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1 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 OBJETIVOS 1. ANALISAR a asma, considerando os principais agentes etiológicos, fatores de risco, fisiopatologia, tipos e formas de apresentação clínica e semiológica. 2. ANALISAR os dados fornecidos pela espirometria. 3. EXPLICAR como é feito o diagnóstico de asma no adulto e na criança. 4. ANALISAR como os medicamentos utilizados no tratamento de crise e de manutenção da asma contribuem para a melhora clínica e quais as possíveis complicações relacionadas ao uso dessas substâncias. 5. COMPREENDER o impacto da asma na vida dos indivíduos e o prognóstico dessa patologia. REFERÊNCIAS MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclides. Clínica Médica, Volume 2: Doenças Cardiovasculares, Doenças Respiratórias, Emergências e Terapia Intensiva. Barueri, SP: Manole, 2016. PIZZICHINI, Marcia Margaret Menezes; et.al. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2020. J Bras Pneumol. v. 46, n.1,2020. CARVALHO-PINTO, Regina Maria; et.al. Recomendações para o manejo da asma grave da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2021. J Bras Pneumol. v.47, n. 6, 2021. GRESP/APMGF. Atualizações GINA 2021. DEFINIÇÃO A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores caracterizada pela hiperreatividade brônquica (HRB) a variados estímulos com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de caráter recorrente e tipicamente reversível. É caracterizada por períodos de crises onde há manifestação dos sintomas, seguidos por períodos de remissão, onde o paciente apresenta-se de forma assintomática, Por tratar-se de uma doença perene e com recorrência dos sintomas que até o momento não há cura, indica a necessidade de um tratamento de manutenção. EPIDEMIOLOGIA Asma é uma das doenças mais comuns em países desenvolvidos e tem uma prevalência mundial de 7-10%. No Brasil, estima-se uma prevalência de 4,5 a 8,5%, com cerca de 20 milhões de asmáticos no país. No ano de 2017 foram registradas mais de 92.000 internações hospitalares por asma no DATASUS. O número de mortes pela doença em 2017 foi de 2.081 mortes, um número elevado para uma causa de morte evitável. FATORES PRECIPITANTES MÁ ADESÃO AO TRATAMENTO: principal causa de falta de controle da asma e é a decorrente de fatores voluntários (medos e mitos sobre o tratamento) e de fatores involuntários (falta de acesso ao tratamento ou dificuldade no uso do dispositivo). USO DE OUTRAS DROGAS: Aspirina e anti- inflamatórios não esteroidais podem causar exacerbação grave da asma em indivíduos sensibilizados, assim como β-bloqueadores por via oral ou formulações oftálmicas podem causar broncoespasmo. TABAGISMO: aumenta a gravidade da asma, piora o controle da doença, acelera a perda da função pulmonar e diminui a responsividade ao corticoide inalatório (CI). EXPOSIÇÃO AMBIENTAL: exposição a poeiras e poluição, ácaros, pelo de animais são fatores importantes associados à dificuldade de controle da asma Asma Problema 05 2 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL: alergias a látex, agentes de baixo peso molecular e material de limpeza são fatores importantes associados à dificuldade de controle da asma. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS: infecções virais são responsáveis por cerca de 80% das exacerbações, e rinovírus, vírus influenza e vírus sincicial respiratório são os agentes mais frequentes. COMORBIDADES: refluxo gastroesofágico, obesidade, disfunção de cordas vocais, rinossinusite crônica, polipose nasal, ansiedade, depressão, apneia do sono, DPOC, aspergilose broncopulmonar alérgica, bronquiectasias frequentemente são associadas a piores desfechos. ETIOPATOGENIA SENSIBILIZAÇÃO A principal característica fisiopatogênica da asma é a inflamação. A mucosa brônquica inflamada torna-se hiperreativa a vários estímulos inespecíficos. Dentre esses estímulos, mais de 90% das crianças e em cerca de 60% dos adultos a asma é alérgica, com resposta mediada por imunoglobulina E (IgE). Os alérgenos inalados são capturados pelas células dendríticas presentes no epitélio brônquico que reconhecem, processam e apresentam os fragmentos alergênicos aos linfócitos T auxiliares. Esses linfócitos, por sua vez, vão produzir citocinas, sobretudo interleucinas (IL-4, IL-5 e IL-13), caracterizando uma resposta predominantemente humoral (Th2). As citocinas produzidas pelos linfócitos T, sobretudo a IL-4, é fundamental para a maturação de linfócitos naïve para linfócitos Th2 e para a estimulação da produção de IgE pelos linfócitos B. FASE IMEDIATA: ocorre minutos após a exposição ao antígeno. No momento em que ocorre uma nova exposição ao antígeno, este irá se ligar à IgE, que se liga a receptores de alta afinidade existentes nos basófilos e mastócitos, promovendo sua desgranulação com liberação de diversos mediadores pró-inflamatórios. Esses mediadores induzem broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular, produção de muco (IL-5 e IL-9) e recrutamento, maturação, ativação dos eosinófilos (IL-5), os quais secretam diversas citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, provocando obstrução das vias aéreas. FASE TARDIA: ocorre horas após a exposição ao antígeno Esta fase, tem início com a chegada dos leucócitos que foram recrutados (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos), ocorrendo liberação de mediadores. Dentre esses mediadores, destaca-se a IL-13, que promove fibrose e remodelamento da musculatura lisa e, em conjunto com a IL-4, regula a produção de IgE e induz a hiperplasia das células caliciformes com aumento da produção de muco, contribuindo para as alterações irreversíveis da função pulmonar observada em alguns pacientes. QUADRO CLINICO 3 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Os sintomas ocorrem com mais frequência a noite ou pela manhã ao despertar (ciclo circadiano: redução do cortisol, adrenalina e aumento da liberação de histamina), recorre sazonalmente e pode ser desencadeada em resposta a exposições específicas (ar frio, exercícios, exposição a alérgenos ou choro) são características da doença. SINTOMAS Dispneia Opressão torácica retroesternal Sibilos Tosse ACHADOS CLÍNICOS Sibilância/roncos na ausculta Uso da musculatura acessória DIAGNÓSTICO O diagnóstico da asma é principalmente clínico e geralmente confirmado pela espirometria, que avalia a presença de obstrução ao fluxo aéreo. ESPIROMETRIA São indicativos de asma: • Redução volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) < 80% do previsto (o tanto que o paciente consegue soltar o ar no primeiro segundo) • Relação à capacidade vital forçada (CFV): <75% em adultos e <86% em crianças. (volume total expirado) A presença de obstrução ao fluxo aéreo e a sua reversibilidade após uso de bloncodilatador é compatível com asma. • Aumento do VEF1 em ≥ 12% e ≥ 200mL em relação ao valor basal ou ≥ 7% e ≥ 200 mL sobre o valor de referência. • Aumento de CVF ≥ 350 mL Obs: A ausência de variação de resposta ao broncodilatador na espirometria não exclui o diagnóstico, especialmente no asmático grave, o qual pode apresentar remodelamento das vias aéreas, maior obstrução ao fluxo aéreo e menor VEF1. EXAMES COMPLEMENTARES AVALIAÇÃO DA ETIOLOGIA ALÉRGICA IgE: fenótipo alérgico é confirmado por história clínica associada a teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (teste cutâneo por puntura) positivo e/ou IgE sérica específica positiva para pelo menos um aeroalérgeno alérgica. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: a asma porsi só não promove alterações radiológicas importantes e no período entre as crises o exame é geralmente normal, podendo logo de início excluir uma série de doenças com sintomas semelhantes à asma. Durante exacerbações e nos quadros mais graves pode eventualmente apresentar os sinais clássicos de hiperinsuflação pulmonar. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICA EDUCAÇÃO DA DOENÇA: explicar o que é a asma, os fatores desencadeantes e as fases do tratamento (manutenção e alívio) e ensinar a utilizar o dispositivo inalatório corretamente. CONTROLE AMBIENTAL: Evitar contanto com fatores desencadeantes (uso de capa antiácaro para colchões e travesseiros) CESSAÇÃO DO TABAGISMO: reduz a recorrência das crises e agravamento da doença. ATIVIDADE FÍSICA: ajuda na perda de peso e a redução da inflamação sistêmica e de vias aéreas, além de contribuir para melhora da ansiedade/depressão. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO A base do tratamento medicamentoso da asma é constituída por: COSTICOIDE INALATÓRIO + BRONCODILATADOR 4 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 O tratamento é consiste em 2 etapas: tratamento de manutenção que serve para prevenir o aparecimento dos sintomas e evitar as crises, e no tratamento de alívio e ou resgaste que serve para aliviar os sintomas durante as crises de asma ▪ β2-agonista de curta duração (SABA): Salbutamol, Albuterol ▪ β2 -agonista de longa duração (LABA): Formoterol e salmeterol FORMOTEROL: tem um rápido início de ação (1 a 3 minutos, mais rápido que o salmeterol) e sua ação se mantém por 12 horas. Não é recomendado seu uso em criança com menos de 6 anos. Na criança quando o corticoide inalatório não for capaz de reverter o quadro e é necessário usar um beta agonista se usa um SABA (Salmeterol) GINA 2021: Paciente em uso de formoterol + corticoide inalatório e tem uma crise,: utiliza um β2 -agonista de longa duração (Formoterol) mais vezes ao dia ao invés de utilizar um β2-agonista de curta duração (SABA). Paciente em uso de Salmeterol + corticoide, na crise se usa SABA -Salbutamol/Albuterol (Aerolin®). EFEITOS ADVERSOS DO CI: Efeitos adversos locais: irritação da garganta, disfonia e candidíase. Obs: O risco de efeitos adversos diminui com o emprego de inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e com higiene oral após a inalação de cada dose do CI. Efeitos adversos sistêmicos (uso de CI por tempo prolongado): redução da densidade mineral óssea, infecções respiratórias (incluindo tuberculose), catarata, glaucoma e supressão do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Após a obtenção e manutenção do controle da asma por um tempo prolongado (não inferior a 3 meses), a dose do CI pode ser reduzida para uma dose mínima, objetivando utilizar a menor dose para manter o controle da asma. AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO Atualmente, além do questionário de controle da asma da Global Initiative for Asthma (GINA), dispomos de outras ferramentas para a monitoração da asma, já adaptadas culturalmente para uso no Brasil, incluindo o Questionário de Controle da Asma e o Teste de Controle da Asma. A avaliação do controle, em geral, é feita em relação às últimas 4 semanas. 5 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 INSTRUMENTO/ITENS ASMA CONTROLADA ASMA PARCIALMENTE CONTROLADA ASMA NÃO CONTROLADA GINA Sintomas diurnos > 2x por semana Nenhum item 1-2 itens 3-4 itens Despertares noturnos por asma Medicação de resgate > 2x por semana Limitação das atividades por asma ACQ-7 Número de despertares noturnos/noite ≤ 0,75 0,75 a < 1,5 > 1,5 Intensidade dos sintomas Limitação das atividades por asma Intensidade da dispneia Sibilância (quanto tempo) Medicação de resgate VEF1 pré- broncodilatador ACT Limitação das atividades por asma ≥ 20 15-19 ≤ 15 Dispneia Despertares noturnos por asma Medicação de resgate Autoavaliação do controle da asma
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