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Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica de pequenos animais II – Piodermite: infecção tegumentar bacteriana, de superfície, superficial ou profunda, primária ou secundária CLASSIFICAÇÃO DAS PIODERMITES Piodermite de superfície: bactérias estão por cima da camada córnea. Essas bactérias conseguem entrar e invadir as camadas da epiderme. Coça mais Piodermite superficial: bactérias então na epiderme, folículos pilosos etc Piodermite profunda: quando a bactéria invade a derme (lesões mais sanguinolentas). Mais dolorosa Piodermite primária: quando não identificamos a causa de base Piodermite secundária: secundária a outro quadro. A maioria dos cães tem uma outra causa de base. Importante identificar a causa de base, pois se não o animal terá recidivas sempre CARACTERÍSTICAS DA PELE A pele do cão é muito mais fina que a do gato o que contribui para predisposição de piodermites, mais do que os gatos. O ph da pele do cão é mais pro neutro, quanto mais ácido o ph menor possibilidade de crescimento bacteriano (proteção). A camada de gordura e sebo tem antibióticos naturais (peptídeos microbianos) - Epiderme: camada córnea (queratina, tecido morto), camada espinhosa e camada basal. Pouca vascularização sanguínea - Derme: bastante vascularizada, lesões que atingem aqui são bem sanguinolentas - Hipoderme Agente etiológico: Staphylococcus pseudointermedius Microrganismo comensal da pele de cães e gatos Quando encontra condições (causa de base) ele consegue adentrar na pele, se multiplicar e causar infecção, é uma bactéria extremamente resistente CAUSAS DE BASE Sempre lembrando que devemos tentar controlar essas causas de base: Alergopatias – causa mais comum, principalmente dermatite atópica (coça muito, nesse momento as bactérias conseguem entrar mais, além disso a inflamação crônica diminui os níveis de peptídeos microbianos) Parasitárias – sarna demodécica, ectoparasitas Fúngicas – mais raro, fungos e bactérias competem entre si Distúrbios de queratinização e seborreias – ambas condições aumentam o crescimento bacteriano Displasias foliculares – alteração da formação do folículo piloso. Uma displasia folicular bastante comum é bastante comum: Alopecia X Endocrinopatias - hiperadreno Manejo inadequado – excesso de banho, banhos muito quentes, secar com secador muito quente Terapia – medicamentos COMO IDENTIFICAR O TIPO DE PIODERMITE? Pelo reconhecimento do quadro lesional Lesões de piodermite de superfície: mais relacionado ao quadro alérgico, piodermites de dobra de pele são semre piodermites de superfície A bactéria provoca um processo irritativo na pele: ERITEMA As células da pele por proteção querem eliminar o agente: DESCAMAÇÃO Com o processo irritativo e de descamação: ALOPECIA Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica de pequenos animais II Quando as bactérias se proliferam começam ser fagocitadas pelos neutrófilos (possuem citoplasma pequeno), pedem ajuda dos macrófagos. Neutrófilos degenerados geram pús Lesões de piodermite superficial: é mais purulenta PÁPULAS PÚSTULAS COLARINHO EPIDÉRMICO: ruptura da pústula CROSTAS MELICÉRICAS ALOPECIA ERITEMA Colarinho epidérmico Diagnóstico diferencial: quando temos lesões circulares alopecias podem ser piodermites, dermatofitose e sarna demodécica IMPETIGO É uma variação da piodermite superficial Pústulas em regiões com pouco ou nenhum pelo. Axila e região abdominal Acomete cães com menos de 1 ano de idade Imunossupressão Filhotes com cinomose, hiperadrenocorticismo Piodermatite profunda ERITEMA EDEMA NÓDULO FÍSTULAS EROSÃO/ÚLCERA CROSTAS HEMORRÁGICAS – SANGUE Uma das principais causas de piodermite profunda é sarna demodécica Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica de pequenos animais II DERMATITE ÚMIDA AGUDA Prurido Umidade e falta de ventilação Cães de pelo muito denso – Golden, labrador – vão na água, a base da pele fica úmida, é bem aguda, dolorida, bem inflamatória DIAGNÓSTICO Reconhecimento do quadro clínico – 90% do diagnóstico Citologia – melhor método de diagnóstico Histopatológico – dá para identificar se é uma piodermite superficial ou profunda, porém não há necessidade, tudo que ele diz conseguimos observar no diagnóstico OBS: Cultura fúngica demora muito para crescer Cultura bacteriana não serve para diagnóstico, pois ela com certeza vai aparecer, já faz parte da microbiota até de cachorros saudáveis. Logo, o fato de crescer na cultura não significa nada Os maiores são neutrófilos degenerados, as bolinhas são os coccos, no centro há um macrófago fagocitando coccus Presença de queratinócitos – indicativo de piodermite superficial A cultura e antibiograma na piodermite é apenas para diferenciar o tratamento Cães que fazem muito uso de antibiótico, é importante fazer uma cultura e antibiograma Gene MecA muitas vezes só aparece em infecções in vivo e não na cultura Betalaquitâmicos: Peniilinas, cefalosporínicos carbapenemicos (imipenen e meropenen) Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica de pequenos animais II TRATAMENTO Tratamento tópico Realizar em todas as piodermites – tratamento apenas tópico aumenta-se a frequência, quando associa ao antibiótico diminui-se a frequência Pelo deve estar curto, para ter mais contato com a pele, deixar agir por 10 min Clorexidina se cai no olho causa lesão córnea, lavar sempre da cabeça para baixo Shampoos Peróxido de benzoila 2,5% a 5% - feito apenas em cachorros muito gordurosos, resseca muito Igarsan 0,5 a 2% - qualidade intermediária Clorexidine (0.5, 1, 2, 2 a 4%) – o mais usado, rompe membrana de bactérias inclusive da célula, fazer entre 2 e 3% Está chegando no mercado sprays de clorexidina (pode manipular Tratamento sistêmico Realizar em todas as piodermites profundas – usado apenas nessas, para não gerar mais resistência bacteriana nos animais Não em todas as superficiais – como aqui já penetrou na epiderme, talvez entraremos com antibiótico sistêmico, para decidirmos isso são casos em que o tutor não consegue fazer o tratamento tópico (ex: cães grandes, como Golden) ou quando está muito disseminado Nunca usar nas de superfície – por conta da queratina não chega, não há vasos sanguíneos (apenas tratamento tópico) ORDEM ANTIBIOTICO: Quando iremos fazer um antibiótico sistêmico, damos preferência para betalactamicos (o primeiro é cefalexina) Quando é resistente a oxacilina – não realizar betalactamicos: OBS: Doxiciclina não é muito bom para pele, penetra pouco, mas as vezes não tem opção Rifampicina é hepatotóxico Cloranfenicol é hepatotoxico e mielotóxico (medula óssea - causa anemia) Aminoglicosídeos são nefrotóxicos Lembrando que quando um antibiótico não funciona nunca devemos tocar o antibiótico de cara, deve fazer uma cultura e antibiograma Piodermite superficial → mínimo de 21 dias Piodermite profunda → mínimo 45 dias
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