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Sísmica de Refração Fundamentos de Geofísica Curso de Graduação em Geofísica Universidade Federal Fluminense Outubro 2018 Sumário ● Princípios ● Levantamentos de refração ● Estrutura interna da Terra Princípios Sísmica de Refração ● Em muitas situações a subsuperfície pode ser aproximada por camadas planas ao longo da linha de refração ● Gráficos de tempo-distância das primeiras chegadas são interpretados além da distância de cruzamento para derivar informações sobre a profundidade e o mergulho das interfaces refratoras ● Essa abordagem simples não funciona em circunstâncias mais complexas e outras técnicas são aplicadas ● O método é usado normalmente para localizar refratores que separam camadas de diferentes velocidades sísmicas ● Pode ser aplicado também se as velocidades variam suavemente vertical ou lateralmente Levantamentos sísmicos de refração ● A grande maioria dos levantamentos é realizada ao longo de perfis suficientemente longos para garantir que as refrações sejam registradas como primeira chegadas pelo menos para metade do comprimento da linha ● Os tempos de trânsito dessas primeiras chegadas fornece as velocidades das camadas acima e abaixo da interface refratora e sua profundidade ● Os perfis devem ter o comprimento de 5 a 10 vezes a profundidade de investigação e necessitam de grandes fontes sísmicas ● No caso da sísmica de reflexão são usadas incidências quase normais das interfaces profundas, registradas em pequenos afastamentos Aplicações na exploração ● Estimativas das constantes elásticas ● o uso de fontes e geofones especiais que permitem o registro em separado das ondas P e S e o cálculo da razão de Poisson ● se houver estimativas para a densidade, é possível também calcular os módulos de compressão e rigidez ● Estudos para fundações e remoção de rochas ● Delimitação de aterros ou estruturas enterradas ● Exploração de águas subterrâneas ● Determinações de velocidades para uso na interpretação de levantamentos de reflexão e no mapeamento de camadas intemperizadas Mecanismo da refração ● No ângulo crítico de incidência, a perturbação sísmica refratada se propaga imediatamente abaixo da interface com a velocidade maior do meio inferior ● Como os dois meios estão em contato, o meio superior é forçado a se mover em fase com o inferior ● A vibração da interface devido à passagem da onda funciona como uma fonte móvel de ondas P na camada superior e forma frentes de ondas planas ● Os raios retornam à superfície no ângulo crítico como uma onda frontal (“head wave”) na região de reflexões supercríticas da camada superior Lowrie 2007 Pressupostos da interpretação ● A subsuperfície é composta por uma série de camadas, separadas por interfaces planas e possivelmente com mergulho ● Em cada camada as velocidades sísmicas são constantes ● As velocidades aumentam com a profundidade ● O caminho dos raios é restrito ao plano vertical que contem o perfil Raios refratados em superfícies planas Kearey 2009 Profundidade do refletor Kearey 2009 ● Da equação anterior ● Alternativamente, como em x cros os tempos de trânsito da onda direta e refratada são iguais ● A velocidade das camadas corresponde ao inverso da inclinação das linhas de primeira chegada 3 ou mais camadas horizontais Kearey 2009 t 1 t 2 Camada com mergulho ● O inverso do gradiente da curva de tempo de trânsito passa a representar a velocidade aparente do refrator ● Essa velocidade é maior que a do refrator quando registrada na direção do mergulho acima a partir do ponto de tiro e menor no mergulho abaixo ● Se forem registrados tiros em ambas as extremidades da linha o mergulho do refrator ocasionará diferenças nos gradientes e tempos de interceptação Kearey 2009 Ângulo do mergulho ● Através das velocidades para cima e para baixo é possível calcular o ângulo do mergulho e a velocidade real do refrator ● Observar que o tempo de trânsito total é o mesmo nas duas direções Sismograma de refração Burger 2006 Camada com falha ● A existência de uma falha provoca um deslocamento no gráfico do tempo de trânsito ● A diferença entres os tempos de interceptação é uma medida do rejeito da falha ● Notar que o raio que atinge a falha em B não foi refratado criticamente em A Kearey 2009 Camadas ocultas ● Camadas muito finas ou com velocidade muito próxima da camada acima produzem refração mas não primeira quebra ● Os traços tem que ser examinados para detectar as chegadas tardias Kearey 2009 Camadas cegas ● Raios não podem ser refratados criticamente em camadas menor velocidade ● Isto leva a uma estimativa maior da espessura da camada abaixo ● A camada de baixa velocidade pode gerar reflexões de grande ângulo detectáveis em chegadas posteriores Kearey 2009 Modelagem por traçamento de raios Kearey 2009 Refração com mudança contínua da velocidade com a profundidade ● O caminho da onda sísmica através de um meio de estratificação horizontal com velocidades constantes em cada camada e que aumentam com a profundidade se torna cada vez mais achatado até alcançar a refração crítica ● O trajeto de retorno de cada raio emergente espelha o trajeto incidente ● Se a velocidade aumenta continuamente com a profundidade, o raio é uma curva suave e côncava para cima Lowrie 2007 Levantamentos de refração Levantamentos de pequena escala ● Para levantamentos em locais de construção em geral é suficiente uma abertura de 100m e 24 a 48 geofones ● Esses levantamentos detetam facilmente o lençol d'água ou a rocha dura (bons refletores) ● A fonte pode ser a queda de um peso ou uma marreta, que geram sinais com uma frequência dominante de 100 Hz e requerem uma precisão de amostragem de 0,5 ms ● Pode ser feito por 2 pessoas Levantamentos de larga escala ● Uma conexão maior que 1 km entre os detectores e o receptor gera problemas logísticos ● No mar são usadas boias com radiotransmissores ● Para levantamentos de larga escala são usados sismógrafos de fundo (OBS) com frequência dominante de 10 a 50 Hz e precisão de 10 ms Levantamentos da crosta ● As linhas podem chegar a 250 ou 300 km ● São necessários fontes de alta potência (cargas de profundidade ou detonações em pedreiras) e um registro preciso dos tempos via GPS ● A frequência dominante da fonte é menor que 10 Hz e precisão de registro de 50 ms ● Exige grandes equipes Estudos da crosta Kearey 2009 Estrutura interna da Terra Estrutura interna da Terra ● Em 1906, R.D. Oldham observou que ondas P com grandes distâncias epicentrais eram retardadas em sua passagem pela Terra ● Dessa forma inferiu a existência de um núcleo central onde a velocidade das ondas P era reduzida ● Na mesma época foi descoberto que as ondas P e S atravessavam o manto mas nenhuma onda S chegava além de uma distância epicentral de 105o ● Em 1914, B. Gutenberg verificou a existência de uma zona de sombra para ondas P na faixa de distâncias entre 105o e 143o ● Com isso determinou o limite núcleo-manto e previu que as ondas P e S deveriam ser refletidas por ele Descontinuidade de Moho ● Em 1909, Mohoroviçiç analisou um terremoto na Croácia e descobriu a chegada de uma onda refratada antes da onda direta a uma distância de 200 km ● Ele calculou uma velocidade de 5,6 km/s para a onda direta e 7,9 km/s para a refratada e estimou que o aumento súbito da velocidade ocorria a uma profundidade de 54 km ● A descontinuidade de Moho representa o limite entre a crosta e o manto ● A espessura crustal média é de 33 km ● pode ser de até 5 km sob os oceanos ● varia entre 60–80 km sob algumas cadeias de montanhas Descontinuidade de Moho Burger 2006 Estrutura do núcleo ● Em 1936, Inge Lehmann, na Dinamarca, encontrou ondas P fracas na zona de sombra ● Isso foi interpretado em termos de umnúcleo interno com velocidades sísmicas mais altas ● A existência de um núcleo interno sólido é também confirmada pela análise das vibrações naturais da Terra ● A estrutura básica interna da Terra é modelada então como um conjunto de cascas concêntricas que correspondem ao núcleo interior, núcleo exterior e manto (o modelo atual é o PREM) ● Além das velocidades, as modelagens tem que levar em conta a distribuição das densidades, o momento de inércia e as oscilações livres da Terra Refração em uma Terra esférica ● Modelo formado por cascas esféricas de velocidade constante e que aumentam com a profundidade ● Se as velocidades aumentam continuamente, o raio sísmico é também refratado continuamente e é côncavo para cima ● O tempo de trânsito do raio até um epicentro de distância conhecida pode ser matematicamente invertido para fornecer a velocidade do ponto mais profundo da trajetória Lowrie 2007 Ondas sísmicas no interior da Terra Lowrie 2007 Ondas P no interior da Terra Lowrie 2007 Velocidades no interior da Terra Lowrie 2007 ● 5-60 km: limite crosta-manto (Moho) ● 100 a 200 km: zona dúctil de baixa velocidade (astenosfera) ● 400 km: transição olivina – espinélio ● 650-670 km: transição espinélio – perovskita ● 2.900 km: limite manto- núcleo exterior líquido ● 5.100 km: limite núcleo exterior-interior sólido Velocidades nas camadas superiores Lowrie 2007 Understanding Earth Tomografia sísmica ● As zonas da subsuperfície são examinadas pela transmissão de um grande número de raios sísmicos ● O volume em exame é subdividido em elemento cúbicos ● Supondo raios lineares entre a fonte e o receptor, o tempo gasto por cada raio em cada elemento pode ser calculado e as velocidades ajustadas para minimizar os erros entre os valores calculados e observados Kearey 2009 Tomografia de ondas P do manto Lowrie 2007 Tomografia de ondas S em diferentes profundidades Understanding Earth Bibliografia ● Kearey, P. Geofísica de Exploração. Cap. 6. Oficina de Textos, 2009. ● Lowrie, W. M. Fundamentals of Geophysics. Cambridge University Press, 2007 ● Telford, W. M., L. P. Geldart, and R. E. Sheriff, Applied Geophysics, 2a ed. Cambridge University Press, 1990 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38
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