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Possessivos Apresentação Ao estudar a língua espanhola, é inevitável compará-la com a língua portuguesa. E as diferenças culturais, linguísticas e gramaticais encontradas são capazes de estimular um novo universo e ressignificar aquele que conhecemos plenamente. No entanto, é natural buscar na gramática portuguesa elementos que estabeleçam a mesma relação de sentido. À vista disso, pode-se direcionar o estudo de uma segunda língua a um caminho conflituoso, entre buscar sempre uma relação existente no idioma materno para, então, aplicar, entender e, seguidamente, ensinar determinado idioma. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá esclarecer o uso dos possessivos na língua espanhola, a fim de não inferir que são todos correspondentes ao que já se conhece na língua portuguesa como pronome. Afinal, o conceito pronominal, no espanhol, é insidioso, já que os possessivos abrangem apenas um grupo fechado que pode ser dividido, resumidamente, em duas classes de adjetivos: determinantes, ou modificadores, e qualificativos, ou atualizadores. Assim, você irá caracterizar a função dos possessivos e explicar a presença e a ausência de artigos nas construções possessivas, descrever a sua forma apocopada e reconhecer seu aspecto referencial. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar a função dos possessivos e explicar a ausência de artigos nas construções possessivas. • Descrever a forma apocopada do possessivo.• Reconhecer o aspecto referencial do possessivo.• Infográfico Os possessivos, na língua espanhola, apresentam duas formas: a apocopada e a plena. A apocopada, pelo fato de não existir na nossa língua materna, pode nos causar uma certa estranheza. No Infográfico, você irá ver as peculiaridades dos possessivos apocopados, para que possa visualizar melhor as suas características e não se confundir com o seu uso. Conteúdo do livro O conceito pronominal, na língua espanhola, é insidioso, dado que os possessivos nesse idioma se tratam apenas de um grupo fechado que pode ser dividido, resumidamente, em duas classes de adjetivos: determinantes, ou modificadores, e qualificativos, ou atualizadores. No capítulo Possessivos, da obra Morfologia da língua espanhola, que é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar os possessivos, esclarecendo os possíveis entendimentos errôneos na língua espanhola a partir do que já se conhece na língua portuguesa. MORFOLOGIA DA LÍNGUA ESPANHOLA Roberta Spessato Possessivos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar a função dos possessivos e explicar a ausência de artigos nas construções possessivas. Descrever a forma apocopada do possessivo. Reconhecer o aspecto referencial do possessivo Introdução Ao estudarmos a língua espanhola, é inevitável contrastá-la com a nossa língua materna. Obviamente, a nossa visão gramatical e cultural é acen- tuada, pois as diferenças linguísticas são capazes de estimular um novo universo e ressignificar aquele que conhecemos plenamente. No entanto, ainda que ambas línguas se ressignifiquem, muitas vezes igualmente é natural buscarmos em nossa gramática interna elementos que estabeleçam a mesma relação de sentido entre a nossa língua materna e a língua estudada. Nesse sentido, podemos direcionar o estudo de uma segunda língua a um caminho conflituoso: buscar uma relação existente no nosso idioma, para então aplicar, entender e ensinar determinada língua. Assim, é preciso primeiramente desmistificar e esclarecer um possível entendimento errôneo sobre os possessivos na língua espanhola, uma vez que nem todos os que conhecemos na língua portuguesa serão correspondentes em espanhol. Temos a tendência de acreditar que se trata de um grupo de mesma classe gramatical: os pronomes. Todavia, esse conceito é enganoso na língua espanhola, já que os possessivos pertencem a uma categoria fechada que pode ser dividida, resumida- mente, em duas classes de adjetivos: determinantes ou modificadores e qualificadores ou atualizadores. Neste capítulo, você vai entender a função dos possessivos e explicar a presença e a ausência de artigos nas construções possessivas. Além disso, vai aprender a descrever a sua forma apocopada e reconhecer o seu aspecto referencial. Os possessivos e os seus significados Os possessivos são representados por um grupo de palavras que expressam a ideia de posse ou de pertencimento. Segundo Torrego (2007), eles possuem duas formas: apocopadas (átonas) e plenas (tônicas). A primeira forma sempre estará em posição pré-nominal; já a segunda, em posição pós-nominal. En- quanto as formas apocopadas variam apenas em número, as plenas variam em gênero e número. Veja os seus respectivos exemplos: Formas átonas apocopadas: mi, mis, tu, tus, su e sus. Formas tônicas plenas masculinas: mío, míos, tuyo, tuyos, suyo, suyos, nuestro, nuestros, vuestro, vuestros. Formas tônicas plenas femininas: mía, mías, tuya, tuyas, suya, suyas, nuestra, nuestras, vuestra, vuestras. Para Di Tullio e Malcuori (2012), as formas átonas aparecem apenas na posição pré-nominal, assim como ocorre com os outros determinantes (arti- gos, demonstrativos e indefinidos). As tônicas, por sua vez, estão na posição pós-nominal e podem ser acompanhadas por um artigo inicial ou assumir o papel de atributo ou de predicativo. Veja os exemplos a seguir: (1) El estuche suyo. (artigo inicial) (2) El estuche es suyo. (atributo) (3) Hago míos sus deseos. (predicativo) Contudo, os possessivos de primeira e de segunda pessoa do plural (nues- tro, vuestro e suas variantes), sempre tônicos, são encontrados em ambos os contextos — tanto pré quanto pós-nominais. Observe os exemplos: (4) Nuestra casa está linda. (5) Estos libros son vuestros. Para a Real Academia Española (2011), ao expressar posse em rela- ção a elementos do discurso, esse grupo se caracteriza por assumir papel dêitico, ou seja, aponta seres (ou situações) no espaço, no texto e/ou no contexto. Segundo Llorach (1999), o grupo dos possessivos tem como principal característica apontar os objetos, indicando o seu pertencimento a determinada pessoa. Possessivos2 De acordo com Di Tullio e Malcuori (2012), além de pertencimento e posse, os possessivos também podem ser argumentos num sintagma nominal. Veja as orações a seguir: (6) Está consolidada nuestra participación en el trabajo. (7) Tu salida produjo inquietud. Em relação à classificação morfossintática, apesar da familiaridade existente entre o espanhol e o português, o grupo dos possessivos não é classificado da mesma forma. Esse grupo fechado, no espanhol, pode assumir tanto a classe dos pronomes quanto a classe dos adjetivos. Para Burgos e Regueiro (2010), os possessivos se subdividem em dois grupos: um acompanha o substantivo, o qual pode ser classificado como determinante ou adjetivo; o outro substitui o substantivo, que pode ser classificado como pronome. No entanto, para a Real Academia Española (2011), os possessivos podem ser considerados determinantes ou adjetivos. Por exemplo: (8) Mis notas no son tan buenas como las tuyas. (9) Lo mejor de mi día es encontrarte. Para Burgos e Regueiro (2010), as formas átonas sempre serão adjetivos; já as tônicas, pronomes. No exemplo (8), de acordo com os autores, temos uma forma adjetiva (mis) que acompanha o substantivo notas, e uma forma pronominal (las tuyas) que substitui o substantivo notas. No exemplo (9), temos apenas uma forma adjetiva (mi), a qual acompanha o substantivo día. Em contrapartida, para a Real Academia Española (2011), as formas átonas sempre serão determinantes; já as tônicas, adjetivos. Assim, de acordo com a Real Academia Española (2010), as classes de palavras são caracterizadas por assumirem um papel sintático nas suas unidades. Em outras palavras, quando determinado grupo modifica os substantivos, ele seráclassificado como adjetivo; entretanto, quando substitui os substantivos e executa o seu papel morfossintático, assume o papel de pronome. Além disso, de acordo com a Real Academia Española (2010), os adjetivos possuem duas subclas- ses: os determinantes (demonstrativo, possessivo, indefinido, quantitativo) e os qualificadores. Note que, mesmo que o artigo compartilhe algumas das características com o primeiro grupo, não se inclui nele ele. Conforme o entendimento da Real Academia Española (2010, 2011), quando analisamos os possessivos dos exemplos acima, estamos analisando dois 3Possessivos grupos de adjetivos: determinantes e qualificadores. As formas apocopadas átonas sempre serão classificadas como determinantes; já as formas plenas tônicas, como adjetivos. Para Torrego (2007), os possessivos apocopados sempre serão atualizadores, enquanto os plenos serão modificadores, como qualquer outro adjetivo. Dessa forma, ao analisar os exemplos (8) e (9), você pode perceber que não há nenhuma substituição. Logo, no exemplo (8), temos uma forma deter- minante (mis) que determina o substantivo notas, e uma forma adjetiva (las tuyas) que se refere ao substantivo notas. No exemplo (9), temos apenas uma forma determinante (mi), a qual acompanha o substantivo día. De acordo com Llorach (1999), há três grupos dentro dos possessivos, com características específicas. O primeiro grupo, conhecido como átono ou apocopado, reúne unidades dependentes, que exigem a presença de um substantivo (ou segmento equivalente) o qual precedem. São os possessivos mi, mis, tu, tus, su e sus, como podemos perceber nos seguintes exemplos: mi hermano, tu libro, su madre, mis abuelos, tus preocupaciones e sus tareas. Esse primeiro grupo cumpre exclusivamente a função de adjacente ao subs- tantivo. O que causa uma certa estranheza é que, ainda que o seu significante seja incompatível com a presença de artigo, já que o possessivo cumpre o seu papel, o seu conteúdo inclui o seu valor de “determinância” sobre o substantivo. O segundo e o terceiro grupos são representados pelas formas tônicas plenas. O segundo grupo reúne as unidades mío, mía, míos, mías, tuyo, tuya, tuyos, tuyas, suyo, suya, suyos, suyas, que cumprem a função de atributo de um núcleo verbal e também desempenham o papel de adjacente a determi- nado substantivo. Ele contrapõe os possessivos do primeiro grupo, uma vez que estes, além de serem tônicos e plenos, podem ou não ser acompanhados por um artigo, enquanto no primeiro grupo a presença do artigo é inviável. Observe as orações a seguir: (10) Esa fue idea mía / Esa fue la idea mía (11) Aquel libro es mío / Aquel libro es el mío (12) Esas son propuestas tuyas / Así son las propuestas tuyas (13) Estos informes no parecen suyos / stos informes no parecen los suyos Para Burgos e Regueiro (2010), a presença dos artigos não muda a semân- tica da oração de forma drástica, mas carrega mais ênfase. No entanto, se compararmos as formas apocopadas e as plenas, as plenas são mais enfáticas Possessivos4 do que as átonas; por outro lado, se colocarmos em disputa as formas plenas com a presença dos artigos, as formas com os artigos são mais enfáticas do que as que não os possuem. De acordo com Llorach (1999), a presença e a ausência de um artigo mu- dam o tipo de menção discursiva. De acordo com o autor, se o possessivo for posposto ao substantivo, a ausência do artigo representa uma menção de classificação, enquanto a presença representa uma menção identificadora — portanto, mais enfática. Entretanto, cabe ressaltar que a presença do artigo em la tuya e em los tuyos carrega um significado semântico específico: o primeiro segmento, conforme apresentado no dicionário da Real Academia Española (2007), indica que a ocasião favorável chegou à pessoa a quem o orador está se dirigindo (p. ex: Ahora es, o será, la tuya). Já o segundo segmento representa um grupo de pessoas da família ou um grupo específico de que o receptor faz parte (p. ex: ¿Dónde están los tuyos? ¿No vinieron?). O terceiro grupo também é composto pelas formas tônicas nuestro, nuestra, nuestros, nuestras, vuestro, vuestra, vuestros, vuestras. A esse grupo per- tencem aqueles pronomes que, sem modificações, cumprem as duas funções próprias dos adjetivos: de modificadores e de atualizadores. Como adjacentes ao substantivo, eles têm o valor identificador ou atualizador, assim como os possessivos do primeiro grupo: nuestro amigo, vuestra idea, nuestras casas, vuestros hermanos. Da mesma forma, se o possessivo for posposto ao substantivo, a possibi- lidade de variar entre uma menção de classificação (sem um artigo) e uma menção identificadora (com um artigo) reaparece: (14) No es libro nuestro / No es el libro nuestro (15) Eso serán ideas vuestras / Así serán las ideas vuestras Como você pode perceber, os possessivos — sendo eles átonos ou tônicos — sempre serão classificados como adjetivos. No entanto, caso estejam antecedendo o substantivo, serão adjetivos determinantes ou atu- alizadores; caso o estejam pospondo, serão classificados como adjetivos qualificadores ou modificadores. Além disso, quando pensamos na presença ou ausência dos artigos nas formas átonas, essa passa a ser uma discussão inviável, já que nas formas tônicas eles não serão tão relevantes para o significado como um todo, apenas para o valor enfático que se queira dar àquilo que foi possuído. 5Possessivos Mi versus mí e tu versus tú Ambos vocábulos são muito semelhantes na escrita, mas muito diferentes no seu signifi cado. A tonicidade diferencia não apenas o sentido, mas também as suas classes. As formas átonas dos monossílabos mi e tu correspondem aos possessivos átonos apocopados de primeira e de segunda pessoa — que correspondem em português a meu, minha, teu e tua. Além disso, ambas são classificadas, na língua espanhola, como adjetivos determinantes possessivos: Este es mi novio. (Este é meu namorado.) Esta es mi carpeta. (Esta é minha pasta.) ¿Este es tu novio? (Este é o teu namorado?) ¿Esta es tu carpeta? (Esta é a tua pasta?) Já as formas tônicas mí e tú são pronominais. Enquanto mí corresponde a mim, na língua portuguesa; tú é o pronome pessoal de sujeito. Veja os exemplos: Mi madre hizo esta torta a mí. (Minha mãe fez esta torta para mim.) ¿Tú eres colombiano? (Tu és colombiano?) Apócope: a única forma átona A forma apocopada átona dos possessivos não apresenta gênero, apenas nú- mero. Além disso, ela apenas ocorre nos possessivos de primeira pessoa do singular (mío, mía, míos e mías), nos de segunda pessoa do singular (tuyo, tuya, tuyos, tuyas) e nos de terceira pessoa (suyo, suya, suyos e suyas) — a qual serve tanto para o singular quanto para o plural. As formas plenas de primeira pessoa do singular mía e mío antes de subs- tantivo singular se convertem em mi. Já as de primeira pessoa do plural míos e mías antes de substantivo plural se convertem em mis. As formas plenas de segunda pessoa do singular tuyo e tuya antes de substantivo singular se convertem em tu, enquanto as de segunda pessoa do plural tuyos e tuyas antes de substantivo plural se convertem em tus. As formas de terceira pessoa do singular e do plural (suyo e suya) se convertem antes de substantivo singular em su, e ambas no plural (suyos e suyas) antes de substantivo plural se convertem em sus. Veja os exemplos a seguir: Possessivos6 Mía / mío (antes de substantivo singular) > mi Míos / mías (antes de substantivo singular) > mis Tuyo / tuya (antes de substantivo singular) > tu Tuyos / tuyas (antes de substantivo plural) > tus Suyo / suya (antes de substantivo singular) > su Suyos / suyas (antes de substantivo plural) > sus Em relação à sua classe, os possessivos átonos apocopados, de acordo com Torrego (2007), sempre serão atualizadores do substantivo, enquanto os tônicos serão modificadores. A forma apocopada apenas ocorre antes de substantivos e é obrigatória. Ela não possui gênero (feminino ou masculino), apenasnúmero (singular e plural); além disso, nunca poderá ser acompanhada por artigos. Você pode perceber isso nas orações a seguir: Mi coche es nuevo. *El mi coche es nuevo. *Mío coche es nuevo. Mi amiga salió temprano. *La mi amiga salió temprano. *Mía amiga salió temprano. Como você pode ver, em ambos os casos, o adjetivo possessivo de primeira pessoa não aceita a forma possessiva plena, uma vez que antecede um substantivo e a forma átona apocopada é obrigatória. Além disso, dife- rentemente do português, em que o possessivo pode ou não vir precedido de artigo (ou seja, é possível falar o meu cachorro e meu cachorro), no espanhol é proibido usar artigo nas construções em que o possessivo seja determinante apocopado. Determinantes apocopados e localização obrigatória Para a Real Academia Española (2011), as formas apocopadas são classifi - cadas como adjetivos determinantes defi nidos por muitos aspectos. Vamos analisá-los a seguir. a) Eles não disputam espaço com outro determinante, ou seja, é inviável ter um artigo e um possessivo na mesma construção: Tu material de matemáticas está em la recepción. (Correto) 7Possessivos *El tu material de matemáticas está em la recepción. (Incorreto, pois não há nenhuma possibilidade de haver um artigo e uma forma possessiva átona no mesmo contexto sintático.) *Tu algún material de matemáticas está em la recepción. (Incorreto, pois não há nenhuma possibilidade de haver um determinante indefinido e uma forma possessiva átona no mesmo contexto sintático.) b) As formas átonas podem ser pospostas aos demonstrativos: Este mi libro. c) Os possessivos apocopados não formam orações coordenadas, pois a apócope ocorre com um único possessivo em determinado sintagma nominal: Mi libro y el tuyo están equivocados. *mi y tu libro está equivocado. d) Essas formas podem ser seguidas de numerais, mas nunca antecedidas: Mis tres libros. *Tres mi libros. e) Elas não podem sofrer elipse nominal: Mi libro de lectura y mi libro de estudio. *mi libro de lectura y mi de estudio. Segundo Llorach (1999), assim como outros determinantes, os possessivos átonos também sofrem restrições na sua liberdade de posição em relação a outros adjacentes no grupo de unidades do qual fazem parte. Obrigatoriamente, eles terão de se posicionar em frente ao substantivo que acompanham. Veja as orações a seguir: Mis nuevos amigos ou Mis amigos nuevos (*Nuevos mis amigos) Tu buena idea ou Tu buena idea (*Buena tu idea) Nuestro tercer piso ou Nuestro piso tercero (*tercer nuestro piso) Possessivos8 No entanto, quando em tais construções o possessivo coincide com outro determinante, ele se coloca após o substantivo nos casos de menção não identificativa: Un libro mío. (*Un mi libro) Algunas contribuciones tuyas. (*Algunas tus contribuciones) A relação de posse, segundo a Real Academia Española (2011), pode ter diferentes significados, inclusive admitindo complementos como a preposição de e o verbo tener. Posse no sentido restrito: El libro de María > su libro Pertencimento, inclusão ou atribuição: La cola del caballo > su cola Parentesco ou outras relações socias: Mi madre, nuestros amigos, sus abuelos Relações circunstanciais de proximidade ou de uso: En dos minutos sale mi metro. Escuche su ruido desde aquí. Referência: uma relação dêitica Em relação à sua classifi cação morfossintática, os possessivos estão em cate- gorias diferentes das que os determinam na língua portuguesa. Enquanto na nossa língua materna há um grupo pronominal, na língua espanhola temos um grupo adjetival. No entanto, ainda que os possessivos do espanhol se diferenciem da classe dos possessivos do português, eles compartilham traços pronominais relacionados às pessoas do discurso. Indiscutivelmente, ao refletirmos sobre o conceito de representatividade inerente aos possessivos, é normal afirmar que esses sintagmas indicam posse. Todavia, é importante ressaltar que essa noção deve ser compreendida como 9Possessivos uma relação estabelecida entre o referente mencionado e uma das pessoas gramaticais. Veja os seguintes exemplos: Mi libro Nuestro país O primeiro exemplo refere-se a uma realidade na qual o referente denotado pelo substantivo libro possui uma conexão com a entidade referida pelo determinante possessivo mi de primeira pessoa do singular. Já no segundo exemplo, o referente concebido (país) apresenta uma relação direta com o possessivo nuestro, também de primeira pessoa, porém do plural. Para Llorach (1999), a relação íntima dos possessivos com os pronomes pessoais se dá nos seus próprios significantes. Ademais, além do número de possuidores, o possessivo se flexiona de acordo com o substantivo. Portanto, para o autor, os possessivos não são mais do que unidades derivadas de nomes pessoais e destinadas à função adjetiva. Em outras palavras, mi, mis, mío, mia, míos e mías destinam-se a funcionar como adjetivos do referente, mas fazem referência à primeira pessoa do singular. Além disso, mesmo que concordem com o que é possuído, nunca se referem a ele: Mis padres llegaron ayer. Esse exemplo apresenta o adjetivo determinante possessivo mis, o qual concorda com padres, mas se referem a yo. Em essência, a marca de primeira pessoa influencia o determinante, mas este não é adjetivo daquilo a que ele se refere, e sim daquilo com o que ele concorda. Segundo Di Tullio e Malcuori (2012), essa estreita relação entre posses- sivos e pronomes pessoais é evidente nos traços de pessoa e número que eles compartilham e que caracterizam o possuidor, como você pode ver no Quadro 1. Possessivos10 Possessivo Posição 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa Um único possuidor pré-nominal mi, mis tu, tus su, sus su, sus pós-nominal mío, mía míos, mías tuyo, tuya, tuyos, tuyas suyo, suya, suyos, suyas suyo, suya, suyos, suyas Vários possuidores pré-nominal nuestro, nuestra nuestros, nuestras su, sus vuestro, vuestra, vuestros, vuestras su, sus pós-nominal nuestro, nuestra nuestros, nuestras suyo, suya, suyos, suyas vuestro, vuestra, vuestros, vuestras suyo, suya, suyos, suyas Quadro 1. Relação entre pronomes possessivos e possuidores Os possessivos de terceira pessoa: uma questão relevante Os possessivos de terceira pessoa, além de não distinguirem se o possuidor é único ou múltiplo (em oposição à separação oferecida pelas primeira e segunda pessoas), também são ambíguos em sua referência. Segundo Llorach (1999), enquanto o número de possuidores é diferenciado pelos opostos mío e nuestro, tuyo e vuestro, os possessivos de terceira pessoa su, sus, suyo, suya, suyos, suyas podem se referir a um possuidor único ou a múltiplos — ou ainda a um interlocutor (isto é, a uma segunda pessoa) nos usos do tratamento formal. 11Possessivos De acordo com Di Tullio e Malcuori (2012), é preciso atentar para os pos- sessivos de terceira pessoa, uma vez que pode haver ambiguidade. Segundo as autoras, esses possessivos podem ser utilizados não só em relação às terceiras pessoas do discurso, mas também às segundas — quando nos referimos ao receptor formalmente. Veja os seguintes exemplos: María tiene dos hijos. Sus hijos estudian francés y español. Señor Gómez, ¿estos son sus libros de matemáticas? Como podemos perceber, no primeiro exemplo, o possessivo sus faz refe- rência a María, ou seja, a quem se fala. Já no segundo exemplo, o possessivo sus faz referência ao receptor, ou seja, à segunda pessoa. Contudo, este está na terceira pessoa, pois se trata de uma situação formal, como podemos perceber com o marcador discursivo señor. Para Llorach (1999), a possível ambiguidade referencial é evitada especi- ficando-se um termo adjacente que contenha o substantivo pessoal adequado — e até substituindo o substantivo possessivo: Su estuche. Nesse exemplo, é possível eliminar a ambiguidade da seguinte forma: Caso seja o estojo dele: Su estuche de él ou El estuche de él. Caso seja o estojo dela: Su estuche de ella ou El estuchede ella. Caso seja o estojo deles: Su estuche de ellos ou El estuche de ellos. Caso seja o estojo delas: Su estuche de ellas ou El estuche de ellas. Caso seja o estojo de você (formal): Su estuche de usted ou El estuche de usted. Caso seja o estojo de vocês (formal): Su estuche de ustedes ou El estuche de ustedes. Possessivos12 BURGOS, M. A.; REGUEIRO, M. A. V.– Michaelis: espanhol: gramática prática. São Paulo: Melhoramentos, 2010. DI TULLIO, Á; MALCUORI, M. Gramática del español para maestros y profesores del Uruguay. Montevideo: ANEP, 2012. LLORACH, E. A. Gramatica de la lengua española. Madrid: Real Academia Española, 1999. (Coleccion Nebrija y Bello). REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario esencial de la lengua española. Madrid: Planeta, 2007. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: Espasa, 2010. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática básica de la lengua española. Madrid: Espasa Libros, 2011. TORREGO, L. G. Gramática didáctica del español. [S.l.]: Sm, 2007. 13Possessivos Conteúdo: Dica do professor O gramático Torrego (2007), ao abordar os possessivos, acrescenta o possessivo relativo cuyo e suas variantes, pois é instrínseco ao seu valor semântico a posse. Assim, na Dica do Professor, você compreenderá a relação existente entre os possessivos apocopados e o cuyo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1167d98a2ebd082808824738f1f453a7 Exercícios 1) Os possessivos são representados por um grupo de palavras que expressam a ideia de posse ou de pertencimento. E, além disso, apresentam duas formas: apocopadas (átonas) e plenas (tônicas). A primeira forma sempre estará em posição pré-nominal, enquanto a segunda estará em pós-nominal. Em relação ao seu emprego, complete corretamente a oração a seguir com os possessivos necessários. “.............. familia no es igual a la .......... ni a la de nadie.” A) Mía – tuya. B) Mí – tuya. C) Mía – tu. D) Mi – tuya. E) Mi – tu . 2) Em qual alternativa a seguir há a ocorrência do determinante possessivo empregado corretamente? A) Las películas de Almadóvar son mís preferidas. B) Mí tío trabaja en este taller. C) Argentina es mí país favorito en América Latina. D) Mía vida no interesa a los demás. E) Sus materiales están guardados con mucho aprecio. 3) Complete as lacunas com os possessivos corretos: "Cada uno cumple ____ obligaciones: tú planchas _____ ropas, yo ______". A) Suyas - tu - la mía. B) Las suyas - tuyas – mis. C) Sus - sus - las mías. D) Suyas - sus - la mía. E) Sus - tus – las mías. 4) No seguinte trecho “Mi hermana es casada y tiene dos hijos. Ellos viven con su ex novio, no con ella. Sus hijos hablan italiano y estudian francés. Siempre que van de vacaciones viajan a otro país. A su actual marido no le gusta mucho estudiar lenguas, pero le encanta viajar. O sea, es obligado a frecuentar las clases junto a sus hijastros”, o último possessivo destacado se refere a: A) Mi hermana. B) Dos hijos. C) Ex novio. D) Actual marido. E) Hijastros. 5) A classe gramatical de “mis” na oração “mis abuelos son alemanes y mis padres brasileños”, corresponde a um: A) substantivo. B) adjetivo. C) pronome. D) advérbio. E) verbo. Na prática Quando se fala de adjetivos possessivos apocopados em sala de aula, os estudantes normalmente os confundem com os pronomes. A diferença ortográfica entre ambos é a presença e a ausência do acento. Neste Na Prática, veja como a professora Juliana explicou essa questão aos seus alunos. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Las nuevas clases gramaticales de palabras según la propuesta de la Nueva gramática de la lengua española O artigo traz uma análise das classes gramaticais (incluindo o grupo dos possessivos) pela Real Academia Espanhola. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. "Eso era mi meta de mí": el doble posesivo en dos variedades de español amazónico O artigo aborda aspectos peculiares em relação ao uso dos possessivos no espanhol peruano. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Los posesivos - Possessive Pronouns in Spanish Assista a uma aula para auxiliar na memorização e no aprendizado dos possessivos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-93032014000100014 http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0254-92392018000100008 https://www.youtube.com/embed/ZcyT21blKo0
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