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Gravidez e Métodos contraceptivos Rever a morfofisiologia do sistema reprodutor feminino Compreender as mudanças fisiológicas nas gestantes Compreender os métodos de diagnóstico Compreender os métodos contraceptivos Entender os impactos da gestação na adolescência Mudanças fisiológicas nas gestantes As alterações fisiológicas observadas na gestação decorrem, principalmente, de fatores hormonais e mecânicos. → MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS: Postura e deambulação Metabolismo glicídico · a gravidez avançada caracteriza-se por mudanças em seu metabolismo no que se refere à preservação de glicose, graças à utilização dos lipídios. A liberação excessiva de ácidos graxos também ajuda a reduzir o uso da glicose materna. Metabolismo lipídico - Metabolismo do tecido adiposo - Hiperlipidemia materna · Duas alterações consistem no metabolismo materno durante a gestação, que são: acúmulo de lipídeos nos tecidos e a hiperlipidemia gestacional. Metabolismo proteico · A concentração da maioria dos aminoácidos está reduzida na gravidez. Metabolismo hidroeletrolítico · Uma das alterações sistêmicas mais notáveis na gravidez é a retenção de líquido (8 a 10 ℓ) intra- e extracelular, responsável pelo aumento do volume plasmático. · Ocorre a diminuição do limiar da sede e redução da pressão oncótica. · As consequências da retenção são: redução da hemoglobina, hematócrito, concentração de albumina e aumento do débito cardíaco, elevação do fluxo plasmático renal e edema periférico. Metabolismo do cálcio · É regulado pelo paratormônio e pela vitamina D. Como uma parte do cálcio é transferido para o bebê, dessa forma, a absorção de cálcio no intestino da mãe se torna aumentada. SISTEMA CARDIOVASCULAR: As maiores alterações hemodinâmicas vistas na gravidez incluem o aumento do débito cardíaco, do volume sanguíneo, por causa principalmente do volume plasmático, da redução da resistência vascular periférica e da pressão sanguínea. • Aumento da frequência cardíaca (10 a 20%) • Aumento do volume sistólico (10%) • Aumento do débito cardíaco (40 a 50%) • Diminuição da pressão arterial média (10%) • Diminuição da resistência vascular periférica (35%). SISTEMA SANGUÍNEO Diminuição: do número de hemácias, da concentração de hemoglobina e de hematócrito Aumento: leucócitos e da concentração de fibrinogênio. SISTEMA URINÁRIO: Anatomia: temos os deslocamentos dos rins e a compressão da bexiga com anteriorização da mesma. Fisiologia: temos como consequência o aumento do débito cardíaco, o aumento do fluxo plasmático renal e um aumento TFG, gerando uma redução de creatinina plasmática. A glicosúria é fisiológica na gravidez, excedendo o limite de reabsorção tubular. A proteinúria também é fisiológica. SISTEMA RESPIRATÓRIO A expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia e edema da mucosa do sistema respiratório superior. Essas alterações predispõem: · à congestão nasal, à epistaxe e até mesmo a alterações da voz. → Aumento da caixa torácica → Elevação do diafragma • Frequência respiratória sem alteração • Volume - corrente e volume - minuto aumentados cerca de 30 a 40% • Capacidade residual funcional reduzida em 20% • Hiperventilação fisiológica • Dispneia (em 60 a 70% das gestantes). SISTEMA DIGESTÓRIO Frequente aparecimento de náuseas e vômitos no 1° trimestre · Gengivite devido ao acúmulo de placa bacteriana na margem da gengiva (sangra com facilidade → Esofago, estomago, vesicula e intestino permanecem aotnicos durante toda a gestação → Alta incidência de virose devido ao relaxamento do esfíncter gastroesofágico ao aumento da pressão intra abdominal → Pode ocorrer constipação, hemorróidas, náuseas e vômitos, sialorréia, pirose pela diminuição/relaxamento do esfíncter esofágico inferior SISTEMA ENDÓCRINO → Volume da tireoide aumenta → Aumento dos hormônios GH, ACTH, ocitocina, T3 e T4 total, T4 livre, PTH, calcitonina, cortisol, aldosterona, testosterona, progesterona, estrogênio e relaxina. → Redução do TSH, FSH e LH. O ADH se mantém em níveis normais. → A hCG elevada no 1o trimestre tem ação tireotrófica e estimula a produção materna da tiroxina livre (T4L), que, por sua vez, inibe a secreção do TSH. No 2o trimestre, e em especial no 3o, os níveis de T4L são significativamente mais baixos. Existem três enzimas deiodinases nos tecidos, as do tipo I, tipo II e tipo III. · A tipo I não se modifica significativamente. · A tipo II, expressa na placenta, converte T4 em triiodotironina (T3). · A tipo III, também abundante na placenta, catalisa T4 em T3 reversa (T3r) → Função da tireoide e o feto O T4L materno é transferido para o feto durante toda a gravidez e é importante para o desenvolvimento normal do cérebro fetal, sendo especialmente relevante antes de a tireóide fetal começar a concentrar iodo e sintetizar o hormônio da tireoide, o que ocorre por volta das 12 semanas de gravidez. PELE E FÂNEROS Estrias no abdome no decurso do último trimestre, encontradas também nos seios (estrias gravídicas ou víbices). Há aumento na pigmentação da linha alva do abdome inferior (linea nigra), da vulva, das aréolas mamárias e da face (cloasma). É comum o aparecimento de telangiectasias. A hipertricose é um fenômeno fisiológico durante a gravidez (pelos na face e em outras regiões, crescimento mais acentuado dos cabelos), com unhas muito quebradiças e surgimento do eritema palmar e da hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas. → MAMAS: mastalgia, aréolas primárias (sinal de Hunter), hipertrofia das glândulas sebáceas dos mamilos (tubérculos de Montgomery) e aumento da vascularização (redes de Haller). → MODIFICAÇÃO NOS ÓRGÃOS GENITAIS: VULVA E VAGINA: o epitélio vaginal torna-se mais espesso durante a gravidez e há aumento da sua descamação, o que resulta em maior secreção vaginal. Essa secreção tem pH mais ácido (3,8 a 4,0) Mais vascularizada na gravidez. A vulva pigmenta-se → cor vermelho-vinhosa, com ninfas e grandes lábios entreabertos (sinal de Jacquemier). Sinal de Kluge → arroxeamento da mucosa Sinal de Osiander → Pulsação da artéria vaginal ÚTERO Processam-se, logo após a nidificação, inúmeras modificações na consistência, na forma, no volume, na capacidade, na posição, no peso e na espessura do útero. · Órgão aumenta, aumento da vascularização · Corpo do útero continua igual até o 4°/5° mês, após isso se alonga Métodos diagnósticos SINAIS DE PRESUNÇÃO · Amenorreia · Náuseas · Congestão mamária · Polaciúria SINAIS DE PROBABILIDADE · Amenorreia · Aumento do volume uterino · Alteração da consistência uterina · Aumento do volume abdominal · Alteração da consistência da urina SINAIS DE CERTEZA · Sinal de puzos · Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto · Palpação dos segmentos fetais · Auscultação DIAGNÓSTICO HORMONAL: Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a produzir a hCG em quantidades crescentes, que podem ser encontradas no plasma ou na urina maternos. Há 3 formas de identificar o hCG: 1- IMUNOLÓGICOS · Prova de inibição da aglutinação do látex · Prova e inibição da hemaglutinação 2- TESTE RADIOIMUNOLÓGICO · Dosagem de hCG por RIE 3- TESTE ELISA · Mesma base do RIA porém usa enzima Com a urina (teste de farmácia), espera-se diagnóstico positivo pelo menos 1 dia antes da amenorreia; com o sangue, pelo menos 7. A dosagem de hCG na urina é apenas qualitativa. Aconselha-se que o teste de farmácia seja realizado utilizando-se a primeira urina da manhã. DIAGNÓSTICO USG Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer formação arredondada, anelar, de contornos nítidos, que corresponde à estrutura ocular, denominada, em ultrassonografia, saco gestacional (SG). A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina (VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca (BCF) Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta pode ser facilmente identificadae apresenta estrutura definida com 16 semanas. Métodos contraceptivos PRIMEIRA LINHA Mais efetivos e caracterizados pela facilidade de uso. Requerem mínima motivação da usuária ou intervenção e apresentam índice de gravidez não desejada inferior a 2 em 100 durante o primeiro ano de uso. Proporcionam a maior duração de efeito contraceptivo e requerem o menor número de consultas de retorno. · Dispositivos intrauterinos DIU · Implantes contraceptivos · Métodos de esterilização feminina e masculina. SEGUNDA LINHA · Contraceptivos hormonais sistêmicos disponíveis em comprimidos orais, injeção intramuscular, adesivos transdérmicos ou anéis transvaginais. · Pílula do dia seguinte Somados, a taxa de fracasso esperado varia entre 3 e 9% durante o primeiro ano. Esta taxa alta provavelmente é reflexo de uso inadequado sem nova dosagem no intervalo apropriado. TERCEIRA LINHA · Camisinha · Tabelas com base no ciclo menstrual · Diafragma QUARTA LINHA · Formulações espermicidas · Coito interrompido NATURAIS Coito interrompido Tabela Muco cervical Temperatura basal BARREIRAS Camisinha Diafragma Capuz cervical Espermicida INTRAUTERINO DIU → Cobre ou hormonais HORMONAIS Pílulas orais Injetável Pílula do dia seguinte Adesivos Pílulas vaginais Anel vaginal Implantes DEFINITIVOS Vasectomia Laqueadura Gravidez na adolescência Sem dúvida, existem evidências a indicar que há uma série de riscos para a saúde relacionados com a gravidez na adolescência, tanto para a mãe quanto para o bebê. → Implicam diversas transformações no modo de vida das adolescentes, o que acaba limitando ou prejudicando o seu envolvimento em atividades importantes para o seu desenvolvimento durante esse período da vida, como escola e lazer. → Dependendo do contexto social em que a adolescente vive, o significado da gestação, assim como o impacto dessa experiência de vida no desenvolvimento da jovem, pode assumir diferentes contornos. → A perspectiva de futuro das adolescentes grávidas de classe média não é afetada tão intensamente quanto a perspectiva das adolescentes de classe baixa, considerando-se os aspectos de escolarização e profissionalização. → As pesquisas mostram que, muitas vezes, a gravidez pode ser desejada pelas jovens, pois é tida como uma via de acesso a um novo estatuto de identidade e de reconhecimento através do papel materno. → A maternidade, nesses casos, pode ser vista como uma ocupação, um papel que dá um sentido à vida da jovem. Na falta de outros projetos de vida, ou frente à dificuldade em vislumbrar a possibilidade de efetivar planos alternativos, a gravidez pode ser percebida pela adolescente como uma forma de reconhecer a si mesma, de marcar seu próprio espaço na família e de ser reconhecida nos seus ambientes de convívio. → Além disso, é preciso reconhecer que, nas camadas sociais nas quais as possibilidades educacionais e de ascensão social são restritas, a maternidade precoce pode ser um dos projetos de vida mais acessíveis para as adolescentes, devido à falta de outras oportunidades oferecidas em seu contexto de vida. → As evidências sugerem, contudo, que podem existir outros modos de ser adolescente e viver a adolescência, sendo que a maternidade pode fazer parte desses diferentes modos de ser adolescente, ainda que isso possa trazer consequências negativas, dependendo do ângulo sob o qual se analisa a questão.
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