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Livro Bioquímica aplicada e Interpretação de exames laboratoriais

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BIOQUÍMICA APLICADA E 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
LABORATORIAIS
W
BA
07
00
_v
1.
0
22 
Fávia Debaigi
Rafaela Benatti
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Bioquímica aplicada e Interpretação de 
exames laboratoriais
1ª edição
33 3
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Iara Gumbreviciu
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Debaigi, Fávia
D286b Bioquímica aplicada e Interpretação de exames 
 laboratoriais / Fávia Debaigi, Rafaela Benatti. – Londrina: 
 Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
153 p.
 
ISBN 978-85-522-1550-9
 
1. Nutrição clínica. 2. Bioquímica. 3. Interpretação de 
exames. I. Debaigi, Fávia. II. Benatti, Rafaela. III. Título.
CDD 610
Thamiris Mantovani CRB: 8/9491
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
44 
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Fundamentos de bioquímica aplicada 6
Interpretação clínica de hemograma e painéis químicos clínicos 31
Exames clínicos para diabetes, dislipidemias, aminoacidopatias e 
risco de doenças crônicas 53
Exames clínicos relacionados à desnutrição proteico-calórica, 
anemia nutricional e má absorção de nutrientes 74
Interpretação de exames relacionados a hidratação, função hepática, 
renal e endocrinopatias 102
Interpretação de exames relacionados a função cardíaca e 
distúrbios do equilíbrio ácido-base de eletrólitos 127
Principais exames laboratoriais relacionados a enzimologia, 
inflamação e doenças autoimunes 150
BIOQUÍMICA APLICADA E INTERPRETAÇÃO 
DE EXAMES LABORATORIAIS
55 5
Apresentação da disciplina
Prezado aluno, nesse momento você está iniciando ou aprofundando 
seus conhecimentos em Bioquímica aplicada e Interpretação de exames 
laboratoriais. A bioquímica é uma ciência extremamente importante, 
pois estuda e aplica a química da vida e os processos químicos que 
ocorrem em todos os seres vivos.
Além disso, a bioquímica também tem um papel muito importante 
na interpretação e realização de exames laboratoriais. Muitos são os 
exames bioquímicos presentes na rotina laboratorial, os quais auxiliam 
no diagnóstico, prognóstico e avaliação da eficácia do tratamento.
Para compreender esse universo, os conteúdos apresentados nessa 
disciplina são: fundamentos de bioquímica aplicada, interpretação 
clínica de hemograma e painéis químicos clínicos, exames clínicos para 
diabetes, dislipidemias, aminoacidopatias ou risco de doenças crônicas, 
exames clínicos relacionados à desnutrição proteico-calórica, anemia 
nutricional e má absorção de nutrientes, interpretação de exames 
relacionados à hidratação, função hepática, renal e endocrinopatias, 
interpretação de exames relacionados àfunção cardíaca e distúrbios do 
equilíbrio ácido-base de eletrólitos e os principais exames laboratoriais 
relacionados à enzimologia, inflamação e doenças autoimunes. 
Vamos começar? 
Bons estudos!.
666 
Fundamentos de 
bioquímica aplicada
Autora: Flávia Debiag
Objetivos
• Abordar os fundamentos básicos de bioquímica 
aplicada, tais como descrição e aplicação das 
macromoléculas.
• Contextualizar a importância das vitaminas e sais 
minerais para os organismos e as principais doenças 
relacionadas com a sua deficiência.
• Elencar os principais interferentes em exames 
laboratoriais, abrangendo as etapas pré-analítica, 
analítica e pós-analítica, bem como a importância de 
métodos de controle de qualidade.
77 7
1. Fundamentos de bioquímica aplicada
Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina de bioquímica aplicada e 
interpretação de exames laboratoriais. Esse primeiro bloco apresenta 
como tema Fundamentos da bioquímica aplicada e tem como objetivo 
apresentar a você conceitos básicos empregados em bioquímica 
aplicada, bem como suas funções nos sistemas biológicos e os 
principais interferentes dos métodos laboratoriais.
Em geral, as células são formadas por água (70%) e por macromoléculas, 
sendo as principais os carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos 
nucléicos. Os exames laboratoriais bioquímicos são usualmente 
empregados para investigação de deficiências nutricionais específicas 
de determinados nutrientes e verificação do estado de saúde dos 
indivíduos. O profissional de saúde, ao entender a bioquímica aplicada, 
bem como as características dos exames laboratoriais, pode contribuir 
para uma melhor qualidade dos processos metabólicos dos pacientes, 
por meio de um diagnóstico correto.
PARA SABER MAIS
Biomoléculas são compostos de carbono associadas a 
uma grande variedade de grupos funcionais que conferem 
propriedades químicas específicas à molécula. Exemplos 
comuns dessas biomoléculas são os alcoóis, que têm um 
ou mais grupos hidroxila; aminas, com grupos amina; 
aldeídos e cetonas, com grupos carbonila; e ácidos 
carboxílicos, com grupos carboxila.
88 
ASSIMILE
Os exames laboratoriais bioquímicos são empregados 
para detectar os níveis de um determinado analíto no 
plasma sanguíneo, por exemplo, níveis séricos de LDL, HDL, 
colesterol total, albumina, entre outros. Os resultados de um 
exame são classificados em falso-positivo e falso negativo. 
Os resultados ou testes falso-positivo apresentam-se 
anormais em indivíduos que não apresentam a doença que 
se busca confirmar por meio do exame. Em contrapartida, 
nos resultados falso-negativos os valores dos exames são 
considerados normais em indivíduos, que de fato estão com 
a doença que se procura comprovar.
2. Principais constituintes bioquímicos das células
2.1 Água
A água é essencial para a vida, aproximadamente 60% da composição 
corporal de um adulto de 70 kg é composta por água. Na célula, a 
molécula encontra-se presente tanto no meio intracelular, quanto 
no ambiente extracelular, constituído por linfa, plasma e líquidos 
intersticiais. A compatibilidade de vida na Terra está associada 
principalmente às características peculiares da água, tais como, 
dilatação anômala, alto calor específico, capacidade de dissolver um 
grande número de substâncias, meio reacional de reações químicas 
do metabolismo celular, agente dispersante do calor produzido 
no organismo. É importante ressaltar que a concentração de água 
no organismo deve ser regulada de forma precisa, por meio do 
hormônio antidiurético (ADH), garantindo assim a homeostasia 
corporal (BELLÉ e SANDRI, 2014).
99 9
A molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio (H) 
que se encontram ligados a um átomo de oxigênio (O), ocorrendo o 
compartilhamento de elétrons. Outra característica importante diz 
respeito à polaridade da molécula. A água é classificada com uma 
molécula polar, devido ao átomo de oxigênio exercer uma atração mais 
forte sobre os elétrons compartilhados, criando um polo negativo e as 
moléculas de hidrogênio adquirem cargas positivas (Figura 1). A geometria 
molecular da água, possibilita a interação entre osátomos negativos de 
oxigênio de uma molécula com os átomos positivos de hidrogênio de 
uma outra molécula de água vizinha, por meio de ligações de hidrogênio, 
formando uma cadeia de moléculas de água, e fornecendo a propriedade 
de tensão superficial em sua forma líquida. (NELSON; COX, 2019).
Figura 1 – Estrutura na molécula de água
Fonte: PeterHermesFurian/iStock.com.
Devido à sua polaridade, a água é reconhecida como solvente universal. 
Assim, muitas substâncias biológicas (carboidratos, proteínas) são 
polares, portanto, interagem com a água por meio de ligações de 
hidrogênio ou por interações iônicas. Entretanto, substâncias apolares 
(ésteres de colesterol, triacilgliceróis e ácidos graxos) não são capazes 
de formar ligações de hidrogênio, sendo solúveis somente em solventes 
orgânicos (PINTO, 2017).
1010 
2.2 Aminoácidos e proteínas
As unidades fundamentais das proteínas correspondem aos 
aminoácidos. Atualmente, são conhecidos mais de 300 aminoácidos 
disponíveis na natureza. Embora somente 20 deles são utilizados 
na composição de proteínas e enzimas humanas, os quais são 
denominados de aminoácidos proteinogênicos (PINTO, 2017).
Os aminoácidos são formados por um átomo de carbono central que 
está ligado a um grupo carboxila (-COOH), um grupo amino (-NH2), um 
átomo de hidrogênio e um grupo “R” (radical). Com exceção da glicina, 
o carbono central dos aminoácidos é classificado como assimétrico, 
ou centro quiral, fato que possibilita a formação de estereoisômeros 
em consequência dos diferentes arranjos espaciais opticamente ativos 
(Figura 2) (NELSON; COX, 2019).
Figura 2 – Fórmula geral de um α-aminoácido, termo que significa que 
a amina está na posição α ou 2, o carbono vizinho é a carboxila COOH: 
grupamento carboxila; NH2: grupamento amina; R → cadeia lateral.
Fonte: Bacsica/iStock.com.
Os aminoácidos se diferem quanto ao grupo R, que varia em estrutura, 
tamanho e carga elétrica, e afeta a solubilidade dos aminoácidos em 
água (Figura 3).
1111 11
Figura 3 – Estrutura dos aminoácidos essenciais
Fonte: chromatos/iStock.com.
De acordo com a natureza das cadeias laterais, os aminoácidos são 
classificados em polares e apolares. Aminoácidos polares possuem 
cadeias laterais hidrofílicas, com carga elétrica negativa, positiva ou 
neutra, originando os aminoácidos ácidos, básicos e polares sem carga, 
respectivamente, encontram-se basicamente no interior das proteínas. 
Os aminoácidos apolares são constituídos de cadeias hidrofóbicas e se 
encontram no interior das proteínas (NELSON; COX, 2019).
Os aminoácidos desempenham funções importantes, sendo a principal 
a formação de peptídeos e proteínas. Além disso, podem atuar como 
precursores de substâncias biologicamente importantes, como os 
neurotransmissores, mensageiros químicos, hormônios, mediadores 
inflamatórios e servir como precursores de outras substâncias.
1212 
As proteínas são macromoléculas formadas por sequências de 
aminoácidos (aproximadamente 100 resíduos) unidos por ligações 
peptídicas, a qual ocorre entre e o grupo amina (-NH2) de um 
aminoácido, com o grupo carboxila (-COOH) de outro aminoácido 
adjacente. Nesse processo, ocorre também a eliminação de uma 
molécula de água (MARZZOCO; TORRE, 2018).
Em geral, as proteínas podem apresentar diferente conformação 
espacial, a qual é classificada em quatro níveis organizacionais, 
determinados de estrutura primária, secundária, terciária e quaternária. 
A sequência de aminoácidos unida por ligação peptídica corresponde 
à estrutura primária de cada proteína. A partir da estrutura primária, 
tem-se a estrutura secundária, a qual se caracteriza pela formação 
de arranjos espaciais entre aminoácidos próximos por ligações de 
hidrogênios. Há duas formas de estrutura secundária, denominadas 
de alfa-hélice e beta pregueada. Por seguinte, a estrutura terciária se 
caracteriza por ser compacta, proveniente do enovelamento das cadeias 
polipeptídicas organizadas em estrutura secundária ou entre regiões 
sem estrutura definida. O último nível de organização corresponde 
à estrutura quaternária, a qual é formada a partir da associação de 
estruturas terciárias (NELSON; COX, 2019).
A hemoglobina é um exemplo típico de estrutura quaternária, a qual 
encontra-se presente nas hemácias, e é responsável por transportar 
o oxigênio dos pulmões para os tecidos periféricos e o CO2 dos 
tecidos para pulmão. Devido á presença de um grupo prostético 
heme em cada uma de suas cadeias, a hemoglobiana é classifica 
como uma hemoproteína. O grupo heme é formado por um anel 
porfirínico com quatro anéis pirrólicos, contendo um átomo de Fe+, o 
qual é responsável pela associação da hemoglobina com o oxigênio 
(MARZZOCO; TORRE, 2018).
1313 13
Figura 4 – Estrutura quaternária da hemoglobina
Fonte: ttsz/iStock.com.
A forma de classificação das proteínas pode variar de acordo com a 
sua composição, estrutura tridimensional das cadeias polipeptídicas 
e aspectos funcionais. Quanto à sua composição, são denominadas 
de simples, quando formadas apenas por aminoácidos, por exemplo, 
a insulina. Em contrapartida, as proteínas conjugadas apresentam 
grupos prostéticos em sua composição, podendo esse ser de natureza 
orgânica (carboidratos, lipídeos, etc.) ou inorgânica (íons metálicos). 
A hemoglobina, já explicada anteriormente, transporta o oxigênio e o 
gás carbônico no sangue. A lipoproteína LHD (lipoproteínas de baixa 
densidade) e HDL (lipoproteínas de alta densidade) encontram-se 
associadas à cadeia de ácidos graxos (lipídeos).
Quanto à estrutura tridimensional das cadeias polipeptídicas, 
algumas proteínas, como o colágeno e α-queratina, apresentam a 
cadeia de polipeptídeo estendida, são insolúveis e desempenham 
funções estruturais. Já a mioglobina e a hemoglobina, apresentam um 
1414 
formato esférico, sendo classificadas como globulares. Ao contrário 
da hemoglobina, a mioglobina é formada por uma única cadeia de 
polipeptídeo; um grupo prostético heme está presente principalmente 
nas células musculares e cardíacas, sendo responsável pelo transporte 
e armazenamento de oxigênio entregue pela hemoglobina nos 
capilares (NELSON; COX, 2019).
De acordo com a Tabela 1, as proteínas podem desempenhar as mais 
variadas funções no organismo, as quais abrangem os processos 
regulatórios, transporte de substâncias, componente estrutural, 
enzimática nutrição e de reserva energética.
Tabela 1 – Classificação das proteínas de acordo com a sua função
Função Exemplos
Hormonal Insulina, hormônio de crescimento (GH), prolactina, glucagon, hormônio antidiurético
Proteção Venenos de aracnídeos e ofídios
Coagulação do sangue Fibrinogênio e a trombina
Defesa Anticorpos
Transporte Hemoglobina, mioglobina, lipoproteínas, albumina
Estrutural Colágeno, elastina, queratina
Enzimáica α-amilase, protease, lipase
Energética Ovoalbumina, gliadina, caseína
Fonte: PINTO, 2017.
É importante ressaltar que as moléculas de proteínas são mais 
susceptíveis que outras biomoléculas ao fenômeno de desnaturação, 
que se caracteriza por promover alterações na estrutura espacial 
proteica, sem rompimento das ligações peptídicas, ocasionando a 
perda da sua função. Elevadas temperaturas, emprego de detergentes, 
agitação mecânica, presença de solventes orgânicos, ácidos e bases 
fortes e ureia são considerados os principais agentes desnaturantes 
das proteínas (PINTO, 2017).
1515 15
2.3 Carboidratos
Quimicamente, os carboidratos (ou hidratos de carbono) são 
poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias que, 
hidrolisadas, originam estes compostos. Apresentam, em geral, 
a fórmula empírica (CH2O)n, da qual deriva a sua nomenclatura. 
Entretanto, muitos carboidratos não apresentam esta fórmula geral 
(como a glicosamina, que contém um grupo amino). Além disso, 
existem compostos com esta fórmula que não são carboidratos (ácido 
lático, por exemplo). A sacarose, glicose e frutose, são carboidratos 
de sabor adocicados, podem ser chamados de açúcares e são 
comuns naalimentação humana. Segundo o número de unidades 
componentes os carboidratos são classificados em monossacarídeos, 
oligossacarídeos e polissacarídeos.
De acordo com o seu grupo funcional, os carboidratos são classificados 
em aldoses, que possuem o grupo funcional aldeído (H–C=O), e em 
cetoses, os quais o grupo funcional corresponde à cetona (C=O). 
Quanto ao número de unidades componentes, os carboidratos são 
classificados em monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos 
(NELSON; COX, 2019).
Os monossacarídeos são os açúcares mais simples que apresentam 
um único grupo funcional aldeído (H–C=O) ou cetona (C=O), sendo 
denominados de aldoses ou cetoses, respectivamente. O grupo 
funcional encontra-se associado a uma cadeia de 3 a 7 carbonos 
unidos por ligação covalente, designados de trioses (3C) tetroses (4C), 
pentoses (5C), hexoses (6C) e heptoses (7C), e assim sucessivamente. 
Exemplos de monossacarídeos encontram-se na Figura 5 
(MARZZOCO; TORRE, 2018).
1616 
Figura 5 – Principais monossacarídeos
Fonte: elaborada pela autora.
Os oligossacarídeos são formados por 3 a 10 monossacarídeos unidos 
entre si por ligações glicosídicas, nas quais ocorrem a condensação 
entre a hidroxila de um monossacarídeo com a hidroxila do carbono 
anomérico de outro monossacarídeo, resultando na perda de uma 
molécula de água. Os principais representantes dessa classe são os 
dissacarídeos (lactose, sacarose e maltose), os quais se encontram 
descritos na Tabela 2.
Tabela 2 – Principais dissacarídeos
DISSACARÍDEO COMPOSIÇÃO OCORRÊNCIA
LACTOSE D-galactose e D-glicose. Leite e derivados
SACAROSE D- glicose e D-frutose Cana de açúcar, beterraba
MALTOSE D- glicose e β glicose Malte
Fonte: MARZZOCO; TORRE, 2018.
1717 17
Os polissacarídeos são polímeros constituídos de centenas ou 
milhares de resíduos de monossacarídeos, mais comumente a 
glicose, unidos por ligações glicosídicas. Os polissacarídeos podem ser 
lineares (p. ex., celulose) ou ramificados (p. ex., glicogênio e o amido), 
apresentar centenas ou mesmo milhares de unidades monoméricas, e 
seu peso molecular ultrapassar um dálton.
Entre as funções dos carboidratos, destacam-se de sustentação 
(celulose nos vegetais, na parede celular dos fungos e no exoesqueleto 
dos artrópodes) e a reserva (glicogênio nos animais, amido nos 
vegetais), energética (glicose). Além de poderem estar ligados a lipídios 
e proteínas, formando os glicolipídios e as glicoproteínas, componentes 
de membranas (PINTO, 2017).
2.4 Lipídeos
Os lipídeos são macromoléculas presentes em todas as células, 
insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Possuem 
funções importantes biológicas estruturais no organismo, sendo 
componentes da membrana plasmática. Além disso, atuam como 
moléculas sinalizadoras, são fontes e reservas energéticas interessantes, 
auxiliam na manutenção da temperatura corporal e são precursores de 
hormônios esteroides (MARZZOCO; TORRE, 2018).
Os lipídeos mais simples são os ácidos graxos, os quais são moléculas 
formadas por grupo funcional carboxila (-COOH), ligado a uma cadeia 
carbônica. O grupo COOH tem a propriedade de reagir prontamente 
com grupos hidroxila ou amina de outras moléculas para formar ésteres 
e amidas. A função mais importante dos ácidos graxos é atuar como 
constituintes das membranas plasmáticas.
A cadeia carbônica dos ácidos graxos pode ser saturada, insaturada 
ou poli-insaturada, a qual possui a relação direta com o estado físico. 
Em temperatura ambiente, os ácidos graxos saturados são sólidos, 
enquanto insaturados geralmente são líquidos (NELSON; COX, 2019).
1818 
De acordo com a sua forma de obtenção, os ácidos graxos são 
classificados em não essenciais, aqueles cujo organismo humano 
é capaz de sintetizar. Os essenciais são aqueles que não podem ser 
sintetizados pelos mecanismos bioquímicos humanos, necessitam 
ser obtidos a partir da dieta. Por exemplo, os ácidos graxos essenciais 
linolênico e linoleico que podem ser obtidos a partir de peixes como 
salmão e sardinha (PINTO, 2017).
Os triacilgliceróis são lipídeos formados a partir de três moléculas 
de ácidos graxos, unidos com uma molécula de glicerol por ligações 
ésteres. Ou seja, as três hidroxilas do glicerol encontram-se esterificadas 
por ácidos graxos, os quais podem ser diferentes. Como reservas de 
energia, as gorduras são um tipo mais eficiente que o glicogênio, já que 
são armazenadas na forma anidra. Além disso, uma vez que são menos 
oxidadas quando comparadas aos carboidratos ou às proteínas, os 
triacilgliceróis fornecem significativamente mais energia, por unidade 
de massa, na sua oxidação completa. Em mamíferos, os lipídeos 
são armazenados na forma de triacilgliceróis no tecido adiposo 
(BELLÉ; SANDRI 2014).
Já os glicerofosfolipídeos, constituintes das membranas biológicas, 
são formados de glicerol 3-fosfato, com posições C1 e C2 e apresentam 
ácidos graxos esterificados. As moléculas de glicerofosfolipídios 
que ocorrem em membranas plasmáticas apresentam cabeças 
polares, cujos grupos químicos são derivados de alcoóis polares. 
As esfingomielinas fazem parte das membranas biológicas do 
sistema nervoso (MARZZOCO; TORRE, 2018).
Por fim, os esteroides são lipídeos formados por quatro anéis não 
planares e rígidos. O colesterol é o precursor dos hormônios esteroides 
(testosterona, estrógenos, progestógenos, cortisol, aldosterona) e 
também compõe as moléculas dos ácidos biliares. O colesterol é 
sintetizado pelo fígado dos animais de acordo com um processo 
regulado por um sistema compensatório (NELSON; COX, 2019).
1919 19
É importante ressaltar que os lipídeos estão presentes no plasma por 
intermédio das lipoproteínas, sendo os principais os triacilgliceróis 
(16%); fosfolipídios (30%); colesterol (14%); ésteres de colesterol (36%); e 
ácidos graxos livres (4%), a fração de lipídios metabolicamente mais ativa 
no plasma (MARZZOCO; TORRE, 2018). As principais lipoproteínas e suas 
respectivas funções encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3 – Principais lipoproteínas encontradas no plasma e 
suas respectivas funções
Lipoproteínas Características e função
Quilomícrons (Qm)
Transportam principalmente triacilgliceróis 
exógenos (cuja fonte é a dieta), são sintetizados 
no intestino delgado pelos enterócitos e dirigem-
se para os tecidos conduzindo triacilgliceróis
Lipoproteínas de baixa 
densidade (LDL):
Chamadas também de “colesterol ruim”, são sintetizadas 
no fígado, constituem as principais transportadoras de 
colesterol do organismo, as quais são reconhecidas por 
receptores de LDL nos tecidos onde o colesterol é liberado.
Lipoproteínas de alta 
densidade (HDL):
Conhecidas também de “colesterol bom”. Isso ocorre 
porque elas captam o colesterol liberado no sangue e 
transportam-no até o fígado para que seja degradado, 
formando os sais biliares, sendo, assim, excretado.
Fonte: NELSON, COX 2019.
O quadro de dislipidemia se caracteriza pelo excesso de colesterol 
no sangue, ou seja, quando a soma do colesterol sintetizado e do 
colesterol obtido na dieta excede a quantidade necessária para a 
síntese de membranas, sais biliares e esteróis. O acúmulo patológico 
de colesterol (placas) pode obstruir os vasos sanguíneos, condição 
chamada de aterosclerose (NELSON, COX 2019).
2.5 Vitaminas
As vitaminas são substâncias essenciais para a homeostasia do 
corpo dos vertebrados, entretanto, não podem ser sintetizadas pelos 
organismos e devem, portanto, ser obtidas por meio da alimentação. 
Os primeiros estudos nutricionais classificaram as vitaminas de acordo 
com a sua solubilidade, como vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis.
2020 
As vitaminas hidrossolúveis podem ser extraídas dos alimentos com 
solventes aquosos, são exemplo desse grupo a vitamina C (ácido 
ascórbico), as vitaminas do complexo B. Em contrapartidas, as 
vitaminas lipossolúveis são solúveis apenas em solventes orgânicos 
apolares, enquadram-se nesse grupo, as vitaminas A, D, E e K, todos 
compostos isoprenoides sintetizadospela condensação de várias 
unidades de isopreno.
A vitamina D (colecalciferol) é sintetizada na pele, a partir de 7-desidroco-
lesterol em uma reação fotoquímica catalisada pelo componente UV 
(ultravioleta) da luz solar. A vitamina D não é biologicamente ativa, 
sendo convertida por enzimas no fígado e no rim ao calcitriol (1α,25-
di-hidroxivitamina D3). Esse hormônio regula a captação de cálcio 
no intestino e os níveis de cálcio no rim e nos ossos. A deficiência de 
vitamina D pode ocasionar o raquitismo (RODWELL et al., 2017).
A vitamina A (β-caroteno) e seus metabólitos oxidados, o ácido retinoico 
e o retinol, agem nos processos de desenvolvimento, crescimento e 
diferenciação celular e na visão. A deficiência de vitamina A durante 
a gestação pode ocasionar malformações congênitas e retardo no 
crescimento do bebê. Em adultos, a vitamina A é também essencial para 
a visão, a imunidade e a reprodução.
As vitaminas E e K são cofatores de oxirredução, atuam em diferentes 
reações do metabolismo. A deficiência das vitaminas E e K é rara em 
humanos e está associada à fragilidade dos eritrócitos e ao retardo 
da coagulação sanguínea (doença fatal para o recém-nascido), 
respectivamente.
Por fim, os sais minerais encontram-se envolvidos em quase todas as 
vias metabólicas, são classificados de acordo com a sua necessidade em 
macrominerais, os quais são necessários em maiores quantidades (Ca, 
P, Mg, K, Na, Cl, S) e microminerais, sendo esses requeridos em menores 
proporções (Fe, Mn, Cu, I, Co, Zn, Se e Mo) (MARZZOCO; TORRE, 2018).
2121 21
2.6 Características e etapas dos exames laboratoriais
Em geral, os exames laboratoriais bioquímicos não dispõem de um método 
de análise absolutamente preciso. Para a obtenção de exames bioquímicos 
idôneos é de grande importância a padronização dos processos envolvidos, 
que abrange desde a solicitação dos exames pelo profissional de saúde, até 
a liberação do laudo. Assim, os principais interferentes das qualidades dos 
exames, constituem as etapas pré-analítica; analítica e pós-analítica 
(Figura 6 (SANTOS; ZANUSSO JUNIOR, 2015).
Figura 6 – Principais interferentes dos exames laboratoriais.
Fonte: elaborada pela autora.
A fase pré-analítica corresponde a grande parte dos erros, onde se 
inicia a coleta do material biológico. Nessa fase é de suma importância a 
orientação correta do paciente. Por exemplo, alguns exames bioquímicos 
de importância em nutrição, recomendam-se jejum de 12 a 14 horas 
prévio à coleta da amostra. A realização do teste propriamente dito refere-
se à fase analítica, a qual é de responsabilidade do laboratório de análises 
clínicas. Por fim, a fase pós-analítica, compreende processos de validação 
e liberação de laudos, sendo concluída com a interpretação desses 
documentos por parte do nutricionista (COSTA, 2015).
2.7 Variáveis pré-analíticas
As variáveis pré-analíticas podem decorrer tanto do paciente (fatores 
fisiológicos ou biológicos) quanto da manipulação da amostra antes da 
realização da sua análise.
2222 
Fatores fisiológicos ou biológicos
Os principais fatores fisiológicos que podem promover alterações nos 
resultados dos exames laboratoriais compreendem a idade, sexo, ciclo 
menstrual, gravidez, dieta, jejum, estresse físico e mental, uso ou não 
de medicamentos para fins terapêuticos, postura durante a coleta e 
variações cronobiológicas (PINTO, 2017).
A idade do paciente influencia de maneira significativa nos resultados de 
alguns exames, sendo necessário estabelecer intervalos de referência 
apropriados. Por exemplo, a concentração do hormônio de crescimento 
(GH) apresenta-se mais elevada no período da puberdade, com posterior 
diminuição progressiva. Outro parâmetro que pode ser utilizado para 
exemplificar sua alteração em razão idade é a contagem de eritrócitos 
e as concentrações de hemoglobina nos recém-nascidos. Devido à 
baixa concentração de oxigênio útero, os recém-nascidos apresentam 
maior concentração de eritrócitos e hemoglobina do que nos adultos 
(WILLIAMSON; SNYDER, 2018).
Os resultados dos exames laboratoriais, tais como parâmetros 
hormonais, bioquímicos e metabólicos também podem estar associados 
com o sexo. Em mulheres, a porcentagem de células vermelhas varia de 
37 a 47%, já para os homens, esses valores compreendem de 40 a 54%, 
ocorrendo o mesmo com a concentração de hemoglobina, 12 a 16,5 g/
mℓ para as mulheres e 13,5 a 18,0 g/mℓ para homens. (PINTO, 2017).
Nas mulheres, durante o ciclo menstrual, além das alterações 
hormonais comumente conhecidas, existe a elevação pré-ovulatória das 
concentrações de aldosterona e renina. Já na ovulação, níveis séricos de 
colesterol são mais baixos do que em outras fases do ciclo menstrual. 
Mulheres grávidas também apresentam alterações nos valores 
hematológicos e bioquímicos do sangue. Em virtude da retenção hídrica, 
durante a gestação pode-se observar uma hemodiluição de proteínas 
totais e albumina. Outros parâmetros importantes que sofrem alteração 
na gestação são o aumento das proteínas de fase aguda e a velocidade 
de hemossedimentação (COSTA, 2015).
2323 23
Pacientes que fazem o uso de determinados medicamentos devem 
ser questionados e alertados. Os glicocorticoides, estatinas e anti-
inflamatórios, por exemplo, podem aumentar os níveis de glicemia, 
atividade da enzima CK total e os níveis de enzimas hepáticas, 
respectivamente (WILLIAMSON; SNYDER, 2018).
A dieta e o jejum também podem interferir nos resultados dos 
exames. Em geral, os valores de referência dos testes bioquímicos são 
estabelecidos em indivíduos em condição de jejum de aproximadamente 
8 a 12 horas. Diversos parâmetros bioquímicos (glicemia e lipemia) 
e de muitos hormônios (GH, cortisol, insulina, paratormônio) podem 
ser alterados após o consumo da refeição habitual. É importante 
ressaltar que o jejum acima de 12 horas também pode proporcionar 
uma condição de estresse, promovendo alterações dos níveis de alguns 
hormônios, como, por exemplo, cortisol e desidroepiandrosterona. Além 
disso, dietas ricas em gorduras hipolipídicas, vegetariana ou desnutrição, 
consumo de fitoterápicos, drogas ilícitas, bebidas alcoólicas e tabaco 
podem modicar os resultados de vários analítos (NELSON, 2019).
Há evidências também que algumas atividades físicas, como subir 
e descer escada, ou estresses físicos e mentais influenciam as 
concentrações de muitos elementos do plasma, inclusive cortisol, 
aldosterona, prolactina, tireotropina, colesterol, glicose, insulina e 
lactato. O estado febril também influência muitas respostas hormonais, 
assim como o choque e o traumatismo (PINTO, 2017).
Algumas variáveis durante o momento da coleta também precisam 
ser controladas para a confiabilidade dos resultados. Os laboratórios 
de análises clínicas padronizam a coleta de sangue, por exemplo, em 
uma posição única, no sentido de eliminar essa fonte de erros, visto 
que pode haver alterações em relação à posição ortostática ou em 
decúbito. O horário da coleta, para determinados analitos, é outro fator 
determinante, sendo essas denominadas de variações cronobiológicas. 
Por exemplo, os níveis plasmáticos de cortisol são menores no período 
2424 
da manhã, quando comparados aos valores mensurados à tarde. 
Variações sazonais também podem influenciar na idoneidade dos 
exames laboratoriais, como, por exemplo, a concentração de vitamina D 
se encontra mais elevada no verão (NELSON; COX, 2019).
De acordo com Williamson e Snyder (2018), os erros nas etapas pré-
analítica correspondem a 61,9%. Aproximadamente 25% desses erros 
podem ter repercussões para o paciente, seja por demora na liberação 
do resultado do exame, seja por ameaçar a vida do paciente. Por isso, 
é de grande importância evitar estes interferentes em uma anamnese 
correta com o paciente, a fim de evitar erros.
Fatores relacionados com a manipulação das amostras
Na etapa de manipulação das amostras, a coleta é o processo mais 
importante. A maioria dos erros pré-analíticos consiste em coleta 
incorretada amostra, o que abrange erros na identificação do paciente, 
volume insuficiente para a realização do exame, uso de anticoagulante 
de forma incorreta e qualidade da amostra (hemólise, coágulos, 
contaminação e coleta em recipiente errado). Outras variáveis 
pré-analíticas podem ocorrer durante o armazenamento da amostra 
(tempo e a temperatura) ou durante a etapa de processamento para a 
separação do soro ou do plasma ou das células (COSTA, 2015).
Para uma amostra de qualidade, é imprescindível uma coleta de sangue 
precisa ser realizada por profissionais qualificados com equipamentos 
apropriados em ambiente adequado. O procedimento empregado 
para a coleta de sangue pode promover alterações nos resultados 
dos exames laboratoriais, por isso precisa ser realizada com muita 
atenção a fim de se prevenir erros de identificação de paciente, volume 
insuficiente e o uso de coagulantes de forma correta. Os principais 
anticoagulantes empregados nos laboratórios de análises clínicas são a 
heparina, ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) e citrato de sódio. 
Os anticoagulantes se diferem quanto ao mecanismo de ação e a sua 
escolha depende do analito de interesse (WILLIAMSON; SNYDER, 2018).
2525 25
Os medicamentos também podem influenciar nos resultados dos 
exames laboratoriais, tanto em in vivo, como já foi explicado no tópico 
anterior, como in vitro, ou seja, durante o processamento da amostra. 
Fármacos como anticoagulantes (heparina, varfarina e inibidores 
diretos da trombina), ácido acetilsalicílico, doses elevadas de vitamina C, 
transfusão de hemoderivados e componentes de reposição de fatores 
de coagulação, podem interferir na confiabilidade dos resultados. 
Por isso, é importante o nutricionista se inteirar dos medicamentos 
utilizados pelo paciente e dos possíveis efeitos de cada medicamento 
nos resultados dos exames laboratoriais a fim de se evitar resultados 
falso-positivos e um diagnóstico errado (COSTA, 2015).
Algumas alterações nos resultados também podem ser provenientes 
do armazenamento incorreto da amostra. Os principais interferentes 
são a temperatura de armazenagem e a inferência de luz na amostra, 
a qual pode interferir no doseamento de algumas substâncias 
fotossensíveis (bilirrubina, betacaroteno, vitamina A, vitamina B6 e 
porfirinas). A temperatura ideal de coleta do sangue deve ser de 22 
a 25°C, enquanto seu armazenamento precisa ocorrer em ambiente 
entre 2 e 8°C, pois nessa temperatura (2 e 8°C) ocorre a inibição do 
metabolismo celular e, consequentemente, a estabilização de certos 
constituintes termolábeis (PINTO, 2017).
2.8 Erros analíticos
Os erros analíticos são provenientes de erros das análises executadas 
pelo laboratório de análises clínicas. Assim, é de suma importância que 
os exames laboratoriais sejam realizados em laboratórios de análises 
clínicas, que empregam métodos de controle de qualidade e programas 
de avaliação de qualidade com aspectos analíticos dos exames.
Quatro indicadores (acurácia, precisão, sensibilidade e especificidade) 
são frequentemente empregados para determinar a confiabilidade 
de um exame laboratorial. A acurácia e precisão estão associadas ao 
2626 
desempenho cotidiano do método de exame, sendo estabelecidas e 
monitoradas frequentemente pelo laboratório de análises clínicas. 
A sensibilidade e especificidade refletem o quanto o exame diferencia 
a doença da ausência de alguma enfermidade e são determinados 
por pesquisa e ensaios clínicos. Vale salientar que os exames 
laboratoriais devem ser elaborados de modo a serem tão precisos, 
acurados, específicos e sensíveis quanto for possível, visando sempre o 
diagnóstico correto do paciente (WILLIAMSON; SNYDER, 2018).
2.9 Erros pós-analíticos
Os erros pós-analíticos estão relacionados com os resultados inseridos 
de forma equivocada no laudo do paciente, entrega de laudo para 
o paciente errado, faixa de referência incorreta e a interpretação 
inapropriada desses resultados. Dessa forma, laudos manuscritos e 
relatados por telefone devem ser evitados. Atualmente, com o uso do 
sistema computadorizado de entrega de exames nos hospitais, alguns 
desses erros foram extintos, garantindo assim uma maior confiabilidade 
nos resultados (PINTO, 2017).
3. Conclusão
Como vimos neste capítulo, as biomoléculas possuem na sua estrutura 
o carbono como composto principal, associado a outros grupos 
funcionais. Desempenham funções vitais para o organismo, tais 
como sustentação, energética, enzimática, entre outras. Por isso, é de 
grande importância a manutenção dos seus níveis séricos dentro da 
normalidade. Os exames laboratoriais bioquímicos são empregados 
para quantificar algumas dessas biomoléculas no plasma sanguíneo 
a fim de garantir um diagnóstico adequado para o paciente. Para 
a confiabilidade dos resultados, é necessário prevenir os erros 
interferentes nas etapas pré-análitica, analítica e pós-analítica.
2727 27
TEORIA EM PRÁTICA
Maria, 50 anos, apresentou resultados de exames bioquímicos 
para colesterol total e HDL de acordo com o quadro abaixo:
Tipo de material: sangue Valor encontrado Faixa de Referência
Colesterol total 430 mg/dℓ
Nível desejável – menor 
que 190 mg/dℓ 
Nível limítrofe – 200 
a 240 mg/dℓ
Nível elevado – maior 
que 240 mg/dℓ
HDL 20 mg/dℓ Prognóstico favorável maior que 40 mg/dℓ
Maria foi orientada pelo serviço de nutrição que assiste a 
paciente a realizar uma reeducação alimentar, por meio 
de um cardápio. Uma frase no texto chamou a atenção de 
Maria: “a dieta é capaz de modular a expressão hepática de 
receptores de LDL-colesterol”. A partir dessa informação, 
responda às questões a seguir.
a) De que maneira a dieta é capaz de exercer essa função?
b) Por que os níveis plasmáticos de colesterol total 
representam risco cardiovascular?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Em geral, as proteínas podem apresentar diferente 
conformação espacial, a qual é classificada em 4 níveis 
organizacionais, determinados de estrutura primária, 
secundária, terciária e quaternária. Sabendo-se disso, 
assinale a alternativa correta:
2828 
a. A sequência de aminoácidos unida por ligação 
peptídica corresponde à estrutura secundária de cada 
proteína, característico da mioglobina.
b. A estrutura primária corresponde à formação de 
arranjos espaciais entre aminoácidos próximos uns 
dos outros por ligações de hidrogênios e, como 
exemplo, pode-se citar o colágeno.
c. Há duas formas de estrutura terciária denominadas 
de alfa-hélice e beta pregueada, sendo que a primeira 
é encontrada somente em proteínas fibrosas.
d. Estrutura quaternária se caracteriza por ser 
compacta, proveniente do enovelamento das cadeias 
polipeptídicas organizadas em estrutura secundária 
ou entre regiões sem estrutura definida.
e. O último nível de organização das proteínas 
corresponde à estrutura quaternária, a qual é formada 
a partir da associação de estruturas terciárias, sendo 
característico da molécula de hemoglobina.
2. Os carboidratos são açúcares que podem ser 
classificados de acordo com o número de carbono em 
monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. 
Assinale a alternativa que apresenta somente exemplos 
que monossacarídeos.
a. Glicose, frutose e ribulose.
b. Glicose, maltose e xilulose.
c. Amido, quitina e celulose.
d. Lactose, frutose, xilose.
e. Galactose, frutose e quitina.
2929 29
3. A respeito dos principais interferentes das qualidades 
dos exames laboratoriais em bioquímica, é incorreto 
afirmar que:
a. A fase pré-analítica corresponde à grande parte 
dos erros, inicia-se a coleta do material biológico. 
Nessa fase é de suma importância a orientação 
correta do paciente.
b. Os erros analíticos são provenientes de erros das 
análises executadas pelo laboratório de análises 
clínicas. Assim, é de suma importância que os exames 
laboratoriais sejam realizados em laboratórios de 
análises clínicas, que empregam métodos de controle 
de qualidade e programas de avaliação de qualidade 
com aspectos analíticos dos exames.c. As variáveis pré-analíticas podem decorrer tanto do 
paciente (fatores fisiológicos ou biológicos) quanto 
da manipulação da amostra antes da realização da 
sua análise.
d. Algumas alterações nos resultados também podem 
ser provenientes do armazenamento incorreto 
da amostra, sendo esse um erro característico da 
etapa analítica.
e. Os erros pós-analíticos estão relacionados com 
os resultados inseridos de forma equivocada no 
laudo do paciente, entrega de laudo para o paciente 
errado, faixa de referência incorreta e a interpretação 
inapropriada desses resultados.
3030 
Referências bibliográficas
BELLÉ, L. P.; SANDRI, S. Bioquímica aplicada: Reconhecimento e Caracterização de 
Biomoléculas, 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.
COSTA, M. J. C. Interpretação de exames bioquímicos para o nutricionista, 2. ed. 
São Paulo: Atheneu, 2015.
MARZZOCO, A. Bioquímica básica, 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
NELSON, D. L.; COX, N. M. Princípios de bioquímica de Lehninger, 7. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2019.
PINTO, W. J. Bioquímica clínica. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2017. 628 p.
RODWELL, V. W., et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: 
AMGH, 2017.
SANTOS, A.P.; ANUSSO JUNIOR, G. Controle de qualidade em laboratórios clínicos. 
Revista Uningá, 45, p. 60-67, 2015.
WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, L.M. Wallach: interpretação de exames laboratoriais, 
10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 1203 p.
Gabarito
Questão 1 – Resposta E
Estrutura quaternária se caracteriza por ser compacta, proveniente 
do enovelamento das cadeias polipeptídicas organizadas em 
estrutura secundária ou entre regiões sem estrutura definida.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
Questão 2 – Resposta A
Os monossacarídeos são açúcares simples, tais como glicose, 
frutose e ribulose.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
Questão 3 – Resposta D
Os erros analíticos podem ocorrer durante o processo da análise 
propriamente dita, realizada pelo laboratório. Os erros que 
ocorrem durante a armazenagem são classificados como erros 
pré-analíticos, portanto a alternativa D está incorreta.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
3131 31
Interpretação clínica de 
hemograma e painéis 
químicos clínicos
Autora: Flávia Debiag
Objetivos
• Abordar a composição do tecido sanguíneo, 
incluindo seus elementos, como plasma, 
hemácias e leucócitos.
• Descrever as características do hemograma, 
leucograma e coagulograma.
• Relacionar os principais tipos de anemias 
com as possíveis alterações no hemograma.
3232 
1. Introdução
O sangue periférico é constituído por três tipos de células, denominadas 
de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou hemácias; glóbulos brancos ou 
leucócitos; e plaquetas ou trombócitos. O hemograma e o coagulograma 
compreendem ao conjunto de exames capazes de avaliar as três 
linhagens de células sanguíneas, quanto ao seu número e função.
O termo hemograma engloba a contagem de hemácias, dosagem de 
hemoglobina, determinação do hematócrito, índices hematimétricos 
e exame microscópico do esfregaço de sangue corado. Embora não 
faça parte do hemograma, a contagem de reticulócitos também pode 
auxiliar em sua avaliação e interpretação. O coagulograma corresponde 
a exames de tempo de sangramento, tempo de coagulação, tempo 
de protrombina, tempo de tromboplastina parcial e contagem de 
plaquetas. As alterações observadas no hemograma permitem ao 
profissional de saúde avaliar doenças relacionadas à série vermelha 
(anemias, policitemia, malária), branca (leucemias, infecções diversas) 
e plaquetas (púrpuras, trombocitopenias) e relacioná-las aos achados 
clínicos observados no paciente.
PARA SABER MAIS
Anemia ferropriva se caracteriza pela deficiência de ferro e 
representa a causa mais comum da doença. O diagnóstico 
se caracteriza por:
• Hemograma com anemia microcítica e hipocrômica.
• Ferritina < 10 ng %.
• Ferro sérico < 30 mcg %, o que denota baixo estoque.
• Capacidade de ligação ao ferro (TBIC) alta.
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
3333 33
Neste capítulo, você irá aprender sobre as características do 
hemograma, reticulócitos, leucograma e coagulograma, bem como sua 
relevância para a prática do profissional de saúde.
ASSIMILE
No hemograma, a série vermelha, a série branca e 
as plaquetas são avaliadas quanto ao número e à 
citomorfologia. Para a série vermelha são analisadas a 
contagem de eritrócitos (hemácias), valor do hematócrito, 
quantidade de hemoglobina, volume corpuscular 
médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e 
concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). 
Já na série branca são analisados os leucócitos, células 
especializadas na defesa do organismo.
1.1 Tecido sanguíneo
O sangue corresponde aproximadamente a 8% da massa corporal de 
um adulto, ou seja, cerca de 5l de sangue. Nessa quantidade, o tecido 
sanguíneo contém, em média, 30 trilhões de glóbulos vermelhos, 
45 bilhões de glóbulos brancos (ou leucócitos) e 1,5 trilhão de 
plaquetas. Na Figura 1, encontram-se descritos os principais 
componentes do sangue e a sua respectiva formação.
3434 
Figura 1 – Componentes do sangue e sua formação
Fonte: ttsz/iStock.com.
Como pode ser observado na Figura 1, o tecido hematopoético é 
responsável pela origem no sangue. Na fase embrionária, o sangue 
é formado a partir de células na vesícula vitelínica. Na sequência, o 
fígado e o baço tornam-se os responsáveis pela formação do sangue. 
Após o nascimento, a medula dos ossos torna-se responsável pela 
hematopoiese. Dois tipos de células se originam a partir da medula 
óssea: as mieloides e as linfoides, que, não possuindo a capacidade de 
renovação, dependem das células-tronco hematopoiética. As células-
tronco mieloides produzem as hemácias, plaquetas e os leucócitos 
(neutrófilos, basófilos, eosinófilos e monócitos). Em contrapartida, as 
células-tronco linfoides originam os linfócitos B e T (SILVA et al., 2016).
O sangue pode ser denominado como um tipo de tecido conjuntivo pelo 
fato de apresentar as suas células (eritrócitos, leucócitos e plaquetas) 
separadas por uma abundante matriz extracelular, denominada plasma, o 
3535 35
qual perfaz cerca de 55% do sangue. O plasma corresponde a um líquido 
amarelado, constituído em sua maior parte por água (90%), juntamente 
com proteínas, glicose, sais minerais, vitaminas, hormônios, amônia, 
ureia, gases respiratórios, etc. O principal constituinte celular do sangue 
corresponde aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) (Figura 2).
Figura 2 – Estrutura das hemácias
Fonte: jarun011/iStock.com.
De acordo com a Figura 2, as hemácias são células anucleadas em 
forma de disco, com dimensões variadas (Figura 2), especializadas 
no transporte de oxigênio dos pulmões aos tecidos e do dióxido de 
carbono no sentido inverso, devido à presença de hemoglobina no 
seu interior (cerca 35%). A hemoglobina é uma proteína formada por 
quatro cadeias polipeptídicas, cada uma das quais contém um grupo 
heme, que possui um anel protoporfirínico com um átomo de ferro na 
forma ferrosa (Fe++), o qual é responsável pela interação com o oxigênio 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Os leucócitos ou glóbulos brancos são células sanguíneas esféricas, 
dotadas de núcleo, sem hemoglobina, as quais apresentam formas 
variadas, especializadas na defesa do organismo frente a ação de 
agentes estranhos. Os leucócitos (glóbulos brancos) são compostos por 
quatro tipos de fagócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos) 
e pelos linfócitos. Os fagócitos protegem o organismo contra infecções 
bacterianas e fônicas. Já os linfócitos, incluem as células B, envolvidas 
3636 
na produção de anticorpos, e as células T (CD4 auxiliares e CD8 
supressoras), relacionadas à resposta imune e à proteção contra vírus e 
corpo estranho. Os leucócitos têm uma sobrevida amplamente variada. 
Em um ser humano adulto, os glóbulos brancos apresentam uma 
concentração entre 6.000 a 10.000por milímetros cúbicos de sangue. 
Em casos de infecções ou inflamações, esse número pode aumentar 
(HOFFBRAND; MOSS, 2018).
As plaquetas correspondem a pequenos fragmentos anucleados, 
responsáveis pela coagulação sanguínea. Por exemplo, durante o 
processo inflamatório de uma lesão, as plaquetas são ativadas, se 
aderem ao local e liberam uma enzima, conhecida como tromboplastina, 
que, mediante a presença de íons cálcio do plasma e outras moléculas, 
catalisa a reação de conversão da protrombina em trombina, a qual 
converte o fibrinogênio (proteína do plasma) em fibrina, promovendo 
a recuperação de vasos sanguíneos para evitar a perda de seus 
componentes. A Tabela 1 apresenta de forma resumida os principais 
constituintes das células sanguíneas, com as suas respectivas funções 
(SILVA; RIBEIRO NETO, 2017).
Tabela 1 – Principais constituintes das células sanguíneas e 
suas respectivas funções
Células Função
Eritrócitos Transporte de oxigênio e dióxido de carbono
Plaquetas Coagulação sanguínea
Leucócitos
Neutrófilos Proteção contra bactérias e fungos
Monócitos Proteção contra bactérias e fungos
Eosinófilos Proteção contra parasitas
Basófilos Reações de hipersensibilidade imediata
Linfócitos
Células B: síntese de imunogloblinas
Células T: proteção contra vírus; funções imunes
Fonte: SILVA; RIBEIRO NETO (2017).
3737 37
Para análise dos constituintes celulares é de fundamental importância 
a realização de exames como hemograma (glóbulos vermelhos), 
leucograma (leucócitos) e coagulograma (plaquetas). O uso de análises 
bioquímicas associadas à interpretação correta é imprescindível 
para o diagnóstico específico do paciente, visando sempre a sua 
qualidade de vida.
1.2 Hemograma
O hemograma é empregado para avaliar os glóbulos vermelhos, 
leucócitos e plaquetas, o qual é considerado a principal ferramenta 
diagnóstica em hematologia, sendo constituído pelos seguintes exames:
• Contagem total de hemácias.
• Dosagem de hemoglobina.
• Determinação do hematócrito.
• Índices hematimétricos: Volume corpuscular médio, hemoglobina 
corpuscular média, concentração de hemoglobina corpuscular 
média, distribuição dos tamanhos das hemácias.
• Contagem total de leucócitos.
• Contagem diferencial de leucócitos.
• Exame microscópico do esfregaço corado.
• Contagem de plaqueta (opcional).
O hemograma é realizado em quatro etapas, a qual se inicia pela coleta 
e processamento da amostra de sangue periférico. Em seguida, é 
realizada a contagem das células, incluindo determinações dos índices 
da série vermelha. Depois é realizado o leucograma diferencial e por 
último a microscopia do esfregaço de sangue periférico para avaliação 
de potenciais anormalidades morfológicas (DALANHOL et al., 2010).
3838 
Para a realização do hemograma, utiliza-se como amostra o 
sangue total, empregado o EDTA (etilendiaminotetra-acetato) como 
anticoagulante. O jejum não é obrigatório, mas se recomenda pelo 
menos 4 horas de jejum para eliminar os interferentes de turvação do 
plasma após as refeições. A confiabilidade dos resultados depende de 
alguns fatores, principalmente a qualidade da amostra a ser analisada 
(WILLIAMSON; SNYDER, 2018).
1.2.1 Série vermelha
Os principais testes empregados para avaliar os parâmetros da série 
vermelha correspondem aos métodos de contagem de eritrócitos 
(hemácias), valor do hematócrito, quantidade de hemoglobina, volume 
corpuscular Médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) 
e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Para 
análise do número total de eritrócitos por ml de sangue, realiza-se a 
hematimetria, cujos valores de referência variam de acordo com a idade 
e o sexo (Tabela 2).
Tabela 2 – Valores de referência do hemograma para 
avaliação dos eritrócitos
Paciente
Contagem total de 
Hemácias (milhões 
de células/mm3)
Dosagem de 
Hemoglobina (g/dl)
Determinação do 
Hematócrito (%)
Homem 4,5 a 6 13,5 a 18 40 a 54
Mulher 4 a 5,5 12 a 16 37 a 47
Recém-nascido 4 a 6 13,5 a 19,5 44 a 60
Índices Hematimétricos
VCM (volume 
corpuscular médio) 80 a 100 fl
HCM (hemoglobina 
corpuscular media) 27 a 33 pg
CHCM (concentração 
de hemoglobina 
corpuscular média)
32 a 35%
RDW
(distribuição do tamanho 
das hemácias)
14,5 a 11,5%
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
3939 39
De modo geral, elevada concentração de hemácias, condição 
conhecida como policitemia, pode estar associada a casos de diarreias, 
desidratação, queimaduras, policitemia vera, cardiopatia crônica, 
intoxicações com álcool etílico ou fármacos, vômitos e acidose 
metabólica. Em contrapartida, valores abaixo da média também podem 
ser observados em casos de anemias, leucemias, após hemorragias 
intensas e em infecções graves.
A hemoglobina (Hb) corresponde à principal proteína presente 
nas hemácias, possuem seus valores aumentados ou diminuídos, 
praticamente em todas as condições que determinam o aumento 
e diminuição das hemácias, respectivamente. Além disso, fatores 
como gravidez, indivíduos fumantes, desidratação, raça, mudança 
da posição em decúbito para a posição ereta na pré-coleta, 
dentre outros fatores, podem alterar os níveis de Hb aferidos no 
hemograma (COSTA, 2015).
No hemograma, também se encontram valores do hematócrito, o 
qual corresponde à porcentagem de massa de hemácias em relação 
ao volume original de sangue. Valores aumentados no índice do 
hematócrito podem estar associados a situações de hemoconcentração, 
como nas policitemias, desidratações, queimaduras, diarreias e vômitos 
intensos. Redução nos valores dos hematócritos ocorre em situações de 
anemias, leucemias e infecções.
Os índices hematimétricos correspondem ao VCM, HCM e CHCM 
(Tabela 1). O volume corpuscular médio (VCM) avalia o tamanho 
médio das hemácias e classifica as anemias em macrocíticas 
(> 100 fl), microcíticas (< 80 fl) ou normocíticas (80-100 fl). Pode ser 
calculado dividindo o valor do hematócrito pelo valor da hematimetria 
e multiplicando-se por 10 (Equação 1). (CALIXTO-LIMA; REIS 2012).
4040 
Equação 1 – Cálculo do volume corpuscular médio (VCM)
HT = Hematócrito
HM = Hematimetria
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
As causas mais comuns de valores de VCM reduzido (menor que 
80 fl) são devido à deficiência crônica de ferro, anemias crônicas, alfa 
e betatalassemia. Enquanto valores maiores que 100 fl associam-
se à deficiência de folato ou de vitamina B12, hepatopatia crônica, 
quimioterapia citotóxica, reticulocitose e alcoolismo crônico.
A hemoglobina corpuscular média (HCM) indica a quantidade (peso) 
de hemoglobina em média no eritrócito. Pode ser calculado dividindo 
o valor da hemoglobina pela hematimetria (Equação 2). O índice de 
HCM varia entre 27 a 33 pg, sendo que valores menores que 27 pg 
indicam a presença de hipocromia (baixa taxa de hemoglobina nos 
eritrócitos) e relacionam-se com as anemias não hemolíticas, mesmo 
com valores de ferro normais. Valores maiores que 33 pg são comuns 
em anemias hemolíticas ou carências após o consumo de ferro 
(MARTY; MARTY, 2015).
Equação 2 – Cálculo hemoglobina corpuscular média (HCM)
Hb = Hemoglobina
HM = Hematimetria
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
A concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) avalia 
a porcentagem de hemoglobina em 100 ml de hemácias e pode ser 
calculada dividindo-se o valor da hemoglobina pelo hematócrito e 
4141 41
multiplicando-se por 100. Valores de CHCM menores que 32% são 
indicativos de hipocromia, ou seja, a taxa de hemoglobina nos glóbulos 
vermelhos é menor do que a taxa normal, são geralmente vinculados 
por deficiência de ferro. Valores de CHCM maiores que 35%, estão 
relacionados à presença de esferócitos (eritrócitos com alterações na 
membrana e mais frágeis) nas amostras, o que caracteriza situações 
hemólise intravascular, lipemia grave, esferocitose (eritrócitos redondos 
que carecem da palidez central) e tabagismo (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Equação 3 – Cálculo da concentração de hemoglobina 
corpuscular média (CHCM)
Hb = hemoglobina
HT = hematócritoFonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
O método de distribuição do tamanho das hemácias (RDW – distribuição 
do diâmetro dos eritrócitos) avalia o índice de anisocitose, ou seja, a 
heterogeneidade das hemácias em relação ao seu diâmetro. Valores 
de RDW maiores do que 14,5% indicam maior dispersão do tamanho 
das hemácias, sendo que valores menores que 11,5% não apresentam 
significado clínico. A avaliação qualitativa do hemograma tem o objetivo 
de analisar a morfologia do esfregaço de sangue periférico. A seguir, 
algumas das alterações morfológicas importantes das hemácias:
• Esferócitos – Hemácias esféricas com ausência de palidez central; 
estão associadas com a perda da integridade do citoesqueleto. 
Encontrados em esferocitose hereditária, anemia hemolítica 
autoimune, entre outros.
• Esquizócitos ou fragmentação eritrocitária – Hemácias 
fragmentadas em uma série de formas e tamanhos. Estão 
associados às anemias hemolíticas microangiopáticas, incluindo 
4242 
púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), síndrome hemolítico-
urêmica (SHU), coagulação intravascular disseminada (CIVD) e 
causas mecânicas, como em próteses valvares.
• Corpúsculo de Howell-Jolly – São hemácias com fragmentos na 
cromatina e no núcleo, uma ou poucas inclusões nas hemácias. 
Ocorre após esplenectomia ou em doenças com redução 
funcional do baço.
• Células em lágrima ou gota (dacriócitos) – Indicam mecanismo de 
estresse (deformação) da hemácia na medula óssea ou em sua 
passagem pelo baço. Aparecem em talassemias e em várias outras 
condições, como na invasão medular por neoplasias e infecções e 
na mielofibrose.
• Corpúsculos de Pappenheimer – Várias inclusões nas hemácias 
compostas de agregados de ribossomos, ferritina e mitocôndria. 
Achados nas anemias congênitas, como as hemoglobinopatias, ou 
nas anemias adquiridas, como as megaloblásticas.
• Acantócitos – Acantócitos são hemáceas (eritrócitos) espiculadas 
irregulares, encontradas em pacientes contendo uma deficiência 
congênita de beta-lipo-proteínas. Estes pacientes também 
apresentam graves perturbações neurológicas. Células 
semelhantes podem ser observadas em pacientes com grave 
disfunção hepato-celular.
• Rouleaux – Presença de hemácias empilhadas devido à sua 
aglutinação. É um fenômeno decorrente da concentração 
elevada de fibrinogênio ou de globulinas, visto especialmente nas 
gamopatias monoclonais (MARTY; MARTY, 2015).
Outro parâmetro para as células vermelhas correspondem 
aos reticulócitos, que são designados de hemácias jovens e 
policromatofílicas devido ao seu RNA residual. A dosagem dos 
reticulócitos avalia a produção medular das hemácias, sendo de grande 
importância para diferenciar as anemias hemolíticas das não hemolíticas 
4343 43
e também para verificar a eficácia do tratamento. As contagens são 
expressas em porcentagens (número de reticulócitos em 100 hemácias) 
ou em números absolutos por milímetros cúbicos. O valor normal dos 
reticulócitos se encontra na faixa de 0,5 a 1,5%. Altas contagens 
ocorrem quando a medula óssea está com a produção de hemácias 
aumentada, como, por exemplo, quando existe hemólise, perda aguda 
de sangue ou ainda na resposta medular ao tratamento de anemias 
(MARTY; MARTY, 2015).
Todos os parâmetros da série vermelha do hemograma já descritos 
anteriormente, se analisados de maneira adequada, permitem o 
diagnóstico de várias doenças que levam à alteração da quantidade de 
hemoglobinas, hematócritos ou eritrócitos, principalmente a anemia.
As anemias correspondem a um conjunto de distúrbios hematológicos 
com redução do número de glóbulos vermelhos do sangue, quantidade 
de hemoglobina ou o número do volume de glóbulos vermelhos 
compactados (hematócrito). As anemias podem estar associadas a 
vários fatores e são classificadas de acordo com critérios morfológicos 
(normocítica/normocrômica; microcítica/hipocrômica; macrocítica/
normocrômica). As principais consequências do quadro anêmico 
incluem hipoxia e redução da capacidade de transporte de oxigênio 
(XAVIER; DORA; BARROS, 2016).
O quadro clínico de anemia se caracteriza quando a concentração 
de hemoglobina (Hb) no sangue for inferior a 13 g/dl, em homens, 
e inferior a 12 g/dl, em mulheres. Os sistemas de classificação das 
anemias enfatizam tanto o tamanho da hemácia quanto o mecanismo 
que reduz o número de células vermelhas (CALIXTO-LIMA; REIS 
2012). A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos 
seguintes exames:
• Hematócrito, hemoglobina e contagem de eritrócitos para avaliar 
o grau de anemia.
4444 
• Índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM) para determinar 
se os eritrócitos são, em média, normocíticos, macrocíticos, ou 
microcíticos e hipocrômicos.
• Contagem de reticulócitos para estimar se a resposta medular 
sugere incapacidade da produção ou hemólise ou perda 
sanguínea recente.
• Exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue 
periférico) para avaliar o aspecto dos eritrócitos e as alterações 
concomitantes dos leucócitos e das plaquetas.
As anemias podem ser classificadas quanto à proliferação (pelo índice 
de reticulócitos) e quanto à morfologia (pela ectoscopia da hemácia ou 
valores de VCM e HCM) (Figura 3).
Figura 4 – Classificação das anemias de acordo com o VCM
Fonte: elaborada pela autora.
4545 45
Os principais sintomas associados aos diferentes tipos de anemia 
dependem da idade, da capacidade física, do grau de anemia e do 
tempo de evolução. Os sintomas usuais apresentados pelos pacientes 
compreendem astenia, cansaço, fraqueza, falta de ar e palpitações. 
A anemia por deficiência nutricional de ferro é mais comum, seguida 
pela anemia megaloblástica, que se caracteriza pela deficiência de 
vitamina B12, essas patologias serão tratadas de forma detalha no 
capítulo 4 (XAVIER; DORA; BARROS, 2016).
1.2.2 Série branca
O leucograma corresponde a um exame de contagem total de 
leucócitos, os quais exercem papel importante no processo de defesa 
dos organismos. Os leucócitos compreendem as únicas células 
nucleadas no sangue dos mamíferos, cujos valores de referência podem 
variar de acordo com a idade (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores de referência para leucometria global
Paciente Contagem total de leucócitos (células/mm3)
Adultos 4.000 a 11.0000 
Recém-nascidos 10.000 a 18.000
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
Denomina-se leucocitose quando o quadro clínico apresenta valores 
acima dos de referência, a qual pode estar associada ao aumento de 
um, dois e até três tipos de células, sendo as mais importantes: os 
neutrófilos, eosinófilos e linfócitos. A leucocitose pode ser decorrente 
de estresse orgânico com liberação de cortisol, decorrentes de infecções 
agudas causadas por bactérias, pós-operatórios, processos inflamatórios 
ou neoplásicos, uso de corticosteroides, septicemia, leucemia, etc.
Em contrapartida, a redução dos leucócitos é denominada leucopenia e 
pode estar associada a um padrão transitório como a dengue, rubéola, 
caxumba e a leishmaniose visceral, uso de medicamentos como anti-
4646 
inflamatórios e quimioterápicos; ou pode assumir padrão definitivo dado 
por intoxicação por solventes orgânicos ou aplasia medular. Na maioria 
das vezes, a leucopenia é devida à baixa de neutrófilos. Os leucócitos 
também podem ser analisados empregando o método de leucometria 
diferencial de leucócitos, o qual é baseado nos principais leucócitos 
encontrados no sangue, descritos na Tabela 4 (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).
Tabela 4 – Valores de referências para leucometria diferencial
Principais leucócitos encontrados no sangue Valor de referência
Neutrófilos 55% a 65%(3.000 a 5.000 células/mm3)
Eosinófilos 2% a 6% (100 a 300 células/mm3)
Basófilos 0% a ¨1%(50 a 80 células/mm3)
Monócitos 4% a ¨8% (200 a 650 células/mm3)
Linfócitos 20% a 30%(1.500 a 2.500 células/mm3)
Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012).
O aumento dos valores de referência na leucometria diferencial pode 
ser decorrente de diferentes causas, sendo denominados de neutrofilia, 
eosinofiliabasofilia, monocitose e linfocitose. Neutrofilia relaciona-se 
com o aumento no número de neutrófilos, geralmente está associada 
a infecções bacterianas, leucemias e em processos inflamatórios. 
Eosinofilia indica o aumento dos níveis de eosinófilos e pode ser 
observado em parasitoses e processos imunoalérgicos. Basofilia 
compreende o aumento do número de bastonetes, a qual geralmente 
aparece na leucemia mielode crônica. A monocitose é decorrente 
do aumento do número de monócitos, decorrentes principalmente 
de sepse e tuberculose. Os casos de linfocitose são decorrentes do 
aumento dos linfócitos e característicos de infecções virais aguas e 
infecções crônicas (tuberculose e sífilis, leucemia linfocítica crônica e nos 
processos ganglionares) (COSTA, 2015).
4747 47
1.3 Coagulograma
O coagulograma compreende uma série de exames que avaliam tanto 
a hemostasia primária quanto as proteínas da cascata de coagulação, 
sendo constituído pelos seguintes exames:
• Contagem de plaquetas.
• Tempo de sangramento.
• Tempo de coagulação.
• Tempo de protombina.
• Tempo de tromboplastina parcial.
Para a realização dos exames do coagulograma, o jejum não é obrigatório, 
mas recomenda-se pelo menos 4 horas de jejum para eliminar os 
possíveis interferentes da turvação do plasma após as refeições.
Os exames que fazem parte do coagulograma podem auxiliar o 
profissional de nutrição clínica no acompanhamento de pacientes com 
hipovitaminose K, uma vez que a produção hepática dos fatores de 
coagulação II, VII, IX e X é altamente dependente de vitamina K, o exame 
de tempo de protrombina adquire especial importância nesses casos. 
O exame de contagem total de plaquetas, também possui aplicação na 
área da nutrição (PINTO, 2017).
Além da importante função no processo de coagulação e fenômenos 
trombóticos, as plaquetas também desempenham um papel na 
inflamação. Uma média dos valores de referência da são de 150.000 
a 400.000 plaquetas/mm3. O aumento do número de plaquetas pode 
ser decorrente de doenças mieloproliferativas, febre reumática, artrite 
reumatoide, colite ulcerativa, carcinomas, doença de Hodgkin e outros 
linfomas. As plaquetopenias, diminuição do número de plaquetas, podem 
ser hereditárias ou adquiridas, sendo estas mais comuns e geralmente 
causadas por anemias aplástica e megaloblástica, doenças autoimunes, 
malária, dengue, entre outras (XAVIER; DORA; BARROS, 2016).
4848 
2. Conclusão
Os exames hematológicos podem auxiliar no tratamento e 
acompanhamento, das anemias carências, sobretudo das anemias 
ferropriva e megaloblástica, sendo de grande valia para os profissionais 
de saúde. Em caso de suspeita de caso anêmico, deve-se solicitar 
exames complementares para o diagnóstico correto do paciente.
TEORIA EM PRÁTICA
Mulher de 50 anos de idade chega ao departamento 
de nutrição clínica eupneica, acianótica, anictérica e 
afebril. Apresenta funções excretoras normais e relata 
boa aceitação da alimentação. A paciente relatou que foi 
encaminhada ao nutricionista pela UBS – Unidade Básica 
de Saúde do seu bairro – e trouxe consigo laudo de alguns 
exames laboratoriais, os quais encontram-se na Tabela 1:
Tabela 1 – Hemograma e coagulograma da paciente
Exames Valores obtidos Valores de referência
Hemácias 3,43 milhões/mm3 4 a 5,5 milhões/mm3
Hemoglobina 9,05 g/dl 12 a 16 g/dl
Hematócrito 27,7% 40 a 52%
Índices Hematimétricos
VCM 70 fl 82 a 92 fl
HCM 28 pg 27 a 33 pg
CHCM 25% 32 a 35%
Coagulograma
Plaquetas 100.000 150.000 a 400.000 plaquetas/mm3
De acordo com os resultados apresentados, qual o possível 
diagnóstico da paciente? Justifique sua resposta.
4949 49
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O sangue periférico é constituído por três tipos de 
células, denominadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos 
ou hemácias; glóbulos brancos ou leucócitos; plaquetas 
ou trombócitos. A respeito dos constituintes do sangue, 
assinale a alternativa correta:
a. O maior constituinte celular do sangue são os 
glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), os 
quais possuem a hemoglobina no seu interior, sendo 
responsável pelo transporte de gases do organismo.
b. A hemoglobina é uma proteína presente no interior 
dos glóbulos brancos, formada por quatro cadeias 
polipeptídicas, as quais são responsáveis pela 
interação com o oxigênio.
c. Os leucócitos ou glóbulos brancos são células 
sanguíneas esféricas, sem núcleo, sem hemoglobina, 
as quais apresentam formas variadas, especializadas 
na defesa do organismo frente á ação de agentes 
estranhos.
d. As plaquetas são células grandes nucleadas, 
responsáveis pela coagulação sanguínea, que 
são ativadas durante o processo inflamatório de 
uma lesão.
e. Todos os constituintes do sangue estão envolvidos 
no transporte oxigênio, isso é possível devido 
à presença de hemoglobina, nos eritrócitos, 
leucócitos e plaquetas.
5050 
2. O hemograma é empregado para avaliar os glóbulos 
vermelhos, leucócitos e plaquetas, o qual é considerado 
a principal ferramenta diagnóstica em hematologia. 
Assinale alternativa que corresponde aos exames 
obrigatórios do hemograma:
a. Contagem total de hemácias, dosagem de 
hemoglobina, determinação do hematócrito, Índices 
hematimétricos, contagem total de leucócitos, 
contagem diferencial de leucócitos, coagulograma.
b. Contagem total de hemácias, dosagem de 
hemoglobina, determinação do hematócrito, Índices 
hematimétricos, contagem total de leucócitos, 
contagem diferencial de leucócitos, exame 
microscópico do esfregaço corado.
c. Contagem total de VDL e HDL, dosagem de 
hemoglobina, determinação do hematócrito, Índices 
hematimétricos, contagem total de leucócitos, 
contagem diferencial de leucócitos, exame 
microscópico do esfregaço corado.
d. Ureia, creatinina, dosagem de hemoglobina, 
determinação do hematócrito, Índices hematimétricos, 
contagem total de leucócitos, contagem diferencial de 
leucócitos e exame microscópico do esfregaço corado.
e. Contagem total de hemácias, dosagem de proteína, 
determinação do hematócrito, índices do perfil lipídco, 
contagem total de leucócitos, contagem diferencial de 
leucócitos e exame microscópico do esfregaço corado.
5151 51
3. O volume corpuscular médio (VCM) avalia o tamanho 
médio das hemácias e classifica as anemias em 
macrocíticas, microcíticas ou normocíticas. Assinale a 
alternativa que corresponde às denominações corretas:
a. Hemácias macrocíticas possuem volume maior que 
80 fl, microcíticas menor que 100 fl e normocíticas 
entre 80 e100 fl.
b. Hemácias macrocíticas possuem volume maior que 
300 fl, microcíticas menor que 100 fl e normocíticas 
entre 100 e 300 fl.
c. Hemácias macrocíticas possuem volume maior que 
100 fl, microcíticas menor que 80 fl e normocíticas 
entre 80 e100 fl.
d. Hemácias macrocíticas possuem volume maior que 
200 fl, microcíticas menor que 70 fl e normocíticas 
entre 70 e200 fl.
e. Hemácias macrocíticas possuem volume maior que 
500 fl, microcíticas menor que 100 fl e normocíticas 
entre 100 e 500 fl.
Referências bibliográficas
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais Aplicados à 
Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 489 p.
COSTA, M. J. C. Interpretação de Exames Bioquímicos Para o Nutricionista. 2. ed. 
São Paulo: Atheneu, 2015. 272 p.
DALANHOL, M. et al. Efeitos quantitativos da estocagem de sangue periférico nas 
determinações do hemograma automatizado. Revista Brasileira de Hematologia 
Hemoteria. 32,1 São Paulo, 2010.
5252 
HOFFBRAND, A. V.; Moss, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 
7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 384 p.
MARTY, E; MARTY, R. M. Hematologia laboratorial. São Paulo: Érica, 2015. 120 p.
PINTO, W. J. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 628 p.
SILVA, A.M.; RIBEIRO NETO, L.M. Hematologia: Métodos e Interpretação. São Paulo: 
Roca, 2017. 450 p.
SILVA, P. H et al. Hematologia Laboratorial: Teoria e Procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 448 p.
XAVIER, R.M.; DORA, J.M.; BARROS, E.B. Laboratório na Prática Clínica:Consulta 
Rápida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 1056 p.
WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, L.M. Wallach: Interpretação de Exames 
Laboratoriais.10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 1203 p.
Gabarito
Questão 1 – Resposta A
A única afirmativa correta é: o maior constituinte celular 
do sangue são os glóbulos vermelhos, os quais possuem a 
hemoglobina no seu interior, sendo responsável pelo transporte 
de gases do organismo.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
Questão 2 – Resposta B
A única afirmativa correta é: os exames que compreendem 
o hemograma são contagem total de hemácias, dosagem 
de hemoglobina, determinação do hematócrito, Índices 
hematimétricos, contagem total de leucócitos, contagem diferencial 
de leucócitos, exame microscópico do esfregaço corado.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
Questão 3 – Resposta C
A única afirmativa correta é: hemácias macrocíticas possuem 
volume maior que 100 fl, microcíticas menor que 80 fl e 
normocíticas entre 80 e100 fl.l.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente.
5353 53
Exames clínicos para diabetes, 
dislipidemias, aminoacidopatias e 
risco de doenças crônicas 
Autora: Flávia Debiag
Objetivos
• Abordar sobre as principais características do 
diabetes mellitus, bem como os exames bioquímicos 
empregados para o seu diagnóstico e classificação.
• Discorrer sobre as dislipidemias, bem como as suas 
características e exames bioquímicos.
• Discutir sobre as doenças crônicas não 
transmissíveis e seus principais fatores 
de riscos associados.
5454 
1. Introdução
Este capítulo descreve os exames laboratoriais mais comumente 
empregados para diagnóstico de diabetes, dislipidemias, 
aminoacidopatias e risco de doenças crônicas. De acordo com a 
Sociedade Brasileira de Diabetes (2017) pacientes portadores de 
diabetes mellitus tipo 2 (DM2) apresentam maior risco para eventos 
cardiovasculares, entre os quais a dislipidemia provavelmente exerça 
o papel mais importante. Nesses pacientes, a hiperglicemia ocasiona a 
apoptose das células β pancreáticas e também contribui para o acúmulo 
do LDL (lipoproteína de baixa densidade) nas veias e arteriais.
As aminoacidopatias são doenças raras, ocasionadas por uma anomalia 
genética do metabolismo de determinados aminoácidos, são herdadas 
de forma autossômicas, sendo as principais fenilcetonúria e doença da 
urina de xarope de bordo.
PARA SABER MAIS
Os principais métodos empregados para diagnóstico da 
resistência à insulina são: TOTG (teste oral de tolerância 
à glicose) HOMA IR (modelo matemático de avaliação 
da homeostase para resistência à insulina); QUICKI: 
índice quantitativo de verificação da sensibilidade à 
insulina; circunferência da cintura; relação cintura-altura; 
circunferência do pescoço; diâmetro abdominal sagital; 
fenótipo cintura hipertrigliceridêmica e índice TyG.
Para o profissional da área da saúde, os exames laboratoriais 
constituem uma ferramenta diagnóstica importante e de grande 
valor clínico. Os exames laboratoriais bioquímicos possuem a função 
de colaborar ou contradizer uma hipótese diagnóstica previamente 
elaborada pelo clínico. Além disso, também proporciona subsídios 
importantes no acompanhamento e na evolução do tratamento.
5555 55
ASSIMILE
O diagnóstico laboratorial do diabetes mellitus (DM) deve 
ser realizado por meio de glicemia de jejum, glicemia 2 
horas após teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e 
hemoglobina glicada (HbA1c). O perfil lipídico é definido 
pelas determinações do colesterol total (CT), triglicerídeos 
(TG), pelas frações de HDL-c (colesterol contido nas HDL), 
LDL-c (colesterol contido nas LDL) e não HDL-c.
2. Diagnóstico do Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus (DM) pode ser descrito como um conjunto de 
doenças metabólicas, as quais apresentam hiperglicemia resultante de 
defeitos na secreção da insulina e/ou sua ação. Os principais sintomas 
são poliúria, polidipsia, perda de peso, polifagia e visão nebulosa De 
acordo com a sua etiologia o dibetes mellitus pode ser classificado 
em dibetes mellitus (DM1), dibetes mellitus (DM2), dibetes mellitus 
gestacional (DMG). (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
Quadro 1 – Classificação etiológica do DM
DM1
 - Tipo 1A: defciência de insulina por destruição autoimune 
das células β comprovada por exames laboratoriais.
 - Tipo 1B: defciência de insulina de natureza idiopática.
DM2 Perda progressiva de secreção insulínica combinada com resistência à insulina.
DMG Hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévios.
Outros 
- Monogênicos (MODY).
- Diabetes neonatal.
- Secundário a endocrinopatias.
- Secundário a doenças do pâncreas exócrino.
- Secundário a infecções.
- Secundário a medicamentos.
DM: diabetes mellitus; DM1 diabetes mellitus tipo 1; DM2 diabetes mellitus tipo 2; DMG 
diabetes mellitus gestacional MODY: diabetes de início da maturidade do jovem.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (2017).
5656 
Alguns exames bioquímicos são empregados para a classificação 
de tolerância à glicose. Na glicemia em jejum emprega-se o sangue 
periférico coletado após jejum calórico de no mínimo 8 horas. No teste 
de tolerância à glicose (TOTG), primeiramente coleta-se uma amostra de 
sangue em jejum para determinação da glicemia, em seguida ingere-se 
75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se outra, então, após 2 horas 
da sobrecarga oral. Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual 
e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à 
realização do teste. Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que 
pode ser a única alteração detectável no início do DM, refletindo a perda 
de primeira fase da secreção de insulina. O teste de hemoglobina glicada 
corresponde a uma medição indireta da glicemia, que reflete os níveis 
glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses, sofre menor variabilidade dia a dia e 
independe do estado de jejum.
Para a confirmação do diagnóstico de DM é necessária a repetição 
dos exames laboratoriais alterados, quando a ausência de sintomas 
evidentes de hiperglicemia. Pacientes com sintomas clássicos de 
hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, 
devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente 
do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de 
segunda dosagem, caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dl. 
Os critérios laboratoriais para diagnóstico de normoglicemia, 
pré-diabetes e DM, adotados pela Sociedade Brasileira de 
Diabetes (SBD, 2017) encontram-se descritos na Tabela 1.
Tabela 1 – Critérios laboratoriais para diagnóstico de normoglicemia, 
pré-diabetes e diabetes mellitus
Glicose em 
jejum (mg/dl)
Glicose 2 horas após 
sobrecarga com 75 
g de glicose (mg/dl)
Glicose ao 
acaso (mg/dl) HbA1c (%)
Normoglicemia < 100 < 140 - < 5,7
Pré-diabetes 
ou risco 
aumentado 
para DM
≥ 100 e < 126* ≥ 140 e < 200# - ≥ 5,7 e < 6,5
5757 57
Diabetes 
estabelecido ≥ 126 ≥ 200
≥ 200 com 
sintomas 
evidentes de 
hiperglicemia
≥ 6,5
HbA1c: hemoglobina glicada.
* Categoria também conhecida como glicemia de jejum alterada.
# Categoria também conhecida como intolerância oral à glicose.
Fonte: Sociedade Americana de Diabetes (2019).
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ocorre principalmente em crianças, 
adolescentes e adultos jovens com até 30 anos, e representa 5% a 10% 
de todos os casos diagnosticados de DM. O diabetes mellitus tipo 1 se 
caracteriza pela destruição das células β pancreáticas, causando geralmente 
deficiência absoluta de insulina, que pode ser detectado por autoanticorpos 
circulantes como antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), 
anti-ilhotas e anti-insulina. Existem duas formas distintas de DM1:
• Imunomediada: ocasionada por uma agressão ambiental, 
podendo ser infecciosa ou tóxica, as células do pâncreas de 
indivíduos predispostos geneticamente. Assim, o sistema 
imunológico destrói tanto o agente estranho,

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