalhar com sua turma o tema danças. Para isso, pede que os alunos perguntem aos seus pais as origens de seus avós e bisavós e que pesquisem em vídeos disponibilizados na internet as danças praticadas no local em que seus avós e bisavós nasceram. Uma vez realizada a pesquisa, nas aulas seguintes, os alunos se apresentam vestidos com trajes típicos e ensinam aos colegas os movimentos e as coreografias visualizadas. O professor estimula a comparação dos gestos presentes nas danças provenientes de diferentes localidades e tenta relacioná-los com a cultura à qual estão associados. Considerando que o professor trabalha sob a perspectiva crítico-emancipatória, fundamentada na ação comunicativa, assinale a opção que corresponde à estratégia pedagógica correta a ser adotada pelo docente após a realização da atividade mencionada no texto. A. Avaliar o desempenho dos alunos nas diferentes danças e atribuir conceito máximo aos que tenham constituído a indumentária mais representativa da cultura pesquisada. B. Avaliar o desempenho motor dos alunos nas diferentes danças e atribuir conceito máximo aos grupos que tenham realizado os movimentos mais complexos. C. Solicitar aos alunos que escolham uma das danças, entre as apresentadas por outros colegas, para que realizem nova pesquisa, corrigindo os erros dos colegas em suas pesquisas originais. D. Submeter os alunos a uma prova escrita com enfoque nos conhecimentos acerca dos locais e culturas representados nas danças. E. Dialogar com a turma a respeito da vivência, pedindo aos alunos que exponham o que aprenderam e sugiram modificações para novas experiências. Questão 6.6 Na tentativa de superar o paradigma da aptidão física e esportiva, vigente na concepção de ensino de Educação Física até a década de 1970, surgiram diversas abordagens pedagógicas para o ensino desse componente curricular na educação brasileira. 5Questão 22 – Enade 2017. 6Questão 25 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 18 Considerando as características e a constituição dessas abordagens pedagógicas, avalie as afirmativas. I. As abordagens crítico-superadora e crítico-emancipatória são fundamentadas em teorias críticas da educação e questionam a hegemonia do esporte como conteúdo das aulas. II. A abordagem psicomotora apoia-se na psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem para compreender os mecanismos envolvidos e propor formas de facilitar a aprendizagem de habilidades motoras. III. A abordagem desenvolvimentista ocupa-se em entender as relações entre movimento, cognição e afetividade para estimular o desenvolvimento do ser humano. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica 1.1. Abordagens pedagógicas em Educação Física As abordagens pedagógicas em Educação Física são movimentos para renovação teórico-prática com o objetivo de estruturar campos de conhecimento específicos da Educação Física (RONCHI, 2010). Algumas das abordagens são: desenvolvimentista, psicomotora, críticas, crítico- superadora e crítico-emancipatória. 1.1.1. Abordagem desenvolvimentista A abordagem desenvolvimentista privilegia a aprendizagem do movimento e proporciona ao aluno condições para desenvolver o comportamento motor por meio da diversidade e da complexidade dos movimentos. Propõe atividades de acordo com o estágio de crescimento e de desenvolvimento do estudante, a fim de que as habilidades motoras sejam alcançadas (RONCHI, 2010). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 19 A abordagem desenvolvimentista no Brasil é explicitada nos trabalhos de Manoel (1994) e de Tani et al. (1988). A proposta de Tani et al. (1998) é dirigida a crianças de quatro a quatorze anos e procura, nos processos de aprendizagem e desenvolvimento, a fundamentação para a Educação Física escolar. É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico e do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo- social na aprendizagem motora (DARIDO, 2003). Os autores dessa abordagem defendem que o movimento é o principal meio e fim da Educação Física. A Educação Física deve privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possam ocorrer outras aprendizagens pela prática das habilidades motoras. A habilidade motora é um conceito importante nessa abordagem, pois é por meio dela que os seres humanos resolvem problemas motores (DARIDO, 2003). Como as habilidades mudam ao longo da vida, desde a concepção até a morte, elas constituem a área de desenvolvimento motor. Outra área de conhecimento surgiu em torno de como os seres humanos aprendem as habilidades motoras, a área de aprendizagem motora. Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para o comportamento motor desenvolver-se por meio da interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos, e, assim, oferecer experiências de movimento adequadas ao nível de crescimento e desenvolvimento do aluno para que a aprendizagem das habilidades motoras ocorra (DARIDO, 2003). 1.1.2. Abordagem psicomotora A abordagem psicomotora utiliza atividadeslúdicas para estimular o desenvolvimento e a aprendizagem, que deve ser significativa, espontânea e exploratória da criança e de suas relações interpessoais. Essa abordagem busca analisar e interpretar o jogo infantil e seus significados, valorizando o processo de aprendizagem do aluno, e não apenas a execução de um gesto técnico (RONCHI, 2010). A psicomotricidade é um movimento que surgiu a partir da década de 1970, em contraposição ao modelo esportivista. Na abordagem psicomotora, o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender e com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, de modo a garantir a formação integral do aluno (DARIDO, 2012). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 20 A educação psicomotora refere-se à formação básica de toda criança, com os intuitos de assegurar o desenvolvimento funcional e de ajudar sua afetividade a equilibrar-se por meio do intercâmbio com o ambiente humano (DARIDO, 2012). O autor que influenciou o pensamento psicomotricista no Brasil foi o francês Jean le Boulch, que acreditava que a educação psicomotora (DARIDO, 2003): é a base na escola primária; condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; faz a criança conscientizar-se sobre seu corpo e sua lateralidade (situar-se no espaço); faz com que a criança adquira a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora pode auxiliar na prevenção de inadaptações difíceis de serem corrigidas quando estruturadas. Ressaltamos que o aprimoramento da psicomotricidade é indicado, também, para psicólogos, psiquiatras, neurologistas, reeducadores, professores e outros profissionais que trabalham com crianças (DARIDO, 2003). 1.1.3. Abordagens críticas As abordagens críticas questionam o caráter alienante da Educação Física na escola e propõem um modelo de superação das contradições e das injustiças sociais. Desse modo, a Educação Física estaria vinculada às transformações sociais, econômicas e políticas, com o objetivo de vencer as desigualdades sociais (BRASIL, 1998). 1.1.3.1. Abordagem crítico-superadora A abordagem crítico-superadora é baseada no discurso da justiça social. Ressalta questões de poder, interesse e contestação por meio da crítica social da realidade. Procura entender o ensinar e criar as possibilidades de produção crítica, de assimilação de conhecimentos, de valorização do contexto dos fatos e de resgate histórico (RONCHI, 2010). A proposta crítico-superadora é baseada no marxismo e no neomarxismo e é influenciada pelos educadores José Libâneo e Demerval Saviani (DARIDO, 2003). Os conteúdos das aulas devem considerar sua relevância social, sua contemporaneidade e sua adequação às características sociocognitivas dos alunos. Também ressalta a necessidade de o aluno confrontar os conhecimentos de senso comum com o conhecimento científico para ampliar seu acervo de conhecimento (DARIDO, 2003). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 21 1.1.3.2. Abordagem crítico-emancipatória A abordagem crítico-emancipatória possibilita o ensino de esportes por meio da transformação didático-pedagógica, com a educação orientada para as competências críticas e emancipadas. A abordagem crítico-emancipatória é baseada na pedagogia de Paulo Freire, e seu principal teórico é o professor Elenor Kunz, da Universidade Federal de Santa Catarina (RONCHI, 2010). Nessa abordagem, o ensino da Educação Física deve privilegiar situações didáticas que beneficiem a construção da autonomia e proporcionar oportunidades aos alunos para a reflexão sobre os reais interesses que orientam sua participação na cultura corporal de movimentos (RONCHI, 2010). A emancipação (do termo crítico-emancipatória) pode ser entendida como um processo de libertação do aluno das condições limitantes das capacidades racionais críticas e o agir no contexto sociocultural esportivo. O conceito crítico pode ser entendido como a capacidade de se questionarem e analisarem as condições e a complexidade de diferentes realidades (RONCHI, 2010). Como o esporte está orientado ao rendimento esportivo, o processo pedagógico limita-se à competência técnica, que reduz as possibilidades de formação cultural que as demais culturas de movimento podem proporcionar (RONCHI, 2010). Em contrapartida, a concepção crítico-emancipatória orienta-se pelo desenvolvimento de uma capacidade questionadora e argumentativa consciente do aluno sobre os assuntos abordados em aula (RONCHI, 2010). Na concepção crítico-emancipatória, o professor confronta o aluno com a realidade do ensino em três fases, conforme segue (DARIDO, 2003). Na primeira fase, os alunos descobrem as formas e os meios para uma participação bem- sucedida em atividades de movimentos e jogos pela experiência manipulativa. Na segunda fase, os alunos manifestam o que experimentaram e o que aprenderam em uma forma de exposição (pela linguagem ou pela representação cênica). Na terceira fase, os alunos devem aprender a perguntar e a questionar sobre suas aprendizagens e descobertas, para entenderem o significado cultural da aprendizagem. A concepção crítico-emancipatória precisa estar acompanhada de didática comunicativa, que se oriente pelo desenvolvimento de capacidade questionadora e argumentativa consciente do aluno (RONCHI, 2010). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 22 Nessa abordagem, o objetivo da Educação Física é proporcionar a intervenção autônoma, crítica e criativa do aluno em sua realidade social, para modificá-la e torná-la qualitativamente diferente daquela existente (RONCHI, 2010). 1.2. Síntese das abordagens pedagógicas em Educação Física O quadro 1 apresenta as características das abordagens analisadas. Quadro 1. Características das abordagens desenvolvimentista, psicomotora, crítico-superadora e crítico- emancipatória. Desenvolvimentista Psicomotora Crítico-superadora Crítico- emancipatória Principais autores Tani, G. Manoel, E.J. Jean le Boulch Bracht, V. Castellani, L. Taffarel, C. Soares, C.L. Elenor Kunz Livro Educação Física escolar: uma abordagem desenvolvimentista Educação pelo movimento Metodologia do ensino da Educação Física Transformações didático- pedagógicas do esporte Área de base Psicologia Psicologia Filosofia política Filosofia, sociologia e política Autores de base Gallahue, D. Connoly, J. Wallon, H. Piaget, J. Luria, A. Saviani, D. Libâneo, J. Habermas, J. Temática principal Habilidade, aprendizagem, desenvolvimento motor. Consciência corporal, lateralidade e coordenação. Cultura corporal, visão histórica. Reflexão crítica emancipatória dos alunos. Conteúdos Habilidades básicas e específicas, jogo, esporte, dança. Atividades de autotestagem. Conhecimento sobre o jogo, esporte, dança, ginástica. Transcendência de limites. Conhecimento. Esportes. Metodologia Equifinalidade, variabilidade, solução de problemas. Várias. Tematização. Reflexão sobre a prática esportiva. Darido, 2003; Darido, 2004. Vale notar que várias concepções coexistem na área de Educação Física atualmente, e que, algumas delas, tentam romper com os modelos esportivista e biológico. As novas abordagens resultam da articulação de teorias psicológicas, sociológicas e filosóficas. Todas as abordagens ampliaram os campos de ação e de reflexão da Educação Física e aproximaram-na das ciências humanas. Em comum, apresentam a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano (DARIDO, 2003). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 23 Essas abordagens proporcionaram uma ampliação dos pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. As dimensões psicológicas, sociais, cognitivas, afetivas e políticas foram reavaliadas e enfatizadas,concebendo o aluno como ser humano integral. Os objetivos educacionais mais amplos foram envolvidos, com conteúdos diversificados e pressupostos pedagógicos mais humanos, não apenas voltados para exercícios e esportes (DARIDO, 2003). 2. Análise das alternativas e afirmativas Questão 5. Na concepção crítico-emancipatória, o professor confronta o aluno com a realidade do ensino em três fases. Na primeira fase, os alunos descobrem as formas e meios para uma participação bem- sucedida em atividades de movimentos. Nessa turma, os alunos perguntaram aos pais as origens de seus avós e de seus bisavós e pesquisaram a respeito das danças praticadas por eles. Na segunda fase, os alunos manifestam o que experimentaram e o que aprenderam numa forma de exposição (pela linguagem ou representação cênica). Nessa turma, os alunos apresentaram-se vestidos com trajes típicos e ensinaram aos colegas os movimentos e as coreografias. Na terceira fase, os alunos devem aprender a perguntar e a questionar sobre suas aprendizagens e descobertas, para entender o significado cultural da aprendizagem. A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Avaliar o desempenho e a indumentária não condiz com a perspectiva crítico-emancipatória. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Avaliar o desempenho motor e atribuir o conceito máximo aos grupos que tenham realizado os movimentos mais complexos não condizem com a perspectiva crítico- emancipatória. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 24 C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Corrigir erros dos colegas em suas pesquisas não corresponde à perspectiva crítico-emancipatória. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Submeter os alunos a uma prova escrita sobre os conhecimentos acerca dos locais e culturas representados nas danças não corresponde à perspectiva crítico- emancipatória. E – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. Dialogar com a turma sobre a vivência e pedir aos alunos que exponham o que aprenderam e sugiram modificações para novas vivências correspondem à perspectiva crítico-emancipatória. Questão 6. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. As abordagens críticas fundamentam-se no materialismo histórico e dialético e questionam a hegemonia do esporte como conteúdo das aulas. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A abordagem desenvolvimentista privilegia o desenvolvimento e a aprendizagem do movimento para a compreensão dos mecanismos envolvidos e para a proposta de formas de facilitar a aprendizagem de habilidades motoras. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A abordagem psicomotora ocupa-se de entender as relações entre movimento, cognição e afetividade para estimular o desenvolvimento do ser humano. Alternativa correta: A. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 25 3. Indicações bibliográficas BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998. DARIDO, S. C. Educação Física na escola – questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. DARIDO, S. C. Dimensões pedagógicas do esporte. Comissão de especialistas de Educação Física, Ministério do esporte. Brasília: Universidade de Brasília/CEAD, 2004. Disponível em <https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/123456789/228/modulo02 DimensoesPedagogicasEsporte.pdf?sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em 02 out. 2019. DARIDO, S. C. Diferentes concepções sobre o papel da Educação Física na escola. In: Caderno de formação: formação de professores. Bloco 2 – didática dos conteúdos. Org. DARIDO, S. C. Universidade Estadual Paulista. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. MANOEL, E. J. Desenvolvimento motor: implicações para a Educação Física escolar I. Revista paulista de Educação Física, São Paulo, n. 8, v. 1, p. 82-97, 1994. Disponível em <http://www.revistas.usp.br/rpef/article/view/138423/133886>. Acesso em 27 set. 2019. TANI, G. et al. Educação Física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU, 1988. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 26 Questões 7 e 8 Questão 7.7 Uma coisa é submeter as aulas de Educação Física e a escola aos interesses da instituição desporto, e outra é tratar pedagógica, crítica, reflexiva e criativamente o desporto como conteúdo de ensino e campo de vivência social, nas aulas de Educação Física e no desenvolvimento do projeto político- pedagógico da escola. TAFFAREL, C. N. Z. Desporto educacional: realidade e possibilidades das políticas governamentais e das práticas pedagógicas nas escolas públicas. In: STIGGER, M. P.; LOVISOLO, H. R. (Orgs.) Esporte de rendimento e esporte na escola. Campinas: autores associados, 2009 (com adaptações). Considerando o tratamento pedagógico dado ao esporte a partir de uma abordagem crítica, avalie as afirmativas. I. A mídia e a indústria cultural ao se apropriarem do esporte, respectivamente, como espetáculo e como mercadoria, incentivam a população a ser expectadora esportiva e consumidora de produtos esportivos. II. O ato de submeter as aulas de Educação Física à hegemonia esportiva contribui para a reafirmação do esporte como conteúdo principal da Educação Física escolar. III. A reflexão crítica acerca do desporto na escola implica a discussão com os alunos a respeito da indústria esportiva e de seu objetivo de lucrar com o esporte. IV. O tratamento pedagógico do esporte na escola favorece a convivência social e a formação de alunos críticos. É correto o que se afirma em A. I, II e III, apenas. B. I, II e IV, apenas. C. I, III e IV, apenas. D. II, III e IV, apenas. E. I, II, III e IV. Questão 8.8 A literatura já reconhece como incontestáveis as relações entre as mídias e a cultura corporal de movimento na sociedade contemporânea e, portanto, entre as mídias e a Educação Física escolar, na medida em que considera que a finalidade desse componente curricular é propiciar a apropriação crítica da cultura corporal de movimento. Embora o foco prioritário das mídias continue a ser o esporte, outras formas da cultura corporal de movimento (em especial, as ginásticas e os esportes considerados radicais) passaram a ser objeto do processo de espetacularização mediado pelas câmaras televisivas, temática da publicidade, pauta de matérias em jornais, revistas e sítios da internet. Assuntos como regras, táticas e técnicas de modalidade esportivas, relação entre exercício físico e saúde, aptidão física, nutrição e padrões de beleza tornaram-se constantes nas diversas mídias. Entretanto, constata-se nas mídias um problema pedagógico para a Educação Física escolar, pois se, de um lado, as informações e imagens provenientes das mídias são constituintes e 7Questão 26 – Enade 2017. 8Questão discursiva 5 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 27 constituidoras da cultura corporal de movimento, de outro, elas devem também ser objeto de processos educacionais visando preparar os alunos para estabelecerem uma análise crítica e criativa com os discursos difundidos por esses meios. BETTI, M. Imagens em ação: uma pesquisa-ação sobre o uso de matérias televisivas em programas de Educação Física do ensino fundamental e médio. Movimento, Porto Alegre, v. 12, n. 02, p. 95-120, 2006 (com adaptações). Considerando o problema pedagógico apresentado no texto, elabore duas estratégias para incorporação das mídias ao ensino da Educação Física escolar, estabelecendo uma relação crítica entre o discurso midiático e o conhecimento pedagógico sobre a cultura corporal de movimento. 1. Introdução teórica 1.1. Mídia e Educação Física escolar As mídias, termo genérico atribuído aos meios de comunicação de massa, diariamenteexpõem imagens, sons e informações à população de maneira intensa, caracterizando-se pela velocidade e pela dinamização das notícias (DINIZ, 2012). Os veículos midiáticos apresentam grande poder, principalmente sobre os jovens. Esse público vê representados estilos de vida, desejos, necessidades e emoções nos meios de comunicação, que constituem um panorama que chega à escola (DINIZ, 2012). A cultura jovem está associada aos meios de comunicação e valoriza a linguagem audiovisual (combinação de palavras, imagens e música) que se manifesta na comunicação entre os jovens (gestos corporais, onomatopeias e gírias) e na linguagem da mídia (BRASIL, 1998). A mídia transmite informações e constrói certo imaginário e certo entendimento de mundo. Os alunos permanecem muitas horas diante da televisão, aparelhos celulares e computadores, que rivalizam com a escola e com a família como fonte de formação de valores e atitudes. Entretanto, a mídia, muitas vezes, proporciona informações desconexas e, em geral, descontextualizadas (BRASIL, 1998). Na área da cultura corporal de movimento, a atuação da mídia é decisiva ao construir novos significados e novas modalidades de entretenimento e consumo. O esporte, as ginásticas, as danças e as lutas tornaram-se produtos de consumo (como imagem) e objetos de conhecimento amplamente divulgados ao público. Jornais, revistas, videogames, rádio, televisão e internet difundem ideias sobre a cultura corporal de movimento, e os alunos entram em contato com práticas corporais e esportivas do mundo adulto. Atualmente, todos Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 28 os indivíduos são consumidores potenciais do esporte-espetáculo, como torcedores nos estádios e quadras ou como espectadores de televisão (BRASIL, 1998). Na mídia, existe participação majoritária do esporte como notícia, transmissão de eventos ao vivo ou temática (publicidade). O esporte está nas novelas, nos noticiários, nos filmes, nos seriados, nos desenhos animados e nos programas esportivos. A mídia apresenta a concepção predominante do que é esporte e do que é ser esportista, associada a “vencer na vida” e a “valores” como esforço intenso, dinheiro, medalhas olímpicas e recordes. Contraditoriamente, a mídia tende a chamar de ‘esporte’ as atividades corporais que visam a melhorar a condição física (andar, correr e ir à academia), superar desafios (body-jumping e asa-delta) e praticar atividades na natureza (montanhismo e trilhas ecológicas), entre outras (BRASIL, 1998). A mídia também mostra aulas de ginástica aeróbica na televisão, os médicos falam sobre os benefícios e riscos da atividade física, os comentaristas informam sobre táticas e regras nas partidas de futebol, vôlei ou basquete, e as revistas sugerem exercícios para deixar “o corpo em forma”. As informações nem sempre são corretas, porém se sobrepõem pela pouca capacidade crítica dos indivíduos (BRASIL, 1998). A televisão e as novas mídias (redes sociais e internet) iludem o espectador, pois promovem a falsa sensação de contato direto com a realidade, quando existe distância entre a prática real do esporte e a prática a que se assiste. Existe um processo de intermediação entre a realidade e a imagem, que envolve a seleção e a edição dos fatos de acordo com a espetacularização motivada por interesses econômicos e com a especificidade da linguagem audiovisual. Assim, há fragmentação e descontextualização do fenômeno esportivo, que o dissocia da experiência de praticar modalidades da cultura corporal ativamente (BRASIL, 1998). É nesse contexto que os alunos têm informações sobre a cultura corporal de movimento e sobre esportes em particular, fatos que exigem que o professor precise atualizar-se constantemente. O professor deve estar atento à mídia para não perder um canal de diálogo e de compartilhamento de interesses. 1.2. Mídia e espetacularização Muitas vezes, a forma das mensagens das mídias no campo da cultura corporal de movimento predominante é a espetacularização. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 29 Em relação ao esporte, a televisão construiu o esporte telespetáculo por meio da codificação e da mediação dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento das câmaras televisivas, pela edição das imagens e pelos comentários que interpretam para o espectador o que ele está vendo (BETTI, 2001). O esporte telespetáculo valoriza a forma em relação ao conteúdo (como se apresenta o esporte é mais importante do que o que se apresenta) pelo uso privilegiado da linguagem audiovisual, com ênfase na imagem (utilização de minicâmeras, closes, slow-motion e recursos gráficos). Por outro lado, a “falação esportiva” sugere uma concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo, buscar vitória, dinheiro e sucesso na vida (BETTI, 2001). A espetacularização do esporte leva à fragmentação e à descontextualização do fenômeno esportivo, como foi dito. Os fatos são retirados de seu contexto histórico, sociológico e antropológico. A experiência do atleta é fragmentada: a sociabilização, o prazer e a ludicidade não são vivências privilegiadas, mas as eventuais manifestações de violência, por exemplo no futebol, são exibidas e reexibidas, fazendo parecer que o futebol é um esporte violento (BETTI, 2001). Atualmente, os jovens entram em contato com a cultura corporal de movimento como telespectadores (imagem), e não como praticantes (vivência). O esporte telespetáculo é o novo modelo de socialização em que assistir à televisão antecede ou substitui a prática e influencia a forma e o significado da prática esportiva das crianças e jovens. Houve um distanciamento histórico entre o lúdico e o esporte (BETTI, 2001). Nesse contexto, a Educação Física escolar deve contribuir para formação do aluno crítico, inteligente e sensível em relação às produções das mídias no campo da cultura corporal de movimento (BETTI, 2001). Propõe-se que a escola eduque para a reflexão crítica: o aluno deve compreender o sentido explícito e o sentido implícito das informações e estabelecer relações coerentes e críticas entre o que aparece na mídia e a realidade do mundo. A escola pode educar na linguagem dos meios de comunicação, ensinar os mecanismos técnicos e econômicos de funcionamento do meio e oferecer orientação e recursos para a análise crítica (BETTI, 2001). O professor pode exercer um papel de mediador entre as mídias e os alunos. Não pode apresentar uma posição de negação ou preconceito em relação a elas; pode expor-se às mídias, mas recusar o que for muito superficial ou manipulador (BETTI, 2001). Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 30 É importante compreender a relação entre a Educação Física e a mídia, verificar o que muda na formação dos alunos que estão inseridos no mundo da notícia e do virtual e questionar como a mídia pode ser uma ferramenta didática para as aulas e como pode contribuir para uma leitura crítica da realidade (DINIZ, 2012). Nesse sentido (BETTI, 2001): a incorporação das produções das mídias ao ensino da Educação Física motiva o debate e a reflexão por tratar de assuntos atuais e polêmicos; a linguagem jornalística é atraente para os alunos, pois é mais sintética e combina imagens e recursos gráficos; as produções audiovisuais conseguem destacar informações que o próprio professor transmite; os vídeos sintetizam muito conteúdo em pouco tempo e podem substituir aulas expositivas ou textos escritos; a imagem atinge primeiro pela emoção, que comove o aluno e, a partir disso, o professor pode mediar uma interpretação crítica. O uso das mídias no ensino da Educação Física pode ser realizado como meios de (BETTI, 2001): sensibilização (introduz um novo assunto e desperta curiosidade e motivação para novas práticas); ilustração (ajuda a mostrar o que se falaem aula e traz realidades distantes, como, por exemplo, em um documentário sobre a história dos Jogos Olímpicos); inserção de conteúdo de ensino (aborda determinado assunto, como, por exemplo, um documentário sobre o uso de esteroides anabólicos). Sugere-se que o uso das mídias (celulares, computadores, tablets, jornais, revistas e televisão) nas aulas de Educação Física deve: partir de um tema atual e de interesse dos alunos; utilizar matérias curtas (de quinze a vinte minutos no máximo) ou fragmentá-las em várias aulas, se forem mais longas; prever que o professor assista/leia atentamente as matérias antes de apresentá-las aos alunos, a fim de verificar a veracidade das informações); combinar o uso da mídia com a vivência corporal sempre que possível; instaurar um processo de discussão, debate e reflexão, buscando relacionar a mídia com a vivência dos alunos, com outros aspectos da cultura corporal de movimento, com contextos históricos passados e presentes e com dados científicos. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 31 2. Análise das afirmativas e padrão de resposta INEP Questão 7. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A mídia e a indústria cultural esportiva, muitas vezes, incentivam a população a ser expectadora esportiva e consumidora de produtos esportivos. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. As aulas de Educação Física com enfoque esportivo contribuem para a reafirmação do esporte como conteúdo principal da Educação Física escolar. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A reflexão crítica da Educação Física na escola implica debater os temas relativos à indústria esportiva com os alunos. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A prática pedagógica do esporte na escola favorece a convivência social e a formação de alunos críticos. Alternativa correta: E. Questão 8. O aluno deverá redigir duas estratégias observando os pressupostos mencionados a seguir. Os professores de Educação Física precisam estar preparados para assumir o papel de mediadores críticos do processo de recepção dos/as alunos/as tornando-se, explicita e intencionalmente, protagonistas num contexto de mediação que se interpõe entre os/as alunos/as e as mídias. Ainda, o aluno deve mencionar que o professor de Educação Física deve refletir criticamente sobre as repercussões da mídia na Educação Física escolar. Desta forma, o professor e a escola devem educar na linguagem audiovisual característica da TV, ensinar os mecanismos técnicos e econômicos de funcionamento do meio, oferecer orientação e recursos para a análise crítica dos programas, e educar com o meio, ou seja, incorporar a linguagem audiovisual da TV à sala de aula para otimizar o processo de ensino e aprendizagem. Dentre os recursos podem ser citados: uso de aparelho celular, tabletes, computadores, jornais, revistas, TV; uso e produção de material de audiovisual e mídias em geral, com finalidade pedagógica; uso de jogos eletrônicos articulados aos conteúdos das práticas corporais, com finalidade pedagógica. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 32 É preciso propor metodologias adequadas para a efetiva incorporação, de modo crítico e criativo, das produções das mídias ao ensino da Educação Física. Uma possibilidade é propor uma metodologia que se inicia com a expressão espontânea das reações geradas pelas imagens. O aluno também pode mencionar que é possível associar as produções da mídia às aulas “tradicionais”, fazendo referências às imagens e eventos esportivos transmitidos pela TV, utilizando matérias e programas previamente gravados da TV aberta e por assinatura, vídeos produzidos para finalidades educacionais, matérias sobre a cultura corporal de movimento publicadas em jornais e revistas. Ainda, outra estratégia consiste em apreender a linguagem específica da TV e aprender a interpretar criticamente o discurso desta mídia sobre a cultura corporal, em busca de sentidos mais profundos. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2017/ Pad_Resp_Educacao_Fisica_Licenciatura.pdf>. Acesso em 09 out. 2019. 3. Indicações bibliográficas BETTI, M. Mídias: aliadas ou inimigas da Educação Física escolar? Motriz, Rio Claro, v.7, n.2, p.125-129, 2001. BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998. DINIZ, I. K. S. et al. Os usos da mídia em aulas de Educação Física escolar: possibilidades e dificuldades. Movimento, Porto Alegre, v.18, n.3, p.183-202, 2012. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 33 Questão 9 Questão 9.9 É tarefa da Educação Física preparar o aluno para ser um praticante lúcido e ativo, que incorpore o esporte e os demais componentes da cultura corporal em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível. Tal ato implica também compreender a organização institucional da cultura corporal em nossa sociedade; é preciso prepará-lo para ser um consumidor do esporte-espetáculo, o que requer o desenvolvimento de uma reflexão crítica do sistema esportivo profissional. BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e esporte, São Paulo, n.1, p.73-81, 2002 (com adaptações). Com base no texto, avalie as afirmativas. I. As aulas de Educação Física na educação básica devem instrumentalizar o aluno para uma apreciação estética e técnica, bem como fornecer as informações políticas, históricas e sociais para que ele possa analisar criticamente a violência, o doping, os interesses políticos e econômicos no esporte. II. É preciso formar o aluno para que, diante de situação de adesão aos programas de atividades físicas oferecidas ao público em geral, ele possa avaliar a qualidade do que é oferecido e identificar as práticas que melhor promovam sua saúde e bem-estar. III. É preciso preparar o leitor/espectador para analisar criticamente as informações que recebem dos meios de comunicação a respeito da cultura corporal de movimento. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica Finalidades da Educação Física A Educação Física como componente curricular da educação básica deve introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, a fim de formar o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la. A disciplina também deve proporcionar condições para que o aluno usufrua do jogo, do esporte, das ginásticas, das atividades rítmicas e da dança em benefício da qualidade de vida. 9Questão 29 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 34 Ressalta-se que não é suficiente aprender apenas habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas. O aluno deve aprender os fundamentos técnicos e táticos, e também deve aprender a organizar-se socialmente para praticar, compreender as regras (interpretar as regras e aplicá-las por si próprio) e respeitar o adversário como companheiro e não como inimigo. A Educação Física deve preparar o aluno para ser um praticante lúcido e ativo, que incorpore a cultura corporal de movimento em sua vida. Desse modo, o aluno deve compreender a organização institucional da cultura corporal na sociedade e estar preparado para ser um consumidor do esporte-espetáculo, com visão crítica do sistema esportivo profissional. A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar um cidadão crítico que se posicione diante do esporte-espetáculo dos meios de comunicação, das atividades de academia e das práticas alternativas. Além disso, a Educação Física pode: conduzir o aluno a descobrir motivos e sentidos nas práticascorporais; favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas em relação às atividades corporais e a aprendizagem de comportamentos adequados; prover conhecimento, compreensão e análise de dados científicos e filosóficos relacionados à cultura corporal de movimento. Por fim, a Educação Física deve conduzir o aluno a uma reflexão crítica para autonomia no usufruto da cultura corporal de movimento. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para apreciar estética e tecnicamente a cultura corporal. Deve fornecer informações políticas, históricas e sociais para que o aluno analise criticamente a violência, o doping e os interesses políticos e econômicos no esporte. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. É necessário preparar o aluno que entrar em programas de atividades físicas em instituições públicas e privadas. O aluno deve apresentar conhecimentos para Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 35 avaliar a qualidade do que é oferecido e identificar as práticas que promovam sua saúde e bem-estar. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O aluno deve estar preparado para refletir criticamente sobre as informações que recebe dos meios de comunicação a respeito da cultura corporal de movimento. Alternativa correta: E. 3. Indicação bibliográfica BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e esporte, São Paulo, v.1, n.1, p.73- 81, 2002. Disponível em <http://editorarevistas.mackenzie.br/ index.php/remef/article/viewFile/1363/1065>. Acesso em 11 out. 2019. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 36 Questão 10 Questão 10.10 Atualmente, entende-se como um importante objetivo da Educação Física no ambiente escolar a inserção e a intervenção do aluno na esfera da cultura corporal e movimento. Existe um vasto repertório de movimentos acumulados historicamente durante todo o processo de desenvolvimento humano, manifestando-se por meio do jogo, do esporte, da ginástica, das atividades rítmicas e expressivas, da luta, da capoeira, além de outras modalidades esportivas. E é justamente o direito do aluno a esse conhecimento que se defende, com a possibilidade de que ele tenha condições de usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar toda e qualquer forma de manifestação da cultura corporal de movimento. BARROSA, A. L. R. et al. Objetivo, conteúdos, metodología e avaliação. In: DARIDO, S. C. (Org). Educação Física escolar: compartilhando experiências. São Paulo: Phorte editora, 2011 (com adaptações). A partir da ideia de cultura corporal de movimento, elabore um texto que apresente três objetivos a serem atingidos pela Educação Física ao longo da educação básica, de acordo com os blocos de conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 1. Introdução teórica 1.1 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Em 1994, o Ministério da Educação e do Desporto, por meio da Secretaria de Ensino Fundamental, mobilizou um grupo de pesquisadores e professores para elaborar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Em 1997, foram lançados os documentos do 1º ciclo e do 2º ciclo (1ª série a 4ª série do Ensino Fundamental) e, em 1998, os documentos relativos ao 3º ciclo e ao 4º ciclo (5ª série a 8ª série), incluindo um documento específico para a Educação Física (BRASIL, 1998). Em 1999, os PCN do Ensino Médio foram publicados por uma equipe diferente, e a supervisão ficou sob responsabilidade da Secretaria de Educação Média e Tecnológica, do Ministério da Educação e do Desporto (BRASIL, 1999). Os objetivos dos Parâmetros Nacionais Curriculares são: subsidiar a elaboração ou a versão curricular dos estados e municípios; dialogar com as propostas e as experiências existentes; incentivar a discussão pedagógica das escolas e a elaboração de projetos educativos; servir de material de reflexão para a prática dos professores. Os PCNs são compostos pelos seguintes documentos: texto introdutório; 10Questão discursiva 3 – Enade 2017. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 37 texto com temas transversais (saúde, meio ambiente, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo); textos que abordam o tratamento a ser oferecido em cada um dos componentes curriculares. O documento da área de Educação Física para o 3º e 4º ciclos (5ª a 8ª séries) defende que a Educação Física na escola é responsável pela formação de alunos capazes de (BRASIL, 1998): participar de atividades corporais (com atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade); conhecer, respeitar e valorizar as manifestações da cultura corporal; adotar hábitos saudáveis e relacioná-los com os efeitos sobre a saúde; conhecer a diversidade de padrões de beleza, saúde e desempenho que existe na sociedade; analisar criticamente os padrões divulgados pela mídia; reivindicar, organizar e interferir no espaço de maneira autônoma. Os PCN da área de Educação Física apresentam três aspectos relevantes para melhoria da qualidade da aula (DARIDO, 2003): o princípio da inclusão; as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais e procedimentais); os temas transversais. O princípio da inclusão propõe que a Educação Física seja ambiente para todos os alunos, sem discriminação. As dimensões dos conteúdos ressaltam a articulação entre aprender a fazer, saber o porquê fazer e como relacionar-se nesse fazer. Os temas transversais propõem o relacionamento das atividades da Educação Física com os problemas da sociedade brasileira. Assim, as questões sociais devem ser incluídas no cotidiano da escola e abordadas por um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, de modo a contribuir com a aprendizagem, a reflexão e a formação do cidadão crítico (DARIDO, 2003). 1.2. Conteúdos de ensino O desenvolvimento dos conteúdos de ensino está relacionado com o projeto pedagógico de cada escola. Os conteúdos estão organizados em três blocos: Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 38 conhecimentos sobre o corpo; esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas. Os três blocos estão articulados entre si, apresentam conteúdos em comum, mas guardam especificidades, apresentadas a seguir (BRASIL, 1998). 1.2.1. Conhecimentos sobre o corpo O bloco de conhecimentos sobre o corpo aborda os conhecimentos que subsidiam as práticas corporais expressas nos outros dois blocos e que provêm recursos para o indivíduo gerar sua atividade corporal de forma autônoma. Compreende-se o corpo como um organismo integrado que interage com o meio físico e cultural, que sente dor, alegria, prazer, medo, frustração etc. Para conhecer o corpo, são abordados os conhecimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que capacitam a análise crítica dos programas de atividade física e dos critérios para escolher e realizar atividades corporais saudáveis. Os conteúdos desse bloco devem estar contextualizados com as atividades desenvolvidas e, assim, adquirem sentido na abordagem de conceitos, atitudes e procedimentos relativos ao fazer, ao compreender, ao sentir e ao falar sobre as possibilidades corporais. Os conhecimentos anatômicos referem-se à estrutura muscular e óssea e são abordados pela percepção do próprio corpo, como, por exemplo, os ossos e os músculos envolvidos nos diferentes movimentos e nas diferentes posições. Os conhecimentos de fisiologia abordam a compreensão das alterações que ocorrem durante a atividade física (frequência cardíaca e perda de água e de calorias) e das alterações que ocorrem a longo prazo (melhora dacondição cardiorrespiratória, aumento da massa muscular e da flexibilidade e diminuição de tecido adiposo). Os conhecimentos em bioquímica abordam conteúdos que subsidiam a fisiologia: processos metabólicos de produção de energia, reposição de nutrientes. Os conhecimentos em biomecânica estão relacionados à anatomia e contemplam a adequação dos hábitos posturais e gestuais. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 39 1.2.2. Esportes, jogos, lutas e ginásticas De acordo com os PCN, esportes são as práticas que apresentam regras com caráter oficial e competitivo, organizadas em federações que regulamentam a atuação amadora e a atuação profissional. Envolvem espaços e equipamentos sofisticados, como campos, piscinas, pistas, bicicletas e ginásios. São exemplos os Jogos Olímpicos e a Copa do mundo de futebol, amplamente divulgados pela mídia, o que permite a apreciação por diversos grupos sociais e culturais. Os jogos apresentam maior flexibilidade nas regulamentações, adaptadas de acordo com o espaço e o material disponíveis e com o número de participantes, entre outros. São exercidos com um caráter competitivo, cooperativo ou recreativo, em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou como passatempo. Incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis. As lutas são disputas em que o oponente deve ser subjugado por meio de técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Há regulamentação específica para punir atitudes de violência e de deslealdade. São exemplos as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de- ferro e as práticas como capoeira, judô e caratê. As ginásticas são técnicas de trabalho corporal com finalidades diversas. Podem ser realizadas como preparação para outras modalidades, como relaxamento e manutenção ou recuperação da saúde, ou de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Podem envolver a utilização de materiais e aparelhos e ocorrer em espaços fechados ou abertos. 1.2.3. Atividades rítmicas e expressivas Todas as práticas da cultura corporal de movimento apresentam expressividade e ritmo. A expressividade é constituída por códigos simbólicos que possibilitam a comunicação por gestos e posturas. O ritmo engloba desde a respiração até a execução de movimentos mais complexos, que requerem ajuste no espaço e no tempo. O bloco de atividades rítmicas e expressivas inclui manifestações da cultura corporal em que há expressão e comunicação por meio dos gestos na presença de ritmos, sons e música para a construção da expressão corporal. São exemplos desse bloco as danças, as Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 40 mímicas e as brincadeiras cantadas, como capoeira, samba, bumba-meu-boi, maracatu, frevo, afoxé, catira, baião, xote e xaxado, entre outras manifestações. 1.3. Seleção de conteúdos de ensino Finalmente, a seleção dos conteúdos pelo professor de Educação Física deve considerar (RONCHI, 2010): a participação dos educandos no planejamento, na execução e na avaliação das atividades; a valorização da cultura popular; a programação de atividades coerentes com a realidade em que a criança está inserida; o incentivo à pesquisa, à observação, à reflexão e à expressão crítica; o desestímulo à competição que supervaloriza o vencedor; a seleção de atividades motivadoras, alegres e lúdicas que incentivem a participação de todos. 2. Padrão de resposta do INEP O texto do estudante deverá apresentar três objetivos que sejam propostos com as características a seguir. Estar situado na abordagem da cultura corporal de movimento, ou seja, o objetivo pressupõe levar em consideração o senso crítico e reflexivo e a formação cidadã. Explicitar ao menos um dos elementos do saber: técnico (regras e/ou fundamentos), psicológico (como motivação, autoestima, afeto, aceitação), cognitivo, fisiológico, social (interação), estético, ético e moral (cooperativo e solidário). Explicitar ao menos uma das dimensões dos conteúdos de ensino: conceitual, procedimental e atitudinal. Ter como objeto de trabalho pedagógico ou intervenção algum conteúdo de ensino presente nos blocos de conteúdo dos PCN’s, a saber: o o bloco dos jogos, esportes, ginásticas e lutas; o o bloco das atividades rítmicas e expressivas, que inclui a dança, a expressão corporal e demais atividades representativas; o o bloco relacionado aos conhecimentos sobre o corpo, que remete aos pressupostos fisiológicos, anatômicos, biomecânicos e biológicos do movimento humano. Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2017/ Pad_Resp_Educacao_Fisica_Licenciatura.pdf>. Acesso em 16 out. 2019. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 41 3. Indicações bibliográficas BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998. BRASIL. MEC. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, 1999. DARIDO, S. C. Educação Física na escola – questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. RONCHI, A. M. A transformação didático-pedagógica do esporte na Educação Física escolar. Especialização em Educação Física escolar. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2010. Material Específico – Educação Física - tomo XI – CQA/UNIP 42 ÍNDICE REMISSIVO Questão 1 Nível de motivação. Teoria do U invertido. Questão 2 Educação Física adaptada. Inclusão. Questão 3 Conteúdos de ensino. Dimensões conceitual, procedimental e atitudinal. Questão 4 Conteúdos de ensino. Dimensões conceitual e procedimental. Questão 5 Abordagens pedagógicas. Abordagem crítico-emancipatória. Questão 6 Abordagens pedagógicas. Abordagens desenvolvimentista, psicomotora, crítico-superadora e crítico-emancipatória. Questão 7 Abordagem pedagógica crítica. Mídia. Questão 8 Mídia. Educação Física escolar. Questão 9 Finalidades da Educação Física. Questão 10 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
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