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Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE ÁCIDOS: doador de próton (H+) para os líquidos corporais Fixos: ➔ Não circulam pelo corpo, pois são neutralizados ➔ Não derivados diretamente da hidratação do CO2 - ácido lático ➔ São eliminados pelos rins Voláteis: ➔ Produzidos após hidratação do CO2 - H2CO3 ➔ São eliminados pelos pulmões BASES ou ÁLCALI: receptor de próton (H+) > No organismo humano, o metabolismo gera mais ácidos do que bases, assim, os rins reabastecem (formação de novo) o HCO3- perdido pela neutralização dos ácidos não voláteis. SISTEMA TAMPÃO DO BICARBONATO (HCO3-) Sistema tampão regulado pelos pulmões e pelos rins. -𝐶𝑂 2 + 𝐻 2 𝑂 ↔ 𝐻 2 𝐶𝑂 3 ↔ 𝐻+ + 𝐻𝐶𝑂 3 A quantidade de CO2 é determinada pela PCO2 (pressão parcial de CO2 no sangue arterial, exprimindo a eficiência da ventilação pulmonar). O pH e a [H+] variam quando a [HCO3-] ou a PCO2 são alteradas. ➔ Os rins são os principais responsáveis pela regulação da [HCO3-] ➔ Os pulmões controlam a PCO2 EXCREÇÃO ÁCIDA RENAL LÍQUIDA Sob condições normais, a produção ácida (não voláteis) deve ser equilibrada com a excreção ácida. A reabsorção de HCO3- e a excreção ácida são reguladas por meio da secreção de H+ pelos néfrons. ● Os rins devem prevenir a perda de HCO3- na urina → a maioria do HCO3- filtrado é reabsorvida. ● Homeostase ácido básica⇒ Reabsorção da carga filtrada de HCO3- e excreção de ácido equivalente a produção. 1 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Para excretar ácido suficiente, os rins excretam H+ com tampões urinários (ácidos tituláveis), como fosfato (Pi) e creatinina. Além de mecanismos adicionais como a síntese e excreção de amônia (NH4+) TCC: túbulo coletor cortical; TD: túbulo distal; TCMI: túbulo coletor medular interno; TP: túbulo proximal; AAE: alça ascendente espessa REABSORÇÃO DE HCO3- AO LONGO DO NÉFRON TÚBULO PROXIMAL ● Reabsorve maior parte da carga filtrada de HCO3- Secreção de H+ pela membrana apical para o líquido tubular ➔ Trocador Na+/H+ (transporte ativo 2°) ⅔ ➔ H+ ATPase (transporte ativo 1°) ⅓ HCO3- sai da célula pela membrana basolateral para o sangue peritubular O bicarbonato é livremente filtrado e, ao reagir com H+ na luz tubular, forma ácido carbônico que degrada a H2O e CO2, sendo que o CO2 se difunde para a célula e reage com água e recupera o HCO3- filtrado. Bicarbonato sai da célula pelo co-transportador Na+/HCO3-. -𝐻 2 𝑂 + 𝐶𝑂 2 ↔ 𝐻+ + 𝐻𝐶𝑂 3 2 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Obs.: Os mecanismos para reabsorção de bicarbonato pela alça ascendente espessa do néfron é muito similar a do túbulo proximal. Os túbulos distais e coletores reabsorvem uma pequena porção de HCO3- que escapa de ser reabsorvida no túbulo proximal e na alça. TÚBULO DISTAL E COLETOR Célula intercalada α ● Secreta H+ para o túbulo (transp. ativo 1° e co-transp. H+/K+) ● Reabsorve HCO3- para o sangue peritubular (trocador Cl-/HCO3-) Mais importantes para o controle ácido base Célula intercalada β ● Secreta HCO3- para o túbulo Atividade aumentada durante alcalose metabólica→ necessidade de excretar o excesso de bicarbonato. FORMAÇÃO DE HCO3- NOVO A reabsorção de HCO3- não repõe o HCO3- perdido na neutralização dos ácidos não voláteis, sendo necessária a produção de HCO3- novo pelos rins. A hidratação do CO2, no interior da célula, produz H+ (secretado) e HCO3- novo (reabsorvido). Nas porções distais do néfron chega pouca quantidade de HCO3-, assim, o H+ secretado irá se combinar com tampões não HCO3-, sendo excretado como ácido titulável (princip. Pi). 3 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP O Pi como tampão é uma etapa limitante para o EAB, pois mesmo com o aumento de Pi disponível para a formação de ácido titulável, essa resposta é insuficiente para produzir a quantidade necessária de HCO3- novo. ➔ O restante da geração de HCO3- novo é resultado da produção e excreção de NH4+ - a perda de amônia é mais vantajosa do que a de fosfato (participa de compostos energéticos). FATORES QUE INFLUENCIAM A REABSORÇÃO DE BICARBONATO ● Quantidade de bicarbonato filtrada ● VLEC ● pH sistêmico e PCO2 (compensação ⇒ ↑ PCO2 quando tem descompensação AB respiratória e ao ↑ PCO2 ↑ reabsorção de bicarbonato) ● Reservas de K (K ↑ da acidose ?? ) MECANISMOS DE SECREÇÃO DE NH3 / NH4+ Rins: ➔ Metabolizam a glutamina ➔ Excretam NH4+ na urina ➔ Adicionam HCO3- ao corpo Sendo que a formação de HCO3- novo depende da capacidade dos rins de excretar NH4-. 4 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP > Mecanismo que ocorre em caso de acidose crônica (ex.: diabetes), com alta produção de amônia e necessidade de grande quantidade de bicarbonato. Na acidose aguda, ocorre a perda de fosfato para o tamponamento (menos vantajoso). ● NH4+ é produzido a partir da glutamina nas células do túbulo proximal. Uma glutamina produz 2 moléculas de NH4+ e o ânion (A), sendo que o A é metabolizado e forma 2 HCO3-. O HCO3- novo sai da célula pela membrana basolateral e vai para o sangue peritubular. O NH4+ sai da célula pela membrana apical (transp. ativo → trocador NH4+ / Na+) e entra no líquido tubular → saída à medida que o filtrado vai se concentrando. 1 molécula de NH3 : 9 moléculas de NH4+ ● A amônia atua principalmente no tamponamento das porções distais do néfron. Grande parte do NH4+ secretado no TP é reabsorvida pela alça espessa do néfron, onde há substituição do NH4+ por K+ no co-transportador Na+/Cl-/K+. O NH4+ reabsorvido pela alça se acumula no interstício medular e vai se dissociando a NH3 à medida que esse vai sendo sendo secretado para a luz do túbulo coletor. ● O NH3 é transportado por difusão não iônica. ● Na luz tubular, o NH3 é protonado pois há secreção de H+, formando NH4+ ● Membrana apical tem baixa permeabilidade ao NH4+⇒ NH4+ aprisionado no túbulo O processo global de formação de bicarbonato não está completo até que o NH4+ seja excretado, pois se esse for para a circulação sistêmica, promove o uso de HCO3- para tamponar a ureia 5 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP FATORES QUE INFLUENCIAM A EXCREÇÃO DE ÁCIDO ● pH sistêmico e PCO2 ● Aldosterona (deixa luz negativa, facilitando a saída de H+ pela H+ ATPase) ● ADH ● Reservas de K (com ↑ K na célula = H+ é menos secretado por uma competição com K+) DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS Alteração de [HCO3-] = Distúrbios Acidobásicos Metabólicos Alteração da PCO2 = Distúrbios Acidobásicos Respiratórios A frequência respiratória determina a PCO2 (↑ FR : ↓ PCO2 - mais CO2 eliminou) ➔ Acidose metabólica (↓ pH) : ↑ FR ➔ Alcalose metabólica (↑ pH) : ↓ FR ACIDOSE METABÓLICA ↓ HCO3- resulta na ↓ pH Pode ocorrer por: - Adição de ácido não volátil → Cetoacidose diabética - Perda de base não volátil→ diarreia com perda de bicarbonato - Falha nos rins em excretar ácido titulável e NH4+ Com ↓ pH, a área respiratória é aumentada, com um ↑ FR e ↓ PCO2 (compensação respiratória) - elimina mais CO2 (não acidificar mais ainda). Os rins atuam por tais mecanismos a fim de corrigir a acidose metabólica: - ↑ secreção H+ - Todo HCO3- filtrado é reabsorvido - ↑ produção e secreção de NH4+ (↑ de sua excreção) ↑ excreção ácida e ↑ HCO3- novo ACIDOSE RESPIRATÓRIA ↑ PCO2 resulta na ↓ pH Resultado da ↓ troca gasosa pelos alvéolos (ventilação inadequada), eliminando menos CO2 do que o normal. - Mesmos mecanismos compensatórios 6 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP ALCALOSE METABÓLICA ↑ HCO3- resulta na ↑ pH Pode ocorrer por: - Perda de ácidos não voláteis → vômito - Adição de base nv → ingestão de antiácidos - Contração do volume LEC → hemorragias Com ↑ pH, a área respiratória é inibida, com um ↓ FR e ↑ PCO2 (compensação respiratória) - elimina menos CO2 para deixar o sangue mais ácido. Os rins atuam por tais mecanismos a fim de corrigir a alcalose metabólica: - ↑ excreção de HCO3- (por ↓ reabsorção) - Secreção H+ inibida - ↓ excreção de ácido titulável e NH4+ ALCALOSE RESPIRATÓRIA ↓ PCO2 resulta no ↑ pH Decorrente do incremento nas trocas gasosas nos pulmões(↑ ventilação). - Mesmos mecanismos compensatórios 7 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP ANÁLISE DOS DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS NÍVEIS NORMAIS pH plasmático = 7,4 [HCO3-] = 24 mEq/L PCO2 = 40 mmHg 1°) Análise do pH ● Classificação em acidose (pH < 7,4) ou alcalose (pH > 7,4) 2°) Determinação da origem do distúrbio ● Classificação em metabólico (alteração na [HCO3-]) ou respiratória (alteração na PCO2) 3°) Análise de resposta compensatória Distúrbios metabólicos → Alterações compensatórias na ventilação e, assim, na PCO2.. Distúrbios respiratórios → Alterações compensatórias na [HCO3-]. Alteração compensatória ⇒ acompanha a origem do distúrbio. 8 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP O pH depende da relação entre [HCO3-] e PCO2 Ex.: pH 7,5 ⇒ alcalose [bicarbo] = 34 (↑ primário) → distúrbio metabólico PCO2 = 47 (↑ compensatória) ➔ A alcalose ↑ HCO3- diretamente, e ↑ PCO2 é um aumento compensatório. Pensamento: para ser alcalose houve uma ↓ pH, mas qual a origem? Observamos um ↑ [HCO3-] e ↑ PCO2, porém, com o ↑ PCO2 há uma menor eliminação de CO2, deixando o sangue mais ácido, logo, a alteração primária foi a da [bicarbonato] e a alteração compensatória foi a da PCO2. Ex.: pH 7,28⇒ acidose [bicarbo] = 27 (↑ compensatório) PCO2 = 60 (↑ primário) → distúrbio respiratório ➔ A acidose ↑ PCO2 diretamente, por ↓ FR, e o ↑ bicarbonato é um aumento compensatório. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Koeppen, Bruce M. Berne e Levy - Fisiologia. Grupo GEN, 2018. [Minha Biblioteca]. 9
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