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CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS II SISTEMA TEGUMENTAR ► Semiologia ➢ Camadas da pele (de fora para dentro) ▪ Epiderme • Camada Córnea: camada + externa; queratinizada; possui um material lipídico entre as células (sem núcleo) formado por ceramidas, ácidos graxos e colesterol • Strato Lúcido: transição da camada granulosa para a córnea • Camada Granulosa • Camada Espinhosa • Camada Basal: junção da epiderme com a derme; camada com células germinativas ▪ Derme ▪ Hipoderme/Panículo ➢ Epidermopoiese demora mais ou menos 21 dias ▪ Muito rápido = patológico e a descamação é rápida ➢ O prurido está presente em grande parte das doenças, principalmente as alérgicas ➢ Diagnóstico ▪ Identificação: espécie, definição racial (CRD, SRD), raça, gênero, idade ▪ Histórico ▪ Exame Físico e Dermatológico ▪ Identificação das Lesões ▪ Exames Complementares ➢ Lesões cutâneas classificadas em 6 grupos ▪ Alteração de Cor ▪ Elevações Edematosas ▪ Formações Sólidas ▪ Coleções Líquidas ▪ Alterações de Espessuras ▪ Perdas e Reparações Teciduais ➢ Alteração de Cor ▪ Pode ser de 2 tipos: alteração vascular (vásculo-sanguíneas) ou de pigmento • Alteração vascular por vasodilatação ou porque a hemácia saiu do vaso • Alteração pigmentar por maior ou menor deposição de melanina ▪ Alterações Vásculo-Sanguíneas • Eritema: pele vermelha por vasodilatação (cede a dígito-pressão) • Enantema: eritema em mucosa • Púrpura: vermelho decorrente de extravasamento de hemácias (não cede a dígito-pressão) o Petéquias: até 1 centímetro o Equimose: maior que 1 centímetro o Víbices: lineares ▪ Alterações Pigmentares • Hiperpigmentação/Melanose: aumento de melanina • Despigmentação/Leucodermia • Púrpura: vermelho decorrente de extravasamento de hemácias (não cede a dígito-pressão) o Petéquias: até 1 centímetro o Equimose: maior que 1 centímetro o Víbices: lineares ➢ Elevações Edematosas ▪ Edema na derme e hipoderme ▪ Pode ser de 2 tipos • Urticária: elevação da pele de cor vermelha ou branco- rosada, de tamanho e formas variáveis, de duração efêmera e muito pruriginosa • Angioedema: edema + profundo (acomete derme profunda e hipoderme), circunscrito que causa tumefação intensa ➢ Formações Sólidas ▪ Lesões por deposição de células, lesões inflamatórias ou neoplásicas, lesões em relevo e firmes ▪ Classificação por tamanho • Pápula: até 1 centímetro • Nódulo: de 1 a 3 centímetros • Tumor: maior que 3 centímetros ➢ Coleções Líquidas ▪ Se caracterizam por apresentar conteúdo líquido, que pode ser sangue, serosidade ou pus ▪ Classificação por tamanho e conteúdo • Pústula: até 1 centímetro (pode ter mais) e pus • Abcesso: maior que 1 centímetro e pus, acompanha calor, rubor e dor • Vesícula: até 1 centímetro e líquido seroso ou sangue • Bolha: maior que 1 centímetro e líquido seroso ou sangue • Hematoma: tamanho variável e com acúmulo de sangue ➢ Alterações de Espessura ▪ Aumento dos constituintes normais da epiderme ou da derme • Hiperqueratose: aumento da camada córnea (espessa, dura e inelástica) • Liquenificação/Lignificação: aumento da camada espinhosa (acentuação dos sulcos e da cor da pele) • Atrofia: diminuição da espessura da pele, que se torna adelgaçada e pregueável com evidenciação dos vasos (telangiectasia) • Edema: aumento da espessura da pele e depressível (godet positivo), decorrente da presença de plasma na derme ou hipoderme ➢ Perdas e Reparações Teciduais ▪ Decorrentes da eliminação de tecido e de reparações teciduais • Escamas (caspa): desprendimento da camada córnea acelerado o Furfuráceas: pequenos o Micáceas: maiores • Erosão: perda de tecido superficial (epiderme), não gera cicatriz • Úlcera: perda de tecido profundo (epiderme e derme), gera cicatriz • Escoriação: arranhão (linear), origem traumática, resultante de prurido • Fístula: Canal que drena à superfície conteúdo de foco profundo de supuração (“ponta do iceberg”) • Crosta: resultante do ressecamento de secreções o Hemorrágica: sangue o Melicérica: pus o Necrótica • Colarinho Epidérmico: rompimento da pústula • Dermatopatias Parasitárias ► Demodiciose / Sarna Demodécica / Sarna Folicular / Sarna Negra ➢ Agente: Demodex (ácaro) ▪ Existem 4 espécies diferentes que causam a sarna no cão: D. canis; D. injai; D. cornei; D. cyonis ▪ O mais comum é o Demodex canis, que fica localizado no folículo piloso ➢ Um pequeno número de ácaros coloniza a pele de todos os cães ▪ Na ocorrência de uma imunossupressão esse número aumenta, ocasionando o desenvolvimento da doença ▪ Essa imunossupressão pode ser genética ou não ▪ Imunossupressão não genética pode acontecer por vários fatores: uso de corticoide, HAC, quimioterapia etc. ➢ 90% dos casos são em cães com menos de 1 ano ▪ Animais adultos/idosos: sempre buscar causa de base (não genético) ➢ Desenvolvimento ▪ Rarefação pilosa/alopecia e eritema > aumento do processo inflamatório, alopecia, infecção bacteriana secundária (formação de pústula) > infecção profunda (formação de fistula), mais edema e acometimento da derme ▪ Começa na região da cabeça e membros torácicos ▪ D. injai: acomete + região de dorso e interdigitais; animais adultos ➢ Não é contagiosa, tem dor, pouco pruriginosa (só se tiver infecção bacteriana secundária) ➢ Diagnóstico ▪ Identificação, anamnese, exame dermatológico, exame parasitológico (100% positivo) ▪ Parasitológico Cutâneo: raspado (exame parasitológico do raspado cutâneo – EPRC) e fita adesiva (EPF) • EPRC: raspado com lâmina de bisturi (até sangrar), colocar potassa e olhar no microscópio – se bem-feito a chance de encontrar é 100% • EPF: colocar a fita/durex e apertar/beliscar e o material vai grudar na fita – pode ter falso negativo, efetividade de 90% • Sharpei: pode ter falso negativo no raspado pela pele grossa, fazer histopatológico • Parasitológico por decalque: em pacientes com perdas teciduais ➢ Tratamento ▪ Antigo: diamidina/amitraz (triatox): não se usa mais – trabalhoso, muitos efeitos colaterais, mas era efetivo ▪ Antigo: lactonas macrocíclicas – moxidectina, ivermectina, doramectina • Mínimo 8 semanas de tratamento e, após isso, ter 3 raspados negativos • Alta após 3 raspados negativos seguidos num intervalo de 15 dias • Pastor australiano, pastor de shetland, border collie, sheepdog, collie: não usar ivermectina e doramectina – atravessa a bhe, usar moxidectina ▪ Novo: isoxazolinas, banho e antibioticoterapia • Isoxazolinas o Fluralaner (bravecto): q3 meses o Sarolaner (simparic): q35 dias o Afoxalaner (nexgard): q30 dias o Lotilaner (credeli): q30 dias • Banho de 1 a 3x por semana com peróxido de benzoíla o Efeito queratolítico: remove camada córnea • Antibioticoterapia o Se infecção bacteriana secundária o Amoxicilina com clavulanato de potássio ► Escabiose Canina ➢ Agente: Sarcoptes scabiei (ácaro) ➢ Transmissão por contato direto e através de fômites ➢ Zoonose: transmissão em cerca de 30% dos contactantes humanos ➢ Não está na pele normal ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Prurido intenso e agudo ▪ Fêmea escava uma galeria na epiderme e deposita os ovos. Para escavar ela libera uma substância para deixar a pele + mole/sensível que causa prurido intenso também, além de restos fecais que causa uma reação de hipersensibilidade ▪ Esse ácaro gosta de extremidades/temperaturas baixas e as lesões são localizadas em borda de pavilhões auriculares, articulação úmero-rádio-ulnar, articulação tibiotársica ▪ Causa hiperqueratose e descamação ▪Acomete + animais menores de 1 ano de idade ➢ Diagnóstico ▪ Identificação, anamnese, exame dermatológico, exame parasitológico ▪ Parasitológico cutâneo: EPRC, EPF + diagnóstico terapêutico • EPRC: raspado + superficial (sem lesionar) e pegar em um diâmetro maior - 50% positividade, pode ter muito pouco ácaro no animal, mas o prurido já é intenso o Raspar nas regiões na ordem: pavilhão auricular, cotovelo, jarrete – desde que tenha lesão • EPF: 50% de positividade também e a área de coleta é a mesma ► Escabiose Felina / Sarna Notoédrica ➢ Agente: Notoedris cati (ácaro) ➢ Transmissão por contato direto e indireto ➢ Não está na pele normal ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Muito parecido com o sarcoptes ▪ Causa prurido e hiperqueratose (alguns fazem tanta hiperqueratose que desenvolvem entrópio) ▪ Escava galerias na pele ▪ + comum em gatos que tem acesso à rua e jovens ▪ Preferência pela região da cabeça ➢ Diagnóstico ▪ Mesma coisa do sarcoptes ▪ Positividade em 80% dos exames e os outros 20% pelo diagnóstico terapêutico ➢ Tratamento – Escabiose Canina e Felina ▪ Acaricida: moxidectina, ivermectina, doramectina • Não necessita de EPRC para a alta • Moxidectina, ivermectina V.O: q7 dias por 4 semanas • Moxidectina, ivermectina, doramectina S.C: q14 dias por 4 semanas • Doramectina: 1x por semana • Se fazer q7 dias faz 4 adm; q14 dias faz 2 adm ▪ Selamectina Tópica (Revolution) • Aplicação tópica: q14 dias ou mensal (2 a 3 adm já é o suficiente) ▪ Moxidectina + Imidacloprida Tópica (Advocate) • Aplicação q14 dias e no máximo 3 adm ▪ Isoxazolinas • Fluralaner (bravecto): dose única • Fluralaner (bravecto transdermal) : dose única • Sarolaner (simparic), afoxalaner (nexgard), lotilaner (credeli) : dose única ▪ Prurido muito intenso: corticoideterapia para aliviar • Prednisona: 0,5 mg/kg q24h por 5 dias ▪ Pode se dar banhos com peróxido de benzoíla: 1 a 3x por semana ▪ Não esquecer de tratar todos os contactantes e cuidar com o ambiente • Dermatopatias Fúngicas ► Esporotricose ➢ Agente: Sporothrix ▪ Anos 80/90 – S. schenckii: transmissão clássica do fungo de ambiente pela implantação traumática do fungo na pele (material vegetal em decomposição, solo e plantas) • “Doença do florista” – baixo índice zoonótico ▪ Anos ~95 – surto no RJ (região metropolitana): s. schenckii mutacionou para o s. brasiliensis • S. brasiliensis: muito + zoonótico, patogênico, virulento e resistente • 99% dos casos hoje são de s. brasiliensis • Possui afinidade pela espécie felina ➢ CCZ/SP ▪ É de notificação compulsória – obrigatório notificar ▪ Zona leste possui + casos: gatos + “rueiros” ➢ Micose profunda – pode chegar até a hipoderme e pode acometer órgãos ➢ Epidemiologia em Felinos ▪ Faixa etária de até 2 anos (animal + ativo) ▪ Evolução clínica: média de 8 semanas ▪ Apresentação clínica: geralmente 2 ou mais regiões acometidas ▪ Topografia: cefálica, membros torácicos, mucosas ➢ Transmissão: mordedura, arranhadura, contato direto ▪ Sempre usar luvas e antebraço protegido ▪ Ter solução de continuidade para o agente entrar ▪ Principal via de transmissão: contato ➢ Manifestações clínicas: maior parte de forma cutânea ▪ Cutânea localizada: sistema imune competente e acomete só o ponto onde o agente entrou ▪ Cutâneo linfática: principalmente em humanos, lesão com sinal do “rosário esporotricótico” ▪ Cutânea disseminada: principalmente em gatos e acomete mais de 1 região ▪ Extra cutânea: em casos de imunossupressão ▪ Normalmente uma lesão nodular/tumoral e ulcerada = goma ➢ Diagnóstico ▪ Identificação, anamnese, exame dermatológico ▪ Citologia ou citofungoscópio • Citologia: colher material das lesões ulcerativas, espalhar na lâmina, corar com panóptico e olhar no microscópio – o mais usado e rápido ▪ Cultura fúngica: se não encontrar ou ter certeza da espécie - com swab estéril (7 a 10 dias) ▪ Histopatológico: biópsia – caso feita a citologia e não apareceu o agente ▪ Fazer o diagnóstico diferencial: esporotricose x criptococose x neoplasia ➢ Tratamento ▪ Antifúngico sistêmico, nada tópico ▪ Tempo médio de tratamento: 4 a 9 meses + 1 mês após a cura ▪ Itraconazol: 10 a 20 mg/kg q24h (hepatotóxico) • Se o fígado apresentar problemas, associar com protetor hepático ▪ Itraconazol + iodeto de potássio: em casos refratários, lesões nasais ou recidivas • Maior que 5kg: 100 mg/kg/gato q24h • Menor que 5kg: 50 mg/kg/gato q24h ▪ Itraconazol + iodeto de potássio + anfotericina B • Anfotericina B: hepatotóxica • Aplicação na lesão se não melhorar: 4 aplicações com intervalo semanal ▪ Crioterapia para lesões resquiciais ► Criptococose ➢ Agente: Criptococcus ▪ Vive em eucaliptos e uma ave acaba ingerindo (principalmente pombos) • Levedura é eliminada nas fezes e, após elas secarem, o fungo fica suspenso no ar • Acometimento pela inalação ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Desenvolvimento relacionado com a imunossupressão ▪ Micose profunda ▪ É raro e não zoonótico ▪ Lesões nasais, difícil em outras regiões (pode ter manifestações neurológicas) ➢ Diagnóstico ▪ Exame citológico/citofungoscópio • Maior morfologicamente que a esporotricose • Não cora muito bem com tinta da china ou nankin ▪ Cultura e histopatológico ➢ Tratamento ▪ Itraconazol: 10 mg/kg q24h – mesma média de tratamento da esporotricose ▪ Não há necessidade de associar ► Dermatofitose ➢ Agente: Microsporum canis ▪ Existem + 3 espécies, mas esse é o principal (99% dos casos) ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Lesão: alopecia circular e descamação, se tiver prurido é pouco ▪ Micose superficial – restrita a epiderme (camada córnea) ▪ Fungo queratinofílico: degrada queratina ▪ É uma zoonose: muito prurido nos humanos • Trichiphyton rubrum: acomete + humanos e pode ter uma zoonose reversa (se o animal tiver, o humano que passou) ▪ Pouco frequente: 1,7% dos casos • 66% são menores de 1 ano de idade • Persa e o yorkshire são + acometidos (quadros + disseminados) • Gatos são + acometidos ➢ Transmissão: contato direto, fômites (pode ficar até 1 ano) ➢ Manifestações Clínicas ▪ Lesões: focais, multifocais ou difusas ▪ Prurido variável ▪ Escamas, eritema e alopecia ▪ Alguns casos causam granuloma dermatofítico – raro, somente em animais imunossuprimidos ➢ Diagnóstico ▪ Lâmpada de Wood/Luz de Wood • Luz que causa fluorescência • M. canis: produz uma substância chamada pteridina, que fica no pelo e este vai fluorescer. Se não fluorescer, pode ser outra espécie ou a técnica foi feita errada ▪ Citologia: agente é menor que o da esporotricose – positividade de 100% ▪ Exame direto: coleta de pelos da borda da lesão e olhar no microscópio – positividade de 20 a 30% ▪ Cultura fúngica: coleta de pelos/escamas da borda da lesão e fazer a cultura (2 a 4 semanas) • Dermatobacter: um dos métodos de cultura – muda de cor se tiver fungo ➢ Tratamento ▪ Plano de controle ▪ Tratamento Tópico • Baixo risco de contaminação/disseminação • Banho com clorexidine, miconazol, cetoconazol ou terbinafina • Tosa também, mas sem machucar • Mínimo 1x por semana ▪ Tratamento Sistêmico • Itraconazol: 5 a 10 mg/kg q24h por 4 a 6 semanas • Dermatopatias Bacterianas ► Piodermite ➢ Agente: Staphylococcus pseudointermedius ▪ + de 90% dos casos é de s. pseudointermedius ▪ É um agente comensal da pele de cães e gatos, também vive dentro do folículo piloso ▪ S. aureus e s. schleferi é + difícil ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Infecção bacteriana, superficial ou profunda, primária ou secundária ▪ Padrão de sensibilidade vem mudando com o aumento da ocorrência de cepas multirresistentes • Uso indiscriminadode antibióticos selecionou cepas multirresistentes ▪ Multiplicação bacteriana > o agente entra na pele e terá de vencer os AMP’s (peptídeos antimicrobianos presentes na camada córnea) e o sistema imune para aí sim fazer a infecção • A camada córnea e a camada de gordura é + fina no cão, favorecendo a infecção • Exemplo: sabão de coco é muito alcalino = diminui (+fina) a camada córnea ▪ Tem grande casuística em cães e é rara em gatos ▪ + de 90% dos casos existe uma causa de base ➢ Classificação ▪ Primária ou Secundária / Superficial ou Profunda • Primária: sem causa de base • Secundária: tem uma causa de base e é a mais comum • Superficial: acometimento superficial • Profunda: acometimento profundo ▪ Secundária • Causas: alergopatias, parasitárias, fúngicas, distúrbios de queratinização e seborreicos, displasias foliculares, endocrinopatias, manejo inadequado, terapia ▪ Superficial • Acometimento da epiderme + folículo piloso (+ presença de pus) • Pápulas > pústulas > lesões em colarinho epidérmico (rompimento das pústulas) > crostas melicéricas (ressecamento do pus) • Cão de pelo curto: alopecia em roedura de traça • Condições especiais: piodermites superficiais com características próprias o Impetigo: pústula em regiões sem pelo (+ abdômen); acomete + animais jovens (pode acometer outras faixas se imunossuprimido; imunossupressão o Dermatite pio-traumática: aguda; autoinduzida; acomete + animais com pelame denso (por trauma ou pelame úmido) • Diagnóstico diferencial: dermatofitose, sarna demodécica ▪ Profunda • Acometimento da epiderme + folículo piloso + derme (+ lesões sanguinolentas) • Edema, nódulos, vesículas, fístulas, crostas hemáticas • Principal causa: sarna demodécica • Piodermite muco-cutânea ➢ Resistencia Bacteriana ▪ O antibiótico seleciona bactérias resistentes e pode transferir resistência (plasmídeo) também para as outras ▪ Uma das mas importantes resistências do s. pseudointermedius é o gene mecA – o staphylococcus que tem esse gene é resistente a todos os antibióticos beta- lactâmicos (primeira linha de tratamento para a infecções causadas pelo s. pseudointermedius) • Beta-lactâmicos: cefalosporinicos, penicilínicos, carbapenêmicos, ampicilina ▪ Os beta-lactâmicos destroem a bactéria se ligando na parede do agente e destruindo-a • Ligação que acontece através de uma proteína que está na parede bacteriana, a PBP • O gene mecA faz uma proteína diferente, a PBP2a, que os beta- lactâmicos não conseguem aderir ▪ Como saber se o agente tem o gene mecA? • Cultura e antibiograma: testar antibiótico oxacilina – se for resistente, ele tem o mecA • Fazer cultura e antibiograma quando o tratamento não teve resposta ou histórico de muito uso de antibióticos ➢ Diagnóstico ▪ Laboratorial: citologia • Colher material de preferência de pústula e corar no panóptico ▪ Cultura e antibiograma: resistência bacteriana – tratamento ➢ Tratamento ▪ Tratamento tópico em todos os casos e sistêmico em alguns casos ▪ Duração mínima de tratamento • Piodermite superficial: 21 dias • Piodermite profunda: 45 dias ▪ Tópico • Mínimo: banho com xampus antissépticos (clorexidine, peróxido de benzoíla) 2x por semana (com animal tricotomizado) • Casos + especiais: pomada mupirocina pós banho • Banho com água sanitária diluída: 2,5ml em 1L de água, deixar 10 a 15 minutos e dar um banho (clorexidine) ▪ Sistêmico (seguir a ordem – melhores para os menos usados) • Cefalosporinas > amoxicilina com clavulanato de potássio > clindamicina • Se resistente a amoxicilina: macrolídeos > tetraciclinas > quinolonas > rifampicina > cloranfenicol > aminoglicosídeos • Classes Farmacológicas o Cefalosporinas: cefalexina, cefadroxila, cefovecina o Macrolídeos: clindamicina o Tetraciclinas: doxicilina o Quinolonas: marbofloxacina, enrofloxacina, pradofloxacina – cuidado (induz muita resistência) o Rifampicina (raro usar) – cuidado (hepatotóxico) o Cloranfenicol (raro usar) – cuidado (hepatotóxico e mielotóxico) o Aminoglicosídeos (raro usar) – cuidado (nefrotóxico) • Dermatopatias Alérgicas ➢ Toda doença alérgica da pele é pruriginosa ➢ Alergia não tem cura ➢ Diagnóstico de alergia é clínico (por eliminação – terapêutico) ➢ 3 alergias + comuns: DAPP, alergia alimentar, dermatite atópica ► Dermatite Alérgica a Picada de Pulgas (DAPP) ➢ Agente: Ctenocephalides ➢ Alergia à saliva da pulga ➢ Ocorrência: territorial – depende da região ➢ Idade média de início das alergias: 2 anos ➢ Alergia: reação de hipersensibilidade tipo I e IV ▪ Tipo I: reação imediata (logo após a picada da pulga, dura até 72h) ▪ Tipo IV: reação tardia (dura de 15 a 20 dias) ➢ Características Clínicas ▪ Lesões pápulo-crostosas, alopecia, eritema ▪ Crônico: lignificação, hiperpigmentação, colarinhos epidérmicos, descamação ▪ Região + acometida: dorso lombar (triangulo da DAPP) ➢ Diagnóstico ▪ Manobra de Mackenzie: consiste em colocar as fezes da pulga em um algodão úmido e, quando derreter, vai manchar o algodão de vermelho ▪ Terapêutico ▪ Visualização das pulgas ➢ Tratamento ▪ Selamectina (advocate) + imidacloprida com moxidectina: q2 semanas – resposta em 30 a 60 dias ▪ Sarolaner (simparic), afoxalaner (nexgard), lotilaner (credeli): q30 dias ▪ Fluralaner (bravecto): q3 meses ▪ Coleira seresto: para tutores com menos tempo e condições financeiras – por 5 a 6 meses ► Alergia Alimentar / Dermatite Trofoalérgica ➢ Causado por um ingrediente que está na dieta ▪ Ingrediente esse que tem proteína com peso molecular grande, entre 10.000 e 70.000 daltons ➢ Após a exclusão da DAPP, se investiga a alergia alimentar ➢ Características e Desenvolvimento ▪ Alimentos + comuns de darem alergia: carne bovina, frango, derivados do leite, trigo, milho, ovo, soja, arroz, peixe (+ gatos) ▪ Ocorrência: 1 a 5% de todas as dermatopatias, 5 a 30% das alergopatias, 3° dermatopatia + comum ▪ Regiões + acometidas: face, flexuras, interdígitos, região abdominal, orelha interna ➢ Manifestações Clínicas ▪ Igual a DAPP ▪ Podem apresentar diarreia ou vômito (15 a 20% dos casos) ▪ Podem apresentar angioedema e urticária ➢ Diagnóstico: Dieta de Eliminação ▪ Dieta caseira com proteína inédita (carneiro, coelho, rã entre outros) ▪ Ração comercial especial: hipoalergênica com proteína hidrolisada ▪ A dieta de eliminação deve durar 8 semanas e, após esse tempo, reavaliar • Se não tiver resposta: alergia atópica • Se tiver resposta: dieta provocativa (testar 1 alimento de cada vez e esperar manifestar sintoma para achar o causador da alergia) o 7 a 14 dias para ver a resposta/manifestações ► Dermatite Atópica ➢ Alergia a coisas do ambiente (alérgenos/fatores ambientais) que tem predisposição genética ➢ Patogênese ▪ Fatores genéticos causam defeitos na barreira cutânea e comprometimento imunológico ▪ A barreira cutânea é a camada córnea, que está alterada, com buracos/espaços e acaba entrando patógenos, alergênicos e acaba perdendo água, causando o ressecamento ▪ Na entrada do alérgeno, uma célula fagocitária apresenta para o linfócito T, que se transforma em linfócito T2, e ocorre a produção de interleucinas (4,5,13,31), que vão ocasionar os processos de prurido etc. ➢ Alérgenos ▪ Ácaros de ambiente, pólen, fungo de ambiente ▪ Produtos de limpeza não fazem a resposta imunológica, mas irritam e pioram o quadro ▪ Acometem regiões iguais as da alergia alimentar e pode ter infecções secundárias ➢ Tratamento ▪ Evitar ou minimizar a exposição ao alérgeno; hidratação da pele; controle do prurido e inflamação cutânea ▪ Anti-histamínicos: pouca eficácia ▪ Glicocorticoides: prednisolona 0,5 a 1 mg/kg q24h (espaçar com a melhora)– não vai curar e nem pode usar por muito tempo (usar em casos crônicos e quando o tutor não tem condições) ▪ Ciclosporina 5 mg/kg q24h – é menos efetiva que o corticoide, porém tem bem menos efeitos colaterais, demora de 2 a 4 semanas para fazer efeito, deve ser usado para o resto da vida e é caro ▪ Oclacitinib (apoquel) 0,4 a 0,6 mg/kg q12h por 14 dias e depois q24h – possui efeito em 2h, é usado para o resto da vida e é caro ▪ Cytopoint (lokivetmab) q30 a 60 dias para o resto da vida – anticorpo anti interleucina 31 • Otopatias ➢ O que é a orelha? Todo o conduto auditivo ▪ Termo correto (técnico) para o ouvido ➢ Divisão ▪ Orelha Externa • Pavilhão auricular, meato auditivo, conduto (ramos vertical e horizontal), face externa da membrana timpânica • Mesmo epitélio da pele ▪ Orelha Média • Face interna da membrana timpânica, cavidade timpânica, ossículos (martelo, bigorna, estribo), tuba auditiva • Epitélio secretor de muco ▪ Orelha Interna: vestíbulo, cóclea, canais semicirculares ➢ 80% das dermatopatias refletem na orelha ➢ A orelha externa é autolimpante (migração epitelial) ▪ Eliminação do cerúmen: movimentação circular helicoidal ▪ Introdução de pinça para a limpeza é inadequado ➢ Avaliação do Conduto Auditivo ▪ Otoscopia com otoscópio veterinário (espéculo é maior) ▪ Visualização de todo o conduto auditivo, da até para ver a membrana timpânica ➢ Classificação de otite segundo a anatomia ▪ Otite Externa ▪ Otite Média • Hoje se considera otite média-interna ▪ Otite Interna • Principal causa cão: problemas respiratórios • Principal causa gato: evolução da otite externa (crônico) ► Otite Externa ➢ A mais comum delas ➢ Ocorrência ▪ 7,5% a 16,5% em cães e a maior causa é alérgica (dermatite atópica) ▪ 2% a 6,2% em gatos e a maior causa é a otocaríase (sarna de ouvido – ácaro otodectes cynotis) ➢ Podem ser classificadas segundo a sua etiologia ▪ Otite Ceruminosa ▪ Otite Eczematosa ▪ Secundárias: otite fúngica/bacteriana ou estenosante • Evolução das 2 anteriores ➢ Otite Ceruminosa ▪ Excesso de cerúmen + inflamação secundária (eritema e edema) ▪ Predisposição • Genética: Cocker, labrador, sharpei, persa • Endocrinopatias, distúrbios de queratinização, manejo, corpo estranho, otodectes em gatos, demodex • Pólipo em conduto auditivo também pode ocasionar aumento da produção de cera e a inflamação ➢ Otite Eczematosa ▪ Inflamação exacerbada (eczema – eritema, edema, descamação) + aumento da produção de cerúmen ▪ Principal causa é alérgica, sendo alimentar ou dermatite atópica ▪ Visualização de hiperplasia das glândulas ceruminosas na otoscopia ➢ Otite Bacteriana ▪ Presença de pus ao exame direto ou indireto ▪ Após a infecção do staphylococcus, pode ocorrer infecção por pseudomonas • Infecção começa pela malassezia, depois o staphylococcus e a pseudomonas ➢ Otite Estenosante ▪ Estenose do conduto por inflamação excessiva, podendo fibrosar e indo para a cirurgia (não tem volta) ➢ Ciclo da Otite Externa ▪ Perturbação epitelial > inflamação/aumento da produção de cerúmen > disbiose ▪ Muita inflamação pode levar a estenose do conduto ▪ Disbiose: ambiente propício para a malassezia spp e staphylococcus spp, que pioram o quadro • Otite fúngica > otite bacteriana ➢ Manifestações Clínicas ▪ Eritema, prurido, dor ▪ Meneios Cefálicos ▪ Otorreia (aumento de secreção) ▪ Otohematoma ▪ Crônico: estenose/oclusão, fibrose ➢ Tratamento ▪ Higienizar, remover excesso de cerúmen > desinflamar o conduto auditivo (diminui produção de cera e dor) > tratar infecção > tratar ou controlar a causa de base da otite > controlar recidivas ▪ Higienização • Uso de produtos ceruminolíticos (quebra a cera) - preencher todo o conduto auditivo e massagear e, após o animal chacoalhar, limpar o que sair na parte externa • Quanto + ácido o ceruminolítico melhor = maior poder de quebrar a cera o Muito ácido = irrita + o conduto que já está muito inflamado • Produtos + ácidos = epiotic (virbac), clean up (agener) o Não usar se o conduto estiver muito inflamado • Produtos + neutros = surosolve, dermogen oto ▪ Otocaríase • Fazer parasitológico de cerúmen para identificação do ácaro • Ceruminolítico de 3 a 5 dias • Selamectina ou Moxidectina (mesmo protocolo da escabiose) o 2 aplicações com intervalo de 15 dias o Pode fazer bravecto também, 1 aplicação ▪ Otite Eczematosa • Colher material para citologia • Ceruminolítico de 3 a 5 dias • Antifúngico tópico + anti-inflamatório (corticoide) tópico o Se tiver com estenose importante, associar com um anti- inflamatório sistêmico por 10 a 15 dias o Escolher anti-inflamatório de acordo com o grau da lesão ▪ Otite Bacteriana • Não se faz cultura e antibiograma (tratamento é tópico e não sistêmico – concentração do tópico é muito maior) • Mucolítico: acetilcisteína (fluimucil) por 3 a 5 dias • Anti-inflamatório (corticoide) • Muito pus/cera: lavagem ótica (animal sedado) • Antibiótico para pseudomonas: quinilona tópica o Não se usa antibiótico sistêmico em otite externa ▪ Otite Estenosante • Se tiver calcificado: cirúrgico • Se tiver só um processo inflamatório: anti-inflamatório tópico e sistêmico ou sistêmico + ciclosporina ▪ Produtos Trivalentes (antifúngico, antibiótico, corticoide) • Zelotril, otoguard, otomax etc. • De aplicação diária: 1 a 2x • Por pelo menos 21 até 60 dias dependendo do caso • Novos produtos: posatex e easotic, osurnia, neptra o 1x ao dia – menos aplicações o Posatex por 7 dias e easotic por 5 dias, pausa de 10 dias e repete + 5 ou 7 dias o Osurnia: 2 aplicações com intervalo de 7 dias – ação de 30 dias o Neptra: Dose única – ação de 30 dias (pouco eficiente para pseudomonas) ► Otite Média / Interna ➢ Otite redicivante/crônica normalmente por otite bacteriana ➢ A cronicidade faz com que o processo inflamatório deixe a membrana timpânica + porosa ou podendo até rompê-la ▪ Com o rompimento, pode ocorrer a entrada de patógenos, ocasionando um processo inflamatório e um aumento da produção do muco, devido ao epitélio da cavidade ▪ O aumento da produção de muco + processo inflamatório + proliferação bacteriana = dor, acometimento de nervos (paralisia facial, dismetria) e pode subir para o SNC ➢ Principal causa em gatos: problemas respiratórios ➢ Manifestações Clínicas ▪ Êmese, perda de audição, dismetria ▪ Gatos: síndrome de horner – anisocoria, paralisia facial ▪ Cães: head tilt, paralisia facial ➢ Diagnóstico ▪ Exame de imagem • Radiografia: pouquíssima indicação • RM ou TC ou fibrotoscopia ▪ Cultura e antibiograma: colher material da orelha média/interna ▪ Anestesia e otoscopia: visualização de muco na cavidade timpânica, membrana não vai estar transparente ➢ Tratamento ▪ Miringotomia: fura a membrana timpânica e drena todo o conteúdo • Material vai para cultura e antibiograma • Lavagem da bula e administração de corticoide e antibiótico sistêmico ► Pólipos e Neoplasias ➢ Colesteatoma ▪ Crescimento do epitélio da orelha externa que rompe a membrana timpânica, invadindo a orelha média e destruindo ▪ Uma das principais causas de otite média em braquicefálicos ▪ Tratamento: ablação, antibiótico (quinolona), corticoide (dexametasona, fluocinolona), lavagem (Tris-EDTA ou clorexidine)
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