Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Objetivos OBJETIVO 1: Revisar as mudancas morfofisiologicas que ocorrem durante a gravidez OBJETIVO 2: Compreender o diagnóstico e prevencão da gravidez OBJETIVO 3: Analisar os impactos relacionados a gravidez na adolescencia 1. O ovócito: O ovócito entra na tuba uterina por meio da expulsao da corona radiata do ovario para a abertura da tuba uterina O epitelio de revestimento ciliado das tubas cria uma fraca corrente que leva o ovócito para a tuba uterina 2. Fertilização na Tuba uterina: Na tuba uterina ocorre a fertilizacao (10 minutos após a ejaculacao os espermatozoides chegam ate a ampolas das tubas uterinas auxiliados pelas contracoes do utero Antes da fertilizacao a corona radiata é removida pela acao dos espermatozoides (acrossoma – localizado na cabeça do espermatozoide, promove liberacao das enzimas proteolíticas, que promovem ligacao do espermatozoide a zona pelucida) Os 23 cromossomos não pareados do espermatozoide rapidamente formam o pró-núcleo masculino e então se alinham com os 23 cromossomos não pareados do pró-núcleo feminino para formar os 23 pares de cromossomos do oócito fertilizado ou zigoto. 3. Transporte do Zigoto pela Tuba Uterina: O zigoto é transportado nas tubas uterinas de 3-5 dias, alcancando a cavidade uterina, durante esse tempo a sobrevivencia do organismo depende das secreções do epitelio da tuba As primeiras divisoes celulares ocorrem na tuba, assim, quando o zigoto passa ao utero é denominado de blastocisto. A entrada final no útero não ocorre até que o músculo liso no istmo relaxe sob influência dos crescentes níveis de progesterona proveniente do corpo lúteo. 4. O blastocisto se implanta no endométrio O blastocisto permanece no utero por ate 3 dias, aproximadamente no 7º dia pos ovulacao, as celulas trofoblásticas da superficie do bastocisto secretam enzimas proteolíticas que digerem e liquefazem o endometrio adjacente. Em alguns dis o blastocisto invade o endometro e se liga firmemente a ele SISTEMA CARDIOCIRCULATORIO: Tamanho e posicao do coração: o coracao aumenta devido a hipertrofia do musculo cardiaco e aumento de volume nas camaras. Nos ultimos estagios da gestacao o crescimento uterino desloca o miocardio para cima rotacionando-o lateralmente Frequencia cardiaca: há um aumento dese as primeiras semanas que atinge pico maximo entre 28 e 36 semanas Débito Cardiaco: aumento de 30-40% entre 28 e 36 semanas, quando se estabiliza ate o parto. Durante o trabalho de parto ocorre aumento de cerca de 30% durante a fase ativa e 45% durante a fase expulsiva quando comparado aos valores iniciais. Essa elevacao de DC deve-se a um aumento da frequencia cardiaca concomitantemente com volume sistolico. Cada Morfofisiologia da Gravidez contracao eleva o debito em torno de 1-25%. O maior aumento ocorre após o nascimento quando pode atingir ate 80% dos valores iniciais. Este aumento está relacionado com o mecanismo de autotransfusão, aumento do retorno venoso pela descompressão da cava e involução do corpo uterino. A partir desta fase, o débito cardíaco diminui gradativamente voltando aos valores normais, em aproximadamente duas semanas importante evidencias que a simples adoção da porção supina induz a hipotensão em aproximadamente 15% das gestantes Resistencia vascular periferica total: reduzida em ate 30% a partir da 8ª até 12ª semana, mantendo-se nesses niveis ate o termo. Pressao arterial: altera-se muito pouco durante a gravidez. A sistolica usualmente diminui ate a metade da gravidez e se eleva novamente depois atinigndo niveis pré-gravidez. A diastolica mostra-se bem diminuida no inicio e com o tempo retorna aos niveis normais Pressao venosa: normal, come xcessao das porcoes inferirores do corpo, onde tende a se elevar a partir do 2º trimestre pela acao do volume uterino nas veias cava e pelvica inferior SISTEMA RESPIRATÓRIO: As modificações respiratórias ocorrem principalmente pela alta porcentagem de progesterona no sangue e aumento do volume uterino, com função de atender as necessidades do binômio materno-fetal Vias aéreas superiores: ingurgitamento capilar venoso causando modificações na voz e dificultando a respiração, principalmente próximo ao termo; se intensifica em cardiopatas. Manobras como laringoscopia, intubação e colocação de cateter e cânulas devem ser feitos com o máximo de cuidado para evitar traumatismos e sangramentos Caixa torácica: o crescimento uterino a partir do último trimestre, leva a diminuição do diâmetro vertical da caixa torácica em até 4cm. isto é contrabalançado com o aumento de 2 cm no diâmetro anteroposterior e transverso. Consequentemente ocorre um aumento de 5 a 7 cm da circunferência da caixa torácica. Volume e capacidade pulmonar: até o 5º mês não se observa modificações, após, tem-se: • Diminuição gradativa do volume de reserva expiratório (VRE), volume residual (VR) e capacidade residual funcional (CRF) • A termo, estão diminuídos VRE (100-150ml) e VR (200ml) e a capacidade residual funcional (CRF) se encontra 20% mais baixa que em uma não gravida • A capacidade inspiratória aumenta em 5% e o volume permanece inalterado • Capacidade pulmonar esta diminuída • Acentuado aumento do volume minuto inspiratório que ao termo atinge valores de até 50% • Aumento da ventilação alveolar e consequentemente diminuição de PaCO²; pH se mantem igual As alterações se acentuam em decúbito, casos de obesidade e patologias de válvula mitral MODIFICACOES HEMATOLOGICAS: A partir da 8ª semana, tem-se aumento do volume sanguíneo materno Ao termo o volume sanguíneo eterno aumenta aproximadamente 1.500ml (35-40% dos valores iniciais) Aumento do volume plasmático e hemácias Produz-se a anemia fisiológica da gravidez que pode ser evitada por meio de sulfato ferroso A grávida a termo está em estado de hipercoagulação pelo aumento dos fatores VII, VIII, X e fibrinogênio Plaquetas apresentam pequena queda no fim da gestação, mas mantem sua adesividade As perdas sanguíneas, por ocasião do parto vaginal, raramente são excessivas o que pode ser explicado pela rápida contração do miométrio após a dequitação e ao estado de hipercoagulação materna. Em um parto vaginal normalmente ocorre uma perda sanguínea média de 400 - 600 ml, enquanto nos partos gemelares ou nas cesarianas estas perdas são em média de 1.000 ml MODIFICACOES GASTROINTESTINAIS: Deslocamento cefálico do estômago pelo amento do volume uterino, que resulta em modificação da junção gastresofágica podendo resultar em refluxo pelo prejuízo do EEI Diminuição da função da cárdia, acompanhada de aumento do suco gástrico propiciando refluxo gastresofágico (pirose e esofagite) Hernia hiatal pode estar presente em ate 27% das gestantes A ação da progesterona e o aumento uterino deslocam o piloro para cima e para trás, aumentando o tempo de esvaziamento gástrico e tornando-o mais lento A pressão intragástrica esta aumentada durante a ultima semana O volume do suco gástrico pode estar aumentado e com pH<2,5 Como a pressão do esfíncter esofágico inferior está diminuída e a pressão intragástrica está muito elevada, a possibilidade de regurgitação é muito grande, principalmente quando o decúbito dorsal for adotado Pelos motivos expostos, toda grávida deve ser considerada como portadora de estômago cheio e o anestesiologista deve ter sempre em mente a grande possibilidade de ocorrência de regurgitação e vômitos mesmo ante uma simples sedação MODIFICACOES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: a administração por via raquidiana ou epidural de um anestésico local deve ser menor que aquela habitualmente utilizada para obter-se o mesmo nível de bloqueio sensitivo na não grávida. Fagraeus observou que logo nas primeiras semanas de gravidez havia um aumento na dispersão do anestésico local, semelhante ao que ocorre no finalda gestação e nesta fase o útero ainda não está suficientemente aumentado para determinar as alterações já descritas Estes dois estudos indicam que durante a gestação as fibras nervosas ou apresentam um aumento de sensibilidade aos anestésicos locais ou há uma melhor difusão do anestésico local através da membrana Observações clínicas têm demonstrado que as necessidades de agentes inalatórios estão em geral diminuídas 40% quando comparadas com as não gestantes. Acredita-se que o efeito sedativo produzido pelos altos níveis plasmáticos de progesterona possa explicar estas observações MODIFICACOES RENAIS: Fluxo renal e filtração glomerular aumentam rapidamente durante o 1º TRI, atingindo valores de ate 50% no 4º mês. Clearence de creatinina (usado para avaliar a velocidade e a eficiência da filtração renal) está aumentado, portanto, o limite superior dos valores normais sanguíneos de ureia e creatinina estão mais baixos na gravida Nos últimos meses, tem-se dilatação dos cálices renais, pelve e ureteres pela ação da progesterona O crescimento uterino contribui para estase urinaria que pode levar a ITU na gravidez MODIFICACOES HEPATICAS: Redução da atividade da colinesterase em 24% antes d parto e 33% nos primeiros dias pós-parto. Elevação de transaminases e colesterol em 80% das gestantes Níveis plasmáticos de bilirrubinas e fluxo sanguíneo hepático permanecem inalterados Diminuição das tacas de proteínas total e da relação albumina/globulina MODIFICACOES NA PELE E SUAS ESTRUTURAS: Hiperpigmentação: presente na maioria das gravidezes, possibilidade de estrogênio e progesterona causarem estimulação melanocitica. Melasma: exposição ao sol, predisposição genéticas, fototipo de pele, fatores hormonais Aranhas vasculares: do 2º ao 5º mês são mais comuns e regridem pós parto Varizes: em MMII, anorretais e vulvares; ocorrem pelo aumento do volume sanguíneo e aumento da pressão venosa; geralmente regridem no pós-parto Estrias Gravídicas: patogênese multifatorial, resulta de aumento da tensa da pele, alterações na estrutura ou função da pele e fatores hormonais Cabelo: diminuição do crescimento pelos efeitos hormonais Unhas: crescem mais rápido, mas podem apresentar sulcos, queratose e onicolise (separação indolor da unha do leito ungueal); podem ficar quebradiças Gonadotropina Coriônica Humana (hCG): É produzido pelas células trofoblásticas entre 8-9 dias após fertilização Chega ao sangue materno e se liga aos receptores de LH (hormônio luteinizante); mantem a função do corpo lúteo evitando a descamação do endométrio e estimulando a produção de progesterona e estrogênio permitindo a sustentação do desenvolvimento inicial do embrião Estrogênio e progesterona: Secretados pelas células sinciciais trofoblásticas No final da gestação o estrogênio tem sua taxa aumentada 30x em relação a taxa normal Altas concentrações de estrogênio causam: • Aumento do útero • Aumento das mamas • Aumento da genitália externa A progesterona tem como função: • Promoção do armazenamento de nutrientes nas células do endométrio • Redução da contratilidade do musculo liso uterino prevenindo promoção s • Promoção da secreção de líquidos ricos em nutrientes pelo epitélio das tubas uterinas que sustentam o zigoto antes da promoção • Promoção do desenvolvimento dos alvéolos das mamas Somatotropina Coriônica Humana É um terceiro hormônio placentário Secretado durante a 5º semana de gestação Função permanece desconhecida Ele reduz a sensibilidade a insulina e diminui a utilização de glicose (pode resultar em diabetes gestacional) Promove liberação de ácidos graxos dos estoques de gordura Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados de várias maneiras. Reconhecem-se dois grupos principais: I - Reversíveis. II - Definitivos. OS MÉTODOS REVERSÍVEIS SÃO: 1 - Comportamentais. 2 - De barreira. 3 - Dispositivos intrauterinos. 4 - Hormonais. 5 - De emergência. OS MÉTODOS DEFINITIVOS SÃO OS CIRÚRGICOS: 1 - Esterilização cirúrgica feminina. 2 - Esterilização cirúrgica masculina Comportamentais: São métodos que exigem disciplina e planejamento, pois depende do reconhecimento do período fértil da mulher para obter ou evitar a gravidez. Também são conhecidos como métodos de abstinência periódica ou métodos naturais. Vantagens: estes métodos podem ser eficazes quando usado de forma correta e consistente; são mais simples e de baixo custo. Desvantagens: não protegem contra as IST/HIV/AIDS; são pouco eficazes no uso rotineiro ou habitual, apresentando uma taxa de gravidez de 20 em 100 mulheres no primeiro ano de uso; não estão indicados para mulheres cuja gravidez constitui risco de vida São eles: Muco cervical: auto-observação para identificar o período fértil através das mudanças do muco cervical e da sensação de umidade na vagina ao longo do ciclo menstrual Tabelinha: Para realização deste método, a mulher deve marcar em um calendário o primeiro dia de cada menstruação, durante seis meses, para verificar a duração (número de dias) de cada ciclo menstrual Coito interrompido: Neste método o homem retira o pênis da vagina um pouco antes da ejaculação e o sêmen é depositado longe dos genitais femininos. A possibilidade de falha é muito grande, pois o líquido que sai pouco antes da ejaculação já pode conter espermatozoides. Por isso, não é recomendado como único método anticoncepcional. Apenas em situações em que não há outro método contraceptivo disponível e não é possível evitar a relação sexual Temperatura ou curva térmica basal: Este método se baseia nas alterações da temperatura basal (temperatura do corpo em repouso) que ocorrem na mulher ao longo do ciclo menstrual. A temperatura basal corporal, antes da ovulação, permanece num determinado nível baixo; após a ovulação, se eleva ligeiramente e permanece nesse novo nível até a próxima menstruação. Ao mensurar diariamente a temperatura basal, é possível determinar a fase infértil pós- ovulatória Barreira: Preservativos Vantagens: não faz mal à saúde; oferece grande segurança quando usado corretamente. Desvantagens: muitas pessoas se queixam de que o método interfere na relação sexual, mas a camisinha pode ser usada como um meio de aproximar e estimular a intimidade entre os parceiros Emergência: Conhecido como “pílula do dia seguinte”. Este método deve ser usado somente em situações emergenciais, para evitar uma gravidez indesejada após relação sexual desprotegida, e não de forma regular para substituir outro método anticoncepcional. Também está indicado para os casos em que ocorreu falha na utilização de algum método anticoncepcional, como: ruptura do preservativo, esquecimento de pílulas ou injetáveis, deslocamento do DIU ou do diafragma. A pílula apresenta compostos hormonais concentrados e é utilizada por alguns dias após a relação sexual. Está disponível na Atenção Básica. A sua eficácia está relacionada entre o tempo em que ocorreu a relação sexual e a sua administração. Hormonais: Os anticoncepcionais hormonais combinados (AHCs) podem ser administrados por várias vias, sendo o contraceptivo oral combinado (COC) o mais conhecido deles e o mais utilizado no Brasil e em quase todo o mundo. Os CHCs produzem múltiplas ações contraceptivas. A mais importante é a inibição da ovulação por supressão dos fatores liberadores de gonadotrofina hipotalâmica, o que impede a secreção hipofisária do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). O componente estrogênico age inibindo o pico FSH e, com isso, evita a seleção e o crescimento do folículo dominante. Além disso, ele age para estabilizar o endométrio e potencializar a ação do componente progestagênio, por meio do aumento dos receptores de progesterona intracelulares. Os progestogênios inibem a ovulação suprimindoo pico pré-ovulatório do LH, evitando assim a ovulação, além de produzirem espessamento do muco cervical para retardar a passagem dos espermatozoides, exercerem efeito antiproliferativo no endométrio, tornando-o desfavorável à implantação, e alterarem a secreção e a peristalse das tubas uterinas. Podem ser classificados de acordo com sua forma de administração: Injetável: usado mensalmente Anel vaginal contraceptivo: libera esteroides quando em contato com a vagina. O uso preconizado é que após a inserção seja mantido por três semanas e, então, removido por uma semana, e um novo anel deve ser recolocado. Adesivo transdérmico: patch aplicado uma vez por semana Via Oral: pode ser de 21 dias ou 28 dias Implante contraceptivo subdérmico: uma capsula que libera diariamente hormônios; ata impedindo a liberação do óvulos, alterando a espessura do muco e dificulta passagem de espermatozoides Dispositivos Intrauterinos (DIU): Os DIUs podem ser classificados em três grupos principais: • não medicados (DIU de Cobre) • hormonais contendo levonorgestrel (Mirena e Kyleena) Não Hormonal/Cobre: Os dispositivos intrauterinos têm múltiplos mecanismos de ação, o principal é a prevenção da fertilização. O DIU não medicado depende de uma reação de corpo estranho para sua ação contraceptiva, trata-se de reação inflamatória estéril que produz lesão tecidual mínima, porém suficiente para ser espermicida. O DIU de cobre consiste em um fio de prata corado com cobre. A presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical. O DIU de cobre é associado à resposta inflamatória aumentada com acréscimo de citocinas citotóxicas. Também tem efeito na motilidade dos espermatozoides. Hormonal: A ação é principalmente na cavidade uterina. Acredita-se que o principal mecanismo de ação do dispositivo intrauterino é a transformação do ambiente uterino em um ambiente hostil aos espermatozoides, evitando a sua chegada até as trompas ou tendo efeito espermicida Cirúrgicos: Ligadura das trompas A ligadura das trompas (laqueadura ou ligadura tubária) consiste em uma obstrução mecânica desta para impedir que os espermatozoides migrem ao encontro do óvulo, impedindo a fertilização. Vantagens: é um método muito eficaz e permanente. Desvantagens: não protege contra as IST/HIV/AIDS; é um procedimento definitivo e nem todos tem acesso a cirurgia de reversão, além disso, nem todos poderem realizá-la, e nem sempre alcança sucesso. Vasectomia A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples, seguro e rápido. Consiste na ligadura dos canais deferentes, que leva a interrupção do fluxo de espermatozoides em direção à próstata e vesículas seminais para constituição do líquido seminal. Este procedimento não altera a vida sexual do homem. Apesar do esperma ejaculado não conter mais espermatozoide, a quantidade e o aspecto do esperma não se alteram. Vantagens: é um método muito eficaz, permanente, mais simples e de baixo custo. Desvantagens: não protege contra as IST/HIV/AIDS; é definitivo, nem todos tem acesso a cirurgia de reversão, e nem todos podem realizá-la. A adolescência, compreendida entre 10 e 19 anos de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma fase de constantes mudanças e adaptações. Nas últimas duas décadas, a gravidez na adolescência se tornou um importante tema de debate e alvo de políticas públicas em todo o mundo. No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos. Segundo a coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente, Vanessa Vieira, a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública. “Os riscos à saúde da mãe e bebê são muitos, como prematuridade, anemia, aborto espontâneo, eclâmpsia, depressão pós-parto, entre outros”, completa. Em Santa Catarina, no ano de 2018, houve 10.632 nascimentos de crianças filhas de mães com idade entre 15 e 19 anos, o que corresponde à taxa de 43,9 nascimentos para cada mil adolescentes nesta faixa etária, sendo inferior a taxa mundial, com 46 nascimentos. De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), há uma diminuição de partos de mães adolescentes de 2014 (15%) para 2018 (11%) em Santa Catarina. “Esse fato ainda requer atenção do setor de saúde, pois são essenciais as ações de combate a gravidez na adolescência de forma preventiva e educativa para baixarmos ainda mais esses índices”, explica Carmen Lucia Martins, responsável pela área técnica da Saúde do Adolescente. No Brasil e no mundo Embora o número de gestações na adolescência venha caindo no país – passando de 721.564 (em 2000) para 434.573 (em 2018) –, o Brasil ainda possui taxa de 68,4 nascimentos para cada mil adolescentes e jovens mulheres entre 15 e 19 anos. O índice é elevado em comparação com a taxa mundial, de 46 nascimentos, e fica acima da média latino-americana (65,5 nascimentos). O estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicado em 2018, aponta que a gravidez na adolescência ocorre com maior frequência entre as meninas com menores escolaridade, renda e acesso a serviços públicos, além das que estão em situação de maior vulnerabilidade social. A Lei nº 13.798 sancionado dia 3 de janeiro de 2019, instituiu a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência a ser realizada anualmente na semana que incluir o dia 1° de fevereiro. O objetivo é disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. Educação para prevenir A desinformação e a falta de orientação sexual na família e na escola trazem sérios problemas e riscos aos adolescentes que vão além da gravidez não planejada. A evasão escolar, a rejeição familiar, a não realização do pré-natal, o aborto em condições inseguras, o aborto espontâneo, a mortalidade materna e nascimento prematuro estão entre os problemas gerados. Por isso é necessário a articulação de parcerias intersetoriais com o desenvolvimento de ações educativas em promoção de saúde, saúde sexual e reprodutiva, facilitando o acesso de adolescentes às unidades de saúde, como ocorre no Programa Saúde na Escola (PSE). Em Santa Catarina, o PSE atinge 294 municípios catarinenses. Em 2019 foram desenvolvidas ações em 3.589 escolas. “As ações têm papel fundamental ao oferecer informação sobre prevenção da gravidez na adolescência dentro da linha de ação sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos e Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis e HIV/Aids”, explica Carmen Lucia. Ações da Atenção Primária à Saúde As Equipes de Saúde da Família da Atenção Primária a Saúde (ESF/APS) prestam toda orientação necessária sobre métodos contraceptivos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). São eles: injetável mensal e trimestral; pílula do dia seguinte; pílula combinada; puerpério; dispositivo intra uterino (DIU); aspiração manual intra-uterina (Amiu); e diagrama. Aliado a isso, a APS desenvolve ações de proteção integral à mãe adolescente. “É dado atendimento e acolhimento adequado para as meninas, adolescentes e jovens mulheres em relação às suas carências, bem como aos seus planos e expectativas de vida”, explica Vanessa Vieira. O atendimento é individualizado e leva em conta o momento de vida da adolescente, com abordagem do crescimento e desenvolvimento, discussão sobre o plano de vida, saúde sexual, planejamento familiar, saúde reprodutiva, pré-natal e seguimento ao longo da vida.
Compartilhar